Josiane Ap. Soares Schendroski
MULHER, ARTE E SOCIEDADE.
Trabalho de Curso apresentado como prérequisito parcial para a obtenção de título acadêmico de Licenciado/a em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores Me. Jurema Trindade (Estágios I, II e III) e Me. Ana Lúcia Beck (Estágio IV).
Orientadora: Prof.ª Me. Ana Lúcia Beck
Esteio, 20 de Dezembro de 2010 1
O presente trabalho documenta todas as atividades relacionadas aos Estágios e à prática de ensino que fazem parte do Curso de Artes Visuais. O tema escolhido para a pesquisa realizada no início do primeiro estágio é o Gênero Feminino, que é um dos temas transversais sugeridos pelos PCNs, muitíssimo importante para a formação de cidadãos mais conscientes para a construção de valores significativos de si mesmo e do outro. O foco principal de todo o trabalho tenta mostrar como a Arte documenta a evolução social e intelectual da mulher através da representação da figura feminina em obras de arte. A pesquisa e o projeto foram criados com base em livros como: “História Geral da Arte”, de Janson; “A Mulher e o Mundo”, de Lamas; “Arte na Educação Escolar”, de co-autoria de Fusari e Ferraz; e outros, além dos PCNs e de sites da internet. A prática de ensino do Estágio III foi realizada no Colégio Estadual Guianuba, em Sapucaia do Sul, numa turma de primeiro ano do Ensino Médio da qual eu era a professora titular. De maneira geral, todo o processo transcorreu de forma tranquila e organizada, graças à colaboração dos alunos e da Escola. Entre as atividades desenvolvidas estão leitura de imagens, cujo uso considero de fundamental importância para as aulas de artes, além do desenho, da pintura, da análise de textos e da produção individual de portfólios para registrar conteúdos, conhecimentos, atividades e auxiliar no processo de avaliação, etc. Os trabalhos plásticos dos alunos, embora não tenham sido em grande estilo, foram realizados de forma bastante satisfatória. Sobretudo os bonequinhos vestidos com roupas confeccionadas por eles, que foram para a exposição e provocaram muitos elogios por parte da comunidade escolar. As questões sobre as quais debatemos ou apenas conversamos giraram em torno do universo feminino, tais como: violência contra a mulher, profissões, casamento, independência financeira, maternidade, entre outras, sempre buscando relacionar com o ensino da arte. Eu diria que nem tudo foi esclarecido e sim debatido, e considero muito importante que estes assuntos façam parte das conversas em sala de aula. Ao final deste trabalho, na conclusão, relacionei os pontos que mais se destacaram durante a prática de ensino, pois creio que tão importante quanto a aplicação do projeto, é a reflexão sobre os resultados alcançados. Acredito que este projeto possa ter colaborado para uma melhor integração dos educandos com os quais trabalhei durante o Estágio III, pois a experiência para mim foi muito gratificante. Considero normal que algumas arestas tenham permanecido, porém tenho certeza de que tanto os pontos positivos como os negativos produzirão resultados. Palavras-chave: Arte - Figura feminina - Sociedade.
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INTRODUÇÃO..........................................................................................................................5
1. GÊNERO FEMININO: MULHER, ARTE E SOCIEDADE ....................................................9
1.1 A Mulher na História e na Arte ........................................................................................10 1.1.1 A Mulher na Antiguidade...............................................................................................10 1.1.2 A Mulher no Egito..........................................................................................................11 1.1.3 A Mulher na Índia Antiga ..............................................................................................12 1.1.4 A Mulher na Grécia.......................................................................................................14 1.1.5 A Mulher da Idade Média..............................................................................................16 1.1.6 A Mulher na Renascença..............................................................................................17 1.1.7 A Mulher do século XVII até meados do século XX......................................................18 1.1.8 Mulher Moderna e Contemporânea ..............................................................................20
2. APLICAÇÃO DO TEMA GÊNERO....................................................................................22
3. DIÁLOGO COM A ESCOLA..............................................................................................30
4. PROJETO E PRÁTICA DE ENSINO EM ARTES VISUAIS ..............................................36
Justificativa.............................................................................................................................36 4.1 Dados de informação geral...............................................................................................36 4.2 Dados estruturais do projeto.............................................................................................37 4.2.1 - 1ª Aula.........................................................................................................................39 4.2.2 - 2ª Aula.........................................................................................................................44 4.2.3 - 3ª Aula.........................................................................................................................48 4.2.4 - 4ª Aula.........................................................................................................................53 4.2.5 - 5ª Aula.........................................................................................................................57 4.2.6 - 6ª Aula.........................................................................................................................60
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4.2.7 - 7ª Aula.........................................................................................................................66
CONCLUSÃO.........................................................................................................................69
REFERÊNCIAS......................................................................................................................76
APÊNDICES...........................................................................................................................79
ANEXOS.....................................................................................................................................
8.1 CD Anexado 8.1.1 Apresentação em PPT (Power Point) 8.1.2 Versão do TC em PDF 8.1.3 Materiais relativos ao Estágio II
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Este trabalho relata o processo desenvolvido durante os quatro estágios do Curso de Artes Visuais, desde a pesquisa até a prática de ensino propriamente dita. Porém, é difícil descrever as expectativas e as decepções que vivemos durante este período e que certamente influenciaram na realização deste TC. No primeiro capítulo encontra-se a pesquisa realizada durante o Estágio I, cujo tema norteará o restante do trabalho. O tema que a pesquisa abrange é o Gênero Feminino. A escolha do mesmo aconteceu bem no início do referido estágio. Considerei que este assunto poderia proporcionar uma enorme gama de questões a serem abordadas em sala de aula, pois a situação da mulher na sociedade pode ser bastante inspiradora, na medida em que ela participa da sua evolução. Além disso, observando os PCNs, percebi que eles trazem o Gênero como um tema transversal importantíssimo para ser trabalhado com os alunos em qualquer período da sua vida escolar. Porém, ainda me faltava a ligação do Tema com o Ensino da Arte. Como sou fascinada pela representação da figura feminina nas obras de arte de maneira geral, resolvi direcionar minha pesquisa para responder duas questões. A primeira é: “De que forma a Arte tem representado a mulher em determinadas épocas, em culturas diversas e por diferentes artistas?” Temos, por exemplo, a figura feminina na Pré-História representando a fertilidade, também as inúmeras Virgens na Arte Sacra, as lindas damas com seus fartos vestidos e não deixando de citar os maravilhosos nus femininos. E a segunda questão: “Que influências a mulher teria exercido na sociedade da qual fazia parte naquele período da História?” Portanto, esta primeira parte do trabalho nos dá uma noção da evolução social e intelectual da mulher através dos séculos e também mostra como a Arte documenta esta ascensão cultural feminina através de suas obras. Os dados contidos neste capítulo foram pesquisados em livros de História, tais como: “A Mulher e o Mundo”, de Lamas; “A História da Esposa: da Virgem Maria a Madonna”, de Yalom. Também foram utilizados livros de História da Arte como: “História Geral da Arte”, de Janson; “Arte Moderna”, de Argan, além dos PCNs e sites disponíveis na internet, tais como: “Orientação Sexual em uma Escola”, de Altmann; A pintura na Índia, no Portal das Artes; etc. O segundo capítulo trata da aplicação do tema Gênero Feminino em um projeto hipotético idealizado por mim. Este projeto teve por objetivo a pesquisa de várias formas possíveis de implementação do tema em sala de aula através do ensino da arte. Ou seja, deveria encontrar diversas maneiras e metodologias para trabalhar o tema escolhido dentro dos conteúdos de Arte. Selecionar atividades interessantes e processos criativos para atrair
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a atenção e o interesse dos alunos. Assim como sugerir materiais e métodos de avaliação dos conhecimentos adquiridos pelos alunos. Nesta fase do trabalho, as pesquisas foram realizadas em livros como: “Arte na Educação Escolar”, de co-autoria de Fusari e Ferraz; diversos livros de Arte dos quais selecionei textos e imagens para serem trabalhados em sala, como: “A História da Arte: da pintura de Giotto aos dias de hoje”, de Hodge; “100 Grandes Artistas: uma viagem Visual de Fra Angélico a Andy Warhol”, de Charlotte Gerlings; além de vários sites de Arte e Educação disponíveis na internet, etc. No começo, minha intenção era trabalhar vários artistas que estivessem relacionados ao Gênero Feminino. Porém, durante o planejamento do projeto, acabei optando por trabalhar principalmente mulheres artistas, tais como: Artemísia Gentileschi, com sua temática forte, as brasileiras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, com sua arte inovadora, Frida Kahlo, com suas obras surrealistas e carregadas de emoções, e a outra brasileira Beatriz Milhazes, artista contemporânea e em plena atividade, com suas obras coloridas e mundialmente conhecidas. A escolha destas mulheres artistas, e de outros artistas que fazem parte do projeto, segue uma ordem cronológica assim como todo o projeto. Comecei com a antiguidade falando da Grécia, do Egito e da Índia antiga. Depois passei pela Idade Média e Renascimento, com Jan van Eyck e Artemísia Gentileschi. Continuei com o século XX, quando trabalhei Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. E por fim chegamos à contemporaneidade com Beatriz Milhazes. Esta cronologia é interessante até mesmo para evidenciar e questão da evolução social feminina que também faz parte dos objetivos do trabalho. O terceiro capítulo inicia-se com um diálogo entre o meu projeto hipotético e as reais necessidades e possibilidades da escola na qual iria aplicar o projeto. A princípio realizei as observações necessárias do Estágio I no Colégio Augusto Meier, em Esteio. Porém, como não pude realizar os Estágios II e III no semestre seguinte, houve uma mudança de percurso e realizei os dois Estágios no Colégio Guianuba, em Sapucaia, no qual comecei a lecionar Artes. O Estágio II mudou de uma da 5ª para uma 6ª Série e o Estágio III continuou sendo realizado em um 1º ano do Ensino Médio (os documentos referentes a esta mudança de percurso estão em anexo). Entretanto, estas mudanças não provocaram grandes transtornos, já que o tema, além de ser bem abrangente, pode ser adaptado a qualquer turma ou escola. Minha prática de ensino no Estágio III realizou-se na turma 116, um 1º Ano de Ensino Médio na qual eu era professora titular. A turma que foi escolhida entre as cinco de Ensino Médio para as quais eu lecionava Artes demonstrou ser bastante participativa durante os debates, as conversas e nas atividades práticas, porém não registraram de maneira satisfatória os conteúdos e os comentários pessoais nos portfólios que produziram durante a aplicação do projeto. É importante destacar o papel fundamental que o tema da
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pesquisa teve no projeto. Um dos principais objetivos era demonstrar aos alunos a evolução da mulher na sociedade, sua trajetória pela história da humanidade. Fazer os alunos perceberem como a mulher batalhou para conquistar os direitos e a liberdade que ela possui hoje. Uma descoberta positiva neste momento foi perceber que os meninos já tinham essa consciência sobre o Gênero Feminino, precisavam apenas de uma ajuda para expressar suas opiniões. Atividades como a confecção de roupas para os bonecos demonstraram que muitos meninos não têm um preconceito sobre as mulheres e atividades consideradas femininas. Houve algumas brincadeiras, principalmente para incomodar as meninas, porém no contexto geral, os meninos demonstraram grande interesse pela temática e pelas atividades propostas. Pude notar que este projeto os ajudou a expressar seus sentimentos e respeito pela figura feminina. As aulas foram planejadas de maneira que teoria e prática ficassem equilibradas. A teoria fica por conta de leitura e análise de textos, pesquisa de livros e algumas anotações no portfólio. E as atividades práticas que mais se destacaram foram as discussões em torno do tema, releitura de obra de arte, composições com recorte e colagem, pintura com têmpera, confecção das roupas para os bonecos com tecidos e o próprio portfólio no qual constam as atividades realizadas diariamente. A escolha das atividades propostas foi feita através das observações em sala (no estágio I), para saber o que os alunos gostam de fazer como atividades práticas. Também em pesquisas no livro “300 propostas de artes visuais”, de Tatit e Machado, assim como atividades que eu mesma realizei durante o Curso de Artes Visuais. Estes trabalhos práticos têm a função de aproximar os alunos do universo artístico que nos cerca. Como por exemplo, a confecção das roupas em tecido para os bonecos de papel, mostrando a eles o trabalho dos estilistas. Refletindo agora sobre todo o processo da aplicação do projeto no Ensino Médio, percebo que alguns aspectos ficaram em destaque e merecem uma análise mais detalhada, a qual será dada na conclusão. Entretanto, vale a pena citar aqui alguns exemplos destes aspectos tais como: a dificuldade dos alunos em elaborar produções criativas e de tomar decisões, como no caso da confecção dos portfólios que acabaram saindo bem parecidos. Também a dificuldade de pensar na Arte como algo próximo a eles, um aspecto que, aliás, julgo não ter sido abordado de forma satisfatória no projeto. Também me questiono se o projeto poderia ter sido diferente com relação às atividades práticas, propondo algo que chamasse atenção pelo tamanho ou pela inovação, ao invés de ser um tanto modesto. Mas justifico esta atitude explicando que o projeto não visava que os alunos ficassem várias aulas envolvidos numa mesma atividade manual. O interesse era realmente a produção do portfólio, discutir as questões relacionadas ao gênero feminino e à arte, além de manter o equilíbrio entre prática e teoria. A experiência foi muito útil e produtiva. Consegui expor os pontos importantes do projeto, fazer com que os alunos tomassem consciência da importância da figura feminina
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na arte e de seus prĂłprios sentimentos e ideias. De maneira geral, os alunos expuseram estes sentimentos e, embora nĂŁo utilizassem muito a criatividade, absorveram o conteĂşdo do projeto e demonstraram ter atingido boa parte dos objetivos propostos, de acordo com minhas expectativas.
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O tema mais abrangente desta monografia é o Gênero, um dos chamados temas transversais sugeridos pelos PCN‟s a serem trabalhados com alunos em todas as escolas do país.
Criados em 1996 pelo governo federal, os PCN's têm por objetivo estabelecer uma referência curricular nacional. No Brasil, essa é a primeira vez que o tema orientação sexual ou educação sexual é oficialmente inserido no currículo escolar nacional. De acordo com esse documento, os temas transversais tematizam problemas fundamentais e urgentes da vida social-ética, saúde, meio-ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural. Eles devem ser trabalhados, ao longo de todos os ciclos de escolarização, de duas formas: dentro da programação, através de conteúdos transversalizados nas diferentes áreas do currículo e como extra programação, sempre que surgirem questões relacionadas ao tema (ALTMANN, 2003).
A questão do gênero masculino e feminino está inserida em orientação sexual e não se restringe somente à sexualidade e à reprodução, mas também as relações sociais. A escola deverá incentivar o diálogo e a reflexão sobre esse assunto, possibilitando ao aluno uma construção de valores significativos a respeito de si mesmo e do outro. Este trabalho vem abordar a questão do gênero feminino, tentando reforçar alguns aspectos relacionados à mulher, dos quais a Arte possa ser representante, tais como: De que forma a mulher é representada pela Arte em determinadas épocas, em culturas diversas e por diferentes artistas? Qual seria o seu papel e que influência teria exercido, na sociedade da qual fazia parte naquele período da História? Considero a ligação existente entre e Arte e a figura da mulher, que vem desde os primórdios da “invenção” da Arte pelo ser humano, um assunto muito interessante, entretanto pouco comentado. Pensando em elucidar um pouco deste mistério que é a fascinação da Arte em representar a figura feminina, este trabalho buscará subsídios em livros de História da Arte e outros que falem da história da mulher. Também serão
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pesquisadas biografias de alguns artistas que se utilizam da imagem da mulher para expressar sua Arte. A questão primordial deste trabalho não é esclarecer esta relação, mas antes, estabelecer um paralelo entre a figura feminina e a Arte, tentando definir da melhor forma possível esta ligação constante e por vezes sublime.
Que motivo leva o ser humano a representar a si mesmo em suas obras de arte? Talvez um dos motivos seja a fascinação que o homem e a mulher têm pela imortalidade. A natureza efêmera da vida humana o impele a buscar formas de ser lembrado após sua breve passagem pelo mundo, eternizando a sua própria imagem e ainda, a imagem de outros que, quer seja de forma positiva ou negativa, não deve ser esquecida. No caso da representação do corpo feminino, que teve início na Pré-História, acredita-se que tenha sido uma necessidade imposta pela natureza religiosa do ser humano. As primeiras imagens do corpo feminino de que temos conhecimento são como a Vênus de Willendorf, que data de 24.000 a 20.000 ª C. Estas imagens eram esculpidas em pedras que provavelmente já possuíam um formato sugestivo da idéia a ser trabalhada. Algumas destas esculturas parecem ter nascido do reconhecimento e elaboração de semelhanças acidentais. Numa fase anterior, os homens da Idade da Pedra contentavam-se em colecionar seixos e outros objetos em cuja configuração natural descobrissem qualquer poder 'mágico'. Encontram-se ainda ecos deste modo de ver em peças mais trabalhadas de tempos posteriores. Assim, a chamada Vênus de Willendorf, na Áustria, uma das muitas estatuetas femininas da fecundidade, tem as formas arredondadas e bulbosas de um 'seixo sagrado'. O seu umbigo, que marca o centro do desenho, é uma cavidade natural da pedra (JANSON, 2001, p. 45).
Estas estatuetas, as esteatopígeas segundo D'Aquino (1980, p. 5), “eram pequenas e muito gordas, simbolizando a fertilidade e a natureza abundante”. Desta forma
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ele conclui que “talvez tenha sido a magia a primeira força intuitiva a levar o homem ao ato estético. Estas estatuetas faziam parte do culto à Deusa Mãe. Esta idéia de vincular a imagem de uma mulher desproporcionalmente robusta à de uma deusa da fertilidade, perdurou por muitos milênios e perpassou por diversas culturas. Portanto, analisando estas obras de arte percebemos que a importância da mulher na sociedade era, principalmente, relacionada à preservação da espécie. Dependia delas a continuação da vida e também uma ligação com os deuses, porém, ainda assim eram consideradas mais frágeis e incapazes de atos heróicos, os quais eram comuns aos homens.
A mulher egípcia, em comparação com as de outras civilizações antigas, possuía um “status” privilegiado, “a igualdade entre os sexos era um fato natural e comum [...] tanto em dignidade como em direito” (SANTOS, 2005, p. 1), tinha o direito de ir e vir com ampla liberdade. A partir da maioridade e mesmo após o casamento, as egípcias podiam dispor de seus bens e intervir na gestão do patrimônio familiar. O fato de a família ser extremamente importante para esta sociedade colaborava grandemente para que mulher fosse respeitada, pois os filhos eram essenciais para a felicidade do casal. Cada mulher era considerada de acordo com a classe à qual pertencia. A rainha ocupava um lugar importante junto ao faraó, geralmente exercendo forte influência sobre ele. Algumas chegaram a assumir o trono como soberanas “e a mais célebre delas foi certamente Cleópatra, pois sua beleza, inteligência, audácia e ambição tornaram-se lendárias” (LAMAS, 1952, p. 217). Havia também as sacerdotisas, quase sempre tinham sangue nobre e participavam tanto do culto às divindades femininas como as deusas Ísis e Neith, quanto dos deuses como Osíris e outros. Os egípcios consideravam a mulher dotada de maior sensibilidade que o homem. Ainda havia a classe trabalhadora, onde qualquer mulher que recebesse instrução adequada poderia exercer diversas profissões. Existem registros inclusive de mulheres que eram supervisoras das oficinas de fiação, que dirigiam canteiros de tecelagem e que eram intendentes da câmara funerária.
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Fisicamente a mulher egípcia tinha um padrão a seguir, devendo ser esbelta, alta, com longas pernas, seios pequenos e longos cabelos negros. [...] a gordura não era bem vista e deveria ser evitada. [...] Com todo esse cuidado com a beleza, as mulheres ficaram com a fama de belas, mas traiçoeiras. A estatuária e a iconografia revelaram essa beleza que atraiu e provocou perturbação: os primeiros cristãos temendo essas imagens destruíram ou cobriram de gesso as inúmeras representações das mulheres (SANTOS, 2005, p. 6).
As mulheres egípcias eram muito sensuais. Usavam geralmente vestidos leves, transparentes que cobriam o seio esquerdo deixando o direito à mostra. “Pintavam os lábios de vermelho e os contornos dos olhos com um pó negro, que realçava a brancura da pele, dava maior brilho ao olhar além de protegê-los de oftalmias” (LAMAS, 1952, p. 223). Sabemos que os egípcios valorizavam muito a religião e a vida após a morte. Acredito então que a decoração da tumba de Nefertari, esposa de Ramsés da XIX Dinastia, possa ilustrar bem a relação da arte desse povo com a representação da mulher. Na citada obra a Rainha Nefertari aparece acompanhada da deusa Ísis que a ajudará a vencer as dificuldades e alcançar a vida de além túmulo. Elas estão de mãos dadas e têm o mesmo tamanho, o que significa que a rainha está sendo igualada a deusa. Pois havia uma hierarquia na pintura egípcia relacionando o tamanho do ser representado à sua importância para o reino.
“Alguns aborígenes indianos agrupavam-se em tribos monárquicas, mantendo, contudo a filiação uterina” (SANTOS, 2005, p. 346), ou seja, se formavam em torno de uma matriarca. Ao se casar, a mulher trazia o marido para junto de sua família. Esta aceitação da proeminência social feminina acontecia em sociedades agrícolas. Já os povos conquistadores davam preferência a um sistema de autoridade masculina. Como todos os povos antigos, os indianos védicos subordinavam costumes e leis à religião que professavam. Então será nos monumentos poéticos e religiosos que encontraremos elementos sobre a situação da mulher hindu. No Panteão hindu havia muitas divindades femininas, algumas muito respeitadas, como “Aditi – a Mãe Universal – a qual o culto prestado era muito fervoroso, com um simbolismo elevado e transcendente. Houve tempo em que só a mulher podia exercer o sacerdócio daquela deusa” (SANTOS, 2005, p. 351).
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Parece-nos que primitivamente os casamentos eram monogâmicos e que mais tarde, quando a poligamia se estabeleceu, a primeira esposa conservou sua posição superior. No período mais antigo da sociedade hindu, as mulheres eram respeitadas, não tinham que ser submissas e por isso eram companheiras perfeitas para os maridos. Após esta época, a religião brâmane e o Budismo implantaram um forte puritanismo. Condenou-se o jogo, o canto, a dança, as bebidas alcoólicas, a carne, os prazeres sensuais e pouco a pouco a mulher foi privada de toda a liberdade de que gozava. Surgiram as castas e a conseqüente proibição dos casamentos entre elas. Quanto às mulheres, o brâmane Manu escreveu: “Enquanto criança, a mulher deve depender do pai; durante a juventude, do marido; depois da morte deste, dos filhos.” E mesmo que honrada, a mulher não podia dar testemunho em julgamentos ou processos. Sua palavra não tinha valor devido à inconstância do seu espírito. Após o casamento, as mulheres deveriam estar sempre enfeitadas, jamais guiarse apenas por sua vontade, serem constantemente vigiadas, ter amor ilimitado pelo marido, independente dos seus defeitos. Os maridos, por sua vez, tinham todo o direito de espancálas. A viuvez, ao menos até meados do século XX, era considerada uma desgraça, pois a pobre viúva era amaldiçoada.
As viúvas são em grande parte muito novas, [...] os pais casam as filhas quando ainda crianças, continuando elas a viver na casa paterna até atingirem a idade núbil. Só então o casamento é consumado. “Se, entretanto, o marido morre, tiram à juvenil esposa o taly (uma jóia de ouro que todas as mulheres casadas usam) que lhe tinha sido colocado durante as cerimônias nupciais e ela fica condenada para sempre à viuvez, sem ter chegado, sequer, a conhecer sua vida conjugal. Explica-se assim que existiam, ainda hoje (metade do século XX), na Índia, Cerca de dois milhões de viúvas de dez a quinze anos e, aproximadamente, mil e quinhentas com um ano de idade ou menos (SANTOS, 2005, p. 373).
Outro costume indiano não imposto, mas seriamente recomendado às mulheres viúvas era o sáti, que não era um simples suicídio, mas um sacrifício no qual a mulher se deixava queimar viva na mesma pira onde o corpo do marido era consumido. A horrível instituição do sáti, [...] se generalizou fortemente nos fins do século VI da nossa era. O maometano Albénuri dizia, já no século XI: 'quando um homem morre, a sua mulher não pode tornar a matrimoniar-se e só pode escolher entre dois caminhos: imolar-se com o seu marido ou ficar viúva até o fim da vida‟.( SANTOS, 2005, p. 375).
Após muitos esforços, esse costume foi abolido e passou a ser considerado crime grave em 1829.
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A pintura ou escultura na Índia representam o corpo humano em todo o seu esplendor. Realça os volumes e mistura o realismo à idealização. A Arte surge da religião e está a serviço dela. Inclusive a sensualidade aparente nas obras tem caráter religioso Como se pode ver em algumas imagens, onde aparece uma “ondulante figura feminina, na flor da vida, com formas arredondadas, seios globulosos e corpo estreito” (Portal Artes), à frente de seu jovem esposo. A cena do casal amoroso pode nos parecer mundana, mas está repleta de simbolismo religioso, pois a união sexual simboliza a união dos princípios masculino e feminino.
A civilização grega divide-se em períodos. Na época homérica, a mulher possuía grande dignidade e prestígio. Todas as mulheres ricas ou pobres trabalhavam dirigindo os serviços domésticos, supervisionando as escravas e elas mesmas teciam e fiavam. As grandes damas, como Helena e Andrômaca, dedicavam-se à arte de bordar. No período denominado Grécia Histórica, a situação das mulheres sofreu forte revés. A organização familiar alterou-se e a mulher atingiu um grau de inferioridade surpreendente. Quando chegavam à idade núbil, eram dadas em casamento, o que as desligava das suas famílias para sempre. Após o casamento, viviam reclusas em casa, não recebiam visitas nem saíam às ruas desacompanhadas ou sem a permissão dos maridos. A
educação
era
diferente
da
dos homens, o
que
restringia-lhes
o
desenvolvimento intelectual e aumentava a distância entre elas e os maridos. Estes pouco ou nada se importavam com as esposas ou com a vida doméstica. O divórcio era concedido apenas ao homem, o motivo podia ser qualquer um, verdadeiro ou não, e os filhos em hipótese alguma eram deixados com a mãe. Em Esparta, a educação não fazia distinção de sexo ou idade. O casamento deixou de lado o caráter sagrado e passou e ser de interesse do Estado. Às mulheres cabia dar à luz filhos fortes e robustos. Todos sem distinção eram treinados para a Guerra. Situações antagônicas nos chamam atenção em Esparta. As jovens usavam roupas que pouco ou nada escondiam do seu corpo e que eram descartadas quando se entregavam a alguns jogos:
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As danças, jogos e lutas que as jovens faziam, completamente nuas, na presença dos rapazes, atraíam-nos ao casamento. [...] não pretendia-se atribuir à nudez feminina um sentido desonesto, pois acrescentava-se:a virtude servia-lhes de manto e desviava toda idéia indecorosa (LAMAS, 1952, p. 436).
Depois de casadas, entretanto, as esposas espartanas não saíam de casa sem velar o rosto, pois ditava a lei: "As raparigas precisam encontrar marido e as esposas de conservar o seu." Em Atenas, não existiam escolas para o sexo feminino e a educação dirigida às mulheres servia para direcioná-las para a submissão. Para o Estado, o casamento tinha a função de aumentar a população. A prostituição era um grande problema na Grécia. Havia, porém, um tipo específico de cortesãs que se tornaram um símbolo, eram as hetairas. Viviam à margem da moral e da família, mas não se entregavam simplesmente à prostituição. Eram mulheres que se libertavam do gineceu, dedicando-se à leitura, aos estudos da filosofia e à apreciação das belas artes. Tornavam-se cultas e admiradas pelos homens, cujas esposas haviam se tornado ignorantes graças a eles mesmos. As hetairas conviviam com filósofos, poetas e artistas. O culto da beleza foi o grande ideal da civilização grega. Ser belo era dever de todos, e a arte representava muito bem esta beleza idealizada. Ainda hoje os mármores gregos, tanto completos quanto mutilados, enchem de esplendor os museus e deslumbram, por sua inimitável perfeição, os artistas ou simples admiradores que os contemplam. Todas as mulheres gregas, quando ricas, reclusas ou não, dedicavam grande parte do seu tempo a embelezar-se, tomavam banhos com leite de burra, banhos de vapor, faziam massagens, depilação, pinturas para a face, lábios, pestanas e sobrancelhas, usavam cremes para branquear os seios, essências raras. Nos cabelos usavam penteados complicadíssimos, tintas e ferros para frisá-los. O vestuário obedecia a preceitos estéticos rigorosamente seguidos, mas não faziam esquecer que a verdadeira beleza estava na nudez. Também usavam muitas jóias. Essa vida medíocre reduzida a conversas frívolas, ao exibicionismo e a mesquinhos prazeres, acabou por atrofiar a personalidade dessas mulheres para as quais a casa era uma prisão e o marido, um carcereiro.
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“A Idade Média era essencialmente hierárquica” (YALOM, 2002, p. 69), as pessoas serviam outras, obedecendo à superioridade das castas e todos serviam ao rei. E em todas as classes sociais as esposas eram subservientes ao marido. Esposas exemplares e mães zelosas, este era o ideal das mulheres da época medieval. Nesta fase da história, a classe comerciante se expandia e integrava a mulher, que geralmente eram filhas ou esposas ajudando o pai ou o marido nos negócios. Nesta época, a igreja assumiu gradualmente a celebração da cerimônia de casamento e começou-se a usar as célebres palavras “Você quer receber esta mulher com sua esposa, para amá-la e respeitá-la, na saúde e na doença, e estar ao seu lado em todos os momentos em que ela precisar...”. Ao dirigir-se à mulher, as palavras eram repetidas e ainda acrescentava-se “ser obediente e servi-lo” (YALOM, 2002, p. 77), ou seja, a esposa devia ser totalmente submissa ao marido.
O espancamento legal das esposas não desapareceu com a Idade Média. Foi praticado em muitos lugares no século XIX e, mesmo depois, quando passou a ser proibido por lei, continuou a existir entre todas as raças e classes sociais. Nossos recentes esforços em propiciar ajuda às mulheres espancadas e apagar esta prática considerada uma ofensa criminal é uma corrida contra séculos de tradição (YALOM, 2002, p. 70).
Entre os povos bárbaros, a mulher era considerada inferior, ingênua e indefesa. Além da desigualdade econômica, estava sempre sujeita a humilhações e ofensas. Tanto como a sua vida, a sua honra corria grave risco naquele ambiente de violência e rudeza. No regime feudal, não existia primazia da descendência, ou seja, eram considerados igualmente os nomes do pai e da mãe. O casamento era uma associação de interesses, "o matrimônio era, para as mulheres, uma instituição protetora, sob os pontos de vista moral e econômico” (LAMAS, 1952, p. 44). Na época medieval, a vida estava diretamente ligada à religião e esta controlava diretamente as atividades artísticas deste período, ou seja, a Arte estava a serviço da religião e era usada basicamente como forma de doutrinar os iletrados através das imagens sugestivas. Portanto, se considerarmos a condição de inferioridade da mulher, não será difícil imaginar porque nesta época são raras as imagens que as representam. Admitiam-se apenas imagens femininas de santas e da Virgem, geralmente expostas nas igrejas.
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O Renascimento corresponde a um período de revolução espiritual, que não só atinge todas as classes como também estabelece um princípio de igualdade entre os sexos.
Não quer isto dizer que desaparecessem as injustiças que pesavam sobre a humanidade em geral e sobre a mulher em particular. A condição do sexo feminino, na generalidade, continua a ser precária, como a vida humana está longe de atingir aquela harmonia.(LAMAS, 1952, p. 207).
As mulheres das classes superiores passaram a receber a mesma instrução que os homens. A literatura, filosofia e a oratória passaram a fazer parte de suas vidas e eram assuntos discutidos entre homens e mulheres livremente. O fato indiscutível é que, ao receber a instrução que antes não lhe havia sido facultada, a mulher eleva-se imediatamente ao nível intelectual do homem e encontra em si própria as energias indispensáveis ao brusco desenvolvimento do seu espírito. Ela que durante milênios fora relegada para um plano de servidão e animalidade, olhada apenas como instrumento de procriação, trabalho e prazer, assimila, em dois séculos, a sabedoria de que o homem se orgulhava como de um privilégio seu.(LAMAS, 1952, p. 210).
Muitas mulheres destacaram-se nesta época, não só pela sua inteligência, sabedoria, beleza e coragem, mas sobretudo por sua "personalidade inquietante". (LAMAS, 1952, p. 214). Vitória Colonna (1490-1547), marquesa de Pescana, foi uma figura brilhante no Renascimento Italiano. Talentosa poetisa associou as idéias cristãs e platônicas nas Rimas. Amiga direta de Miguel Ângelo e de alguns dos mais elevados espíritos de Roma, como Bernardo Tasso, Castiglione e Bembo. Ocupou lugar destacado entre as escritoras que no século XV e XVI foram celebridades. Nesta época, os casamentos ainda eram arranjados pelos pais dos noivos. A jovem passava bruscamente do poder do pai, ou do convento, à liberdade da vida mundana. Sua personalidade se desenvolvia rapidamente e, não raro, com algumas surpresas. Freqüentemente uma mulher envenenava o marido, que atrapalhava seus amores ilícitos. Isto ainda podia causar outros crimes, como a vingança da família dele, por exemplo. Nas artes plásticas, a participação das mulheres era insignificante, porém foram exaustivamente representadas por inúmeros artistas. 17
O culto à beleza física é uma característica muito forte na Renascença. A beleza da mulher neste período difere do que se via na Idade Média, onde existia um misto de fragilidade, ingenuidade e malícia. Na Renascença a feminilidade desabrochava com plenitude, era uma beleza humana, altiva e correspondia ao desenvolvimento espiritual. Mesmo nas Madonas, representações da Virgem, a mulher possuía uma beleza real, como a Madona Della Sedia de Rafael (Grande Arte na Pintura, A – V. 2. p. 262). Surgiram também retratos femininos de meio corpo, como o Retrato de Simonetta Vespucci de Piero di Cosimo (Grande Arte na Pintura, A – V. 1. p. 253) e a consagrada Monalisa de Leonardo da Vinci Estas obras são realistas e retratam a visão do mundo sobre a mulher da época, espiritualizada, forte, corajosa e audaciosa. Ao observarmos o Retrato de Simonetta Vespucci, por exemplo, notamos que o nu não é algo casual, ao contrário, é proposital e desafiador. E a serpente dá um ar de malícia e sedução.
A condição da mulher a partir do Renascimento teve uma mudança significativa. Porém, esta evolução intelectual que perpassa os séculos XVI, XVII e XVIII tem vários pontos a serem levantados. Por exemplo, o privilégio de aprender e desenvolver o intelecto era concedido apenas às mulheres de classes abastadas. Também houve o aumento da frivolidade, o casamento apenas por interesse e o quase total abandono dos cuidados com os filhos, especialmente nas cortes. Para se avaliar até que ponto a idéia do amor estava desligada do casamento, basta dizer que se chegou ao extremo de considerar irregulares não as ligações ilícitas, mas os 'casamentos de inclinação', tidos como um perigo para a tranqüilidade e prestígio das famílias, [...] que não estava nos casamentos sem amor, mas sim nos casamentos desiguais, que obedeciam [...] os sentimentos desprezando conveniências e a razão (LAMAS, 1952, p. 335).
A educação que as jovens recebiam, geralmente nos conventos, incluindo a leitura, a escrita e as “prendas femininas”, apenas as preparavam para a vida doméstica.
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Nesta época, proliferou-se a bruxaria, e a sua repressão provocou um verdadeiro morticínio. Na França, entre 1645 e 1648, foram queimadas vivas muitas centenas de feiticeiras. E na Baviera, em cinco anos, queimaram 1500 acusadas. Devemos notar que esta espantosa abundancia de feiticeiras era devido aos interesses de pessoas que se utilizavam de quaisquer meios para satisfazer seus desejos de riquezas, vinganças etc. Durante este período começam a aparecer as mulheres nas artes plásticas. desde a Grécia não encontramos uma artista, o que não quer dizer que não tivessem existido [...] na Grécia e em Roma [...] há registros de suas realizações durante a Idade Média [...] [quando surgiram] personalidades artísticas [...] de 1550 até meados do século XIX só lhes era permitido pintar temas delicados (JANSON, 2001, p. 718).
Vemos que as mulheres continuam sendo tratadas como inferiores e as poucas que fugiam a esta regra pertenciam a famílias de artistas. A primeira a destacar-se foi Artemísia Gentileschi (1593 – 1653), filha de Horácio Gentileschi, discípulo de Caravaggio, que aprendeu o ofício com seu pai. Aos quinze anos foi violentada por um professor, amigo de seu pai. As obras de Artemísia apresentavam temas relacionados a heroínas bíblicas, que lutavam por si e por seu povo. Algumas obras representavam essas heroínas em situações trágicas, como Judite decapitando o general Holofernes. A mulher dessa época enfrentou períodos conturbados de severas mudanças sociais, como durante a Revolução Francesa (1789 – 1799), por exemplo, na qual a mulher participou diretamente. Apaixonadamente, lutou, matou, sofreu, morreu e ao final foi novamente relegada á condição de subalterna. Durante o Romantismo, que também se insere neste período, a literatura e as artes criam um novo tipo de mulher: sentimental a ponto de morrer de amor. a influencia exercida sobre a mulher pelas idéias do tempo e pelo ambiente artificial, impregnado de romantismo, em que vivia, foi muito profunda. „os retratos femininos da época romântica documentam expressivamente a psicologia dessa mulheres-anjos (como as burguesinhas de Ingres),com as suas atitudes languidas e os seus bandóis lisos, personificam a própria melancolia (LAMAS, 1952, p. 533).
Nesta época pacífica há um favorecimento do desenvolvimento da vida espiritual, do interesse pelas Artes e a literatura atinge a categoria de primeiro plano. A mulher deste período conquistou a sua dignidade de ser humano através do trabalho. Mas esta conquista foi verdadeiramente dura e lenta.
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A partir de 1914, após as mulheres terem mostrado ser tão eficientes quanto os homens em várias atividades nas indústrias, seus salários tiveram um aumento significativo, permanecendo, porém, inferiores aos dos homens.
A Revolução Francesa (1789 – 1799), na qual as mulheres tiveram participação decisiva, não provocou mudanças importantes em suas vidas. Entretanto, despertou a atenção por parte das mulheres com relação à sua condição social e aos direitos que poderiam obter caso se unissem. Esta idéia fomentou-se e algum tempo depois surgiu, primeiramente na França, o movimento feminista, cuja finalidade era lutar pelo reconhecimento dos direitos das mulheres. Desde então as mulheres de todo o mundo vêm adquirindo valorização e respeito, tanto profissional quanto social, mas de formas distintas em cada país. Em alguns, os direitos femininos evoluem rapidamente, enquanto em outros sofre retrocesso. No Brasil, por exemplo, onde o movimento feminino desenvolveu-se desde 1920, graças a grandes mulheres como, por exemplo, Bertha Lutz e Maria Luísa Bittencourt, tivemos progressos significativos.
foram incorporados na nova Constituição de 1934, entre outros [...], direitos políticos iguais; direitos individuais iguais sem distinções de sexo ou de estado civil, Igualdade dê salários; proteção da maternidade e da infância, As mulheres podem ascender-se ao cargo de ministro e exercer o poder jurisdicional e ingressar na carreira consular ( LAMAS, 1952, p. 639).
No mundo moderno tudo acontece muito rápido. Mudanças importantes não precisam de séculos para se concretizar. Uma década é suficiente para que tradições virem História e situações que jamais haviam sido cogitadas se transformem em hábito. Após a Segunda Grande Guerra, tudo mudou. Vejamos então uma ligeira e superficial retrospectiva de fatos importantes para a emancipação feminina no que corresponde à sua liberdade de expressão e conseqüentemente na reivindicação dos seus direitos. Na segunda metade do século XX, a feminilidade está em alta. Surge o “rock and roll”, sinônimo de rebeldia. Aparece a mini-saia, causando escândalo entre os conservadores. A pílula anticoncepcional permite que a mulher decida quando quer ser mãe.
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O movimento hippie promove uma onda de “paz jovial” e do “amor livre”. A mulher torna-se uma profissional respeitada e o direito à educação igual à dos homens finalmente foi conquistado. No mundo das Artes, a mulher ganhou espaço e credibilidade. Participou de movimentos reformadores e contestadores, provando seu valor em todos os campos da Arte. Tudo isso, embora seja um avanço enorme, não ocorre de forma homogênea. Em muitos países, a mulher ainda é menosprezada e humilhada, como se fosse uma criatura inferior. Em muitas empresas o salário feminino é inferior ao dos homens, mesmo em cargos iguais. Isso sem falar na violência contra a mulher, um crime chocante que ainda está longe de ser erradicado.
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A questão do Gênero, como já foi citado no primeiro capítulo deste trabalho, é de suma importância para o desenvolvimento pleno do educando. Esse assunto poderá e deverá ser abordado pelas escolas em todas as disciplinas. Um dos objetivos da educação deve ser proporcionar aos educandos uma formação crítica e consciente. Isto irá colaborar para que eles se tornem cidadãos transformadores das estruturas sociais e que se incluam na História como sujeitos e não como objetos dela. Esta prerrogativa me estimulou a realizar a pesquisa que trata do gênero feminino, pois, embora estejamos tão avançados com relação aos conhecimentos referentes ao mundo a até fora dele, ainda não se conhece satisfatoriamente o ser feminino. Seus desejos, suas necessidades, suas preocupações, seus conceitos e sua força, são desconhecidos até mesmo para algumas mulheres. Percebo que estamos regredindo em relação ao alto índice de violência, de incompatibilidade e de intolerância. É claro que estes flagelos não atingem somente a mulher, porém é no sexo feminino que estes problemas se refletem mais. Portanto, ao abordar este tema, o gênero feminino dentro do ensino da arte, eu espero de alguma forma colaborar para uma transformação. Para que as jovens “mulheres” percebam que existe um passado de lutas que as precede, onde mulheres fortes, dedicadas, destemidas, amorosas e até mesmo maldosas, ainda que a seu modo, lutaram em defesa dos seus interesses individuais ou coletivos. Também para que os rapazes visualizem um passado de dor e humilhações sofridas pelas mulheres que não pode ser apagado e que não deve ser esquecido, para que não retornemos a ele. Neste ponto, para demonstrar e ilustrar esta idéia de força feminina que luta por seus direitos, eu poderia preparar um material a respeito de alguma mulher forte e que tenha gravado seu nome na História da Humanidade. Para que o assunto a ser explorado neste projeto possua uma ordem cronológica, eu poderia escolher primeiro a Cleópatra, do Egito Antigo.
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Ela foi uma mulher à frente do seu tempo; inteligentíssima, corajosa, apaixonada e, não raro, muito má. Poderia preparar um polígrafo contando a história dessa grande mulher de forma resumida para ler junto com os alunos. Em seguida, poderíamos assistir juntos ao filme “Cleópatra” ou trechos do mesmo, selecionados por mim, que sejam interessantes e que permitam aos alunos perceber detalhes da cultura egípcia. Utilizando imagens e fazendo-os relembrar as cenas do filme, eu poderia aproveitar para conversar com eles sobre a cultura egípcia, por exemplo: que a vida e os costumes egípcios giravam em torno da religião e da preocupação com a vida após a morte; que as esculturas e a arquitetura desse povo sempre demonstravam poder, força, durabilidade, mistério e sentimento de eternidade; para que serviam as pirâmides; como era a escrita dos egípcios; o segredo da mumificação. Poderia também falar das características marcantes que fazem parte da pintura egípcia, inconfundível. Pensando numa maneira de trabalhar esse assunto de forma concreta com os alunos e para que eles possam registrar os novos conhecimentos de forma lúdica e agradável, poderei optar pela produção de um portfólio. Este recurso é interessante, pois pode reunir numa mesma proposta artística vários processos de produção. O portfólio é composto de várias páginas que podem ser confeccionadas da forma e com o material que o aluno preferir. Há um tema geral, que no caso deste projeto será o “Gênero feminino”. Serviria para que os alunos registrem as impressões pessoais que o conteúdo das aulas lhes causar, a respeito do assunto tratado, da personagem apresentada e da época a qual nos referimos. Poderão registrar também impressões percebidas em relação aos colegas e à professora. Poderão e deverão também produzir textos, registrar debates, fazer anotações sobre o assunto. Estas anotações podem ser feitas através de desenhos. Os registros serão individuais, porém haverá atividades propostas por mim que deverão fazer parte do portfólio de toda a turma. Elas serão detalhadas de acordo com o andamento do projeto. Em cada página o aluno poderá se utilizar de diferentes processos para elaborar o portfólio. Os processos podem ser: desenhos com lápis 6B, desenho e pintura com lápis de cor ou canetinha, recorte e colagem com papéis ou tecidos, pinturas com tinta guache ou outra, dobraduras, colagem de fotografias, poderá usar dois ou mais processos citados ao mesmo tempo, etc. Geralmente o professor estipula um número mínimo de páginas que o portfólio deverá conter. Eu acredito que para este projeto quinze páginas serão suficientes.
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Após assistir ao filme “Cleópatra”, explicarei aos alunos que a forma de registro das nossas aulas será a produção de um portfólio. Poderei mostrar um ou mais exemplos deste tipo de trabalho e os auxiliarei na escolha dos formatos e do material básico para a confecção do mesmo. A primeira página do portfólio, portanto, deverá entrar no contexto do tema da aula, que será “A mulher na cultura egípcia”. Eles poderiam fazer desenhos coloridos com canetinhas e lápis de cor. Estes desenhos poderiam ser, por exemplo: mulheres com os trajes típicos, seguindo as regras da pintura egípcia, como a Lei da Frontalidade e a hierarquia de tamanhos, as quais teriam sido previamente explicadas. Ao inserir o tema Gênero feminino tão importante, delicado e sempre atual no ensino da Arte, pretendo demonstrar o quanto a mesma colabora com o registro da História da Humanidade e que mesmo de forma não-intencional, “documenta” a vida. Poderia
então
apresentar
algumas
imagens
de
obras
de
Arte
que
representassem cenas das vidas das pessoas, principalmente das mulheres de uma determinada época. Obras como: Retrato de casamento ou Casal Arnolfini, de Jan Van Eyck. Esta pintura é a obra mais famosa de Van Eyck. Foi uma das primeiras telas que não utilizam o tema hagiográfico (descrição da vida de algum santo). Representa uma cena do cotidiano, porém está carregada de simbolismos, como o cão, que representava a fidelidade, e a lâmpada com apenas uma vela, que representava o amor. Outro detalhe interessante são as pequenas pinturas que aparecem no espelho, que é um dos objetos que mais chamam atenção na obra. Estas figuras têm entre 1,5 e 5 cm. Posso comentar com os alunos que este artista foi um dos precursores do Renascimento. Também foi um dos primeiros a retratar cenas da vida de pessoas comuns, já que até então os artistas da Idade Média representavam apenas temas religiosos. Podemos também fazer uma leitura de imagem e conversar um pouco sobre a vida da mulher na Idade Média, como aconteciam os casamentos por conveniência e como se esperava que uma esposa se comportasse, assunto, aliás, que faz parte da minha pesquisa sobre o gênero feminino e diz basicamente que a mulheres da Idade Média deviam ser esposas exemplares e mães zelosas. A leitura de imagem da reprodução deste obra de Jan Van Eyck, fornecerá subsídios para que os alunos possam produzir mais páginas do portfólio. Poderemos também observar outras imagens da época que, embora não tratem exatamente do tema da mulher, mostram detalhes de roupas, calçados, chapéus e acessórios femininos da época. Como as personagens deste período estão sempre muito bem vestidas, os alunos poderiam
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realizar colagens com tecidos, papéis, etc. Isto certamente resultaria em trabalhos mais elaborados. Outra idéia seria as meninas trazerem bonecas (Barbies) para a sala de aula, onde poderíamos confeccionar roupas para as bonecas. Em seguida poderíamos fotografálas e as fotos iriam para os portfólios, com interferências ou não. Aproveitando a idéia das bonecas em sala de aula, poderíamos conversar sobre Gabrielle Bonheur Chanel, a famosa estilista conhecida como Coco Chanel. Chanel era uma mulher forte, lutadora e inovadora. Eu enfatizaria para os alunos que ela veio de família pobre, viveu num internato porque perdeu sua mãe quando criança e ainda assim tornou-se uma profissional muito respeitada. Chanel foi a inventora das primeiras calças femininas e do perfume nº 5, que a tornaria mundialmente famosa. Acredito que a visualização é sempre a maneira mais eficaz de conseguir a atenção dos alunos, pois crianças e adolescentes são muito suscetíveis a estímulos visuais. Portanto, para tratar com eles a respeito da produção artística feminina, eu poderia selecionar imagens de obras da Artemísia Gentileschi. Eu poderia preparar uma apresentação em PowerPoint, contando aos alunos um pouco da história da vida e da obra desta artista. Ela foi a primeira mulher a se destacar na pintura a partir do século XVII. Filha do pintor Orazio Gentileschi, foi treinada a princípio por ele e aos quinze anos foi violentada por um professor, amigo de seu pai, que fora contratado para lhe dar aulas de pintura. Sua obra, num estilo muito realista, retrata muitas cenas de trágicas heroínas bíblicas, como Judite, que salvou seu povo decapitando o general Holofernes. Aparentemente, estas obras refletem seu desejo de vingança contra o seu molestador, que foi absolvido no julgamento. Após a apresentação das imagens, poderei discutir com os alunos temas como o respeito ao trabalho feminino, a preocupação com a pedofilia, a submissão feminina e a impunidade dos crimes contra mulheres e crianças. Os alunos poderão utilizar manchetes de revistas e jornais para fazerem uma ou mais releituras das obras de Artemísia Gentileschi. Baseando-se em acontecimentos atuais, poderão ir compondo os seus portfólios. Ainda dentro do assunto da mulher e a produção artística, poderei apresentar para eles duas artistas brasileiras, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, que são dois ícones da pintura feminina no Brasil. Pedirei então que eles façam uma pesquisa em casa, na internet ou em livros, sobre os artistas da “Semana de 22”. Eles deverão descobrir quais os temas mais recorrentes da época; quais os principais nomes que participaram do evento; a quais
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movimentos artísticos pertenciam e quais as principais obras que participaram da exposição. Na aula seguinte, colocaria os alunos em círculo e faríamos um debate a respeito de tudo que cada aluno pesquisou e também das minhas anotações. Após o debate, eu mostraria um material em PowerPoint ou retro-projetor, mais especificamente sobre Anita Malfatti e Tarsila do Amaral. Elas foram duas mulheres talentosas e diferentes, tanto em estilo quanto em personalidade. Tarsila do Amaral era bonita e extrovertida, e sua obra demonstra isso. Já Anita Malfatti, devido a uma atrofia na mão direita, pintava com a mão esquerda e achava-se feia. Sua obra expressa uma certa melancolia. Tanto uma como outra tiveram grande participação no movimento modernista brasileiro. Este movimento significou uma profunda mudança nos conceitos estéticos da Arte no Brasil e no mundo. Podemos falar e mostrar imagens de outros artistas da época, como: Dominique Ingres, do Romantismo; Claude Monet, do Impressionismo, e Paul Cézanne, do Expressionismo. Esta rápida pincelada em outros pintores modernos e os movimentos artísticos dos quais faziam parte servirá para que os alunos possam perceber o quanto a Arte evoluiu rápido nos últimos dois séculos. Voltando a Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, poderei conversar com os alunos sobre os temas utilizados pelas duas artistas e então mostrarei os auto-retratos de ambas. O auto-retrato é um tipo de obra de Arte na qual o artista se expõe, pois ele tanto pode pintar a si mesmo revelando seu interior, seus sentimentos, quanto apenas seus aspectos físicos. O exercício dos alunos para produzirem seu auto-retrato trabalha com a questão da identidade de cada um. Poderíamos, por exemplo, trabalhar a identidade relacionada ao gênero feminino, criando uma linha do tempo com a família do lado materno. Os alunos poderiam pesquisar em casa e descobriríamos quem conseguiria voltar mais no tempo através dos nomes das avós, bisavós, etc. Saber de onde estas mulheres vieram, qual língua falavam seus antepassados, em que época viveram. Em seguida pedirei que cada aluno pegue o espelho, os quais terei solicitado na aula anterior. Depois, chamarei alguns alunos à frente da turma e tentarei salientar os traços mais marcantes de cada um. Isto poderá ajudá-los na produção dos seus próprios autoretratos. Outra forma de fazê-los descobrir estes traços seria formar grupos pequenos (de três a quatro alunos) e fornecer a eles materiais diversos, como: grãos de arroz, de milho, etc.; macarrão espaguete, parafuso; cordões e barbantes, arames, botões, etc.; e folhas de
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acetato transparentes. Em seguida, pedir que os componentes da cada grupo escolham um para que o seu rosto seja reproduzido no acetato utilizando os materiais já citados. Quando os rostos estiverem prontos, um a um serão colocados no retro-projetor e todos poderão visualizá-los. Pode-se continuar o processo até que todos sejam representados. Este exercício os ajudará a perceber que um desenho não precisa ser perfeito para ser interessante. Irei propor então que cada um desenhe seu auto-retrato, observando-se mo espelho. Eles poderão produzir um ou mais auto-retratos com materiais diversos e depois acrescentar ao portfólio. Outra atividade interessante, para que os alunos saibam mais sobre a mulher moderna, seria realizar uma pesquisa sobre as profissões das mulheres. Esta pesquisa poderia ser realizada na própria escola. Os alunos seriam divididos em grupos, que iriam a todas as salas perguntando quais profissões que as mães dos colegas exercem. Após a realização da enquete, os alunos retornariam para a sala de aula e faríamos uma contagem para ver quais são as profissões mais comuns entre as mães dos alunos da escola, quais as mais inusitadas e quais as mais difíceis. E ainda poderíamos achar profissões que nenhuma destas mães exerce. Então os alunos poderiam produzir mais páginas do portfólio, utilizando recorte e colagem ou desenhos que representem, por exemplo: a profissão que mais admira, a profissão da sua própria mãe, uma profissão bem atual, uma profissão do futuro, etc. Esta atividade proporcionaria aos alunos visualizar a valorização do trabalho feminino. Também poderia ajudar alguns alunos a aceitar a profissão da mãe, a qual pode achar humilhante, pois provavelmente haverão outras iguais. Para falar da representação da mulher por grandes artistas homens, eu poderia citar três muito conhecidos: Degas, Picasso e Dali. Eu faria uma coletânea de imagens de obras dos três pintores e apresentaria em PowerPoint ou no retro-projetor para os alunos. Poderíamos fazer leituras de algumas das imagens, conversar sobre os temas de cada artista e também discutir com os alunos o estilo de cada um desses pintores e os movimentos artísticos aos quais eles pertenciam. Também poderemos comentar sobre quem eram as mulheres que eles retratavam. Edgar Degas gostava de representar muitos tipos de mulheres. Lavadeiras em seu trabalho, bailarinas ensaiando, cantoras de cafés-concertos e mulheres saindo do banho são alguns temas recorrentes em suas obras. Eu escolheria as seguintes obras de Degas: Na Chapelaria, Retrato de Jovem Mulher, A Engomadeira, A Estrela e O Banho.
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Pablo Picasso foi um homem apaixonado pelas mulheres e seus vários amores sempre fizeram parte da sua Arte. Inventor do cubismo, sua obra modificou as concepções da Arte estabelecidas desde o renascimento. Eu selecionaria para apresentar aos alunos obras como: os retratos dos amores de Picasso, Les Demoiselles a’Avignon, A Dança, Jacqueline de Mãos Cruzadas, Mulher em Frente ao Espelho. E o último dos três que é Salvador Dali, um pintor excêntrico e genial, que fazia parte do Movimento Surrealista. Pintou muitas vezes sua irmã caçula Ana Maria e depois Gala, sua mulher e Musa inspiradora. Ela foi responsável por pelo menos um terço das obras dele desde que o conheceu. As obras de Dali para serem utilizadas na apresentação seriam: A Madona Port Lligat (as duas versões), Galarina, Auto-retrato Mole com Toucinho Frito, O Angelus de Gala, Personagem a uma Janela e Rosto de Mae West. Durante a apresentação, poderíamos ir fazendo leituras de imagem das reproduções e, ao final, perguntaria qual a impressão dos alunos em relação aos movimentos aos quais os artistas pertenciam, se eles conseguiriam visualizar as diferenças entre eles. Depois disso, poderiam realizar trabalhos homenageando mulheres que eles conhecem (mães, tias, irmãs, professoras, etc.), apropriando-se dos estilos dos artistas comentados. Há uma forma bem interessante de trabalhar Picasso, entendendo como ocorreu essa mudança em seu estilo de pintar. Primeiro, analisaríamos uma reprodução de obra da fase inicial, onde as personagens eram representadas de forma realista. Em seguida analisaríamos uma outra imagem da época cubista. Então poderia explicar aos alunos que o Cubismo não é apenas uma representação de vários lados, mas é uma sintetização dos ângulos em uma única imagem. Ou seja, não significa regredir no ato de pintar, ou criar uma obra de Arte, mas sim estudá-la em todas as suas possibilidades. Portanto, requer planejamento. Para a produção de um trabalho artístico neste estilo, eu poderia fornecer-lhes Xerox de reproduções de obras realistas de qualquer artista deste gênero (duas para cada e, de preferência, de corpos femininos). Em seguida eles pintariam as imagens, as cortariam e experimentariam montagens diversas, escolhendo uma para colar. Depois poderiam ainda fazer um desenho baseado no resultado obtido com a colagem. Esta atividade os faria perceber que uma obra não-figurativa (ou abstrata) pode ser mais difícil de produzir do que a figurativa. Esta seria a última etapa da produção dos portfólios.
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Depois que eles tivessem finalizado o trabalho, faríamos um debate em sala para avaliar o resultado do projeto. Saber se eles conseguiram acompanhar a evolução da Arte e da representação da figura feminina. E também se eles perceberam que a Arte registra a condição social da mulher na História do Mundo. Para finalizar as atividades, organizaríamos uma exposição dos portfólios, para a apreciação dos colegas das outras turmas. Outra atividade que poderia ser realizada finalizando o projeto seria um mural com módulos. Este trabalho é um grande painel com módulos que podem ser quadrados de 8 cm de lado ou círculos de 8 cm de diâmetro. A turma poderia convidar as outras para participarem. Poderia ser combinado, por exemplo, que cada série trabalharia com uma cor. Então todos fariam no papel combinado desenhos (do rosto da mãe com a profissão ou nome, ou um auto-retrato com o nome ou não) e os módulos seriam colados lado a lado sobre um grande papel Kraft, ou na parede mesmo. Seriam colados de forma que as cores ficassem misturadas e começando pelo meio do espaço a ser usado. Ao final toda a escola poderia visualizar o resultado deste grande trabalho em grupo. Percebo que este é um projeto bastante extenso e trabalhoso, que visa atingir alguns objetivos, tais como: estimular a expressão artística dos alunos por meio da utilização de materiais diversos; despertar no aluno o sentido estético para a fruição da obra de Arte, através da visualização das reproduções em tamanhos maiores que os dos livros de artes; Incentivar os trabalhos em grupo, o que pode despertar o sentimento de cooperação e o espírito de equipe. Também visa a percepção da diversidade cultural, pois o aluno conhece, mesmo que superficialmente, diversas culturas. O aluno adquire, não muito detalhadamente, um conhecimento a respeito da História da Arte e da evolução que a mesma sofreu através dos tempos. Além, é claro, do desenvolvimento de uma consciência social a respeito da condição social da mulher nas diferentes épocas comentadas. Como experiência individual, desejaria desenvolver o senso de organização; aprimorar a qualidade do planejamento de aulas e projetos; perceber o tempo que os alunos gastam para realizar as atividades propostas; compreender, melhorar e aprimorar o processo de avaliação, e perceber na prática as facilidades e as limitações dos alunos dentro da faixa etária da turma onde aplicaria o projeto.
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A filosofia adotada pelo Colégio Estadual Augusto Meyer considera que a Educação é um dos principais meios para a construção do conhecimento. Desta forma, estimula a formação de valores morais em seus educandos, objetivando assim formar indivíduos: criativos para que sejam, capazes de tomar decisões; conscientes de sua responsabilidade social; e ainda, que vivam de forma equilibrada através de uma visão técnica, humana,mística e espiritual do mundo. Considerando
então
que
esta
filosofia
pretende
desenvolver
cidadãos
conscientes e modificadores do meio social onde vivem, julguei ser apropriado o desenvolvimento do tema Gênero, para a aplicação do meu Projeto Educativo de Ensino. Este tema, mais especificamente, Gênero Feminino, oferece muitas questões para serem discutidas (avaliadas) e trabalhadas em sala de aula. A situação da mulher na sociedade pode ser bastante inspiradora e a Arte pode comprovar esta afirmação através dos registros que produz ao longo dos tempos, em forma de obras de Arte. No processo de formação do indivíduo, o ensino da Arte pode proporcionar, através da sua história, referências pessoais e sociais. Isto porque as obras de Arte documentam fatos e sentimentos da História da Humanidade. Num contexto histórico-social que inclui o artista, a obra de Arte, os difusores comunicacionais e o público, a Arte expressa-se como produção, trabalho, construção. Nesse mesmo contexto a Arte é representação do mundo cultural, com significado, imaginação, é interpretação, é conhecimento do mundo; é também expressão dos sentimentos, da energia interna, da efusão que reexpressa, que se manifesta, que se simboliza. A Arte é movimento da dialética da relação homem-mundo (FUSARI, 2001, p. 23).
O PPP da escola sugere a democratização do acesso ao universo artístico erudito e popular, Propõe que se estimule a criatividade e a construção individual e coletiva. E ainda, que se promovam oportunidades para a fruição da obra de arte. O conhecimento da Arte erudita e popular pode ser alcançado através de projetos que incluam desde a História da Arte clássica e acadêmica até a Arte praticada pelo povo, como por exemplo, os “Parangolés do Nordeste” ou a “Arte Indígena”.
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A produção de projetos artísticos realizados pelos alunos individual ou coletivamente e eventuais exposições dos seus trabalhos certamente irão estimular a acuidade visual para com as obras de Arte. A fruição poderá ser desenvolvida através da apreciação da obra de Arte, portanto visitas monitoradas ou guiadas a instituições artísticas são altamente significativas. Em consideração a estas diretrizes sugeridas pelo PPP da escola, pretendo, em meu Projeto Educativo de Ensino, fazer um apanhado geral tanto dos períodos da História da Arte, dentro do tema Gênero Feminino, como também dos diferentes estilos nos quais a Arte pode se apresentar. De acordo com o PPP, a avaliação deve ser contínua e diversificada, envolvendo desde a participação em sala de aula até a entrega dos trabalhos nos prazos préestabelecidos pelo professor. Desta maneira, acredito que o portfólio, forma pela qual optei para que os alunos possam registrar os conhecimentos adquiridos, para que eu possa acompanhar o seu desempenho e ainda para que permita uma avaliação contínua e individualizada, seja uma boa opção metodológica. O portfólio também vem de encontro tanto ao objetivo da disciplina de Arte, que consta no PPP, relacionada às turmas de 5ª a 8ª séries, que é “ a especificidade da construção individual e coletiva no processo pedagógico de relevância social.”, como também vem de encontro ao objetivo específico da 5ª série, que é “estimular a expressão artística do aluno por meio de diversos materiais e técnicas”. Observando as respostas dos questionários realizados com a direção, com a coordenação, com a professora e com os alunos de 5ª série do Ensino Fundamental da escola, percebemos pontos em comum nas respostas. Por exemplo, 57% dos 33 alunos e todos os outros entrevistados concordam que seria muito importante que a escola tivesse uma sala ambiente para as aulas de Arte. Não havendo, porém, esta sala ambiente, deverei planejar as atividades que promovam o desenvolvimento da criatividade dos alunos, em sala de aula ou em outro espaço, tomando os cuidados necessários para não danificar o patrimônio escolar. Também é visível que todos os entrevistados reconhecem o ensino da Arte como uma disciplina fundamental para um melhor desenvolvimento do aluno. Esse processo, entretanto, precisa ter como base a preparação do professor e uma proposta pedagógica consistente por parte da escola. Ou seja, um professor e uma escola que não estejam conectados à nova realidade da vida dos educandos não poderão relacionar esta situação ao processo evolutivo da História da Arte.
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para que isto ocorra efetivamente, é preciso aprofundar estudos e evoluir no saber estético e artístico. Os estudantes têm o direito de contar com professores que entendam e saibam arte vinculada à vida pessoal, regional, nacional e internacional (FUSARI, 2001, p. 53).
O tema do meu projeto, portanto, vem tratar de uma questão social através do ensino da Arte. Para abordar o tema Gênero de uma maneira que eu possa mostrar para os alunos a evolução da situação da mulher na sociedade, pretendo me utilizar de fatos históricos e personagens importantes, seguindo uma ordem cronológica. Visando proporcionar aos alunos da 5ª série atividades baseadas num contexto artístico-histórico, apresentarei nomes de mulheres que colaboraram, cada uma a seu modo, para o desenvolvimento feminino. Pretendo começar com um breve estudo sobre a vida de Cleópatra, que é a mais conhecida das rainhas do Egito. Essa personagem misteriosa e poderosa deverá chamar a atenção dos alunos para a representação da imagem feminina na arte egípcia, assim como para algumas regras obedecidas pelos artistas deste povo, como a Lei da Frontalidade, por exemplo. Depois, Artemísia Gentileschi, que foi uma importante pintora do século XVII, além da estilista Coco Chanel, esta que, embora não seja artista, contribuiu em muito para a evolução das mulheres, graças ao designe arrojado e à praticidade de seus modelos, como por exemplo, a calça feminina, e também a pintora Anita Malfatti, entre outras. Voltando às respostas dos alunos ao questionário elaborado por mim, vemos que 72% deles nunca visitaram uma exposição de Arte num museu e 63% jamais fez uma pesquisa sobre Arte. Estes números não podem ser considerados um absurdo em se tratando de uma 5ª série, porém é uma ótima dica para ser trabalhada. Também cabe às escolas oportunizar aos alunos a possibilidade de entrar em contato com a Arte nos museus e outras instituições artísticas, promovendo visitas e saídas de campo. Com relação às pesquisas sobre Arte, pedirei que os alunos realizem ao menos uma pesquisa, na parte do Projeto Educativo de Ensino, em que trataremos da participação das mulheres artistas na “Semana de 22”. Acredito que a pesquisa feita pelo aluno, antes que o professor entre no assunto, pode ajudar a promover debates em sala, ao invés de apenas despejar um conhecimento unilateral do professor para os alunos. Na opinião de 75,8% dos alunos, a aula de Arte deve ser equilibrada entre teoria e prática, com atividades bem diversificadas, como: pintura, desenho, modelagem com argila, recorte e colagem, etc. O portfólio que pretendo desenvolver com os alunos durante a
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aplicação do Projeto Educativo de Ensino deverá possibilitar a prática de quase todas estas atividades, solicitadas por eles. Outra atividade que considero muito importante é a experimentação de materiais. Sem o compromisso de produzir algo, os aprendizes podem sentir-se mais confiantes ao iniciar um trabalho com um material diferente. A professora titular da turma deixou-me bem à vontade com relação aos conteúdos que pretendo trabalhar no Projeto Educativo de Ensino. Ela aprovou o tema Gênero Feminino e disse que, apesar dos alunos serem bem jovens, este assunto é muito importante e deve ser trabalhado em todas as faixas etárias. Segundo ela, os alunos irão aprovar as novidades e principalmente divertir-se com a produção do portfólio. A professora concorda que este recurso é muito interessante porque, além de registrar as atividades realizadas durante as aulas, os alunos poderão também colocar pensamentos e impressões a respeito das informações adquiridas em sala de aula. Nos questionários, tanto a professora quanto a coordenadora e a diretora concordaram que a escola apóia exposições dos trabalhos artísticos dos alunos. Isto me animou a promover uma exposição de encerramento, não apenas dos portfólios individuais, mas também de algumas produções coletivas e das fotos que registrarão as atividades realizadas. Outro ponto observado nas repostas da professora titular é a respeito do processo avaliativo que ela utiliza. Eu pretendo seguir os mesmos critérios, que são: a pontualidade na entrega, a organização, a criatividade e o conhecimento adquirido através dos processos artísticos, pois, além destes virem ao encontro dos meus interesses, aproveitarei o fato de que os alunos já estão habituados a eles. Durante as observações silenciosas na turma da 5ª série do Colégio Estadual Augusto Meyer, percebi que as aulas são sempre processos individuais, ou seja, os alunos executam a cada dia um novo trabalho que se utiliza de uma “técnica para ser desenvolvida”. “Na pós-modernidade, o conceito de arte está ligado à cognição; o conceito de fazer arte está ligado à construção e o conceito de pensamento visual está ligado à construção do pensamento a partir da imagem” (BARBOSA, 2005). Desta forma, em se tratando do tema Gênero Feminino, podemos realizar com os alunos leituras de Imagens, utilizando reproduções de obras que representam a mulher. Como por exemplo: as bailarinas de Degas, as mulheres de Picasso, ou ainda as Madonas de Rafael. Ou ainda podemos usar imagens de obras produzidas por mulheres como Artemísia Gentileschi, Tarsila do Amaral, entre outras. No entanto, as atividades do ensino da Arte nesta turma não fazem parte de um processo de construção com início na visualização de imagens de artistas ligados de alguma forma aos objetivos ou aos conteúdos das aulas.
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Embora o PPP da escola, nomeie a disciplina como “Artes”, o que realmente acontece é que ainda se trabalha com a idéia de “Educação Artística”. A Educação Artística que vem sendo desenvolvida nas escolas brasileiras de forma incompleta, quando não incorreta. Esquecendo ou desconhecendo que o processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando envolve múltiplos aspectos, muitos professores propõem atividades às vezes totalmente desvinculadas de um verdadeiro sabor artístico. [...] converte a disciplina em uma pulverização de tópicos, técnicas, “produtos artísticos” e empobrece o verdadeiro sentido do ensino da Arte (FUSARI, 2001, p. 20).
Também neste tempo que passei observando os alunos, percebi que eles demonstram interesse pelas aulas e a maioria realiza os trabalhos de maneira satisfatória. Estas atividades são, entretanto, desprovidas de um contexto artístico histórico. Acredito que os alunos poderiam participar das aulas de forma mais efetiva. Dar opiniões, sugerir atividades e isto aconteceria se eles tivessem maior acesso a informações, como por exemplo: a visualização de reproduções de obras em tamanhos apropriados para distinguir detalhes; conhecimento da vida dos artistas e noções de História da Arte. Eu acredito num ensino da Arte diversificado, através da estimulação da imaginação do educando, que pode ser conseguida com a utilização de materiais de apoio, como por exemplo: filmes e documentários em vídeo, imagens apresentadas no PowerPoint ou no retro-projetor, etc. Estes recursos podem ser usados dentro da sala de aula, porém existem outras formas de desenvolver a imaginação dos alunos, como por exemplo, ir para o ambiente externo. Os alunos poderiam sair para o pátio da escola ou para a rua, fotografar mulheres passeando ou trabalhando. Em seguida, poderiam imprimir as fotos e fazer interferências nas imagens com materiais diversos. Poderiam também entrevistar uma mulher (mãe, tia, avó, ou alguma profissional) e tentar expressar as respostas com imagens (desenhos ou colagens). Produziriam assim um livro de imagens. Ou seja, a criatividade precisa de um ponto de partida. E quanto mais os educandos forem visualmente estimulados, mais terão condições de resolver problemas propostos em sala de aula pelo professor de Artes. Portanto, para que tenhamos uma educação não apenas intelectual, mas humanizadora, a Arte torna-se imprescindível no desenvolvimento da percepção e da imaginação, não apenas para que o indivíduo capte a realidade que o cerca, mas também para que a modifique se e quando necessário. Relendo o início do capítulo II, no texto Aplicação do Tema Gênero Feminino no Ensino da Arte, percebo que algumas atividades sugeridas não poderão ser realizadas nesta escola devido a alguns problemas. Por exemplo: as atividades que necessitam do retro-projetor, pois a escola não dispõe deste aparelho. Entretanto a maior limitação para a realização de todas as atividades será o tempo. Irei dispor de sete semanas, com dois 34
perĂodos semanais. Sendo assim, selecionarei as atividades, buscando sempre tornar o Ensino da Arte algo atrativo para os alunos, que estimule a sua criatividade e desenvolva suas habilidades motoras e sensoriais, transmitindo conhecimentos de uma forma prazerosa.
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As observações em sala feitas durante o estágio I foram realizadas no Colégio Estadual Augusto Meyer, em Esteio, no 1º semestre de 2009. Nesta mesma época, comecei a lecionar Artes no Colégio Estadual Guianuba, em Sapucaia. Como não foi possível realizar os estágios II e III mo 2º semestre do mesmo ano, resolvi aplicar o projeto no Colégio onde trabalho, no 1º semestre de 2010. Entretanto, apesar da mudança de escola, a série em que o projeto foi aplicado foi a mesma. Portanto, os alunos possuíam características semelhantes, afinal os locais onde os colégios se situam são compatíveis, os dois são estaduais e a faixa etária dos alunos era a mesma. Considerando as informações acima e o fato do tema Gênero ser bastante abrangente e importante, não tive problemas em aplicar o projeto conforme ele havia sido planejado.
Nome da autora do Projeto: Josiane Ap. Soares Schendroski
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Nome e endereço da escola: Colégio Estadual Guianuba Rua Djalma Sassi, 561 – Bairro Nova Sapucaia CEP: 93224-680
Sapucaia do Sul – RS
Fone: (051) 3451-4283 27ª CRE
Nome da professora titular e série/turma cedida: Professora Josiane Ap. Soares Schendroski, 1º ano do Ensino Médio.
Turno: Vespertino.
Nº de alunos: 30 alunos.
Período da realização do estágio: De 19 de abril a 07 de junho, às segundas-feiras, das 07:40 hr às 11:55 hr.
Área envolvida: Artes.
Eixo Central: Gênero.
Atividade inicial de aproximação e introdução do Projeto: Apresentação, em PowerPoint, da estrutura do Projeto e explanação do tema Gênero Feminino, ilustrada com imagens de obras relacionadas a esta temática.
Fechamento do Projeto: Reflexão com os alunos sobre o Projeto e uma exposição no pátio da escola com os trabalhos individuais e coletivos, realizados durante as aulas.
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Justificativa:
Considerando: - que Gênero é um dos temas transversais sugeridos pelos PCN‟s para serem trabalhados co alunos em todas as escolas do país; - que a pesquisa foi realizada com fins de aplicação no ensino; - a importância de se discutir a questão social da mulher nas salas de aula; - a relação do tema Gênero Feminino com a Arte, tendo em vista as inúmeras vezes que a mulher foi representada em obras de Arte; Justifica-se o presente projeto.
Objetivo Geral (metas):
- Valorizar o Gênero Feminino no convívio social, através da percepção e da produção em Arte. - Reconhecer a pintura e o desenho de expressões de artistas que abordem o tema Gênero Feminino. - Reconhecer a Arte como sendo um dos meios de registrar (documentar) a História da Humanidade.
Conteúdos Envolvidos:
- História da Arte. - Mulheres na História e Arte. - Desenho. - Cor, volume, formas. - Gravura. - Arte Brasileira. - Obras de arte. - Identidade.
Metodologias:
- Exposição dialogada com recurso. - Apreciação de vídeos. - Prática em grupo. - Prática individual.
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- Produção de texto. - Leitura de imagens. - Estudo de textos. - Pesquisa de campo. - Pesquisa bibliográfica. - Portfólios. - Debate. - Exposição de trabalhos dos alunos.
Tema: Gênero feminino: A Mulher e a Arte na Evolução da Sociedade.
Objetivos: - Conhecer o Projeto Educativo de Ensino. - Identificar o tema Gênero Feminino dentro do Ensino da Arte. - Incentivar o diálogo dos alunos sobre o tema proposto.
Conteúdos: - História da Arte. - Gênero Feminino. - Mulher na História da Arte.
Será realizada uma explanação do Projeto Educativo de Ensino (por exemplo: tema, objetivo geral, formas de aplicação das aulas e método de registro e avaliação), que tem com fio condutor a representação da figura feminina pela Arte, salientando que nestes registros podemos observar a evolução cultural e social da mulher.
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A abertura da apresentação será um pequeno vídeo retirado da Internet (“Women in Art”, de Philip Scott Johnson), que mostra várias imagens de rostos femininos de obras famosas que vão transformando-se e passando de um para outro através de um programa especial. A apresentação em PowerPoint contará com tópicos e pequenos textos referentes ao tema central, que é Gênero Feminino, e também com algumas imagens que tratem do tema. Direi aos alunos que todos os registros das atividades realizadas serão documentados em portfólios individuais. Explicarei que portfólio é um suporte usado para anotar atividades diárias ligadas ao tema, realizados dentro ou fora da sala de aula. Estes registros podem ser através de textos, palavras, desenhos, pinturas, colagem, ou seja, tudo que tenha relação com o projeto, durante a sua aplicação. Os portfólios também servirão como forma de avaliar os conhecimentos adquiridos. Mostrarei exemplos de portfólios e deixarei que cada aluno decida de que forma confeccionará e organizará o seu. Irei propor para a turma uma discussão no grande grupo para saber: „qual é a visão deles sobre o tema Gênero Feminino?‟ e „como o meio em que vivem lida com o tema?‟ Pedirei que a citação de Altmann, incluída no PowerPoint, seja o primeiro registro do Portfólio. Em seguida, os alunos poderão iniciar a confecção dos portfólios, descrevendo qual foi a impressão deles sobre esta primeira aula e o que esperam do trabalho que estamos iniciando. Avaliação: Verificar, através de diálogos e dos registros, se os alunos assimilaram a proposta do projeto, que é a discussão sobre o gênero feminino e sua representação na Arte.
Encaminhamento: Enviar aos pais dos alunos uma lista com materiais básicos para a realização das atividades em sala e uma solicitação para que permitam a utilização de imagens de seus filhos para a documentação de andamento do Projeto Educativo de Ensino.
Lista de Materiais: (trazer para que seja guardado na escola até o final do projeto) - Lápis de cor; - 20 folhas de ofício ou A4;
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- Tesoura; - Cola; - 1 revista para recorte; - Lápis e borracha; - Régua; - Canetinhas coloridas; - Giz de cera; - 2 pincéis (um fino e um médio); - Retalhos de tecidos, TNT, rendas, fitas, etc.
Bilhete para os pais: Aos Srs Pais/Responsáveis Autorizo o uso da imagem de meu filho(a),______________________________ que será fotografado durante o Estágio Curricular de Josiane Aparecida Soares Schendroski, no momento das aulas de Artes. A finalidade do uso destas imagens é justificar as atividades transcritas e integrar o trabalho de Conclusão do Curso de Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. Josiane Aparecida Soares Schendroski Estagiária de Artes Visuais ___________________________________ Pai/ Responsável:
A turma assistiu à apresentação do PowerPoint no Data Show, na nova sala de Artes e Linguagem da escola. O tema foi bem aceito pelos alunos, que fizeram vários comentários, especialmente as meninas. De acordo com os PCN‟s, os temas transversais tematizam problemas fundamentais e urgentes da vida social-ética, saúde, meio-ambiente, orientação sexual e pluralidade cultural. Eles devem ser trabalhados ao longo de todos os ciclos de escolarização, de duas formas: dentro da programação, através de conteúdos transversalizados nas diferentes áreas do currículo e como extra-programação, sempre que surgirem questões relacionadas ao tema (ALTMANN, 2003).
De acordo com a minha pesquisa, a questão do gênero masculino e feminino está inserida em orientação sexual e não se restringe somente à sexualidade e à
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reprodução, mas também às relações sociais. E a escola é um excelente local para que possamos dialogar e refletir sobre esse assunto, possibilitando ao aluno uma construção de valores significativos e respeito de si mesmo e do outro. O próximo passo foi uma explicação a respeito do portfólio, que eles, embora tenham compreendido se tratar de uma forma de anotar a evolução da aquisição de conhecimentos e material de avaliação contínua, tiveram dificuldade com relação à produção. Pelo que pude notar, as dúvidas surgem quando eles percebem que terão que decidir sozinhos, a forma, os materiais e os meios de organizar seus conhecimentos. Isso me parece compreensível na medida em que noto que professores têm por hábito organizar o aprendizado dos alunos, esquematizando-os. (Porém) Ao desenvolver-se na linguagem da arte, o aprendiz apropria-se – lendo/ produzindo – do modo de pensamento da própria arte. Essa apropriação converte-se em competências simbólicas porque instiga esse aprendiz a desvelar seu modo singular de perceber/ sentir/ pensar/ imaginar/ expressar e a ampliar sua possibilidade de produção e leitura do mundo na natureza e da cultura, ampliando também seus modos de atuação sobre eles. Quanto mais o aprendiz tiver oportunidade de ressignificar o mundo por meio da especificidade da linguagem da arte, mais poder de percepção sensível, memória significativa e imaginação criadora ele terá para formar consciência de si mesmo e do mundo. Desvelar/ ampliar, como termos interligados, são ações que se autoimpulsionam, como pólos instigadores para poetizar, fruir, conceituar e conhecer a arte elaborando sempre novas relações com o já sabido (MARTINS, Miranda C.; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M. Terezinha. A língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998).
Após a apresentação, pedi que anotassem um pequeno trecho do texto contido no PowerPoint, para que tivessem uma referência para compreenderem o tema do Projeto. Durante a conversa que se seguiu após a apresentação, percebi que o assunto estava se dirigindo para uma divisão de opiniões entre meninos e meninas, como se pode notar neste comentário da aluna Caroline Ribeiro.
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Portf贸lio da aluna Carolina (Fonte: Schendroski, 2010)
Precisei interferir para tentar estabelecer um consenso e parece que deu certo, olhando o coment谩rio do aluno, Eric Duarte.
Portf贸lio do aluno Eric (Fonte: Schendroski, 2010)
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A avaliação da aula foi positiva na medida em que o assunto provocou a discussão esperada.
Tema: Gênero feminino: A Mulher e a Arte na Evolução da Sociedade.
Objetivos: - Identificar diferenças entre os papéis da mulher nas civilizações Egípcia, Grega e Índia Antiga estabelecendo um paralelo com a atualidade. - Conhecer leis e detalhes da Arte e da Cultura Egípcia. - Compreender a importância dos símbolos para a Arte.
Conteúdos: - Arte Egípcia. - Arte Grega e Indiana. - Gênero Feminino.
Mostrarei, através de um polígrafo com texto e imagens, as diferenças existentes entre a vida das mulheres egípcias, gregas e indianas. Irei salientar que a primeira era valorizada de acordo com a classe a qual pertencia, possuindo status, enquanto as mulheres indianas deviam ser totalmente submissas e as gregas eram escravas da beleza e da frivolidade impostas pela sociedade, de acordo com parte integrante da minha pesquisa para a monografia.
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EGITO - A mulher egípcia possuía um status privilegiado. Tinha plena liberdade de ir e vir, podia intervir na gestão familiar e era muito respeitada. Os egípcios consideravam a mulher dotada de maior sensibilidade que o homem. As mulheres eram muito sensuais e cada uma era considerada de acordo com a classe que ocupava. A Rainha ocupava um lugar muito importante ao lado do Faraó, e havia também as sacerdotisas, que quase sempre tinham sangue nobre e participavam dos cultos aos deuses. Na classe trabalhadora, qualquer mulher que recebesse instrução adequada podia exercer diversas profissões. Na arte egípcia, totalmente voltada para a religião e para a vida após a morte, as mulheres, assim como os homens, eram representadas em funções religiosas, no Livro dos Mortos, nas paredes das tumbas e na decoração interna e externa dos templos e palácios. ÍNDIA – No período mais antigo da sociedade hindu, as mulheres eram respeitadas, não tinham que ser submissas e por isso eram companheiras perfeitas para os maridos. Com o surgimento da religião brâmane, a mulher foi privada de toda a sua liberdade. Um brâmane chamado Manu escreveu: “Enquanto criança, a mulher deve depender (e ser submissa) do pai; durante a juventude, do marido; depois da morte deste, dos filhos.” A situação chegou ao extremo de se sugerir às viúvas que pratiquem o “sati”, que não era um simples suicídio, mas um sacrifício no qual a mulher se deixava queimar viva na mesma pira onde o corpo do marido era consumido. Embora a sociedade hindu possua muitos tabus, a Arte e a sensualidade estão intimamente ligadas à religião, pois o sexo é uma questão religiosa imprescindível para os casais. Então, nas obras de arte da Índia Antiga, podemos visualizar toda a sensualidade e beleza da mulher indiana. GRÉCIA – Na época homérica, a mulher possuía grande dignidade e prestígio. Entretanto, no período denominado Grécia Histórica, a mulher atingiu um grau de inferioridade surpreendente. Ao atingirem a idade núbil, eram dadas em casamento e se desligavam completamente de suas famílias. Após o casamento, viviam reclusas em casa, não recebiam visitas nem saíam sem os maridos. Não tinham direito a instrução intelectual, apenas os maridos podiam pedir o divórcio e os filhos jamais ficavam com a mãe. Em Esparta, o casamento deixou de ter caráter sagrado e passou a ser de interesse do Estado, cabendo às mulheres dar à luz filhos fortes e robustos que seriam treinados para a guerra. O culto à beleza foi o grande ideal da civilização grega. Ser belo era dever de todos, e a arte representava muito bem essa beleza idealizada.
Tumba da Rainha Nefertari, Vale dos Reis, Tebas. (Fonte: Site Art On Line)
Representação Da Mujra, dança típica Indiana. (Fonte: Blog Imagens com Texto)
Ninfa Salmacis, escultura grega. (Fonte: Blog Microargumentos)
Imagens e textos adaptados – material entregue aos alunos. (Fonte: Schendroski, 2010)
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Após leitura do polígrafo e considerações sobre o mesmo, irei direcionar a aula principalmente para a representação da figura feminina na Arte Egípcia. Utilizarei imagens que mostrem a mulher em situação de igualdade com um ser superior, como, por exemplo, a pintura no túmulo da Rainha Nefertari, onde ela aparece do mesmo tamanho que a Deusa Ísis. Conversaremos sobre a Lei da Frontalidade (os corpos deveriam ser representados com o rosto e membros de perfil e o tronco e os olhos de frente), do uso das cores e da simbologia contida em toda a Arte Egípcia, que era voltada para a religião e para a vida após a morte. Pedirei então que os alunos façam no portfólio o desenho de uma mulher ao estilo de arte egípcia, porém realizando alguma atividade comum às mulheres do nosso tempo. Eles deverão escrever algo de significativo sobre a vida das mulheres desta civilização misteriosa. Eles poderão (caso dê tempo) criar um símbolo e explicá-lo.
Avaliação: Perceber se os alunos compreendem detalhes da Arte Egípcia e também a importância dos símbolos para a arte.
Encaminhamento: Reforçar o pedido da revista para recorte e de retalhos de tecidos e aviamento para a próxima aula. Pedir ainda que pesquisem e descubram quem foi Coco Chanel.
Começamos a aula relembrando o tema do projeto e esclarecendo algumas dúvidas que ficaram da aula anterior, isto foi importante também porque alguns alunos que haviam faltado na 1ª aula ficaram por dentro do assunto. A turma, de modo geral, mostrou-se interessada e curiosa sobre o que veríamos e faríamos nesta aula. Aproveitei este interesse e entreguei-lhes o texto: “Considerações sobre a condição da Mulher em três diferentes civilizações antigas”, retirado de partes da pesquisa que realizei no Estágio I. Dispus no quadro 3 imagens que ilustravam cada uma das civilizações. Lemos o texto juntos e conversamos sobre o mesmo. Deixei que se expressassem e depois 46
direcionei a discussão para a Arte Egípcia. Relembramos a lei da frontalidade e a utilização dos símbolos. Pedi que comentassem cada uma das civilizações, mas nem todos fizeram. Em seguida, forneci folhas de papel pardo e disse que deveriam desenhar mulheres segundo as normas da arte egípcia, porém elas deveriam estar realizando atividades atuais (modernas). Neste momento percebi uma clara divisão de conceitos dentro da sala: as meninas desenharam professoras, internautas, motoristas, enquanto os meninos, na maioria, preferiram desenhá-las realizando serviços domésticos.
Desenhos da aluna Caroline (Fonte: Schendroski, 2010)
Desenhos do aluno Eric (Fonte: Schendroski, 2010)
Entretanto, acredito que isto ocorreu mais como provocação às meninas do que uma real convicção de que as mulheres são inferiores. De qualquer forma, gerou certa discussão, e isto me leva a crer que os objetivos, ou parte deles, foram atingidos.
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Tema: Gênero feminino: A Mulher e a Arte na Evolução da Sociedade.
Objetivos: - Perceber, na representação, da obra de arte, a intenção do artista em retratar uma época. - Identificar como a evolução da mulher se reflete na evolução da moda feminina.
Conteúdos: - A obra de Jann Van Eyck, “Retrato de Casamento dos Arnolfini”. - A Arte na Idade Média. - A vida dos estilista Coco Chanel e Paul Poiret. - Imagens de várias obras de arte que mostrem figuras femininas com roupas de diferentes estilos.
Começarei a aula propondo uma leitura de uma imagem da obra de Jann Van Eyck, “Retrato de Casamento dos Arnolfini”.
Retrato de Casamento dos Arnolfini, 1434. (Fonte: Blog Silêncio Pessoal, 2008)
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Após a descrição oral da imagem feita pelos alunos, farei comentários sobre a condição de submissão da mulher na Idade Média, da importância do casamento para elas. Conforme escrevi em minha pesquisa, esposas exemplares e mães zelosas, este era o ideal das mulheres da época medieval. O casamento era uma associação de interesses, “era, para as mulheres, uma instituição protetora, sob os pontos de vista moral e econômico” (LAMAS, 1952, p. 44). Na arte, as mulheres eram representadas apenas como Santas ou a Virgem e sempre dentro das igrejas. Ainda citando minha pesquisa, o Renascimento corresponde a um período de revolução espiritual, que além de atingir todas as classes sociais, também estabelece um princípio de igualdade entre os sexos, e as mulheres das classes superiores passaram a receber instrução igual à dos homens. O fato indiscutível é que, ao receber a instrução que antes não lhe havia sido facultada, a mulher eleva-se imediatamente ao nível intelectual do homem e encontra em si própria as energias indispensáveis ao brusco desenvolvimento do seu espírito. Ela que durante milênios fora relegada para um plano de servidão e animalidade, olhada apenas como instrumento de procriação, trabalho e prazer, assimila, em dois séculos, a sabedoria de que o homem se orgulhava como de um privilégio seu (LAMAS, 1952, p. 210).
Nas artes plásticas, a participação das mulheres era insignificante, porém foram exaustivamente representadas por inúmeros artistas. Na história Moderna, a situação da mulher sofre grandes e significativas mudanças. Vamos nos ater apenas à indumentária como representação da libertação da mulher. Uma personagem muito importante para esta mudança foi a estilista Coco Channel, que criou a calça feminina. Ela, juntamente com Paul Poiret, foi responsável pela retirada do espartilho, até então peça obrigatória na vestimenta feminina, extremamente desconfortável e que provocava problemas de coluna. Este fato, sem dúvidas, foi um marco na libertação da mulher. Mostrarei imagens de obras, cenas de filmes, etc, onde as roupas possam definir a época, ou seja, que mostrem uma face da evolução feminina.
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“Theotokos de Vladimir”, século XII Autor desconhecido (Fonte: Blog O Globo, 2008)
“Mona Lisa”, 1503 Leonardo Da Vinci (Fonte: Site Brasil Escola)
“Madame de Pompadour” Francois Boucher (Fonte: Site Painting Palace)
“Cinco mulheres em Guaratinguetá”, 1930 Di Cavalcanti (Fonte: Blog Mata Hari e 007, 2008)
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“… E O VENTO levou”. Direção: Victor Fleming. Intérpretes: Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie
Howard, Olivia de Havilland. Selznick International Pictures, 1939. (241 min.)
Calça feminina, criada por Coco Channel, por volta de 1920. (Fonte: Blog Fashion4ever‟us, 2010)
Modelos de vestidos de Paul Poiret, que aboliu o espartilho. (Fonte: Blog Da Groselha, 2007)
Mulher no centro do Rio de Janeiro, em 1911, usando a chamada „jupe-cullote‟ ou saia entravada. (Fonte: Blog Alma Carioca – Estilo, 2009)
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Os alunos deverão responder em grupo às seguintes questões e anotar as respostas nos portfólios. - Qual a importância do casamento para a mulher na Idade Média? - E nos dias de hoje? - O que representou o fim do espartilho para as mulheres? - E a calça feminina? - Você acha que poder vestir-se da maneira que preferir realmente significa que a mulher tem liberdade? Explique? - Elabore, através de desenhos (esboços), projetos para vestir bonecos de papel cujos moldes serão fornecidos na próxima aula.
Avaliação: Avaliar a participação dos alunos na discussão e nas respostas aos questionamentos realizados durante a aula e que deverão ser registrados no portfólio.
Nesta aula os alunos anotaram várias informações, como: a condição das mulheres na Idade Média e a importância do casamento para elas; que o Renascimento estabeleceu um princípio de igualdade entre os sexos; e a abolição do uso do espartilho, graças aos estilistas Coco Chanel e Paul Poiret. Isso gerou uma boa discussão no grupo, ou melhor dizendo, uma conversa, já que a turma concordou em pontos como estes: que a roupa acompanha a evolução social da mulher; que o casamento já não é fundamental para a mulher hoje em dia, pois ela tem condições de ser independente emocional e economicamente. Todos concordaram também que a criação da calça feminina deu muito mais liberdade e praticidade à vida da mulher. Percebemos isto no pequeno texto da aluna Gabriela Goulart, por exemplo, que diz: A liberdade de se vestir é um mérito para nós. Podemos usar o que quisermos, mas com consciência e sem vulgaridade. Nossa liberdade não está relacionada diretamente às roupas, mas tudo que já foi conquistado por nós, mulheres! (Texto da aluna Gabriela – Registros da Autora).
As imagens mostradas no Data Show também foram muito comentadas.
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Tema: Gênero feminino: A Mulher e a Arte na Evolução da Sociedade.
Objetivos: - Reconhecer obras de alguns artistas renomados que representassem a figura feminina. - Compreender que as musas inspiradoras dos grandes artistas eram, ou poderiam ser mulheres reais.
Conteúdos: - Gênero Feminino. - Mulheres importantes para cada um. - Visualização das reproduções de obras de Klint, Rafael, Renoir, Gauguin e Degas. - Desenho e pintura.
Desenvolvimento: Selecionarei várias reproduções de obras que mostrem imagens femininas dos pintores Klint, Rafael, Renoir, Gauguin e Degas. Conversaremos sobre os estilos, a época e a temática de cada uma das obras e seus respectivos artistas.
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“Os Nativos”, 1899, Gauguin (Fonte: Site arlindo-correia, 2003
“A Primeira Bailarina”, 1878, Degas (Fonte: Blog A Seta do Cupido, 2008)
“Retrato de Mada Primavesi”, 1912, Klimt (Fonte: Site wahooart)
“Mulher com Gato”, 1875, Renoir (Fonte: Blog Literatura em Conta-Gotas, 2008)
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“Santa Catarina”, 1508, Rafael (Fonte: Site Picasa Web, 2009)
Podemos perceber nestas reproduções das obras destes renomados artistas que, embora o tema, o estilo e a época sejam distintos, a personagem retratada é a mulher. Sobre os artistas, podemos dizer que: Rafael, artista da Renascença, como Bellini, foi considerado um pintor das Madonnas, com figuras suaves, gentis e composições totalmente harmoniosas (HODGE, A. N. – A História da Arte, p. 24). Renoir, pintor impressionista que se tornou mais conhecido pela alegria que via nas charmosas crianças, multidões felizes, celebrações sociais e, acima de tudo, as lindas mulheres que pintava. Degas, o pintor das bailarinas, começou pintando retratos de maneira clássica severa, mas abandonou-os por composições retiradas da vida contemporânea, tais como o balé, o teatro, o circo e as corridas (HODGE, A. N. – A História da Arte, p. 118). E finalmente Klint, que foi um expoente da Art Nouveau, com sua incrível obra que lembra mosaicos bizantinos e possui um erotismo disfarçado. A mulher é sua temática principal (GERLINGS, Charlotte – 100 Grandes Artistas, p. 112).
Em seguida, perguntarei à turma “o que significa musa inspiradora?” Esse questionamento tem o propósito de esclarecer que as musas são, na maioria das vezes, pessoas reais, como: esposas, amantes, namoradas, mães, etc.
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Dessa forma, tentarei incentivar os alunos a produzir o trabalho prático, inspirados não apenas nas imagens das obras visualizadas, mas também em alguma mulher que admirem. Este trabalho deverá ser feito com processo misto de desenho, pintura, recorte e colagem.
Avaliação: Os alunos, após escolher o estilo de um dos artistas citados, deverão confeccionar um trabalho que demonstre visualmente a sua escolha, deixando ainda pistas que revelem quem foi sua musa inspiradora.
Esta aula precisou ser redefinida na hora de entrar em sala. Eu havia planejado continuar o assunto da 3ª aula, os alunos fariam a parte prática, ou seja, elaborar roupas para os bonequinhos de papel. Porém, ao chegar, depareime com parte da turma participando de um curso, alguns alunos faltaram e, dos que compareceram apenas um terço trouxe o material solicitado na aula anterior. Então precisei improvisar. Dispus várias pranchas da Pinacoteca no quadro de giz, com imagens de obras onde os artistas Klint, Rafael, Gauguin, Degas e Renoir representaram mulheres. Discutimos os estilos, as cores, as épocas de cada uma das imagens e seus respectivos artistas. Em seguida, conversamos sobre como os próprios alunos poderiam representar uma mulher que conhecem que conviva com eles, que eles admirem e etc. Essa representação deveria basear-se no estilo de uma das imagens de obras visualizadas, além de identificar de alguma forma, a personalidade da mulher relatada. O trabalho deveria ser realizado utilizando recorte, colagens, desenhos e pinturas.
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Colagem do aluno Dárion (Fonte: Schendroski, 2010)
Colagem da aluna Maíza (Fonte: Schendroski, 2010)
Observando os trabalhos produzidos, percebo que os objetivos foram alcançados, na medida em que algumas produções deixam evidente em qual obra o aluno se inspirou, além de conseguirem identificar as mulheres retratadas através de cenários, objetos, etc.
Tema: Gênero feminino: A Mulher e a Arte na Evolução da Sociedade.
Objetivos: - Relacionar a Arte com a vida cotidiana. - Identificar como a evolução da mulher se reflete na evolução da moda feminina.
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Conteúdos: - História da Arte. - Gênero Feminino. - Aplicação da arte no processo criativo da moda feminina.
As atividades começarão com os alunos revendo imagens de obras utilizadas na 4ª aula, que mostrem figuras femininas, além das imagens das roupas criadas por Coco Chanel e Paul Poiret já vistas e comentadas da aula citada. Também levarei para a sala várias imagens de roupas encontradas em revistas atuais, como CARAS, etc. Em seguida, entregarei aos alunos Xerox de bonecos em papel, de aproximadamente 24 cm, para que eles recortem (dois para cada aluno) e depois confeccionem roupas para os mesmos.
Exemplos de roupas atuais encontradas em revistas e na internet. (Fonte: Revistas de Propaganda Renner, 2009/2010)
As vestimentas deverão ser produzidas utilizando os materiais solicitados anteriormente: tecidos, aviamentos, cola, TNT, etc. Explicarei para os alunos como produzir moldes em papel para em seguida recortar o tecido. Cada aluno deverá produzir dois modelos, um deverá ser mais volumoso, preferencialmente nos padrões do final do século XVIII e início do século XIX. O outro poderá ser mais leve, atual ou, inclusive, ter um aspecto futurístico. Após a confecção dos dois trabalhos, os alunos devem produzir um pequeno texto, descrevendo todo o processo empregado para a realização dos mesmos.
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Avaliação: Os alunos deverão ser capazes de realizar o trabalho plástico, demonstrando assimilação do conteúdo no que se refere à liberdade que a indumentária feminina pode ou não representar.
Esta aula foi toda voltada para atividade prática, ou seja, confecção de roupas femininas, para bonecos de papel. A princípio temi que os meninos da turma resistissem, pois, em alguns momentos durante as aulas, percebe-se neles atitudes claramente “machistas”. Porém, ocorreu uma participação em massa por parte da turma, que é na grande maioria de meninos.
Processo de criação e confecção das roupas dos bonequinhos. (Fonte: Schendroski, 2010)
Eu diria até que quem reclamou pela dificuldade na realização do trabalho foram algumas meninas. Observando o critério estético dos trabalhos dos meninos (18 em aula) e das meninas (10 em aula), os primeiros teriam um valor maior. Parece que os meninos se aplicaram mais ao trabalho.
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Trabalho do aluno Juliano. (Fonte: Schendroski, 2010)
Trabalho da aluna Caroline. (Fonte: Schendroski, 2010)
Trabalho da aluna Bruna. (Fonte: Schendroski, 2010)
E, embora a proposta não tenha sido plenamente alcançada, visto que alguns alunos produziram dois modelos que não se distinguem em época ou estilo, de forma geral, como já citei no início, todos participaram de forma satisfatória das atividades.
Tema: Gênero feminino: A Mulher e a Arte na Evolução da Sociedade.
Objetivos: - Propiciar aos alunos conhecer nomes de mulheres artistas famosas. - Reconhecer artistas brasileiras. - Identificar a produção de arte como profissão.
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Conteúdos: - Vida e obra de Artemísia Gentileschi. - Vida e obra de Frida Kahlo. - Vida e obra de artistas brasileiras: Tarsila, Anita e Beatriz Milhazes. Primeiramente mostrarei a imagem de uma obra de Artemísia (1593 – 1653), explicando que ela foi a primeira mulher artista que teve seu trabalho reconhecido.
“Judite decapitando Holofernes”, 1620, Artemísia Gentileschi (Fonte: Blog Rosas do Cotidiano, 2007)
Falarei um pouco de sua história, conforme citado em minha pesquisa. Aprendeu o ofício com o pai, Horácio Gentileschi. Aos 15 anos, foi violentada por seu professor, um pintor amigo de seu pai. Todo o sofrimento que passou durante o processo do julgamento tornou sua obra um símbolo do protesto à violência contra a mulher. Vamos comentar sobre a violência contra a mulher. Mostrarei então no Data Show, um PowerPoint com imagens de obras da mexicana Frida Kahlo e das artistas brasileiras Tarsila do Amaral e Anita Malfatti. As duas últimas são símbolos da Arte Moderna no Brasil. Falaremos sobre a arte como uma profissão feminina.
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“O Homem Amarelo”, Anita Malfatti (Fonte: Blog Semana dos Horrores, 2010)
“Paisagem com Touro”, Tarsila do Amaral (Fonte: Portal São Francisco)
“Torso/Ritmo”, 1915, Anita Malfatti (Fonte: Site Jornal Jovem, 2007)
“A Cuca”, Tarsila do Amaral (Fonte: Portal São Francisco)
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“A Coluna Partida”, 1944, Frida Kahlo (Fonte: site art knowledge news)
“Sem Esperança”, 1945, Tarsila do Amaral (Fonte: site art knowledge news)
E, por fim, mostrarei imagens da obra da brasileira Beatriz Milhazes, reconhecida artista contemporânea que tem seu trabalho exposto em vários locais do mundo.
“Bibi”, 2003 (Fonte: Site Ego Design, 2009)
“O Sonho de José”, 2003/2004 (Fonte: Blog Papel Fere Pedra, 2010)
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“Maracanã”, 2004 (Fonte: Site Art Net)
“Sinfonia Nordestina”, 2008 (Fonte: Site Dark Silence in Suburbia, 2010)
Conversaremos então sobre a temática das obras observadas, em seguida pedirei que os alunos produzam um trabalho em pintura inspirando-se no tema e no estilo das imagens mostradas.
Avaliação: Os alunos deverão demonstrar em breves textos que compreenderam os conteúdos expostos na aula, além da produção do trabalho plástico.
Os alunos ficaram bem entusiasmados quando, logo no começo da aula, eu avisei que iríamos trabalhar com tinta. De maneira geral, todos participaram da aula. Começamos falando de Artemísia Gentileschi, de sua importância para a História da Arte, por ser uma das primeiras mulheres a ter o nome reconhecido. Também conversamos sobre a sua temática, forte e de caráter vingativo em relação aos homens, devido ao fato de ter sido abusada quando tinha apenas 15 anos. Entramos então na questão da violência contra a mulher, da violência doméstica e eu perguntei para a turma quem deveria pôr um fim nesta situação tão antiga e, ao mesmo tempo, tão atual?
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Alguns responderam a polícia, outros disseram que as mulheres deveriam começar a revidar, ou seja, bater ou até matar os homens que as maltratassem. Então eu disse que eles, os jovens, é que têm que mudar esta situação. Acredito que eles ficaram meio desconcertados, pois nós sempre achamos que o problema é dos outros e não nosso. Depois, observamos a obra de outras artistas, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Frida Kahlo e, por último, Beatriz Milhazes. Esta última deixou a maioria fascinada com Suas obras, pois eles não a conheciam. Comentamos sobre o reconhecimento de uma artista viva, que tem obras expostas em vários lugares do mundo e que tem um retorno financeiro. Falamos sobre algumas profissões que estão ligadas à arte, como: estilistas, designers gráficos, atores, entre outras. Após comentarmos as imagens das obras, suas temáticas e estilos, organizamos os materiais para que eles produzissem um trabalho artístico com tintas têmpera em papel, inspirados pelas grandes artistas.
Trabalhos dos alunos (Fonte: Schendroski, 2010)
Trabalhos dos alunos (Fonte: Schendroski, 2010)
Deixei que eles optassem por um tema atual e alguns escolheram a Copa, pois uma das obras de Beatriz Milhazes tratava deste tema. Certamente o resultado foi satisfatório, todos participaram da atividade com interesse e os trabalhos foram acrescentados ao portfólio.
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Tema: Gênero feminino: A Mulher e a Arte na Evolução da Sociedade.
Objetivos: - Concluir o Projeto Educativo de Ensino retomando os objetivos do mesmo. - Avaliar o aproveitamento dos alunos com relação à aquisição de conhecimentos e mudança de comportamento.
Conteúdos: - Gênero Feminino. - Arte e vida cotidiana.
Esta será a aula de encerramento do Projeto Educativo de Ensino, irei distribuir fotos tiradas durante todo o projeto para que os alunos montem um painel ilustrativo do projeto. Também organizaremos juntos uma exposição dos trabalhos artísticos dos alunos, que foram realizados na última aula. Os bonequinhos, vestidos com as roupas confeccionadas pelos alunos, serão colados com cola quente em papel pardo e exposto no mural do colégio. Os portfólios deverão ser colocados em ordem para avaliação e possível exposição. A última atividade a ser colocada no portfólio será um texto individual que comente todo o projeto de forma crítica.
Avaliação: A avaliação será feita através de um debate em grupo, para que os alunos expressem sua opinião a respeito do projeto, do desempenho da professora e ainda para que se auto-avaliem. Também serão analisados os portfólios para avaliar se houve aquisição de conhecimentos.
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A última aula foi também a mais agitada, talvez pela expectativa de finalizar o projeto, os alunos demoraram bastante para se organizar. Eu retomei com eles os objetivos gerais do projeto e pedi que produzissem um texto, que seria a última atividade do portfólio, dizendo se acreditavam ter alcançado os objetivos citados, integral ou parcialmente. Também deveriam avaliar as suas próprias participações e da professora. Alguns já estavam com o portfólio em ordem e, após produzirem o último texto, ajudaram na montagem da exposição das roupas dos bonequinhos, trabalho realizado na 5ª aula, além dos próprios portfólios.
Exposição dos bonequinhos e dos portfólios dos alunos (Fonte: Schendroski, 2010)
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Exposição dos bonequinhos e dos portfólios dos alunos (Fonte: Schendroski, 2010)
Tudo ficou pronto antes do recreio e a exposição ocorreu sem problema. Após o recreio, recolhemos os portfólios e conversamos sobre o final do projeto. Como podemos observar em alguns textos, o resultado geral foi muito positivo. A mulher foi muito importante para a evolução, conquistou seus direitos como: votar e não depender somente do homem para viver ou dos seus filhos quando seus homens morressem, como por exemplo na Índia. As mulheres se destacavam muito na arte como “Anita Malfatti” e Tarsila, brasileiras com um dom de expressar sua arte de formas diferentes. Expressando a nossa cultura, os seus sentimentos e suas ideologias de vida (Texto da aluna Elisama – Registros da autora).
Ou ainda como a aluna Gabriela Goulart, que diz: Os objetivos do projeto, de minha parte, foram bem sucedidos. Adorei saber sobre as mulheres desde o princípio, as artistas, a evolução delas em relação à Arte. As matérias (conteúdos) dadas foram muito interessantes. O grupo foi bem unido nas atividades. A professora explicou tudo muito bem, foi criativa ao propor os trabalhos Eu amei tudo de verdade. (Texto da aluna Gabriela – Registros da autora).
Os portfólios serão avaliados com mais tempo, pois terei que ler cada um e estabelecer um valor para cada atividade, já que alguns alunos deixaram de realizar uma ou outra.
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Concluir um trabalho é sempre algo complicado, significa que chegamos à fase em que nossa opinião será finalmente evidenciada. Quando escolhi o tema Gênero Feminino e sua relação com a Arte para pesquisar, confesso que tinha em mente mais a satisfação de um desejo pessoal de me aprofundar num assunto, do que realmente transformá-lo em projetos educativos para trabalhar com alunos. Porém, enquanto observava as turmas e ao mesmo tempo realizava a pesquisa, pude perceber que o tema era não apenas interessante, mas também se fazia necessário seu aprofundamento dentro da estrutura social da sala de aula. Esta conclusão refere-se ao Projeto de Ensino aplicado no Ensino Médio, neste texto procurei fazer uma reflexão sobre as aulas, sempre analisando os seus pontos positivos e negativos, ainda procurando respostas e propondo soluções. Olhando para o trabalho desenvolvido durante o processo de aplicação do Projeto Educativo de Ensino e refletindo sobre os resultados alcançados, determinei vários pontos interessantes que pensei merecerem maiores esclarecimentos, alguns diretamente relacionados aos alunos, tais como: primeiro ponto, a discussão de questões sociais referentes ao universo feminino dentro da sala de aula; segundo ponto, a dificuldade de alguns alunos em expressar suas opiniões perante grupo; terceiro ponto, a dificuldade de realizar atividades que dependam de decisões próprias; quarto ponto, de que forma a arte pode fazer parte da vida cotidiana dos alunos; e ainda, quinto ponto, porque os alunos acreditam que não podem entender ou produzir arte. Outros pontos significativos estão relacionados ao projeto: o objetivo geral do projeto, a importância da utilização de imagens, as formas utilizadas para sensibilização e motivação dos alunos para a realização das atividades teóricas e práticas, se a produção plástica solicitada aos alunos foi baixa, se este fato prejudicou o andamento do projeto e o alcance dos objetivos propostos, se a produção visual dos trabalhos plásticos ficou dentro dos parâmetros que eu desejava e a dificuldade encontrada em trabalhar um projeto mais extenso e exigente. Retomando então os aspectos que julguei serem de maior interesse nesta conclusão, vejamos o primeiro ponto referente às questões sociais que foram debatidas durante a aplicação do projeto. Elas aconteceram em praticamente todas as aulas, e os temas das discussões foram a violência doméstica como, por exemplo, na primeira aula na
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qual o tema do projeto foi apresentado e o assunto surgiu de forma natural e na sexta aula, quando comentamos a vida e a obra de Artemísia Gentileschi. A submissão feminina entra em pauta na segunda aula, quando analisamos a vida das indianas, e na terceira aula, quando falamos sobre casamentos na Idade Média. O direito à educação surgiu quando comentamos o Renascimento na terceira aula e na quinta, quando conversamos sobre moda. A evolução social é uma questão que faz parte de todas as aulas, com maior destaque na sétima quando comentamos o final do projeto. As profissões femininas viraram assunto na sexta aula, quando falamos principalmente das mulheres artistas, de estilistas de moda, professores de arte, entre outras. Na terceira aula, por exemplo, realizamos uma leitura de imagem da obra “Retrato dos Arnolfini” do artista flamengo Jan Van Eyck. Foi uma aula bastante proveitosa, em que analisamos principalmente a figura feminina representada na imagem e tentamos relacionar com aspectos atuais. Sua aparência delicada, recatada e submissa, comparada à exposição na mídia que algumas mulheres buscam hoje. Seu vestido amplo e muito bonito, comparado aos trajes minúsculos atuais. A importância que o casamento tinha para ela na época e que hoje em dia pode ser apenas uma formalidade. Chegamos então à questão da indumentária relacionada com: liberdade, profissão, praticidade e conforto. O segundo ponto que também me chamou bastante a atenção foi o fato de alguns alunos não quererem ou não conseguirem expor suas opiniões para o grande grupo, isto em assuntos sérios, pois se fosse pra fazer piadinhas e brincadeiras a participação era quase geral. Imagino que isto se deva ao fato de que falar de assuntos sérios é demonstrar amadurecimento, e a grande maioria dos adolescentes parece não querer assumir responsabilidades. Alguns até me surpreenderam quando vi que nos portfólios existiam comentários que em aula não apareciam. O terceiro ponto que se refere às dificuldades em realizar atividades que dependam de decisões próprias dos alunos, por mais simples que possam parecer a nós professores, foi um aspecto que ficou bem claro quando, ainda na primeira aula, expliquei o que era e para que servia um portfólio. A grande maioria entendeu a sua utilidade, mas as dúvidas surgiram quando disse-lhes que cada um faria o seu da forma que desejasse. Pareceu-me que entraram em pânico, com exclamações do tipo: “como professora?”, “eu nem sei por onde começar!”, “ é muito difícil!”. O que fazemos então para que eles sintam-se seguros? Como incentivá-los sem que precisemos necessariamente mostrar um modelo? Bem, confesso que durante a minha prática de ensino não tive muita clareza para trabalhar isto com meus alunos. O que eu fiz foi tentar direcioná-los a cada página, a cada dia. No entanto, considero que os objetivos foram apenas parcialmente atingidos, pois, a partir do momento em que eles perceberam que eu iria valorizar mais o conteúdo, deixaram de se preocupar com a diferença entre os
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trabalhos. Por exemplo: um aluno produz uma página em folha a4, com a data da aula, com algum comentário sobre o assunto do dia e uma colagem que ilustre o mesmo, ou até a atividade que foi realizada (no caso de ser um desenho ou um texto) e me questiona se está bom assim. Respondo que sim, pronto. Agora este servirá de modelo para todas as outras páginas de todos os outros portfólios, com pequenas variações. Por mais que eu fale que eles podem abusar da criatividade, ter trabalho para realizar uma atividade não é uma opção para essa nossa geração de alunos. Por outro lado, se eu disser que não está bom e que precisam se esforçar mais, imediatamente retrucam que: “Ah, mas nós não somos artistas nem professores de arte! “ou “Ah, está bom assim mesmo!” ou “Mas isso aqui já vale alguma nota né?”. Mas para finalizar esta questão do portfólio, concluo que o uso do mesmo, embora esteticamente tenha deixado a desejar, cumpriu bem o seu papel de documentar a aquisição de conhecimentos, o registro dos conteúdos e de alguns comentários interessantes dos alunos. Além de auxiliar na avaliação de todo o projeto. Pois, já que alguns alunos sentem dificuldade em se expressar na frente dos colegas, o portfólio lhes dá a chance de expor suas ideias. O quarto ponto seria fazer os alunos entenderem que a arte faz parte do cotidiano deles, mesmo que não percebam. Creio que este ponto ficou falho no projeto, pois percebi esta dificuldade durante as análises dos realizados após ter concluído o trabalho com a turma. Talvez pudesse ter trabalhado melhor esta questão do que apenas ter relacionado arte e moda feminina, que era um dos objetivos específicos do projeto. Pensando agora sobre este aspecto, vejo que poderia tê-los aproximado mais da arte, falando de design gráfico, decoração de casas, estampas em tecidos (serigrafia), arte no corpo (tatuagens), o grafite e a pichação. Isto, por sua vez, nos leva a analisar o quinto ponto que observei durante a prática, de que os alunos acham que arte é coisa de gênio e que eles não são capazes sequer de entendê-la, quanto mais de produzi-la. Pensei muito sobre este assunto e concluí, até por conhecer alguns outros projetos, que, quando trabalhamos o ensino da arte, usamos como referência, na maior parte das vezes, renomados artistas do passado, ou seja, mortos. Pude notar, por exemplo, que quando trabalhei com a turma a Beatriz Milhazes, uma artista brasileira que se encontra em plena atividade e fazendo sucesso, o interesse deles foi diferente. Alguns chegaram a questionar o valor monetário do seu trabalho, porém este detalhe também é delicado, no sentido de que os alunos queriam tratar apenas da questão financeira, enquanto que eu queria mostrar-lhes que ser artista plástica pode ser uma opção profissional. Existem outros aspectos que merecem uma reflexão e que, embora estejam relacionados aos alunos, podemos dizer que fazem parte da estrutura do projeto. Inicio esta
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reflexão pelo objetivo geral do Projeto Educativo de Ensino, que liga o mesmo ao tema da pesquisa por meio do ensino da arte. Este objetivo visa mostrar que a evolução social e intelectual da mulher pode ser percebida também através de registros feitos por artistas, ou seja, por meio das representações da figura feminina em obras de arte, de fatos e momentos históricos; visa reconhecer as mudanças de percepção social e de contribuição cultural do Gênero Feminino ao longo de processo histórico das sociedades e de que forma a arte registra esta participação. Este objetivo perpassa todas as aulas aplicadas durante o projeto. Falando da evolução social e das conquistas femininas que ocorrem graças ao trabalho de pessoas corajosas e inovadoras, citei os nomes de dois estilistas famosos: Coco Channel e Paul Poiret, pois ambos revolucionaram a vida das mulheres e a moda feminina no início do século XX. É claro que uma das intenções do projeto era atrair a atenção dos alunos e sensibilizá-los para a atividade prática que eles realizariam nas aulas seguintes, tornando-se designers de moda feminina, pois acredito que a moda e a arte estão intimamente ligadas. Creio, portanto, que toda esta reflexão a respeito desta aula possa esclarecer a relação entre os dois objetivos propostos: de que os alunos percebessem que o artista pode retratar uma época através de suas obras e, ainda, que a evolução social das mulheres pode influenciar diretamente a moda feminina ou ser influenciada por ela. Pode parecer ao leitor que esses conteúdos não possuem uma relação, porém durante a aula conseguimos conectar todos os assuntos de forma tranquila. Outro aspecto refere-se ao uso das imagens. Já na primeira aula, preparei uma apresentação em PowerPoint contendo um vídeo retirado da internet e várias imagens, nas quais diversas representações da figura feminina são utilizadas para sensibilizar os alunos a respeito do tema. Esse recurso da visualização de imagens, embora em maior ou menor número, foi repetido nas cinco aulas seguintes. Acredito que a utilização de reproduções de obras de arte para ilustrar as aulas é fundamental, principalmente quando trabalhamos leitura de imagens. Porém, o ideal seria que os alunos tivessem mais oportunidades de ver obras de arte ao vivo, em museus, galerias, etc. Infelizmente durante o Estágio III isto não foi possível. Eu até havia planejado uma visita ao Margs, que não pôde ser realizada, pois as aulas eram nas segundas-feiras, no turno da manhã, único dia em que o Museu não abre. Tentamos agendar outro dia e horário, mas devido às dificuldades com a agenda dos alunos, acabei desistindo de utilizar este recurso. Ainda assim, tenho que admitir que nós professores deveríamos usar essa metodologia mais vezes para que nossos alunos possam aprender a apreciar e a fruir as obras de arte e não apenas reconhecê-las como parte integrante de um livro. Talvez esta reflexão sobre parte do meu próprio trabalho responda parte da questão sobre as formas que utilizei para incentivar, sensibilizar e motivar meus alunos para
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a realização das atividades propostas. As metodologias que utilizei durante os Estágios II e III foram basicamente as que aprendi durante o Curso de Artes Visuais. No entanto, percebo que não estamos nem perto de nos parecermos com nossos alunos. Eu creio que a diferença está primeiramente no fato de que fazemos o que gostamos e por escolha própria, enquanto que alunos de médio e fundamental parecem estar sempre sendo obrigados por algo ou alguém. A maioria deles deixa claro que se pudessem escolher estariam bem longe da sala de aula. Merece também uma reflexão mais apurada a questão da produção plástica solicitada aos alunos ter sido baixa e se este fato prejudicou o andamento do projeto e o alcance dos objetivos propostos. Considerei que o projeto não buscou uma grande produção plástica por parte dos alunos, Entretanto não consegui ver nisso um problema, mas um diferencial, já que as discussões geradas em torno do tema Gênero Feminino e sua representação através das obras de arte eram o foco do meu trabalho. Neste sentido, posso dizer que debatemos sobre um maior número de artistas. Ou seja, ao invés de trabalharmos um artista, conseguimos nos aprofundar um pouco mais na vida e na obra de vários nomes. Por exemplo, falamos sobre a vida e a obra de mulheres artistas desde Artemísia Gentileschi no século XVI, até artistas modernas como Tarsila do Amaral e Frida Kahlo e também a contemporânea Beatriz Milhazes. Os alunos interessaram-se pelas histórias destas mulheres e alguns até vieram a pesquisar na internet imagens de obras, além das que mostrei em sala. Refletindo sobre os debates que surgiram, posso citar como exemplo este que ocorreu na segunda aula, na qual solicitei que os alunos desenhassem uma mulher com características formais observadas na Arte Egípcia, desenvolvendo uma atividade cotidiana atual. A maioria dos meninos representou a mulher em afazeres domésticos (lavando roupas, cozinhando e limpando a casa), enquanto as meninas, por outro lado, desenharam mulheres desempenhando atividades mais modernas e intelectualizadas (dirigindo carro, internautas, jogando futebol, etc.), foi possível ver surtir um efeito quando os trabalhos foram expostos. Primeiro houve uma reação de revolta por parte das meninas, que argumentavam ter tanta capacidade intelectual quanto os homens ou mais. Depois todos concordaram durante nossa conversa, de que o que pode fazer a diferença é a educação que as pessoas recebem, independente de sexo ou qualquer outra coisa. Mais um aspecto a ser colocado em discussão foi se a produção visual dos trabalhos plásticos realizados pelos alunos ficou dentro dos objetivos estabelecidos. Considerando o pouco tempo de experiência que possuo, ainda assim arrisco-me a dizer que os objetivos propostos para os trabalhos plásticos foram atingidos. Fiquei bastante satisfeita, sobretudo com relação aos bonecos vestidos com roupas projetadas e confeccionadas por eles, atividade que foi muito elogiada por toda comunidade escolar no
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último dia, quando fizemos a exposição. Cada aluno produziu dois modelos e de modo geral todos foram bem, porém acho importante destacar que os meninos deram um “show a parte”. Isso porque, embora toda esta atividade estivesse planejada desde o começo da aplicação do projeto, eu havia omitido esta informação. Quis esperar que todos se envolvessem com o tema, para depois expor esta atividade específica. Primeiro, pensei que os meninos, que eram maioria, talvez se recusassem a colaborar efetivamente na atividade, por uma atitude machista. Entretanto, foi surpreendente o entusiasmo deles, planejando, discutindo detalhes criativos que distinguisse o seu trabalho do dos colegas. Já as meninas, no geral, foram na onda do “menos trabalhoso”. O último, mas não menos importante ponto sobre o qual sinto que vale a pena refletir, foi a dificuldade encontrada em trabalhar um projeto mais extenso e que exigiu maior empenho e dedicação por parte dos alunos. Isto ocorreu durante o projeto do estágio, mas também ocorre em outros projetos nas turmas das quais sou professora titular. Acredito que isto se deva ao fato de que nossos jovens são extremamente imediatistas, ou seja, não têm paciência para elaborar projetos, rascunhos, cálculos e principalmente pesquisas. Eles querem que as atividades mostrem um resultado imediato e não gostam, em sua grande maioria, de trabalhar por semanas num mesmo projeto. Isto dificulta muito o trabalho, pois eles não gostam de cumprir normas e agem por conta própria. Um exemplo disso é: combina-se com a turma que o trabalho terá duração de cinco semanas e deve ser feito em sala, porém na semana seguinte temos esta situação: uns poucos alunos trazem o material solicitado, outros realizaram toda a atividade em casa e não têm o que produzir em sala e o resto da turma se divide em quem nunca traz material, mas quer fazer o trabalho e aqueles não participam ativamente da aula. Felizmente na minha prática de ensino este fato não chegou a fazer uma grande diferença, pois a turma era grande e a maioria se dispôs a colaborar com o Projeto de Estágio da professora, mas já tive turmas nas quais seria muito difícil aplicar uma atividade parecida. Considerando que nós, professores, juntamente com a família e com a sociedade, somos grandes responsáveis pela formação do caráter dos nossos jovens, sintome feliz com os resultados alcançados com a aplicação deste projeto. No final do trabalho, alguns alunos elogiaram o projeto, a escolha do tema e a atuação da professora e apenas isso já teria valido a experiência toda. Porém, sinto que o resultado foi maior, a exposição no último dia chamou atenção de toda a escola e o reconhecimento de todo o nosso esforço foi muito gratificante, tanto pra mim quanto para os alunos. Ao final desta experiência posso dizer que aprendi a visualizar melhor o papel do professor perante os alunos, não somos mais os donos da verdade como pensamos um dia, mas aprendemos constantemente com eles. No entanto, não devemos entender com isso que eles sabem mais, apenas que sabem de outras formas. Neste ponto está o valor do
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projeto, pois se as aulas estiverem sempre embasadas em pesquisas bem fundamentadas, com
bons
argumentos,
sempre
teremos
algum
conhecimento
a
ensinar.
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