UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS Lucas Josué Wickert
A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade
Canoas, junho de 2012. 2
Lucas Josué Wickert
A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade
Trabalho de Curso apresentado como pré-requisito parcial para a obtenção de título acadêmico de Licenciado em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Dr. Celso Vitelli e Me. Ana Lúcia Beck.
Canoas, junho de 2012. 3
Dedico este trabalho a meus pais Rudi Inácio Wickert e Solange Maria Wickert, que estiveram sempre ao meu lado e que me apoiaram durante todo o processo sem medir esforços para que eu chegasse até aqui. 4
Agradeço aos professores Ana Lúcia Beck e Celso Vitelli, pelo dedicado acompanhamento durante os Estágios, e aos professores José “Nico” Giuliano, Jurema Röhers Trindade e Renato Garcia dos Santos por todo apoio e pelos momentos vividos durante cada disciplina. Agradeço à equipe diretiva da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara pela acolhida e, em especial, à professora Jaqueline Corbelline pelo apoio prestado durante a prática de ensino. Agradeço também aos alunos do 1º ano pelos momentos vividos e pelo carinho com que me receberam. Ao Diretor Sérgio Luis Garcia Campos, pelos favores prestados. Muito obrigado a todas as pessoas que de alguma forma participaram desta conquista, especialmente à minha família e aos meus queridos colegas com quem sempre pude contar. Finalmente, agradeço a Deus pela realização deste sonho. 5
“O universo é um grande mosaico. Nós seres humanos somos parte de um grande mosaico, temos particularidades que se encaixam no espaço e que tem grande e variado sentido.” Cláudia Sperb 6
RESUMO O Trabalho de Curso “A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade” foi desenvolvido durante o processo vivido nos Estágios Curriculares do Curso de Licenciatura em Artes Visuais. O tema de pesquisa sobre os mosaicos surgiu a partir de um estudo e reflexão sobre o que foi observado nas aulas e as respostas dos alunos. Optei em trabalhar o mosaico, pesquisando a sua presença nos diferentes períodos da história da Arte. Para sua contextualização, foram utilizadas imagens de diferentes artistas destes períodos em linguagens como o desenho e o mosaico. Dentro deste processo foi elaborado um projeto de ensino, baseado na pesquisa e enfatizando o mosaico na contemporaneidade. Para desenvolver os conceitos envolvidos em tal tema, tomei por base as palavras de Philippa Beveridge, Eva Pascual, Cláudia Houdelier, Olga Pombo, Henrique Gougon e Ernst Gombrich. Ainda, para desenvolver e aprofundar a pesquisa, pensando na arte de criar mosaicos, pesquisei diversos artistas como Di Cavalcanti, Maurits Cornelis Escher, Leonardo Posenato e Cláudia Sperb. A pesquisa realizada gerou um projeto de ensino intitulado "A Arte de criar Mosaicos”, que se justifica por desenvolver nos alunos a auto-expressão, a criação e a crítica, assim como a percepção e valorização da arte de criar mosaicos. O projeto tem como objetivo proporcionar situações de aprendizagens reflexivas, críticas e desafiadoras que contemplem o mosaico do bizantino à contemporaneidade, despertando o interesse e aprimorando o conhecimento dos educandos no mundo artístico, levando em consideração e valorizando os conhecimentos prévios. Conhecendo a si mesmos através da arte de mosaico, os alunos trabalharão com subjetividade, personalidade e identidades próprias, expressando-se por meio da arte. O Projeto foi aplicado ao longo de oito semanas, entre dezesseis de agosto e onze de outubro de dois mil e onze, todas as terças-feiras à noite, na Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara, no município de Santa Clara do Sul, na turma do primeiro ano do Ensino Médio. Procurou-se desenvolver atividades diversificadas visando à experimentação de novos materiais. Para assimilar o conteúdo e aproximar a arte à realidade dos alunos, procurou-se promover exercícios práticos no plano bidimensional, através do desenho, recorte e colagem, técnica do mosaico com diferentes materiais, buscando representar aspectos significativos da vida e do cotidiano em que estão inseridos. Após cada atividade, a turma reunia-se para socializar as experiências e realizar a apreciação dos trabalhos. As produções reuniram-se em uma exposição instalada na biblioteca municipal Pe. Alberto Träsel e Museu Memorial Santa-clarense, podendo ser visitada e apreciada por toda a comunidade. Após uma reflexão final, percebo que os alunos compreenderam o conteúdo e desenvolveram seus trabalhos expressando as principais características de suas vivências e cotidiano em que estão inseridos. Considerando também que é fundamental que o professor goste do que faz e seja um apaixonado por arte, transmitindo isso aos seus alunos. Palavras-chave: Arte. Mosaico. Contemporaneidade.
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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8
CAPÍTULO 1. 1. Reconhecimento do Espaço de Ensino ................................................................ 15 1.1. Dados gerais da Escola observada .................................................................... 15 1.2. Observações silenciosas .................................................................................... 18 1.3. Análise das Observações silenciosas ................................................................. 27 1.4. Análise do questionário respondido pela professora .......................................... 31 1.5. Análise dos questionários respondidos pelos alunos .......................................... 34 1.6. Motivos da escolha/ definição do tema de pesquisa em Artes Visuais ............... 38 CAPÍTULO 2. 2. A ARTE DE CRIAR MOSAICOS: DO BIZANTINO À CONTEMPORANEIDADE.. 40 2.1. O Mosaico ........................................................................................................... 40 2.2. O mosaico na História Bizantina ......................................................................... 43 2.3. O mosaico na História Romana .......................................................................... 46 2.4. O Mosaico no Brasil ............................................................................................ 48 2.5. Alguns trabalhos em Mosaico conhecidos mundialmente .................................. 51 2.6. Alguns artistas que possuem uma ligação com a Arte de criar Mosaicos .......... 54 2.6.1. Di Cavalcanti ................................................................................................... 54 2.6.2. Maurits Cornelis Escher .................................................................................. 56 2.6.3. Leonardo Posenato ........................................................................................ 58 2.6.4. Cláudia Sperb ................................................................................................. 60
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CAPÍTULO 3. 3. PROJETO E PRÁTICA DE ENSINO EM ARTES VISUAIS .................................. 65 3.1. Dados gerais da Escola e turma em que foi realizada a prática de ensino ......... 65 3.2. Dados gerais do Projeto de Ensino ..................................................................... 66 3.3. Prática de Ensino ................................................................................................ 69 3.3.1. Primeiro encontro ........................................................................................... 69 3.3.2. Segundo Encontro .......................................................................................... 78 3.3.3. Terceiro Encontro ........................................................................................... 87 3.3.4. Quarto Encontro ........................................................................................... 100 3.3.5. Quinto Encontro ............................................................................................ 111 3.3.6. Sexto Encontro ............................................................................................. 120 3.3.7. Sétimo Encontro ........................................................................................... 131 3.3.8. Oitavo encontro ............................................................................................ 139 3.3.9. Exposição dos trabalhos ............................................................................... 147
CONCLUSÃO.......................................................................................................... 151
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 160
APÊNDICE 1.Avaliação de aluno estagiário realizada pela professora da Escola de Estágio. ................................................................................................................... 163 APÊNDICE 2. Questionário respondido pela coordenação pedagógica da escola de estágio. .................................................................................................................... 165 APÊNDICE 3. Questionário respondido pela professora da Escola de Estágio ...... 168 APÊNDICE 4. Questionário respondido pelos alunos da Escola de Estágio. ......... 171 APÊNDICE 5. Auto-avaliação dos alunos do Estágio. ............................................ 180
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INTRODUÇÃO
O universo é um grande mosaico. Nós seres humanos somos parte de um grande mosaico, temos particularidades que se encaixam nos espaços e que tem um grande e variado sentido.
Cláudia Sperb
N
a contemporaneidade o mosaico é considerado uma expressão de elegância e refinamento decorativo, qualidades que são apreciadas, sobretudo, pela versatilidade desse trabalho. Uma
arte muito ampla na sua classe, e complexa, especialmente no que se refere aos materiais empregados. Cada obra é única em sua criação e muito difícil de ser reproduzida, pois o seu trabalho artesanal cria motivos dos mais complexos e diversificados. Este Trabalho de Curso (TC) é resultado do processo vivido nos Estágios Curriculares do curso de Licenciatura em Artes Visuais. Este processo iniciou-se no primeiro semestre do ano de dois mil e onze, quando me inseri na escola para observar as aulas de Arte de uma turma do Ensino Fundamental e outra de Ensino Médio, no período de quinze de março a três de abril. A escola está situada no centro do município de Santa Clara do Sul. Seus alunos, em sua maioria, moram em zona urbana, outros na zona rural distante da cidade, e cultivam características muito particulares da região e a presença forte da língua alemã. A partir das observações silenciosas, desenvolvi um projeto para ser aplicado em ambas as turmas. A prática de ensino ocorreu no segundo semestre de dois mil e onze, semanalmente às terças-feiras, no turno da noite, entre os dias dezesseis de agosto e onze de outubro. No primeiro capítulo abordo as características do espaço onde foi realizado o estágio. Neste, encontram-se os dados gerais da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara. Ainda no mesmo capítulo estão os relatos das observações silenciosas realizadas na turma de primeiro ano do Ensino Médio 8
durante o Estágio I e as análises feitas a partir das observações e dos questionários aplicados com os alunos da turma e com a professora titular Jaqueline Corbeline. Este processo propiciou momentos de reflexão e análise das aulas, metodologias utilizadas, organização das aulas e aspectos relevantes para o desenvolvimento das aulas de Artes. No segundo capítulo encontra-se a significativa pesquisa realizada também durante o Estágio I e aprofundada ao longo dos estágios, a partir do tema escolhido. Neste capítulo encontram-se os conceitos mais importantes para a elaboração do projeto, tais como: história do mosaico, técnicas, materiais utilizados, alguns dados sobre a vida e obra dos artistas Di Cvalcanti, Maurits Cornelis Escher, Leonardo Posenato e Cláudia Sperb que contribuíram no entendimento da arte de criar mosaicos. O tema de pesquisa procurou contemplar a representação do mosaico, que é uma técnica utilizada para representar temas dos mais variados. Abordo o mosaico
nos
diferentes
períodos
históricos,
ou
seja,
do
bizantino
à
contemporaneidade. Os trabalhos são construídos a partir de pequenos fragmentos de cerâmica, vidro, mármore ou qualquer outro material, em forma de pastilhas. Foram utilizadas imagens de diferentes artistas destes períodos em linguagens como o desenho e o mosaico. Pesquisando detalhes e informações desde o seu surgimento até os dias atuais. Também trazendo o processo de construção, as técnicas utilizadas, os materiais adequados para elaboração e execução dos trabalhos de mosaico. Como embasamento teórico, foram consultados os autores Philippa Beveridge, Eva Pascual, que afirmam que a arte dos mosaicos surgiu na pré-história e até os dias de hoje podemos apreciar trabalhos desenvolvidos a partir da técnica de criar mosaicos. Técnica esta, muito utilizada nos dias de hoje tanto pelos artistas e também nas decorações de construções da contemporaneidade. Concordo com os autores, pois o mosaico é uma arte mais antiga do que muitos pensam, através dela podemos estudar diversos períodos da história da arte, nos quais esteve presente. Arte esta, que desenvolvi em meu estágio, me utilizando da técnica para os alunos criarem mosaicos significativos, representativos e reflexivos a cada um deles. Os artistas Di Cavalcanti, Maurits Cornelis Escher, Leonardo Posenato e Cláudia Sperb, foram estudados para explicar todo o processo de
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construção de um mosaico, através de sua técnica e como cada artista realizava as suas representações. Para me orientar na prática docente, fiz uso de livros como “Para gostar de aprender arte” e “Ensino de Arte”, da autora Rosa Iavelberg, também me utilizei dos livros “Metodologia do Ensino de Arte – fundamentos e proposições”, das autoras Ferraz e Fusari, e o livro “Avaliação Mediadora” de Jussara Hoffmann. Nestes livros, encontrei orientações para o planejamento do projeto quanto para a prática em sala de aula. Por meio de leituras como estas, tive embasamento para as análises realizadas. A partir da pesquisa, o projeto começou a ser planejado, aula por aula. Elaborei um projeto com trabalhos, um para o Ensino Fundamental e outro para o Ensino Médio, observando atentamente a escolha das atividades a serem desenvolvidas em cada nível. Para a 6ª série do Ensino Fundamental, foram planejadas atividades mais lúdicas com a utilização de variados materiais e trabalhos em grupo ou dupla baseados nos aspectos individuais a partir das apreciações de obras de diferentes artistas. Já para o 1º ano do Ensino Médio, as atividades planejadas foram em sua maioria individuais, foram realizados trabalhos de recorte e colagem, desenhos e mosaicos com materias diversificados e estes necessitavam maiores reflexões a partir dos artistas estudados e obras apreciadas. Após as etapas de pesquisa e elaboração do projeto, chegou o momento de aplicálo com as turmas. O projeto e a prática de ensino constam no Capítulo 3, em que abordo os dados
gerais
do
Contemporaneidade”,
projeto
“A
Arte
seguidos
pela
de
criar
sequência
Mosaicos: de
do
aulas
Bizantino
à
desenvolvidas,
descrevendo de forma detalhada o que foi planejado e relatando o que foi realizado. Neste capítulo estão também algumas considerações sobre a prática de ensino. O projeto “A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade” foi desenvolvido na Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara com os quatorze alunos da turma do 1º ano do Ensino Médio, e com os vinte e seis alunos da turma de 6ª série do Ensino Fundamental, sendo o Ensino Médio no turno da noite e o Ensino Fundamental no turno da tarde. Trabalhar mosaicos no Ensino Médio com adolescentes ou préadolescentes foi muito interessante. Os alunos foram muito acolhedores e 10
receberam com gosto as propostas de cada aula, e foi nesta turma que considero ter obtido os resultados mais significativos no que diz respeito à concretização daquilo que foi planejado para o projeto. O assunto mosaico interessou muito os alunos que perceberam a oportunidade de mostrar em seus trabalhos sua subjetividade, aquilo que eles são e o que eles gostam. O projeto buscou desenvolver com os alunos reflexões sobre temas como o mosaico a partir de diferentes artistas e períodos da história. Por meio de atividades diversificadas, como: trabalhos em grupo, individuais, atividades de pesquisa, experimentação de materiais variados como folhas coloridas, EVA, pastilhas de vidro e azulejos.
Proporcionando aos alunos momentos em que
puderam expressar-se, mostrando principalmente sua individualidade por meio da arte e também trabalhando a sua subjetividade. Desta forma, o projeto “A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade” justifica-se por desenvolver nos alunos a auto-expressão, a criação e a crítica, assim como a percepção e valorização da arte de criar mosaicos. O projeto trouxe aos alunos um novo olhar sobre a arte, trazendo a mesma ao cotidiano em que estão inseridos, através das atividades vivenciadas durante a realização do projeto. Para alcançar os objetivos propostos, diversas atividades foram pensadas, sendo que uma em especial não poderia faltar: a construção de um mosaico com pastilhas e azulejos. Por meio deste e de outros trabalhos desenvolvidos
durante
o
projeto,
os
alunos
puderam
desenvolver
o
autoconhecimento. Para desenvolver este trabalho, pesquisei sobre vários artistas e suas produções através do mosaico, tendo como apoio os autores Philippa Beveridge e Eva Pascual, em seu livro “Mosaico – Técnicas decorativas”, que abordam a arte do mosaico, sua técnica, origens, dados históricos, valores do mosaico, os materiais utilizados, as ferramentas, o processo de construção, e desta maneira passei a entender e apreciar a arte de criar mosaicos. Os artistas Leonardo Posenato, Cláudia Sperb, Di Cavalcanti, Maurits Cornelis Escher, entre outros artistas me auxiliaram para conhecer melhor a arte de criar mosaicos e fundamentar o trabalho realizado. Em virtude do que foi concluído a partir das análises, o projeto objetivou permitir que os alunos se identificassem com a disciplina e os conteúdos estudados, relacionando-se e identificando-se com ela, e, por meio da arte. Por interessar-me 11
pelo tema Mosaico, a realização da pesquisa foi muito prazerosa. O projeto “A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade” foi desenvolvido buscando trabalhar a temática por meio de atividades diversificadas e que valorizassem a expressão de cada aluno. Desta forma, o projeto foi dividido em duas partes: na primeira, do 1º ao 4º encontro, o trabalho foi mais direcionado a uma breve história sobre o mosaico do bizantino à contemporaneidade baseados nos artistas Di Cavalcanti e Maurits Cornelis Escher. Na segunda parte, do 5º ao 8º encontro, foram abordados os artistas contemporâneos Leonardo Posenato e Cláudia Sperb, através de uma atividade individual, a construção de um mosaico vivenciando todas as etapas de sua construção. Na prática, a divisão do projeto nas duas partes citadas foi imperceptível, pois a transição de uma temática para outra foi muito sutil. Isso se deve ao fato de que todos os assuntos abordados no projeto estão, de certa forma, relacionados entre si e durante todo o projeto aconteceram momentos em que as reflexões realizadas eram pensadas tendo em vista o projeto como um todo. Senti que os alunos gostaram das atividades planejadas e as desenvolveram com gosto, o que foi muito importante, pois desta maneira me mostraram que os objetivos inicialmente propostos estavam sendo atingidos e que o projeto acontecia da forma planejada. Uma reflexão maior sobre esta prática de ensino e o processo vivido durante o estágio encontra-se na conclusão, onde relato os resultados obtidos e os objetivos que foram alcançados. As produções dos alunos realizadas ao longo do projeto reuniram-se em uma exposição instalada na biblioteca municipal Pe. Alberto Träsel e Museu Memorial Santa-clarense, situada próxima a Escola de Estágio, no centro do município, na cidade de Santa Clara do Sul, podendo ser visitada e apreciada por toda a comunidade. Escolher uma das turmas em que o projeto foi desenvolvido para abordar neste Trabalho de Curso foi muito difícil, porque senti que os objetivos foram alcançados em ambas. Havia também o fato de que meu relacionamento com os alunos foi bom nas duas turmas e os resultados obtidos foram satisfatórios nos dois níveis. Apesar destes aspectos constatados, os critérios para a escolha de uma turma foram muito simples. Procurei refletir sobre ambas as práticas, pensando em qual delas eu havia oportunizado aos alunos maior aproximação com a arte dos 12
mosaicos. Também pelo fato da grande maioria dos alunos, que já haviam sido meus alunos na rede municipal de ensino do mesmo município, observando assim um envolvimento e participação maior nas aulas. Desta forma, optei por incluir no TC a prática realizada na turma de Ensino Médio. Na conclusão do trabalho, escrevo sobre os resultados do processo vivido durante
a
prática
de
estágio,
analisando
criticamente
o
projeto
e
seu
desenvolvimento. Também abordo sobre as características da turma que interferiram positivamente no desenvolvimento do projeto. Destaco quatro questões que foram fundamentais para a execução do projeto de ensino e que ficaram evidenciadas durante o processo, que foi a metodologia utilizada, a importância do diálogo entre professor X aluno, a significação e apropriação dos assuntos abordados e a avaliação mediadora como fator decisivo para uma avaliação significativa e diferenciada. Enfim, neste TC estão relatados os fatos mais importantes, e os momentos mais marcantes ocorridos durante esse processo vivido por mim e pelos alunos.
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1. RECONHECIMENTO DO ESPAÇO DE ENSINO
1.1. Dados gerais da Escola observada
A história da educação pública estadual é muito recente no município de Santa Clara do Sul. Tudo iniciou no ano de 1991. Naquela época existiam duas instituições educacionais que atendiam os alunos da sede e arredores do distrito de Santa Clara do Sul e que estavam localizados na então vila de Santa Clara (hoje, centro do município de Santa Clara do Sul). Eram elas, a Escola Particular São José – 1° Grau Incompleto, que atendia alunos de jardim, pré e 1ª a 4ª séries e a Escola Cenecista Santa Clara, que atendia os alunos da 5ª a 8ª série do 1° Grau e 1ª a 3ª séries do 2° grau. Ambas as escolas, eram particulares. Em função da constituição de 1988, que deixava expressa a educação como direito de todos e dever do estado e da família e assegurava a educação pública gratuita, acenava-se a possibilidade criar uma instituição educacional pública. A idéia, na época, era transformar o ensino fundamental em educandário público, atendendo, dessa maneira, a carta constitucional. Quando a idéia foi lançada, houve resistência por parte da comunidade que temia a queda de qualidade da educação e o futuro sucateamento das instalações físicas. Por outro lado, havia interesse de um grupo pela disponibilidade da educação pública gratuita que possibilitava o alívio no orçamento das famílias de baixa renda. Com estas prerrogativas, estava lançada a base de um movimento que daria origem a educação pública estatal em Santa Clara do Sul.
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No início do ano de 1991, iniciou-se o processo de criação da nova instituição escolar, que utilizaria as instalações da Escola Cenecista Santa Clara, até que no futuro pudesse contar com prédio próprio. Foram realizadas inúmeras reuniões para organizar as bases curriculares visando o início do ano letivo em março do mesmo ano bem como da legalização do educandário junto ao Governo Estadual. A legalização foi realizada de forma gradativa. O primeiro órgão que reconheceu a estatização do educandário foi o Conselho Estadual de Educação, seguindo-se posteriormente do Decreto de Criação da Escola Estadual de 1° Grau Santa Clara, publicado no Diário Oficial, do dia 13 de março de 1991. Por último a Portaria de Autorização de Funcionamento sob n° 531, de 19 de abril de 1991, também publicada no Diário Oficial. É importante ressaltar que no mesmo ano em que a Escola Estadual de 1° Grau foi autorizada a funcionar, a Portaria n° 598, e 14 de maio de 1991, declarou cessadas as atividades escolares, ao final do ano letivo de 1990, da Escola Particular São José – 1° Grau Incompleto. A Portaria n° 602, de 14 de maio de 1991, declarou cessadas as atividades escolares da Escola Cenecista Santa Clara – 5ª a 8ª séries. Os alunos destas instituições passaram a ser atendidos pela Escola Estadual. No mês de fevereiro de 1999, foi mantida audiência com a Delegada da Educação, prof. Elóide Maria Conzatti, para tratar da concretização da instalação do ensino de 2° grau(atual, Ensino Médio), bem como da construção de um prédio escolar para a escola estadual, sendo que o assunto foi encaminhado pela 3ª D.E. à Secretaria da Educação do Estado do Rio Grande do Sul. No início de mês de junho de 1999, a Prefeitura Municipal de Santa Clara do Sul recebeu a grata informação, através da 3ª DE, que o governo do estado havia destinado o valor de R$ 600.000,00, para a construção do novo prédio escolar, conforme Ofício DOE/DAD n° 279/99, de 31 de maio de 1999 expedido pela Secretaria Estadual da Educação do Rio Grande do Sul. No mesmo ano foram iniciadas as obras de construção do novo educandário, após aquisição de área de terras de 1,2 hectares, de propriedade da Mitra Diocesana (Paróquia São Francisco Xavier) por valor simbólico de R$ 35.000,00, localizada no lado de cima da Rua
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Coronel José Diel. A área de terras foi adquirida com base na Lei Municipal n° 55103/99 de 06 de julho de 1999. O novo prédio contaria com 13 salas de aula, pátio interno coberto, área descoberta, sala de informática, biblioteca, laboratório, auditório, sala de reuniões, sala de professores, direção, vice-direção, coordenação pedagógica, grêmio estudantil, dependências sanitárias, refeitório, cozinha, despensa e almoxarifado. Ainda no mesmo ano, teve início a estatização do 2° grau (ensino Médio), atendida pela Escola Cenecista, até então. A criação do 2° grau (atual, Ensino Médio) foi formalizado através do Decreto Estadual n° 39.332, de 15 de março de 1999 e do parecer do Conselho Estadual de Educação n° 268, de 24 de março, publicado no Diário Oficial do Estado em 6 de abril de 1999. A nova instituição de ensino público, a partir desta data, passou oficialmente a denominar-se Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara. A implantação do ensino de 2° grau realizou-se de forma gradativa. Em 2000, foram atendidos os alunos do 1° ano do 2° grau, em 2001, o estado assumiu o 2° ano do 2° grau e no ano de 2002 o 3° e último ano, findando dessa maneira os trabalhos da CNEC no município de Santa Clara do Sul. Em dezembro de 2007, foram inauguradas as instalações do novo educandário durante a administração da governadora Yeda Rorato Crusius e a Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara sob a direção do professor Sergio Luis Garcia Campos. É importante salientar de que a construção foi inteiramente gerenciada pela prefeitura Municipal de Santa Clara do Sul, tendo iniciado a obra em 1999, época em que o prefeito municipal era José Antônio Adams e concluída em dezembro de 2007 durante a primeira administração do prefeito Paulo Cesar Kohlrausch. Em 2008, iniciou-se a transferência de sede do educandário. Inicialmente foram transferidos o laboratório de informática e a biblioteca, posteriormente migraram as turmas e o arquivo. Em média, 680 estudantes freqüentam o educandário a cada ano e cerca de 70 jovens concluem o Ensino Médio a cada final de período letivo, o que mostra a importância desta instituição tanto para o município como para o Vale do Taquari.
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1.2. Observações silenciosas
AULAS 1 e 2 Universidade Luterana do Brasil – NOVAULBRA – CANOAS/RS Observação de aula – Ensino Médio Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara do Sul Série: 1º ano Professora titular: Jaqueline Corbelline Estagiário: Lucas Josué Wickert Duração: 2º e 3º período 19h45min às 21h15min Número de alunos: 22 alunos Dia 15/03/2011 Ao entrar na sala de aula diversos alunos me cumprimentaram, pois a grande maioria foram meus no Ensino Fundamental da escola da zona rural da cidade, Escola de Ensino Fundamental Willibaldo Both. A professora me apresentou como estagiário da turma e que no primeiro semestre farei observações das aulas de Artes. Em seguida fui até o fundo da sala e a educadora iniciou a aula fazendo a retomada do trabalho da semana passada, intitulado “A Pedra no Caminho”. Os alunos tiveram que usar o imaginário e muita criativdade e a partir deste título criar um desenho. Dando continuidade, a professora solicitou aos alunos uma folha de desenho, e que fizessem margem na mesma. Explicou que eles deveriam desenhar uma paisagem, e para produzirem trabalhos de qualidade, com bastante detalhes, ou seja, ir além dos desenhos tradicionais que apresentam simplesmente as montanhas, árvores, nuvens e um sol ao centro. Os
educandos
questionaram
a
educadora
se
a
paisagem
necessariamente deveria ser com elementos da natureza. Então ela disse aos alunos que era bem livre, e que eles poderiam explorar diferentes elementos e paisagens bem diferenciadas, algo do cotidiano dos alunos. 18
Os alunos puderam realizar os trabalhos em duplas ou grupos de três componentes. Em um diálogo entre três alunas de um grupo de trabalho, uma delas comentou que o desenho que iria produzir ela fazia desde a sua infância e que estava enjoada de todos os anos fazer o mesmo desenho. A professora se ausentou da sala de aula. Então percebi que a turma, de modo geral, é muito calma, os alunos bem centrados nas atividades propostas. Eles conversavam com seus colegas de grupo, mas silenciosamente. Ao retornar a professora perguntou aos alunos se eles estavam prontos. Ela explicou que o desenho deverá ser pintado com lápis de cor preto ou giz de cera preto. Os alunos ficaram indignados em ter que pintar suas obras de preto. Um aluno comentou brincando com seu colega que após a pintura de preto iriam começar a pintar com caneta corretiva. Observei que dois grupos se comunicavam através de bilhetes. Piadas, risadas e troca de olhares aconteceram entre algumas garotas e garotos. A professora, em um determinado momentou, interviu e recolheu os bilhetes e pôs os mesmos no lixo. Ao circular pelos grupos e observar os trabalhos, fiquei um pouco assustado pela grande presença de formas e figuras estereotipadas nas paisagens que estavam criando. Muitos insistiram na tradicional paisagem, com a presença de coqueiros sobre uma ilha, barquinho ao lado, ao fundo o mar com o pôr do sol. A professora reforçou que o desenho deve ser pintado todo de preto, mas que a pintura deve ser realizada como se estivessem pintando com diferentes cores, ou seja, um desenho colorido. Ela colocou aos alunos que eles deverão caprichar e que irão avaliar o trabalho final, não como fizeram e sim como ficou. O sinal tocou e os alunos deram continuidade às atividades propostas pela professora da disciplina de Artes. A secretária da escola interrompeu a aula, solicitando para aqueles alunos que ainda não trouxeram o histórico escolar, que tragam para regularizarem a sua matrícula no educandário. Um dos alunos veio até a minha classe e me mostrou seu desenho, me questionando se percebia a presença de profundidade em seu desenho através das tonalidades que utilizou. Coloquei ao alunos que seu trabalho havia ficado muito 19
belo, e que sim, se percebia a presença de volume e profundidade, parabenizando a maneira que planejou e executou seu desenho. Alguns alunos estavam ansiosos ao final do período, pois poderão ir ao intervalo, porque muitos estavam com fome e poderão jogar ping-pong, principalmente os meninos. De maneira geral, pude perceber que os educandos desta turma são bem unidos, pois interagem e socializam seus trabalhos uns com os outros e também dividem seus materiais necessários para execução das atividades propostas na disciplina. A professora colocou aos alunos que os trabalhos realizados e produzidos na disciplina de Artes, devem ser anexados em uma pasta identificada, e que a mesma será recolhida por ela mensalmente para avaliar os trabalhos. Faltando vinte minutos ao final do período a educadora propôs um trabalho de pesquisa com o tema “História do Carnaval”. Colocou no quadro verde os passos a serem observados para realização do trabalho. Para culminar a presente aula, a educadora pediu aos alunos que organizassem seus materiais e arrumassem a sala de aula para em seguida poderem ir ao intervalo. Falou também que os trabalhos deverão ser entregues junto com os outros já produzidos anteriormente, anexados a uma pasta para o dia vinte e nove de março.
AULAS 3 e 4 Universidade Luterana do Brasil – NOVAULBRA – CANOAS/RS Observação de aula – Ensino Médio Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara do Sul Série: 1º ano Professora titular: Jaqueline Corbelline Estagiário: Lucas Josué Wickert Duração: 2º e 3º período 19h45min às 21h15min Número de alunos: 22 alunos Dia 22/03/2011 20
Ao entrarmos na sala, cumprimentamos os alunos que já estavam dispostos em duplas, pois a aula anterior era da disciplina de Matemática. A professora colocou seus materiais sobre a sua mesa e disse aos educandos que já voltaria. O diretor entrou na sala perguntado pela educadora, o mesmo falou aos alunos que ela é para comparecer na sala da direção. Em seguida a professora retornou a sala e fez a chamada. Depois questionou se os alunos terminaram os trabalhos da aula anterior referentes ao artista Romero Brito. Muitos deles não haviam concluído, e ela disse aos alunos para terminarem a atividade na aula de hoje. Àqueles que estavam ociosos colocou que iriam pintar um desenho pronto, utilizando três cores, ou seja, azul, amarelo e vermelho. Todos vibraram muito, pois disseram que adoravam pintar desenhos prontos. Um dos alunos colocou em voz alta, “mas professora, estas são as cores primárias”, e ela não respondeu nada. A educadora entregou as fotocópias aos alunos e se ausentou, sem dar nenhuma explicação referente à proposta da atividade entregue. Os alunos conversavam muito durante a ausência da professora, falando de inúmeros assuntos sobre o cotidiano na qual os alunos estão inseridos socialmente e culturalmente. Ao circular pela sala entre os grupos de trabalho, me deparei com uma fotocópia de uma paisagem com uma cascata, árvore, flores, montanhas, nuvens e um sol em meia folha de ofício. Sobre a imagem estava escrita a ordem do exercício, “Colorir o desenho a baixo usando somente as cores primárias”. Alguns educandos fazeram exercícios da disciplina de Matemática, outros concluíam o trabalho da aula anterior e os demais pintavam o desenho entregue pela professora. Após uns dez minutos a professora retornou à sala de aula e sentou-se em sua cadeira e começou a fazer alguns recortes. Um dos educandos mostrou o seu desenho pronto, ela colocou a ele que não era para ter misturado as cores, e sim usá-las de maneira pura. O aluno respondeu que ela não tinha explicado direito e que na ordem dizia somente para usar as cores primárias. Ela disse ao aluno que poderia deixar assim, sem problema algum. Diversos alunos estavam com a pintura concluída. Então a professora solicitou à turma que fizessem margem em uma folha de desenho, e nela deveriam 21
copiar o desenho pintado anteriormente em tamanho maior, ampliado. A pintura do desenho deverá ser com três cores também, laranja, verde e roxo. A professora colocou aos alunos que estava achando muito quente e abafado na sala de aula e disse a turma que eles poderiam realizar a atividade nas mesas do pátio, na condição de ficarem trabalhando em silêncio. A turma se dividiu, ou seja, alguns alunos optaram em ficar na sala e outros nas mesas do pátio. A educadora se ausentou e eu permaneci na sala observando os alunos que optaram em ficar na sala. Quando a professora retornou à sala, escreveu no quadro o que os alunos deveriam trazer para próxima aula, na semana seguinte: um balão e linha de crochê para confeccionarem um enfeite de páscoa. Neste momento uma aluna disse à professora que já tinha realizado esta atividade no ano passado na aula de Artes. Ela disse para aluna que grande maioria não havia feito. Ao tocar o sinal, os alunos permaneceram fazendo as suas atividades. Ao observar o diálogo de dois educandos, um deles pediu ao seu colega para fazer o trabalho de Artes sobre o carnaval, pelo valor de dez reais para ser entregue na semana seguinte, junto com a pasta de Artes. Os mesmos dialogaram mais um pouco e chegaram a um acordo dando-se as mãos. Quando a professora retornou, passou nos grupos de trabalho para observar o andamento das atividdades. Colocou aos educandos que a pintura somente com estas três cores não ficava muito bonito aos seus olhos, mas que o objetivo da atividade não era a beleza e sim o estudo das cores. Ao passar pelos grupos de trabalho, pude perceber que os alunos de modo geral gostam de fazer cópias de desenhos prontos. A grande maioria gosta de pintar, pois os trabalhos ficaram muito caprichados. Faltando uns quinze minutos da aula, a turma estava pronta, e os alunos caminhavam pela sala, de dentro para fora ativamente. Tumultuando a aula de Artes e as outras turmas vizinhas. No final da aula, a educadora chamou os alunos para sala. Solicitou aos alunos que organizassem a sala, destacando à todos para não esquecerem os materiais para próxima aula e também a pasta de trabalhos da disciplina, para avaliação dos trabalhos já produzidos em aula até o momento.
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AULA 5 e 6 Universidade Luterana do Brasil – NOVAULBRA – CANOAS/RS Observação de aula – Ensino Médio Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara do Sul Série: 1º ano Professora titular: Jaqueline Corbelline Estagiário: Lucas Josué Wickert Duração: 2º e 3º período 19h45min às 21h15min Número de alunos: 22 alunos Dia 29/03/2011 Ao chegar na sala, eu e a professora titular cumprimentamos a todos e me dirigi ao fundo da sala. A professora deu início à aula dizendo aos alunos que eles poderiam concluir o trabalho de pintura proposto pela professora de Matemática na aula anterior. Em seguida realizou a chamada, se ausentando logo depois. A turma estava bastante agitada, os alunos conversavam ativamente. Alguns educandos circulavam dentro da sala entre as classes dos colegas. O assunto era a festa do final de semana, que grande maioria dos alunos participaram. Comentavam detalhes e riam bastante sobre os acontecimentos. A educadora retornou e se deparou com a bagunça, se alterando, chamando atenção da turma, dizendo a eles que estavam em aula e não no intervalo. Os alunos questionaram a professora sobre qual seria a atividade do dia de hoje. Ela perguntou à turma se eles já haviam realizado a pintura de um desenho com as cores primárias. Todos responderam que haviam realizado na aula passada. A professora propôs então a atividade de pintura com cores quentes e frias. Entregou uma folha com a fotocópia de duas imagens estereotipadas iguais, com a presença de árvores e sol com “rostinho”. Ela disse aos educandos que qualquer dúvida na separação dos lápis de cor, nas cores quentes e frias, era para perguntar a mesma que ela iria ajudá-los. 23
Os educandos apresentaram muitas dúvidas e dificuldades para fazer a divisão das cores. Muitos deles foram até a mesa da professora para tirar as dúvidas de algumas cores com tonalidades parecidas. Alguns alunos sentaram em grupos de quatro pessoas, outros em duplas e alguns individualmente para execução do trabalho. A educadora permaneceu em sua mesa fazendo as suas tarefas. Os alunos conversavam sobre assuntos dos seus trabalhos, de namorados (as), discussões com os pais em casa, entre outros. Ela chamou atenção de dois alunos, dizendo-lhes que se continuassem neste ritmo não iriam conseguir alcançar os objetivos mínimos da turma para sua aprovação. Eles disseram que estavam animados, mas muito cansados. Após um tempo do trabalho ser iniciado a professora circulou pela sala observando a pintura que os alunos estavam fazendo. Orientou alguns que estavam com um pouco de dúvida à respeito da divisão das cores. Um dos alunos que estava em um grupo de meninas foi motivo de deboche de dois colegas. Disseram a ele que deveria se vestir como “gente”, e que deveria ficar com os guris, e não somente com as meninas. Ele ficou todo envergonhado e bravo, muito bravo, em seguida respondeu aos colegas que na vida dele ninguém interferiria. A professora interferiu na situação e colocou que cada indivíduo possui sua personalidade, que todos somos únicos e devemos respeitar as diferenças sem preconceitos e sem julgarmos o próximo por suas diferenças. Então a professora se ausentou. Ao tocar o sinal a educadora retornou a sala de aula. Ela passou pelos grupos de trabalho e chamou atenção de alguns meninos que ainda não haviam iniciado o trabalho. Então a partir deste momento a turma passou a ficar mais silenciosa. Mas isso não permaneceu por muito tempo, e começaram a conversar novamente. A professora pediu a atenção de todos os alunos e falou um pouco sobre o trabalho de pesquisa, o
Carnaval. Colocou algumas curiosidades e chamou
atenção pela forma de pesquisa que realizaram o trabalho, ou seja, repetindo muitos aspectos em diversos momentos dentro do trabalho.
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Ela estava fazendo a correção do trabalhos das turmas do Ensino Fundamental. Disse também que ao realizarem trabalhos de pesquisa, não podem, de forma alguma, copiar e colar e simplesmente, nem se quer ler o trabalho e entregar ao professor. Como muitos alunos já haviam concluído o trabalho, ela propôs a eles que deveriam criar uma “linda” história em quadrinhos para crianças. As mesmas serão recolhidas, avaliadas e doadas às turmas do Ensino Fundamental, séries iniciais, do mesmo educandário. A professora também disse que irá avaliar o texto produzido e não muito a parte de desenho e pintura. Os alunos mostraram interesse na proposta da educadora, pois muitos deles tem irmãos pequenos, que talvez irão ler e manusear os trabalhos criados pelos irmãos. Quando um aluno retornou do banheiro, ela questionou o mesmo pela demora, dizendo-lhe que isso não deveria mais acontecer. Faltando alguns minutos para o sinal, a professora solicitou aos alunos, para retornarem aos seus lugares, e também que guardassem seus respectivos materiais para fazer o intervalo.
AULA 7 e 8 Universidade Luterana do Brasil – NOVAULBRA – CANOAS/RS Observação de aula – Ensino Médio Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara do Sul Série: 1º ano Professora titular: Jaqueline Corbelline Estagiário: Lucas Josué Wickert Duração: 2º e 3º período 19h45min às 21h15min Número de alunos: 22 alunos Dia 03/04/2011 Ao entrar na sala os alunos estavam em silêncio aguardando a professora, nós cumprimentamos a todos. A educadora comunicou aos alunos que 25
iria fazer a chamada e em seguida o professor estagiário Lucas, iria aplicar um questionário. Ela explicou a todos que estas perguntas serão uma ferramenta para a formulação do projeto de pesquisa do estagiário. Após realizar a chamada, a professora se ausentou da sala. Cedendo um espaço da aula para eu realizar a aplicação dos questionários. Então dialoguei um pouco com os alunos a respeito da minha prática a ser aplicada com a turma no próximo semestre. Falei sobre a proposta de trabalhar mosaico. Todos mostraram bastante interesse, pois a maioria nem sabia o que era e muito menos teriam visto tal tema nas aulas de Artes. Prosseguindo, entreguei os questionários aos alunos. Lemos pergunta por pergunta, expliquei-as e tirei as dúvidas que foram surgindo no decorrer. Os alunos mostraram-se bastante entusiasmados com a minha proposta, disseram estar curiosos em conhecer a história do mosaico e como ele é criado na prática. Depois dos alunos concluírem, chamei a professora titular que havia se ausentado da aula. Voltamos para sala e despedi-me dos educandos, desejandolhes um excelente semestre de estudos, e disse a eles que em breve estaremos realizando algumas experiências juntos. Obs: Estavam faltando seis alunos, por isso, deixei os questionários com a professora titular, que se comprometeu em aplicá-los na semana seguinte com os ausentes.
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1.3. Análise das Observações silenciosas
As observações silenciosas de aula, realizadas durante quatro semanas, no primeiro ano do Ensino Médio da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara, ministradas pela arte-educadora Jaqueline Corbelline, foram fundamentais para futuramente pesquisar, planejar, estudar e refletir sobre todos os aspectos observados durante este período de conhecimento da realidade do grupo de alunos a ser trabalhado. Sendo assim, esse período foi fundamental como ponto de partida para a formulação do meu projeto de pesquisa e planejamento das aulas a serem aplicadas na turma de estágio. Segundo, Maria Fani Scheibel (2007, p. 71): O diagnóstico do grupo, da turma com a qual o professor atua, é ponto de partida do processo de planejamento, tendo como objetivo identificar os níveis de desenvolvimento do pensamento, os conhecimentos já adquiridos pelos alunos e as necessidades de adequação dos processos ao nível dos alunos. Consiste na descrição das características mais significativas do grupo de alunos, em seus mais distintos aspectos.
No decorrer das observações de aula procurei trazer as situações vivenciadas para minha realidade, pensando e refletindo de que maneira poderia executar determinadas atividades, situações, para atingir resultados satisfatórios e que venham a desenvolver e aprimorar o Ensino de Arte aos educandos que irão vivenciar e participar de minhas aulas. Contudo, do meu ponto de vista, a respeito do ensino da Arte, concordo com os autores/as, dos PCNs-Arte, quando afirmam que: A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas diferentes culturas.
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Os alunos devem ser desafiados pelos educadores, ou seja, eles/as devem proporcionar momentos que venham desenvolver opinião artística própria, passando por vivências e experiências, com atividades contextualizadas e do interesse e realidade dos educandos. Diferente do que acontece na realidade da grande maioria das escolas na atualidade, onde não existem os profissionais capacitados na área a ser trabalhada, referindo-me a disciplina de Artes. Conforme Ferraz e Fusari (2009, p.142): Os educadores, empenhados em uma ação escolar de arte transformadora e de bases artísticas contemporânea, procuram conduzir os educandos rumo ao fazer e o entender as diversas modalidades de arte e a história cultural das mesmas.
A professora trabalhou o artista Romero Brito, pois ele procurava utilizar muitas cores em suas obras de Arte. Mas ela poderia ter trazido imagens de obras do artista em estudo, para os alunos perceberem como ele resolve as questões em seus trabalhos, nesse caso a utilização de muitas cores. Nas aulas observadas, a educadora também trabalhou as cores primárias e secundárias, de maneira extremamente tradicional e conservadora do meu ponto de vista. Utilizando uma metodologia ultrapassada, na qual a professora era autoridade e ditava a atividade, sendo ela de acordo com a realidade do educando ou não. Por isso, acredito que a metodologia utilizada pela arte-educadora deve ser levada em consideração em todas as atividades propostas em sua prática de ensino. Segundo Fusari: (1988, p.18): A metodologia pode ser considerada como o método em ação, onde os princípios do método (atitude inicial, básica, de percepção da realidade e suas contradições) estarão sendo mencionados na realidade da prática educacional.
A professora propôs pinturas com lápis de cor, com reproduções de desenhos prontos, ou seja, a presença de estereótipos em fotocópias utilizadas nas atividades propostas pela educadora, para trabalhar as cores primárias e secundárias. Contudo, vejo que nós arte-educadores devemos propor situações e atividades que venham desenvolver a criatividade de nossos alunos, com o objetivo de agregar conhecimento do mundo das artes e não simplesmente trazer atividades 28
prontas e rotineiras que não desenvolvam a criatividade e a capacidade de expressão própria de nossos educandos. Diferente do que a professora propôs aos seus alunos nas atividades com as fotocópias estereotipadas.
No texto
“Estereótipos, esta erva daninha” de Maria Letícia Vianna (1994), a autora afirma: Não podemos aceitá-las porque, como educadores, acreditamos no poder de criatividade das pessoas, na individualidade de cada ser humano, acreditamos na necessidade vital que a criança tem de se expressar; porque somos contra acomodações e desejos a transformação.
Segundo o pensamento de Vianna, pude observar que na escola de estágio se percebe fortemente a presença desta “erva daninha” segundo Vianna. Os estereótipos aparecem através dos trabalhos apresentados pelos educandos, nas atividades propostas pela educadora, em cartazes de porta e ambientes do educandário. Durante as observações notou-se que os alunos são bastante agitados, curiosos e comunicativos nas aulas. A professora não conseguia ter domínio de seus alunos como o desejado por ela, pois solicitava silêncio inúmeras vezes e não recebia respostas de seus educandos, ou então utilizava chantagens para conseguir dar sequência às atividades propostas na aula. Muitos alunos saiam de seus lugares, outros saiam da sala para ir ao banheiro sem ao menos comunicar à professora. Rosimeri Pereira Marques, em seu livro Arte e Educação, (2001, p.116) afirma que “A criança necessita de limites e solicita isso a todo instante, através de uma circunscrição de conduta e precisa interagir com o grupo”. A professora explicou aos alunos que a avaliação da disciplina de Artes neste ano será um pouco diferente, ou seja, que cada educando deverá adquirir uma pasta com sacos plásticos, e nela deverão arquivar os trabalhos desenvolvidos durante as aulas. Os mesmos serão recolhidos no final de cada mês, avaliando o resultado final de cada atividade proposta pela professora. Particularmente a professora utilizou um método de avaliação da escola tradicional da educação, pois segundo Jussara Hoffmann, “(...) avaliar é “ver, refletir e agir” em benefício aos educandos – crianças, jovens e adultos (...)”.
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Conforme Hoffmann (2009, p.77): Analisar teoricamente as várias manifestações dos alunos em situações de aprendizagem (verbais ou escritas, outras produções), para acompanhar as hipóteses que vêm formulando a respeito de determinados assuntos, em diferentes áreas do conhecimento, de forma a exercer uma ação educativa que lhes favoreça a descoberta de melhores soluções ou a reformulação de hipóteses preliminarmente formuladas. Acompanhamento esse que visa ao acesso gradativo do aluno a um saber competente na escola e, portanto, sua promoção a outras séries e graus de ensino.
A educadora utiliza a avaliação classificatória, diferente da avaliação mediadora mencionada anteriormente, pois ela não irá avaliar o processo de construção do aluno, mas somente o resultado final. Acredito que ela deveria repensar o modo de sua avaliação, e sim utilizar, segundo Jussara Hoffmann, Avaliar:
respeitar
primeiro,
educar
depois,
(2007,
p.163),
“registros
são
importantíssimos como instrumentos avaliativos. A observação é método. O registro das observações é instrumento”, para então obter uma avaliação diferenciada de cada experiência vivenciada por seus alunos.
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1.4. Análise do questionário respondido pela professora
Ao realizar a aplicação do questionário com a professora titular de Artes, Jaqueline Corbelline, da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara, onde irei desenvolver e aplicar meu projeto de estágio, com a turma do primeiro ano do ensino médio e sexta série do ensino fundamental, pude conhecer um pouco mais sobre a arte-educadora, a respeito do seu trabalho em sala de aula e o que pensa sobre o ensino de Artes nas escolas. A professora mencionou no questionário, relatando que ao traçar seus objetivos, pensa no que gostaria de almejar/atingir com seus educandos e suas intenções ao ministrar suas aulas de Artes seria, despertar no aluno a observação, simplicidade e beleza da vida; e possibilitar a expressão dos sentimentos e a sensibilidade como ser humano. Arte não é apenas básico, mas fundamental na educação de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente da palavra para interpretar o mundo, a realidade, o imaginário, e é conteúdo. Como conteúdo, arte representa o melhor trabalho do ser humano (BARBOSA, 2002, p.04).
Em seus planejamentos diz que procura contemplar aspectos teóricos e práticos, pois eles precisam andar juntos para atingir resultados qualitativos acompanhando os alunos em suas experiências vivenciadas aula após aula no decorrer do ano letivo que se encontra. Ao desenvolvermos as aulas de Arte, pensamos e criamos articulações entre seus componentes curriculares. Isso quer dizer que os nossos conhecimentos (teorias, ideais) sobre como devem ser ou como deveriam ser o “processo artístico” e o “processo educativo escolar de arte” no mundo contemporâneo pode ser repensado e recriado (FERRAZ e FUSARI, 2009, p. 148).
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A educadora respondeu que nunca freqüenta locais como museus, teatro e cinema, deixando-me um pouco assustado. Penso que um arte-educador deve estar presente nestes espaços para em sala de aula poder argumentar, explicar, despertar o interesse e curiosidade a estes espaços que são ricos de informações a respeito do mundo artístico. Não culpo a professora também, pois ela está fazendo talvez o melhor para ministrar suas aulas de Artes, porque ela é simplesmente uma professora graduada em Biologia. Neste aspecto culpo o governo, o estado que não consegue suprir as necessidades básicas da educação brasileira, que do meu ponto de vista, seria um corpo docente com formação adequada na área a ser trabalhada pelos profissionais da educação. Ao falar das instalações e estrutura física do educandário, a professora crê que são adequadas para desenvolver os trabalhos da disciplina de Artes. Mas em minha opinião não está adequada, pois a sala de Artes somente é utilizada para armazenar os trabalhos desenvolvidos pelos educandos, nela não há espaço para uma turma de vinte ou mais alunos. Quando se falou em ferramentas de avaliação utilizadas pela professora na disciplina, ela disse que procura avaliar alguns trabalhos de pesquisa, a criatividade ao desenvolver as atividades e a apresentação dos trabalhos. Não destacando que a avaliação deve ser todo o processo de construção de conhecimento a partir das vivências de cada aprendiz. Segundo Ferraz e Fusari (2009, p. 162): A avaliação tem como objetivo verificar e acompanhar o aprendizado sendo, portanto, um meio e não um fim em si mesmo, não se dá em um vazio conceitual, mas mostram, na prática das aulas, as concepções de mundo, de educação e de arte que o professor tem; por isso, em um modelo transformador, a prática avaliativa na escola preocupa-se mais com os indicadores de mudanças (como a autonomia e a formação sensível e crítica do educando) necessários à participação democrática de todos na sociedade.
Os materiais utilizados para realizar as atividades propostas pela professora nas aulas de Artes ficam sob responsabilidade de cada educando, e somente os materiais de uso comum na escola.
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O professor estagiário poderá explorar diversos ambientes da escola em sua aplicação do projeto de estágio, tais como: pátio da escola, biblioteca e o laboratório de Informática. Muito importante, pois acredito que nós professores precisamos planejar aulas que despertem a curiosidade dos alunos, sendo elas bem variadas, dinâmicas, expositivas e dialogadas com a participação ativa dos educandos em atividades diferentes como mencionadas por Ferraz e Fusari (2009, p. 155): O desafio está em trabalhar-se com os estudantes o fazer artístico (em desenho, pintura, gravura, modelagem, escultura, história em quadrinhos, música, dança, teatro, vídeo, fotografia, publicidade, desig, desenho animado...) sempre articulado e complementando com as vivências e apreciações estéticas da ambiência cultural.
A professora titular descreveu em seu questionário que está com uma grande expectativa quanto ao projeto a ser aplicado pelo estagiário. Ela espera ver novas técnicas para posteriormente trabalhar com as outras turmas da escola.
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1.5. Análise dos questionários respondidos pelos alunos
A aplicação dos questionários no Ensino Médio foi realizada no dia três de abril, terça feira à noite, com a turma do primeiro ano da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara, com alunos dentre a faixa etária de quatorze a dezenove anos, sendo destes nove meninas e treze meninos. Entre eles, alguns da zona rural e outros da zona urbana do município. Constatei segundo a análise das respostas que a grande maioria dos educandos considera importante o ensino de Artes nas escolas. Disseram que a disciplina de Artes proporciona a eles um melhor desenvolvimento criativo; aprender e conhecer a vida e obras de diversos artistas; outros mencionaram que ao participar das aulas de Artes se desligam do ambiente da teoria e entram em um ambiente tranqüilo de criar através da imaginação despertando o fazer artístico; entre outras considerações. Conforme Juan Mosquera, (1976, p. 16): A criatividade não nasce simplesmente de uma experiência única, mas, na medida em que a pessoa vive experiências diferentes, torna-se mais rica potencialmente. É mais capaz de criar, de se projetar. A criatividade, para exteriorizar-se exige que a pessoa não pense apenas em uma determinada situação. É um produto de pensamento. O indivíduo precisa utilizar seu complexo raciocínio e intuição em diferentes planos, ou seja, sondar as variadas possibilidades da vida. Uma pessoa que fica só num plano tornase rotineira e, conseqüentemente, não será criadora. Para ser criadora, precisa rejeitar o óbvio – embora trate de compreendê-lo. Também será criadora, aquela que encontrar mais de uma solução para cada problema.
As expectativas dos alunos quanto às aulas de Artes a serem aplicadas pelo professor estagiário, segundo eles: “são muito boas”; “ele parece ser um ótimo professor”; “esperamos aprender coisas interessantes”; “que consiga passar as informações de forma interativa”, “descontraída e com clareza”; “aproveitar bem as aulas com um professor que está na formação de Artes, pois deve ter um conhecimento mais amplo que nossa professora que é formada em Biologia”; “que 34
possa trazer coisas novas, e não somente desenhos”; entre outras questões apresentadas pelos educandos. Cada um vivencia a aula em função de seu humor e de sua disponibilidade, do que ouve e compreende, conforme seus recursos intelectuais, sua capacidade de concentração, o que o interessa, faz sentido para ele, relaciona-se com outros saberes ou com realidades que lha são familiares ou que consegue imaginar. (PERRENOUD, 2000, p.24)
Os alunos, de forma geral, gostam de trabalhar com materiais variados, desde que as atividades propostas pelo educador sejam interessantes e que aprendam algo com ela. Disseram gostarem de trabalhar com: tinta, pedras, madeira, papel, lápis, lápis 6B, lápis de cor, caneta hidrocor, A turma, de maneira geral, mencionou gostar mais das aulas práticas do que as teóricas, pois elas seriam importantes para executar obras de arte, praticar as habilidades através das atividades e estimular o fazer artístico de cada educando. Alguns alunos colocaram que gostariam de ter as duas situações, ou seja, aulas teóricas e práticas, pois elas são importantes para o aprendizado na disciplina de Arte. Sobre as aulas a serem desenvolvidas e aplicadas com a turma de estágio deve ser levado em consideração a metodologia de ensino a ser utilizada pelo professor estagiário. Segundo Maria Fani Scheibel (2009, p. 79): A metodologia de ensino ainda deve ter como referência geral a criação de um ambiente na escola e dentro da sala de aula capaz de facilitar uma ação comunicativa da escola. Deverá levar em conta a tomada de decisões que dizem respeito a temas como: a organização dos tempos e espaços, a utilização de meios e recursos didáticos, o tipo de relação a se estabelecer entre professores e a natureza das tarefas desenvolvidas.
Constatei através dos questionários aplicados com os educandos que a professora de Artes trabalha pouco com artistas especificamente, e sim, com trabalhos mais livres e manuais. Afirmo isso, pois os artistas citados e escritos conforme as respostas dos questionários pelos alunos foram: “Picasso”, “Romero Brito”, “Leonardo David”, “Leonardo Davinci”, “Alejadinho” e “Van Gogh”. Ficando bastante surpreso com o número de alunos comparando com o número de artistas mencionados. 35
A grande maioria dos alunos não freqüenta museus, teatro e cinemas. Outros colocaram que às vezes procuram ir ao cinema. Percebo que esta questão é muito cultural, vem do estímulo de casa e quando se tem o acesso a estes locais. Como a cidade de Santa Clara do Sul é um município de seis mil habitantes e do interior do estado, não possuímos estes espaços. Dificilmente os alunos têm a oportunidade e condições financeiras de se deslocar a cidades maiores, ou até a capital de nosso estado. A educadora não trabalha com imagens em suas aulas de Artes, a turma nunca realizou uma leitura de imagem e ressimbolização de obras, segundo os alunos. E do meu ponto de vista trabalhar com imagens de artistas, leva ao educando se apropriar de aspectos a serem observados para depois levarem em consideração na formulação, criação de seus trabalhos e obras de arte. Nas atividades expressivas e apreciativas, as conversações são de grande valia quando, por meio delas, desperta-se na memória das crianças as imagens, sentimentos e sensações que foram anteriormente percebidos; serve para explicar procedimentos técnicos em arte, relembrar as habilidades já conhecidas e aspectos das histórias das obras e da vida de artistas, brasileiros ou não. (FERRAZ e FUSARI, 1999, p.115)
Neste aspecto a professora titular deveria se reorganizar e contextualizar o seu planejamento, ou o plano de ensino da disciplina de Arte do educandário caso não tenha listado atividades e situações de apreciação de obras, imagens de trabalhos dos próprios alunos também. Na questão proposta de leitura da imagem aos alunos no questionário, intitulada “Abraçando Romero Brito”, da artista Marinella Spadon, pude perceber que os alunos sentiram bastante dificuldade, pois me questionaram inúmeros aspetos, do tipo, “Professor, mas o que precisamos observar?”, “Quais os aspectos precisamos anotar?”, “Nós nunca fizemos leitura de imagem. Bem interessante!” e outros questionamentos. Nas observações realizadas constataram que o mosaico criado pela artista demonstrava, uma pessoa dando um abraço em alguém, ou demonstrando afeto por alguém; um mosaico colorido, emotivo, diferentes cores; imagens simultâneas que percebemos olhando de diferentes ângulos; felicidade da artista pelas cores vivas; muita criatividade por parte da artista; a imagem quer
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mostrar que alguém está muito feliz e quer dividir essa alegria; entre outros apontamentos realizados pelos alunos. De acordo com as observações realizadas pelos alunos e pela grande dúvida que demonstraram ao realizar a leitura de imagem, percebi da importância de se trabalhar apreciações de obras de arte com os educandos. Neste caso a professora titular deveria repensar seu planejamento e abordar estas atividades em seu plano, para atender a todas as necessidades dos alunos e da disciplina de Artes. Conforme Pillar, (1999, p.15): [...] quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações que a realidade impõe e da nossa atuação nela; quando começamos a estabelecer relações entre as experiências e a tentar resolver problemas que se nos apresentam – aí então estamos procedendo leituras.
Desse modo, uma leitura se torna significativa quando estabelecemos relações entre o objeto de leitura e nossas experiências de leitor já vivenciadas anteriormente, sendo elas de extrema importância ao desenvolvimento de cada indivíduo.
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1.6. Motivos da escolha/ definição do tema de pesquisa em Artes Visuais
Durante o meu processo de formação como acadêmico de Artes Visuais, sempre procurei pesquisar e conhecer a técnica do mosaico dentro das diferentes formas de construção e períodos da história da Arte, e principalmente quando realizei o estágio I e depois das observações silenciosas, foi quando defini o tema de pesquisa em Artes Visuais, ou seja, um breve recorte do bizantino até a contemporaneidade. Ao realizar as observações de aula no estágio I, conheci melhor a realidade de meus futuros alunos, quanto aos seus desejos, gostos e interesses de estudar determinados temas dentro da disciplina de Artes. Como a professora titular não possuía a formação em Artes, ela como educadora formada em Biologia desenvolvia um trabalho artesanal com os alunos, sendo assim através das observações, diálogo com a professora e alunos, o questionário aplicado, me deixou bastante seguro de criar um projeto sobre mosaicos. Pelo fato dos educandos não conhecerem a Arte de criar mosaicos, percebendo o interesse dos mesmos em conhecerem coisas novas que jamais haviam obtido algum conhecimento sobre o assunto, definindo assim a minha linha de pesquisa. Outra questão que levei em consideração ao definir o assunto do meu projeto, foi o fato dos trabalhos de mosaicos estarem muito presente na vida das pessoas, em seu cotidiano, mas que muitas vezes as pessoas não possuem o conhecimento sobre o assunto e passa por despercebido, pois na arquitetura podemos observar trabalhos muito significativos e interessantes que chamam a atenção das pessoas, porém, como a grande maioria dos indivíduos não tem o conhecimento, desconhecem o processo de construção e que por trás deste trabalho existe muita história e Arte.
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2. A ARTE DE CRIAR MOSAICOS: DO BIZANTINO À CONTEMPORANEIDADE CONTEMPORANEIDADE
2.1. O Mosaico
O mosaico é uma simples arte que envolve paciência e organização, pois para fazer uma obra figurativa ou uma obra abstrata deve-se agrupar cacos de pelo menos duas cores de qualquer material. Os materiais mais utilizados são os azulejos coloridos e as pastilhas de vidro, porém existem outros que também podem resultar numa linda obra. São eles: vidro, pedra, concha, papel, madeira, botões, plástico, couro, pano, grãos alimentícios e outros. Normalmente utiliza-se um único material para a execução da obra, porém a mistura harmoniosa de materiais pode ser feita e resultar belíssimos trabalhos, é só deixar fluir a imaginação. Segundo Beveridge e Pascual (2005), afirmam que, a palavra “mosaico” deriva do latim Musa, com que se designavam as decorações murais das grutas dos jardins romanos dedicados às musas. É uma arte milenar, cujos primeiros testemunhos conhecidos remontam à pré-história e que perdurou até à atualidade, vivendo um importante ressurgimento, revalorizado e considerado um meio artístico de elevadas qualidades expressivas. A partir do autor Beveridge podemos afirmar que a arte dos mosaicos surgiu na pré-história e está presente até os dias de hoje, que podemos apreciar 40
trabalhos desenvolvidos a partir da técnica de criar mosaicos. Técnica esta, muito utilizada na contemporaneidade tanto pelos artistas e também nas decorações de construções.
A técnica do mosaico oferece grandes possibilidades no mundo da decoração. Disciplina artística dotada de uma linguagem particular, permite a obtenção de resultados muito pessoais , onde os limites são os da própria criatividade. As obras realizadas com mosaico adaptam-se a qualquer estilo e integram-se, plenamente, na decoração, enaltecendo-a com os valores próprios deste meio. Artisticamente, podem obter-se resultados de grande complexidade, se bem que existam opções para todos os níveis de destreza. O domínio é definido pelo controlo dos valores da linguagem e da técnica, que se adquirem através da prática constante, bem como do conhecimento da história”. (PASCUAL, 2005, p.9)
Segundo Beveridge e Pascual (2005), a técnica do mosaico até aos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX, o mosaico era considerado uma disciplina paralela à pintura, mediante a qual se efetuavam obras pictóricas de maior resistência que aquela. A técnica utilizada pelos artesões gregos e romanos, durante o período bizantino e medieval, era a directa. Trabalhava-se de igual forma o pavimento e as paredes, por etapas, colocando as tesselas de acordo com a disposição marcada no esboço, croquis ou sinopia na argamassa ou preparação. As tesselas eram diretamente incrustadas na camada superior da argamassa enquanto esta se encontrava ainda fresca. Depois, preenchiam-se as juntas com uma mistura de mármore, areia e cal, tal como na época romana. No processo de construção de um mosaico o artista deve levar em consideração alguns elementos importantes que irão valorizar o seu trabalho posteriormente, como: o desenho, a cor, os contrastes, a disposição, a textura, a reflexão, brilho, matiz e transparência, os volumes e o movimento. Elementos estes, são fundamentais para a criação de um trabalho de mosaico. Segundo Beveridge e Pascual (2005), as disciplinas artísticas requerem sempre a realização de diferentes processos técnicos e criativos. Assim, qualquer arte, longe de ser unívoca, implica em todos os casos o uso de técnicas diversas, algumas delas muito diferentes entre si. A arte do mosaico não é excepção. O processo criativo e a realização de um mosaico requerem a participação de recursos procedentes de outras técnicas artísticas, como o desenho ou a pintura, ou de ofícios, como a alvenaria, entre outros. Tudo isso configura um leque heterogêneo 41
de elementos que se concretizam nos diferentes materiais e ferramentas que é possível utilizar. As obras de mosaico requerem materiais muito específicos, alguns deles tradicionais e utilizados ao longo da história da arte para confeccionar mosaicos. Os materiais utilizados são subdivididos nas etapas de construção de um mosaico, tais como: materiais básicos, pedras, vidros, conchas de moluscos, a cerâmica, o plástico, entre outros; o suporte, que seria a base da tessela; materiais de uso comum, o projeto, ou seja, desenho, colas, argamassa; materiais para juntas, betume; materiais para limpeza, papel de cozinha, esponja, esfregão, palitos e algodão; material para acabamento, cera ou verniz. Segundo Beveridge e Pascual (2005), as ferramentas que intervêm na confecção de um mosaico são tão variadas como os diferentes processos que realizam. Na sua grande maioria são utilizadas para outras técnicas artísticas, por exemplo, os trabalhos em vidro ou alvenaria. Algumas contudo, são específicas do mosaico. As ferramentas básicas para construção de um mosaico são: para cortar, delinear e polir; o talhador, cortador de azulejos, torquês de corte, cortadores e lápis marcador de azulejos, turquês plana e turquês, cortador de poliestireno expandido; para misturar e aplicar; raspadores, espátulas, pincéis e trinchas, recipientes; para colocar e situar; pinças e punção.
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2.2. O mosaico na História Bizantina
O mosaico é expressão máxima da arte bizantina e não se destinava apenas a enfeitar as paredes e abóbadas, mas instruir os fiéis mostrandolhes cenas da vida de Cristo, dos profetas e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino em nada se assemelha aos mosaicos romanos; são confeccionados com técnicas diferentes e seguem convenções que regem inclusive os afrescos. Neles, por exemplo, as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é demasiadamente utilizado devido à associação com maior bem existente na terra: o ouro. (Fonte: http://www.historiadaarte.com.br/bizantina.html)
A arte bizantina nasceu no Império do Oriente, e era exclusivamente cristã. Pela localização geográfica, ela foi influenciada por Roma, Grécia e pelo Oriente, principalmente pelos persas. Criando um estilo novo, rico e colorido. Sempre relacionado ao Cristianismo, ela privilegiou o espiritual em detrimento do material, destacou o conteúdo, não a forma, e seguiu por um caminho místico. O mosaico é sua expressão mais conhecida, mas sua função principal não era a decorativa, e sim a educativa, pois ele visava orientar os cristãos através da reprodução de cenas da vida de Cristo e dos imperadores. Os trabalhos de mosaicos criados na arte bizantina apresentavam uma característica muito forte, ou seja, as imagens dos imperadores sempre estavam presentes nas obras, especialmente junto à Virgem Maria e a Jesus. Para criar uma aura de grandiosidade espiritual, as pessoas eram representadas frontalmente e na vertical nos mosaicos e afrescos. Os artistas utilizavam bastante o dourado, por simbolizar o ouro. A arquitetura também foi um estilo artístico dominante nessa época, principalmente a das igrejas, que eram geralmente construídas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada, continham grandes cúpulas, eram enormes e ricamente decoradas. O exemplo mais conhecido deste estilo é a Igreja de Santa Sofia.
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Litografias do álbum dos irmãos Fossati, Hagia Sophia, Constantinopla. Londres 1852, (Biblioteca Athenas Gennadeios) Corredor sul. O arco superior é decorado com um belo mosaico da Virgem e o Menino entre o Imperador João II e a Princesa Irene. Mosaico bizantino, séc. 11. Igreja de Santa Sofia Fonte: Disponível em http://www.starnews2001.com.br/hagia_sophia.htm. Acesso em 01 de maio de 2011.
Segundo GOMBRICH (2001), a história deste estilo artístico pode ser dividida em cinco períodos. Entre eles, o período Constantiniano que foi o momento inicial, do qual restam apenas obras arquitetônicas, pois da pintura, da escultura e dos mosaicos desta época pouco se encontra ainda hoje. O período Justiniano é caracterizado por uma decoração naturalista, com enfeites cada vez mais elaborados. Esta mesma tendência apresenta-se também nos tecidos de seda, inspirados através da arte persa. O período Macedoniano ocorreu após uma era iconoclasta, durante a qual as raras esculturas produzidas foram destruídas pelos imperadores que sucederam Justiniano, por evocarem idolatrias pagãs, a arte bizantina vive seu segundo momento áureo. Ela atinge seu apogeu durante o reinado de Constantino VII (945959). Há uma hierarquização na decoração das igrejas – a parte mais elevada para representar Cristo, a Virgem e os santos; a intermediária com cenas da vida de Jesus e a inferior para a expressão de patriarcas, apóstolos, mártires e profetas. Destaca-se, dessa época, a escultura em marfim.
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O período Comneniano apresenta uma arte mais espiritual, que foi sua fonte de inspiração do estilo bizantino dos Bálcãs e da Rússia, com destaque para os ícones e a pintura mural. No período Paleologuiano, predominou a pintura mural sobre o mosaico, por ser uma técnica de baixo custo. E então surgiu a Escola de Constantinopla, que produz obras mais vivas e autênticas. E no estilo ítalo-bizantino, os bizantinos ocuparam partes da Itália entre os séculos VI e XI, dando origem a esta arte, desenvolvendo-se principalmente em Veneza, Siena, Pisa, Roma e na Itália Meridional. Pintores como Duccio e Giotto lançaram as bases da pintura italiana valendo-se dos ícones. A arte bizantina permaneceu até a queda de Constantinopla, em 1453, invadida pelos otomanos. Então, ela iniciava uma terceira fase de ouro, mas pode-se afirmar que suas influências estenderam-se além deste marco histórico, pois na segunda metade do século XV e durante parte do século XVI esta arte ainda prosperava nas regiões em que dominava a ortodoxia grega, segundo GOMBRICH (2001).
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2.3. O mosaico na História Romana Partidários de um profundo respeito pelo ambiente arquitetônico, adotando soluções de clara matriz decorativa, os masaístas chegaram a resultados onde existe certa parte de estudo direto da natureza. As cores vivas e a possibilidade de colocação sobre qualquer superfície e a duração dos materiais levaram a que os mosaicos viessem a prevalecer sobre a pintura. (TOYNBEE, 1972, p.149)
Segundo Gougo, no ano de 509, com a queda da monarquia etrusca cedeu lugar ao regime republicano. Estabelecido pelos historiadores, este momento como o início da arte primitiva romana, assim como designam a conversão ao cristianismo do imperador Constantino e a mudança da capital do Império para Constantinopla, no ano 330, como o final deste período artístico. Costuma-se dividir a arte romana em duas eras: a Roma Republicana e a Roma Imperial. A princípio as manifestações artísticas estavam circunscritas à cidade de Roma, presas à sua herança etrusca, mas aos poucos se expandiram pela Itália e pelo Mediterrâneo e receberam uma profunda influência da cultura grega. Ecléticas por natureza, pela sua expansão geográfica e por colecionar diversas colônias, a arte romana
tem
como principal
característica
a diversidade
de estilos.
Diferentemente de outros povos, que retratavam seus imperadores, os romanos procuravam representar todos os habitantes do amplo Império, desde a classe média até os próprios escravos.
Os mosaicos, aplicados em pavimentos, podiam assumir caracteres abstratos ou figurativos, sendo frequente a integração de elementos figurativos com motivos geométricos. Embora denunciem certa preferência pelas naturezas mortas com animais ou vegetais, os artistas romanos representavam também episódios mitológicos. (Fonte: www.infopedia.pt/arte-romana)
Com o reconhecimento da religião cristã, o paleocristianismo que é a produção artística realizada por ou para cristãos, durante a ascensão do Império Romano, passou a ocupar o lugar das manifestações que o precederam. Suas formas primitivas remontam ao século III. Porém, a temática pagã romana persistiu durante séculos. É complicado, no entanto, atribuir autoria a algumas das obras 46
paleocristãs, pois no princípio os simbolismos religiosos estavam ainda ocultos sob camadas formais da antiga arte do paganismo, e também havia uma certa censura por parte da Igreja, preocupada com a prática da idolatria, inibindo assim a expressão artística cristã. Os mosaicos romanos, presentes por todo o Império Romano, com fins claramente decorativos, cores vivas e intensamente duráveis, prevaleceram sobre a pintura, exatamente por estar imbuído destas características. Nos séculos posteriores, são encontrados no chão da casa de Fauno em Pompéia e na tumba dos Pancratii em Roma (160 d.C.). Destacam-se também, na Espanha, os mosaicos dos Sete Sábios e os da casa de Mitreo.
Os jogos circenses eram muito populares na Roma antiga, e previam além dos combates dos gladiadores e outras batalhas navais, as corridas. O mosaico do século III d.C., conservado no Museu Arqueológico de Madrid, mostra a cena de uma corrida, com as charretes puxadas por dois cavalos. Fonte: Disponível em http://houdelier.com/paginas/mosaicoromano.html. Acesso em 30 de abril de 2011.
Detalhe de um mosaico encontrado em uma vila romana; no centro, a cabeça de Bacco. Fonte: Disponível em http://houdelier.com/paginas/mosaicoromano.html. Acesso em 30 de abril de 2011.
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2.4. O Mosaico no Brasil
Segundo Gougon, os primeiros mosaicos de que se tem notícia no Brasil, datam de 1800 e foram criados pela Imperatriz Tereza Cristina, mulher de Dom Pedro II. Na construção de suas obras, a Imperatriz utilizou conchas, que recolhia nas praias do Rio, e cacos de louças do serviço da casa Imperial. Durante anos recobriu bancos, fontes e outras partes do Jardim das Princesas, como era chamado o jardim anexo do Palácio de São Cristóvão, hoje Museu Nacional de Ciências Naturais.
Imperatriz Tereza Cristina Trono já depredado e precisando reparos. Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id9.html. Acesso em 21 de maio de 2011.
Trabalho da Imperatriz Tereza Cristina, a Imperatriz silenciosa. Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id9.html. Acesso em 21 de maio de 2011.
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No Brasil o mosaico foi utilizado por Cândido Portinari, Di Cavalcanti e Tomie Ohtake em diversas de suas obras. O mosaico ainda é utilizado, principalmente na construção civil em painéis, na decoração de piscinas, pisos e paredes. Os mosaicos encontrados ao longo dos tempos remontam a história de várias civilizações.
Painel de Mosaico de Portinari na Igreja do Sagrado Coração de Jesus na PUC Rio - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O Mosaico, medindo 4,5m x 3,70m, é baseado na pintura original a óleo Jesus entre os Doutores que mede 60cm x 72 cm, datada de 1957, de autoria de Candido Portinari Fonte: Disponível em http://www.ceramicanorio.com/conhecernorio/portinarimosaicopucrio/portinarimosaicopucrio.html. Acesso em 21 de maio de 2011.
Painel de Di Cavalcanti Cada objeto em mosaico é único: o corte de cada pedaço é feito artesanalmente e fica muito difícil repetir as formas utilizadas em um motivo. Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id88.html. Acesso em 21 de maio de 2011.
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Painel de Tomie Ohtake na Chapel School (Escola Maria Imaculada em São Paulo) (1992) Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id103.html. Acesso em 21 de maio de 2011.
Nos dias de hoje o mosaico é usado como elemento decorativo no qual elegância e sugestão se fundem em tal modo que, se os artistas bizantinos não podem definir-se até agora superados, podem dizer que se encontram num mesmo nível. A produção de antigos mosaicos com técnicas modernas permite uma perfeição no efeito decorativo em tempos curtos e com a garantia de solidez, coisa que na realidade dá validade para qualquer tipo de trabalho musivo. Com um produtivo intercâmbio entre artesões e designers, o mosaico está descobrindo âmbitos e superfícies novas. Deste modo vêm sido realizados objetos que têm em si um toque de arte, um sinal tangível e reconhecível da mão do artistaartesão. Conhecer o mosaico significa conquistar discernimento sob fórmulas de compor o passado e o presente, adquirindo familiaridade com os materiais naturais e artificiais. Viajar nos contextos artísticos da história deste para depois direcionar com criatividade, mas também com idéias próprias até lentamente afinar a própria sensibilidade, e aí então reconhecer o próprio gosto. (DI CAVALCANTI. Fonte: http://www.pesquisa.com/biografias/dicavalcanti.htm)
O mosaico é uma arte muito ampla na sua classe, e complexa, especialmente no que se refere aos materiais empregados. Tal arte é aplicável a vários suportes assumindo as mais variadas formas modernas e pode ser para ambientes internos ou para ambientes externos. 50
E atualmente o mosaico é uma expressão de elegância e refinamento decorativo, qualidades que são apreciadas, sobretudo, pela versatilidade desse trabalho.
2.5. Alguns trabalhos em mosaico conhecidos mundialmente
Segundo o jornalista, mosaicólogo, Gougon, o maior mosaico do mundo está na cidade do México e tem 4000m². Essa Fantástica obra foi construída pelo arquiteto e pintor Juan O'Gorman. O imenso mural é na realidade o revestimento do edifício da Bilioteca Central da Cidade Universitária da UNAM - Universidade Nacional do México. Sua construção se deu de 1949 a 1951.
Edifício da Bilioteca Central da Cidade Universitária da UNAM - Universidade Nacional do México. Fonte: Disponível em http://sepiensa.org.mx/contenidos/2005/l_ogorman/ogorman_3.htm. Acesso no dia 14 de maio de 2011.
O Metrô de Nova York mantém inúmeros murais de mosaico em suas estações.
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Robert Kushner (2004) Disponível em http://www.mosaicoonline.com/index.php/blog/45-mosaicos-no-metro-de-nova-york. Acesso em 21 de maio de 2011.
Owen Smith (1998) Disponível em http://www.mosaicoonline.com/index.php/blog/45-mosaicos-no-metro-de-nova-york. Acesso em 21 de maio de 2011.
A obra de Burle Marx para o bairro de Copacabana, que inclui a preservação das ondas em pedra portuguesa junto à orla. O paisagista refez os desenhos originais dos calceteiros portugueses, realçou sua sensualidade na medida da ampliação do calçamento e manteve o paralelismo com as ondas do mar, que fora implantado na reforma de 1929 pelos calceteiros já habilitados no Brasil. No canteiro central da Avenida e no piso junto aos edifícios, Burle Marx aplicou novos desenhos de sua pletora criativa, com pedras pretas e vermelhas (basalto) e brancas (calcáreo).
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As ondas do Calçadão de Copacabana é provavelmente o projeto mais famoso assinado por Burle Marx Fonte: Disponível em http://www.pco.org.br/conoticias/ler_materia.php?mat=5150. Acesso em 21 de maio de 2011.
No século XX ocorreu um período de movimento cultural, abrindo a experimentação de técnicas artísticas novas, onde o poder expressivo dos mosaicos foi reconhecido. Artistas como: Antoni Gaudì (1852-1926), Gustav Klimt (1862-1918) e Gino Severini (1883-1966) conheceram melhor o mosaico e compreenderam sua verdadeira essência. Klimt, que visitou Ravenna no início do século, encontrou nos mosaicos dessa cidade a compreensão da arte Bizantina. Antoni Gaudì empregou o mosaico no interior e exterior de suas construções, conseguindo efeitos impressionantes em alguns de seus trabalhos, tal como o parque de Guell (19001914) em Barcelona. Imagens do Parque Guell em Barcelona e da Catedral da Sagrada Família, considerada a obra prima de Gaudi.
Antoni Gaudi Fonte: Disponível em http://www.mosaicoonline.com/index.php/grandes-nomes/21. Acesso em 01 de maio de 2011.
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Antoni Gaudi Fonte: Disponível em http://www.mosaicoonline.com/index.php/grandes-nomes/21. Acesso em 01 de maio de 2011.
2.6. Alguns artistas que possuem uma ligação com a Arte de Criar Mosaicos
2.6.1.
Di Cavalcanti "Criar é acima de tudo dar substância ideal ao que existe." (Di Cavalcanti, Fonte: http://www.latinartmuseum.com/cavalcanti.htm).
Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, nasceu no Rio de Janeiro em 1897. No ano de 1914, a revista Fon-Fon publicou seus desenhos de caricaturas. Matriculou-se na Faculdade de Direito dois anos depois e em 1917, mudou-se para São Paulo, não tendo terminado o curso. Conviveu com Mario e Oswald de Andrade, Tarsila, Anita e Brecheret. Interessado em pintura, frequentou, em São Paulo, o ateliê do pintor George Elpons, um alemão de influências impressionistas. É considerado, entretanto, um autodidata. 54
O artista Di Cavalcanti foi o idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922, participando de sua organização, fez os catálogos e programas e expôs doze pinturas. Entre 1923 e 1925, viveu em Paris, época em que entrou em contato com Picasso, Braque e Matisse. Em viagem à Itália, pôde ver os clássicos, que contribuiram para sua formação de pintor. Teve influências, também, de Delacroix, de Gauguin e dos muralistas mexicanos. Ele retornou a Paris em 1937, onde viveu até 1940. Mulher Sentada, exemplifica grande parte de sua produção, marcada pela temática da sensualidade da mulata brasileira. O artista executou vários painéis, publicou álbuns com gravuras e serigrafias, ilustrou livros, bilhetes de loteria e desenhou jóias. Escreveu crônicas e comentários para jornais e revistas. Participou das I, II (prêmio de Melhor Pintor Nacional) e VII Bienais de São Paulo, da XXVIII Bienal de Veneza, além de inúmeras exposições no Brasil e no exterior. Morreu em 1976, no Rio de Janeiro.
Painel de Pastilhas de Di Cavalcanti - Teatro Cultura Artística - São Paulo-SP. Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id88.html. Acesso em 29 de maio 2011.
O trabalho mais importante dentre todos que realizou em São Paulo, foi o da fachada para o Teatro de Cultura Artística de São Paulo, na Rua Nestor Pestana, que pegou fogo em agosto de 2008. A obra de Di Cavalcanti ocupava integralmente a fachada do Teatro, numa extensão de 48 metros de largura por oito de altura, totalmente realizado em pastilhas de vidro. Decorridos mais de meio século, o painel continuava íntegro, no 55
mesmo local, confirmando, em grandes proporções, o apogeu a que havia chegado o interesse modernista pela linguagem das tesselas na década de 50, toda ela marcada por obras do gênero, quase sempre nas fachadas dos prédios nascentes, tanto em São Paulo quanto no Rio de Janeiro.
2.6.2.
Maurits Cornelis Escher
Segundo a professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Olga Pombo, o artista Maurits Cornelis Escher, nasceu na cidade de Leeuwarden, Holanda em 17 de Junho de 1898 e morreu em Hilversum, Holanda em 27 de Março de 1972. A sua trajetória é marcada e conhecida pelas suas xilogravuras e litografias, além de meios-tons, que mostram construção impossível, preenchimento regular de planos, exploração do infinito e metamorfoses (padrão geométrico entrecruzado que se transforma gradualmente para outras formas diferentes). Uma das principais contribuições da obra deste artista está em sua capacidade de gerar imagens com impressionantes efeitos de ilusões de óptica. Foi numa visita à Alhambra, na Espanha, que o artista conheceu e se encantou pelos mosaicos que haviam neste palácio de construção árabe. Escher achou muito interessante as formas como cada figura se entrelaçava a outra e se repetia, formando belos padrões geométricos. Este foi o ponto de partida para os seus trabalhos mais impressionantes e famosos, que consistiam no preenchimento regular do plano, normalmente utilizando imagens geométricas.
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Pombos (1938) Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
A partir de uma malha de polígonos, regulares ou não, Escher fazia mudanças, mas sem alterar a área do polígono original. Assim surgiam figuras de homens, peixes, aves, lagartos, todos envolvidos de tal forma que nenhum poderia mais se mexer. Tudo representado num plano bidimensional.
Dois Peixes (1942) Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
Destacam-se também os trabalhos do artista que exploram o espaço. Escher brincava com o fato de ter que representar o espaço, que é tridimensional, num plano bidimensional, como a folha de papel. Com isto ele criava figuras impossíveis, representações distorcidas, paradoxos.
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2.6.3.
Leonardo Posenato Aprender o mosaico é compreender a nossa natureza. Quando fragmentamos determinado material e o recolocamos em busca de uma harmonia, estamos nos refazendo, em busca do belo. Assim cristalizamos na arte do mosaico uma nova forma, uma nova percepção da vida que é o reflexo do que estamos vivendo e de que desejamos para nossas vidas. Foi dessa maneira que a história da humanidade ficou cristalizada e chegou até nossos dias, é uma técnica que foi intensamente utilizada pelos povos antigos e chegou até os dias de hoje pela natureza da técnica ser feita com materiais resistentes e embora tenhamos achados arqueológicos que mostram para nós a técnica, ela sempre foi executada pelos homens de todos os tempos, pois é natural para o homem utilizar esta técnica que decodifica as leis da natureza. (POSENATO, Fonte: http://www.mosaico.arq.br/)
O artista Leonardo Posenato é um artista gaúcho que desde muito menino já desenvolvia as técnicas de incrustações, fazendo composições dos diversos materiais que ia percebendo no decorrer de seu crescimento. E ele foi influenciado pela mãe, uma musicista e pelo pai um competente arquiteto e apreciador da música a ingressar no caminho da arte. No ano de 1998 ingressou na universidade pelo curso de arquitetura. E ainda em 1998 vai à Itália para aprender a arte do mosaico. Na velha Itália Leonardo se deslumbra com a arte antiga e dedica todo o seu tempo a pesquisá-la com profundidade. Em 2001 volta ao Brasil depois de terminar o curso na "Scuola Mosaicisti dell Friuli", encontrando a professora e artista plástica Guti Fraga, pesquisadora dos povos antigos , e iniciando seus estudo sobre a sabedoria antiga e todos os seus seguimentos. Nos dias de hoje, Leonardo vive do mosaico, confeccionando painéis gigantesco para igrejas, templos, Caves, centros empresariais e particulares. Participou de diversas exposições de arte entre elas a Cowparade Porto Alegre, qual o artista revestiu uma das Vacas com o mosaico em estilo egípcio, esta pode ser vista no Mercado Público de Porto Alegre.
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Vaca de Ísis. Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id157.html. Acesso em 24 de maio 2011.
O artista Leonardo participa do Espaço da criatividade, escola de arte onde estuda a arte e filosofia e compartilha seus estudos e experiência com Guti Fraga e seus colaboradores.
Nenúfares de Monet Disponível em http://www.mosaico.arq.br/. Acesso em 29 de maio 2011.
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Nu Feminino 50x80 Disponível em http://www.mosaico.arq.br/. Acesso em 29 de maio 2011.
2.6.4.
Cláudia Sperb
O universo é um grande mosaico. Nós seres humanos somos parte de um grande mosaico, temos particularidades que se encaixam nos espaço e que tem uma grande e variado sentido. (SPERB, Disponível em: http://www.artecaminhodasserpentes.com/.Acesso em: 09 agosto. 2011.)
A artista gaúcha Cláudia Sperb, é formada em artes plásticas pela Feevale-RS, decidiu, desde muito cedo, encarar o enigma das serpentes como objeto de interesse artístico e começou a desvendá-lo aos poucos, adentrando um universo que até então tinha seu interesse restrito aos cientistas.
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Fonte: Disponível em http://www.artecaminhodasserpentes.com/. Acesso em 07 de agosto de 2011.
Segundo Sperb, desde sua infância, na cidade de Novo Hamburgo, recolheu da avó uma tirada poética que guardou para sempre. Foi num belo dia em que lhe perguntou sobre a origem das flores e sua avó lhe disse: “Elas nascem de um arroto das cobras”. A resposta foi o ponto de partida e iluminou sua fantasia infantil, que moldou seu espírito para sempre A artista cresceu entre flores e serpentes. Instalou o seu ateliê no alto de um cume, o morro Reuter, e já se inspirava nas curvas das serpentes para gravar suas primeiras xilogravuras. Quando apresentou sua produção entre 1992 e 2005, o titulo da mostra – “A cobra que fala” – já dizia tudo. A exposição foi na Câmara Municipal de Porto Alegre onde apresentou 26 trabalhos impressos num livro que fez com seu filho Eduardo, então com oito anos de idade. Nele há, além das gravuras, poemas, brincadeiras e noções científicas sobre as cobras.
Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id133.html. Acesso em 07 de agosto de 2011.
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A inspiração da artística Cláudia Sperb nos animais peçonhentos acabou levando-a a outros horizontes. Além da gravura, Cláudia também se envolveu com a arte dos mosaicos com a qual projetou novos espaços de exposição e conquistou alunos interessados e dispostos a viajar no mesmo sonho: uma nova percepção das serpentes, muito além do estigma do pecado original, que lhes persegue milenarmente. Suas serpentes são criadas a partir de quebras de azulejo, apelam para um novo sentido do olhar, conseguido pelos padrões coloridos que modificam a relação das pessoas com os bichos, especialmente os peçonhentos.
Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id133.html. Acesso em 07 de agosto de 2011.
O reconhecimento de seu lado amigável com a nossa fauna ofídica acabou resultando num trabalho colossal realizado justamente no interior do Instituto Butantan, em São Paulo, tendo por inspiração os bichos estudados pela instituição. No instituto, sob coordenação da artista, um grupo formado por 150 jovens iniciantes e iniciados na arte do mosaico, produzindo uma obra de 198 metros quadrados, que resultou num tapete retratando todos os tipos de animais pesquisados pelos cientistas do Instituto, incluindo tanto os peçonhentos como cobras e escorpiões e os não peçonhentos, como macacos e lagartos.
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Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id133.html. Acesso em 07 de agosto de 2011.
A iniciativa de realizar a obra decorreu de convite formulado pelo diretor da Divisão Cultural do Butantan, Henrique Moisés Canter, para comemorar aniversário do Instituto. No espaço ela ministra oficinas para que os jovens de maneira geral aprendam a arte do mosaico e modifiquem a visão do mundo, através de um olhar com menos preconceito e mais conhecimento.
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3. PROJETO E PRÁTICA DE ENSINO EM ARTES VISUAIS
3.1. Dados gerais da Escola e turma em que foi realizada a prática de ensino
A prática de ensino realizou-se na Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara, localizada no centro do município de Santa Clara do Sul. A escola possui biblioteca informatizada, laboratório de Informática com acesso a internet, laboratório de Ciências, equipamentos audiovisuais aos professores e alunos, cozinha equipada, salas de aula amplas, quadra de esportes e praça com brinquedos. Os alunos que frequentam o educandário são da zona urbana e zona rural do município, pois é a única escola da cidade que possui o nível médio de ensino. Em média, 680 estudantes frequentam o educandário a cada ano e cerca de 70 jovens concluem o Ensino Médio a cada final de período letivo, o que mostra a importância desta instituição tanto para o município como para o Vale do Taquari. A turma em que se desenvolveu a prática foi a cento e um, primeiro ano do Ensino Médio, composta por quatorze alunos, na faixa etária entre quatorze e dezoito alunos. A maioria dos adolescentes trabalham durante o dia e residem na zona urbana e outros da zona rural da cidade.
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3.2. Dados gerais do Projeto de Ensino
Título do projeto “A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade”
Tema do projeto A arte de criar mosaicos O tema do Projeto de Ensino foi embasado no tema de pesquisa, enfatizando o mosaico na contemporaneidade, levando em consideração os artistas Leonardo Posenato, Cláudia Sperb e Maurits Cornelis Escher através de seus trabalhos. Procurou-se explicar como o mosaico sofreu inúmeras transformações no decorrer da história e enfatizou-se que os alunos pudessem trazer em suas produções, aspectos, situações, momentos vivenciados da vida de cada educando e retratando particularidades de seu meio social e cultural.
Justificativa O projeto “A Arte de criar Mosaicos: do Bizantino à Contemporaneidade” surgiu a partir de reflexões sobre as características da turma (observações e análises) e pensando na importância de abordar a Arte de criar mosaicos, que está visivelmente inserida no cotidiano em que estamos inseridos. Pensando em tudo isso, o projeto justifica-se por buscar desenvolver nos alunos a auto-expressão, o autoconhecimento, a criação e a crítica, assim como a percepção e valorização da arte de criar mosaicos e busca mostrar a história da arte bizantina até a contemporaneidade. O projeto ainda propõe discussões sobre diversos artistas mosaístas, materiais utilizados, processos de construção, técnicas, sendo assim muito importante na construção e formação de cada um dos envolvidos nesta prática.
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Objetivo geral Proporcionar
situações
de
aprendizagens
reflexivas,
críticas
e
desafiadoras que contemplem o mosaico do bizantino à contemporaneidade, despertando o interesse e aprimorando o conhecimento dos educandos no mundo artístico, levando em consideração e valorizando os conhecimentos prévios. Conhecendo a si mesmos através da arte de mosaico, os alunos trabalharão com subjetividade, personalidade e identidades próprias, expressando-se por meio da arte.
Objetivos específicos do Projeto. - Conhecer a história do mosaico bizantino à contemporaneidade. - Apreciar e conhecer o processo de criação e construção dos mosaicos através dos vídeos. - Despertar o interesse em criar mosaicos com recortes de papel. - Explorar a criatividade e organização dos elementos no mosaico. - Conhecer a vida e obras de Maurits Cornelis Escher. - Apreciar e analisar as obras de Maurits Cornelis Escher e Lucas Wickert. - Produzir um mosaico a partir das obras do artista Maurits Cornelis Escher e do professor Lucas Wickert. - Possibilitar aos alunos um momento de apreciação, crítica e análise das obras de Lucas Wickert e alunos do Ensino Médio. - Despertar no educando o interesse e o fazer artístico através da construção de um mosaico com recorte e colagem. - Oportunizar o acesso à internet para a realização do trabalho de pesquisa. - Conhecer a vida e obras do artista Leonardo Posenato e Cláudia Sperb. - Adquirir novos conhecimentos através da ferramenta de pesquisa virtual. 67
- Aprimorar a observação crítica dos alunos diante dos trabalhos realizados nas aulas de Artes. - Oportunizar um momento de expressão oral crítica e informativa sobre os artistas em estudo. - Produzir um desenho considerando os artistas estudados. - Despertar o fazer artístico através das atividades propostas. - Criar um mosaico que tenha sentido para o educando em função do meio social em que está inserido. - Propor um momento de reflexão crítica e construtiva através da apreciação dos trabalhos expostos. - Incentivar os alunos a freqüentar ambientes culturais, ricos de informações e conhecimentos diversos.
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3.3. Prática de Ensino
3.3.1.
Primeiro encontro
Data: 16/08/2011 Horário: 21h30min ás 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1hora e 30minutos
Tema/título da aula: Introdução do mosaico Conteúdos: História do mosaico. Atividades: - Apresentação do Projeto de Ensino. - Explosão de idéias a partir da palavra: “MOSAICO”. -
Apresentação
em
Power
Point,
“Um
recorte
do
bizantino
à
contemporaneidade”. - Apresentação de três vídeos de curta direção sobre mosaico. - Construção de um mosaico em grupos com recortes de papel. Objetivos • Conhecer a história do mosaico bizantino à contemporaneidade. • Construir um mosaico em grupo. • Explorar a criatividade e organização dos elementos no mosaico. Metodologias: Aula expositiva dialogada com recurso (data show), trabalhos em grupos e leitura de imagens. Materiais e recursos:
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Data show; Reproduções de obras; Vídeos; Folha A1; Envelope; Folhas de desenho coloridas fragmentadas; Tesoura; Cola;
Avaliação: Verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos, ou seja, se houve aprendizagem a partir das discussões e reflexões durante o desenvolvimento da aula em relação à proposta de trabalho, bem como a informações apresentadas sobre o assunto. O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção, ou seja, o recorte, a colagem, cores utilizadas e também a organização do espaço da folha para a criação de seu trabalho. Interação com o grupo no momento de trabalho. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. Referências Vídeos do yotube: Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=MqRy_krHZAQ. Acesso em 24 de maio 2011. Disponível
em
http://www.youtube.com/watch?v=W0cYg7myba8&feature=related.
Acesso em 24 de maio 2011 Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=6vHbGMpVpl0&feature=related. Acesso 24 de maio 2011.
PLANEJADO 1. Primeiramente, o professor se apresentará e irá expor ao grupo a proposta do projeto de ensino a ser desenvolvido com a turma. 2. Em seguida o educador irá escrever no quadro verde a palavra “MOSAICO”, e será realizada uma explosão de idéias, partindo dos conhecimentos prévios dos educandos. 70
3. Será realizada uma apresentação de um Power point, sobre a história do mosaico, abordando um recorte do bizantino à contemporaneidade, de maneira expositiva dialogada com a participação dos alunos e intervenções do professor.
SANTIPONCE: Mosaico da casa de Neptuno, nas ruínas de Itálica. Fonte: Disponível em http://espanha-imagens.blogspot.com/2010/08/mosaicos-da-casa-deneptuno.html. Acesso em 14 de maio de 2011.
Laurentius, 1194. Fonte: Disponível em http://marlymosaicos.wordpress.com/2008/07/painel-de-estudo-de-2007. Acesso em 14 de maio de 2011.
4. Após isso, o professor apresentará alguns vídeos a respeito do tema em estudo, o mosaico. Como acontece o processo de construção e criação dos mosaicos e quais os materiais mais utilizados. Para os educandos entenderem melhor as etapas de construção de um mosaico, despertando o interesse pelo mesmo, para futuramente vivenciarem este processo de criação.
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Vídeo: Construção de mosaicos Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=MqRy_krHZAQ. Acesso em 24 de maio 2011.
Vídeo: Mosaics Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=W0cYg7myba8&feature=related. Acesso em 24 de maio 2011.
Vídeo: A história dos mosaicos Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=6vHbGMpVpl0&feature=related. Acesso 24 de maio 2011.
5. Depois será realizada uma discussão sobre o processo de construção dos mosaicos, de acordo com a visualização dos vídeos vistos anteriormente.
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Também o educador irá realizar uma sondagem com a turma, para conhecer os interesses do grupo à respeito do tema apresentado. 6. Em seguida, será proposto aos alunos (em caráter opcional) que eles se organizem em grupos de três alunos. Cada grupo receberá uma folha A1 e um envelope com papéis, das mais variadas cores e tamanhos. Os grupos de trabalho deverão criar um mosaico em conjunto com os papéis e cola. Levando em consideração o conhecimento adquirido sobre os mosaicos, surgimento, história e imagens de mosaicos de diversas épocas da história da Arte, apresentado pelo professor estagiário anteriormente. 7. Ao concluírem os trabalhos, os mesmos, serão apreciados no grande grupo, de maneira informal, para os alunos relatarem o processo de construção, o que sentiram ao criarem e desenvolverem a atividade, e também quais os aspectos que levaram em consideração durante a proposta, para chegarem ao resultado final. 8. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam da aula e dos trabalhos, a fim de buscar uma avaliação geral da atividade na opinião deles. REALIZADO Primeiramente, ao entrarmos na sala de aula, a professora titular me apresentou à turma, explicando ao grupo que a partir do dia de hoje, dezesseis de agosto de dois mil e onze, passarei a desenvolver e aplicar as aulas de Artes durante sete semanas. A professora titular retirou-se da sala, desejando a todos um bom trabalho, também colocou que qualquer dúvida ou situação ela está à disposição na sala dos professores. Em seguida, me apresentei, falando um pouco sobre a graduação de Artes, e dizendo-lhes que para mim esta etapa será muito desafiadora, ou seja, uma experiência única e marcante para minha vida profissional e pessoal como futuro Arte-educador. Solicitei que cada aluno falasse o seu nome, idade, localidade do município que reside e se trabalha durante o dia, com o objetivo de investigar um pouco mais do que já se conheceu do grupo desde o semestre passado nas 73
observações silenciosas realizadas e também a respeito de como os trabalhos extracurriculares poderão ser conduzidos e realizados paralelamente aos encontros. [...] o professor necessita saber quais são os componentes da natureza e da cultura local, regional e nacional que contextualizam a vida das crianças, se possível comparando-os entre si e com outros países. Observação, indagação, conversas com as crianças e com outras pessoas que com elas convivem, assim como leitura de estudos sobre esse assuntos asseguram ao professor essa necessária constatação dos relacionamentos artísticos e estéticos de seus jovens estudantes. (FERRAZ E FUSARI, 1999, p. 107)
O professor deve sempre conhecer o grupo de alunos com que vai desenvolver um determinado trabalho, em que mundo e cotidiano estão inseridos, para então planejar e organizar seus planos de aula, levando em consideração todos os aspectos que formam a identidade do grupo. Dando continuidade, escrevi no quadro verde com giz a palavra “MOSAICO”, iniciando assim uma explosão de ideias e buscando observar os conhecimentos prévios dos alunos sobre o tema em estudo. A turma mostrou-se neste momento pouco participativa, todos estavam calados, com certa insegurança. Mas, no decorrer da conversa, surgiram algumas ideias partindo dos alunos como: uma arte milenar, uma técnica, pedaços de pedras e papéis, arte grega, entre outros apontamentos realizados.
Explosão de ideias a partir da palavra “Mosaico” (Fonte: WICKERT, 2011)
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Depois apresentei ao grupo uma breve história do mosaico, desde o seu surgimento, arte bizantina, arte romana, o mosaico na contemporaneidade e algumas obras de artistas como Escher, Leonardo Posenato, Cláudia Sperb e Di Cavalcanti. Durante a apresentação, procurava questionar os educandos sobre o conteúdo abordado, mas obtive pouca participação da turma, pois se mostraram inseguros, quietos, deixando-me um pouco preocupado se estavam entendendo ou não, se estavam achando interessante o assunto em questão. Mas do meu ponto de vista, depois da realização da prática, pude refletir e penso que estavam envolvidos, pois percebi nos olhares que estavam encantados com as obras dos diversos artistas. Inclusive um dos alunos disse em voz baixa ao colega: “Bah meu, olha que fantástico, os caras eram muito bons no que faziam!” [SIC] e outros comentários desse tipo.
Apresentação do projeto através do Power Point (Fonte: WICKERT, 2011)
Após a visualização das obras e história do mosaico através do Power Point, apresentei três vídeos de curta duração, trazendo todo o processo de construção dos mosaicos, quais os materiais que podem e são utilizados. Com o objetivo dos educandos conhecerem não só oralmente todo o processo e sim visualmente, para futuramente vivenciarem todas as etapas da construção de um 75
mosaico. Os alunos ficaram muito interessados e surpresos com o processo, alguns alunos fizeram comentários como: “Mas professor, é muito complexo criar mosaicos, precisa ter muita paciência!”, “Muito tri o processo, será que conseguimos criar umas obras tão bonitas?”. Apontamentos como estes me deixaram bastante satisfeito, pois pude perceber que a turma de maneira geral se identificou com o tema. Diversos alunos falaram que para eles tudo será novidade, justamente por que em nenhum momento na caminhada escolar havia sido trabalhada com eles a “Arte de criar mosaicos”. Prosseguindo a presente aula, solicitei que a turma se dividisse em duplas ou grupos de três componentes para darem início à construção de um mosaico com pedaços de papéis. Ao formarem os grupos, entreguei os materiais aos alunos, explicando a proposta do trabalho. Como a turma havia trabalhado no semestre passado a arte abstrata e arte figurativa, relembrei os alunos sobre a diferença de uma para outra e disse que cada grupo deveria pensar e refletir antes de iniciar o trabalho, levando sempre em consideração suas vivências e experiências da trajetória de sua vida. Desta forma, o trabalho poderia ser figurativo ou abstrato. Para então esboçar um desenho e depois iniciar a colagem dos papéis de diferentes cores e tonalidades. Os alunos, durante a construção do trabalho, permaneceram muito concentrados e em silêncio, discutindo e conversando com os integrantes do seu respectivo grupo. Ao executarem a proposta, circulei pela sala, entre os grupos para observar o desenvolvimento do trabalho. Surgiram questões bem interessantes em relação à identidade do grupo, da forma como eles vivem, o que gostam de fazer. Digo isto, pois um grupo esboçou garrafas de bebidas alcoólicas e irão representálas através do mosaico. Segundo os meninos do grupo, nos finais de semana adoram sair para festas para beber bastante. Outro grupo esboçou “AC/DC”, pelo fato dos meninos deste grupo gostarem muito de rock e em especial desta banda. Percebendo desta maneira que realmente os alunos levaram em consideração as minhas orientações e as suas manifestações foram de algo que vivenciam, que gostam, apreciam em sua vida cotidianamente.
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Analisar teoricamente as várias manifestações dos alunos em situações de aprendizagem (verbais ou escritas, outras produções), para acompanhar as hipóteses que vêm formulando a respeito de determinados assuntos, em diferentes áreas do conhecimento, de forma a exercer uma ação educativa que lhes favoreça a descoberta de melhores soluções ou a reformulação de hipóteses preliminarmente formuladas. Acompanhamento esse que visa ao acesso gradativo do aluno a um saber competente na escola e, portanto, sua promoção a outras séries e graus de ensino. (HOFFMANN, 2009, p.77)
Em relação ao utilizar a metodologia de trabalhos em grupos, já pude perceber e observar que cada grupo identificou um integrante como “líder” de desenvolvimento do trabalho, e por isso talvez venha a sobrecarregar um aluno e os outros permaneçam no grupo somente para receber uma avaliação futura não vivenciando todo o processo de construção que é o meu maior objetivo ao propor ao grupo esta atividade. Ao final da aula, faltando em torno de dez minutos para o término da aula, a turma retornou aos seus lugares e realizamos uma breve avaliação do primeiro encontro. Os alunos mostraram-se bastante satisfeitos com a proposta do projeto, pois a partir dos comentários dos educandos pude chegar a esta afirmação. Muitos relataram que não gostam muito de teoria, que adoram realizar trabalhos práticos e que gostariam muito de construir um mosaico com azulejos ou pedras. Minutos antes do sinal perguntei se poderiam trazer os trabalhos concluídos para o próximo encontro e todos concordaram. ENCAMINHAMENTOS Os trabalhos não foram concluídos pelos grupos por falta de tempo, e por isso não foi realizada a atividade sete do planejamento, que seria exposição dos trabalhos e apreciação dos mesmos pela turma de forma informal com o objetivo de realizar uma reflexão sobre os aspectos que cada um levou em consideração para a construção de sua obra. Portanto, esta atividade será realizada no primeiro momento da próxima aula.
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3.3.2.
Segundo Encontro
Aulas 2 e 3 Data: 23/08/2011 Horário: 21h30min ás 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1hora e 30minutos
Tema/título da aula: Conhecendo o artista Escher. Conteúdos: Vida e obras do artista Maurits Cornelis Escher. Atividades: - Apreciação dos trabalhos iniciados na aula passada e concluídos como tarefa extracurricular pelos alunos. - O professor estagiário apresentará a vida e principais obras do artista Escher. - Apreciação das obras do artista Escher. - Construir uma ressimbolização individualmente a partir das obras do artista Escher. Objetivos • Analisar os trabalhos produzidos pelos alunos. • Conhecer a vida e obras de Maurits Cornelis Escher. • Apreciar e analisar as obras de Maurits Cornelis Escher. • Produzir uma ressimbolização de um mosaico a partir das obras do artista Maurits Cornelis Escher. Metodologias: Aula expositiva dialogada, trabalho individual, leitura de imagem e ressimbolização de obras de Arte. Materiais e recursos: Reproduções de obras; Quadro verde; Folha A3; Folhas de color7 de diversas cores; Fita; Tesoura; Cola; 78
Avaliação Verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos, ou seja, se houve aprendizagem a partir das discussões e reflexões durante o desenvolvimento da aula em relação à proposta de trabalho, bem como a informações apresentadas sobre o assunto. O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção, ou seja, o recorte, a colagem, cores utilizadas e também a organização do espaço da folha para a criação de seu trabalho. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. A criatividade e organização na criação da ressimbolização das obras de Artes. Será avaliado todo o processo de construção do conhecimento e não somente o resultado final. Referências Disponível em http://www.worldofescher.com/gallery/A30.html. Acesso em 25 de maio de 2011. Disponível em http://www.xtec.es/ceip-pompeufabra-lloret/ciencia/castella/tesel3.htm. Acesso em 25 de maio de 2011. Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 25 de maio de 2011. Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
PLANEJADO 1. Primeiramente, será realizada a apreciação dos trabalhos iniciados na aula anterior em um grande círculo com a exposição das obras. Cada grupo deverá
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relatar como foi a experiência, quais aspectos levaram em consideração no processo de criação dos trabalhos até chegar ao resultado final. 2. Prosseguindo,
o
professor
apresentará
ao
grupo
através
do
retroprojetor, um breve relato através de imagens e considerações pertinentes, informando a vida e algumas obras do artista em estudo, Escher.
3. Após isso o professor irá projetar na parede da sala algumas imagens de obras do artista Escher, para todos realizarem a apreciação. Questionando os alunos quanto à utilização das formas que o artista cria para fazer suas composições; como dispõe as mesmas para encaixá-las; a utilização e combinação das cores; entre outros aspectos pertinentes a serem observados em suas obras.
Dois Peixes (1942) Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
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Pombos (1938) Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
Céu e água (1938) Disponível em http://www.xtec.es/ceip-pompeufabra-lloret/ciencia/castella/tesel3.htm. Acesso em 24 de maio de 2011.
Mosaico II (1952) Disponível em http://www.worldofescher.com/gallery/A30.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
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4. Depois de realizar a apreciação das obras e comentários pertinentes aos trabalhos apresentados do artista Escher, o educador entregará uma folha A3 para cada aluno e diversas folhas coloridas de color7 serão disponibilizadas ao grupo. Os educandos deverão criar uma ressimbolização a partir das quatro obras apresentadas, levando em consideração a estrutura das obras apresentadas, onde o artista utiliza uma figura, e procura encaixá-las formando um mosaico. Deverão criar através de um desenho ou recorte direto de uma forma abstrata ou figurativa, multiplicando-as inúmeras vezes, encaixando-as matematicamente, com formas calculadas e muito bem planejadas anteriormente e assim formando o seu trabalho, seguindo a maneira que o artista Escher resolvia algumas de suas obras consideradas como mosaico. 5. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam da aula e dos trabalhos, a fim de buscar uma avaliação geral da atividade na opinião deles. Também será comunicado que na próxima aula os trabalhos deverão estar concluídos para realização da apreciação no primeiro momento da seguinte aula. REALIZADO Ao entrar na sala, me deparei com os alunos caminhando pela sala, fora de seus lugares e falando ativamente. Solicitei aos alunos que se acomodassem, mas não deram muita atenção, segundos depois aumentei o tom da voz, deixandoos atentos e fazendo com que a turma se acomodasse. Primeiramente, perguntei aos educandos se haviam concluído a atividade proposta na aula passada, foi quando todos os seis grupos me disseram que não haviam terminado, justificando que eles não conseguem se reunir em horário extracurricular, pelo fato de residirem em localidades diferentes do município e também por alguns trabalharem durante o dia. Neste momento, fiz uma pequena pausa e me perguntei: “O que farei agora? No meu planejamento isto não estava previsto!”. E pensei: “Bom, um planejamento é flexível, e com certeza na vida profissional de um educador isso acontecerá com bastante freqüência!”. Levando em consideração as autoras Costa e Scheibel, afirmam que: 82
Em todos os casos, a distribuição dos tempos e espaços, o tipo de atividades e modalidade de agrupamentos dos alunos, são variáveis organizativas interrelacionadas. Todas elas devem ser entendidas como procedimentos metodológicos que devem possuir um caráter marcadamente dinâmico e flexível, adaptando-se em cada momento às necessidades do projeto educativo com o qual se trabalha, para a criação de um ambiente escolar facilitador das aprendizagens que se deseja promover. (COSTA e SCHEIBEL, 2007, p.81)
Disse ao grupo então que, no primeiro momento da aula, iríamos conhecer um pouco a vida do artista Escher, realizar algumas apreciações e em seguida daremos continuidade à construção do mosaico com pedaços de papéis iniciado na aula anterior. A turma concordou, e um aluno pediu a palavra e disse: “Sor [SIC], isso sim que é aula de Artes com conteúdo, pois a nossa sora [SIC] Jaque, só passa uns trabalhos de artesanato, desenho e pintura! Isso é chave de cadeia!”. Respondi ao aluno que cada professor tem a sua forma de trabalho e que a minha formação é para professor da disciplina de Artes, e que existem infinitos conteúdos
que
poderiam
ser
trabalhados
com
muita
fundamentação
e
embasamento. Prosseguindo, apresentei aos alunos um pouco da biografia do artista Escher de forma rápida e simples. Como na aula passada surgiu a dúvida de um dos alunos, me perguntaram o que era uma xilogravura, disse à turma que na próxima aula iria trazer exemplos e alguns trabalhos de xilogravura. Como o artista Escher trabalhava com esta técnica, levei as minhas matrizes e impressões de xilo para os alunos conhecerem e apreciarem. Ninguém dos alunos conhecia o trabalho de entalhamento em madeira, chamado xilogravura, e por isso a turma ficou muito curiosa e interessada ao visualizar e pegar nas minhas matrizes. Em seguida, foi realizada a apreciação de quatro obras do artista Escher que se encontram no planejado dois. Os alunos ficaram muito encantados e surpresos com a estrutura dos trabalhos do artista Escher, que utilizava formas figurativas, realizando a multiplicação delas de tal maneira que todas se encaixem sem sobrar espaço entre as formas. Foi o exemplo das obras: Dois Peixes (1942), Pombos (1938), Céu e água (1938) e Mosaico II (1952). Os alunos participaram bastante, inúmeros comentários partiram dos educandos, tais como: “Meu deus sor [SIC], o artista era muito inteligente para criar estes desenhos tão perfeitos e ainda conseguir encaixá-los uns com os outros!”,
“Sor [SIC], ele é muito criativo, 83
conseguiu criar uns trabalhos muito divertidos e animados, nos modelos dos animais, me parece que alguns são de outro planeta!”, “Bah sor [SIC], nós poderíamos fazer um trabalho parecido, criar um desenho e fazer eles várias vezes e colar um do lado do outro e ver quais as figuras que iam surgir!” e assim sucessivamente. Com esta atividade pude perceber como é importante propor estas situações de análise e apreciação de obras de Arte, que levam os educandos a observarem, refletirem, criticarem e colocarem as suas ideias e opiniões diante daquilo que está sendo proposto. Desta maneira, conforme indica a autora BARBOSA, partindo da ideia de FELDMAN, de que aprender a linguagem da arte implica desenvolver a técnica, a crítica e a criação, afirma que:
O desenvolvimento crítico para a arte é o núcleo fundamental da sua teoria. Para ele [FELDMAN] a capacidade crítica se desenvolve através do ato de ver, associado a princípios estéticos, éticos e históricos, ao longo de quatro processos, distinguíveis mas interligados: prestar atenção ao que vê, descrição; observar o comportamento do que se vê, análise; dar significado à obra de arte, interpretação; decidir acerca do valor de um objeto de arte: julgamento. (BARBOSA, 1991, p.43)
Após observarmos e apreciarmos as belas obras do artista Escher, solicitei aos alunos que formassem os grupos da aula anterior e dessem continuidade ao trabalho proposto na aula anterior. Os grupos se reuniram e começaram a produzir os seus trabalhos de forma tranqüila e silenciosa. Durante o processo de construção e criação, passei nos grupos para observar os trabalhos que estavam sendo produzidos e procurar orientar os educandos para conseguirem chegar a um resultado satisfatório. Quando cheguei a um dos grupos observei que somente um dos meninos do grupo de três integrantes estava produzindo, foi quando os questionei por que motivo isto estava acontecendo. Disseram-me o seguinte: “Sor [SIC], ele não deixa nós ajudar, pois é muito perfeccionista e o que colamos diz que está torto e feio, então deixamos ele fazer!”. Expliquei aos meninos que o trabalho é em grupo, ou seja, todos os integrantes devem participar na construção do trabalho, desta forma, os outros deram início as suas contribuições na realização da atividade proposta.
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Trabalho das alunas Camila e Bruna (Fonte: WICKERT, 2011)
As alunas Camila e Bruna em seu trabalho procuraram trabalhar com fragmentos de papéis menores, de tamanhos e formas bem próximos. Percebi que na árvore elas utilizaram dois tons de verde para fazer as folhas, dando um efeito muito interessante.
Trabalho dos alunos Géferson, Rodrigo e Rafael. (Fonte: WICKERT, 2011)
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Os meninos Géferson, Rodrigo e Rafael estão representando a banda de rock AC/DC, pois gostam deste estilo de música. Eles procuraram utilizar fragmentos de papéis das mais variadas formas e tamanhos. Segundo os meninos, a escolha do vermelho, pois é a característica da banda. Já o azul marinho para contrastar o símbolo que está no centro.
Trabalho dos alunos Gabriel, Lucas e Rodrigo. (Fonte: WICKERT, 2011)
Os alunos Gabriel, Lucas e Rodrigo, estão representando um momento dos seus finais de semana, ou seja, o consumo de bebidas alcoólicas em festas e encontros com amigos. Os fragmentos de papéis deste grupo também foram bem livres, de tamanhos e formas bem variadas. Destaco a escolha das cores, pois conseguiram criar um contraste bem significativo, levando o espectador a observar no primeiro momento a garrafa com a identificação da bebida “NATACHA”. Faltando em torno de dez minutos para o término da aula, solicitei ao grupo que organizassem a sala e prestassem atenção às orientações do professor. Quando terminaram, orientei a turma que para a próxima semana o trabalho deverá estar concluído, pois faremos a apresentação e apreciação dos mesmos. Também
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disse ao grupo que na semana seguinte será proposta uma atividade relacionada ao artista Escher, estudado na presente aula. ENCAMINHAMENTOS Os trabalhos não foram concluídos como atividade extracurricular pelos grupos por falta de tempo e disponibilidade de horários para se encontrarem fora do horário da aula. Por isso modifiquei o planejamento, não realizando a atividade um e quatro do planejamento, que seria exposição dos trabalhos e apreciação dos mesmos pela turma de maneira informal com o objetivo de realizar uma reflexão sobre os aspectos que cada um levou em consideração para a construção de sua obra. E também a construção de um mosaico a partir das apreciações dos trabalhos de Escher. Portanto, estas atividades serão realizadas no próximo encontro.
3.3.3.
Terceiro Encontro
Aulas 5 e 6 Data: 30/08/2011 Horário: 21h30min ás 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1hora e 30minutos
Tema/título da aula: Conhecendo o artista Escher. Conteúdos: Obras do artista Maurits Cornelis Escher. Atividades: - Apreciação dos trabalhos da aula anterior e concluídos como tarefa extracurricular pelos alunos. - O professor estagiário irá realizar uma conversa informal retomando a vida e principais obras do artista Escher apresentados na aula anterior.
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- Construir um mosaico individualmente levando em consideração alguns aspectos das obras do artista Escher e dos trabalhos de recorte e colagem do professor Wickert. Objetivos • Proporcionar um momento de reflexão e análise dos trabalhos produzidos pelos alunos. • Produzir um mosaico levando em consideração alguns aspectos das obras do artista Maurits Cornelis Escher. Metodologias: Aula expositiva dialogada, trabalho individual. Materiais e recursos: Folha A3; Folhas de color7 de diversas cores; Fita; Tesoura; Cola; Avaliação Verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos, ou seja, se houve aprendizagem a partir das discussões e reflexões durante o desenvolvimento da aula em relação à proposta de trabalho, bem como a informações apresentadas sobre o assunto. O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção, ou seja, o recorte, a colagem, cores utilizadas e também a organização do espaço da folha para a criação de seu trabalho. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. Será avaliado todo o processo de construção do conhecimento e não somente o resultado final. PLANEJADO 1. Primeiramente, será realizada a apreciação dos trabalhos produzidos na aula anterior em um grande círculo com a exposição das obras. Cada grupo 88
deverá relatar como foi a experiência, quais aspectos levaram em consideração no processo de criação dos trabalhos até chegar ao resultado final. 2. Prosseguindo, o professor irá conversar com o grupo sobre o artista Escher, relembrando as informações apresentadas na aula passada.
3. Após isso o professor irá apresentar algumas obras dele, produzidas na disciplina de Projetos em Linguagens Bidimensionais, que são obras produzidas a partir do recorte e da multiplicação das formas e coladas uma ao lado da outra.
Wickert, 2008 (Fonte: WICKERT, 2008)
Wickert, 2008 (Fonte: WICKERT, 2008)
4. Depois será projetado novamente na parede da sala algumas imagens de obras do artista Escher, para todos realizarem a apreciação. Questionando os 89
alunos quanto à utilização das formas que o artista cria para fazer suas composições; como dispõe as mesmas para encaixá-las; a utilização e combinação das cores; entre outros aspectos pertinentes a serem observados em suas obras.
Dois Peixes (1942) Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
Pombos (1938) Disponível em http://4portasnamesa.blogspot.com/2008/08/m-c-escher-1898-1972.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
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Céu e água (1938) Disponível em http://www.xtec.es/ceip-pompeufabra-lloret/ciencia/castella/tesel3.htm. Acesso em 24 de maio de 2011.
Mosaico II (1952) Disponível em http://www.worldofescher.com/gallery/A30.html. Acesso em 24 de maio de 2011.
5. Depois de realizar a apreciação das obras e comentários pertinentes aos trabalhos apresentados do artista Escher, o educador entregará uma folha A3 para cada aluno e diversas folhas coloridas de color7 serão disponibilizadas ao grupo. Os educandos deverão criar um mosaico a partir das obras observadas, levando em consideração a estrutura das obras apresentadas, o artista utiliza uma figura, e procura encaixá-las utilizando a matemática para formar um mosaico. Deverão criar através de um desenho ou recorte direto de uma forma abstrata ou figurativa, multiplicando-a inúmeras vezes, encaixando-a de alguma maneira e assim formando o seu trabalho, seguindo a maneira que o artista Escher resolvia algumas de suas obras consideradas como mosaico.
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6. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam da aula e dos trabalhos, a fim de buscar uma avaliação geral da atividade na opinião deles. Também será comunicado que na próxima aula os trabalhos deverão estar concluídos para realização da apreciação no primeiro momento da seguinte aula. REALIZADO Ao entrar na sala, os alunos estavam conversando bastante, sentados em duplas e aguardando a chegada do professor. Dei a saudação: “-Boa noite pessoal!” Deixei a professora titular fazer algumas combinações a respeito do desfile cívico, que acontecerá na próxima sexta-feira, dia dois de setembro, pois em nossa cidade é feriado municipal. Durante o diálogo da professora titular com a turma, organizei os materiais a serem utilizados na presente aula, ou seja, fixei meus trabalhos bidimensionais de recorte no quadro verde e instalei o retroprojetor. Primeiramente, após a professora se despedir, iniciei as atividades da aula, questionei os alunos se todos haviam concluído o trabalho, e para minha surpresa somente uma dupla não havia terminado. Disse às meninas que iriam apresentar o trabalho incompleto, mas que para próxima aula deveriam entregá-lo concluído. Os alunos preferiram ir até a frente da turma e apresentar as suas produções, do que fazer um círculo no centro da sala e apreciar todos simultaneamente. A turma de modo geral apresentou trabalhos bastante significativos, neles foi representado algo bem específico de cada grupo, da forma como eles vivem, pensam e as atividades que costumam e gostam de realizar no cotidiano em que estão inseridos. Deixando-me bastante satisfeito com os resultados que obtiveram, pois é visivelmente que levaram em consideração as minhas orientações para o desenvolvimento do trabalho. Representando indiretamente a sua própria cultura e vida pessoal de alguma maneira. Desta maneira, a autora Iaverlberg afirma que: Os alunos devem aprender por interesse e curiosidade, e não por pressão externa. Isso não implica a não-diretividade, mas a proposta de conteúdos de ensino e o incentivo a cada aluno para navegar pelas relações que estabelece entre os conteúdos da aprendizagem, a própria cultura e a vida pessoal. (IAVELBERG, 2003, p.10)
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As alunas Camila e Bruna apresentaram o seu mosaico intitulado “Um lugar do além”, ou seja, elas procuraram representar um lugar bastante tranqüilo, sereno e de muita paz. Como moram na zona rural, diariamente estão em contato com um lugar tranqüilo, com riacho, animais e árvores. Levando o espectador a ter várias interpretações ao observar a parte inferior do trabalho, quando utilizaram dois tons de azul. Elas disseram: “Sor, [SIC] escolhemos dois tons de azul de propósito, procuramos fazer isso, pois ao observar não fica claro, se nós estamos representando um lago, um rio, ou uma calçada. Assim deixando o observador confuso”. Também chamei atenção aos estereótipos que estão claramente representados no trabalho, o sol e os pássaros. Orientei as meninas que poderiam ter resolvido o sol com a utilização de tons de amarelo, vermelho e laranja diferente e os pássaros com a observação, para fazê-los como os vimos na natureza. Parabenizei as meninas pela estrutura da árvore, com diversos galhos e a parte das folhas da árvore procuraram mesclar a cores. Questionei se observaram uma árvore da natureza e elas disseram que usaram a imaginação. Assim considera-se que, [...] quando vamos desenhar uma árvore, por exemplo, mesmo diante de um modelo da natureza, teremos em nossas mentes todas as árvores que já vimos, também desenhadas, pintadas esculpidas, com nossa percepção e emoção frente a elas. Com esses modelos internos é que criamos. A liberdade de expressão é, por isso, relativa. Somos livres dentro de nossos próprios limites. (MARTINS, PICOSQUE e GUERRA, 1998, p.25)
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Mosaico com papel color7 Trabalho das alunas Camila e Bruna (Fonte: WICKERT, 2011)
As alunas Andressa e Letícia apresentaram o seu trabalho intitulado “Mundo moderno”, elas disseram o seguinte: “Professor, em nosso trabalho representamos a palavra internet em letras chinesas, pois adoramos estar conectados ao Orkut, facebook, MSN e realizar as pesquisas para os trabalhos do colégio. Também fizemos os símbolos da música, pois adoramos escutar rádio nas horas vagas e sair para boates nos finais de semana”. Elas procuraram utilizar cores bem variadas nos símbolos, para chamar a atenção do observador. Já para o preenchimento do plano, utilizaram a combinação de tons de verde, sempre combinando entre os quadrados, dando um efeito muito interessante, de organização do espaço. A distribuição dos símbolos dentro da área do trabalho também foi muito bem pensada pelas alunas.
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Mosaico com papel color7 Trabalho das alunas Letícia e Andressa (Fonte: WICKERT, 2011)
O grupo dos meninos, Rodrigo, Lucas e Gabriel apresentaram o trabalho falando o seguinte: “Sor, [SIC] nós representamos uma atividade que fizemos quase todos os finais de semana, que é beber umas cachaças por ai, antes de ir às festas, em lugares onde a galera se encontra. Por isso escolhemos a garrafa de Natacha, que para nós tem um significado. Sabe né sor, [SIC] para dar uma alegrada na gente e pegar umas gatinhas nas festas, sempre é bom estar um pouco alcoolizado”. A turma toda começou a dar risada do grupo. Solicitei silêncio e disse aos educandos que a proposta de trabalho não era essa, de estar fazendo piadas diante do trabalho desenvolvido, falei também da questão de ingerir bebidas alcoólicas com esta idade, que deveriam ter bastante cuidado para não comprometerem sua saúde e estudos. Comentei com o grupo que a posição da garrafa poderia estar mais centralizada. As cores foram muito bem escolhidas, dando um contraste entre a garrafa e a área do trabalho, e também quanto à escrita em vermelho se destacando bastante.
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Mosaico com papel color7 Trabalho dos alunos Rodrigo, Lucas e Gabriel (Fonte: WICKERT, 2011)
Depois de realizarmos a apresentação dos trabalhos e apreciação dos mesmos, falei um pouco dos meus trabalhos de recorte e colagem, que poderia também ser considerado um mosaico e que seria uma proposta bastante interessante de se colocar em prática. Levando também em consideração alguns aspectos das obras do artista Escher. Os alunos ficaram admirados com os trabalhos de recorte, fizeram vários questionamentos, tais como: “Professor, mas você calculava os espaços como o artista Escher para se encaixar tão certinho?” “Que trabalho show sor,[SIC] nós poderíamos fazer algo neste sentido?” “Que tipo de folhas você usou para fazer os recortes?” E assim sucessivamente. Expliquei que são recortes diretos com uma folha dobrada duas vezes, sobrepondo quatro vezes o papel, e quando escolhido um recorte os multiplico e realizo a colagem, escolhendo as cores para fazer as combinações necessárias.
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Exposição dos trabalhos de Wickert, 2008 (Fonte: WICKERT, 2011)
Em seguida, apresentei rapidamente as imagens das obras do artista Escher apreciadas na aula passada, para observarem e perceberem alguns aspectos que o artista levava em consideração na criação de seus trabalhos. A distribuição do espaço através da matemática, as formas e figuras criadas, e a combinação de cores. Para os alunos levarem em consideração estes aspectos no desenvolvimento da atividade posterior. Diversos comentários surgiram novamente ao observarem os trabalhos do artista, tais como: “O cara era um gênio, criar formas tão perfeitas e juntando elas formar figuras de animais, isso é muito louco!” “Ele era muito inteligente para usar a matemática em seus trabalhos e chegar a um resultado tão perfeito!” “Imagina quanto tempo ele levava para criar uma obra dessas, nós precisamos terminar os nossos muitas vezes em dois períodos!” Entre outros comentários. Após a apreciação dos trabalhos do professor Wickert e das obras de Escher, entreguei a cada educando algumas folhas de ofício brancas. Eles deveriam criar um símbolo, uma forma, a partir de recorte direto na folha dobrada duas vezes. Disse também que poderiam desenhar e realizar o recorte sobre o desenho caso achassem melhor.
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Durante a criação dos símbolos e recorte direto nos papéis, percebi que os alunos gostaram da proposta, pois ao começarem a aparecer os primeiros recortes eles ficaram encantados com as formas e recortes que estavam criando, e surgiram vários comentários, tais como: “Sor, [SIC] eu não imaginava que iria conseguir recortar algo tão diferente e legal!” “Ba meo, [SIC] isso aqui é muito fera [SIC], podia [SIC] ter mais aulas assim!” Entre outros.
Recorte direto da aluna Bruna. (Fonte: WICKERT, 2011)
A aluna Bruna ao mostrar o seu recorte escolhido para criar o seu trabalho me disse: “Professor Lucas, eu amei fazer esses recortes e estou com umas ideias bem legais. Pensei em fazer o fundo preto, as formas a repetição de oito símbolos em vermelho e quando os símbolos se juntam forma uma cruz, e ela pensei em fazer em branco, para simbolizar descanso em paz!”. Ao me dizer isso, fiquei muito surpreso e feliz, pois conseguiu assimilar muito bem a proposta de trabalho.
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Trabalho do aluno Lucas. (Fonte: WICKERT, 2011)
O aluno Lucas trouxe o seu recorte para fotografar e logo foi me dizendo: “Sor, [SIC] eu tentei representar Deus com o meu recorte, pois a minha família é católica, mas eu odeio participar de missas e programações da comunidade, mas eu tenho muita fé e acredito em Deus. Pensei em fazer uma repetição de nove, e penso em fazer uma combinação de vermelho e laranja para representar a vida!”. Orientei o aluno, dizendo que a sua idéia era muito interessante e que para ele isto que estava criando lhe fazia sentido, e disse que deveria seguir nessa linha de pensamento e desenvolver o seu trabalho. Faltando em torno de dez minutos para o término da aula, solicitei ao grupo que organizassem a sala e prestassem atenção às orientações do professor. Quando terminaram, orientei ao grupo que o trabalho deverá estar concluído na próxima aula, pois faremos a apreciação dos mesmos. Também disse ao grupo que na semana seguinte trabalharemos com dois artistas do nosso estado, Cláudia Sperb e Leonardo Posenato.
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3.3.4.
Quarto Encontro
Aulas 7 e 8 Data: 06/09/2011 Horário: 21h30min ás 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1hora e 30minutos
Tema/título da aula: Conhecendo os artistas Leonardo Posenato e Cláudia Sperb Conteúdos: Vida e obras dos artistas Leonardo Posenato, Cláudia Sperb e desenho. Atividades: - Apreciação dos trabalhos da aula anterior e concluídos como tarefa extraclasse pelos alunos. - O professor estagiário apresentará um Power Point sobre a vida e obras dos artistas Leonardo Posenato e Cláudia Sperb. - Os alunos deverão criar um desenho, que futuramente será transformado em mosaico de azulejos. Objetivos • Analisar os trabalhos produzidos pelos alunos. • Conhecer a vida e obras dos artistas Posenato e Sperb. • Produzir um desenho, levando em consideração os artistas estudados. Metodologias: Aula expositiva dialogada, trabalho individual. Materiais e recursos: Data show; Reproduções de obras; Folhas A3; Lápis; Avaliação Verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos, ou seja, se houve aprendizagem a partir das discussões e reflexões durante o desenvolvimento da 100
aula em relação à proposta de trabalho, bem como a informações apresentadas sobre o assunto. O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção e criação de seu desenho. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. Será avaliado todo o processo de construção do conhecimento e não somente o resultado final. PLANEJADO 1. Primeiramente, será realizada a apreciação dos trabalhos produzidos na aula anterior em um grande círculo com a exposição das obras. Cada aluno deverá relatar como foi a experiência, quais aspectos levaram em consideração no processo de criação dos trabalhos até chegar ao resultado final. 2. Em seguida o professor apresentará um Power Point sobre a vida e principais obras dos artistas Leonardo Posenato e Cláudia Sperb. Com o intuito de conhecer artistas contemporâneos, que se dedicam ao trabalho de mosaico. Pois a partir destes artistas que serão o ponto de partida para os alunos nas próximas aulas produzirem os seus mosaicos com azulejos e pastilhas.
3. Após a apresentação e discussão do Power Point o professor entregará a cada aluno uma folha A3. Nela deverão criar um desenho levando em consideração que o mesmo será transformado em mosaico nas próximas aulas, por isso não poderão ser muito complexos, com bastante detalhes, pois no mosaico é complicado representar muitos detalhes.
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Vaca de Ísis. Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id157.html. Acesso em 24 de maio 2011.
Dragão Verde 120x150 Disponível em http://www.mosaico.arq.br/. Acesso em 24 de maio 2011.
Onça Pintada 50x50 Disponível em http://www.mosaico.arq.br/. Acesso em 24 de maio 2011.
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Fonte: Disponível em http://www.artecaminhodasserpentes.com/. Acesso em 07 de agosto de 2011.
Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id133.html. Acesso em 07 de agosto de 2011.
Fonte: Disponível em http://mosaicosdobrasil.tripod.com/id133.html. Acesso em 07 de agosto de 2011.
4. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam da aula e dos trabalhos, a fim de buscar uma avaliação 103
geral da atividade na opinião deles. Também será comunicado que na próxima aula os trabalhos deverão estar concluídos para copiá-los para as tesselas, a base dos futuros mosaicos, ou seja, as folhas de MDF em tamanho A3. REALIZADO Primeiramente, ao entrar na sala saudei a todos, -“Boa noite pessoal!” Os alunos estavam fora de seus lugares, mas logo se acomodaram. A professora titular solicitou uns minutos da aula para realizar algumas combinações com a turma, a respeito da gincana estudantil, pois é a conselheira do grupo. Durante o diálogo do grupo com a professora titular organizei os meus materiais, instalei o recurso data show e aguardei em silêncio. Passados, dez minutos, a professora se despediu, desejando a todos uma ótima aula e solicitando a colaboração de todos no decorrer das minhas aulas, falando que são muito interessantes e que os educandos deveriam aproveitar a oportunidade de trabalhar com um professor quase formado em Artes Visuais. Em seguida, dei início à aula solicitando aos alunos que fizessem um grande círculo com as mesas e cadeiras para realizar a apreciação dos trabalhos iniciados na aula anterior e concluídos como tarefa extracurricular. Perguntei se todos os alunos haviam terminado o trabalho, e quatro alunos me disseram que não concluíram o mesmo. Disse aos alunos que o combinado era trazer os trabalhos prontos, mas para não desconsiderar parte da construção de seus trabalhos, eles poderão ser entregues na próxima aula, mas com uma avaliação diferenciada em relação aos outros colegas. Os alunos espalharam os seus trabalhos no centro do grande círculo. Em primeiro lugar, perguntei ao grupo se haviam gostado de construir e vivenciar esta proposta de trabalho. Diversos comentários surgiram: “Eu adorei fazer os recortes a partir das folhas dobradas duas vezes, fiz inúmeros recortes até chegar ao símbolo que idealizava ao meu trabalho!” “Foi bastante complicado calcular o espaço e encaixar as formas!” “Os resultados ficaram bastante interessante, mas nem se compara aos trabalhos do Escher e os seus Sor [SIC]!” Quando a aluna fez o comentário anterior mencionado, disse ao grupo que cada ser humano é individual e único, que todos nós somos diferentes, e que construímos trabalhos que nos representam alguma coisa, ou que tenham algum significado ou relação com aquilo 104
que gostamos. E não faria sentido se tivéssemos simplesmente copiado alguma obra de Escher ou do professor Wickert, assim todos os resultados são únicos e significativos para cada um de nós. O trabalho do aluno Géferson me chamou bastante atenção, pois foi além das minhas expectativas. Além de criar a sua forma e multiplicá-la, ainda utilizou cola brilho para destacar as formas novas que se criaram a partir do encontro das figuras. Na escolha das cores, disse que procurou fazer algo bastante alegre, colorido, para chamar a atenção de quem observar o seu trabalho. Comentou também que o uso do brilho foi para aparecer as novas figuras que sugiram entre as colagens. Ele mostrou-se bastante satisfeito com o resultado de seu trabalho, dizendo o seguinte: “Sor [SIC], pra falar a verdade eu não gosto das aulas de Artes, mas eu gostei bastante de criar formas com recorte, pois não existe aquela coisa, está errado, está certo como em outras atividades e disciplinas!”
Trabalho de recorte e colagem do aluno Geferson. (Fonte: WICKERT, 2011)
O aluno Rodrigo, ao apresentar e comentar o seu trabalho, chamou minha atenção quando disse: “Psor [SIC], quando eu estava fazendo os meus recortes pensei em inúmeras coisas, mas nada me agradava quando desenhava e recortava sobre o desenho. E quando resolvi pegar e cortar sem pensar e quando eu abri a forma e observei, na hora me lembrei de um jogo, quando tinha uns oito anos de idade tinha um vídeo game Super Nintendo e um jogo de corrida, e eu era muito 105
viciado nesse jogo. E por isso a forma do meio fiz colorida para representar os carrinhos que ficavam enfileirados lado a lado!” O seu depoimento me levou a refletir e perceber que realmente estes alunos estavam vivenciando todo o processo de construção de seus trabalhos, pois para cada um deles havia um significado, um sentido naquilo que estavam fazendo e representando através do fazer artístico.
Trabalho de recorte e colagem do aluno Lucas. (Fonte: WICKERT, 2011)
O garoto Lucas ao comentar o seu trabalho disse: “Sor [SIC], eu na verdade não sabia ao certo o que fazer no primeiro momento, pois para te falar a verdade não tinha gostado dessa coisa de dobrar a folha duas vezes e criar formas a partir de recorte. Por isso a minha forma é um pouco diferente, pois dobrei somente uma vez a folha e criei minha figura. Multipliquei oito vezes e colei uma ao lado da outra, e quando estava quase pronta percebi que ao olhar o trabalho me lembrava de sapos, e como moro no interior à noite os sapos do banhado ficam gritando e eu odeio isso, é muito estressante. E por isso que colei alguns pedaços de papéis para preencher os espaços entre as formas para não olhar e ver os malditos sapos. Mas no final não consegui do mesmo modificar essa minha visão. Que saco sor [SIC]!” Todo o grupo achou muito engraçado o comentário de Lucas, riram bastante. Disse a eles que a questão era super interessante, pois sem perceber no primeiro momento, representou algo de seu cotidiano. Falei também
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que seu trabalho ficou diferenciado pelo fato de ter feito somente uma dobra na folha.
Trabalho de recorte e colagem do aluno Rodrigo. (Fonte: WICKERT, 2011)
A aluna Letícia, ao comentar o seu trabalho, disse: “Professor, eu me identifiquei com as cores que escolhi, porque eu amo rosa, branco e preto, mas com a forma que escolhi não, pois para mim não encontrei nenhum significado”. Disse a ela que na verdade no mundo das Artes e em todas e quaisquer situações, nem sempre há resposta ou explicação para tudo.
Trabalho de recorte e colagem da aluna Letícia. (Fonte: WICKERT, 2011)
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Após a apreciação dos trabalhos de recorte e colagem, apresentei à turma um Power Point, falando um pouco sobre a vida e principais trabalhos e obras dos artistas gaúchos Leonardo Posenato e Cláudia Sperb.
Apresentação de Power Point sobre os artistas Leonaro Posenato e Cláudia Sperb. (Fonte: WICKERT, 2011)
Os alunos ficaram bastante curiosos quando apresentei as obras da artista Cláudia Sperb, mais precisamente a instalação da serpente em mosaico. Os educandos ficaram bastante admirados e impressionados, pois aquilo nunca poderia ser comercializado e que realmente ela era apaixonada por criar mosaicos pelo resultado de seus trabalhos. Comentaram também que gostaram dos trabalhos dela, pelo fato de representar animais peçonhentos. Quando comentava sobre a vida da artista, destaquei uma frase muito significativa e relevante de Sperb, destacando-a e fazendo uma relação da arte de criar mosaicos com as nossas vidas, nós seres humanos e o universo onde estamos inseridos: O universo é um grande mosaico. Nós seres humanos somos parte de um grande mosaico, temos particularidades que se encaixam nos espaços e que tem um grande e variado sentido. (SPERB, Disponível em http://www.artecaminhodasserpentes.com/)
Os alunos concordaram plenamente com a linha de pensamento da artista Sperb e destacada por mim, pois com certeza podemos associar a arte de 108
criar mosaicos com o universo em que todos nós estamos inseridos, ou seja, todo o conjunto que forma o imenso planeta, constituindo um enorme mosaico de encaixes e mais encaixes. Após apreciar e conhecer a vida e algumas obras de Sperb, apresentei ao grupo um pouco da vida e os principais trabalhos do artista Leonardo Posenato, que trabalha com a criação de painéis, mandalas, mosaicos figurativos e abstratos. O grupo de forma geral comentou, após apreciar alguns trabalhos, que o artista Posenato se preocupava mais com a perfeição, que os seus trabalhos parecem ser mais organizados na maneira como os pedaços de azulejos ou pedras são encaixados. Destaquei uma frase muito interessante de Posenato que nos remete a pensar e refletir diante de sua importância e significado na questão de aprender a criar mosaicos. Segundo Posenato, através da técnica do mosaico compreendemos a natureza, possibilitamos uma nova forma, uma nova percepção da vida, quando afirma que: Aprender o mosaico é compreender a nossa natureza. Quando fragmentamos determinado material e o recolocamos em busca de uma harmonia, estamos nos refazendo, em busca do belo. Assim cristalizamos na arte do mosaico uma nova forma, uma nova percepção da vida que é o reflexo do que estamos vivendo e de que desejamos para nossas vidas. Foi dessa maneira que a história da humanidade ficou cristalizada e chegou até nossos dias, é uma técnica que foi intensamente utilizada pelos povos antigos e chegou até os dias de hoje pela natureza da técnica ser feita com materiais resistentes e embora tenhamos achados arqueológicos que mostram para nós a técnica, ela sempre foi executada pelos homens de todos os tempos, pois é natural para o homem utilizar esta técnica que decodifica as leis da natureza. (POSENATO, Disponível em http://www.mosaico.arq.br/)
Prosseguindo, entreguei uma folha A3 a cada aluno para iniciarem a criação do desenho que será copiado para uma placa de MDF e que futuramente se transformará em um belo mosaico. Antes de iniciarem a criação, passei algumas orientações e levantei algumas questões que achei relevante para o processo de criação. Comentei com o grupo que levassem em consideração aspectos das obras apreciadas anteriormente, questões que tenham significado e importância na vida de cada um deles. Também destaquei que os desenhos não exigem muitos detalhes, pois através da técnica de mosaico é um pouco mais complexa a representação de detalhes muito pequenos. 109
Os alunos mostraram-se um pouco inseguros, muitos não sabiam o que iriam representar. O grupo comentou que os trabalhos de Artes sempre eram bastante livres, ou seja, a professora não exigia uma explicação, ou que a obra tenha um significado ou relação com a vida de cada um. Expliquei aos alunos que não teria sentido criar um trabalho de mosaico sem parar para pensar, refletir, levantar questões e identificar aspectos que realmente nos interessam e que tenham uma relação direta ou indireta com a nossa vida. Faltando em torno de cinco minutos para o término da aula, solicitei ao grupo que organizassem a sala e prestassem atenção às orientações do professor. Quando terminaram, orientei a turma que para a próxima semana o desenho deverá estar encaminhado, pois faremos a cópia do mesmo sobre as tesselas, ou seja, nos MDFs com a utilização de papel carbono. ENCAMINHAMENTOS Os desenhos não foram concluídos, e sim, somente iniciados, por isso os alunos deverão criá-lo como tarefa extracurricular, para na próxima aula darmos continuidade e copiá-los no MDF.
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3.3.5.
Quinto Encontro
Aulas 9 e 10 Data: 13/09/2011 Horário: 21h30min às 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1 hora e 30 minutos
Tema/título da aula: Preparação das tesselas Conteúdos: Desenho e mosaico. Atividades: - Apreciação dos projetos criados através do desenho. - Desenho nas tesselas. - Início da colagem das pastilhas e azulejos na construção dos mosaicos. Objetivos • Analisar, criticar e refletir a partir dos trabalhos produzidos pelos alunos. • Conhecer e vivenciar as etapas da construção de um mosaico. • Produzir um mosaico com azulejos e pastilhas identificando-o com aspectos relevantes de sua vida. Metodologias: Aula expositiva dialogada, trabalho individual e prático. Materiais e recursos: Papel carbono; Lápis; Folhas A3; MDF, tamanho A3; Azulejos e pastilhas; Cola. Avaliação Verificar se os alunos atingiram os objetivos propostos, ou seja, se houve aprendizagem a partir das discussões e reflexões durante o desenvolvimento da 111
aula em relação à proposta de trabalho, bem como a informações apresentadas sobre o assunto. O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção e criação do seu mosaico. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. Será avaliado todo o processo de construção do conhecimento e não somente o resultado final. PLANEJADO 1. Primeiramente, será realizada a apreciação dos projetos criados através de desenhos em folhas A3, que serão copiados nas tesselas e futuramente transformados em mosaico com pastilhas e azulejos. Também serão orientados na questão dos detalhes e a utilização dos materiais para a construção do trabalho. Cada aluno deverá relatar como foi a experiência, quais aspectos levaram em consideração no processo de criação dos trabalhos até chegar ao desenho final. 2. Em seguida, o professor entregará os MDFs em tamanho A3 para cada educando, também receberão folhas de carbono para copiar em o desenho criado na aula anterior sobre as tesselas. 3. Após os alunos copiarem os desenhos sobre os MDFs, deverão eleger as cores de azulejos que desejam utilizar em seus trabalhos, iniciando a construção de seu mosaico, ou seja, fragmentando os azulejos e colando sobre a tessela, de tal maneira que se encaixem, formando o mosaico. 4. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam da aula e dos trabalhos, a fim de buscar uma avaliação geral da atividade na opinião deles. REALIZADO Ao entrar na sala, me deparei com os alunos caminhando pela sala, fora de seus lugares e falando ativamente. Solicitei aos alunos que se acomodassem, 112
mas não deram muita atenção. Segundos depois, aumentei o tom da voz, deixandoos atentos e fazendo com que a turma se acomodasse. Primeiramente, perguntei aos alunos que não entregaram os trabalhos da aula anterior se concluíram os mesmos. Eles entregaram os trabalhos e comentaram que gostaram muito do resultado final, pois mesmo com pouco tempo fora do horário de aula conseguiram resultados que despertaram alegria e satisfação por parte deles. O
trabalho
da
aluna Camila
é um
exemplo de dedicação
e
comprometimento com o trabalho proposto, mesmo entregando uma semana depois da data marcada para entrega, pude perceber um resultado muito significativo, pois além de criar uma forma muito detalhada, utilizou uma variada combinação de cores em seu trabalho. Comentou que procurou representar insetos, formas que poderiam lembrar pequenos animais. Pelo fato de morar na zona rural, está sempre em contado com a natureza e animais.
Trabalho da aluna Camila. (Fonte: WICKERT, 2011)
O trabalho da aluna Micaela também me surpreendeu, pela maneira como colou as formas repetidas e pela utilização das cores variadas. Destacando três figuras que se criaram no encontro de quatro formas, representando-as com a cor rosa, colocando-as em destaque. A Micaela comentou que em seu trabalho procurou 113
fazer uma relação do símbolo criado com flores, pois a sua família produz flores ornamentais em estufa e existe uma forte ligação com ela.
Trabalho da aluna Micaela. (Fonte: WICKERT, 2011)
Após os alunos entregarem os trabalhos de recorte e colagem, dei continuidade à aula perguntando se todos haviam concluído o desenho, projeto do futuro mosaico. Os alunos trouxeram os seus projetos prontos para copiarem posteriormente nas placas de MDFs. Entreguei para cada educando uma placa de MDF tamanho A3 e duas folhas de papel carbono. Orientei os alunos que no primeiro momento deveriam copiar o desenho na tessela. Depois iríamos até o laboratório de Ciências para organizarem os materiais e darem início à colagem dos azulejos e pastilhas. No momento em que os alunos estavam copiando os desenhos sobre as placas de MDF, passei individualmente nas classes para observar as produções e questionar os educandos quanto ao trabalho criado. Com o objetivo de fazer o aluno refletir, pensar e analisar a sua criação e talvez modificá-la em alguns aspectos caso fosse necessário. O aluno Rodrigo Immich procurou representar um de seus cachorros, comentando que adora animais de estimação e principalmente seus três cachorros que para ele são como membros de sua família. Questionei se ao fazer o seu 114
desenho, observou o seu cachorro ou um desenho já pronto, e por surpresa disse que pegou um desenho pronto e desenhou a partir da observação direta.
Trabalho do aluno Rodrigo Immich. (Fonte: WICKERT, 2011)
O trabalho da aluna Bruna me chamou atenção, pois a partir de seu depoimento percebi o sentido entre sua produção e sua vida. Ela comentou que procurou fazer uma crítica a todos nós seres humanos, que não estamos preocupados com questões relacionadas à natureza, a poluição que nosso planeta terra sofre com as intervenções diretas do homem.
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Trabalho da aluna Bruna. (Fonte: WICKERT, 2011)
O aluno Géferson disse que procurou desenhar o seu tênis predileto, pois na fase que se encontra só usa tênis All Star. Do meu ponto de vista achei muito significativa a escolha de um calçado que faz parte de sua vida, que identifica seus gostos pela moda e seu estilo.
Trabalho do aluno Géferson. (Fonte: WICKERT, 2011)
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O aluno Rafael representou em seu trabalho um símbolo de origem chinesa, o seu nome. Comentou que pesquisou na internet e fez a impressão do símbolo e ampliou em tamanho A3. O educando procurou algo que tinha uma forte ligação e identificação com o seu trabalho, mas vejo que não passou de uma mera cópia. Como esta é a primeira etapa do processo de construção do seu mosaico, procurei não opinar e deixei o aluno dar seqüência ao seu trabalho. Ao observar todos os trabalhos, parei para refletir sobre os desenhos criados para serem transformados em mosaicos futuramente. Pude perceber que os alunos criaram desenhos muito simples deixando-me um pouco preocupado, pois a minha expectativa era muito maior, pelo que os alunos demonstraram ao serem comunicados que os desenhos seriam transformados em mosaicos. Talvez tenha me expressado mal, ao dizer aos alunos na aula anterior, quando iniciaram a criação do desenho, que os desenhos não precisavam ser muito detalhados e complexos, pois seria complicado representar tudo com os fragmentos de azulejos e pastilhas de vidro.
Trabalho do aluno Rafael. (Fonte: WICKERT, 2011)
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Depois de passar de classe em classe e observar as produções dos alunos, os mesmos estavam copiando os desenhos sobre as placas de MDF. Quando os alunos finalizaram as cópias nos organizamos e fomos até o laboratório de Ciências com todos os materiais necessários para darem início à colagem dos azulejos e pastilhas de vidro sobre a base do futuro mosaico. No momento da organização e deslocamento dos materiais, ocorreu um pouco de tumulto e bagunça, necessitando chamar atenção dos alunos em um tom de voz mais alto, pois brincavam, riam e gritavam alto até chegarem ao prédio do laboratório. Prosseguindo, orientei os educandos que os azulejos deveriam ser fragmentados no chão, para não comprometer as mesas. Também expliquei ao grupo que utilizassem pincel para aplicar a cola sobre as placas de madeira. Após as orientações e organização do ambiente e espaço, os alunos deram continuidade ao processo de construção de um mosaico, ou seja, a fragmentação dos azulejos e colagem dos materias sobre a tessela. Ocorreu bastante barulho e tumulto durante a fragmentação dos materiais, precisei chamar a atenção de diversos meninos inúmeras vezes, pois parecia que estavam demolindo o prédio da escola. Ao observar o processo de construção dos mosaicos pelos alunos, percebi que duas meninas não estavam muito animadas e empolgadas para a realização do trabalho. Uma delas comentou com a colega: “Guria, não vou ter paciência para colar em toda placa de madeira esses pedacinhos de azulejos, e ainda mais, um encaixando no outro, ta louco!” Diferente de outro grupo, de meninos, que estavam muito animados e envolvidos com a proposta, pois dois deles diariamente trabalham com colocação de pisos e azulejos em construções, e percebi que estavam deslumbrados com a forma que encaixavam os fragmentos de azulejos, deixando-me bastante feliz. Um dos meninos comentou: “Sor [SIC], meu patrão deveria ver nosso trabalho, quem sabe um dia eu poderia aplicar essa técnica em minha profissão!” comentei com o grupo que como faremos uma exposição na biblioteca pública de nossos trabalhos, o seu chefe poderia ter acesso aos trabalhos e observá-los.
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Grupo de alunos trabalhando na construção de seus mosaicos. (Fonte: WICKERT, 2011)
Grupo de alunos trabalhando na construção de seus mosaicos. (Fonte: WICKERT, 2011)
Faltando em torno de dez minutos para o término da aula, solicitei ao grupo que organizassem a sala e prestassem atenção às orientações do professor. Quando terminaram, orientei a turma que na próxima semana daremos continuidade 119
ao processo de construção do mosaico, a colagem dos pedaços de azulejos sobre as placas de MDF.
3.3.6.
Sexto Encontro
Aulas 11 e 12 Data: 27/09/2011 Horário: 21h30min ás 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1hora e 30minutos
Tema/título da aula: Construção do Mosaico. Conteúdos: Mosaico. Atividades: - Continuação da construção dos mosaicos. Colagem dos azulejos e pastilhas. Objetivos • Conhecer e vivenciar as etapas da construção de um mosaico. • Produzir um mosaico com azulejos e pastilhas identificando-o com aspectos relevantes de sua vida. Metodologias: Aula expositiva dialogada, trabalho individual e prático. Materiais e recursos: MDF, tamanho A3; Azulejos e pastilhas; Cola;
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Avaliação O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção e criação do seu mosaico. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. Será avaliado todo o processo de construção do conhecimento e não somente o resultado final. PLANEJADO 1. Primeiramente, o professor apresentará algumas imagens para os alunos observarem, fotos de calçadas da cidade de Capão da Canoa, pois em uma aula anterior um aluno chamou a atenção sobre elas. Também serão apresentados alguns painéis de mosaico que estão expostos na biblioteca Martinho Lutero da Universidade Luterana do Brasil – Ulbra – Canoas.
Calçadão da cidade de Capão da Canoa – RS. (Fonte: WICKERT, 2011)
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Calçada da Avenida Ubirajara, Capão da Canoa – RS. (Fonte: WICKERT, 2011)
Calçada da Avenida Ubirajara, Capão da Canoa – RS. (Fonte: WICKERT, 2011)
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Mosaico exposto na Biblioteca Martinho Lutero - Ulbra – Canoas (Fonte: WICKERT, 2011)
Mosaico exposto na Biblioteca Martinho Lutero - Ulbra – Canoas (Fonte: WICKERT, 2011)
2. Depois, será realizada a organização dos materiais e o professor orientará os alunos para conduzirem os seus trabalhos de forma tranqüila e levando em consideração todas as orientações já mencionadas durante todo o processo de construção. 123
3. Em seguida, os educandos irão dar continuidade à montagem dos mosaicos iniciados na aula anterior. 4. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam da aula e dos trabalhos, a fim de buscar uma avaliação geral da atividade na opinião deles. REALIZADO Quando entrei na sala, os alunos já estavam com as suas mochilas organizadas para nos dirigirmos até o laboratório de Ciências, que se localiza em outro prédio do educandário. Expliquei ao grupo que iríamos até o laboratório e em primeiro lugar faríamos a organização do espaço e materiais a serem utilizados na construção de nossos mosaicos. Em seguida, fomos ao laboratório, organizamos os materiais e o espaço. Expliquei à turma que deveriam observar a forma como estavam fazendo a colagem dos azulejos, pois alguns alunos estavam deixando um espaçamento muito grande entre os fragmentos de azulejo. Também comentei que deveriam utilizar um pouco mais de cola sobre a tessela. Apresentei algumas imagens de obras expostas na Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Canoas, destacando a forma e distribuição dos materiais no momento da colagem. Mostrei também algumas calçadas da cidade de Capão da Canoa, que podemos considerar um mosaico, pela maneira como foram construídas, ou seja, com pequenas pedras sentadas uma ao lado da outra, criando formas e desenhos abstratos. Todas estas imagens foram mostradas em folhas de tamanho A3, e os alunos puderam manusear e observar aleatoriamente nas suas mesas. Neste momento em que conversávamos sobre os trabalhos, o aluno Géferson disse que havia trazido algumas fotos de um vizinho seu que trabalha com colocação de pisos e azulejos e fora do horário de trabalho constrói trabalhos de mosaico com pastilhas de vidro. O garoto, chamado Cléberson, reside nas proximidades da casa do aluno Géferson, na cidade de Santa Clara do Sul. Então coloquei as imagens em meu Notebook e a turma pode realizar a observação dos trabalhos. 124
Trabalho do artista Cléberson Fernandes. (Fonte: FERNANDES, 2011)
O aluno Géferson disse ao grupo: Pessoal, o Cléberson fez a doação de todas as pastilhas de azulejo que eu trouxe para produzirmos os nossos trabalhos. Ele fez um painel para a Escola Estadual Presidente Castelo Branco de Lajeado, onde pediram para ele fazer o símbolo da escola e o apelido “Castelinho”, conversei com ele e ficou muito feliz em saber que estávamos construindo mosaicos. E o Cléber comentou também que fez outro mural representando as coisas que a escola acredita!
O outro painel que o artista Cléberson criou foi com o objetivo de mostrar à comunidade escolar daquele educandário uma questão que o corpo docente e discente acredita, ou seja, o conhecimento X atitude. Depois de relatar esta situação que se criou a partir do que o aluno Géferson trouxe para nossa aula, percebi que foi algo muito significativo, e que pode agregar novos conhecimentos diante de uma situação próxima dos alunos e que faz sentido para a grande maioria do grupo, que conhece o Cléberson. Como professor estagiário, acredito que este espaço que possibilitei dentro do planejamento, que o mesmo deve ser sempre flexível e não algo engessado, tenha sido extremamente importante ao grupo, e principalmente ao Géferson que buscou conhecer o trabalho do artista de mais perto e nos trazendo informações pertinentes ao que estamos estudando, conhecendo e desenvolvendo em nossas aulas. 125
Trabalho do artista Cléberson Fernandes. (Fonte: FERNANDES, 2011)
Após o diálogo sobre os trabalhos do Cléberson, os alunos deram continuidade à construção de seus mosaicos. Eles deveriam fragmentar os azulejos ou pastilhas de vidro e realizar a colagem dos fragmentos sobre o MDF. Durante o processo, foi necessário chamar a atenção dos alunos diversas vezes, pois não cuidavam da forma como faziam a fragmentação, ou seja, batiam fortemente com o martelo sobre os azulejos, fazendo com que pedacinhos se espalhassem pelo chão da sala e sobre os trabalhos dos colegas mais próximos. Orientei que poderia ser perigoso e que deveriam ter mais cuidado para não atingir os olhos com um pedaço de azulejo ou pastilha de vidro. Também alertei que o material que estavam utilizando era cortante e que deveriam tomar bastante cuidado.
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Grupo de alunos realizando a colagem dos azulejos e pastilhas de vidro. (Fonte: WICKERT, 2011)
O trabalho do aluno Rodrigo me chamou muita atenção, pelo fato de ele escolher a forma que está representada de preto do trabalho proposto nas aulas anteriores, quando construíram um trabalho de recorte e colagem. Deste trabalho ele destacou uma forma e trouxe ao trabalho do mosaico, para ele esta figura representa um diamante, ou melhor, a riqueza.
Trabalho do aluno Rodrigo. (Fonte: WICKERT, 2011)
Trabalho do aluno Rodrigo. (Fonte: WICKERT, 2011)
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Ao observar o trabalho do aluno Rodrigo Immich, percebi o quanto o trabalho do aluno faz sentido ao local onde está inserido e ao que procura representar. Ele comentou que gosta muito de animais de estimação, e principalmente dos seus cachorros. O seu trabalho é bastante detalhado, é um aluno bastante calmo e perfeccionista em seus trabalhos.
Trabalho do aluno Rodrigo Immich. (Fonte: WICKERT, 2011)
Trabalho da aluna Bruna. (Fonte: WICKERT, 2011)
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No trabalho da aluna Bruna, ela procura fazer uma crítica a nós seres humanos pela falta de consideração e cuidado com o planeta terra. Procura representar as mãos para cuidar melhor do planeta que está ao centro de seu trabalho. Ela preferiu utilizar pastilhas de vidro em seu trabalho. Comentou que deveria ter utilizado os azulejos, pois seria possível fragmentá-los muito mais detalhadamente e assim encaixá-los mais organizadamente. Também comentou que era muito detalhista e não sabia se no próximo encontro conseguiria concluir o seu trabalho. Expliquei para ela que cada um necessita de um tempo, e este tempo deve ser respeitado principalmente por nós professores. Concordando com as autoras Celeste, Picosque e Guerra (1998, p. 153), deverei me policiar no seguinte fato, Teremos que ser cuidadosos com a diversidade de ritmos dos alunos, especialmente porque as idéias germinais de um projeto podem não ser do interesse maior de todos os alunos de uma classe. Alguns mergulham logo nesse trabalho, outros vão de aos poucos tomando contato com ela e se motivando. Se desistirmos antes de obter algum resultado, não permitiremos que os alunos mais arredios, resistentes ou mais lentos, tenham a oportunidade de serem envolvidos e iniciar o projeto de fato.
Trabalho do aluno Géferson. (Fonte: WICKERT, 2011)
O aluno Géferson em seu trabalho está representando um tênis All star, pois neste período da vida que está vivenciando, usa somente este estilo de tênis, 129
identificando-o desta maneira. Ele também procurou utilizar somente pastilhas de vidro, pelo fato de receber a doação do Cléberson.
Trabalho do aluno Lucas. (Fonte: WICKERT, 2011)
O aluno Lucas procurou representar em seu mosaico as letras iniciais de seu nome. Em seu trabalho que está quase concluído, faltando somente o preenchimento do rejunte, utilizou somente cerâmicas para construir. Os fragmentos utilizados inicialmente eram menores e de acordo como o trabalho avançava, começou a aumentar os fragmentos, pois, segundo o garoto, ele não tinha muita paciência, e era muito ansioso e gostaria de ver logo o resultado final de sua construção. Do meu ponto de vista, o encontro foi bastante válido e produtivo, levando em consideração diversos aspectos, como a questão trazida pelo aluno Géferson que foi extremamente pertinente ao assunto que estamos estudando, também a relação que se estabeleceu das vivências pessoais dos alunos com o trabalho que estão realizando.
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ENCAMINHAMENTOS A grande maioria dos alunos não conseguiu concluir a colagem dos azulejos e pastilhas de vidro nas tesselas, portanto, no próximo encontro o grupo irá continuar a construção dos mosaicos.
3.3.7.
Sétimo Encontro
Aulas 13 e 14 Data: 04/10/2011 Horário: 21h30min ás 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1 hora e 30 minutos
Tema/título da aula: Construção do Mosaico. Conteúdos: Mosaico. Atividades: - Continuação da construção dos mosaicos. Colagem dos azulejos e pastilhas. - Preenchimento dos espaços entre os fragmentos de azulejos ou pastilhas de vidro do mosaico com rejunte. Objetivos • Conhecer e vivenciar as etapas da construção de um mosaico. • Produzir um mosaico com azulejos e pastilhas identificando-o com aspectos relevantes de sua vida. Metodologias: Aula expositiva dialogada, trabalho individual e prático. Materiais e recursos: MDF, tamanho A3; Azulejos e pastilhas; Rejunte; Cola. 131
Avaliação O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção e criação do seu mosaico. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. Será avaliado todo o processo de construção do conhecimento e não somente o resultado final. PLANEJADO 1. Primeiramente, será realizada a organização dos materiais e o professor orientará os alunos para conduzirem os seus trabalhos de forma tranqüila e levando em consideração todas as orientações já mencionadas durante todo o processo de construção. 2. Em seguida, os educandos irão dar continuidade à montagem dos mosaicos, fazendo a colagem dos fragmentos de azulejos ou pastilhas, e os que já concluíram esta etapa, passarão o rejunte para dar o acabamento final do trabalho.
3. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam da aula e dos trabalhos, a fim de buscar uma avaliação geral da atividade na opinião deles. REALIZADO Ao chegar na sala, os alunos já estavam com suas mochilas nas costas e com a sala organizada para irmos até o laboratório de Ciências para continuarmos a construção dos mosaicos. Um dos alunos disse: “Boa noite Sor [SIC], estamos pronto, vamos logo ir ao laboratório, pois precisamos terminar os mosaicos e estamos atrasados!” Quando chegamos ao laboratório falei ao grupo que deveriam dar continuidade aos trabalhos, e que na aula de hoje deveriam culminar a colagem dos azulejos, para no próximo encontro terminarmos o construção dos mosaicos, 132
passando o rejunte. Os alunos que estavam mais adiantados e que estavam praticamente prontos com a colagem dos fragmentos, deveriam auxiliar os seus colegas que estavam com seus trabalhos muito avançados.
Alunos construindo seus mosaicos. (Fonte: WICKERT, 2011)
Gostaria de destacar a importância da estrutura de um educandário para a realização dos trabalhos de Artes que envolvem materiais que não podem ser utilizados dentro de uma sala de aula não adequada com lavatório, mesas grandes adequadas e um espaço significativo para a construção e realização dos trabalhos. O educandário não possui sala específica de Artes, mas possibilita a realização de trabalhos de Artes no laboratório que possui uma estrutura maravilhosa, como podemos observar nas imagens. O ambiente escolar deve ser apropriado e adequado para a realização das atividades e por isso concordo quando as autoras Costa e Scheibel afirmam que,
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O ambiente escolar não deve funcionar como um cenário estático dos fenômenos educativos, deve ser um modelo ativo da ação didática. Por isso, é fundamental que qualquer organização metodológica leve em conta a realidade do ambiente para a organização do espaço escolar e da diisposição dos materiais, de forma tal que seja capaz de estimular as interações comunicativas, seja no momento do trabalho individual ou na investigação do grupo. Em um ambiente disposto adequadamente o tempo organizado pelo professor para a realização das tarefas é melhor aproveitado devendo permitir aos alunos trabalhar de forma adequada e sem interferências no processo.(COSTA e SCHEIBEL, 2007, p.81)
Todos os educandários deveriam possuir uma estrutura como a minha escola de estágio, mas além de toda esta estrutura que é excelente, poderia ter uma sala específica para a disciplina de Artes. Mas infelizmente podemos observar e perceber que o ensino de Artes em nosso país é muito pouco valorizado, e com isso leva as escolas a não possibilitarem um espaço adequado à prática das aulas de Artes em um ambiente favorável ao processo de criação. Por isso nós Arteeducadores precisamos fazer a diferença, para modificar gradativamente esta concepção ultrapassada diante da área das Artes.
Trabalho do aluno Géferson. (Fonte: WICKERT, 2011)
O aluno Géferson procurou utilizar em seu trabalho somente as pastilhas de vidro doadas pelo seu conhecido, Cléberson, pois do seu ponto de vista acha que a sua obra ficará mais organizada. Ele comentou que irá continuar produzindo 134
mosaicos, como ganhou muitas pastilhas de vidro e gostou de vivenciar todo processo de construção de mosaicos, levará adiante esta atividade para sua vida pessoal.
Trabalho da aluna Letícia. (Fonte: WICKERT, 2011)
A aluna Letícia também optou em utilizar somente as pastilhas de vidro, pois comentou que o trabalho com pastilhas era muito mais belo, e como não conhecia o material resolveu utilizar somente as pastilhas. Ela procurou representar o seu apelido “Leeh”, sobre uma estrela, pois é apaixonada pela noite, adora observar o céu estrelado.
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Trabalho da aluna Camila. (Fonte: WICKERT, 2011)
A aula Camila também procurou representar as iniciais de seu nome. Durante a colagem dos fragmentos comentava que iria utilizar cores bem vivas e contrastantes para chamar a atenção do observador. Também comentei com ela que poderia ter feito a colagem dos fragmentos de azulejos pretos mais próximos para preencher mais os espaços.
Trabalho do aluno Rodrigo Immich. (Fonte: WICKERT, 2011)
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O aluno Rodrigo conseguiu fazer a colagem dos fragmentos de azulejos muito próximos, encaixando-os claramente. Detalhe muito importante este, em um trabalho de mosaico, valorizando o seu trabalho e deixando-o muito organizado visualmente. Conseguiu representar muito bem os detalhes do rosto do cachorro, utilizando cores que contrastam bastante.
Trabalho da aluna Bruna. (Fonte: WICKERT, 2011)
A aluna Bruna representou o descaso das pessoas, a não preocupação dos seres humanos diante de nosso planeta terra. Comentou que procurou utilizar a cores preto e branco, para representar a paz através do branco e o preto para representar o luto diante de toda a destruição de nosso planeta, que necessita de ajuda.
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Trabalho do aluno Gabriel. (Fonte: WICKERT, 2011)
O Gabriel em seu trabalho comentou que gostaria de representar o espaço, o além do planeta terra através de estrelas, lua e meteoro. Ele poderia ter utilizado fragmentos menores em seu trabalho, e procurado encaixar os fragmentos de maneira mais próxima, não deixando espaços largos que deverão ser preenchidos no próximo encontro com rejunte preto ou branco. Faltando em torno de dez minutos para o término da aula, solicitei ao grupo que organizassem a sala, os materiais e prestassem atenção às orientações do professor. Quando terminaram, orientei a turma que na próxima semana terminaremos a construção dos mosaicos com o rejunte, que é o acabamento final do nosso trabalho, por isso todos deverão trazer panos velhos e sola de chinelo. Comentei também que faríamos uma avaliação de todo o projeto, pois será o nosso último encontro. ENCAMINHAMENTOS Ao próximo encontro os alunos deverão trazer panos velhos e sola de chinelo para rejuntarmos os mosaicos. Também será realizada uma auto-avaliação e uma avaliação do projeto de maneira geral.
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3.3.8.
Oitavo encontro
Aulas 15 e 16 Data: 11/10/2011 Horário: 21h30min ás 23h Aula 1 (21h30min às 22h15min) Aula 2 (22h15min às 23h) Série: 1º ano Ensino Médio.
Duração: 1 hora e 30 minutos
Tema/título da aula: Construção do Mosaico. Conteúdos: Mosaico. Atividades: - Os alunos finalizarão os seus mosaicos. - Será realizada uma auto-avaliação de seu desempenho durante o projeto, e também os alunos irão fazer uma avaliação do professor estagiário. Objetivos • Despertar nos alunos um momento de reflexão crítica a partir da autoavaliação. • Aprimorar a escrita dos alunos através de uma auto-avaliação. Metodologias: Aula expositiva dialogada, trabalho individual e prática. Materiais e recursos: MDF, tamanho A3; Azulejos e pastilhas; Rejunte; Cola; Questionário de auto-avaliação; Caneta. Avaliação O empenho do aluno na realização do trabalho, concentrando-se no que está fazendo e observando os resultados que está obtendo, levando em consideração todo o processo de construção e criação do seu mosaico. Realização das tarefas propostas. Manipulação do material para realização do trabalho proposto. 139
Será avaliado todo o processo de construção do conhecimento e não somente o resultado final. PLANEJADO 1. Primeiramente, será realizada a organização dos materiais e o professor orientará os alunos que será o ultimo encontro e que deverão se organizar para finalizar os trabalhos. Alguns trabalhos criados durante o projeto serão selecionados e expostos na semana seguinte na Biblioteca Municipal da cidade, e a exposição será organizada pelo professor estagiário e três meninas que se disponibilizaram em uma tarde, pois não trabalham ainda. 2. Após finalizarem os trabalhos de mosaico, o professor estagiário entregará uma folha com duas questões para se auto-avaliarem e avaliarem os pontos positivos e negativos em relação à proposta do projeto e do professor estagiário de maneira geral.
3. Assim que a limpeza estiver pronta, os alunos serão questionados sobre o que eles acharam do projeto e dos trabalhos propostos durante as oito semanas de aula, a fim de buscar uma avaliação geral do projeto de forma oral. REALIZADO Ao entrar na sala, me deparei com os alunos caminhando pela sala, fora de seus lugares e falando ativamente. Solicitei aos alunos que se acomodassem. Expliquei que hoje seria nosso último encontro, pedindo a colaboração de todos para culminarmos o projeto de forma tranqüila. Em seguida, fomos ao laboratório de Ciências para terminar os trabalhos que estão em andamento, ou seja, os mosaicos. Orientei os alunos que no primeiro momento um grupo deveria preencher a superfície das mesas com jornal e colocar os trabalhos sobre as mesas, o outro grupo deveria preparar a massa de rejunte que será aplicada sobre os mosaicos posteriormente. Os alunos prepararam as massas com bastante segurança e calma, pois alguns meninos da turma trabalham com colocação de pisos e azulejos, facilitando assim todo o processo de preparação. O grupo conseguiu adicionar a medida certa 140
de água para a consistência ideal da massa para fazerem a aplicação do rejunte sobre os mosaicos.
Alunos passando o rejunte em seus mosaicos. (Fonte: WICKERT, 2011)
Durante a aplicação do rejunte percebi que as meninas mostraram-se um pouco inseguras e com nojo de sujar as mãos e suas roupas. Elas estavam em clima de festa, animação e empolgação, pois após o término da aula disseram que iriam para uma balada na cidade de Mato Leitão. Quando comentaram que iriam para balada, disse que no momento deveriam terminar os seus trabalhos, e que depois eu também iria para uma festa, mas isso não significava que os compromissos fora do horário da aula interferiam no desenvolvimento dos trabalhos e da aula. Os alunos realizaram a aplicação do rejunte com o auxílio de sola de chinelo para preencher os espaços entre os fragmentos de azulejos ou pastilhas de vidro.
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Trabalho do aluno Rodrigo Immich. (Fonte: WICKERT, 2011)
A turma de maneira geral ficou extremamente satisfeita com o resultado final de seus trabalhos. Disseram que o detalhe final do trabalho, a aplicação do rejunte deu um acabamento bonito ao trabalho, deixando-os muito realizados com o processo de construção, que foi vivenciado etapa por etapa na construção de seus mosaicos. Depois da aplicação do rejunte os alunos realizaram a limpeza da superfície de seus mosaicos com panos secos, tirando o excesso de rejunte e limpando a superfície dos azulejos, assim finalizando todo o processo de construção de um mosaico.
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Trabalho do aluno Daniel. (Fonte: WICKERT, 2011)
Os trabalhos finalizados no oitavo encontro foram comentados durante os três encontros anteriores que foram utilizados para a construção dos mosaicos, por isso não irei comentá-los novamente. Gostaria de destacar que cada trabalho possui uma vivência, uma significação, um sentido individual para cada aluno que vivenciou todo o processo de construção dos mosaicos.
Trabalho do aluno Géferson. (Fonte: WIICKERT, 2011)
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Trabalho da aluna Letícia. (Fonte: WIICKERT, 2011)
É possível destacar de cada trabalho características muito particulares e pessoais de cada educando, nos trabalhos dos alunos Letícia e Rafael, se percebe uma grande organização dos fragmentos, sendo eles colados de maneira muito bem pensada e planejada, encaixando as pastilhas uniformemente.
Trabalho do aluno Rafael. (Fonte: WIICKERT, 2011)
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Depois que os alunos finalizaram o preenchimento dos fragmentos com rejunte solicitei que o grupo organizasse e limpasse o ambiente de forma geral para darmos continuidade à aula. Rapidamente lavaram os materiais, passaram um pano úmido sobre as mesas e levaram todos os trabalhos finalizados sobre uma mesa lateral. Para dar continuidade as atividades planejadas, entreguei a cada educando uma folha com duas questões para realizarem uma auto-avaliação e uma avaliação do professor estagiário. Expliquei ao grupo que esta é uma forma de nos conhecermos mais, nos auto-avaliar e ver o que podemos melhorar o que estamos aprendendo diante das aulas vivenciadas semana após semana na disciplina de Artes. Também salientei que deveriam levar em consideração tudo aquilo que acharam positivo e negativo para assim escreverem com bastante sinceridade e humildade diante daquilo que sentiram durante o projeto aplicado pelo professor estagiário durante as oito semanas. Ao propor esta auto-avaliação pensei de que maneira poderia realizá-la, levando diversos aspectos em consideração e a partir de diversas leituras posso afirmar que deve ser realizada de maneira oral, através de um diálogo. Desta maneira, como indica Hoffmann (2010), dialogar é refletir em conjunto (professor e aluno) sobre o objeto de conhecimento. Exige aprofundamento em teorias de conhecimento e nas diferentes áreas do saber. E também através de um registro, levando o educando a pensar em sua vivência. Conforme Hoffmann (2010, p. 122), “avaliação significa ação provocativa do professor, desafiando o educando a refletir sobre as situações vividas, a formular e reformular hipóteses, encaminhando-se a um saber enriquecido”.
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Alunos realizando a auto-avaliação e avaliação do projeto. (Fonte: WICKERT, 2011)
Após perceber que a grande maioria dos alunos havia concluído a sua avaliação, questionei o grupo diante de diversos aspectos, tais como: o que levaram em consideração de importante do projeto vivenciado, quais foram os pontos positivos e negativos, a metodologia e recursos foram satisfatórios na aplicação das aulas, o conhecimento do professor estagiário superou as expectativas e supriu as dúvidas do grupo diante do assunto em estudo, entre outras questões levantadas. A turma se mostrou bastante satisfeita com o projeto aplicado. Muitos alunos disseram que gostariam de ter mais aulas comigo, pois foram realizados muitos trabalhos diferentes, fora do ambiente da sala e que foi importante trazer a teoria, para assim os alunos desenvolverem os seus trabalhos. Em anexo algumas auto-avaliações realizadas pelos alunos, para percebermos e conhecermos melhor o trabalho que se realizou, culminando após oito semanas de prática.
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Ao término da aula, faltando em torno de quinze minutos, entreguei a cada aluno uma pequena lembrança, e falei que estava muito realizado e satisfeito com toda a trajetória, ou seja, a realização do estágio, parabenizando a turma, e agradecendo pela colaboração, atenção, dedicação, comprometimento do grupo durante a aplicação do estágio, pois sem eles de nada adiantaria formular um trabalho, pesquisar, estudar para depois não poder aplicar e dividir os conhecimentos adquiridos.
3.3.9.
Exposição dos trabalhos
A exposição dos trabalhos foi instalada no dia treze de outubro na Biblioteca Municipal Pe. Alberto Träsel – Santa Clara do Sul. Os trabalhos foram produzidos em meu projeto de estágio, intitulado, “Um recorte sobre mosaicos, do Bizantino à Contemporaneidade – Arte de criar mosaicos”, que teve seu início no dia dezesseis de agosto e se desenvolveu até o dia onze de outubro na Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara.
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Biblioteca Municipal Pe. Alberto Träsel e Museu Memorial Santa-clarense. (Fonte: WICKERT, 2011)
O prédio que abriga a Biblioteca Municipal e o Museu Memorial é um dos prédios mais antigos do município, foi construído no final do Século XIX. Foi utilizado para diversas finalidades durante a sua trajetória, e no ano de 2007 foi inaugurado todo restaurado para abrigar a biblioteca e o museu. Como munícipe de Santa Clara do Sul, considero que esta obra realizada pela administração municipal com a intervenção de diversas pessoas da comunidade que incentivaram e criaram um projeto para valorizar a cultura de nosso povo foi um marco histórico de fundamental importância para o desenvolvimento de nosso município. A culminância do projeto foi a realização da exposição dos trabalhos, produzidos pelos alunos durante as oito semanas de estágio. Ela teve como objetivo, incentivar o fazer artístico dos alunos através da apreciação das obras em um ambiente público, aberto a todas as pessoas da comunidade. E também a exposição foi um incentivo e valorização dos trabalhos apresentados pelos alunos, que são de extrema importância, a cada um deles que participaram ativamente durante todo o desenvolvimento do projeto.
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Exposição dos trabalhos do Ensino Médio na Biblioteca Municipal Pe. Alberto Träsel e Museu Memorial Santa-clarense. (Fonte: WICKERT, 2011)
Todos os trabalhos de mosaico foram expostos, pois eram somente doze alunos e por isso procuramos levar todos, para não desvalorizar ou desconsiderar trabalho algum. Diferentes dos outros trabalhos, que foram criados com recorte e colagem, como eram muitos, fizemos uma seleção com todo o grupo de alunos presentes no último encontro. A exposição foi instalada no dia treze de outubro no turno da tarde, com a participação de minha mãe Solange, a aluna Camila, e eu. Infelizmente somente uma aluna pode participar da instalação, pois os outros educandos trabalham durante o dia, assim impedindo-os de participarem da organização final da exposição. A exposição ficará aberta a visitação para toda a comunidade escolar e santa-clarense durante quarenta e cinco dias.
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Exposição dos trabalhos do Ensino Médio na Biblioteca Municipal Pe. Alberto Träsel e Museu Memorial Santa-clarense. (Fonte: WICKERT, 2011)
Chegando ao final da minha prática, percebi que ao iniciar o estágio estava cheio de expectativas, as quais gostaria que fossem supridas logo, devido a minha grande ansiedade. Durante a minha prática, foram várias as recompensas que tive, como também decepções enquanto educador. As recompensas surgiram aula após aula, pois a partir de minhas reflexões consigo ver significadamente a evolução de meus alunos. Já as decepções caem sobre algumas aulas que no planejamento eram excelentes do meu ponto de vista, mas no momento da execução acabaram se direcionando para outro lado. Ao culminar o projeto, percebo o quanto é desafiador ministrar aulas de Artes frente a grandes grupos de alunos, que apresentam individualmente sua trajetória, sua bagagem e diversidade de culturas, sendo que todos devem ser respeitados e levados em consideração, atendendo às necessidades de cada um deles. Portanto, como arte-educador estou realizado com a profissão que acabo de exercer por este semestre. Cada dia de meu estágio foi único e significativo. Estou muito feliz em ter passado por esta inesquecível experiência.
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CONCLUSÃO
A
pós a finalização de minha prática de ensino, pude perceber o quanto ela foi significativa para minha vida profissional. Nela pude constatar e conhecer melhor a vivência que um educador
possui a frente dos educandos. Ao refletir sobre minha prática de estágios, concluo que ficou evidente a importância da metodologia adequada e diferenciada para a educação atual. O professor deve proporcionar momentos significativos e desafiadores, levando os educandos a refletirem, desenvolvendo o senso crítico através de aulas criativas, inovadoras e com o uso de recursos didáticos variados. Destacou-se também o diálogo como um aspecto imprescindível, uma ferramenta básica e fundamental no processo de desenvolvimento artístico dos alunos. O diálogo deve estar presente em todo o processo de construção de conhecimento em sala de aula, as trocas de experiências, opiniões variadas levam o educando a desenvolver o senso crítico. As palavras Significação e Apropriação foram levadas em consideração constantemente, quando se falava em fazer artístico nas aulas de Arte. Pois o arteeducador tem a missão de levar o aluno a apreciar a Arte com um novo olhar, um olhar que faça o educando se apropriar daquilo que está observando ou criando. Desta forma, este momento torna-se algo significativo para sua vida. A avaliação também foi um fator que se destacou. Inspirada a partir da linha de pensamento da autora Jussara Hoffmann, quando ela defende a ideia de uma avaliação mediadora, em que todo o processo deve ser avaliado. Diferente da avaliação classificatória, que avalia apenas o resultado final. Por isso defendo a ideia de Hoffmann, de que na educação atual necessitamos avaliar os nossos alunos constantemente para formarmos indivíduos mais críticos. A partir dos aspectos evidenciados em minha prática, que foram mencionados anteriormente, desenvolvi a minha autorreflexão crítica, que do meu ponto de vista foi fundamental para refletir, pensar, observar os acertos, erros, 151
objetivos alcançados e constatar os resultados obtidos, diante da experiência vivenciada durante a prática de ensino.
METODOLOGIA A metodologia foi um fator imprescindível e decisivo no desenvolvimento das aulas. Por isso, afirmo que a metodologia é um paradigma que está em constante evolução. Procurei utilizar uma metodologia diferenciada na minha prática de ensino. Foram momentos de experimentação de diversos recursos didáticos, pelo fato de acreditar que não existe um paradigma quando se fala em metodologia, ou seja, não podemos definir um modelo, um padrão a ser seguido. Cada grupo a ser trabalhado reage de uma maneira e essa reação deve ser levada em conta no momento em que se planeja uma aula. A partir do estágio I, ciente de que a metodologia utilizada na educação atual é a metodologia de projetos, chego à conclusão de que os trabalhos com projetos, quando bem planejados e executados, favorecem o desenvolvimento da capacidade de decidir, escolher, falar e escutar. Também propiciam alegria em aprender, em descobrir, incentivam a pesquisa e a construção do conhecimento desenvolvendo as habilidades essenciais para a formação integral do ser humano. Além disso, promovem a autocrítica de nossas práticas baseadas no processo de ensino-aprendizagem, possibilitam a organização do currículo escolar por temas e situações problema tornando o ensino mais ativo e significativo para todos. Um fator essencial que todos os educadores deveriam levar em consideração no momento em que planejam suas aulas é a diversificação de temas, abordagem e recursos. A utilização de meios que acompanham o desenvolvimento tecnológico da sociedade na qual estamos inseridos e vivemos é fundamental. Desta forma, recursos didáticos como data show, retroprojetor, cartazes e internet foram indispensáveis durante o primeiro ao quarto encontro. A infraestrutura do educandário também é fundamental, pois ambientes variados promovem uma educação inovadora, o que ficou comprovado durante o processo de construção dos mosaicos durante o sétimo ao nono encontro. O espaço amplo, as mesas adequadas, as pias para a limpeza dos materiais utilizados entre 152
outros foram imprescindíveis na elaboração e criação dos trabalhos de mosaico que foram desenvolvidos durante o quinto ao nono encontro. Contudo, reafirmo que a metodologia de trabalho é decisiva no desenvolvimento de todo o processo de aprendizagem. Cada indivíduo é único, cada aluno apresenta características e necessidades diferentes e traz em sua bagagem cultural experiências individuais que merecem e devem ser levadas em consideração. Diante desta variedade de informações e vivências, nós educadores, temos o compromisso e o desafio de elaborar aulas significativas e desafiadoras. DIÁLOGO Durante a minha prática o diálogo foi levado em consideração como ferramenta básica, fundamental e de extrema importância no processo de desenvolvimento artístico dos alunos. Destaco o diálogo como palavra-chave no processo de ensinoaprendizagem. Ao refletir sobre a prática de ensino, percebo claramente o significado e a importância da palavra diálogo no processo de construção do conhecimento. É fundamental nós professores propiciarmos momentos de conversação, troca de ideias, investigação e debate entre professor e aluno, ainda mais quando se almeja uma educação crítico-social. No primeiro encontro de estágio foi proposto um relato pessoal sobre cada educando. O objetivo inicial era conhecer melhor o aluno, verificar se trabalhava ou era apenas estudante, identificar seus desejos, gostos e anseios. Após a conversação, descobri que a grande maioria do grupo trabalhava durante o dia e estudava à noite, o que preocupava-me num primeiro momento pois o tempo para a realização de tarefas extracurriculares seria curto e talvez não se levaria a sério as atividades propostas, pelo fato de imaginarem não conseguirem produzir todo o seu trabalho no horário de aula. A preocupação inicial diante da situação de que os alunos trabalhavam durante o dia foi neutralizada no decorrer da prática, pois os alunos foram muito pontuais e responsáveis na entrega dos trabalhos. Através do diálogo conseguimos chegar a um consenso diante de questões de organização dos trabalhos em geral. Outra atividade baseada no diálogo em grupo foi o trabalho com mosaicos no primeiro ao terceiro encontro, que gerou debate e várias ideias interessantes. 153
Percebi que o tema em discussão não era algo tão estranho e distante dos alunos quanto eu imaginava. Talvez pudesse ter explorado mais este momento de aprendizagem, levando o grupo a que participasse de maneira mais ativa, assim podendo instigar outros aspectos sobre o assunto abordado. Logo, enfatizo a valorização dos conhecimentos prévios dos alunos. Leválos em consideração é fundamental no processo de ensino-aprendizagem. Acredito que a compreensão de novos elementos se constitui através da relação de nossos conhecimentos anteriores com os novos saberes. No processo
de
ensino-aprendizagem
é essencial
considerar
o
desenvolvimento cognitivo dos alunos, relacionando as suas experiências, sua idade, sua identidade cultural e social com os diferentes significados e valores que o meio artístico pode proporcionar a fim de que a aprendizagem seja significativa. As apreciações de obras de arte e obras dos alunos em vários encontros, também foram momentos relevantes e de reflexão. Os discentes mostraram-se curiosos em relação aos trabalhos dos diversos artistas e dos períodos da história que foram apresentados. Foram aulas de questionamento, observação e interação. Alguns mostraram-se um pouco tímidos e calados, porém atentos durante a explanação. Vejo que baseei meu trabalho praticamente na contemporaneidade após a primeira aula. Obviamente que precisei escolher os artistas e me identifiquei com os que estão cotidianamente presentes. Percebo que poderia ter aprofundado os momentos de diálogo em apreciações de obras, história do mosaico trazendo detalhes sobre o bizantino até os dias atuais. A apreciação e a análise de obras de arte desenvolveram a habilidade de ver e descobrir as qualidades da obra e do mundo visual que cerca o apreciador. A partir da apreciação, educou-se o senso estético e o aluno pode posteriormente julgar com objetividade a qualidade das imagens. Nós arte-educadores precisamos colocar os nossos educandos em contato com a obra de arte, pois as imagens desenvolvem a capacidade crítica estabelecendo uma relação de aprendizagem com o objeto em questão.
154
SIGNIFICAÇÃO e APROPRIAÇÃO Significação e Apropriação são palavras ou aspectos que devem estar presentes quando pensamos no fazer artístico. O indivíduo deve se apropriar do artista, das imagens, dos materiais para dar significação ao seu processo artístico até atingir os resultados finais. O objetivo inicial, que era levar os alunos a entender a diferença entre a técnica utilizada no processo de construção dos mosaicos e a sua representação e a significação diante daquilo que se criou, logo foi alcançado. A grande maioria dos alunos conseguiu entender a diferença entre a técnica do mosaico e a representação do trabalho, ou seja, utilizaram a técnica para representar algo significativo, que apreciassem ou com o que se identificassem de alguma maneira, algo que realmente tivesse sentido. Prova disso, é a variedade de temas abordados nos trabalhos de cada um dos grupos, tais como representações de elementos do cotidiano em que estão inseridos; gostos e desejos particulares e individuais; entre outros aspectos. Os trabalhos desenvolvidos durante os encontros em minha prática de ensino foram muito bem elaborados pela grande maioria dos grupos. Eles refletiram entre si antes de iniciar o processo de criação. Isso os levou a criarem trabalhos muito individuais, baseados no cotidiano em que estavam inseridos, identificaram-se com aquilo que produziram, ou seja, foi uma forma de representação de sua identidade. Cada grupo foi muito criterioso na escolha de sua representação. Surgiram trabalhos muito diferenciados com características particulares, gostos e desejos muito pessoais. No terceiro encontro proporcionei aos alunos o contato com as produções que fiz na disciplina de Introdução ao Bidimensional, o que foi muito significativo. Percebi que se encantaram e se apropriaram dos trabalhos diminuindo o distanciamento entre o espectador/obra/artista. A proposta de trabalho a partir das obras apresentadas desenvolveu um processo artístico maravilhoso, resultando em trabalhos criativos, com muitos detalhes, combinação de cores, organização dos espaços, atingindo os objetivos propostos. É interessante salientar o processo de construção destes trabalhos de recorte, o quanto foi gratificante perceber o entusiasmo e a surpresa dos alunos ao criarem as primeiras formas. Isso estimulou-os a criarem mais e mais recortes para 155
posteriormente escolherem uma das formas para dar continuidade ao trabalho. Cabe aqui ressaltar o comentário de um aluno: “Sor [sic], eu adorei fazer os recortes a partir das folhas dobradas duas vezes, fiz inúmeros recortes até chegar ao símbolo que idealizava o meu trabalho!” Ficou comprovado que se produzem excelentes resultados quando a aula faz sentido para o aluno, ou seja, o professor deve mediar, orientar, esclarecer aquilo que está abordando e o que pretende alcançar com o proposto. Momento muito rico e de importante contribuição no desenvolvimento desta prática de ensino foi a pesquisa realizada pelo aluno Géferson apresentada no sexto encontro. Com muito empenho e dedicação ele buscou investigar e conhecer um artista local. Conseguiu doação de pastilhas de vidro, que foram utilizadas por diversos alunos em seus trabalhos. Esta situação foi extremamente prazerosa em meu estágio, pois percebi o quanto o trabalho havia sido significativo para aquele aluno, ele foi além do que eu estava propondo, trouxe uma contribuição a todo o grupo evidenciando que o assunto era de seu interesse. Penso que poderia ter convidado o artista local para conversar com o grupo e explanar sobre seu trabalho, mas optei em seguir o meu planejamento. Mas fica evidente que para minhas práticas futuras os meus planejamentos serão mais flexíveis, possibilitando momentos em que os alunos tragam questões do cotidiano e que contribuam com o que se está estudando e pesquisando. Os momentos de apreciação, avaliação e conclusão dos trabalhos foram maravilhosos pelo fato de os alunos se mostrarem muito satisfeitos com os resultados. Afirmo isso baseado em comentários feitos e pela empolgação e felicidade em ver que todo o trabalho realizado aula após aula, havia chegado ao final com um resultado surpreendente para os alunos e para o professor estagiário. AVALIAÇÃO MEDIADORA A avaliação, inicialmente, foi uma etapa da prática de ensino que me deixou inseguro e preocupado, pois eu não conseguia definir muito bem como avaliaria os meus alunos, quais seriam os critérios de avaliação a serem utilizados e quais os objetivos que almejava alcançar. O estudo do livro Avaliação Mediadora Uma prática em construção da pré-escola à universidade da autora Jussara Hoffmann e os diálogos com a minha orientadora me levaram a enxergar a avaliação 156
com um novo olhar. Olhar focado no indivíduo de maneira singular e constante durante todo o processo da prática de ensino. O professor que aplica e acredita na avaliação mediadora no ensino de Artes, deve estar muito ciente da proposta que desenvolverá e seguro diante das intenções, metas e propósitos que deverão ser atingidos, de maneira que observe todo o processo de criação e construção do conhecimento. Estabeleci os objetivos da minha prática de ensino baseado no conceito de avaliação mediadora, conforme Jussara Hoffmann, com o objetivo de avaliar toda a caminhada do educando, o processo de aquisição de conhecimentos a fim de avaliar os meus alunos diariamente, dentro da proposta de uma avaliação diferenciada. O
educador
mediador
tem
a
responsabilidade
de
mediar
as
aprendizagens e isso ficou bastante evidente durante a minha prática em vários momentos e situações. Os momentos de apreciação e apresentação dos trabalhos foram atividades extremamente importantes que levarei para minhas práticas futuras, pois pude escutar melhor os meus alunos, perceber o que estavam sentindo, investigar e compreender o que realmente estavam querendo representar. Embora os trabalhos de mosaico tenham sido executados em grupo, nos dois primeiros encontros, cada indivíduo percebeu-se coautor do trabalho de alguma maneira, o que foi muito interessante e gratificante. Afirmo isso pois os alunos identificaram os aspectos inseridos por cada um deles na sua obra, percebendo a individualidade e a contribuição de cada um ao observar, apreciar e analisar o resultado final através do momento de apreciação dos trabalhos. O registro da autoavaliação aplicada no oitavo encontro também foi uma excelente ferramenta de reflexão, foi um diagnóstico de todo o processo de aprendizagem dos alunos e da minha postura como professor de Artes frente à turma com a qual desenvolvi a minha prática de ensino. Através das autoavaliações pude observar o quanto o projeto de ensino foi significativo para a grande maioria dos alunos. Eles destacaram diversos pontos positivos tais como: as aulas com materiais e recursos diferenciados; teoria e prática; utilização de ambientes diferentes da escola entre outros. Destaco o comentário do aluno Géferson “Sor [sic], pra falar a verdade eu não gosto das aulas de Artes, mas eu gostei bastante de criar formas com recorte, 157
pois não existe aquela coisa, está errado, está certo, como em outras atividades e disciplinas!” Esta apreciação vem ao encontro da avaliação mediadora. Concluo que a educação na atualidade deve ser construtivista e mediadora, e não mais classificatória, porém, a avaliação classificatória ainda é bastante presente nos educandários, se impõem os conceitos de certo ou errado aos alunos e não se apresentam novas possibilidades. Contudo, nós mestres em educação, especificamente na área de Artes, devemos desenvolver a nossa percepção crítica diante dos conteúdos. Utilizá-la nas práticas de ensino-aprendizagem para assim realizarmos em conjunto uma avaliação
diferenciada que levará
em
consideração
o indivíduo singular,
observando-o em todo o processo de construção de conhecimentos e desta forma formarmos pessoas autocríticas. REFLEXÃO Como formando do Curso de Artes Visuais, habilitado para ministrar aulas de Artes, concluo esta etapa acadêmica ciente dos obstáculos e dos desafios que enfrentei. Adquiri novos conhecimentos com meus mestres, colegas, amigos, durante a caminhada acadêmica e com a experiência das práticas de estágio. É interessante perceber a necessidade de estarmos constantemente aprendendo, pois jamais
estaremos
prontos.
Novos
caminhos
e
desafios
sempre
serão
imprescindíveis. A experiência docente é muito gratificante. Ao percebermos os resultados obtidos e o crescimento de cada educando, podemos constatar o quanto o trabalho de um professor é importante. A prática de estágio no Ensino Médio foi de extrema importância, contribuindo para o meu crescimento como estudante e como profissional. Considero também que é fundamental que o professor goste do que faz e seja um apaixonado por arte, e que transmita isso aos seus alunos O professor deve ter muito cuidado ao se expressar quando procura explicar e abordar algum conteúdo para não equivocar-se e incutir uma verdade absoluta e acabada, sendo assim, torna-se fundamental participar de cursos, seminários, pois nossos educandos necessitam de informações novas, atualizadas para que nossas aulas não sejam ultrapassadas e conservadoras.
158
Nesta linha de pensamento destaco a colocação de um aluno: “Sor [SIC], isso sim que é aula de Artes com conteúdo, [...] Diante do comentário deste aluno, percebo o quanto é importante o professor dominar o conhecimento, ter formação acadêmica, ministrar aulas que desenvolvam o senso crítico e o fazer artístico dos alunos. Penso que, no momento em que o aluno fez o comentário e realizou uma associação diante da relação entre aula de Artes X Conteúdo, eu como professor, posso dizer e concluir que consegui fazer com que aquele educando alcançasse o maior objetivo, ou seja, tornar a disciplina de Artes e seus conteúdos significativos, levando o aluno a apropriar-se daquilo que está se tornando conhecedor. Outro aspecto que deve ser levado em consideração por nós e acredito que também pelos demais educadores, é o tempo que cada aluno necessita para o desenvolvimento e execução de seus trabalhos. Cada indivíduo possui o seu tempo de criação, e este deve ser respeitado para não pular etapas e prejudicar o educando. Isso ficou muito evidente durante a realização do estágio. Cada aluno vivenciou o seu processo individualmente e dentro de suas necessidades, alguns concluíam os trabalhos em sala de aula, outros levavam-no como atividade extracurricular. Chamo atenção também ao preconceito que se criou ao longo dos anos e o descaso da sociedade em relação à disciplina de Artes que é muito visível ainda atualmente, por isso cabe a nós, futuros arte-educadores, fazermos a diferença e conquistarmos o nosso lugar na educação, pois a disciplina de Artes é fundamental para o desenvolvimento crítico, social e mental das pessoas. Portanto, ensinar é uma arte. O universo em que todos nós estamos inseridos é um enorme mosaico de encaixes: o todo sem a parte não é todo, e a parte sem o todo não é parte.
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162
APÊNDICE 1. AVALIAÇÃO DE ALUNO ESTAGIÁRIO REALIZADA PELA PROFESSORA DA ESCOLA DE ESTÁGIO.
163
164
APÊNDICE 2. 2.
QUESTIONÁRIO RESPONDIDO RESPONDIDO PELA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DA ESCOLA DE ESTÁGIO.
165
166
167
APÊNDICE 3. 3.
QUESTIONÁRIO QUESTIONÁRIO RESPONDIDO PELA PELA PROFESSORA DA ESCOLA DE ESTÁGIO
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APÊNDICE 4. 4.
QUESTIONÁRIO RESPONDIDO RESPONDIDO PELOS ALUNOS DA ESCOLA DE ESTÁGIO.
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173
174
175
176
177
178
179
APÊNDICE 5. 5.
AUTOAUTO-AVALIAÇÃO DOS ALUNOS DO ESTÁGIO. ESTÁGIO.
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