O que faz o corpo que inventa?

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL- ULBRA/CANOAS/RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS DÓRIS GARCIA ALVES DA SILVA MILCHARECK

RELATÓRIO O QUE FAZ O CORPO QUE INVENTA?

Canoas/RS 2010


DÓRIS GARCIA ALVES DA SILVA MILCHARECK

O QUE FAZ O CORPO QUE INVENTA?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado Como requisito parcial para obtenção do título de Licenciado (a) em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil. Orientador: Ana Lucia Beck

Canoas/RS 2010


RESUMO

O que faz o corpo que inventa? Tema que foi retirado do ―livro Arte Br‖, porque me remeteu a pensar nas mais variadas formas de ver, sentir e criar a Arte em nosso cotidiano. Portanto, devemos, aprender a educar o olhar de ver a Arte na educação escolar. Saber que o corpo é a ferramenta mais importante para inventar e construir a Arte. Na pesquisa foi importante trabalhar com a artista Lygia Clark, porque ela busca trabalhar junto com a Arte, as políticas do corpo. Também foi importante trabalhar com o artista Hélio Oiticica, que inclui o corpo do espectador em sua obra, promovendo a interação corpo e obra. Tanto Hélio Oiticica quanto Lygia Clark, faziam parte do movimento neoconcreto em que se preocupavam com a participação do espectador na obra. Lygia com os seus bichos e objetos ―relacionais‖ e Hélio com seus (parangolés) e performaces públicas. O estágio foi realizado com a 6ª série/B do ensino fundamental,com a presença da Profª titular Gisele Boff, na E.E. Langendonck, localizada no município de Maquiné. Composta desde a educação infantil até o ensino médio, num total de 855 alunos. O Projeto de Ensino é sobre o corpo, tem como título ―O que faz o corpo que inventa? ― O corpo como molde na Arte, como vem sendo representado, como se expressa, suas ações nas obras de Arte, suas interferências nas imagens fragmentadas, desconstruindo aquele padrão dito ―normal‖. O corpo é o meio estruturante das ações coletivas e transformadoras. A justificativa vem com a necessidade de expandir o conhecimento e quebrar o modelo tradicional, resolvi trabalhar o corpo como molde na Arte. Dentre eles, diversos elementos para composição e configuração dos trabalhos, tendo o corpo como molde. Proporcionando ao aluno a possibilidade de explorar seu próprio corpo na Arte e fazer uma reflexão crítica de suas produções plásticas. Objetivo Geral é que os alunos percebam e reconheçam as formas que compõem o corpo humano, identificando e caracterizando com formas e volumes, as composições das produções plásticas, nas mais variadas formas possíveis e com materiais diversificados. Objetivos específicos foram:- Compreender o que é Arte e suas linguagens; - Identificar formas e volumes do corpo humano, para produzi-las em moldes de tamanho natural; - Promover a interação dos alunos, num trabalho coletivo; - Redescobrir o olhar sobre a Arte; - Desenvolver a criatividade na composição plástica dos trabalhos; - Projetar moldes de algumas formas físicas das partes do corpo de cada um, diferenciando-as no tamanho, nas formas e espessuras; - Compreender a importância de se trabalhar amassando argila,


descarregando suas energias e explorando suas coordenações motoras. A Metodologia é baseada no tema do projeto que foi o corpo, no qual os alunos trabalharam tirando moldes do próprio corpo e de suas partes. Dessa forma foi necessário trabalhar com aulas práticas, em grupo e individual, dialogadas e expositivas. Nas quais os alunos visualizaram diversas imagens das obras da artista Tarsila do Amaral, como a obra ―Abapuru‖, ―A negra‖ e ―Os operários‖, que são imagens que mostram poucas formas e volumes do corpo. As Conclusões que cheguei foram que a partir da prática com a 6ª série do Ensino Fundamental, percebi que as aulas de Artes devem ser em primeiro lugar algo prazeroso e significativo. Diante da exigência da proposta do projeto que era trabalhar formas e volumes do corpo, as imagens que lhes mostrei em algumas aulas deixaram a desejar, por não mostrarem formas e volumes, fato que só me dei conta agora analisando os processos e resultados. Ao final do estágio, percebi que os alunos mudaram suas opiniões sobre a Arte, já que em uma das aulas eles próprios revelaram que não imaginavam que poderiam criar e expressar-se com tanta liberdade de expressão nas aulas de Artes. Isso confirma que o estágio foi importante e significativo.


DEDICATÓRIA

Agradeço a Deus e a todos que colaboraram de uma orma ou de outra para a realização deste trabalho.


SUMÁRIO

INTRODUÇÃO. .......................................................................... 1 1 MONOGRAFIA. ...................................................................... 4 1.1 O QUE FAZ O CORPO QUE INVENTA? ............................ 4 2 PENSANDO NA APLICAÇÃO DO TEMA “O QUE FAZ, O CORPO QUE INVENTA?” PARA O ENSINO DA ARTE. ....... 16 2.1 APLICAÇÕES DE AULAS PRÁTICAS NA SALA DE AULA OU NA RUA. ................................................................. 16 2.1.1 Corpo humano em tamanho natural. .......................... 16 2.1.2 O grande pé e a grande mão. ....................................... 17 2.1.3 Máscara com tiras de papel, tipo armadura. .............. 17 2.1.4. Argila. ............................................................................ 18 2.1.5 Mãos de argila. .............................................................. 18 2.1.6 Caminho dos pés. ......................................................... 19 3 DIÁLOGO COM A ESCOLA. ............................................... 20 4 PROJETO EDUCATIVO DE ENSINO. ................................. 31 4.1 DADOS DE INFORMAÇÃO GERAL. ................................ 31 4.1.1 Título............................................................................... 31 4.2 DADOS ESTRUTURAIS DO PROJETO. .......................... 31 4.2 TEMA DESENVOLVIDO.................................................... 32 4.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA. ..................... 32 4.4 OBJETIVO GERAL DO PROJETO DE ENSINO. ............. 32


4.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO PROJETO DE ENSINO.................................................................................... 33 4.6 CONTEÚDOS ENVOLVIDOS. ........................................... 33 4.7 METODOLOGIAS. ............................................................. 33 4.8 QUANTIDADE DE ENCONTROS (E CARGA HORÁRIA) DE APLICAÇÃO DO PROJETO. ............................................ 34 4.9 ENCAMINHAMENTOS. ..................................................... 34 4.10 AVALIAÇÃO. ................................................................... 34 CONCLUSÃO. ......................................................................... 67 REFERÊNCIAS DE PESQUISA. ............................................. 75 APÊNDICES. ........................................................................... 77 APÊNDICE A –Questionário com o Diretor. ........................ 78 APÊNDICE B – Questionário com a Coordenação Pedagógica. ............................................................................ 80 APÊNDICE C – Questionário com a Professora. ................. 82 APÊNDICE D – Questionários com os Alunos. ................... 84


INTRODUÇÃO.

Este relatório contém quatro capítulos que mostram a forma como foram desenvolvidos os estágios que são: um, dois, três e quatro. No estágio um, começamos com a escolha de um tema amplo, diferente e significativo na Arte. Tema que serviu como fonte para se aprofundar numa pesquisa. A pesquisa dependia do tema escolhido pelo estagiário, dentro de um período da Arte, um movimento artístico ou que constasse em obras de artistas. Com a pesquisa realizada, partimos para a escolha de uma escola em que pretendíamos estagiar. Escolhida a escola, realizamos uma pesquisa no PPP da mesma. Diante dessa pesquisa, escolhemos as turmas em que gostaríamos de estagiar. Dessa forma realizamos várias observações silenciosas nas turmas, para que entendermos qual era a realidade dessas turmas. Após as observações, aplicamos alguns questionários com a direção, com a coordenação da escola, com a professora de Artes titular das turmas em que pretendíamos estagiar. E com as turmas, para que pudéssemos obter uma visão da realidade das aulas Artes na escola e sobre as opiniões deles diante do ensino das Artes. Principalmente as opiniões dos alunos, sobre o que pensavam a respeito das Artes. Se conheciam algum artista ou obras de Arte. Se já tinham realizado alguma visitação a exposições de Arte. Com que tipos de materiais gostariam de trabalhar e quais os trabalhos de Artes que gostariam de fazer. Diante de todos os resultados, construímos um diálogo com a escola, confrontando as realidades constatadas, com a aplicação do tema para aulas, fazendo uma análise dos resultados. Para que a partir disso pudéssemos planejar,


analisar e refletir sobre o desenvolvimento do projeto de ensino, no qual constaria os conteúdos, o objetivo geral, as metodologias e os recursos de ensino. O projeto de ensino tem como tema o corpo na arte, com os objetivos de trabalhar formas e volumes do corpo humano, através de moldes em que os alunos farão do próprio corpo em aulas práticas, dialogadas e expositivas. Com os projetos de ensino construídos, passamos a elaborar os planejados das aulas que deveria conter os conteúdos, os objetivos específicos, as metodologias e os recursos que seriam utilizados, nas aulas com o ensino fundamental e médio. Tendo as aulas planejadas do ensino fundamental e médio, passamos para os estágios dois e três, nos quais trabalhamos com os planejados das turmas selecionadas, uma do ensino fundamental e outra do ensino médio. A cada semana que desenvolvemos os planejados nas turmas, já descrevemos os realizados, que são as descrições de como se procederam as aulas. Nesses realizados constarão, os processos das atividades, as atitudes do professor e dos alunos durante as aulas, com fotos das imagens trabalhadas, dos processos de trabalhos dos alunos e citações de livros de Arte e educação. Após desenvolver todos os planejados e descrever os realizados, partimos para o estágio quatro que é a análise de todo o material elaborado nos estágios um, dois e três e o desenvolvimento da conclusão, da introdução e da apresentação do trabalho em Power Point para a banca. Não se esquecendo de organizar em capítulos e formatar todo o relatório. Em função do histórico aqui exposto conteriam os seguintes capítulos. O capítulo um, se descreve a monografia que é desenvolvida a partir do tema ―O que faz o corpo que inventa?‖. Na qual aparece a descrição sobre o quanto é importante trabalhar com o tema o corpo na Arte, os artistas que trabalharam com o tema ―o corpo‖, os estilos que eles trabalharam, os tipos de materiais e os trabalhos que eles realizaram com o corpo na Arte. O capítulo dois é a descrição do diálogo com a escola, a caracterização da mesma, a análise dos documentos, dos questionários e as observações silenciosas. Fazendo dessa forma um confronto das realidades constatadas com a aplicação do tema para as aulas que serão desenvolvidas.


No capítulo três aparece a aplicação do tema, a forma como o professor pode trabalhar com o tema ―o corpo na Arte‖, as atividades que serão mencionadas no projeto de ensino descritas nos planejados e desenvolvidas nos realizados. Finaliza-se com a conclusão, a análise reflexiva sobre todo o processo realizado, o que foi bom e o que poderia ser modificado ou incluído no desenvolvimento das aulas conforme o tema exige nos capítulos um, dois e três. A partir dessa prática com a 6ª série do Ensino Fundamental, percebi que as aulas de Artes devem ser em primeiro lugar algo prazeroso e significativo. Diante da exigência da proposta do projeto que era trabalhar formas e volumes do corpo, as imagens que lhes mostrei em algumas aulas deixaram a desejar, por não mostrarem formas e volumes, fato que só me dei conta agora analisando os processos e resultados. Esse fato é importantíssimo deve ser evidenciado e lembrado, para que se obtenha um bom desempenho na sala de aula. É imprescindível que se faça antes de qualquer outra coisa, uma profunda reflexão sobre o processo e os resultados que se obterá diante da proposta do projeto, dos conteúdos ou imagens que pretendes trabalhar nas aulas de Artes. Ao final do estágio, percebi que os alunos mudaram suas opiniões sobre a Arte, já que em uma das aulas eles próprios revelaram que não imaginavam que poderiam criar e expressar-se com tanta liberdade de expressão nas aulas de Artes. Isso confirma que o estágio foi importante e significativo.


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1 MONOGRAFIA. 1.1 O QUE FAZ O CORPO QUE INVENTA? ―O meu corpo é ao mesmo tempo vidente e visível. Ele que olha todas as coisas, também pode olhar a si reconhecer no que está vendo então o ―outro lado‖ do seu poder vidente‖ (MAURICE, 2003, p. 101). Nesta citação o autor nos fala sobre o nosso corpo. Esse corpo, que vê as coisas ao seu redor, também é visível, está no nosso dia-a-dia. Nós sentimos, ouvimos, tocamos e enxergamos com o nosso olhar. Aquele que se vê interiormente, enxerga mais muito mais porque se olha a si próprio, enxergando dentro de si mesmo, ouvindo o coração, a própria alma, os verdadeiros sentimentos, que se mostram do outro lado, o interior do poder vidente, o poder de sentir as coisas com o coração, com os olhos da alma. Tudo isso nos leva a perceber que realmente é o corpo que faz e inventa a sua vida, a sua arte. O título dessa monografia foi retirado do ―Livro Arte BR‖. Escolhi este título porque enquanto eu estava lendo-o, ele me remeteu diretamente a pensar nas mais variadas formas de ver, sentir e criar a arte em nosso cotidiano. Essas formas seriam o conhecer, o observar, perceber as coisas através da visão, que é alcançar o olhar dos seres, das coisas, que o mundo nos apresenta. Esse olhar depende muito da vivência, da experiência de vida de cada um, da sua bagagem de conhecimento. No entanto, esse olhar também sofre mutações que o ambiente lhe proporciona, o obriga a ver de tal forma, que precisamos redescobrir e educar o nosso olhar. Educar o olhar é saber observar o que lhe faz bem, o que é importante para a sua vivência, mas é necessário estar atento aos detalhes de cada acontecimento, saber transformar e redescobrir o seu cotidiano. Em casa com a família, na escola, no trabalho, nos grupos, no sindicato, nas pequenas comunidades, na rua, [ que] nos mostra uma série de práticas entre os sujeitos participantes. E nos sugere que em cada um desses espaços é possível ver um palco rico em detalhes e de experiências e carregado de sentimentos de vida. Os defensores da cotidianidade têm então uma outra maneira de olhar o mundo. Eles pretendem fazer surgir o extraordinário, ‗ desenvolver uma maneira não-trivial de ver a trivialidade‘. Porém, não basta apenas olhar atentamente as coisas. Mergulhar no cotidiano implica numa mudança de postura necessária a um projeto bem mais ambicioso, que é o de mudar a vida. Só com essa perspectiva podemos aqui falar de redescobrir o cotidiano ou a vida cotidiana.


5 O cotidiano assumido como programação, orientado pelo marketing e pela publicidade, pela tecnologia, pelo informacional, é sinônimo de rotina. No entanto, é justamente contra o rotineiro, o previsível, o repetitivo, que o projeto de mudar a vida se coloca. ‗Não basta pretender alcançar o cotidiano, mas é necessário, para conhecê-lo verdadeiramente, querer transformá-lo (LEFÉVRE apud FUSARI, 2001, p. 78-9).

Portanto, devemos saber, ou melhor, aprender a educar o olhar de ver a arte na educação escolar. Saber que o corpo é a nossa ferramenta mais importante para inventar e construir a arte. A arte ocupa um espaço na vida das pessoas e na sociedade desde os primórdios da civilização, o que a torna um dos fatores essenciais da humanidade. O fundamental é entender que a arte se constitui de modos específicos de manifestação da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem com o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo. Das imagens, nosso olhar pode retornar ao mundo e à sua complexidade com uma atitude muito mais humanizada. Olhar o trabalho em sua totalidade, a partir da linguagem da arte, pode levar as novas compreensões sobre a vida. A arte é texto visual que dá sentido à vida. Toda obra de arte pode provocar uma experiência que nos dá a sensação de estarmos mais vivos, mais presentes em nós mesmos e no mundo. Sempre que a vivemos, algo se transforma em nós. O ensino da arte vem se transformando significativamente, ao longo das últimas décadas, vêm desvendando, mais e mais, o modo como aprendemos. As necessidades do mundo em que vivemos, até do mundo que procuramos antecipar e construir nos colocam diante de novas exigências e revelam novas possibilidades. Também é necessário saber abstrair, analisar, questionar, criticar e decidir, para que possa criar, projetar e construir. Tudo isso associa -se ao desenvolvimento dos potenciais perceptivos e das capacidades. A arte deve ser provocadora de ações que contribuam para desenvolver a imaginação facilitando e enriquecendo a relação de nós consigo mesmo, com o outro e com a realidade. Uma mente imaginativa trabalha também a partir de um repertório que articula idéias. A imaginação é certamente uma faculdade que devemos desenvolver, e só ela nos pode levar à criação de uma natureza mais exaltadora e consoladora do que o rápido olhar para a realidade [...] nos deixa perceber (GOGH apud BUORO, 2003, p. 80).


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O homem deve refletir sobre a função da imaginação criadora em sua vida, isto é, captar é uma das funções principais das produções na arte. É resultado da relação homem com o mundo. Dessa forma os processos criativos transformam a humanidade. A imaginação se desenvolve a partir do contato do homem com a natureza e com a cultura. O conhecimento de si próprio é base e essência da vida. Ora saber quem somos é necessário saber nossas origens e o que nos relaciona à humanidade. Nossa identidade humana também nos ajuda a entender as diferenças que existem entre etnias, culturas, costumes, religiões e os diversos modos de ver o mundo e a arte. A escola é um lugar privilegiado para desenvolver essa discussão e provocar a consciência de quem somos e de onde viemos. As obras de arte discutem as nossas origens, as diversidades étnicas, culturais, sociais, etc... A arte não nasceu adulta e armada do cérebro de Zeus. Formouse lentamente na consciência e na ação humana; e nunca, nem mesmo nos mais grosseiros impulsos operativos do primitivismo, houve um ato separado da consciência do ato, do sentido ainda que apenas inicial da sua historicidade intrínseca (ARGAN apud BUORO, 2003, p. 19).

A arte está presente no mundo desde que surgiu a primeira vida na terra. Uma das primeiras referências da existência humana na terra aparece nas imagens desenhadas nas cavernas, que hoje chamamos de imagens artísticas. Para o ser humano, a vida adquire sentido à medida que ele se organiza no mundo. Através das percepções e interpretações, o homem se relaciona desenvolvendo contato com sua realidade e formando imagens em sua mente. Para construir imagens, o homem necessita de memória e capacidade para tomar suas decisões. Desde as imagens das cavernas, o homem já estava transformando-as a partir de um olhar. A arte, portanto, está em nosso mundo desde as primeiras manifestações de vida na terra. O homem foi se relacionando com a natureza e com o mundo ao seu redor, construindo as possibilidades de sua sobrevivência e desenvolvimento. ―A criança começa a vida com a mente repleta de imagens extremamente vividas‖ (READ apud FUSARI, 1999, p. 61). É nesse sentido que falamos, quando dizemos que precisamos valorizar a individualidade do aluno, isto é, por ter uma bagagem de vida completamente


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diferente dos demais, provavelmente suas manifestações artísticas serão opostas. O conhecimento é base para entender a sobrevivência, representá-lo e expressá-lo faz parte do processo que amplia o seu saber. Saber que se constrói através de imagens, que se processa quando olhamos algo ou recordamos alguma coisa, assim ela se forma em nossa mente. Isso só acontece se o nosso corpo fizer a sua parte, ou melhor, se ele estiver atento a tantas informações, que se passam em nosso olhar. As imagens visuais são constituídas por formas, cores, linhas, pontos, que percebemos pela visão, porém, depende da luz e da nossa experiência. Exemplo: Durante o dia, se olharmos para as folhas das árvores enxergamos a cor verdeclara, mas à noite na escuridão não é possível definir essa cor. As pessoas fazem imagens que representam o mundo que as rodeia, utilizando diferentes materiais, técnicas e formas de expressão. Como a artista Tarsila do Amaral, que representa em suas pinturas ―os negros e as amas de leite‖, que trabalhavam na fazenda de seu pai na sua infância. Tarsila pintou diversos quadros com essas representações, como o ―Abapuru‖, ―A negra‖, ―Antropofagia‖, ‖Família‖ e ―Os operários‖. Hoje as imagens podem ser feitas utilizando meios tecnológicos, como a câmara fotográfica e a filmadora. As imagens, além de informar, provocam emoções. Ao apreciar uma obra artística, as pessoas podem reagir com emoção, pois os sentimentos e as sensações também são transmitidos por meio de imagens. Na arte pós-moderna, a emoção impulsiona as pessoas, ao visualizarem os estados da arte. - O objeto que é a navegação das categorias tradicionais (Arte pop, Novo realismo, etc); - O conceito que é a idéia como arte (arte conceitual, ecológica, etc); - O corpo, como motor da obra de arte e meio de expressão (Happening, Performance, etc.). O corpo é a nossa principal ferramenta na arte moderna. O objeto e o conceito juntos formam uma instalação. - Instalação é a forma singular de ocupação do espaço, oriunda de uma reflexão espacial posta em perspectiva no campo plástico. Sua ocupação remete a certa posição, depositar. Durante os anos setenta, sua adoção parecia ir de par com uma insistência colocada no fato de ordenar um espaço. Este gesto levava em


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consideração o contexto natural, a topografia de um lugar: trocava-se instalação por ambiente. - Nos anos 80 – volta-se para espaços internos, utilizam-se recursos tecnológicos com TV, vídeo e computador. - Nos anos 90 – volta-se para espaços externos, abre-se um painel virtual Tecnológico para sair, mesmo que o corpo permaneça dentro de um interior. Segundo Millet (1997), a Body Art foi uma – Corrente sintetizada nos Estados Unidos pela revista Avalanche criada em 1970 e que apresentava, principalmente, o trabalho de Vito Acconci, Bruce Nauman, Dennis Oppenheim. De fato, a encenação pelo artista do seu próprio corpo por ocasião de ações ou de performance, ou a utilização desse corpo como suportes de intervenções (desde o projeto até ao golpe), foram experimentados nos anos 60 pelo grupo japonês Gutai. Estão-lhe, igualmente, associados, os happenings e as ações dos membros dos Fluxos. Na França, a revista Ar Titude (1971) defendia a arte Corporal de Michel Journiac, Gina Pane e do Suíço Urs Lüthi. É de citar, ainda, o alemão Klaus Rinke. Os artistas levaram, muitas vezes, o seu corpo ao limite da resistência e do risco físico (Chris Burden expondo-se a um tiro de espingarda). Aqui o suporte é o corpo, sua principal ferramenta. - Happening – Literalmente, o que está a acontecer. O happening é mais do que um espetáculo, na medida em que, a partir de uma trama determinada, o espectador pode juntar-se a ação. Esta é aberta à improvisação. O happening multiplicou-se a partir de 1958, em Nova Iorque, sob o impulso de Allan Kaprow, antes de conquistar outras partes do mundo, nomeadamente a Europa, graças à ação de Jean-Jaques Lebel. Neste movimento, encontramos Claes Oldenburg, Jim Dine, Yoko Ono... Kaprow tinha sido, desde 1952, no Black Moutain College, aluno de John Cage, que incitava os seus alunos a realizar events, onde se pudessem combinar diferentes formas de arte. - Land Art, termo geral para designar os trabalhos efetuados na natureza, como os deslocamentos de terra e de pedras dos earthworks (obras de terra) de Michel Heizer, Robert Smithson, Walter de Maria, mas também a utilização de fatores climáticos ou Sazonais (assim, Dennis Oppenheim ceifa um campo desenhando um enorme X 1969) ou ainda, à maneira dos artistas ingleses Richard Long e Harish Falton, as longas caminhadas no decurso das quais o artista deixa traços de sua passagem e tira fotografias.


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- Ready – Made, termo inventado por Marcel Duchamp para designar os objetos fabricados, que ele expunha, tenuemente modificado, pela sua mão, como obras de arte. O primeiro foi uma roda de bicicleta montada sobre um banco em 1913, mas Duchamp só começou a empregar o termo em 1915, quando intitulou uma pá para neve, como uma de suas obras, Em prévision du brás Casse. Em 1917, o urinol intitulado Fontaine foi recusado no salão dos independentes de Nova Iorque. Para Duchamp, o ready – made era um pôr à prova do gosto e dos critérios de avaliação. A partir dos anos 60, muitos artistas começaram a utilizar este gênero de objetos já feitos, mas com fins mais narrativos ou estéticos, a ponto do termo se tornar genérico: fala-se da arte do ready –made, de objetos ready –made, etc. - Performace – Conceito genérico utilizado durante os anos 70 para tudo referente à arte da ação teatral – gestual, em que o público, igual que os fluxos, são somente observa. Esta tendência abarca os autores presentacionistas, o processo demonstração, Body Art e Transformer, a presença do público a princípio se suple com vídeos e filmes. Muitos artistas do século XX, tentaram redefinir o significado de arte ou ampliar a definido de modo a incluir conceitos, materiais ou técnicas jamais antes a ela associadas. Em 1917, por exemplo, o artista Francis Marcel Duchamp expôs uma produção em massa de objetos utilitários, inclusive uma roda de bicicleta e um urinol, como se fossem obras de arte. Nas décadas de 1950 e de 1960, o artista americano Allan Kaprow usou seu próprio corpo como veículo artístico em espetáculos espontâneos que, segundo ele, eram representações artísticas. Nos anos 1970, o artista americano que seguia o estilo do earthwork, Robert Smithson, usou elementos do meio ambiente — terra, rochas e água — como material para suas

esculturas.

Como

conseqüência,

muitas

pessoas

associam

a

arte

contemporânea com aquilo que é radical. O mundo liberta-se de um olhar que o reduz às suas formas constituídas e à sua representação, para se oferecer como matéria trabalhada pela vida como potência de variação e, portanto, como matéria em processo de arranjo de novas composições e engendramento de novas formas. Nesse sentido, (SANT´ANNA, 2002, p. 20) relata em seus estudos sobre as políticas do corpo, que no ano de 1960 na arte, há metamorfoses do corpo que modificam como forma de protesto e suas influências estão em domínio diversos da cultura: da antimoda à body art, passando pelas metamorfoses corporais dos


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―modernos primitivos‖, existe uma considerável contestação à homogeneização das aparências, ao imperativo ―seja sempre jovem‖ e à intensa exploração comercial. Nesse campo inserem-se os artistas que utilizam seus corpos para denunciar coações sociais, sexuais e identitárias. Em certos casos, passa-se do corpo da pintura do quadro para o próprio corpo do artista. No Brasil, o pioneirismo de Lygia Clark foi buscar na psicanálise a experiência de trabalhar junto com a arte, as políticas do corpo, e Hélio Oiticica, em incluir o corpo do espectador em sua obra, promovendo a interação corpo e obra. Ambos faziam parte do movimento neoconcreto em que se preocupavam com a participação do espectador na obra. Lygia com os seus bichos e objetos ―relacionais‖ e Hélio Oiticica com seus (parangolés) e performances públicas. A psicanalista Suely Rolnik, (2002, p. 45-6) aponta que nesse momento a arte participa da decifração dos signos, das mutações sensíveis, inventando formas pelas quais tais signos ganham visibilidade e integram-se ao mapa vigente. A arte é, no entanto, uma prática de experimentação que participa da transformação do mundo. O corpo como enfoque das reflexões da obra de Lygia Clark com exceção daquela que usa o próprio corpo como suporte – não é mais percebido unicamente por suas características basilares, e sim como parte da imensa teia de significações que a obra opera. Uma vez que o corpo, concebido no cruzamento de conceitos e processos, passa a ser compreendido – tanto na experiência artística quanto na experiência reflexiva – como algo amalgamado ao contexto da obra. O corpo, nesse nível de percepção e análise, está impregnado de um rumoroso mundo externo a ponto de confundir-se com o mesmo e permanecer na impossibilidade de uma identidade conferida apenas por suas inerentes singularidades. O corpo pertence ao espaço do mundo, com o qual nunca atinge uma estabilidade. Freqüentemente podemos observar em certas propostas de arte que o corpo físico se faz entrever fragmentado, desconstruído, ou distorcido, e assim, (e apesar disso) facilmente identificável. Porém em outras, o corpo encontra-se tão pulverizado em múltiplas referências – sociais, históricas, políticas, científicas, metafísicas, etc. – que não há qualquer elemento identificador de sua organicidade. Em todas essas abordagens, há sempre uma idéia de prolongamento do corpo – o corpo individual está expandido em seus desdobramentos conceituais e, ao mesmo tempo, na acepção plástica da obra.


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Em 1968 Lygia vende um apartamento para financiar a construção de uma obra chamada A Casa é o Corpo: Labirinto. Trata-se de uma instalação gigantesca, realizada no MAM e na Bienal de Veneza desse ano, simulando as condições internas de um corpo feminino que o participante vai penetrar, para viver ali uma experiência inusitada. Estímulos sensoriais os mais diversos, provocados por elementos sensíveis que fazem parte da instalação, agem sobre o participante, tentando reproduzir o trajeto de um corpo no interior de outro corpo. Trata-se de fecundar esse corpo, após tomar parte na ovulação, experimentando o trajeto da vida desde a germinação até a expulsão. Mas é somente na terceira etapa, em que O Corpo é a Casa, que se completa a reversão iniciada nas etapas precedentes (quando experiências intimistas tomaram lugar visando recuperar a eroticidade do próprio corpo). Agora o corpo não é mais sensibilizado por nenhum material, e sim pelo contato com os outros participantes. Das formas criadas pelo corpo coletivo nasce a nova expressão. São as situações que desencadeiam gestos, onde cada um é uma parte das células, construídas e modificadas espontaneamente para buscar novas formas, até tomar um sentido para os participantes. Dentro do imenso leque de possibilidades que compõem a chamada arte contemporânea, há uma vertente que se direciona especificamente para o corpo, suas secreções e sensações como forma de afirmar a identidade do indivíduo e de reivindicar as questões relativas a sexualidade, gênero e liberdade de expressão. De acordo com o filósofo e teórico da arte, Pere Salabert (2003,p.20) essa busca da presença através do uso do corpo na arte contemporânea, como uma reivindicação da matéria e de sua mundanidade, se dá em contraposição ao transcendental e anímico da representação ilusória dos movimentos artísticos anteriores. Essa busca é colocada pelo autor de modo evolucionista no contexto da História da arte, em que a presença pelo uso da matéria mesma vai se afirmando no decorrer do tempo em detrimento da representação, tendo como conseqüência uma maior aproximação da arte com a realidade. Esse processo evolutivo não só pode ser visto no decorrer da História da arte, como também no decorrer de algumas trajetórias artísticas, como, por exemplo, no desenvolvimento da obra acionista de Günter Brus (2005,p.187) na qual primeiramente o corpo em sua totalidade realizará a pintura gestual, para depois tornar-se o próprio suporte da pintura e, finalmente, de suporte passar a ser a obra


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mesma. O objetivo de demonstrar a importância do corpo na arte contemporânea, em especial no contexto do acionismo vienense, e de explicar como a obra de Brus tem esse caráter evolutivo que se enquadra na teoria defendida por Salabert. Para isso, primeiramente se expõe o contexto pós-guerra profícuo para o surgimento da arte corporal, e do acionismo vienense em particular, para então contextualizar a trajetória acionista de Brus e a humanização de sua arte. AA liberdade que se quer conquistar é, acima de tudo, a liberdade do próprio corpo, a liberdade de ser-corpo. Esse desejo vai ser logo assumido por aqueles que andam na vanguarda da história, ou seja, os intelectuais e artistas que nas suas produções vão evidenciar essa busca. Nesse sentido, surgirão os movimentos artísticos que passam a colocar o corpo e todos as suas secreções como zona artística, território da ação, dos fenômenos, dos processos e da própria obra de arte como é o caso do acionismo vienense, da performance e da body-art. Porém, devese ter claro que: É evidente que a arte do pós-guerra não pode ser reduzida à performance ou às mais variadas modalidades da ―arte do corpo/da dor‖; é evidente também que não se deve de modo algum reduzir a arte ao nível da manifestação do retorno do recalcado. Também tem sido comum uma leitura da arte a partir de um arsenal advindo da psicanálise sem a necessária mediação com base na reflexão sobre os fenômenos da arte e da sua história. Devemos ter em mente que tanto a psicanálise como a arte possui um desenvolvimento paralelo no século XX: e esse percurso paralelo não é nem harmônico nem epifenomênico. Mas não há dúvidas quanto ao fato de que um movimento também traduz e ilumina o outro. No contexto das práticas artísticas voltadas para o corpo como a própria obra de arte, a Áustria será o cenário do acionismo vienense, o movimento mais contundente nesse contexto pelo seu caráter seminal e pela violência impactante de suas ações. Não será por acaso que esse movimento, provavelmente a mais significativa contribuição do país para o desenvolvimento da arte contemporânea, surja na Áustria dos anos sessenta. Um país que ficou com cicatrizes profundas dos sucessivos conflitos pelos quais passou desde o início do século. O acionismo vienense, enquanto um grupo dogmático e, de certo modo,

fechado, se desenvolveu em Viena entre 1965 e 1970, sendo protagonizado pelos artistas austríacos Herman Nitsch, Otto Mühl, Rudolf Schwarzkogler e Günter Brus e pelos escritores Gerhard Rühm e Oswald Wiener. Como um predecessor da body-


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art, o acionismo vienense, se comparado com outros movimentos como os happenings, performances e fluxus, caracterizou-se como a forma mais violenta e agressiva de tratar o corpo no âmbito artístico de seu tempo. Sua contundência foi tanta que suas influências se alargam até os dias atuais, isso dado, principalmente, pela particularidade que o mesmo assumiu ao colocar a negação absoluta da estética, do artista e da própria arte, sob o lema da redenção e da liberdade, assumindo assim um papel transgressor e ao mesmo tempo messiânico e redentor. Os

acionistas

consideravam

suas

ações,

que

consistiam

no

desmantelamento de tabus corporais e mentais, como anti-arte, ou seja, acreditavam realizar ações puras desprovidas de qualquer caráter estético, sem o fim de contemplação ou reflexão, numa busca catártica de libertação. O próprio corpo era o suporte da obra e os materiais usados eram, além dos instrumentos de corte e perfuração, principalmente o sangue e as secreções do próprio corpo-suporte, renunciando, desse modo, qualquer tipo de mercantilização. No acionismo vienense, as facas se convertem em pincéis, o corpo em tela e as próprias secreções do corpo humano em pigmento, desse modo, o corpo se converte na pintura, na escultura e na expressão plástica. Afinal, nas suas ações, os artistas se cortam, se mutilam, colocando em evidência a idéia de Günter Brus da ―destruição como elemento fundamental na obra de arte‖. Deste modo, através das automutilações dos artistas, se torna possível entrar na dimensão de uma arte terapêutica. Para os acionistas o melhor meio para a expressão de suas contestações em relação ao poder repressor do Estado e ao comportamento cínico da sociedade foi o corpo, a única coisa que pertence realmente ao homem e sobre o qual se deposita a cultura de forma mais intensa, formando os comportamentos e ideologias. Nesse sentido, ao colocar o corpo em destaque com o sentido da dor e da destruição, os acionistas, pela via do repúdio e do asco e na relação de alteridade, buscavam mobilizar o indivíduo para que voltasse o olhar para si mesmo e questionasse a sua identidade e a sua postura ética. Os acionistas, apesar de possuírem como eixo comum à ênfase no e pelo corpo como ação artística, formavam um grupo de idéias heterogêneas no qual cada artista atuava a sua maneira em intensa colaboração com os demais. A primeira ação foi apresentada, no final de 1962, por Hermann Nitsch (2000, p. 33), com a colaboração de Otto Mühl, os dois eram pintores e podem ser


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considerados os iniciadores do movimento. Nessa ação, de trinta minutos de duração, Mühl verte sangue de uns pequenos recipientes sobre a cabeça de Nitsch, que estava vestido com uma túnica branca e atado através de umas argolas à parede, como um crucificado. Partindo da pintura, o objetivo era demonstrar as intenções do Teatro de Orgias e Mistérios de Nitsch, que segundo o crítico de arte José Sarmiento, se define como ―un teatro de la crueldad sinestésico que invita a vivir de una manera intensa‖, e que caracteriza por sair da superfície do quadro e tomar conta de um corpo vivo e em movimento, na busca da obra de arte total. Para Nitsch, pintura, pigmento e sangue se misturam formando um só corpo, um corpo real, não pictórico. Nitsch rompe com os limites entre arte e realidade, entre as substâncias orgânicas e os elementos artísticos através de uma atitude repugnante, obscena e perversa que pretende motivar os sentidos do espectador sem que esse participe ativamente da ação. As ações de Nitsch inicialmente se restringiam à pequenos espaços privados tendo como espectadores um número reduzido de amigos, posteriormente, apresenta seu trabalho em espaços públicos como museus e galerias e, a partir de 1971. Devido à violência chocante de suas ações e o modo particular e original em que cada artista soube utilizar o corpo para colocar as questões que os motivavam, o acionismo vienense é referência para todos os que, de alguma forma, utilizam diretamente o corpo na produção artística contemporânea. A manifestação do corpo perfaz uma reconfiguração de mudanças constantes, cujas circunstâncias socioculturais inscrevem a reflexão crítica, cada vez mais dinâmica de condições adaptativas a estratégias discursivas, evidenciado no seu uso como suporte, linguagem, tema, conteúdo, etc. Nesse sentido, inevitavelmente, o corpo já é uma nova fronteira. Porém, escrever uma história do corpo não é uma tarefa fácil de concretizar, porque tudo o que se relaciona com o assunto é, de um modo geral, remetido para as zonas mais obscuras da conduta humana. O corpo é o lugar do que se esconde o olhar, do que se furta à promiscuidade, é o espaço da intimidade e dissimulação dos subentendidos, do que não se diz ou vê de imediato. Restringindo ao estudo do corpo humano, são incontáveis os caminhos e numerosas as formas de abordagem: da medicina à arte, passando pela


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antropologia e pela moda, há sempre novas maneiras de conhecer o corpo, assim como possibilidades inéditas de estranhá-lo. A arte tem uma função que poderíamos chamar de conhecimento, de aprendizagem. Seu domínio é o do não racional do indivisível da sensibilidade domínio sem fronteira nítida, muito diferente do mundo da ciência, da lógica, da teoria. Domínio fecundo, pois nosso contato com a arte nos transforma. Por que o objeto artístico traz em si, habilmente organizados, os meios de despertar em nós, em nossas emoções e razões, reações culturalmente ricas, que aguçam os instrumentos dos quais nos servimos para aprender o mundo que nos rodeia (COLI, 2003, p. 109).

A interatividade com as novas tecnologias leva à percepção de outras formas de sentir, de conhecer e de construir um repertório fantástico. Isso é resultado do que o corpo faz, e inventa.


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2 PENSANDO NA APLICAÇÃO DO TEMA “O QUE FAZ, O CORPO QUE INVENTA?” PARA O ENSINO DA ARTE. O ensino de arte que privilegia a experiência estética e explora diversas linguagens artísticas, vem ampliando seu espaço de atuação nas salas de aula. As primeiras aulas seriam trabalhar um pouco a História da Arte, o corpo como vêm se apresentando na História da Arte, quais os artistas que deram ênfase ao corpo. Aulas expositivas sobre as obras, aulas dialogadas, para sentir e ouvir o que os alunos pensam a respeito, o que desejam realizar, seguir com trabalhos práticos, suas próprias produções e que eles façam exposições na sala de aula e na escola, preferencialmente no pátio da escola para que todos possam ver e apreciar suas criações. Começar com atividades de sensibilização para os alunos por meio de observação e do levantamento de todas as impressões que uma obra de arte sugere, depois passar para atividades práticas. Há duas formas de o aluno entrar em contato com as obras: através de reprodução, ou melhor, ressimbolização de obras. Observá-los nos livros ou em slides. Ou ainda, visitando museus.

2.1 APLICAÇÕES DE AULAS PRÁTICAS NA SALA DE AULA OU NA RUA.

2.1.1 Corpo humano em tamanho natural. Nesta atividade quero que os alunos interajam um com o outro, desenhando seus moldes do próprio corpo, observando suas formas e visualizando as diferenças entre um e outro molde corporal desenhando, para que tenham noção do que fazer, na hora de tirar os moldes com argila do corpo deles. Sobre o papel Kraft, um aluno se deita e outro desenha seu contorno (não precisa necessariamente usar o Kraft, basta que o papel tenha tamanho suficiente para que o aluno caiba inteiro nele).


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Cada aluno pinta dentro de seu contorno, compondo sua própria imagem, ou criando outras. O aluno escolhe como realizar sua criação, dentro e fora da figura. Há a opção de recortar o contorno, neste caso não é necessário trabalhar com o fundo. Incentivar aos alunos, ao se deitarem sobre o papel, que façam posições diferentes com o corpo. O material para este trabalho é bem variado: guache, pastel oleoso ou giz de cera, colagem com papéis coloridos ou tecidos, e outros que quiserem. Uma outra possibilidade é se deitar em duplas, trios, ou em grupos maiores. Desenhar o contorno desse conjunto e depois trabalhar a imagem.

2.1.2 O grande pé e a grande mão. Com essa atividade os alunos terão a oportunidade de vivenciar e descobrir a importância e a beleza do trabalho da artista Tarsila do Amaral, com a obra o ―Abapuru‖, ver quais as semelhanças e diferenças da obra da artista e do trabalho realizado com os colegas. Juntar pelo menos quatro folhas de cartolina (colando-as por trás com fita crepe) ou quatro folhas de papel duplex, formando um grande suporte. Desenhar uma grande mão que ocupe a maior parte dessa área; em um outro papel, desenhar um grande pé. O trabalho estará pronto depois que a grande mão e o grande pé estiverem totalmente preenchidos. Assim, faremos uma aula dialogada, mostrando obras da artista Tarsila do Amaral, fazendo uma análise da obra da artista, com o trabalho que eles realizarão.

2.1.3 Máscara com tiras de papel, tipo armadura. Neste trabalho o objetivo é criar máscaras como se fossem armaduras, como aparecem nos filmes de histórias antigas. Com isso os alunos poderão criar várias expressões nas máscaras com diversos materiais de sucata o que eles preferirem e assim criar um trabalho inovador. Os alunos tirarão as medidas das cabeças dos colegas, para saberem o tamanho das tiras que irão compor as máscaras dos mesmos.


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Cortar uma tira de papel duplex e colocar em volta da cabeça, bem ajustada. Não é no topo da cabeça, a tira passará pelo queixo, orelha, por cima da cabeça, pela outra orelha e se encontra novamente no queixo. Colar as pontas. Colar nessa tira outras tiras verticais e horizontais, de forma que não fiquem esticadas e sim arredondadas, como se fosse uma armadura (as tiras podem ter 3cm de largura). Fazer uma dobra na tira vertical na altura do nariz. Essa estrutura de papel será feita só para a parte da frente do rosto. Depois de secar a máscara, pintar com tinta guache ou tinta acrílica e acrescentar outros adereços. Se quiser, furar o lugar dos olhos, nariz e boca. Envernizar (com verniz ou cola branca) para dar um brilho e fazer dois furos nas laterais para a colocação do elástico.

2.1.4. Argila. A argila é processo que mexem com a imaginação, a criatividade e os sonhos dos alunos, assim amassando o barro, vão colocando ali suas forças, suas energias e isso os deixam mais calmos. Deixar que experimentassem o material livremente, batendo na mesa para que a argila vá ficando macia. Se a argila estiver muito mole, bater num jornal para que a água vá sendo absorvida.

2.1.5 Mãos de argila. Nessa atividade das mãos de argila, será praticamente o colega do aluno que, fará o molde porque é difícil trabalhar só com uma mão, é necessária muita habilidade. Os alunos explorarão ai as formas das mãos de cada colega, observando as linhas das mãos para esculpi-la e as unhas para moldá-las. Criando desta maneira uma forma de reter a atenção de todos. Fazer quatro placas de argila de mais ou menos 3cm de espessura, de modo que caiba, com folga, uma mão. O aluno pressiona a mão esquerda ou direita na argila até ficar bem marcado. É necessário que outra pessoa ajude a afundar bem a mão na argila. Retirar a mão e posicioná-la na outra placa de argila, porém, agora com a mão


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virada, para obter-se o molde do outro lado da mão. Esse processo se faz com as duas mãos. Pressionar a mão novamente sobre a argila, a ajuda de outra pessoa, retirar a mão. Agora para unir as partes da mão, passar barbotina (mistura de argila com água na consistência de creme), e passar o dedo juntando-as cuidadosamente. Deixar secar e pintar com tinta guache. Há se o aluno preferir antes de secar, pode fazer com uma esteca as linhas da mão e o formato das unhas.

2.1.6 Caminho dos pés. Nesta atividade é interessante a participação de toda a turma num trabalho coletivo, de tirar moldes dos pés dos colegas, fazer composições plásticas nos moldes e recortar. O objetivo é criar um longo percurso, só com o uso desses moldes, colando – os no chão com fita crepe, para que conduzam as pessoas dos corredores da escola para a sala de exposição dos trabalhos (como se fossem pegadas). A atividade de culminância será a saída de campo a Bienal do MERCOSUL, onde os alunos terão o privilégio de olhar, analisar e falar sobre a exposição. Algo que eles terão o privilégio de ver pela primeira vez na vida deles, de visitar uma Bienal, isso fará com que eles ampliem e transformem para sempre suas visões sobre Arte. Para realizar as atividades, alguns procedimentos metodológicos serão importantes, tais como a mobilização do grupo de alunos e o levantamento de conhecimentos prévios sobre o assunto tratado, a problematização, desafios das situações propostas, a verbalização de idéias, além de uma avaliação, uma tomada de consciência do grupo de alunos a respeito das formas do próprio corpo e a sistematização do conhecimento que construirão a partir dos processos práticos que farão nas aulas de Artes. Os alunos farão uso das diversas modalidades da Arte para realizar suas próprias produções, alcançando percurso próprio na elaboração de seus trabalhos, para que consigam com suas produções realizar uma exposição na escola.


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3 DIÁLOGO COM A ESCOLA. A partir da pesquisa no PPP da Escola Estadual de Educação Básica Lourenço Leon Von Langendonck verificou-se que a Escola atende a uma clientela composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, distribuído em manhã, tarde e noite. A Escola conta com 43 professores, 855 alunos do 1° ano do Ensino Fundamental até o 3° ano do Ensino Médio e 4 funcionários. A Escola reuniu toda a comunidade escolar para a construção coletiva de seu Projeto Político Pedagógico. Este visa redefinir o papel desta instituição de ensino e reconstruir os princípios que estruturam sua ação política. Todo o projeto pedagógico é também um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso com os interesses reais e coletivos da comunidade. A escola sente a necessidade de redefinir o seu papel, para suprir os anseios do público escolar, tanto em método e conteúdo, quanto na filosofia e na própria concepção da Escola. A escola tem por objetivo proporcionar uma educação integrada, buscando desenvolver o senso crítico, a responsabilidade, o respeito mútuo, a organização, incentivando o aluno a assumir suas tarefas com consciência, interesse e participação ativa, num clima de solidariedade, cordialidade, compreensão, respeito e

união

em

torno

de

objetivos

comuns,

possibilitando

ao

educando

o

desenvolvimento das suas potencialidades, tornando-os capaz de ser elemento de transformação na sociedade. A Escola Langendonck tem excelentes iniciativas, métodos e objetivos, só falta um pouco mais conhecimento e vivência para alguns professores conseguirem instigar seus alunos deixá-los mais livres nas atividades propostas e fazer com que eles participem mais das aulas, que eles interajam com os professores na escola. Os alunos precisam sentir o desejo de buscar por novos conhecimentos, pesquisar outras áreas de conhecimento de seu interesse e interesse da Escola. Nas Artes, a Escola nos dá o entender que a Arte é influente em outras disciplinas, que a Arte prepara os alunos para absorção de novos conhecimentos no pensar, no fazer, analisar, no refletir e no refazer. Porém, acho que falta o mais


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importante na Arte o processo de dar livre e espontânea liberdade para que, o aluno realize suas atividades e crie seus conceitos sobre Arte. A avaliação como diagnóstico também busca redirecionar a ação do professor dentro da sua prática educativa. Entendendo a educação como um processo multidirecional a escola procura gerar, a cada bimestre, oportunidades para que os envolvidos mais diretamente no processo ensino-aprendizagem avaliem seu desempenho e sejam também sejam avaliados. Para que isso ocorra a escola proporciona três momentos: - Auto-avaliação do aluno: momento em que o educando reflete sobre suas dificuldades nas diversas disciplinas e o que vêm fazendo para superá-la. - Auto-avaliação do professor: momento em que o educador faz uma autocrítica sobre o trabalho que vem desenvolvendo. - Heteroavaliação: momento em que professores e alunos expressam-se com toda a liberdade e espontaneidade para melhor o processo ensinoaprendizagem, abordando os seguintes aspectos: relacionamento da turma entre si, relacionamento da turma com o professor e do professor com a turma, participação nas aulas, cumprimento dos deveres, metodologia aplicada nas aulas, conteúdos, avaliações, sugestões para o próximo bimestre, entre outros. - A média para aprovação é = 60. É feita Trimestralmente valendo 100 a cada trimestre, soma e divide por 3. A Arte favorece ao aluno relacionar-se criativamente com as outras disciplinas do currículo, além de propiciar o desenvolvimento do pensamento artístico e da preparação estética que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência humana. A Arte de outras culturas faz com que o aluno possa perceber sua realidade cotidiana de forma mais abrangente, através de um exercício de observação crítica do que existe na sua cultura, dando sentido, valor e significado, ao que lhe é próprio. Uma outra função do ensino de Arte diz respeito à dimensão social das manifestações artísticas, ou seja, cada cultura revela o modo de perceber, sentir e articular significados e valores que norteiam as relações humanas numa sociedade. A Arte não mais é vista como um ―enfeite‖ e sim conquista, um novo espaço no currículo, sendo reconhecida como a área do conhecimento capaz de preparar o indivíduo para a absorção mais ampla e prazerosa das demais áreas.


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Hoje em dia, o mundo nos exige uma permanente atualização e o ambiente escolar não está isolado das mudanças que ocorrem dia-a-dia. As coisas evoluem e o professor tem que estar aberto às mudanças, assumir a educação como um político e reformular-se tanto nos métodos quanto no próprio conteúdo da sua disciplina. Além disso, o próprio Paulo Freire evolui em suas teorias (e práticas). Ele nos diz: ―me parece que muitos educadores que se dizem Freire anos estão unicamente se referindo à Pedagogia do Oprimido, que publiquei há quase trinta anos... Meu pensamento tem evoluído e eu tenho aprendido constantemente com outros educadores pelo mundo afora‖ (tradução livre do capítulo 16 do livro Mentoring the Menthor – a critical dialogue with Paulo Freire). A Escola propõe para a formação dos seus professores: - Realização de reuniões para tratar de questões de cunho pedagógico. - Realização de oficinas dentro da temática ―educação e ambiente‖ para os professores do ensino fundamental e médio. - Oportunizar a participação dos professores da escola em palestras, encontros de área, seminários, congressos e outros fóruns ligados à área da educação. - Organizar palestras e encontros para integração de todas as escolas da região. A escola tem buscado avaliar o aluno na sua progressão durante o ano letivo e não apenas de forma quantitativa, valorizando a diversidade de universos culturais dos alunos para fortalecer sua auto-estima, sua identidade e a construção da sua cidadania numa sociedade marcada pela pluralidade cultural e pela desigualdade educacional e social. É consenso entre a comunidade escolar que se atribua um conceito ao final de cada bimestre. Entretanto, esse conceito não pode estar baseado somente em avaliações pontuais, mas deve ser construído diariamente com o aluno, valorizandoo a cada dia a partir de suas experiências pessoais e não de forma cumulativa. No currículo escolar a arte, portanto, é o componente que traz dados importantes sobre o desenvolvimento das crianças no que diz respeito ao processo criador, sobre as estruturas mentais por elas elaboradas enquanto pensa, percebe, age, interage e produz.


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O componente curricular de Arte no ensino fundamental deverá basear-se no pensar, no fazer, no analisar, no refletir e no refazer. Os objetivos do ensino das Artes na Escola são: - A experimentação de diferentes formas artísticas a partir de materiais, técnicas, instrumentos e recursos capazes de favorecer a relação entre observar e realizar um trabalho de Arte. - A exploração das potencialidades pessoais e coletivas, das habilidades e experiências, como fator de autoconhecimento e de impulso para a ação criadora. - A exteriorização das manifestações e qualidades perceptivas e imaginativas, tendo em vista que as experiências estéticas são pessoais quanto ao seu significado. Os conteúdos das Artes, propostos pela escola são: - Desenhar com criatividade, independente de ter ou não habilidades; - Vivenciar através do desenho, datas comemorativas nos diversos meses do ano; - Confeccionar cartazes observando a técnica; - Representar em seqüência lógica, uma história em quadrinhos com diálogo e figuras correspondentes; - Reconhecer a linha através de forma, posição e direção; - Ampliar e reduzir desenhos; - Usar corretamente a régua em trabalhos dados; - Pintar desenhos observando monocromia e policromia; - Representar desenhos do natural, observando as devidas proporções; - Confeccionar cartões; - Construir faixas decorativas; - Identificar as cores primárias e secundárias; - Representar através de sombras, objetos reais ou imaginários; - Comunicar-se através do desenho a compreensão de texto e músicas dadas; - Reconhecer e representar as figuras geométricas planas e na composição de desenhos; - Ouvir e cantar hinos pátrios, cantos populares e religiosos; - Criar jograis e pequenos textos ou poesias; - Criar ações, personagens, verbos, estrofes, quadrinhos;


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- Reproduzir observando diversos motivos com objetivos de desenvolver e despertar a criatividade; - Representar diversos elementos da natureza; - Traçar o alfabeto em profundidade; - Criar motivos para painéis decorativos; - Representar cenas de improviso e preparadas; - Representar motivos com noção de espaço; - Cantar músicas do folclore gaúcho e brasileiro; O calendário escolar ordena o tempo e determina todas as ações da escola. Sendo assim, deve ser construído de forma participativa pelos segmentos da comunidade escolar, considerando a realidade local, sendo sujeito a alterações. São previstos dias de formação para os professores e funcionários para aprofundamento de conhecimentos, além da carga horária mínima exigida por lei. A escola deve se atualizar com o avanço do mundo atual oferecendo oportunidades para a comunidade escolar através de oficinas, palestras, cursos, monitorias. Essas atividades visam ampliar o tempo escolar e fortificar a integração da mesma. Para que o aluno não fique só no trabalho abstrato, a escola oportunizará espaços para a prática, despertando nele o gosto pelo ambiente escolar e comunitário. Entendemos que o tempo escolar não está restrito ao tempo em sala de aula, mas também aos períodos de estudo, discussão, reflexão e lazer. A carga horária de Artes para o ensino fundamental, é de dois períodos semanais. O trabalho com a Arte em sala de aula oferece elementos para a construção do indivíduo enquanto ser pensante, ser afetivo e ser social, capaz de reconhecer-se na coletividade, bem como traz para o aluno a possibilidade de pensar, articular e mobilizar estruturas do pensamento.

3.1 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO COM A DIREÇÃO. No questionário com a Direção, o Diretor Aldo Mansan formado em Educação Física, menciona que é importante hoje na Educação das Artes, a


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criatividade e a expressão interior do aluno, são resultados daquilo que está dentro dele. Para que a Escola seja um espaço privilegiado para as aulas de Arte, é necessário que a Escola proporcione aos educando possibilidades de se expressarem em situações críticas e criativas. O fundamental é que, a individualidade do aluno, se manifeste respeitando um querer coletivo. As reuniões com os professores são realizadas sempre que necessário. A Escola não recebe nenhum tipo de verba, apenas a Escola cria algumas alternativas como rifas fazem festinhas, torneios etc... A comunidade participa através da Banda e do teatro. A escola não tem nenhum professor formado em Artes. Ela proporciona aos alunos na medida do possível, alguns espaços para eles criarem seus trabalhos, conforme a programação das aulas. A escola tem como privilégio o projeto da banda e do teatro.

3.2 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO COM A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA. A responsável pela Coordenação Pedagógica é a Professora Consuelo Dalpiaz, que respondeu ao questionário informando que é formada em Letras, ela relata que a proposta educacional da escola é: proporcionar uma educação integrada, buscando desenvolver o senso crítico, o respeito mútuo e a organização. Como referencial teórico a Escola escolheu a Pedagogia dos Projetos. Na escola o trabalho com Arte é visto como descoberta de talentos, momento de relaxamento e aprendizagem em arte. Os problemas disciplinares dos alunos são solucionados através de: Orientação pela direção, supervisão e professores. A inobservância de princípios, bem como a gravidade é passível de medidas pedagógicas previstas no Regimento Escolar. A avaliação em Artes para a Coordenadora Pedagógica se dá através do: processo e não o resultado ―bonito/feio‖, em um trabalho escolar. Nos próximos meses a Escola tem como privilégio à ―Mostra-Escolar‖, que se realiza no mês de Outubro.


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Neste pequeno relato pode-se observar que a professora avalia o certo e o errado, já o Coordenação Pedagógica diz que a avaliação se dá através do processo de trabalho do aluno. A Coordenação Pedagógica e os professores têm que interagirem mais nas aulas, trocar idéias, rever conceitos, métodos, analisar suas perspectivas, suas aulas, seus interesses e o dos alunos, procurar saber o que eles almejam, o que querem conhecer, abstrair e renovar nas aulas de Artes.

3.3 ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO COM A PROFESSORA. Mediante as respostas obtidas nos questionários pude constatar a professora Gisele não é formada em Artes e sim em Educação Física, acredito que por esse motivo ela cobra tanto dos alunos em relação a posição deles em sala de aula, as atividades delimitadas que ela propõem. A professora trabalha com diferentes modalidades de desenho, com cores, obras de alguns artistas. Releitura, com projeção para uma nova obra de Arte. Seus referenciais teóricos são: ―Para gostar de aprender Arte (Rosa Icevelberg), A conquista da Arte (Thayanne), Descobrindo a história da Arte (Graça Proença), A arte de fazer Arte (Denise, Dulce) e outros. A escola dispõe de poucos materiais para as aulas de Arte, até o momento não há outro espaço para se trabalhar a Arte com os alunos, diz a professora. Nas aulas de Artes a professora solicita que os alunos tragam régua, lápis de cor, tesoura, cola, folhas de ofício, etc... A avaliação nas aulas de Artes é feita através da: Pontualidade de entrega dos trabalhos dos alunos; Organização; Capricho; material das aulas em dia e Realizar as atividades com concentração. Para a professora a escola precisa em primeiro lugar um espaço para realizar e expor os trabalhos dos alunos. Isso justifica o quanto a escola e a professora ainda tem um pouco de Tradicional em seus conceitos.


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3.4 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS COM OS ALUNOS. No questionário com os alunos do Ensino Fundamental da 6ª série A, apenas 25 alunos estavam em aula e responderam que: a maioria deles gosta de Artes; Dos alunos, 22 responderam que nunca visitaram museus ou exposições de Artes; só conhecem artistas pela televisão; gostariam de conhecer algum; Dos 25 alunos, 18 deles optaram por modelagem; os materiais mais solicitados foram: argila, papéis grandes e diversos e gesso; 17 deles já fizeram alguma obra de arte; 22 alunos gostariam que a Escola tivesse um espaço privilegiado para as aulas de Artes. Se tivesse esse espaço a maioria deles fariam esculturas e o que mais lhe instigam na Arte é as esculturas e os desenhos que os artistas fazem em tamanho natural de acordo com a realidade (ex: desenho de uma pessoa em tamanho natural). A Escola Langendonck, situada no município de Maquiné, não dispõe de sala privativa para as aulas de Artes, o que dificulta em parte o desenvolvimento das aulas da professora Gisele. As aulas de Artes são todas realizadas na sala de aula, a professora comentou que às vezes leva os alunos na rua para observar determinada paisagem, retornar a sala de aula para reproduzir o que observaram, sempre em folha de ofício e lápis de cor, sem esquecer de fazer a margem. Os alunos na grande maioria não tiveram contato com outros tipos de materiais ou com atividades mais livres. A escola não fornece materiais, os alunos em parte são de baixa renda, o que dificulta o processo de trabalho da professora Gisele. A professora não é formada em Artes, porém se esforça para realizar um bom trabalho, já solicitou-me alguns livros emprestados sobre Arte. Ela me questionou o porquê de não conter atividades prontas nos meus livros de Artes. Expliquei que trabalhamos com a História da Arte, desenvolvendo os conteúdos através dos estilos da Arte. De acordo com os desenvolvimentos e questionamentos dos alunos e do professor no decorrer das aulas vão surgindo diversas atividades, de se desenvolver conteúdos da Arte, fazendo reflexões aluno e professor começam a debater sobre a forma como os artistas trabalham hoje na Arte contemporânea e como era em outros períodos da Arte.


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A professora solicitou que eu trabalhe cores e alguma coisa que instigue a criatividade do aluno. Coloquei para ela que mediante as constatações dos questionários, conclui que o mais solicitado e adequado é trabalhar com desenhos em tamanho natural e modelagem na argila. A professora achou ótima, está livre para desenvolver teu projeto ela me relatou. O Projeto que trabalharei é sobre o corpo. Como a Arte se desenvolve através do corpo, o que podemos fazer na modelagem com os moldes do nosso corpo? Conclui-se que os alunos preferem trabalhar com desenhos em papéis variados, modelagem com argila e gesso, conhecer artistas e fazer visitações à museus. Nas análises das observações silenciosas constatei que: Neste período de observações silenciosas, acompanhei a turma da 6ª série do Ensino Fundamental. A professora titular da turma é formada em Educação Física. Suas aulas se desenvolvem através de técnicas, como a policromia sempre utilizando o lápis de cor. Isso me faz ver e refletir o quanto a professora está deixando a desejar, pois seus métodos são os mesmos que a minha professora da 6ª série trabalhava naquela época, em 1997. Tal visão e reflexão sobre seus métodos remetem a uma aula tradicional. Isso me deixa extremamente frustrada, pensando no quanto esses alunos estão deixando de aprender. Assim, se pretendemos contribuir para a formação de cidadãos conhecedores da arte e para a melhoria da qualidade da educação escolar artística e estética, é preciso que organizemos nossas propostas de tal modo que a arte esteja presente nas aulas de Arte e se mostre significativa na vida das crianças e jovens (FERRAZ; FUSARI, 1999, p.15).

Acredito que precisamos renovar nossos conhecimentos e conceitos de Arte, para poder fazer e construir Arte nas aulas de arte. Há uma imensa necessidade de rearticular a prática da sala de aula, para complementar as vivências de ensino e aprendizagem. ―(...) antes de ser preparado para explicar a importância da arte na educação, o professor deverá estar preparado para atender e explicar a função da arte para o indivíduo e a sociedade‖ (FERRAZ; FUSARI, 1999, p.16). Os alunos entram na sala de aula em fila. A professora os acompanha. Todos se sentam. Ela faz a chamada. Solicita que todos peguem uma folha de ofício, façam a margem, lhes apresenta tal técnica, com lápis de cor e lembra os de


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que: ―– Não esqueçam que quando terminarem o trabalho coloque o nome e a data, guardem na pastinha‖. Assim realizam os trabalhos e outros fingem. Só conversam até que a professora se incomode, dê uns gritos pedindo silêncio ―e quem não quer fazer, fecha a boca‖ diz a professora. Percebo que os alunos estão muito desentusiasmados, sem ânimo, até para trazer o material que ela solicita sempre, como: folha de ofício, régua, lápis, borracha, lápis de cor ou giz de cera e a pastinha que ela recolhe no final do mês. Em suma, para desenvolver bem suas aulas, o professor que está trabalhando o com a arte precisa conhecer as noções e os fazeres artísticos e estéticos dos estudantes e verificar em que medida pode auxiliar na diversificação sensível e cognitiva dos mesmos. Nessa concepção, sequenciar atividades pedagógicas que ajudem o aluno a aprender, a ver, olhar, ouvir, pegar, sentir, comparar os elementos da natureza e as diferentes obras artísticas e estéticas do mundo cultural, deve contribuir para o aperfeiçoamento do aluno (FERRAZ; FUSARI, 1999, p. 21).

A professora deveria rever os conceitos de Arte, para elaborar aulas mais prazerosas e perguntar aos alunos o que eles desejam conhecer, criar, vivenciar outros tipos de material, outros lugares fora da sala de aula, para despertar interesse e retomar a atenção dos alunos nas aulas de Arte. Porque se ela não buscar algo mais artístico e estético na arte, que tipo de cidadãos estará formando para a sociedade, se ela não os estimular? Cidadãos que só pensam em dinheiro, pouco se importam com a natureza, com os benefícios, belezas e prazer que a Arte nos proporciona. Os alunos por mais que se dispersem, demonstram interesse em aprender algo novo. Eles sempre perguntam a professora como fazer determinado trabalho de aula, que ela solicita. Apesar da falta de entusiasmo parte da turma concluem seus trabalhos em aula. Estudar sem arte, não é estudar. Após a pesquisa no PPP na Escola, o resultado dos questionários e as análises das Observações silenciosas, obtiveram algumas constatações. Verifiquei que o professor se utiliza ainda do método tradicional, onde ele é quem sabe. Os alunos apenas realizam as tarefas ordenadas, respeitando os limites de cada atividade. Tanto a escola quanto o professor precisam permitir uma interação significativa entre aluno e professor, para que haja mais troca de conhecimento e inovações nas aulas, e na vida do aluno e do professor.


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A escola trabalha com métodos de contextualização, onde na maioria das vezes o trabalho que os alunos realizam, parte de algum texto que o professor leva para a sala de aula onde o aluno interpreta e faz ilustrações. Os objetivos maiores das Artes na escola são: recorte, colagem, pintura, interpretação e reprodução, dando ênfase à criatividade e ao pleno desenvolvimento do aluno. O trabalho com a Arte e corpo oferece elementos para a construção do indivíduo enquanto ser pensante, ser afetivo e ser social, capaz de reconhecer-se na coletividade, bem como traz para o indivíduo a possibilidade de pensar e articular, mobilizar estruturas de pensamento, de conhecer a si próprio, de ter consciência de si e de suas formas do corpo, para que possa ter consciência do que é exterior a ela. A Arte torna-se elemento fundamental no processo educativo não só por abranger todas as competências e habilidades contempladas pela educação, mas por se constituir, incrivelmente, como linguagem universal, compreendida por todas as pessoas em todos os lugares do mundo, de alguma forma, ou melhor, de maneiras diferentes e pessoais. Dessa forma é essencial trabalhar com uma educação significativa e diferenciada. A exploração da Arte, a apreciação e a produção, dá acesso ao contato e conhecimento sócio-cultural e histórico da Arte, favorecendo o vivenciar do mundo, por meio da Arte e do corpo.


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4 PROJETO EDUCATIVO DE ENSINO.

4.1 DADOS DE INFORMAÇÃO GERAL.

4.1.1 Título. ―O que faz o corpo que inventa?‖ Nome do (a) autor (a) do Projeto: Dóris Garcia Alves da Silva Milchareck Nome e endereço da Escola: Escola Estadual de Educação Básica Lourenço Leon Von Langendonck. Endereço: Av. General Osório nº 991 Bairro: Centro Maquiné-RS Tel. (51) 3628-1653

Nome do Professor (a) titular e série/ciclo/turma cedida: Professora: Gisele Maria Boff Pacheco Série: 6ª A Turno; manhã Nº de alunos; 25

Datas previstas e horários de atuação na escola: 01/10/09 à 12/11/09 – nas quintas-feiras. Horário: 07h45min às 09h15min.

4.2 DADOS ESTRUTURAIS DO PROJETO. Área envolvida; Artes Eixo Central: Corpo Atividade inicial: de aproximação e introdução do Projeto:


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- Reflexão sobre o conceito de Arte, através de uma discussão, a partir da apreciação de um DVD. - Conhecimentos do Projeto: ―O que faz o corpo que inventa? por meios de cartaz: Tema, conteúdos, materiais, artistas, etc... - Fechamento do Projeto: Exposição dos trabalhos na escola.

4.2 TEMA DESENVOLVIDO. O corpo na Arte, um tema bem abrangente e curioso, trabalhamos com moldes do corpo em papel e argila. Identificando formas, volumes, espessuras e texturas. O trabalho com a Arte e o corpo oferece diversos elementos para a construção de trabalhos riquíssimos e dá ao aluno a possibilidade de explorar seu próprio corpo, expondo-o no papel, para que os demais vejam, analisem e dê ou não sua opinião sobre os trabalhos, que grande maioria nunca viu ou sequer pensou em fazer.

4.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA. Com a necessidade de expandir o conhecimento e quebrar o modelo tradicional, resolvi trabalhar o corpo como molde na Arte. Dentre eles, diversos elementos para composição e configuração dos trabalhos, tendo o corpo como molde. Proporcionando ao aluno a possibilidade de explorar seu próprio corpo na Arte e fazer uma reflexão crítica de suas produções plásticas.

4.4 OBJETIVO GERAL DO PROJETO DE ENSINO. - Perceber e identificar as formas, volumes e linhas de expressão que compõe o corpo humano, para produzi-las em moldes das mais variadas formas possíveis com materiais concretos.


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4.5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS DO PROJETO DE ENSINO. - Conhecer o que é Arte e seus conceitos; - Identificar as formas e volumes do corpo humano, para produzi-las em um molde de tamanho natural; -Interagir com os colegas, num trabalho coletivo; - Redescobrir o olhar sobre a Arte; - Favorecer a utilização de recursos expressivos para que o aluno desenvolva a comunicação no seu grupo social e conheça a si mesmo; - Modelar algumas formas físicas das partes do corpo de cada um, diferenciando-as no tamanho, espessura e textura; - Compreender a importância de se trabalhar com a argila; - Confeccionar diversos moldes dos pés, através de recorte em jornal,compondo um caminho ou trilha, para a exposição dos trabalhos na escola.

4.6 CONTEÚDOS ENVOLVIDOS. - Desenho. - Breve relato sobre algumas obras da artista ―Tarsila do Amaral‖. - Forma corporal. - Forma Tridimensional.

4.7 METODOLOGIAS. - apresentação da estagiária para a turma; - debates sobre ―o que os alunos entendem por Arte?‖ todos sentados em forma de um círculo; - aula expositiva e dialogada (com recursos, apreciação de vídeo sobre ―o que é Arte?‖); - questionamentos sobre os conhecimentos adquiridos em aula e o que eles já conhecem sobre Arte; - apresentação do projeto ―O que faz o corpo que inventa?‖, em forma de cartaz.


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- As demais aulas serão: aulas práticas, expositivas, dialogadas e reflexivas;

4.8 QUANTIDADE DE ENCONTROS (E CARGA HORÁRIA) DE APLICAÇÃO DO PROJETO. - 14 (quatorze) encontros; - 01/10/09 à 12/11/09; - Nas quintas feiras; - Horário: 07h45min às 9h15min. Foram dois períodos de 45 min., por semana, totalizando 630hs de estágio.

4.9 ENCAMINHAMENTOS. - 1ª e 2ª Aula: Questionamento sobre ―O que é Arte‖, debate, apresentação do projeto, apreciação do vídeo ―Isto é Arte‖ e solicitação dos materiais. - 3ª e 4ª Aula: Desenho do corpo humano do aluno em tamanho natural. - 5ª E 6ª Aula: Continuação do trabalho sobre o corpo. - 7ª e 8ª Aula: Breve relato sobre as obras da artista Tarsila do Amaral,desenhos: ―O grande pé e a grande mão‖, com base na obra da Tarsila do Amaral: ―O Abapuru‖. - 9ª E 10ª Aula: Confecção de máscaras. - 11ª E 12ª Aula: Breve relato sobre a forma com se trabalhar com a argila – matéria plástica. Amassando a argila – Moldes das mãos. - ―13ª e 14ª Aula: Continuação do trabalho ―o grande pé e a grande mão‖, trabalho ―Caminho dos pés‖. - 03/12/09- Exposição dos trabalhos na escola.

4.10 AVALIAÇÃO. Analisar o processo de trabalho dos alunos, a cada aula, observar o desenvolvimento, a criatividade e a evolução dos seus conhecimentos adquiridos em aula, nos trabalhos práticos.


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ENCONTROS 1 E 2: PLANEJADOS E REALIZADOS EM:01/10/09. OBJETIVOS. - Apresentar o Projeto Educativo de Ensino. ―O que faz o corpo que inventa?‖ - Conhecer o que é Arte e seus conceitos - Identificar os conhecimentos sobre Arte.

CONTEÚDOS. - Projeto Educativo de Ensino ―O que faz o corpo que inventa?‖; - Arte: conceito de Arte.

DINÂMICA DE AULA. - Apresentação da estagiária para a turma; - Debates sobre ―o que os alunos entendem por Arte?‖ todos sentados em forma de um círculo; - Aula expositiva e dialogada (com recursos, apreciação de vídeo sobre ―o que é Arte?‖); - Questionamento sobre os conhecimentos adquiridos em aula e o que eles já conhecem sobre Arte; - Apresentação do projeto ―o que faz o corpo que inventa?‖, em forma de cartaz. Solicitação de materiais para a próxima aula: - Papel Kraft (pardo); - Carvão; - Tesoura; - Cola; - Tinta guache;


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- Pincéis; - Giz de cera; - Papéis coloridos ou tecidos.

REALIZADOS 1 E 2. Numa quinta-feira, 01 de outubro, às 7h45min, entrei na sala de vídeo, onde a 6ª série, está tendo aula devido a infiltração de água das chuvas na sala deles, como estava chovendo eles já estavam todos sentados nos esperando eu e a professora Gisele, entramos cumprimentamos os alunos e instalei o meu DVD. Chamei a atenção de todos para explicar o projeto. Projeto Educativo de Ensino: ―O que faz o corpo que inventa?‖

ARTISTA. Tarsila do Amaral.

QUESTIONAMENTOS. O que vocês entendem por Arte ou O que é Arte para vocês? Todos ficaram em silêncio, sem saber o que dizer? Então eu disse: ―Pessoal falem eu estou aqui para ouvir a opinião de vocês, preciso saber o que vocês pensam ou entendem por Arte?‖ Os alunos responderam: ―criar, pintar e desenhar.‖ Então vamos assistir ao DVD: ―Isto é Arte‖. Todos sentados em forma de meia lua assistiram ao DVD, bem concentrados. Ao término da apresentação, fiz alguns questionamentos: ―Então, o que é Arte para vocês agora?‖ Os alunos responderam um a um, ―é criar; inventar; tudo o que tu pensas em fazer é Arte, é o teu sentimento; o teu sonho; tudo que tu faz com carinho é Arte; é a cor, a expressão e a criatividade que você usa para fazer tal trabalho.‖


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Expliquei que as manifestações em Arte começam desde o pensamento do artista até o processo de sua construção e o resultado. As Artes são as mais variadas formas das manifestações humanas, onde os artistas se realizam e se expressam e concretizam trabalhos em formas alucinadoras. Por mais que não concordamos com determinadas obras de Arte, temos o dever de respeitar o pensamento, a expressão do artista, porque a Arte não necessita ter um significado específico ou dizer algo ao público. O importante é que o artista se realizou e se encontrou com a sua obra. Á medida que trabalhamos para desenvolver a percepção ajudamos a ―ver melhor, ouvir melhor, fazer discriminações sutis e ver as conexões entre as coisas‖ (BRANDT apud FUSARI, 1999, p. 59). Isso nos leva a pensar no quanto é importante e necessário ver, observar, ouvir e fazer com que o aluno desenvolva seu senso crítico e suas potencialidades. Coloquei no quadro a lista de materiais para a próxima aula. Expliquei a eles que o papel pardo deverá ser maior que eles, para que o corpo deles caiba dentro do papel (das medidas), e sobre espaço para desenhar os sapatos, bonés o que eles quiserem colocar de adereços. Expliquei como será a atividade, que eles farão em duplas, podem comprar os materiais juntos, (em duplas) e dividir as despesas.

MATERIAIS: Papel Kraft (pardo); Carvão;Cola; Tesoura; Tinta guache; Pincéis; Papéis coloridos ou tecido colorido (retalhos); giz de cera; papel dupla face; Sucata; Durex (fita); Jornal; Papel-alumínio;Argila; Vaselina sólida; gesso;Potes (para colocar água); etc...


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ENCONTROS 3 E 4: PLANEJADOS E REALIZADOS EM:08/10/09. OBJETIVOS. - Identificar as formas e volumes do corpo humano, para produzi-las em um molde de tamanho natural; - Redescobrir o olhar sobre a Arte, explorando a criatividade; - Interagir com os colegas, num trabalho coletivo.

CONTEÚDOS. - Desenho; - Forma corporal.

DINÂMICA DE AULA. - Conversa informal sobre ―os seus novos olhares sobre a Arte‖; - Distribuição do material solicitado na sala; - Sobre o papel Kraft, um aluno se deita e outro desenha seu contorno (não precisa necessariamente usar o Kraft, basta que o papel tenha tamanho suficiente para que o aluno caiba inteiro nele); Cada aluno pinta dentro de seu contorno, compondo sua própria imagem, ou criando outras. O aluno escolhe como realizar sua criação, dentro e fora da figura fundo. Incentivar aos alunos, ao se deitarem sobre o papel, que façam posições diferentes com o corpo. O material para este trabalho é bem variado: guache, pastel oleoso ou giz de cera, colagem com papéis coloridos ou tecidos, e outros que quiserem Outra possibilidade é se deitar em duplas, trios, ou em grupos maiores. Desenhar o contorno desse conjunto e depois trabalhar a imagem.


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REALIZADOS 3 E 4. Na quinta-feira, dia 08 de outubro, às 7h45min, entrei na sala de aula, com a professora Gisele, ela fez a chamada. Comecei a falar com os alunos explicando a atividade, pedi que afastassem as classes para realizarem as atividades no chão, esticando os papéis. Todos os alunos trabalharam em duplas, um tirava o molde do corpo do outro. Os meninos ficaram com vergonha uns dos outros. No momento do colega passar o carvão no meio das pernas de um, o outro estava deitado, tirava o carvão bem rápido do colega, sentava-se e desenhava o seu próprio molde. Isso mostra o quanto eles têm vergonha ou malícia um do outro. Assim que eles acabavam o desenho do colega, trocavam os papéis, e o outro colega começava a desenhá-lo Alguns fizeram em trios, porque sobrou uma menina e um menino que, ficaram sem duplas. Como não fizeram questão de se juntar, por motivo de vergonha, eles acabaram se unindo a outras duplas, assim formaram trios e concretizaram seus trabalhos. Começaram a trabalhar com pintura na composição das roupas do modelo, no papel Kraft. Grande parte da turma trabalhou com giz de cera e tinta guache. Perguntavam-me o que esse trabalho lhes traria de bom para a vida. O ensino fundamental configura-se como um momento de seu desenvolvimento que eles tendem a se aproximar mais das questões do universo do adulto e tentam compreende-las dentro de suas possibilidades. Ficam curiosas sobre temas como a dinâmica das relações sociais, as relações de trabalho, como e por quem as coisas são produzidas (PCN‘S, Artes, 1997, p. 48).

Nesse período é que os alunos vão adquirir desenvolver conhecimentos e habilidades que favorecerão no progresso de seus trabalhos artísticos. Essa foi uma das explicações que dei aos alunos, quando me questionaram do porque, de trabalhar com o corpo e dessa forma. Ao final do segundo período, recolhi os trabalhos, solicitei que eles colocassem nome para que eles pudessem identificar e terminar na próxima aula. Levei todos os trabalhos comigo, porque na escola não há possibilidade de guardá-


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los, devido à falta de espaço, e por todas as salas serem usadas nos três turnos, manhã, tarde e noite. Devido ao fato de alguns alunos terem trabalhado com tinta guache, foi necessário deixar alguns trabalhos pendurados na parede do fundo da sala, até o final da manhã para secar, recolhi às 11h45min, e levei para casa.

O corpo em tamanho natural,trabalho feito pela aluna Carla

Fonte: Milchareck:08/10/09.


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ENCONTROS 5 E 6: PLANEJADOS E REALIZADOS EM:15/10/09. OBJETIVOS. - Interagir com os colegas, num trabalho coletivo; - Explorar a criatividade na composição plástica dos trabalhos; - Concluir com criatividade, os trabalhos que ficaram pendentes.

CONTEÚDOS. - Desenho; - Forma corporal.

DINÂMICA DE AULA. - Trabalho em duplas; - Trabalho coletivo - Concluir a atividade do corpo humano em tamanho natural. Solicitação de materiais para a próxima aula: - Duas cartolinas ou dupla face; - Tesoura; - Papéis coloridos ou tecidos coloridos; - Cola; - Pincéis; - Tinta guache; - Giz de cera; - Carvão; - Nanquim; - Papel crepom; - Revistas ou jornais.


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REALIZADOS 5 E 6. Quinta-feira, 15 de outubro, às 7h45min. Entrei com a turma na sala, fiz a chamada, já que a professora Gisele teve problemas de saúde e precisou se ausentar naquela manhã. Entreguei a eles os trabalhos, solicitei que afastassem as classes para a conclusão dos mesmos. Todos os alunos esticaram no chão seus trabalhos, começaram a concluir a composição das roupas dos modelos desenhados. Alguns alunos trabalham com tinta guache e são bem detalhistas na composição, porém, a grande maioria prefere o giz de cera, já que para eles é mais barato e conveniente, pois dá menos trabalho e não precisa esperar secar. Conforme os alunos terminavam o trabalho com tinta eu os pendurava na parede do fundo da sala para secar. Os trabalhos secos eles enrolavam para levar para casa, e os alunos que haviam terminado os seus trabalhos, eu solicitava que ajudassem os colegas a concluir. Todos colaboraram, ajudaram os colegas. Refletir com eles sobre o que realizaram no papel, se foi bom, e poderia ser melhor. Eles responderam: ―Sim‖, ―foi muito bom!‖, ―me senti um artista!‖ Alguns alunos questionaram o porquê que a professora Gisele não trabalha dessa forma? Ela disse que não é formada em Artes. Fazer Arte e pensar sobre o trabalho artístico que realiza, assim como sobre a Arte que é e foi concretizada na história podem garantir ao aluno uma situação de aprendizagem conectada com os valores e os modos de produção artística nos meios socioculturais (PCN‘S Artes, 1997, p. 47). É mais do que necessário que o aluno reflita sobre o seu trabalho, o analise e descubram quais são os valores e se há outros meios que poderia ter realizado essa obra, alternativas (os materiais) que poderiam ser utilizados, diversificados. Ao final do segundo período solicitei que eles: limpassem a sala, lavassem os pincéis e organizassem as classes. Coloquei no quadro a lista de materiais para a próxima aula e me despedi da turma.


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O corpo em tamanho natural, alunos fazendo composições plásticas visual nos seus próprios moldes alunos: Sandy, Manoela e César. Fonte: Milchareck:15/10/09.


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ENCONTROS 7 E 8: PLANEJADOS E REALIZADOS EM:22/10/09. OBJETIVOS. - Observar discutindo sobre as obras vistas e comparando com o hoje; - Explorar as diferentes formas identificadas no corpo humano; - Favorecer a utilização de recursos expressivos para que o aluno desenvolva a comunicação no seu grupo social e conheça a si mesmo; - Compor painéis, com seus próprios trabalhos, criando um grande pé e uma grande mão.

CONTEÚDOS. - Desenho; - Forma corporal.

DINÂMICA DE AULA. - Conversa informal sobre ―as obras da artista Tarsila do Amaral‖, ―O Abapuru‖, ―A negra‖, ―Antropofagia‖,‖A família‖ e os ―Operários‖; - Trabalho em grupo: composição dos painéis do grande pé e da grande mão. - O grande pé e a grande mão Com essa atividade os alunos terão a oportunidade de vivenciar e descobrir a importância e a beleza do trabalho da artista Tarsila do Amaral, com a obra o “Abapuru‖. Ver quais são as semelhanças e diferenças da obra da artista e do trabalho realizado com os colegas. Desenhos: ―O grande pé e a grande mão‖. Juntar pelo menos quatro folhas de cartolina (colando-as por trás com fita crepe) ou quatro folhas de papel duplex, formando um grande suporte.


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Desenhar uma grande mão que ocupe a maior parte dessa área em um outro papel, desenhar um grande pé. Os alunos irão desenhar suas mãos e seus pés, em tamanho natural, utilizando papéis variados, recortar e colar na ―grande mão‖ e no ― grande pé‖. O trabalho estará pronto depois que a grande mão e o grande pé estiverem totalmente preenchidos. Assim, faremos uma aula dialogada, mostrando obras de Tarsila do Amaral, fazendo uma análise da obra da artista, com o trabalho que eles realizarão. Materiais para a próxima aula: - Papel duplex; - Tesoura; - Cola; - Régua; - Lápis; - Jornal; - Pote; - Sucatas; - Tinta guache; - Elástico; - Pincéis.

REALIZADOS 7 E 8. Quinta-feira, 22 de outubro. Antes de ir para a sala conversei com a professora Gisele sobre o que nós combinamos na semana passada, de que hoje eu usaria o retro-projetor. Fomos até a secretaria pegamos o retro, e seguimos às 7h45min, para a sala de aula. Entramos junto com a turma, nos cumprimentamos, esperei que ela fizesse a chamada. A professora Gisele me disse que não sabia montar o retro, dizendo:_ ―te vira eu não entendo dessas coisas‖. Montei o retro, fechei as cortinas, solicitei que os alunos se posicionassem para ver as imagens das obras da artista Tarsila do Amaral.


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Todos os alunos se posicionaram, porém, antes de mostrar as imagens fiz a eles alguns questionamentos se conheciam a artista Tarsila do Amaral? Se já tinham visto alguma obra dela? Todos responderam que não. Mostrei a eles a obra o ―Abapuru‖ e perguntei o que eles pensavam que era, se era uma escultura, gravura, desenho ou pintura? Todos ficaram em silêncio e baixaram a cabeça. Disse a eles que não precisavam ter medo de falar, mas ninguém falou nada. Segundo Munro, é preciso [...] é encorajar a criança a absorver o patrimônio cultural da arte adulta, sem tornar-se escrava de imitações, ou sem copiar meramente o que lhe é apresentado. Ela precisa descobrir como perceber e acumular, em seu cérebro, imagens da natureza e da Arte, e como usá-las criativamente , reconstruindo, selecionando e enfatizando o que lhe perece mais significativo, e então produzir formas com a visão de coisas de sua própria personalidade individual. ( Munro, apud Fusari, 1999,p. 110).

Incentivar os alunos a aprender a ver, ouvir e expor suas idéias é o mesmo que devem fazer nas expressões artísticas, representá-las de seu modo, com suas personalidades, o seu jeito pessoal de ser, não esquecendo de enriquecê-las conforme com o que vão aprendendo. Então, comecei a explicar a eles: que era pintura, sobre os trabalhos da artista Tarsila do Amaral... Contei a história dela, de suas obras, e perguntei se eles gostaram. Alguns responderam que sim, outros acharam meio esquisitos devido às proporções. Eu expliquei os motivos, conforme a história da artista. Porque a artista viveu sua infância numa fazenda com seus pais. Na qual os empregados eram negros, motivo que levou a artista a se interessar por representar em suas pinturas as figuras dos negros, destacando em suas obras formas anormais, que impressiona a todos que as vêem. Partimos para a atividade seguinte. Solicitei que os alunos tirassem molde dos próprios pés, fazer composições com cores, recortes, colagem, sucatas utilizando os materiais que desejarem. Disse a eles que gostaria de ver a criatividade nos trabalhos. Pedi a eles que tirassem os tênis, as meias e se posicionassem, para tirar os moldes dos pés. Os alunos reclamaram, porque que eu não avisei na aula anterior. Assim, eles teriam feito as unhas. Vamos lá gente, não precisa ter vergonha, virem de costas para os colegas e façam os moldes.


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Todos realizaram os trabalhos, porém, eu estava sempre falando e pedindo para que eles fizessem o trabalho, porque alguns são escorados, queriam ficar olhando. Ao final do segundo período, recolhi os trabalhos, expliquei-lhes que concluiríamos na última aula, a composição do painel do grande pé e da grande mão, coloquei no quadro a lista de materiais para a próxima aula.

Artista: Tarsila do Amaral, ―Abapuru‖- 1928 Fonte:Disponível em: <http:/planetin.blogspot.com/2008/01/verdadeiras-obrasdeartetarsiladoamaral.html>. Acesso em: 8 jun. 10.


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Artista: Tarsila do Amaral ―A negra‖- 1923 Fonte:Disponível em: <http:/planetin.blogspot.com/2008/01/verdadeiras-obrasdeartetarsiladoamaral.html>. Acesso em: 8 jun. 10.

Artista: Tarsila do Amaral ―Antropofagia‖-1929 Fonte:Disponível em: <http:/planetin.blogspot.com/2008/01/verdadeiras-obrasdeartetarsiladoamaral.html>. Acesso em: 8 jun. 2010.


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Artista: Tarsila do Amaral ―A família‖- 1925 Fonte:Disponível em: <http:/planetin.blogspot.com/2008/01/verdadeiras-obrasdeartetarsiladoamaral.html>. Acesso em: 8 jun. 2010.

Artista: Tarsila do Amaral ―Os operários‖- 1933 Fonte:Disponível em: <http:/planetin.blogspot.com/2008/01/verdadeiras-obrasdeartetarsiladoamaral.html>. Acesso em: 8 jun. 10.


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A turma confeccionando painéis, (o grande pé e a grande mão) Fonte: Milchareck:22/10/09.


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ENCONTROS 9 E 10: PLANEJADOS E REALIZADOS EM:29/10/09. OBJETIVOS. - Modelar máscaras como se fossem armaduras, as formas da cabeça e do rosto sobre o papel; - Desenvolver a criatividade, atenção e motricidade fina; - Criar momentos de socialização e integração dos alunos nas atividades artísticas.

CONTEÚDOS. - Máscara de papel.

DINÂMICA DE AULA. - Conversa informal sobre as atividades.

ATIVIDADES. - Máscara com tiras de papel, tipo armadura: Neste trabalho o objetivo é criar máscaras como se fossem armaduras, como aparecem nos filmes de histórias antigas. Com isso os alunos poderão criar várias expressões nas máscaras com diversos materiais de sucata o que eles preferirem e assim criar um trabalho inovador. Os alunos tirarão as medidas das cabeças dos colegas, para saberem o tamanho das tiras que irão compor as máscaras dos mesmos. Cortar uma tira de papel duplex e colocar em volta da cabeça, bem ajustada. Não é no topo da cabeça, a tira passará pelo queixo, orelha, por cima da cabeça, pela outra orelha e se encontra novamente no queixo. Colar as pontas. Colar nessa


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tira outras, verticais e horizontais, de forma que não fiquem esticadas e sim arredondadas, como se fosse uma armadura (as tiras podem ter três cm de largura). Fazer uma dobra na tira vertical na altura do nariz. Essa estrutura de papel será feita só para a parte da frente do rosto. Depois de secar a máscara, pintar com tinta guache ou tinta acrílica e acrescentar outros adereços. Se quiser, furar o lugar dos olhos, nariz e boca. Envernizar (com verniz ou cola branca) para dar um brilho e fazer dois furos nas laterais para a colocação do elástico. Solicitação de materiais para a próxima aula: - Três pacotes de argila; - Uma embalagem vazia (um pote).

REALIZADOS 9 E 10. Quinta-feira, 29 de outubro, às 7h45min. Entrei na sala de aula com a turma, até o momento a professora Gisele não havia chegado. Conversamos um pouco sobre as aulas de Artes, se eles estavam gostando. A maioria disse que sim, só alguns responderam que não gostam de serem cobrados quanto ao fazer e entregar trabalhos. Disse-lhes que tudo isso faz parte. Nesse instante a professora Gisele entrou na sala, cumprimenta mos, ela fez a chamada e falou sobre o seu atraso. Expliquei como seria a atividade de hoje, que fariam uma máscara no estilo de armadura, como nos filmes de história. A composição plástica visual era livre, os materiais eram de livre escolha deles, que tudo dependeria somente da criatividade e imaginação deles. Solicitei que eles tirassem as medidas dos colegas e que cada um iria construir sua própria máscara. Dessa forma todos colaboraram e tiraram as medidas das cabeças dos colegas, dando início ao trabalho da máscara de armadura. Fundamentados em posicionamentos humanísticos, os autores preocupados com a auto-expressão consideram que a função da arte na escola é de possibilitar a atividade criadora, mas entendida de forma ampla. A Arte, enquanto processo criador é o elo que faz o ser humano ligar-se a vida. E a criança vai fazer suas produções artísticas e descobrir a alegria de criação de arte quando o ambiente ou as pessoas souberem motivá-la. (FERRAZ; FUSARI, 1999, p. 67).


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Isso mostra o quanto é importante ser formado em Artes, trabalhar com uma educação diferenciada, dando ao aluno liberdade de expressão. Porque não adianta somente pedir que o aluno desenhe, é necessário trazer, mostrar, exemplificar ou falar algo que motive os alunos a desenharem, a construírem e compor com criatividade e liberdade de expressão, porque eles necessitam de motivação, para que realizem uma bela composição plástica visual e passem a ver e apreciar a Arte, com um novo olhar. Solicitei à professora Gisele que tirasse fotos de nós, porém, ela saiu e chamou outra professora para tirar as fotos. Disse que tremia muito, por isso chamou a professora ao lado para fazer essa parte. Agradeci à professora Juliana que colaborou conosco, tirando as fotos. Após tirarmos as medidas, os alunos foram construindo suas máscaras, medindo e cortando tira por tira de cartolina. Ao final do segundo período, pedi que eles guardassem os materiais e continuassem o trabalho em casa e trouxessem (na próxima aula) a máscara pronta. Coloquei no quadro a lista de materiais para a aula seguinte.

A turma confeccionando máscaras, tipo armaduras com tiras de papel Fonte: Milchareck:29/10/09.


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Aluno Tales confeccionando uma mรกscara, tipo armadura Fonte: Milchareck:29/10/09.


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ENCONTROS 11 E 12: PLANEJADOS E REALIZADOS EM:05/11/09. OBJETIVOS. - Compreender a importância de se trabalhar com a argila; - Desenvolver a criatividade, atenção e motricidade ampla e fina; - Modelar as formas físicas das partes do corpo de cada um, diferenciandoas no tamanho, espessura e textura.

CONTEÚDOS. - Modelagem com argila; - Forma corporal.

DINÂMICA DE AULA - Conversa informal sobre o processo de trabalhar com argila; - Trabalho em duplas.

ARGILA. A argila é um processo que mexe com a imaginação, a criatividade e os sonhos dos alunos, assim amassando o barro, vão colocando ali suas forças, suas energias e isso os deixarão mais calmos. Deixar que eles experimentem o material livremente, batendo na mesa para que a argila vá ficando macia. Se a argila estiver muito mole, bater num jornal para que a água vá sendo absorvida.


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ATIVIDADES. Mãos de argila Nessa atividade das mãos de argila, será praticamente o colega do aluno que fará o molde porque é difícil trabalhar só com uma mão, é necessária muita habilidade. Os alunos explorarão as formas das mãos de cada colega, observando as linhas das mãos para esculpi-la e as unhas para moldá-las, criando desta maneira uma forma de reter a atenção de todos. Fazer quatro placas de argila de mais ou menos três cm de espessura, de modo que caiba, com folga, uma mão. O aluno pressiona a mão esquerda ou direita na argila até ficar bem marcado. É necessário que outra pessoa ajude a afundar bem a mão na argila. Retirar a mão e posicioná-la na outra placa de argila, porém, agora com a mão virada, para obter-se o molde do outro lado da mão. Esse processo se faz com as duas mãos. Pressionar a mão novamente sobre a argila solicitar a ajuda de outra pessoa, retirar a mão. Para unir as partes da mão, passar barbotina (mistura de argila com água na consistência de creme), e passar o dedo juntando-as cuidadosamente. Deixar secar e pintar com tinta guache. Há se o aluno preferir antes de secar, pode fazer com uma esteca as linhas da mão e o formato das unhas. Solicitação de materiais para a próxima aula: - Jornal; - Tesoura; - Lápis; - Giz de cera; - Tinta guache; - Pincéis; - Carvão; - Material que preferirem para fazer as composições plásticas.


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REALIZADOS 11 E 12. Quinta-feira, 05 de novembro, às 7h45min. Entrei na sala com os alunos, já sabendo que a professora Gisele não estaria presente, por motivo de saúde. Cumprimentei os alunos, pedi silêncio, fiz a chamada. Comecei a explicar-lhes sobre a atividade do dia, que era basicamente trabalhar com as mãos na argila, um material bem diferente. ―Se pretendemos que os estudantes encontrem suas expressões próprias, devemos ficar atentos para que o convívio com os materiais se faça de forma diversificada‖ (FUSARI, 1999, p. 113). É essencial diversificar os materiais, para se trabalhar em sala de aula com Arte, isso é enriquecedor e mexe com a imaginação dos alunos. Conversei com eles sobre o processo de se trabalhar com a argila, de onde vem, de que se constitui e o que se pode construir com a mesma. Expliquei-lhes que eles iriam amassar bem a argila para tirar os resíduos e as bolhas de ar, e que só depois de bem amassada começariam a fazer os moldes das mãos. Mas tive uma surpresa, enquanto eles amassavam a argila, eu tirava foto deles trabalhando, foi quando eles começaram uma guerra de argila na sala de aula Faziam bolas e jogavam uns nos outros, acertaram as paredes, o teto, o chão. Resumindo, dei um grito na sala e mandei todos se sentarem nos seus lugares, que fossem um a um no banheiro limpar as mãos e pedir um pano e balde com água para limpar a sala de aula. Limpamos a sala, voltei à atividade com eles, passando vaselina sólida numa das mãos da dupla, porque um ia fazer o molde no outro colega, dessa forma foram realizando o trabalho. Quando eles terminaram pedi que fossem as duplas, uma a uma no banheiro lavar as mãos, enquanto os demais me ajudavam a limpar a sala. Outra surpresa me descuidou e saiu mais de uma dupla da sala e fizeram guerrinha de argila no corredor da escola. Corri, coloquei todos para dentro da sala, e os dois que começaram a jogar argila nas paredes mandei que fossem lá limpar. Limparam as paredes do corredor, voltaram para a sala. Como estava acabando o período, avisei-os que não trabalharíamos mais com argila devido à bagunça, reclamação que a direção havia acabado de me fazer, pelo barulho e sujeira que eles fizeram. Solicitei que para a próxima aula eles trouxessem somente jornal e


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tesoura. E eu fiquei na escola por uma hora limpando a sala, lavando o ch達o do corredor e limpando os panos que eles sujaram.

Alunos amassando argila, para confec巽達o dos moldes das m達os Fonte: Milchareck:05/11/09.


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Alunos confeccionando o molde da mão de um colega Fonte: Milchareck:05/11/09.

Aluno Fabrício confeccionando molde da sua própria mão Fonte: Milchareck:05/11/09.


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ENCONTROS 13 E 14: PLANEJADOS E REALIZADOS EM:12/11/09. OBJETIVOS. - Explorar a criatividade e a coordenação motora na composição de moldes dos pés; - Confeccionar diversos moldes dos pés, através de recorte em jornal, compondo um caminho ou trilha, para a exposição dos trabalhos na escola.

CONTEÚDOS. - Forma corporal; - Desenho.

DINÂMICA DE AULA. - Conversa informal sobre os motivos de não poderem mais trabalhar com argila; - Trabalho de grupo.

ATIVIDADES. - Caminho dos pés. Nesta atividade é interessante a participação de toda a turma num trabalho coletivo, de tirar moldes dos pés dos colegas, fazer composições plásticas nos moldes e recortar. O objetivo é criar um longo percurso, só com o uso desses moldes, colando – os no chão, para que conduzam as pessoas dos corredores da escola para a sala de exposição dos trabalhos (como se fossem pegadas). O próximo encontro será dia 30/11, data da exposição dos trabalhos na escola.


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REALIZADOS 13 E 14. Quinta-feira, 12 de novembro, às 7h45min. Entrei na sala de aula com a professora Gisele e a turma. Todos, em silêncio, se sentaram. A professora Gisele fez a chamada, me contou que já havia conversado com eles, eu agradeci, porém, chamei a atenção deles e falei novamente sobre os motivos pelos quais não trabalharíamos mais com a argila. Falei sobre o comportamento, sobre a entrega de trabalhos, também em relação às as aulas que eles acabam faltando por falta de interesse, e que os prejudicados são eles próprios. Solicitei que eles afastassem as classes para que pudéssemos concluir aquele trabalho em grupo do grande pé e da grande mão. Todos colaboraram e foram ajudando na composição do grande pé e da grande mão. A ação artística também costuma envolver criação grupal:nesse momento a arte contribui para o fortalecimento do conceito de grupo como socializador e criador de um universo imaginário, atualizando referências e desenvolvendo sua própria história. A Arte torna presente o grupo para si mesmo, por meio de suas representações imaginárias (PCN‘S, 1997, p .49).

A Arte contribuíu muito nas ações de grupo, acaba envolvendo todos os alunos, gerando socialização e criação de histórias num momento ou mundo imaginário. Os alunos, em grupos, deixam fluir melhor as suas imaginações, explorando assim, através da Arte, suas histórias. Partimos para o trabalho no qual todos tiraram moldes dos pés em jornal,fizeram uma composição plástica nos mesmos, recortaram em diversas quantidades, para que em dezembro, no dia 03, numa quinta-feira, possamos realizar a exposição dos trabalhos, construindo com esses moldes dos pés, caminhos que levem à exposição. Todos os alunos concordaram, fizeram os moldes, me entregaram nos despedimos e combinamos o nosso próximo encontro na exposição dos trabalhos dia 03 de dezembro.


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O grande pé e a grande mão, alunos concluindo a composição do mesmo Fonte: Milchareck:12/11/09.

Molde dos pés, aluna Sandy tirando molde do seu próprio pé Fonte: Milchareck:12/11/09.


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Molde dos pés, aluna Sandra tirando molde do seu próprio pé Fonte: Milchareck:12/11/09.

FOTOS DA EXPOSIÇÃO DOS TRABALHOS DOS ALUNOS NA ESCOLA.

Caminho dos pés, trabalho realizado pelos alunos da 6ª série, as pegadas que levavam a exposição dos trabalhos deles Fonte:Milchareck:03/12/09.


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O corpo humano em tamanho natural Fonte:Milchareck:03/12/09.

O corpo humano em tamanho natural Fonte: Milchareck:03/12/09.


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O corpo humano em tamanho natural Fonte: Milchareck:03/12/09.

O grande pĂŠ e a grande mĂŁo Fonte: Milchareck:03/12/09.


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A mĂĄscara de armadura Fonte: Milchareck:03/12/09.

MĂŁos de argila Fonte: Milchareck:03/12/09.


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CONCLUSÃO.

A partir da prática com a 6ª série do Ensino Fundamental, percebi que as aulas de Artes devem ser em primeiro lugar prazerosas. Para que isso ocorra é necessário que sejam bem planejadas, analisadas, reflexivas e realistas, para que se possa obter bom desempenho tanto por parte do professor quanto do aluno. Assim, o ensino de Arte estará promovendo educações novas e dinâmicas. As aulas de Artes devem ser realistas de acordo com a realidade do aluno. Realidade financeira, psicológica, social, deve-se obter uma conversa com todos os alunos para constatar quais os conhecimentos que eles trazem e o que eles gostariam de aprender e vivenciar nas aulas de Artes. Porque isso fará com que as aulas de Artes sejam produtivas e significativas. Para que se consiga chegar a uma educação diferenciada é preciso proporcionar ao aluno liberdade de expressão e opinião. Deixando de lado a educação tradicional, na qual o professor é quem sabe e fala o tempo todo e o aluno só escuta e realiza as atividades determinadas. Pensando em uma educação diferenciada, senti a necessidade de trabalhar com o tema do projeto: o corpo na Arte. Um tema muito rico, sugestivo e amplo. Trabalhando com este tema, surgiram diversos pensamentos tais como: explorar as inúmeras formas do corpo, trabalhar um pouco de história da Arte e artistas que deram ênfase ao corpo na Arte. Trabalhar com aulas expositivas, dialogadas e aulas práticas, nas quais os alunos trabalhassem com livre expressão plástica.


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O trabalho com a Arte e o corpo oferece elementos para a construção do indivíduo enquanto ser pensante, ser afetivo e ser social, capaz de reconhecer-se na coletividade, mobilizando e articulando o seu pensamento sobre a Arte dentro e fora da escola; Este é o principal objetivo de uma educação diferenciada. A exploração da Arte, a apreciação e a produção, bem como o acesso ou o contato com o conhecimento cultural e histórico da Arte, gera inúmeras discussões e polêmicas durante os trabalhos práticos ampliando e aprimorando a percepção de si mesmo e do outro. Desta forma a sala de aula constitui-se em um lugar ideal para esse trabalho. Uma educação diferenciada tem seus objetivos centrados nos alunos. Ela se desenvolve através de um processo no qual o professor precisa conhecer, analisar, refletir e compreender a realidade do aluno. Para que assim se consiga criar condições para que o aluno se desenvolva plenamente na coletividade. O aluno só aprende na medida em que aquilo que é ensinado é significativo para ele. Dessa forma, passa-se a entender que todas as propostas de uma educação diferenciada devem atender às necessidades dos alunos. Na proposta de uma educação diferenciada e atual, a escola deve ser um espaço de criação para seus alunos, um ambiente onde a aprendizagem concretiza-se para uma sociedade fortalecida e culta. Aprender não significa absorver informações, mas, isto sim, expandir a nossa

capacidade

de

produzir

trabalhos

com

resultados

verdadeiramente

significativos, sanando as dificuldades e expectativas dos alunos durante as aulas. Na terceira e quarta aula, ocorreu uma situação de certa malícia entre os alunos, no momento em que todos os alunos trabalhavam de forma coletiva e espontânea tirando molde do corpo do colega. No instante de um aluno passar com a mão o carvão no meio das pernas do colega, que estava deitado sobre o papel no chão. Esse aluno se levantava e não permitia que o colega fizesse a atividade, então rapidamente o aluno tirava o carvão da mão do colega e o próprio aluno que estava deitado se sentava e passava o carvão entre suas pernas. Ao invés de eu, como professora, parar tudo e trazer essa polêmica para discussão, deixei passar despercebido. Acho que fui equivocada. Deveria ter parado, solicitado a atenção de todos os alunos, para nos sentarmos e discutirmos o assunto. Como professora poderia começar a discussão perguntando a eles qual era o problema de um colega passar o carvão no meio das pernas do outro colega, se todos os meninos são


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semelhantes se, o que um tem o outro também tem, etc. Com essa atitude, estaria mostrando como se trabalha com a proposta de levar os interesses dos alunos para discussão dentro de uma educação diferenciada. Nesta mesma aula surgiu outro fato importante. Um menino e uma menina chegaram atrasados e não aceitaram a proposta de se unirem para realizar os trabalhos. Deixei que eles escolhessem com quem gostariam de trabalhar dando seguimento às atividades, deixando de dar a atenção para os interesses dos alunos, sem me dar conta de que esse constrangimento era outro fator importante. Porque eles precisavam se sentir acolhido e que eu os explicassem que não havia problema algum em se juntarem, para realizarem os trabalhos com um colega do sexo oposto. O constrangimento que os alunos demonstraram na terceira e quarta aula está relacionado com o fato de se sentirem envergonhados ou encabulados diante da turma. Porque provavelmente a turma zombaria deles, com risadas e piadinhas de que eram namorados, que formavam um belo casal. Esses constrangimentos que os alunos sentiriam são coisas da idade deles, ou melhor, da fase em que passam de crianças a adolescentes. Neste momento também deveria ter parado, solicitado a atenção de todos e questionado o porquê de não aceitarem a proposta de trabalhar em conjunto. Explicando a eles que a proposta de trabalhar em conjunto é enriquecedora. Porque eles poderiam trocar idéias sobre a forma de se posicionarem no papel para tirar o molde do corpo, trabalhariam com pintura ou colagem na composição plástica visual. Tudo faz parte da proposta de uma educação diferenciada, que aparece claramente na forma como o professor trabalha e que na coletividade, ocorrerá de forma interativa e dinâmica. O professor deve trabalhar sempre de forma coletiva, interativa e dinâmica. Porque dessa forma desenvolverá durante suas aulas processos construtivo, enriquecedores e diferenciados, promovendo a criatividade, a interação e o interesse dos alunos em realizar trabalhos significantes e de boa qualidade visual, obtendo excelentes resultados. A liberdade de expressão faz parte da proposta de uma educação diferenciada. É a essência da Arte. Sem liberdade não se consegue trabalhar, explorar, realizar, construir, compor, refletir e expor, suas idéias, seus trabalhos. Sem liberdade de expressão não existe trabalhos com processos enriquecedores, de


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boa qualidade, apenas atividades motoras. Sem liberdade, ninguém consegue realizar trabalhos práticos significantes. Além da questão da liberdade de expressão, o professor precisa trabalhar com imagens de qualidade. Imagens que mostrem o objetivo do tema. Imagens que os alunos observem, reflitam, consigam rapidamente assimilar e expor idéias abertamente a respeito com os colegas e o professor. Quanto à qualidade dos materiais, só me dei conta agora de que eram inadequados. Não eram os alunos que não tinham interesse e sim os materiais que não mostravam o que o tema da aula necessitava. Aconteceu na sétima e na oitava aula, na qual trabalhei com obras da artista Tarsila do Amaral como ―Abapuru‖, ―A negra‖, ―Antropofagia‖, ―Família‖ e ―Os operários‖. Contei a eles a história dela e de suas obras. Diante das obras, solicitei que os alunos expusessem suas opiniões, mas os alunos ficaram calados. Solicitei novamente que eles falassem, no entanto, ninguém se manifestou. Isso mostra o quanto deixei a desejar na adequação das imagens. Deveria ter levado exemplos mais adequados, de melhor qualidade e mais significativos em relação aos interesses dos alunos. As obras que levei ―A negra‖, ―O Abapuru‖, ―Antropofagia‖, ―Família‖ e ―Os operários‖, são pinturas chapadas. Pinturas que mostram poucas formas do corpo e distorcidas da realidade. Nessas pinturas, a artista Tarsila retrata os negros um pouco avantajados, diante da realidade. Eles trabalhavam na fazenda de seus pais na sua infância, eram as ―Amas de leite e os homens trabalhavam nas funções da produção de café da fazenda‖. Mas poderia ter trabalhado essas imagens distorcidas da realidade, de forma diferente, usando elas como referência para trabalhar o corpo de forma distorcida ou anormal com os alunos. No qual eles poderiam ter tirado da mesma forma o molde do seu corpo e a partir disso fazer as distorções, como a Tarsila mostra em suas pinturas. Fica difícil de trabalhar com o tema ―O corpo na Arte‖ e com os objetivos que eu queria. Trabalhar com as formas do corpo, uma vez que são obras que praticamente não mostram nada de formas e volumes. Poderia ter escolhido um artista como Michelangelo, trabalhado com a obra dele ―David‖, ou Rodin com a obra ―O Beijo‖, que mostra claramente formas e volumes do corpo humano. Hoje vejo que o problema era o conteúdo das imagens que eram inadequados em relação ao tema e que houve falta de atenção na hora de selecionar as imagens. A seleção de imagens é essencial, para se trabalhar em Arte com a proposta de uma educação


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diferenciada, levando sempre em conta o tempo de cada atividade. Algo importante e que não se deve esquecer é a qualidade, a adequação e os significados das imagens para com o tema, isso é essencial na proposta de uma educação diferenciada. Porque neste momento, surgem os interesses dos alunos em falar e expor suas idéias. No momento em que o professor expõe aos alunos imagens de qualidade e adequadas ao tema proposto, surgem inúmeros interesses dos alunos em falar e expor suas idéias, o que pensam a respeito do que visualizaram. Porque estão frente a imagens de qualidade e significativas que condizem com o tema e justificam a proposta do tema. Tornando as aulas produtivas, significativas e dinâmicas. Ainda nesta mesma aula surgiu outro questionamento quanto à falta de interesses dos alunos. No momento em que eu lhes mostrava as imagens da artista Tarsila. Solicitei que eles falassem e ninguém se manifestou. Eles estavam me respondendo com o silêncio que aquelas imagens não mostravam nada em relação às formas e volumes do corpo, que não despertavam interesse algum neles. Neste momento se comprova que as imagens que eu levei eram inadequadas. Contudo nessas aulas apesar de os alunos não falarem nada a respeito do corpo e das imagens que visualizaram, eles trocaram idéias em relação à composição das roupas que estavam criando em cima dos moldes do corpo deles. Falavam para os colegas coloca ai uma bermuda, outro dizia coloca uma camisa xadrez, a outra falava no cabelo fazer tranças, outra no vestido rodado e assim trocaram diversas idéias. Outro aspecto importante que eu posso reavaliar é o tempo programado para as atividades. Deveria ter proporcionado mais tempo para os alunos visualizarem as imagens, analisar e refletir sobre as mesmas. Também o tempo poderia ter sido suficiente se eu tivesse selecionado melhor as imagens. O tempo de cada atividade é importantíssimo na proposta de uma educação diferenciada. Porque se não houver tempo suficiente, a proposta de uma educação diferenciada não tem sentido para conseguir desenvolver com clareza e significado o tema proposto. A cada atividade, o aluno necessita de tempo suficiente para visualizar, refletir e expor suas idéias. Se o tempo das atividades não for suficiente, provavelmente se obterá o mesmo resultado que obtive na sétima e na oitava aula, na qual o resultado foi o silêncio dos alunos diante das imagens.


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Na nona e na décima aula, também ocorreu certa falta de interesse por parte dos alunos. No momento em que solicitei que eles concluíssem as atividades pendentes da aula anterior, alguns alunos pegaram o giz de cera, passaram rapidamente por cima do trabalho e me entregaram dizendo que estava pronto e que eles não tinham paciência para fazer os detalhezinhos, que melhor eles não iriam fazer. Respondi que estava tudo bem, já que o trabalho era deles, portanto, a criatividade só dependeria deles.Poderia ter usado outras alternativas, porque a criatividade deles dependia muito de mim. No momento, deveria ter conversado com eles a respeito do fato de não estarem tendo paciência para terminar os trabalhos. Tentando levantar a auto estima deles falando sobre a importância dos trabalhos para o crescimento cultural e para a vida pessoal deles. Quanto mais eles se expressassem e explorassem a criatividade nos trabalhos, melhor seria o processo e o resultado das expressões plásticas e muito mais eles aprenderiam. Ainda na nona e na décima aula, surgiu-me outro questionamento importante quanto às discussões sobre o tema ―O corpo‖. O tema sugere diversas discussões. A partir das atividades que eles realizaram, eu deveria ter aberto um leque de questionamentos com os alunos. Exemplos: - O que eles pensavam a respeito das atividades propostas. – Se eles imaginavam que as aulas seriam dessa forma. – Se eles gostaram de trabalhar com livre expressão. – Se eles gostaram de trabalhar sem restrição de materiais. – Como eles gostariam que fossem as próximas aulas. – Se eles gostariam de conhecer outros artistas. – Porque nas atividades finais eles tiveram pressa de concluir. – Por que faltou paciência a eles. Poderia ter sido diferente, todas as curiosidades deles, deveriam ser sanadas na sala de aula, porque dessa forma a proposta de uma educação diferenciada fica sem sentido e surgem conflitos e desordem nas aulas. Se eu tivesse questionado os alunos, poderia ter obtido mais interesse deles pelas aulas, pelo tema proposto e, quem sabe, não surgiriam novas idéias sobre outras atividades. Dessa forma, se obteria mais qualidade nas expressões plásticas, tornando as aulas dinâmicas e prazerosas. Na décima primeira e décima segunda aula também surgiu falta de interesse dos alunos diante das atividades propostas. No momento em que todos os alunos trabalhavam com argila na sala de aula, alguns alunos se dispersaram e saíram da sala fazendo guerrinha de argila, jogaram nos corredores da escola, no teto, nos colegas. Pedi que parassem tudo e chamei a atenção deles, veio o diretor, xingou os


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alunos e proibiu trabalhos com argila com essa turma, já que eles não sabiam se comportar. Solicitei que todos fossem para a sala, conversei sobre a desordem, o que levou ao cancelamento das nossas atividades com argila, conforme a ordem do diretor. Mais uma vez fui desatenciosa quanto ao interesse dos alunos. Ao invés de levantar a auto-estima deles conversando sobre o porquê dessa atitude deles, sobre o que eles estavam pensando, o que eles queriam, só soube fazer cobranças. Nas últimas aulas senti que os alunos demonstraram um pouco mais de interesse pelas aulas e entusiasmo em produzir mais, com melhor qualidade e se preocupavam com os resultados que as produções apresentariam. Talvez esse fator deve-se ao motivo da exposição, porque acredito que só nesses instantes eles se deram conta da responsabilidade em apresentar um trabalho de qualidade Essa situação de trabalhar com a proposta de uma educação diferenciada, não ficaram claras nos processos que realizei com os alunos. Porque planejei, analisei, mas não refleti sobre o tema e as imagens que foram expostas. No momento da malícia, não enxerguei que as imagens que foram selecionadas não diziam nada diante do tema proposto. Eram pobres de significados, ou melhor, inadequadas

às

atividades

propostas.

Em

diversas

aulas

deixei

passar

despercebidos certos constrangimentos dos alunos, em trabalhar na coletividade com a turma. Situações que deveriam ter sido sanadas com os alunos durante as aulas. Apesar da falta de interesse dos alunos nas aulas, diante de imagens que não diziam nada em relação ao tema. As atividades propostas foram realizadas com dedicação e entusiasmo. Um fator que foi importantíssimo nas aulas de Artes foi a liberdade de expressão, que evidenciei em todas as aluas, que os deixava instigados e entusiasmados a realizar as produções plásticas. Em todas as aulas de Artes os deixei livres na escolha dos materiais, na forma como trabalhar com esses materiais, no espaço que eles trabalhariam o tempo que usariam diante das propostas das aulas de Artes. Com todos os acontecimentos, percebi que os alunos mudaram suas opiniões sobre a Arte, já que em uma das aulas eles próprios revelaram que não imaginavam que as aulas de Arte eram tão prazerosas, que poderiam criar e expressar-se com tanta liberdade de expressão. Ao final do estágio notei que as aulas de Artes com essa turma, estavam acabando para mim, mas para eles era só


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o começo. Porque eu acredito que depois de tanto entusiasmo e liberdade de expressão eles vão querem cada vez mais exercitar suas expressões plásticas. Diante de tanta empolgação e vontade, a professora com certeza irá mudar suas metodologias e deixá-los cada vez mais entusiasmado e fascinado pela Arte. Porque com certeza a professora Gisele também mudou seus conceitos, tanto que me solicitou o empréstimo de alguns livros sobre Arte. Isso confirma que o estágio foi importante e significativo a todos, principalmente para mim mudei a minha forma de analisar e refletir diante dos processos e das realidades vividas. Diante dos erros e acertos, tudo me mostra que o conhecimento da Arte produzida em sua própria cultura permite ao sujeito conhecer-se a si mesmo, percebendo-se como ser histórico que mantém conexões com o passado, que é capaz de intervir modificando o futuro que toma consciência de suas concepções e idéias, podendo escolher criticamente seus princípios, superar preconceitos e agir socialmente para transformar a sociedade da qual faz parte. Porque a Arte é cultura. Através da construção cultural e do desenvolvimento participativo de toda a escola, é que se constrói um espaço diferenciado e enriquecedor para superar as suas questões críticas e polêmicas bem como a aplicação de toda a proposta de uma educação significativa e diferenciada de qualidade.


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REFERÊNCIAS DE PESQUISA.

ARCHER, Michael. Arte Contemporânea. São Paulo: Martins Fontes, 2001. BARBOSA, Ana Mãe. A imagem no ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva S.A., 2002. BRASIL (Ministério da Educação e do Desporto). Parâmetros Curriculares Nacionais –Arte. Brasília: MEC, 1996. BUORO, Anamelia. O Olhar em Construção: uma experiência de ensino aprendizagem da arte na escola. São Paulo: Cortez, 1996. BUORO, Anamelia. Olhos que pintam. São Paulo: Cortez, 2002. CAVALCANTI, Zélia (org.). Arte na sala de aula: escola da vida. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. COLI, Jorge. O que é arte. São Paulo: Brasiliense, 1981. EDWARDS, Betty. Desenhando com o lado direito do cérebro. Traduzido por Ricardo Silveira. Rio de janeiro: Ediouro, 2000. FUSARI, M.; FERRAZ, M. H. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992. FUSARI, M.; FERRAZ, M. H. Metodologia do ensino da arte. São Paulo: Cortez, 1993. HERNANDEZ, Fernando. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: ARTMED, 1998. MARTINS, Mirian Celeste F. Dias; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, Maria T. Didática do ensino da arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.


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OSTROWER, Fayga. Criatividade e processos de criação. Rio de Janeiro: Vozes, 1991. OSTROWER, Fayga. Universos da arte. Rio de Janeiro: Campus, 1983. PILLAR, Analice Dutra (org). A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 1999. PINTO, Ary Costa. Arte e Trabalho –Tendências da Arte Moderna. São Paulo: CNM – CUT, 1999. PIRES, Beatriz Ferreira. O corpo como suporte da arte: piercing, implante, escarificação, tatuagem. São Paulo: SENAC São Paulo, 2005. TENDY, Henri Pierre. O corpo como objeto de arte. Traduzido por Tereza Lourenço. São Paulo: Estação Liberdade, 2002. TREVISAN, Armindo. Como apreciar a arte. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1990. VENÂNCIO FILHO, Paulo. Marcel Duchamp. São Paulo: Brasiliense S.A., 1986. VIEIRA DA CUNHA, Susana R. (org.). Cor, som e movimento. Porto Alegre: Mediação, 1999. ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. <http:/planetin.blogspot.com/2008/01/verdadeiras-obrasdeartetarsiladoamaral.html>.


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APÊNDICES.


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APÊNDICE A – Questionário com o Diretor.


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APÊNDICE B – Questionário com a Coordenação Pedagógica.


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APÊNDICE C – Questionário com a Professora.


83


84

APÊNDICE D – Questionários com os Alunos.


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QUESTIONÁRIO COM OS ALUNOS. ENSINO FUNDAMENTAL

Responderam o questionário 25 alunos. 1.Você gosta de Artes

( 17 ) sim ( 03 ) não ( 05 ) um pouco

2. Você já visitou museus ou alguma exposição de Arte?

( 02 ) sim ( 22 ) não ( 01 ) na internet

3. Você conhece algum artista?

( ) sim ( 04 ) não ( ) na internet ( 22 ) só pela televisão

4. Gostaria de conhecer algum artista?

( 24 ) sim ( 01 ) não ( 07 ) brasileiro ( 06 ) estrangeiro


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5. O que você gosta mais em Artes?

( ) desenho e pintura ( ) História da Arte e Folclore ( 18 ) modelagem ( 06 ) recorte

6. Que materiais você teria vontade de conhecer e utilizar nas aulas de Artes?

( 10) argila

( ) tinta à óleo

( 02 ) madeira

( 16 ) papéis de texturas variadas

( 09) gesso

( ) azulejo

( 07) carvão

( 01 ) outros

( 01 ) resina

7. Você já fez alguma obra de Arte?

( 17 ) sim

( 10 ) desenho

( 08 ) não

( ) gravura

( 04 ) pintura

( ) outras

( 01 ) escultura

8. Você gostaria que a escola tivesse uma sala de Artes, para você trabalhar e criar suas obras?

( 22 ) sim ( 03 ) não


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9. Se você tivesse a oportunidade de trabalhar nesta sala de Arte da escola, o que você faria?

( 07 ) pinturas ( 15 ) desenhos

( ) gravuras ( ) outros

( 10 ) esculturas

10. O que mais te chama atenção na Arte?

( 05 ) os artistas

( 01 ) folclore

( 05) as pinturas

( 15 ) as esculturas

(

( 01 ) outros

) as gravuras

( 01 ) a história da Arte


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