Revendo processos escultóricos com Victor Brecheret e Franz Weissmann

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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL- ULBRA Canoas/RS UNIDADE ACADÊMICA EM GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Leandro Menegotto Braun

Revendo processos escultóricos com Victor Brecheret e Franz Weissmann

Canoas, dezembro de 2011.


Leandro Menegotto Braun

Revendo processos escultóricos com Victor Brecheret e Franz Weissmann

Trabalho de Curso apresentado como pré-requisito parcial para a obtenção de título acadêmico Licenciado em Artes Visuais, pelo Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação dos professores: Estágio 1, Professor Doutor Celso Vitelli; Estágios 2 e 3, Professor Dr. Celso Vitelli e Professor Mestre José Antonio Giuliano; Estágio 4, Professora Mestre Ana Lúcia Beck.

Canoas, dezembro de 2011. 1


ATA de Avaliação

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Dedico este Trabalho de Curso a meus pais Miguel Nelson Braun e Leda Menegotto Braun (in memoria). A meu irm達o Leonardo Menegotto Braun. E minha amada esposa Juliane Ivete Renner.

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Obrigado Professores Dr. Celso Vitelli e professora Mestra Ana Lúcia Beck pela dedicação nos Estágios. Obrigado professor “Nico”, por trazer a escultura a minha vida de maneira tão significativa e prazerosa. Agradeço a Deus por ter colocado em minha vida a oportunidade de me graduar na ULBRA e ter a orientação de professores tão dedicados e conhecedores da Arte.

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RESUMO

Este Trabalho de Curso foi desenvolvido durante a experiência de Estágios em Artes Visuais sobre a linguagem da escultura, com o título: Revendo processos escultóricos com Victor Brecheret e Franz Weissmann, baseando-se em uma pesquisa sobre os materiais e técnicas utilizados pelos artistas escultores. O objetivo geral do projeto de ensino era que os alunos realizassem esculturas com três técnicas diferentes: a técnica da modelagem, a técnica da talha direta e a construção de formas tridimensionais. Para fortificar o embasamento sobre estes conceitos, as minhas fontes de pesquisa foram: PowerPoint: Uma Visão Sobre a História da Escultura, elaborado pelo professor da disciplina de escultura da ULBRA, professor José Antonio Giuliano. Também procurei entender mais sobre a escultura lendo o livro: Caminhos da Escultura Moderna, da autora Rosalind E. Krauss. Sendo o assunto sobre escultura e seus artistas muito amplo e diverso, foquei mais no tema sobre a escultura moderna e escolhi dois artistas brasileiros para ilustrar o conteúdo abordado. Pesquisei sobre o processo da talha da escultura do artista Victor Brecheret e também sobre a grandiosidade de suas obras. Também procurei informações sobre a escultura neoconcreta do artista Franz Weissmann, o qual tem um estilo diferenciado pela questão do trabalho com planos, o espaço ocupado e o vazio. Utilizei livros da escritora Sandra Brecheret Pellegrini para adquirir conhecimentos sobre o artista Victor Brecheret. Para formar um pensamento sobre o artista Franz Weissmann me sustentei no material do DVD: Monumentos de Franz Weissmann, da coleção da TV Escola. No vídeo, o próprio artista faz a narração das visitas aos locais onde suas obras estão expostas ao público. O livro: Ensino da Arte, das autoras Arslan e Iavelberg, foi o material mais utilizado para me orientar e analisar a prática deste Trabalho de Curso. O Estágio III foi aplicado com a turma do 1º ano do Ensino Médio, por um período de sete semanas, com encontro de dois períodos seguidos, nas quartas-feiras na Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara, localizada no centro do município de Santa Clara do Sul/ RS. Os alunos estudaram e trabalharam com a técnica da modelagem em argila, a técnica da talha em bloco de concreto celular e também com a construção de formas, partindo do bidimensional para o tridimensional. Finalizando o projeto com uma exposição na Biblioteca Pública de Santa Clara do Sul, com os trabalhos em talha, os quais os alunos alcançaram resultados mais significativos. Este TC apresenta toda a experiência vivida, destaca fatos marcantes que contribuem para a minha formação como profissional da Arte. Reflito sobre esta prática e compreendo a necessidade de busca permanente e formação contínua sobre a arte.

Palavras- chave: Escultura. Técnicas. Artistas.

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SUMÁRIO Introdução

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1. Conhecendo o Espaço de Ensino 1.1. Dados Gerais da Escola 1.2. Observações silenciosas 1.2.1. Observações silenciosas 1 e 2 1.2.2. Observações silenciosas 3 e 4 1.2.3. Observações silenciosas 5 e 6 1.3. Análise das observações silenciosas 1.4. Análise do questionário respondido pela professora 1.5. Análise dos questionários respondidos pelos alunos

12 13 13 13 15 17 18 20 22

2. Revendo processos escultóricos com Victor Brecheret e Franz Weissmann 2.1. As técnicas e os materiais usados pelos artistas 2.1.1. Argila 2.1.2. Pedra 2.1.3. Madeira 2.1.4. Bronze 2.2. A Arte Moderna 2.2.1. Concreto 2.2.2. Plástico 2.2.3. Metal 2.3. Victor Brecheret 2.4. Franz Weissmann

25 27 27 27 28 29 31 32 32 32 33 35

3. Projeto e Prática de Ensino em Artes Visuais 3.1. Dados gerais da Escola e turma em que foi realizada a prática de ensino 3.2. Dados gerais do Projeto de Ensino 3.3. Pratica de Ensino 3.3.1. Primeiro Encontro (Aulas 1 e 2) 3.3.2. Segundo Encontro (Aulas 3 e 4) 3.3.3. Terceiro Encontro (Aulas 5 e 6) 3.3.4. Quarto Encontro (Aulas 7 e 8) 3.3.5. Quinto Encontro (Aulas 9 e 10) 3.3.6. Sexto Encontro (Aulas 11 e 12) 3.3.7. Sétimo Encontro (Aulas 13 e 14)

38 39 39 40 40 45 49 53 58 63 67

Conclusão

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Referências

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Apêndice 1 - Avaliação do estagiário realizado pela professora titular Apêndice 2 - Questionário respondido pelo diretor da escola Apêndice 3 - Questionário respondido pela professora da escola Apêndice 4 - Cinco questionários respondidos pelos alunos

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INTRODUÇÃO O meu trabalho é me comunicar com o público através do meu trabalho. Então, acho que tudo deve ficar em praças públicas, nas ruas. Eu gosto de fazer o meu trabalho para ficar na rua para o povo passar e ver e se acostumar, porque é a melhor maneira de educar o povo através da arte. Franz Weissmann

Este Trabalho de Curso (TC) vem apresentar informações de como se procedeu a experiência de Estágios 1, 2, 3 e 4 em Artes Visuais. No Estágio 1, foi feita a observação de aulas das turmas da sétima série do Ensino Fundamental (EF) e também da turma do 1º ano do Ensino Médio (EM). As duas turmas frequentavam o turno da manhã da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara, que conta hoje com 640 alunos e está localizada no centro de Santa Clara do Sul, um município pequeno do interior do Rio Grande do Sul, situado a 136 Km da capital Porto Alegre, no Vale do Taquari, com uma população de 5. 697 habitantes. Neste momento de observação, já fui percebendo questões que me chamaram atenção, principalmente sobre o Ensino Médio, que começaram a ser determinantes para a escolha desta turma para compor este Trabalho de Curso. Em primeiro lugar, eu não tinha experiência do funcionamento com o Ensino Médio, mas já havia trabalhado o ensino das Artes com o Ensino Fundamental por um período de 5 anos, porém já estava sem contato com a sala de aula por um período de 3 anos. Também foi interessante perceber que esta turma do Ensino Médio, tinha dois períodos em sequência por semana, e que este seria o último ano em que teriam o ensino de Artes. É importante dizer que não dei aula para a mesma turma que observei, pois em 2011 eles estariam no 2º ano e não teriam artes. Porém, achei mais importante observar e conhecer o funcionamento do EM, do que conhecer a turma de alunos em que eu daria aula, pois considerei que seria mais válido perceber como a professora conduzia o ritmo do trabalho e os conteúdos para o EM. Para fazer a escolha do tema de pesquisa sobre escultura foram determinantes algumas observações feitas no Estágio 1. Também pude ter uma boa informação pela análise dos questionários respondidos pelos alunos. Percebi que eles estavam querendo realizar atividades diferenciadas, com materiais novos e que até o momento ainda não haviam realizado trabalhos em 3D. Eles não conheciam as técnicas de escultura e artistas escultores, um conteúdo da linguagem das artes visuais importante para o processo de formação do conhecimento dos alunos. 7


Uma mudança que ocorreu do Estágio 1, em 2010, no qual fiz as observações silenciosas para os Estágios 2 e 3 em 2011, foi a mudança da professora Odila pela professora Jaqueline, uma professora formada na área de Artes, por uma professora que tem formação na área de Ciências. Considero este fato uma perda para o ensino de Artes desta escola, pois, quando observei as aulas, a professora formada em Artes estava trabalhando sobre um conteúdo de artes, o ponto de fuga. E quando comecei a aplicar o Estágio com a turma do 1º ano do Ensino Médio, a nova professora estava preparando os trabalhos para a Páscoa, com desenhos de coelhinhos xerocados para os alunos colorirem e fazerem cartões para a família. Em uma das aulas observadas durante o Estágio 1, percebi que os alunos estavam interessados em fazer outras atividades e que já estavam enjoados de só ficarem desenhando ou pintando. Percebi que quando eles fizeram a apresentação dos

trabalhos

com

construções

de

forma

tridimensional,

estavam

bem

entusiasmados. Acredito que os alunos gostam e querem fazer mais vezes atividades relacionadas ao tridimensional, assim tendo contato com materiais diferenciados nos quais eles podem desenvolver mais a sua criatividade e desenvolver habilidades importantes para sua formação. Vários alunos também citaram em seu questionário que gostavam de usar materiais reciclados, papel higiênico, argila, “coisas que dão sujeira”. Percebi que trabalhos tridimensionais poucas vezes foram realizados nas aulas de Arte e os alunos demonstram vontade em realizar tais trabalhos. Isso foi determinante para se pensar sobre um projeto na linguagem da escultura. Outra coisa que observei e considerei importante foi que a professora sendo formada em Artes Visuais, deveria ter explorado muito mais a questão das obras de artistas. Em nenhuma tarefa das observadas ela trouxe exemplos de artistas que tinham usado tal técnica ou material, o que considero uma lacuna deixada pela professora, pois a arte se aprende também pelo contato que se oferece com a própria arte produzida pelos artistas. Ao questionar os alunos sobre os artistas, a maioria da turma disse não ter um preferido e poucos são conhecidos, somente alguns foram citados, artistas como Picasso e Leonardo da Vinci. Eles relataram, e eu observei, que a professora titular trazia como exemplos, para embasar os alunos, trabalhos das outras turmas que já haviam realizado a atividade e não obras de artistas. 8


Formei uma visão com base nas observações feitas no Estágio 1: percebi o desinteresse dos alunos do 1º ano do EM nas aulas de Artes, e também a pouca diversidade de material que dispunham para a realização dos trabalhos. Pretendi com o tema “Revendo processos escultóricos com Victor Brecheret e Franz Weissmann”, que os alunos pudessem dar a conhecer escultores e suas obras de artistas que trabalham com materiais interessantes e diferentes, de uso não comum em aulas de artes. Com os objetivos de: utilizar a técnica da modelagem em argila, preparar o molde em gesso, conhecer a técnica do molde perdido, elaborar esboço para escultura e utilizar a técnica da talha direta. Assim, com o tema do projeto definido e levando em conta que a turma da 8ª série e a turma do 1º ano, tinham alunos de faixa etária muito próxima, optei por aplicar o mesmo planejamento para as duas turmas. Tendo que fazer somente o ajuste na sequencia das atividades. Pois o EF tinha um período por semana e o EM tinha dois seguidos no mesmo dia. No primeiro semestre de 2011, realizei o estágio 2 e 3 e forneci aos alunos o contato com três técnicas diferentes. O uso de argila na técnica da modelagem finalizando com molde perdido com forma feita em gesso, a técnica da talha direta no bloco de concreto celular e a construção de formas cortando e dobrando o papel, partindo do bidimensional e transformando em uma forma tridimensional. Sempre tendo um artista como base para sustentar o conteúdo, mostrando os vários aspectos e estilos que os artistas usam para os temas de suas obras. Ressaltando a grandiosidade das obras de Victor Brecheret, para demonstrar o potencial de artistas brasileiros e o estilo peculiar de Franz Weissmann com suas obras aparentemente tão simples em sua forma, mas com uma complexidade infinita de possibilidades que apresenta ao criar formas tridimensionais. Uma autora que considero especial na composição e orientação de meu tema de pesquisa foi Sandra Brecheret Pellegrini, filha de um dos maiores escultores Brasileiros, Victor Brecheret, responsável por várias publicações sobre o escultor e presidente da Fundação Escultor Victor Brecheret. Ela traz todo o histórico e obras do artista que é criador de uma escultura de grandes proporções: “Monumento as Bandeiras”, que levou 33 anos para ser concluída e também de outra obra de grande porte “Monumento a Caxias”, que têm 48 metros de altura. “As obras de Victor Brecheret apresentam características de formas e volumes geometrizados da escultura moderna, com o uso de contornos simplificados nas formas e uma 9


superfície uniforme”. (PELLEGRINI, 2003.) Outro material que me auxiliou bastante e foi utilizado para alimentar o conhecimento e o vocabulário visual dos alunos, foi o DVD da TV Escola, da coleção Arte na Escola que apresenta o artista escultor Franz Weissmann. O próprio artista faz a narração, explicando sua migração ainda muito jovem para o Brasil, e se definindo como um “construtor de formas” e não um escultor. Um dos focos apresentados no seu trabalho é a exposição de suas obras em locais públicos, sendo considerado o artista com maior número de obras expostas em cidades brasileiras. O estudo desse artista que utiliza na construção de suas esculturas uma forma estética abstrato-geométrica firmou o conceito de abstrato nos alunos. Também utilizei o livro, Ensino de Arte, das autoras Arslan e Iavelberg para me conduzir e orientar na prática como docente. Neste livro, encontrei informações que deram embasamento para as análises realizadas, me confirmaram atitudes e procedimentos necessários para a prática do professor em sala de aula, principalmente sugestões sobre como trabalhar imagens com crianças e adolescentes, orientações de atividades para arte e a ação da avaliação em arte. Outro material que utilizei bastante para informações, e que me ajudou muito a formar idéias de atitudes e cuidados que o professor deve considerar na prática em sala de aula, foi o livro dos PCN’s de Artes. Tratando a Arte como um objeto de conhecimento, fazendo o professor refletir sobre como se ensina e como se aprende. Sendo que a prática tem resultado sobre as ações do professor e dos alunos antes, durante e após cada aula, buscando sempre oportunizar a autonomia cognitiva do aluno. Percebi durante a prática do Estágio 3 que ocorreu com os alunos do 1º ano do EM, que eles gostaram de realizar as atividades e estas foram desenvolvidas com gosto pela maioria da turma. Considerei isto muito bom, pois desta maneira pude perceber que a idéia fundamental do projeto estava funcionando e que eles estavam desenvolvendo habilidades e adquirindo conhecimentos. Na Conclusão deste TC, faço uma análise critica e reflexiva sobre a prática de ensino que realizei com a turma do primeiro ano do EM. Nesta tive maiores aprendizados, e descrevo todo o processo de aprendizagem que ocorreu no Estágio 3. Reflito principalmente sobre situações que considero relevantes com um novo olhar para uma próxima prática.

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Na Conclusão do trabalho, escrevo sobre os resultados alcançados e sobre as dificuldades enfrentadas pelo professor no processo vivido durante as aulas, sendo crítico com o planejamento e desenvolvimento do projeto. Também falo sobre a relação do tempo gasto com a limpeza e cuidados com a sala de aula, e o tempo ocupado na produção das atividades, não desmerecendo a importância da organização do espaço, mas questionando até que ponto esta cobrança sobre a limpeza pode interferir na produção dos alunos. Ainda

na

Conclusão

relato

sobre

a

metodologia

aplicada

no

desenvolvimento do projeto, buscando ser muito crítico quanto à orientação oferecida pelo professor, buscando conseguir o máximo dos alunos e também proporcionando que sejam autônomos e desenvolvam suas idéias. Em seguida, levanto um contraponto em relação aos objetivos planejados e os objetivos alcançados. Considerando que a turma conseguiu na sua grande maioria absorver todos os conteúdos planejados, porém com algumas lacunas deixadas em algumas atividades nas quais os alunos somente acompanharam a explicação e não realizaram a tarefa, mostrando assim que nem todos os objetivos foram plenamente atingidos. Ainda na Conclusão, procuro trazer uma reflexão sobre o processo de avaliação, que considero de suma importância. Percebi que os alunos do 1º ano adquiriram conhecimentos e desenvolveram suas habilidades em trabalhos com qualidade. Mas reflito sobre a importância da participação do aluno no processo de avaliação durante as aulas, tentando aproximar o aluno e permitir que ele se torne responsável e consciente do compromisso que tem frente à educação. Ao final da Conclusão deste TC, remeto meu olhar ao início de todo projeto, fixando um olhar mais atento, pensando em todos os momentos de dificuldades e acertos enfrentados em cada aula, com intenção de utilizar esta experiência de Estágio com a turma do 1º ano do EM, como um aprendizado. Tenho consciência de que só esta experiência não me garante um preparo suficiente para encarar o desafio de ser professor, mas ela me permite criar noções sobre como é ser um profissional da Arte Educação e principalmente sobre como é a realidade do Ensino de Arte em sala de aula. Percebo a necessidade de buscar sempre mais conhecimentos e informações, conseguindo assim estar mais preparado e seguro, para aprimorar-me na prática, com o tempo, enquanto busco sempre despertar o gosto pela arte no aluno, que deve ser o foco principal da educação. 11


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1.1. Conhecendo a Escola Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara. Diretor: Sergio Luis Garcia Campos. Endereço: Rua Coronel José Diel, 373, Centro de Santa Clara do Sul /RS. Filosofia: Formação do ser humano para o exercício da cidadania. Nº total de alunos: 640 alunos. Turma: 102 – Primeiro ano do Ensino Médio Nº de alunos: 26 alunos.

1.2. Observações silenciosas 1.2.1. Observações silenciosas 1 e 2 Data: 12 de agosto de 2010 Turma: 1º ano Ensino Médio Nº de alunos: 22 Presentes: 22 Horário: 7:30 as 9:10

Assim que deu o sinal, a professora foi para a sala de aula. Os alunos já estavam lá, conversando sobre um trabalho de Português que receberam. A professora me apresentou como estagiário, explicando que eu viria observar seis aulas de Artes. Os alunos continuaram conversando sobre o trabalho que haviam recebido e não prestaram muita atenção nas colocações que a professora ia fazendo. A professora pediu para alguns alunos apresentarem os trabalhos que haviam realizando nas últimas semanas para que ficasse mais fácil a minha compreensão da proposta da aula de hoje. Uma aluna começou explicando sobre a pesquisa que fizeram sobre ponto de fuga, falou que a professora havia explicado onde encontrariam exemplos de pontos de fuga. Ela foi citando: na estrada, caçada, pirâmides e no trilho de trem. O primeiro exercício proposto que realizaram foi um desenho das formas geométricas para um ponto de fuga. Do quadrado para um cubo, do retângulo para o paralelepípedo, do círculo para o cilindro. Também

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fizeram construção com papelão em forma de pirâmides para mostrar o 3D. A professora falou que dessa forma eles viriam no concreto. A professora pediu para dois alunos irem, juntos com ela, buscarem os trabalhos para me mostrarem. Enquanto ela saiu da sala com dois alunos, alguns alunos começaram a conversar e foram na classe de outros colegas. A maioria da turma ficou sentada. Quando a professora voltou com os trabalhos, ela pediu para que o trio que havia feito o trabalho me apresentasse. A aluna chamou atenção de seus colegas pedindo para que eles fossem sentar. Ela explicou como haviam montado a pirâmide, que primeiro tinham feito uma colagem de papelão, depois colaram papel em volta, pintaram colorido e colaram plástico em volta para dar uma textura, pois deixaram o plástico bem rugoso e amassado. Também fizeram um cubo de papelão, forraram com espelho e prenderam bem na ponta da pirâmide. A aluna falou que o objetivo era mostrar duas formas diferentes no mesmo ponto de fuga. A professora comparou este trabalho com o de outro grupo, dizendo que eles só haviam feito a pirâmide de jornal. Comentou que o outro grupo foi além da proposta. A professora agradeceu a explicação do grupo. Após isso, a professora questionou sobre os outros trabalhos. Pediu para uma aluna a folha com o esboço de um quarto onde havia uma parte já desenhada e os alunos deveriam completar com as linhas seguindo o ponto de fuga. Também mostrou que em duplas, eles haviam ampliado o desenho para uma folha A3 e este desenho foi colorido com lápis de cor. Segundo a professora, eles querem nota máxima pelo trabalho. Falou que o correto seria primeiro passar o desenho para um papel manteiga, depois para uma folha quadriculada e aí para a folha A3. Mas preferiu ir direto para a folha A3 para poupar tempo e material. Mostrou alguns desenhos da outra escola em que dá aula, comparando com os trabalhos dessa turma. A professora chamou atenção de alguns meninos para que voltassem para seus lugares, pois fizeram um grupo no fundo da sala. Então ela pediu que pegassem o trabalho que iniciaram com dois pontos de fuga. Alguns alunos comentaram que haviam esquecido a folha da aula passada em casa. Ela pediu para pegarem outra folha e fazer de novo. Estavam fazendo um desenho de uma casa com dois pontos de fuga, falou que se eles seguissem os passos, indicados por ela, não havia como dar errado. Os alunos ficaram conversando, mas estavam produzindo. Alguns alunos foram se sentar em grupos. Nesse momento, ela veio me 14


contar sobre sua experiência de professora, falou que estava trabalhando nessa escola desde abril e que agora estava começando a aprender como funcionava a turma. Nisso começou muita conversa e ela chamou atenção dizendo que não gostava de ficar pedindo silêncio, mas que a conversa estava demais. Mas eles quase não diminuíram a conversa. Deu o sinal do primeiro para o segundo período. Ela começou a circular pela sala auxiliando nas dúvidas dos alunos. Ela pediu aos alunos silêncio para explicar sobre o trabalho, que eram para usar somente o lápis de desenho e colocar detalhes na figura, destacando as janelas, as portas, as telhas. Depois pediu para eles apagarem as linhas dos pontos de fuga e só deixarem a figura. Ela ia circulando as particularidades de cada desenho e também fez algumas interferências, apagando algumas partes e desenhando para os alunos. Uma aluna veio me mostrar o seu trabalho, depois mostrou para a professora que pegou a régua para conferir as medidas e se as linhas conferiam com os pontos de fuga. A professora perguntou para a aluna se ela sabia porque o desenho dela estava ficando feio. A aluna respondeu que não estava feio. Algumas dúvidas sobre os pontos de fuga ela não soube auxiliar. Comentou que eles estavam tentando desenhar pela lógica e não ligando aos pontos de fuga. Então ela fez a chamada quase no final da aula, chamando aluno por aluno. Após ela explicou que na próxima aula iriam fazer o desenho de duas casas com dois pontos de fuga.

1.2.2. Observações silenciosas 3 e 4 Data: 19 de agosto de 2010 Turma: 1º ano Ensino Médio Nº de alunos: 22 Presentes: 20 Horário: 7:30 as 9:10

Deu o sinal, a professora foi para a sala. Alguns alunos já estavam na sala e outros foram entrando com a professora. Os alunos estavam falando bastante sobre o jogo da final da Libertadores que o Inter ganhou. Após ela dar um “bom dia” a todos, me chamou para falar aos alunos sobre o questionário. Então, como combinado com a professora, entreguei os questionários a todos os alunos presentes, expliquei e li as questões, eles responderam em silêncio. Um aluno logo 15


falou que estava pronto, então eu solicitei a ele que comentasse um pouco mais as respostas. A professora saiu durante a aplicação do questionário para distribuir algo para outra turma. No decorrer do questionário, ela voltou em silêncio e deixou os alunos concluírem. Após eu recolher as folhas dos questionários, ela perguntou para a turma sobre o trabalho da aula passada, questionando se todos haviam concluído. Então, como alguns ainda não tinham concluído e tinham algumas dúvidas, ela explicou e deixou um tempo para eles concluírem. Em seguida ela pediu para formarem duplas para realizarem a próxima atividade. Um aluno questionou se era necessário fazer em duplas, ela disse que não era obrigado, mas achava que seria mais fácil para eles, sugerindo que se juntassem, um que tenha dificuldades e outro que tenha mais facilidade. Um aluno questionou se não iriam fazer artesanato e ela respondeu que só para o Natal. Explicou que iriam fazer este trabalho em folha A3 para expor na mostra de trabalhos. Mostrou um exemplo de como seria o trabalho dessa aula. Um desenho com duas casas e com dois pontos de fuga, uma para cada lado da folha. Ela falou que o importante seria que eles entendessem de onde saem as linhas, ligadas aos pontos de fuga. Perguntou se eles achavam necessário ter um exemplo para se orientar, a maioria se manifestou dizendo que sim. Ela saiu para fazer cópias do desenho e eles começaram a formar as duplas. Formaram seis duplas e oito ficaram sentados sozinhos. Alguns começaram a conversar tranqüilamente em tom baixo sobre o trabalho, outros sobre o jogo do Inter. Muitos ficaram concluindo o trabalho da aula passada: desenho de uma casa com dois pontos de fuga. Um aluno foi abrir a porta e ficou esperando a professora. Quando ela voltou, foi auxiliar nas dúvidas que alguns tinham, mostrando detalhes do desenho de um colega que já havia concluído. Enquanto alguns ainda estavam concluindo, ela veio me contar como tinha sido seu estágio. Deu o sinal e ela começou a distribuir as folhas A3 e a fotocópia com esboço de duas casas com dois pontos de fuga. Falou que este trabalho não seria pintado, pois na mostra iriam expor um trabalho colorido e este seria só desenhado, sem o uso de cores. Pediu para eles observarem bem no esboço e fazer interferências, pois a folha era deles e então poderiam traçar linhas para verem como funcionava, da onde vinham às linhas partindo dos pontos de fuga. Ela os deixou trabalharem e foi circulando pela sala observando as produções. Algumas 16


vezes fez uns detalhes nos trabalhos deles. Somente um aluno desenhava e o outro da dupla ficava observando, depois trocavam. Alguns produziram bastante, outros quase nada. Perto do final da aula, ela fez a chamada falando o nome do aluno e olhando para ele. Depois ela foi atender uma dupla e disse que não estava dando certo, outro colega falou que estava certo. Ela pediu para verificar com a régua o que estava faltando, pois eles não estavam traçando as linhas conforme os pontos de fuga. Uma aluna disse que isso era impossível de fazer e a professora ironizou dizendo que enquanto ela só ficasse dando voltinhas não tinha como produzir. Quando deu o sinal, ela pediu para eles recolherem o material, e devolverem as réguas da escola.

1.2.3. Observações silenciosas 5 e 6 Data: 26 de agosto de 2010 Turma: 1º ano Ensino Médio Nº de alunos: 22 Presentes: 20 Horário: 7:30 as 9:10

Deu o sinal, todos os alunos entraram na sala e esperaram a professora que logo após, apareceu. Ela falou que estava com dor de garganta e quase sem voz. Questionou sobre o trabalho da aula passada, se todos haviam terminado. Duas alunas disseram que haviam faltado na aula passada e perguntaram como poderiam fazer. Ela falou que eram para se juntar numa dupla que ela explicaria a tarefa. Então a professora saiu para pegar folhas A3 para a dupla que não estava na aula passada. Os demais foram formando as duplas da aula anterior para concluírem o trabalho. Os alunos ficaram conversando baixinho até que a professora retornou. Pegaram o material, (régua, lápis e a folha A3) e trabalharam. A professora então foi explicar a tarefa para as meninas que não estavam na outra aula. Logo ela começou a circular pela sala observando as produções dos alunos. Um da dupla desenhava e o outro ficava olhando. Enquanto ela deixou eles trabalharem veio conversar comigo sobre as atividades. Falou de outras escolas e colegas professoras, como eram as aulas delas comparando com as suas. Também me disse que não estava compensando 17


muito vir dar aula nessa escola, pois tinha que vir de carro e gastava muito combustível. Enquanto ela me contava isso, os alunos conversavam bastante, não paravam de falar, mas sempre em tom baixo. Poucos estavam realmente produzindo. A maior parte da turma fez uma reprodução da fotocópia que a professora ofereceu como exemplo. Somente ampliaram o desenho e colocaram alguns detalhes a mais nas casas. Não modificaram as estruturas do desenho, copiaram a casa como estava no exemplo, só houve mudanças nas telhas, detalhes nas portas e nas janelas. Alguns fizeram um muro em volta da casa e colocaram umas plantas. Quando deu o sinal do primeiro para o segundo período, a professora disse para eles fazerem uma auto-avaliação. Eles deveriam escrever (numa folha de caderno), citando os pontos positivos e os negativos das aulas sobre pontos de fuga. Também deveriam se dar uma nota. A professora pediu a avaliação em grupo para ter uma idéia do conjunto. Quando eles terminavam a auto-avaliação, ela recolhia e me mostrava, pedindo para eu ler. Os que entregavam formavam grupos e ficavam conversando. A professora perguntou se na próxima aula ela poderia começar um novo assunto. Os alunos pediram para não ser desenho. Ela falou que queria trabalhar com pintura abstrata. Deu o sinal e eu me despedi de todos.

1.3. Análise das observações silenciosas do Ensino Médio Este período de observação em que acompanhei a turma do 1º ano do Ensino Médio foi muito importante para eu ter uma visão mais aprofundada de como funciona o sistema das aulas de Artes no Ensino Médio. Os alunos têm dois períodos seguidos, que eu acredito ser algo muito bom. Porém, eles não terão mais aulas de Artes no 2ª e 3º ano do Ensino Médio. Não posso dizer que concordo com o sistema que a professora aplicou para conduzir os trabalhos das aulas. Penso que ela poderia ter um planejamento mais dinâmico para aplicar os conteúdos que trouxe como proposta de trabalho. Ela estava trabalhando os pontos de fuga e ficou somente fazendo reproduções de desenhos, em que ela trazia uma fotocópia para a turma ter um modelo e a partir desse, fazer um desenho que quase era um estereótipo. Havia poucas diferenças do exemplo da professora e a reprodução dos 18


alunos. Nós, professores devemos desenvolver mais a criatividade dos alunos e não propor atividades que os inibam. No texto “Estereótipos, esta erva daninha”, de Vianna, Maria Letícia nos diz: Não podemos aceitá-los porque, como educadores, acreditamos no poder de criatividade das pessoas, na individualidade de cada ser humano, acreditamos na necessidade vital que a criança tem de se expressar; porque somos contra acomodação e desejamos a transformação (1994, p.06).

A professora também poderia ter trazido imagens de obras para mostrar como os artistas resolvem as questões nas suas obras, nesse caso, a perspectiva e a profundidade. Leonardo da Vinci foi o precursor em usar a perspectiva para dar idéia de profundidade nos desenhos e pinturas. Acredito que se ela utilizasse exemplos de obras como “A Santa Ceia”, de Leonardo da Vinci, os alunos iriam ficar mais entusiasmados, curiosos e interessados em aprender sobre pontos de fuga e perspectiva. Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais, (2001, p.39), “Diante de uma obra de arte, habilidades de percepção, intuição, raciocínio e imaginação atuam tanto no artista quando no espectador.” Quero ressaltar a grande importância que o professor deve dar ao preparar uma aula bem dinâmica e atraente, onde o aluno possa observar imagens e fazer os seus pensamentos, suas interpretação e desenvolver sua sensibilidade. Conforme PCN’s Arte: Cabe ao professor escolher os modos e recursos didáticos adequados para apresentar as informações, observando sempre a necessidade de introduzir formas artísticas, porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz (2002, p. 47- 48).

Sabemos que as crianças nessa idade são muito ágeis, comunicativas, e curiosas. Elas também são capazes de entender e respeitar regras e estas devem ser cumpridas. Percebi que os alunos agem sem cumprir as regras estabelecidas na sala de aula. Alguns saem e vão ao banheiro, sem pedir licença, também caminham e conversam muito na sala, atrapalhando a explicação da professora e a compreensão dos colegas. Em uma determinada aula, uma aluna teve que pedir silêncio aos colegas para ela poder apresentar seu trabalho. Segundo Rosimeri Pereira Marques, em seu livro Arte e Educação, (p.116), afirma que “A criança necessita da limites e solicita isso a todo instante, através de uma circunscrição de conduta e precisa interagir com o grupo.” 19


Durante as observações, notei que os alunos se interessam pelas aulas e gostam de desenhar, usam materiais simples, como: régua, lápis 6B e lápis de cor. Pela perguntas dos alunos notei que estavam interessados em fazer outras atividades e já estavam enjoados de só ficarem desenhando. Notei que quando apresentaram os trabalhos com construções de forma tridimensional, estavam bem entusiasmados. Acredito que os alunos querem fazer mais atividades desse tipo os quais desenvolvem mais sua criatividade.

1.4. Análise do questionário respondido pela professora Ao analisar o questionário respondido pela professora a qual eu acompanhei no estágio 1, pude constatar que suas respostas são complacentes com as aulas desenvolvidas. A professora propõe algumas pequenas atividades e os alunos realizam a atividade proposta por ela. Não há discussão do tema ou assunto que possa partir dos alunos. A tarefa parte da professora e os alunos seguem a solicitação dela. Acredito que as aulas seriam muito mais atraentes e validas para os alunos se a professora fosse escutar e observar melhor a sua turma. Conforme os PCN’s Arte: O professor na sala de aula é primeiramente um observador de questões como: o que os alunos querem aprender, quais as suas solicitações, que materiais escolhem preferencialmente, que conhecimentos têm de arte, que diferenças de níveis expressivos existem, quais os mais e os menos interessados, os que gostam de trabalhar sozinhos e em grupos, e assim por diante. A partir da observação constante e sistemática desse conjunto de variáveis e tendências de uma classe, o professor pode tornar-se um criador de situações de aprendizagem (2001, p.110).

A professora deixa uma pequena margem na aplicação de diferentes materiais para a execução dos trabalhos. A maioria das atividades propostas inibe a criatividade do aluno e é realizada com os materiais básicos encontrados na escola, como: régua, lápis, cola folhas de ofício e lápis de cor. Poucos alunos saem do padrão proposto e utilizam outro material que tenham trazido. Acredito que a professora deveria ser mais incentivadora e fornecer informações de materiais e técnicas aos alunos para que pudessem aplicar esse conhecimento em suas produções. Conforme os PCN’s Arte, quando trata sobre criatividade.

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Problemas inerentes ao percurso criador do aluno, ligados à construção da forma artística, ou seja, a criação, envolvendo questões relativas as técnicas, aos materiais e aos modos pessoais de articular suas possibilidades expressivas às técnicas e aos materiais disponíveis, organizados numa forma que realize sua intenção criadora (2001, p.106).

A professora é incentivadora do trabalho em grupo, principalmente no Ensino Médio. Porém, ela não orienta o andar da produção dos grupos. Ela monta os grupos, mas eles não trabalham em conjunto. Cada um realiza uma parte da tarefa isoladamente. Não há um diálogo no grupo para a realização da tarefa. A professora também diz que existe a possibilidade de sair do espaço da sala de aula. Ela fala que as atividades podem ser realizadas na biblioteca, na sala de informática e que no pátio da escola têm mesas e bancos espalhados pelo lugar. Mas estes espaços não foram explorados pela professora nas semanas em que observei as suas aulas. Acredito que algumas aulas teriam sido mais proveitosas e propiciariam a criatividade dos alunos se a professora tivesse explorado o pátio. Penso que a professora deve organizar o espaço da aula para deixá-la mais atraente ao aluno. Todas estas questões são importantes para o desenvolvimento das aulas: o material, o espaço, o trabalho em grupos, mas, principalmente, a questão do planejamento das aulas. Acredito que a professora, que é formada em Artes, poderia ter explorado muito mais a questão das obras de artistas. Em nenhuma tarefa das observadas, ela trouxe exemplos de artistas que tinham usado tal técnica ou material. Conforme Trindade, Jurema Roehrs, em seu caderno de “Introdução à Arte”, nos mostra sobre a importância que a Metodologia Triangular trouxe do uso das imagens para os alunos. A Metodologia Triangular surgiu num momento de conflitos entre concepções de ensino de arte. O movimento de arte- educadores defendia a arte como construção de conhecimento estético e cognitivo e a proposta trazia esta perspectiva para as salas de aula. A presença de imagens, como centro da sala de aula, levou os alunos a uma reflexão interpretativa e julgadora, numa época em que também as imagens eletrônicas passam a fazer parte do mundo pós- moderno (2002, p. 38).

Acredito que a professora poderia usar a metodologia proposta por Ana Mae Barbosa em seu livro: “A imagem no ensino da arte” (1991), que apresenta a proposta triangular, que sugere aulas de arte enfatizando o fazer artístico, a história da arte e a leitura das obras.

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1.5. Análise dos questionários respondidos pelos alunos Fazendo uma análise dos questionários respondidos pelos alunos do 1º ano do Ensino Médio, percebi que eles têm vontade de usarem materiais diversos. Os materiais mais citados pela maioria dos alunos foram os que eles chamaram de básicos: lápis, canetinha, tinta, régua e papel. Vários alunos também citaram que gostavam de usar materiais reciclados, papel higiênico, argila, “coisas que dão sujeira”, segundo alguns deles. Percebi que trabalhos tridimensionais são poucas vezes realizados nas aulas de Arte e os alunos demonstram vontade em realizar tais trabalhos. O uso de diferentes materiais é importante e principalmente, saber o que fazer com eles. Mais do que quantidades de materiais, é preciso oferecer ricas oportunidades de aprendizagem. Para isso, é preciso selecionar meios acessíveis à realidade, inventar possibilidades para os materiais existentes, inovar, ousar (MARTINS, 1998, p.145).

A turma quando questionada em relação aos materiais solicitados pela professora para a realização dos trabalhos nas aulas de arte, em grande parte responderam que trazem os materiais, outros responderam que trazem quando não esquecem, mas sabem que isso dificulta o trabalho deles e da professora. A resposta onde eles foram questionados sobre se gostavam de usar materiais diferentes foi unânime, “sim”. Quando questionados sobre a importância de aprender Arte na escola, a turma direcionou basicamente suas respostas para uma futura profissão e que a arte iria deixá-los mais pacientes, cuidadosos e criativos, tendo muito mais imaginação, se tornando mais perceptivos e também como uma forma de deixá-los mais tranquilos. Ao serem questionados se achavam interessantes as produções de artes, a maioria da turma diz que sim, citando que estas produções incentivam a sua criatividade para coisas novas e o conhecimento sobre materiais e artistas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais nos alertam sobre os sentimentos, as emoções que as obras de arte geram no espectador. Na produção e apreciação da arte estão presentes habilidades de relacionar e solucionar questões propostas pela organização dos elementos que compõem as formas artísticas: conhecer arte envolve o exercício conjunto do pensamento, da intuição, da sensibilidade e da imaginação (2001, p. 40).

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Ao questionar os alunos se eles já haviam feito uma leitura sobre arte, ou se tinham um artista preferido, somente seis citaram artistas como Aleijadinho, Van Gogh, Portinari e Leonardo da Vinci. Percebi que eles têm um contato muito pequeno com obras de artistas e leitura sobre o assunto arte. Isso se comprovou nas minhas observações silenciosas onde a professora não trouxe imagens para a sala de aula. Quando eu perguntei se a professora trazia imagens para sala, eles responderam que ela trazia trabalhos de outras turmas, que já haviam realizado esse trabalho para terem um exemplo e ela não trazia imagens de obras de artistas. O contato com as imagens é importante para os alunos nas aulas de Arte, pois: “[...] ensinar arte com arte é o meio mais eficaz.” PCN’s Arte,( 2001, p.48). Na questão sobre as maiores dificuldades para a realização das tarefas, quase a metade da turma respondeu não ter dificuldades. Muitos responderam que o que dificultava era a concentração e também, entender o que era solicitado pela professora. Uma aluna respondeu que gostava de fazer do seu jeito e sentia dificuldade de fazer como a professora mandava. Acredito que a professora deveria explicar melhor o trabalho proposto e incentivar mais a criatividade dos alunos. Durante o trabalho, o professor mostra a necessidade de desenvolvimento de atitudes não como regras exteriores, mas como condições que favorecem o trabalho criador dos alunos e a aprendizagem significativa de conteúdos (PCN’s Arte, 2001 p.113).

A maioria dos alunos se considera empenhado e organizado nas aulas de Artes. Mas uma resposta me chamou muita atenção, quando um aluno respondeu: “Se a atividade me despertar interesse e fugir da rotina com certeza me empenho, porém se for muito monótona a atividade enjoa, fazendo com que diminua meu interesse e empenho”. Isso nos mostra a importância do professor preparar aulas bem dinâmicas e que possam desafiar a criatividade do aluno.

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CAPITULO 2

CAPĂ?TULO 2 Revendo processos esculturais nos trabalhos de Victor Brecheret e Franz Weissmann 24


2. REVENDO PROCESSOS ESCULTÓRICOS COM VICTOR BRECHERET E FRANZ WEISSMANN A escultura é uma expressão artística que existe há muitos anos, desde as primeiras manifestações dos homens.

Podemos dizer que um dos primeiros

registros da escultura na história da arte é Vênus de Willendorf, uma pequena estatueta representando o corpo feminino com seios volumosos, ventre saltado e grandes nádegas simbolizavam a fertilidade da mulher, conforme Trindade (2005, p.07).

Vênus de Willendorf- Austrália (24.000 a 22.000 a.c.) (Fonte: http://www.kalipedia.com/popup/popupWindow.html)

A escultura é uma representação tridimensional que pode ser criada com diversos tipos de materiais e técnicas diferentes. Vários artistas utilizam até hoje materiais como pedra e madeira para entalhar suas esculturas, também são usados outros materiais, como a argila para modelar e outros já utilizam materiais variados e até misturam esses materiais entre eles para construir suas esculturas das mais variadas formas e estilos. Sabemos que a escultura é a arte de representar objetos e seres através de imagens em relevo. O que dá diferença da escultura para as outras artes é o volume, pois ela usa a tridimensionalidade: largura, altura e profundidade. A pintura, o desenho e a gravura têm somente duas dimensões, na qual a profundidade é apresentada pela perspectiva.

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A escultura pode se apresentar em baixo relevo ou alto relevo, onde o relevo se destaca sobre uma chapa, ou placa. Essa técnica foi muito utilizada pelos egípcios.

Baixo- relevo Egípcio (Fonte: http://www.projetoarte.com/galeria/e2.html)

Quando temos espaço em volta de toda escultura chamamos de pleno relevo, podemos citar como exemplo de pleno relevo a escultura “O Doríforo”, de Policleto (século V a.c).

“O Doríforo” Policleto (séculoV a.c.) (Fonte:http://umolharsobreomundodasartes.blogspot.com/2009/03/escultura-escultura-gregacumpriu.html )

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2.1. As técnicas e os materiais usados pelos artistas 2.1.1. Argila Dentre as várias técnicas existentes para a criação das esculturas, uma das mais utilizadas é a modelagem na qual as mãos do artista são o instrumento principal e fundamental para realizar o trabalho. O material mais comum nesta técnica da modelagem é a argila, mas também, podem ser utilizados outros materiais como a cera e o gesso. A técnica de modelagem da argila é muito usada para ajudar o escultor nos estudos prévios da criação de sua obra e também servem como base para as técnicas do vazado em metal, cimento ou plástico. Para se realizar um trabalho e modelar a argila, ela ainda deve estar úmida e, dependendo da grandeza do objeto que se quer modelar, também pode ser feita uma estrutura de madeira, arame, ferro, ou qualquer outro material que ela não grude para que possa sustentar o peso do material. A modelagem em argila permite ao artista uma flexibilidade na execução da escultura. Pois quando acontecerem erros, esses poderão ser corrigidos, aplicando ou removendo um pouco de argila, o que já não é possível no caso da talha em pedra ou madeira, pois quando se remove uma parte da escultura ou do trabalho que se está realizando, não há como colocá-la de volta. Em algumas obras podem-se observar as marcas deixadas pelo artista na modelagem da argila para mostrar o processo de construção.

2.1.2. Pedra A técnica da talha direta na pedra consiste em retirar camadas de um bloco de pedra, desgastando os excessos com o uso de ferramentas especificas como: cinzéis, martelos, pontas, puas, furadeiras e abrasivos. Na escultura em pedra qualquer erro cometido pelo artista é irreparável e não tem concerto. Para garantir o sucesso da confecção da obra, antes de ir direto para a talha na pedra, geralmente, os artistas fazem um esboço em argila ou em gesso, que servirá de maquete e então passará para o bloco de pedra através de um sistema chamado “ponteado”. A pedra é um dos materiais mais usados para a realização de obras de arte e em especial a escultura. Trabalhado de diversas maneiras através dos 27


séculos, a escultura em pedra sempre resultou num trabalho belo e duradouro. Assim podemos ver hoje obras realizadas há muitos e muitos anos. Mas o trabalho de se dar outras formas para as pedras, e em especial no mármore, sempre foi muito difícil, lento e cansativo. Podemos citar como um dos maiores escultores que conseguiu dar detalhes precisos na escultura e que utilizou o mármore como material, foi Michelangelo. Suas principais obras são Pietá e Davi. Conforme Stephen Farthing (2009 p. 69), “A encomenda resultou no histórico Davi, (1501-1504), uma imponente e majestosa escultura em mármore de um jovem homem nu em que se percebia um novo nível de conhecimento anatômico, aliado à emotividade artística.”

Davi de Michelangelo (Fonte:http://www.portaldarte.com.br/23-escultura/00-04-David-michelangelo.htm)

2.1.3. Madeira A escultura com trabalhos em madeira oferece uma dificuldade muito maior ao escultor para dar a forma desejada a figura e à precisão que deve ser trabalhada, devido aos veios e nós que a madeira contém. A técnica da talha direta na madeira consiste no desgaste de um tronco através do uso de ferramentas como: formão, goivas, grosas, serras, machados e brocas. Geralmente, as esculturas em madeira são trabalhadas em um único tronco, no qual se oca o seu interior para evitar posteriores problemas com a umidade. Para dar o acabamento final, a peça 28


também pode ser lixada e polida. Um grande problema que a escultura em madeira sofre é a durabilidade, pois se deixá-la ao tempo, sem proteção ela se desgasta e deteriora-se rapidamente. O que não acontece com as esculturas em pedra por ser muito mais resistente ao tempo tem uma durabilidade imensa. É interessante citar que os índios que aqui viveram na época das missões jesuíticas realizavam muitos trabalhos em madeira. Para Armindo Trevisam (2007, p.22) “Alguns aspectos da imaginária jesuítico-guarani merecem ser mencionados. A maioria das estátuas é talhada em madeira, principalmente, cedro, suporte que se prestava, melhor do que outros, a policromia.”

Madeira policromada, Museu das Misões- São Miguel, RS (Fonte: http://www6.ufrgs.br/artecolonial/pindorama/art2.htm )

2.1.4. Bronze

Na técnica de trabalhar com o bronze, não é somente a mão do artista que cria as formas. É necessário criar moldes e a figura vai nascer do interior desse molde, com a fundição do cobre em conjunto com o estanho, o zinco e o aço, em quantidades bem exatas, que irão criar a liga apropriada de bronze. A fluidez dessa liga é o que dará características próprias a cada escultura. As esculturas tridimensionais na técnica do vazado em bronze, podem ser feitas de formas diferentes: a fundição da cera perdida e o modelado. A escultura em bronze com a técnica da cera perdida consiste em construir um modelo em cera que depois será coberto por um molde de argila de uma única peça, em seguida a cera é derretida e o espaço deixado pela cera será 29


preenchido com o bronze. Nesse método, que é conhecido como direto, são realizadas peças maciças que tenham um porte menor.

O método indireto consiste em modelar primeiramente a figura em argila e, a partir daí, criar um molde em gesso, que depois será dividido em várias peças e retirado a argila. Após limpar bem as peças do molde montasse todas as partes e no interior desse molde em gesso é recoberto por uma camada de cera e o vazio preenchido por terra. Após essa etapa, desmonta-se o molde de gesso, deixando aparecer o modelo de cera que pode ser retocado. Cobre-se então a peça com a argila que servirá de molde definitivo. O bronze então despejado substitui a cera. Esse método proporciona que a peça tenha certa espessura e é utilizado na confecção de esculturas de grande porte. Auguste Rodin foi um dos maiores escultores que o mundo já viu. Ele criou personagens sedutores e cheios de vida. Seus materiais fossem eles argila, gesso, mármore ou bronze, ganharam vida graças ao modo como Rodin recriou a pele, os músculos, as expressões faciais e características físicas únicas (FARTHING, 2009 p.240).

Ainda conforme Farthing: (2009, p.241) “As representações que criou do corpo humano se tornaram tão exatas que, quando sua obra começou a ser mostrada, Rodin foi acusado de trapacear por usar o molde de uma pessoa de verdade, sem esculpir o modelo.”

O molde em bronze de “O pensador”(1880-1881) (Fonte: http://bethccruz.blogspot.com/2009/03/esculturas-as-mais-famosas.html)

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2.2. A arte moderna Na escultura da arte moderna o objetivo não é mais o naturalismo e, com isso, conforme Norbert Lynton (1978, p.103) “a escultura passa a ser montada com várias peças distintas de materiais, em vez de ser modelada ou entalhada, e freqüentemente evita a tradicional solidez da escultura” ganhando novas formas de expressão, as quais possibilitam a pesquisa e uso de novos materiais, diferenciando das técnicas tradicionais. O artista escultor Marcel Duchamp conseguiu proporcionar uma nova visão para o mundo da arte, mexendo com conceitos que iriam causar impactos e outro olhar sobre a obra de arte. Cansado de dançar conforme a música, Duchamp decidiu subverter as formas tradicionais de arte criando o ready-made. Influenciado por um livro de Max Stinger chamado O ego por ele mesmo, Duchamp entendeu que qualquer objeto banal ou industrializado podia ser transformado em arte, desde que o artista assim o quisesse. A primeira das iconoclásticas obras ready-made de Duchamp foi a roda da bicicleta(1913). A mais famosa, contudo foi A fonte (1917) um urinol de porcelana que escandalizou Nova York quando exibida. FARTHING ( 2009, p.351).

Acima “ A fonte” de Duchamp. (Fonte: http://www6.ufrgs.br/vies)

Acima “ a roda da bicicleta (Fonte: http://www.arquitetonico.)

Duchamp nos mostra que objetos encontrados podem ser arte, ou qualquer coisa pode ser arte, se algum artista assim a propuser, “ a arte não está no fazer um objeto artístico, mas no reconhecimento do valor estético de um objeto” Lynton (1978, p.104). 31


2.2.1. Concreto

Outra grande descoberta inovadora na escultura moderna foi a aplicação do concreto. Uma mistura de cimento, areia e áridos que proporcionam diferentes texturas ao concreto (pó de pedra ou partículas de granito ou mármore,). O concreto pode ser trabalhado na modelagem ou nos vazados. Na modelagem o processo é parecido com o da argila, a diferença é a armação que deve se adequar à forma e principalmente ao peso da escultura. Os vazados são realizados com moldes que geralmente são de gesso ou de madeira que também são chamados de formas, esses moldes então recebem a massa de concreto e depois são cobertos com sacos molhados até que a peça fique seca e endureça.

2.2.2. Plástico

Outros materiais, como os plásticos e a celulose, foram utilizados inicialmente na escultura pelos Construtivistas, a partir da década de 20. Ainda hoje muitos artistas contemporâneos utilizam materiais como plásticos, acrílicos e sintéticos para base de pesquisa, misturando-os com outros materiais ou simplesmente utilizando-se da sua plasticidade e textura. Um dos pioneiros a utilizar o plástico na escultura foi o artista Naum Gabo, conforme Norbert Lynton apresenta: O desenvolvimento dos plásticos veio em seu auxílio e foi uma longa série de construções baseadas nesse material versátil que a carreira de Gabo chegou ao clímax. A escultura, sem deixar de ser apreensível como objeto físico, atingiu então uma extraordinária fluência e lirismo – luz e espaço tiveram expressivo papel (1978, p.130).

2.2.3. Metal

Sabemos que na escultura em metal a evolução foi marcante após a Revolução Industrial e que a partir daí os artistas passaram a utilizar diversos tipos de materiais como: chapas de ferro, pregos, arames, chapas de aço, lata, alumínio, ferro-velho e até automóveis prensados. Para poder realizar estas esculturas de metal, foi necessário a utilização de ferramentas industriais – soldagem, maçarico, 32


rebitadoras, brocas elétricas, máquinas para corte e dobradura do metal. Assim o artista pode pintar, lixar, disfarçar soldas, polir e oxidar suas peças em metal. Alguns artistas descendentes das ready-made de Duchamp, utilizaram peças prontas para suas esculturas com peças metálicas de automóveis. Um dos pioneiros foi César, conforme Lynton (1978, p.110), “César (nascido em 1921) iniciou o emprego de carroçarias prensadas de automóveis como esculturas auto-suficientes”.

2.3. Victor Brecheret Nascido na Itália veio para o Brasil na infância. Victor Brecheret sem dúvida pode ser nomeado como um dos maiores escultores brasileiros, se não o mais importante do século XX. Desde criança já praticava a modelagem de barro criando esculturas de pequenos animais. E isso o levou a estudar desenho e escultura no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Conforme Sandra Brecheret Pellegrini (2003, p. 13, 14 e 15) “Em 1913 foi para Roma para aprofundar seus estudos e trabalhou com mestre Auturo Dazzi.” Também “Em 1919 voltou ao Brasil e sua obra apresentava as características da escultura moderna pelas formas e volumes geometrizados.” E ainda conforme Pellegrini “A influência de vários movimentos artísticos modernistas, somada à agitação do ambiente cultural que dominava a Paris de então, foram marcantes para sua formação artística.” A semana de Arte Moderna foi uma manifestação artística que impulsionou muita força aos artistas modernistas do Brasil. Conforme Farthing (2009, p.358) “Brecheret teve seus trabalhos divulgados por modernistas como Di Cavalcanti, Menotti del Picchia e Mario de Andrade. Na semana de Arte Moderna de 1992, o artista apresentou 12 esculturas.” Nesse período Brecheret estava ausente pois estava estudando em Paris com uma bolsa do governo de São Paulo, lá trabalhou e conviveu com outros artistas. “[...]seu trabalho passou por um processo de simplificação nas formas e tem influência com o contato que teve principalmente com as obras de Brancusi, pela característica das obras terem superfície uniforme e à concisão dos volumes.” Pellegrini (2003, p. 23). Sua maior escultura, obra- prima de Brecheret foi o Monumento às Bandeiras que levou 33 anos para ficar pronta. Ela foi iniciada em uma maquete feita em 1920 e quando Brecheret retorna a São Paulo em 1936 encara como seu maior 33


desafio, concluir a obra para inaugurá-la nas comemorações do IV centenário da cidade de São Paulo. Brecheret fez primeiramente essa obra na escala de 1 x 1 metro, para uma exposição de maquetes, aumentando-a depois para o tamanho atual esculpidas em pedra Mauá por artesãos, os quais copiaram fielmente o modelo em gesso feito por Brecheret.

Monumento às Bandeiras- Brecheret (1920- 1953) (fonte: http://www.google.com.br/imgres?=http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storag)

Para Pellegrini (2003, p.27): O Monumento às Bandeiras, maior escultura do mundo, levou 33 anos para ser concluído, mede 50 metros de comprimento, 16 metros de largura e 10 metros de altura. Apresenta 37 figuras das quais retrata a mistura étnica de que somos herdeiros, ou seja, as etnias que compõem nossa formação cultural: a branca européia, a indígena e a negra.

Além do grandioso Monumento às bandeiras, o artista Brecheret realizou outra obra, em homenagem a Duque de Caxias, um importante personagem de nossa história e que no dia de seu aniversário dia 25 de agosto é comemorado o dia do soldado. Nessa escultura Brecheret utilizou o bronze para a figura do Duque de Caxias. E em granito fez um trabalho ornamental que retrata vários momentos da vida de Caxias.

Segundo Pellegrini (2006, p.19): Em bronze patinado, foi realizada a figura do Duque de Caxias, com espada levantada sobre seu cavalo. Com aproximadamente 18 toneladas, ela foi fundida no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, onde Brecheret iniciou os seus estudos em 1912, um ano antes de ir para Roma.

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Monumento a Caxias- Brecheret (1941-1960) (Fonte: http://www.monumentos.art.br/monumento/duque_de_caxias)

Esses dois monumentos de proporções gigantescas comprovam porque Victor Brecheret é considerado um dos maiores representante da escultura moderna brasileira.

2.4. Franz Weissmann “Vindo da Áustria, sua terra natal, Franz Joseph Weissmann chegou ao Brasil com 10 anos de idade. Com 27 anos matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.” COUTINHO e ORLOSKI (2006, p.03) Inicialmente tinha grande preferência pela pintura, mas sentindo a necessidade do espaço tridimensional Weissmann procura o caminho da escultura. Segundo Coutinho e Orloski (2006, p.02): A tridimensionalidade é a essência de seu trabalho, que prefere denominar de construção e não de escultura, já que não são obras que surgem através do ato de esculpir, mas sim planos que se transformam através de cortes, dobras e torções, em que a geometria desenha o espaço vazio e o espaço ocupado.

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Torre, Franz Weissmann (1957- ferro) (Fonte: http://www.itaucultural.org.br/tridimensionalidade/arq/livro03.htm )

É interessante como o artista se auto-intitula de “construtor de planos” e não um escultor. O trabalho que realiza de cortar, dobrar e torcer chapas de ferro buscando a tridimensionalidade resulta em esculturas geométricas que o próprio artista as nomeia de “minimal figuras, dentro do conceito minimal arte.” Coutinho e Orloski (2006, p.03). Ele está em busca da tridimensionalidade com preocupação mais em ajustá-la com o vazio do que ao volume. Segundo Farthing (2008, p.423): Em 1951, Cubo vazado, uma das primeiras esculturas construtivas brasileiras, foi recusada na I Bienal de São Paulo. Durante os anos 1950, participou dos movimentos concreto e neoconcreto. Toda a sua produção remete ao que o artista denominou Vazio Ativo, o espaço vazio dentro das formas da escultura.

Franz Weissmann é um dos artistas brasileiros que tem o maior número de obras expostas em locais públicos. Outro ponto importante de suas obras é o encontro dela com o espectador, sendo denominada arte pública a qual busca diálogo e contato com o ambiente onde está exposta e também com o público que o freqüenta. Para Weissmann, segundo Coutinho e Orloski (2006 p.07) “a comunicação com o público é a função primordial de sua obra” tanto é que faz até a escolha de espaço, dimensão e escala das obras para cada exposição. Segundo Coutinho e Orloski (2006, p.05): Espaços abertos, públicos, locais de passagem em ruas e praças. São esses os lugares preferidos por Weissmann: “eu faço trabalhos para me comunicar com o povo. E isso só é possível se eu colocar minhas obras na rua. O povo não entra em museus”. É a arte pública a oferecer “como uma possibilidade de contato direto, físico, afetual, com o público”.

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"Cantoneiras" Franz Weissmann (Fonte: http://esculturasemsaopaulo.blogspot.com/2007/10/ cantoneiras-franz-weissmann-knittelfeld.html)

As duas obras acima de Weissmann, fazem parte dos muitos outros monumentos ou esculturas que estão presentes nas nossas cidades. Algumas dessas obras servem para enaltecer acontecimentos históricos que homenageiam personagens importantes da história, datas comemorativas, o povo e outras que servem para provocar o olhar das pessoas que ali passam. A arte é grandiosa e através dela que o artista se expressa e busca conhecer e revelar o mundo de sua criatividade. A imaginação criadora é a essência do artista. Conforme PCN’s Arte: A imaginação criadora permite ao ser humano conhecer situações, fatos, idéias e sentimentos que se realizam como imagens internas, a partir da manipulação da linguagem. É essa capacidade de formar imagens que torna possível a evolução do homem e o desenvolvimento da criança; visualizar situações que não existem, mas que podem vir a existir (2001, p.41).

O artista é o criador, é aquele que pensa, produz, modifica, constrói, executa, realiza a obra de arte que surge de sua criatividade através da pergunta: “Já pensou se fosse possível?” E é ele que torna o impossível em real. “Pois arte é a atividade criadora, que expressa de forma estética, sensações ou idéias.”

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CAPÍTULO 3

CAPÍTULO 3 Prática de ensino em artes visuais 38


3.1. Dados Gerais da Escola e turma em que foi realizada a Prática de Ensino Escola Estadual de Ensino Médio Santa Clara. Diretor: Sergio Luis Garcia Campos. Endereço: Rua Coronel José Diel, 373, Centro de Santa Clara do Sul /RS. Turma: 102 - 1º ano do Ensino Médio. Nº de alunos: 26 alunos. Professora titular: Jaqueline Corbelline Henckess.

3.2. Dados Gerais do Projeto de Ensino Título: Revendo processos escultóricos com Victor Brecheret e Franz Weissmann. Tema: Escultura moderna: artistas e processos. Justificativa: Observando o desinteresse dos alunos do 1º ano do Ensino Médio nas aulas de Artes, e também o pouco material que dispunham para a realização dos trabalhos, pretendo com esse tema “Escultura moderna, artistas e processos”, que os alunos possam conhecer artistas que trabalham com materiais diferentes. Também mostrar que todos são capazes de realizar “coisas certas” e não “certas coisas”, criando esculturas, por exemplo, com três técnicas diferentes: a técnica do molde perdido, a da talha direta e também a construção com materiais diversos. No final do projeto será realizada uma exposição dos trabalhos dos alunos para que os mesmos possam ser apreciados por outras turmas. Série: 1º ano do Ensino Médio. Objetivo Geral: Realizar esculturas com três técnicas diferentes: a técnica do molde perdido, a da talha direta e também a construção com materiais diversos. Tendo como base as releituras das obras dos escultores modernos: Victor Brecheret e Franz Weissmann.

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3.3. Prática de Ensino

3.3.1. Aulas 1 e 2 Dia 16/03 Horário: 10:15 as 11:55

Conteúdos:- Artistas escultores. Objetivos: - Identificar e apreciar obras de artistas escultores. -Reconhecer materiais disponíveis para a realização de trabalhos. - Conhecer a história da escultura através de imagens. - Pesquisar recursos e materiais para a realização de trabalhos. - Conhecer e exercitar a modelagem em argila. - Modelar em argila. Metodologias: - pesquisa em CDROM; - trabalho em grupos; - modelar a argila em observação de modelo vivo. Desenvolvimento: Inicialmente como sendo a primeira aula do estágio, farei a apresentação aos alunos e também pedirei para cada um apresentar um colega, dizendo o nome e uma característica que conhece do colega. Apresentar a eles uma escultura em concreto.

Trabalho do professor Leandro – 2007 (Fonte: BRAUN, 2011)

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Fazer questionamentos para ter um retorno deles sobre o que conhecem sobre escultura, como: 1- O que vocês estão vendo? 2- De que material é feito o trabalho? 3- Como foi realizada está peça? 4- Existem algumas coisas parecidas na nossa cidade? Onde? 5- Você sabe o nome de algum artista que realizou esculturas? 6- Que materiais ele usou? Em seguida solicitar aos alunos para formar grupos de três ou quatro integrantes, para realizar uma pesquisa sobre a história da arte - uma visão sobre a escultura, tendo como recurso para consulta um PowerPoint, montado pelo professor de Artes Visuais José Antonio Giuliano em 2007.

Vênus de Willendorf (fonte: http://www.kalipedia.com/popup/popupWindow.html)

Amilcar de Castro (fonte:http://www.monumentos.art.br/monumento/sem_titulo_amilcar_de_castro)

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Cada grupo realiza anotações sobre os artistas. Os alunos deverão anotar os nomes de alguns artistas escultores, de suas obras e os materiais que eles utilizam na realização de seus trabalhos. Na segunda parte da aula, pedir aos alunos para proteger as classes com plástico ou jornal. Distribuir 1 kg de argila para cada aluno. Convidar um aluno para fazer poses com o corpo para os alunos criarem modelos rápidos com a argila observando as poses criadas pelo aluno. Mudar no máximo três vezes de pose para que os alunos consigam acompanhar e realizar a tarefa. Após terem modelado a primeira pose onde o aluno foi o modelo, pedir a outro aluno para pousar de modelo. No final da aula, orientar os alunos para ensacarem a argila para não secar e guardá-la na sala de materiais de artes. Recursos: -Pesquisa em CDROM; - 1 kg argila; - 1 modelo vivo para as poses. Avaliação: Interesse dos alunos pelas esculturas e envolvimento na pesquisa da construção de uma escultura. Será positivo se os alunos moldarem várias formas e adquirirem agilidade com a modelagem da argila. Na outra aula, em grupos de 3 ou 4 alunos, eles deverão formar uma escultura maior. Encaminhamento: realizar um esboço de uma escultura para a modelagem em argila.

Realizado aulas 1 e 2 Deu o sinal, os alunos começaram a entrar na sala de aula, pois estavam voltando do intervalo. Eu estava esperando os alunos dentro da sala de aula com os materiais que iria utilizar para a primeira atividade. Os alunos foram se acomodando em seus lugares. Após todos se sentarem a professora titular entrou na sala, recolheu os trabalhos da aula passada e saiu. Então eu solicitei que todos se apresentassem, um colega apresentava o outro, falando o nome e alguma característica do/a mesmo/a. Os alunos apresentaram seus colegas de maneira bem tranqüila, alguns acabaram apresentando seu colega e falando também o apelido dele. Percebi que a turma tem um clima bem legal, os alunos participam e se respeitam mesmo com algumas situações de “brincadeirinhas” com os colegas. Após todos terem se apresentado eu também me apresentei, falei meu nome, minha profissão e expliquei que iria trabalhar com eles sete semanas, dando as aulas de Artes. Uma aluna perguntou se eu estava estudando para ser professor. Expliquei 42


que eu estava cursando Artes Visuais na ULBRA. Então eu mostrei a eles uma escultura de concreto e levantei alguns questionamentos. Perguntei o que eles estavam vendo? As respostas foram: um nariz, uma cabeça, um homem e uma escultura. Então eu questionei sobre a escultura, perguntei se sabiam como ela tinha sido feita? Eles responderam: de concreto, de argila ou gesso. Eu expliquei rapidamente que eles estavam certos, pois ela foi modelada na argila e foi feita em uma forma de gesso. Após foi preenchida a forma com concreto e depois quebrada a forma de gesso, restando a escultura em concreto. Também questionei se já haviam visto alguma escultura na nossa cidade. Alguns falaram: na igreja, na praça, no monumento e no cemitério. Então eu apresentei a eles um PowerPoint “história da arte- uma visão sobre a escultura”. A apresentação dessas imagens sobre a evolução da escultura é importante para ampliar a visão do educando sobre a questão escultórica e como os artistas se utilizam de determinadas técnicas para resolver questões estéticas. Nutrir esteticamente o olhar é alimentá-lo com muitas e diferentes imagens, provocando uma percepção mais ampla na linguagem visual; olhar diferentes modos de resolver as questões estéticas, entrando em contato com conceitos e a história da produção nessa linguagem (MARTINS, 1998, pg.136).

Solicitei que eles fizessem algumas anotações: os nomes de alguns artistas, suas obras e quais os materiais que utilizaram para a realização de suas obras. Percebi que os alunos estavam bem atentos às imagens das esculturas apresentadas no PowerPoint. (as esculturas) A maioria anotou algumas coisas sobre as imagens. Alguns comentavam coisas que chamavam atenção: as figuras humanas, os materiais usados, os nomes dos artistas e as obras que apareceram. Acredito que foi importante este material para ampliar a visão que os alunos já tinham sobre escultura. No segundo momento da aula formamos um grande círculo com as classes e então os alunos receberam um quilo de argila e um círculo de MDF de 10 cm ou 12 cm de diâmetro. Solicitei que não sujassem a classe, então entreguei também jornais para que forrassem as mesmas. Convidei uma aluna para posar de modelo e expliquei que eles iriam fazer modelagens rápidas da colega que estava posando para eles. Pedi para tentarem representar o todo da figura, não se detendo a detalhes, e sim, à forma. Quando os alunos iniciaram o trabalho começaram a rir, estavam felizes, curiosos, então questionei quem já havia feito modelagem em argila? Somente uma aluna falou que havia feito um porta-jóias. 43


Outra aluna falou sorrindo: “Ai que delícia.” Percebi que eles têm um pouco de dificuldade para modelar, pois não conseguiam dar uma forma próxima à figura humana. Após um tempo solicitei para outro colega posar de modelo. Ele logo atendeu e alguns alunos queriam continuar a colocar mais detalhes na primeira figura. Expliquei que era um exercício e que na próxima aula nos iríamos trabalhar novamente com a argila, eles se mostraram bem satisfeitos.

Aluna modelando com observação na pose da colega (fonte: BRAUN, 2011)

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes o professor tem uma função muito importante durante a aula: O professor é estimulador do olhar critico dos alunos com relação às formas produzidas por eles, pelos colegas e pelos artistas e temas estudados, bem como às formas da natureza e das que são produzidas pelas culturas (2001, pg.111).

Quando faltavam alguns minutos para terminar a aula, orientei para que guardassem o material, ensacassem bem a argila, para não secar. Levamos tudo para a sala de materiais de Artes. Conduzi os alunos até o banheiro para lavarem as mãos e retornamos à sala para organizar as classes. Quando deu o sinal desejei uma boa semana e os alunos saíram.

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3.3.2. Aulas 3 e 4 Dia 30/03 Horário: 10:15 as 11:55

Conteúdos: - Processo e construção de esculturas com modelo em argila e de gesso. Objetivo: - Construir uma escultura de argila a partir de um esboço, tendo como base para consulta imagens do artista Victor Brecheret. Metodologia: - modelagem da argila; - elaboração de um esboço para escultura; - construção em grupo de uma escultura; Desenvolvimento: Inicialmente, mostrar aos alunos duas imagens de esculturas de Victor Brecheret, impressas em folha A4 para os alunos observarem e então irão elaborar o esboço para base de sua escultura.

Victor Brecheret Torso, década de 30 ( Fonte: http://www.pr.gov.br/mon/exposicoes/poetica_percep_fotos.html)

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Victor Brecheret Luta de Índios Kalapalo, 1951 (Fonte: http://www.mac.usp.br/mac/templates/exposicoes/conexoes/img6.asp)

No segundo momento, os alunos irão formar grupos de no máximo quatro alunos. Os grupos irão trabalhar com a técnica do molde perdido. Cada grupo se reúne e juntam as classes. Colocam plásticos sobre as classes para não sujar. Cada grupo opta pela quantidade de argila necessária, irão utilizar a mesma argila usada para o exercício de modelagem da aula passada. O professor oferece algumas ferramentas apropriadas para a modelagem da argila, alguns utensílios em madeira e plástico com diferentes pontas e que não grudam tão facilmente na argila. Solicitar aos alunos para ensacar bem a argila para ela não secar. Organizar a sala e guardar o material na sala de artes. Recursos:- Imagens de obras de esculturas modernas. (Brecheret ) - Argila. - Plástico para proteção da mesa; - Plástico para embalar a escultura de argila; - Ferramentas para modelagem. Avaliação: -Empenho dos grupos na modelagem da argila. -Tentarão usar as ferramentas.

Realizado aulas 3 e 4 Assim que deu o sinal para o término do intervalo, entrei na sala de aula, alguns alunos já estavam lá e tive que esperar um tempo para que todos se sentassem e ficassem em silêncio. Percebi que alguns alunos estavam agitados, quando retornam do intervalo leva um tempo para se acalmarem e voltarem aos 46


seus lugares. Uma aluna não parava de conversar e tive que ser mais enérgico, pedi para ela parar de falar. Logo em seguida solicitei que enquanto eu fizesse a chamada eles fossem se identificando, levantando a mão para eu poder ir gravando os seus nomes e conhecê-los melhor. Muitos alunos ficaram falando enquanto eu estava fazendo a chamada e em certo ponto tive que chamar atenção, solicitando que eles fizessem silêncio, pois eu não estava conseguindo escutar o aluno que estava respondendo a chamada. Isso me fez lembrar o texto “Aulas de Artes, Espaços Problemáticos” que diz: Em qualquer escola que se entre, o problema é sempre a disciplina. Não aquela do conhecimento, mas a falta de atitude dos alunos perante aquilo que “precisam” conhecer e aquele que está ali para ensinar. O problema se coloca na medida em que o que há para conhecer e se perde na tentativa de controlar a bagunça e driblar a falta de interesse dos alunos (ZORDAN, 2007, p.284).

Conforme havia combinado com eles na aula passada, fomos trabalhar em outra sala. Por sugestão de uma aluna fomos trabalhar na sala do Laboratório de Ciências, pois lá tinham pias para eles se lavarem após terem modelado na argila. Foi um pouco complicado ir até a sala do laboratório, pois primeiro tivemos que passar na sala de Artes para buscar o material que iriam usar na modelagem, (argila, círculos de MDF para base e jornais para forrar as mesas). Quando chegamos ao Laboratório de Ciências, expliquei para a turma que deveriam cuidar para não fazer muita sujeira, também solicitei que colocassem jornais nas mesas evitando que a sujassem. Em seguida pedi para formarem grupos de no máximo 4 alunos. Eles formaram 11 grupos, sendo 5 trios, 5 duplas e um aluno resolveu fazer individualmente. Distribuí 1 kg de argila por aluno, os grupos juntaram a argila tendo para modelar 1, 2 ou 3 kg conforme o número de integrantes do grupo. Então mostrei a eles duas imagens de esculturas de Victor Brecheret para terem uma base do que era uma escultura abstrata. Solicitei que começassem a modelar tentando criar formas abstratas. No início percebi que eles estavam indefinidos, não sabiam o que fazer. Iniciaram o trabalho e a argila foi tomando forma. Alguns grupos mudaram o modelo várias vezes. Percebi que os alunos tiveram dificuldade em fazer formas mais abstratas, a maioria dos grupos modelou formas figurativas. Um grupo conseguiu realizar uma forma abstrata.

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Trabalho dos alunos Guilherme e Lucas (Fonte: BRAUN, 2011)

Acredito que eu deveria ter reforçado mais o meu pedido para eles fazerem esculturas em formas abstratas, explicando melhor para a turma o que seriam tais abstratas e que eles não deveriam modelar formas de figuras conhecidas. Penso que o objetivo da aula foi alcançado, pois todos conseguiram modelar a argila. Foi muito interessante o trabalho em grupos, pois eles pensaram em conjunto, cada aluno colocando suas habilidades e tendo que ceder ao colega um espaço.

Assim, os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte nos ensinam: Cabe também ao professor tanto alimentar os alunos com informações e procedimentos de artes que podem e querem dominar quanto saber orientar e preservar o desenvolvimento do trabalho pessoal, proporcionando ao aluno oportunidade de realizar suas próprias escolhas para concretizar projetos pessoais e grupais (2001, p.50).

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3.3.3. Aulas 5 e 6 Dia 16/03 Horário: 10:15 as 11:55

Conteúdos: - Escultura com molde em gesso. - Escultura, as técnicas e materiais usados pelos artistas. Objetivo: - Preparar o gesso para fazer o molde da escultura. - leitura e compreensão do texto “Escultura, as técnicas e materiais usados pelos artistas. Metodologia: - aula teórica e prática. Desenvolvimento: - explicação para turma sobre o processo de confecção do molde de gesso com apresentação de slides.

Confecção da forma de gesso (Fonte: José Antonio Giuliano)

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O grupo de alunos escolherá uma escultura das modeladas na aula passada para servir de modelo para fazer o molde de gesso. Solicitar para alguns alunos cortarem pequenos quadrados de acetato e então farão a divisão do modelo em argila em duas metades espetando os quadradinhos de acetato no molde de argila, deixando uma altura de uns 3 centímetros para fora do modelo. Alguns alunos auxiliam o professor no processo e outros irão acompanhar a explicação. Após prepararão o gesso em um pote de sorvete de 2 litros. Mostrarei para eles o processo de criação do molde, primeiro colocando o gesso em uma das metades do modelo. Deixarão o gesso secar por uns dez minutos, após retirarão o acetato, passarão vaselina na extremidade onde retiraram o acetato. Prepararão mais gesso e farão o outro lado do molde. No segundo momento da aula os grupos irão continuar a modelagem de sua escultura em argila podendo dar os últimos detalhes e acabamentos.

Quase no final da aula solicitar aos alunos para ensacarem a

escultura modelada e iremos abrir a forma de gesso e retiraremos a argila. Farão a leitura de uma parte do texto “Escultura, as técnicas e materiais usados pelos artistas. Ler a parte que trata sobre a argila e o concreto. Recursos:- Acetato; - Gesso; - Vaselina; - Pote para preparo do gesso. Avaliação: A aula será produtiva se conseguirem terminar a forma em gesso e já prepará-la para receber o concreto. Encaminhamento: Comprar concreto celular para o processo da talha direta.

Realizado aulas 5 e 6 Quando deu o sinal eu fui até a sala de aula, alguns alunos já estavam lá e outros estavam sentados num banco do lado de fora. Eles começaram a entrar, dei bom dia a todos e fiz a chamada, seguindo um mapa das classes e os lugares onde cada aluno sentava. Esta lista estava colada na mesa do professor. Expliquei a eles que esta aula seria no Laboratório de Ciências. Antes de sair da sala expliquei que iríamos pegar as esculturas que haviam modelado na aula anterior, para fazer a forma de gesso, pois seria um exercício que serviria para eles entenderem como fazer o processo de confecção da forma de gesso para aplicar o concreto. Então 50


escolhemos uma escultura para fazer a forma, indiquei que pegássemos uma com formato mais simples, que não fosse tão detalhada para facilitar a abertura da forma. Passamos na sala do depósito de materiais de Artes onde deixamos as esculturas guardadas no final da aula anterior. Fomos para o Laboratório de Ciências, então chamei todos para fazerem um grupo em volta da mesa. Mostrei a eles os slides com o exemplo de como se faz o processo de criação da forma em gesso. Os alunos prestaram atenção no material do PowerPoint. Acredito ser importante utilizar a tecnologia como recurso de informação e comunicação com os alunos. Para Iavelberg (2003, p.99): A educação é comunicação e significação, e não simples transmissão de informações ou estímulos. É um processo em que ações com intenções educativas podem ser decodificadas, recriadas e assimiladas (atribuição de sentido) pelo sujeito da aprendizagem.

Em seguida, peguei os materiais necessários para fazer a forma em gesso (um pote de 2 litros de sorvete, água, gesso, vaselina, acetato), explicando como iríamos proceder. Solicitei ajuda de alguns alunos para auxiliarem no trabalho. Primeiro colocamos sobre a mesa um saco de lixo para protege- la. Em seguida pedi para um aluno ir cortando o acetato em quadrados conforme o modelo que eu mostrei a eles. Assim que ele ia cortando o acetato, solicitei a outro aluno para espetá-lo na escultura em argila, para dividir a peça em duas partes. Assim que eles estavam terminando de espetar o acetato eu mostrei a eles como se preparava o gesso. Peguei um pote de 2 litros de sorvete e coloquei um pouco de água, mostrei a eles a quantidade e então comecei a despejar o gesso em pó na água até chegar à quantidade necessária. Solicitei a uma aluna para ajudar a misturar o gesso. Mostrei que era melhor deixar o gesso bem líquido para captar todos os detalhes do modelo em argila. Comecei a aplicar o gesso num lado da escultura e então pedi a uma aluna para me ajudar, quando ela foi aplicar o gesso passou um pouco do outro lado da escultura. Expliquei que só iríamos passar num lado e quando estivesse seco faríamos o outro. Ela passou gesso no mesmo lado até ter uma camada mais grossa. Enquanto o gesso secava, eu solicitei que pegassem as esculturas em argila, se juntassem nos seus grupos. Distribuí algumas ferramentas para eles darem acabamentos de textura e corrigir alguns detalhes da escultura. Percebi que os alunos não produziram com muita vontade, ficaram conversando e fizeram poucas interferências nos seus trabalhos. 51


O professor precisa compreender a multiplicidade de situações- problema que podem ocorrer das mais diversas maneiras e se apresentam a cada aluno em particular, segundo seu nível de competência e as determinações internas e externas de um momento singular de criação, dentro de seu processo de aprender a realizar formas artísticas (PCN’s Artes, 2001, p.107).

Alunos preparando a forma em gesso (fonte: BRAUN, 2011)

Quando o gesso secou, após uns 15 minutos, solicitei a um aluno para retirar o acetato e em seguida pedi para outro aluno passar vaselina na extremidade que estava o acetato. Um aluno questionou porque se passava a vaselina eu respondi que era para evitar que as partes de gesso da forma se grudassem. Então preparamos mais gesso e fizemos o outro lado da forma. Então entreguei a eles um texto fotocopiado em folha A4 que tratava sobre: Escultura, as técnicas e os materiais usados pelos artistas. Lemos duas partes do texto que descreviam sobre a argila e outra sobre o concreto. Comentei que estas duas partes descreviam sobre o processo que estavam realizando, a modelagem em argila e o preparo da forma de gesso para receber o concreto. O aluno, sujeito da aprendizagem, constrói seus saberes em arte ao estabelecer relação entre o percurso de criação de seus trabalhos e sua reflexão pessoal sobre diferentes linguagens, tendo como referência a diversidade da arte produzida ao longo da história (ARSLAN; IAVELBERG, 2006, p.05).

Antes de terminar, limpamos as mesas e guardamos o material. Expliquei que na próxima aula iríamos abrir a forma, retirar a argila e aplicar o concreto. 52


3.3.4. Aulas 7 e 8 Dia 16/03 Horário: 10:15 as 11:55

Conteúdos: - Escultura de concreto com molde em gesso. - leitura das obras e vida de Victor Brecheret. Objetivos:- preparar o concreto para preencher o molde de gesso da escultura. - conhecer as obras de Victor Brecheret. - elaborar um esboço para o projeto de escultura em concreto celular. Metodologia: - aula prática, explicativa e teórica. Desenvolvimento: Após uma semana os alunos abrirão o molde de gesso, retirarão a argila e limparão bem o gesso não deixando nem um pouco de argila grudada na forma de gesso. Passarão vaselina por dentro das duas peças do molde para que o concreto não grude no gesso. Prepararão o concreto com a medida de 1 de cimento por 1 de areia e preencherão o molde com concreto. Deixar secar até a próxima aula. No segundo momento da aula, mostrar duas imagens de esculturas do artista Victor Brecheret, “Monumento às Bandeiras” e “Monumento a Caxias” explanando sobre vida e estas duas obras do mesmo.

Monumento às Bandeiras- Brecheret (1920- 1953) (Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storag)

Distribuirei um texto com resumo de vida e obra de Victor Brecheret. Faremos a leitura do texto, fazendo questionários orais sobre suas obras, as técnicas usadas pelo artista, as proporções de suas obras e o material utilizado.

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Será dada ênfase às obras que o artista realizou como os monumentos em parques e praças.

Monumento a Caxias- Brecheret (1941-1960) (Fonte: http://www.monumentos.art.br/monumento/duque_de_caxias)

Solicitar aos alunos que iniciem o esboço do projeto que irão esculpir em concreto celular, fazendo um desenho, tendo como base as leituras das obras que servirão de apoio para a talha na pedra. Para as leituras das imagens serão feitas as seguintes questões: - A escultura tem cor? Possui a cor do material? - Como é a forma da escultura: simplificada ou naturalista ( cheia de detalhes?) - O artista teve preocupação com o equilíbrio da obra? Foi feita uma base? - Qual a dimensão da escultura? Seu volume, altura, largura e comprimento? - Qual o tema da escultura? - Que impressões você retira dessa obra? - Como foi feita? Quais recursos ele utilizou? Recursos: - Vaselina. - Concreto; - Imagens de esculturas de artista moderno. (Victor Brecheret) - texto informativo sobre vida e obras do artista Victor Brecheret. Avaliação: A aula será produtiva se conseguirem preencher as formas de gesso com concreto, fazerem leitura das obras de Victor Brecheret e se conseguirem concluir o esboço para a escultura em pedra. Encaminhamentos: solicitar que tragam ferramentas para talha da pedra.

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Realizado aulas 7 e 8 Quando deu o sinal, esperei os alunos entrarem na sala, pois estavam voltando do intervalo. Solicitei que fizessem silêncio para eu fazer a chamada. Segui a lista do mapa que estava colada na mesa do professor. Este mapa indica os nomes dos alunos e o local em que cada um senta na sala. Após ter feito a chamada expliquei que a aula teria dois momentos, um seria no Laboratório de Ciências, onde iríamos preencher a forma de gesso com concreto e o segundo momento seria na própria sala onde faríamos a leitura de obras de Victor Brecheret e também o esboço de uma escultura. Uma aluna perguntou “porque fazer um esboço se depois não vamos usar para fazer a escultura”? Eu expliquei que poderiam não usar exatamente aquele esboço que estavam projetando, que poderiam fazer alterações na hora de executar a talha da escultura, mas teriam uma base de onde partir, e não começariam a talhar a pedra sem ter uma ideia, pelo menos de sua forma. Falei também que, a maioria dos artistas planeja e projeta antes de iniciar uma obra. Em seguida fomos para a sala do Laboratório de Ciências. Chegando lá solicitei que todos fizessem um grande círculo em volta de uma bancada com pias. Colocamos um plástico grande sobre a bancada para trabalhar sobre a mesma, evitando que a sujasse. Comecei explicando que iríamos abrir a forma de gesso, então pedi ajuda de um aluno para segurar a forma de gesso e começamos a abrir a forma com algumas cunhas que fomos batendo com martelo, fincando bem na emenda das duas partes da forma de gesso. Essa parte do trabalho os alunos acharam bem interessante. Quando a forma estava aberta solicitei a outros alunos para segurarem as duas partes de gesso e outros para removerem a argila que estava grudada no gesso. Quando os alunos estavam retirando a argila eu expliquei que deveríamos limpar bem a forma de gesso removendo todos os resíduos de argila, então lavamos a forma de gesso. Os alunos ficaram admirados com a textura que ficou gravada na forma. Expliquei que isso foi possível porque havíamos deixado o gesso bem líquido e ele penetrou em todos os detalhes da argila. Após terem limpado bem as partes da forma, pedi para umas alunas passarem vaselina por dentro das mesmas e questionei o porquê passaríamos a vaselina. Uma aluna respondeu que era para não grudar o concreto. Logo em seguida solicitei a uns meninos que ajudassem no preparo do concreto, e para umas meninas juntarem as peças da forma de gesso, amarando-as uma contra a outra com umas tiras de tecido. Quando o concreto estava bem misturado, despejamos dentro do oco da forma. Expliquei que 55


deveríamos deixar a forma de cabeça para baixo, com o buraco virado para cima, e deixaríamos secar até a próxima aula. Colocamos o trabalho em uma caixa de papelão onde deixamos a peça bem equilibrada para que o concreto ficasse parelho no fundo. Assim que colocamos o trabalho na caixa começou a vazar um pouco de concreto, pois a forma não foi bem amarrada, deixando uma peça solta da outra.

Alunos preenchendo a forma com concreto (fonte: BRAUN, 2011)

Então preparamos mais concreto (um pouco mais espesso, não tão líquido) para penetrar nos furos e não vazar tão facilmente. Quando terminamos de preencher a forma começamos a limpar os materiais e a pia. Guardamos todo material num canto da sala. No segundo momento voltamos para a sala de aula e fizemos a leitura das obras de Victor Brecheret “Monumento às Bandeiras” e também do “Monumento a Caxias”. O texto dos PCN’s Arte, entende que: [...] aprender arte envolve não apenas uma atividade de produção artística pelos alunos, mas também a conquista da significação do que fazem, pelo desenvolvimento da percepção estética, alimentada pelo contato com o fenômeno artístico visto como objeto de cultura através da história e como conjunto organizado de relações formais (2001, p. 44).

Questionei

oralmente

e

os

alunos foram

respondendo. Quando

questionados sobre a cor da escultura, logo responderam que era a cor do material, e que a escultura “Monumento às Bandeiras” estava amarelada pela luz. Quando perguntei sobre o tamanho da escultura eles responderam que deveriam ter uns 3 ou 4 metros. Expliquei que o “Monumento a Caxias” tinha 48 metros de altura, comparei com a altura da igreja matriz, localizada ao lado da escola, que também tem essa altura, Falei que conforme o livro de Sandra Brecheret Pelegrini (2004), a figura em bronze “do Duque de Caxias, com espada levantada sobre seu cavalo,” 56


tem aproximadamente 18 toneladas. Os alunos ficaram admirados com as proporções gigantescas de suas obras. Quando falei que a escultura “Monumento às Bandeiras” era considerada a maior escultura do mundo, com 50 metros de comprimento, 16 de largura e 10 de altura, eles queriam saber onde ficava. Disse que ficava em São Paulo, em frente ao Parque Ibirapuera e que havia demorado 33 anos para ser concluída. Uma aluna perguntou se ele tinha feito a escultura sozinho? Eu respondi que não, que ele teve a ajuda de outros artesões. Em seguida, entreguei um texto fotocopiado sobre a vida e obras de Victor Brecheret, o qual foi lido. Após a leitura do texto pedi para os alunos pegarem um papel e elaborarem um esboço da escultura que iriam talhar em concreto celular. Desenhei no quadro um paralelepípedo com as proporções aproximadas que cada um iria receber em concreto celular. Expliquei que iríamos dividir o bloco de concreto em seis partes. Solicitei que elaborassem um desenho que serviria de base para o trabalho da escultura em pedra. Pedi aos alunos para elaborarem formas abstratas. Uns alunos acharam difícil desenhar. Uma aluna disse “estou sem idéia”. Expliquei que tinham tempo e que não precisavam fazer ligeiro, que deveriam planejar. Fiz um comentário: “Victor Brecheret levou 33 anos para concluir sua obra prima, eles não precisariam levar 15 minutos”. Ressaltei a importância de planejar o que gostariam de esculpir, reforcei o cuidado que deveriam ter na ora de trabalhar, pois o que seria removido não poderiam mais colocar de volta. O aprendiz, como sujeito ativo, mobiliza seus esquemas de conhecimento para construir formas novas de agir e compreender o universo. Não aprende acumulando informações, numa perspectiva somatória, mas colocando em contato, por si ou por influência do meio, seus esquemas de conhecimento (práticos e teóricos) com conhecimentos novos, realizando uma aprendizagem significativa (Iavelberg, 2003, p.45).

Comecei a circular pela sala para observar os desenhos que os alunos estavam

fazendo.

Alguns

conseguiram

desenhar

dando

uma

noção

da

tridimensionalidade. Outros tiveram mais dificuldade e eu pedi para elaborarem dois ou três desenhos, mostrando como seria a figura vista de lado ou vista de cima. Quase todos os alunos conseguiram concluir o desenho até o final da aula. Alguns estavam com o esboço bem iniciado, mas tinham detalhes para incluir, pois eu também havia pedido para eles pensarem e desenharem como seria a textura da peça. No final da aula eu recolhi os desenhos prontos e pedi para todos trazerem alguma ferramenta para trabalhar na talha do concreto. 57


3.3.5. Aulas 9 e 10 Dia 16/03 Horário: 10:15 as 11:55

Conteúdo: - Talha direta na escultura, usando como base um esboço. - Escultor nacional Victor Brecheret. - Releitura. - Modelagem e molde perdido. - Conhecer a pedra sabão. Objetivos: - Elaborar uma escultura em concreto celular. - Utilizar a técnica da talha direta; - Conhecer escultores brasileiros; - Criar releitura de esculturas de Victor Brecheret. - Finalizar a escultura com molde perdido. Metodologias: -Prática da talha direta em concreto celular. - leitura de imagens. - quebrar molde em gesso para obter a escultura em concreto. Desenvolvimento: Para iniciar a aula, mostrarei uma escultura em pedra sabão, e deixarei os alunos pegarem na escultura para sentirem sua textura e consistência. Também comentarei sobre o trabalho da talha direta realizada nesta escultura, falando das ferramentas utilizadas, do cuidado no processo de construção e do acabamento que se consegue com a lixa da água neste tipo de material.

Escultura em pedra sabão (fonte: BRAUN, 2011)

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Solicitar aos alunos para formarem grupos de seis integrantes para dividir um bloco de concreto celular para esculpir uma escultura. O grupo dividirá o bloco, porque o trabalho é individual. Cada aluno receberá um sexto do bloco dividido. Os alunos poderão utilizar ferramentas indicadas pelo professor. Mostrar novamente as imagens das obras de Victor Brecheret.

Victor Brecheret Torso, década de 30 (Fonte: http://www.pr.gov.br/mon/exposicoes/poetica_percep_fotos.html)

Victor Brecheret Luta de Índios Kalapalo, 1951 (Fonte: http://www.mac.usp.br/mac/templates/exposicoes/conexoes/img6.asp

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Devolver para cada aluno, os esboços que eles elaboraram na aula passada. Os alunos utilizarão como base para seu trabalho o esboço realizado partindo da leitura feita nas obras de Victor Brecheret. Também será retirado o gesso em volta do concreto, quebrando com cuidado para não machucar a escultura, caracterizando como técnica do molde perdido.

Recursos: - Concreto celular; - Ferramentas para esculpir; - Imagens impressas em folha A3 das obras de Victor Brecheret. Avaliação: Será considerada a organização do grupo e o esforço para a realização da tarefa. A aula será positiva se forem alcançados os objetivos. Encaminhamento: solicitar que os alunos tragam materiais para construção de uma escultura.

Realizado aulas 9 e 10 Ao iniciar a aula, esperei os alunos entrarem na sala, pois estavam retornando do intervalo. Quando estavam sentados dei bom dia a todos e expliquei que iríamos trabalhar com a talha direta no concreto celular. Falei que iríamos para fora da sala de aula, em umas mesas de concreto que estão no pátio da escola. Os alunos vibraram com a idéia. Percebi que eles gostam de sair da sala de aula. Então eu combinei com eles que deveriam respeitar as outras turmas que estavam estudando nas salas próximas dali. Solicitei que falassem em tom baixo e se dedicassem aos trabalhos. Devolvi para eles os esboços dos projetos que desenharam na aula passada, os quais serviriam para se basearem na talha da pedra. Uma aluna questionou se deveriam seguir somente o esboço ou poderiam mudar algumas coisas na hora da talha. Eu expliquei que o esboço era importante para eles terem uma idéia do que deveriam fazer, mas que na hora de esculpir poderiam mudar alguns detalhes, como a textura, a forma, porém, deveriam tentar se basear no seu projeto. Antes de sair da sala solicitei que pegassem as ferramentas para esculpir. Somente três alunos trouxeram ferramentas, os alunos tentaram se explicar que haviam se esquecido. Eu cobrei responsabilidade deles e disse que eu trouxe várias ferramentas, que teria uma para cada um. Em seguida fomos para fora da sala, chegando ao local escolhido para o trabalho, eu e uns meninos distribuímos os pedaços de pedra que eu já havia deixado separado. Cada 60


aluno recebeu um sexto do bloco. Também distribuí uma máscara de dentista para os alunos usarem para não inalarem o pó que a pedra larga quando ela é talhada. Solicitei que um ajudasse o outro a amarar a máscara. Os alunos sentaram em grupos, pois cada mesa tinha quatro banquinhos em sua volta.

Alunos trabalhando na talha do concreto (Fonte: BRAUN, 2011)

Solicitei que usassem as ferramentas em conjunto. Eles iniciaram o trabalho bem timidamente, com muito cuidado. Foram tentando usar as ferramentas e percebendo o processo da talha. Aos poucos eles foram se soltando e trabalharam com um pouco mais de coragem, conseguindo talhar com mais resultado, buscando dar a forma para a figura projetada. Várias vezes os alunos me solicitaram para ver os trabalhos e dar sugestões de como procederem. Também começaram a disputar pelas ferramentas maiores que davam mais resultado. Os alunos que estavam trabalhando com ferramentas menores, notaram que era muito mais trabalhoso. Apenas um ensino criador, que favoreça a integração entre a aprendizagem racional e estética dos alunos, poderá contribuir para o exercício conjunto complementar da razão e do sonho, no qual conhecer é também maravilharse, divertir-se, brincar com o desconhecido, arriscar hipóteses ousadas, trabalhar duro, esforçar-se e alegrar-se com descobertas (PCN’s Artes, 2001, p.35).

Solicitei que fossem trocando de ferramentas uns com os outros. Acredito que foi ótimo termos trabalhado fora da sala de aula, pois a talha ocasionou muita sujeira. Passei nos grupos três vezes com uma lixeira para recolher os retalhos de 61


pedra. A poeira caia muito no chão e se fosse dentro da sala de aula seria bem difícil limpa-lá. Alguns alunos perguntaram se poderiam levar os trabalhos para concluírem em casa, pois não iriam conseguir concluir nesses dois períodos. Eu falei que “não”, disse que preferia que todos trabalhassem na próxima aula, pois alguns trariam pronto, outros não terminariam e também se esqueceriam de trazer de volta. E falei que eu avaliava o processo de criação. Se trabalhassem em casa, eu não poderia avaliar os trabalhos. Os resultados das avaliações devem expressar suas conquistas e esforços, a persistência, a dedicação à aprendizagem e a postura criadora. A avaliação não pode ser sanção de caráter expiatório, mas uma maneira de informar estudantes e professores sobre o desenvolvimento da aprendizagem, para que possam ajustar seus processos (ARSLAN; IAVELBERG, 2006, p.84).

Quase no final da aula enquanto os alunos trabalhavam passei pelos grupos e mostrei uma escultura em pedra sabão. Raspei um pouco da pedra sabão, pedindo para sentirem o pó, como ele deixava a mão lisa parecendo um sabão. Deixei os alunos tocarem na escultura, eles acharam muito interessante a textura bem lisa que se consegue dar na pedra sabão com a lixa da água. Antes de dar o sinal para terminar as aulas começamos a recolher os materiais, limpamos as mesas e levamos todos os materiais para a Sala de Artes.

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3.3.6. Aulas 11 e 12 Dia 16/03 Horário: 10:15 as 11:55

Conteúdo: - Talha direta na escultura. - medidas de uma escultura. - dar título para uma obra. - modelagem e molde perdido. Objetivos: - Concluir uma escultura em concreto celular. - elaborar dados descritivos de uma obra. (medidas, título da obra e descrição do trabalho) - Utilizar a técnica da talha direta; - Finalizar a escultura com molde perdido. Metodologias: - talha direta em concreto celular. - quebrar molde em gesso para obter a escultura em concreto. Desenvolvimento: Os alunos continuarão com o trabalho iniciado na aula passada. Solicitar aos alunos para formarem grupos de quatro integrantes para se sentarem nas mesinhas fora da sala de aula. Os alunos poderão utilizar ferramentas indicadas pelo professor na talha direta no concreto celular ou outro material que for adequado para utilização como: chave de fenda, serrote, lixa para dar o acabamento de finalização. Devolver para cada aluno, os esboços que eles elaboraram na aula passada. Os alunos utilizarão como base para seu trabalho o esboço realizado partindo da leitura feita nas obras de Victor Brecheret. Após conclusão da obra os alunos realizarão um trabalho de descrição de detalhes de sua obra. Farão as medidas da altura, largura e comprimento da escultura que talharam. Também será retirado o gesso em volta do concreto, quebrando com cuidado para não machucar a escultura, caracterizando como técnica do molde perdido. Recursos: - Concreto celular; - Ferramentas para esculpir e quebrar o molde em gesso; - réguas para tirar medidas de sua obra. Avaliação: Será considerada a organização do grupo e o esforço para a realização da tarefa. A aula será positiva se forem alcançados os objetivos.

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Realizado aulas 11 e 12 Ao dar o sinal para o término do intervalo eu me dirigi para a sala de aula. Esperei alguns alunos se acomodarem em seus lugares e dei bom dia a todos. Percebi que os alunos estão se adiantando para voltarem para a sala, retornam logo após tocar o sinal. Expliquei que iríamos ter tempo para concluírem o trabalho de talha na pedra (bloco de concreto celular). Os alunos começaram a comentar e a mostrar que desta vez trouxeram ferramentas para a talha. Um aluno trouxe três. Perceberam que na aula anterior tiveram dificuldades na talha sem ter ferramentas apropriadas. Eles se organizaram e vieram equipados para o trabalho. Eu os elogiei por terem trazido mais ferramentas. Aprender em arte implica desafios, pois a cultura e a subjetividade de cada aprendiz alimentam as produções, e a marca individual é aspecto constitutivo dos trabalhos. O aluno precisa sentir que as expectativas e as representações dos professores a seu respeito são positivas, ou seja, seu desenvolvimento em arte requer confiança e representações favoráveis sobre o contexto de aprendizagem (IAVELBERG, 2003, p.11).

Reforcei o combinado da última aula, que iríamos trabalhar fora da sala e que deveríamos ter um cuidado para não fazer muito barulho, pois as turmas próximas

dali

deveriam

ser

respeitadas.

Em

seguida

solicitei

que

me

acompanhassem e fossemos até a sala de materiais de Artes para pegarmos as esculturas que iniciaram a talha na aula passada. Logo após nos dirigimos para o local escolhido, trabalhar no pátio onde existem mesinhas de concreto com bancos em volta. Escolhi este local, pois a pedra larga muito pó na hora da talha. Solicitei que os alunos colocassem novamente a máscara para evitar que inalassem o pó. Os alunos se organizaram e sentaram com os mesmos colegas da aula passada. Eles trabalharam com muito mais segurança, comparando com a aula passada. Já estavam sabendo utilizar melhor as ferramentas, estavam com algumas melhores e também já haviam tido um contato com o material, sabendo como era sua consistência e a força que podiam usar para talhá-lo. Fiquei circulando pelos grupos, observando os trabalhos e os alunos me questionavam sobre o que eu estava achando sobre os trabalhos. Perguntavam: “como está ficando?” “está legal?” “como posso fazer aqui?” Assim também penso que: Durante a elaboração de um trabalho, os alunos podem, às vezes, ficar aflitos com dúvidas e problemas. Nesses casos, o professor não pode apenas aguardar o resultado para fazer a avaliação, ele deve procurar resolver o problema naquele momento (IAVELBERG; ARSLAN, 2006, p.95).

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Eu falava que: “a forma estava bem representada, conforme tinham feito no esboço onde haviam desenhado formas abstratas, mas poderiam pensar e descobrir uma textura mais elaborada para a peça. Fui também indicando que observassem alguns trabalhos dos colegas que já haviam conseguido inventar uma textura para sua escultura. Aos poucos foram surgindo várias formas de representar detalhes para dar destaque às peças. Alguns trabalharam com linhas na vertical ou horizontal, outros fizeram alguns cortes mais fundos e outros tentaram deixar algumas partes bem lisas. Isso proporcionou uma diversidade entre os trabalhos.

Trabalho do aluno Cristiano (Fonte: BRAUN, 2011)

Trabalho do aluno Fernando (Fonte: BRAUN, 2011)

Assim que alguns consideravam sua escultura pronta, eu chamei-os para ajudarem a abrir a forma de gesso que haviam preenchido com concreto há umas duas semanas atrás. Solicitei que para retirar o gesso em volta do concreto fizessem com cuidado usando ferramentas para ir quebrando o gesso, e não afetar a peça em concreto. Expliquei que esse processo de finalização do trabalho era o que dava o nome da técnica do molde perdido. Os alunos iniciaram quebrando o gesso com cuidado, mas assim que removeram uma parte mais externa e necessitaram retirar o gesso de uma parte mais próxima do concreto ele quebrou. Então observamos e verificamos que o concreto ainda não estava bem curado. Comentei com os alunos que o motivo de o concreto não estar bem seco poderia ser pela grande quantidade de chuvas daquelas semanas o que ocasionou muita umidade e também a sala onde a peça estava guardada era bem fechada, onde não pegava sol e não 65


circulava ar. Os alunos resolveram ir guardando as partes que quebraram do concreto e um aluno disse: “Vamos colar com cola.” Combinei que na próxima aula faríamos a tentativa de juntar os pedaços com cola. Quando faltavam alguns minutos para terminar a aula, falei que deveriam ir concluído o trabalho da talha, que iríamos considerar a escultura pronta, mesmo que ainda alguns buscavam dar outros acabamentos para os trabalhos. O que eles poderiam fazer daqui a algum tempo, quando levariam as esculturas para casa. Organizamo-nos e fizemos a limpeza das mesas, recolhemos as ferramentas e levamos os trabalhos para a sala de artes. Combinei com os alunos que iríamos deixar as peças ali até a exposição dos trabalhos e após poderiam levá-las para casa. Deu o sinal e eu me despedi de todos, falando que na próxima aula estaríamos chegando ao final do projeto das aulas de escultura, onde trabalharíamos com papel na construção de formas tridimensionais e assistiríamos um trecho do DVD “Monumentos de Franz Weissmann”.

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3.3.7. Aulas 13 e 14 Dia 16/03 Horário: 10:15 as 11:55

Conteúdo: - Esculturas com papel com base nas esculturas do Artista Franz Weissmann. Objetivos:- construir uma escultura cortando e dobrando o papel. - Criar releituras das obras de Franz Weissmann; Metodologia: aula prática e teórica. Desenvolvimento: Assistir partes do DVD “Monumentos de Franz Weissmann” da TV escola.

DVD TV escola (fonte: BRAUN, 2011)

Abrir discussão sobre o documentário. Ressaltando os assuntos tratados no DVD, biografia e formação de Franz Weissmann, relação obra e público e questões formais das obras como tridimensionalidade, cores, planos, espaço ocupado e vazio, luz e sombra. Explicarei sobre o processo de construção de uma escultura. Os alunos receberão três ou quatro folhas de desenho de 90 gramas. Irão cortar as folhas de desenho em um quadrado, conforme a medida da largura da folha. Após riscarão nas folhas um quadriculado de 2cm x 2cm. Quando tiverem riscado uma folha pedirei para recortarem sobre a linha dois cortes, não podendo atravessar a folha, 67


para não separar ela em duas partes. Logo após solicitarei que dobrem a folha em uma ou duas partes, sobre qualquer uma das linhas traçadas. Quando tiverem concluído o trabalho em uma folha, deverão repetir o processo em mais duas ou três folhas. Fazendo os alunos descobrirem novas possibilidades de construção de formas: com folha inteira, cortando e dobrando não somente sobre as linhas, mas de outras formas que descobrirem formando com elas formas interessantes. Recursos: DVD 22- da coleção arte na escola- “Monumentos de Franz Weissmann. - folhas de desenho de 90g. Avaliação: organização e trabalho na construção da escultura. A aula será produtiva se alcançarem os objetivos propostos.

Realizado aulas 13 e 14 Assim que tocou o sinal esperei os alunos entrarem na sala de aula, dei um bom dia a todos e então fiz a chamada. Em seguida expliquei aos alunos que iríamos assistir um trecho de 23 minutos do DVD “Monumentos de Franz Weissmann” da coleção “O mundo da Arte” da TV escola. (2001) Direção: Amilcar Monteiro Claro. Então solicitei que os alunos aproximassem as cadeiras para frente da sala para poderem acompanhar melhor o documentário. Acredito que nos professores devemos variar a forma de apresentar o conteúdo aos alunos. Assim, Iavelberg escreve sobre as variadas formas que o professor pode ensinar sua matéria: Cabe ao professor de arte, ao ensinar conceitos e princípios, criar múltiplas oportunidades de interações dos estudantes com esses conteúdos, variando as formas de apresentá-los, utilizando meios discursivos, narrativas, imagens, meios elétricos e eletrônicos, textos; enfim o professor pode recorrer a todos os meios para informar sobre conceitos e princípios que deseja ensinar, ciente de que é o aluno quem transforma tais informações em conhecimento por intermédio de interações sucessivas (2003, p.27).

Enquanto os alunos se acomodavam para acompanhar o DVD eu instalei o projetor para reprodução de vídeo e as caixas de som. Quando liguei o filme o som não estava passando para as caixas de som. Verifiquei o que tinha e elas não estavam ligando. Estavam queimadas. Após a aula conversei com a secretária da escola e ela me informou que uma professora havia ligado direto na tomada e então queimou o som. Tive que passar o vídeo com o som do PC e não ficou muito bom. O som não era alto o suficiente para conseguirem acompanhar o áudio. Eu havia assistido o DVD várias vezes e lido sobre o artista, então foi fácil para mim em 68


algumas partes do filme fazer comentários destacando as principais informações do documentário. O professor deve estar preparado, informado para que certas situações não lhe peguem de surpresa. Assim, Iavelberg e Arslan, entendem que: Não se pode ensinar aquilo que não se conhece. Para tanto é necessário que o professor entre em contato com o universo da arte, conceitos, procedimentos, valores e vivências, conheça os contextos de produção artística e reflita sobre as obras em seus diversos aspectos (2006, p.6).

Expliquei que Franz Weissmann veio muito jovem ao Brasil, e se autointitula um construtor de formas e não um escultor. Falei também que o artista Weissmann gostava de expor suas obras em ruas e praças para se comunicar com as pessoas. Em depoimento no DVD, Weissmann diz: “eu faço trabalhos para me comunicar com o povo. E isso só é possível se eu colocar minhas obras na rua. O povo não entra em museus.” (2001).

"Cantoneiras" Franz Weissmann (Fonte: http://esculturasemsaopaulo.blogspot.com/2007/10/ cantoneiras-franz-weissmann-knittelfeld.html)

Outra questão que comentei e foi abordada no filme, foi sobre a tridimensionalidade, uso de cores, trabalhos com planos. Ressaltei a questão do ateliê, onde mostra o artista com as maquetes que ele projeta antes de executar uma obra em tamanho definitivo com chapas de aço. Após olharem o DVD expliquei a eles como iríamos trabalhar com as folhas de desenho, cortando e dobrando- as, realizando formas tridimensionais parecidas com os trabalhos de Franz Weissmann. Distribui uma folha de desenho para cada aluno e pedi para eles quadricularem a folha, fazendo quadrados de 2x 2cm, usando uma régua e um lápis. Assim que todos haviam concluído o trabalho de quadricular a folha eu solicitei que fizessem 69


cortes e dobras sobre as linhas, conseguindo com estas dobras transformar a folha bidimensional em uma forma tridimensional. Expliquei que deveriam trabalhar com um quadrado de 20x 20 cm.

Trabalho da aluna Maria (Fonte: BRAUN, 2011)

Então sobrou uma parte da folha que alguns usaram para fazer outra forma. Eu pedi que eles pensassem bem antes de fazerem tais cortes e onde iriam dobrar a folha. Desafiei os alunos a serem criativos não fazerem por fazer. Pedi que analisassem em que posição iriam expor o seu trabalho. Concordo com a afirmação das autoras abaixo, quando elas explicam que: A aprendizagem artística deixará no aluno marcas positivas, um sentimento de competência para criar, interpretar objetos artísticos e refletir sobre arte, situar as produções, aprender a lidar com situações novas e incorporar competências e habilidades para expor publicamente suas produções e idéias com autonomia (IAVELBERG; ARSLAN, 2006, p.09).

Os alunos conseguiram várias formas interessantes. Em alguns trabalhos eles se preocuparam com o equilíbrio da forma. Também pensaram como apoiar a peça deixando uma base de apoio.

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Trabalho do aluno Giovane (Fonte: BRAUN, 2011)

Trabalho da aluna Bruna (Fonte: BRAUN, 2011)

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CONCLUSÂO Durante o processo de planejamento da elaboração e aplicação de um Estágio, ocorrem situações que passam despercebidas pelo professor estagiário, principalmente pelo motivo de ele estar preocupado com que as coisas ocorram e funcionem conforme haviam sido previamente planejadas. O professor está preocupado com o atendimento aos alunos, com os materiais necessários e a sujeira que estes provocam, com o tempo de duração das aulas, com o comportamento e aceitação da turma, com o registro dos ocorridos em sala de aula e tantas outras situações de ordem, de postura e organização. Com o tempo, temos condições de olhar com mais atenção e sermos críticos em relação ao que aconteceu. Para analisar criticamente o processo de Estágio com a turma do 1º ano do Ensino Médio, serão apresentados e avaliados os momentos de sucesso nos quais ocorreram acertos e as propostas funcionaram, como também os momentos de inseguranças passadas pelo professor e pelos alunos durante as aulas, enfatizando principalmente questões que não foram percebidas antes e não foram mencionadas durante a descrição dos realizados. Assim, é essencial fazer um julgamento mais profundo, crítico e atento das situações ocorridas nas aulas, de modo que se torna importante falar das colaborações positivas em relação aos alunos, bem como o reconhecimento dos aspectos que não foram bem sucedidos, e que podem ser repensados para não se repetirem num próximo momento. Observando e repensando os aspectos analisados, destaquei algumas questões observadas basicamente após a realização da prática do Estágio com o Ensino Médio. Primeiro, procurei analisar a relação do tempo da produção com o tempo da limpeza do ambiente, aspecto importante para o funcionamento e desenvolvimento do projeto. Em seguida, considerei importante analisar o comportamento da turma em relação à metodologia aplicada. Também procurei fazer uma relação entre os objetivos propostos e os objetivos alcançados. Na seqüência, procurei refletir sobre a experiência de avaliação. Concluindo com uma análise sobre um novo pensamento para um futuro trabalho. Para realizar os trabalhos que envolveram materiais que não são do uso comum dos alunos, se procurou tomar vários cuidados em relação ao seu manuseio e à sujeira que provocam. Em todas as aulas houve uma preocupação constante 72


com a ordem e a limpeza do espaço em que estávamos trabalhando. A sala de aula foi utilizada por vários professores de diferentes disciplinas, e todos gostavam de receber a sala em ordem. Então, primei pela limpeza e organização do espaço que estávamos usando. Antes de terminar a aula, sempre fizemos a organização dos materiais, limpando e guardando tudo no seu lugar. Os alunos foram várias vezes até o banheiro para lavarem as mãos. O que ocupou um tempo considerável das aulas. Penso que é importante ter essa preocupação com a ordem e limpeza da sala de aula, porém acredito que exagerei um pouco neste quesito, pois tinha receio de ser apontado e criticado pela direção e outros professores da escola. Acredito que essa cobrança deixou os alunos um pouco restritos e limitados, tendo limites para explorar o material o que pode ter prejudicado a sua produção e expressão. Houve em certos momentos tempo insuficiente para a realização das atividades, pois uma boa parte do tempo era gasto para proteger as classes, limpar o ambiente, recolher os materiais e também para os alunos se lavarem. Já na primeira aula, quando os alunos realizaram o exercício de modelagem da argila, tiveram que forrar as classes com jornais e também para evitar que sujassem as classes, eles modelaram sobre um círculo de MDF. A distribuição destes materiais e o preparo da sala para que não sujassem as mesas levou um tempo significativo. Minha preocupação constante foi com relação ao manuseio desse material e a sujeira que ele provocou. Na primeira aula, como eu não tinha noção exata de quanto tempo eles levariam para recolher e guardar os materiais, apressei os alunos para concluírem a tarefa. Antecipadamente levamos tudo para a sala do depósito dos materiais de Artes, não restando tempo suficiente para explorarem mais a argila. Com isso, os alunos tiveram tempo reduzido para modelarem e não conseguiram realizar formas mais detalhadas da figura humana, conseguindo assim apenas dar uma noção geral da forma, que era o objetivo específico da aula, que, acredito, poderia ter sido mais proveitoso e construtivo. Na segunda aula, saímos da sala e fomos para o Laboratório de Ciências, um local amplo e com mesas grandes o qual considero que seria um ótimo ateliê, porém eu ainda continuava preocupado com a limpeza. As bancadas das pias eram totalmente brancas, e qualquer resíduo de argila aparecia. Fiquei exigindo cuidado constante dos alunos em relação à limpeza que deveriam manter neste local. Percebi que essa cobrança em relação ao cuidado da sujeira produzida, prejudicou

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a produção dos alunos, deixando alguns um pouco restritos quanto ao uso e utilização mais expressiva do material. Na sexta aula, ocorreu algo que me fez pensar sobre o envolvimento da turma em relação à participação deles no projeto. Estávamos preparando a forma de gesso e a maioria da turma não ajudou a limpar os materiais e organizar a sala, esperaram que outros colegas fizessem. Quem se empenhou e limpou os materiais foram os que participaram da confecção da forma de gesso. Penso que não consegui deixar todos os alunos envolvidos nas etapas do processo, pois alguns alunos não participaram e ficaram só observando e assistindo a explicação, assim não se sentiram envolvidos e convidados a participar. Em contrapartida, no quinto e sexto encontros, para realizarem o trabalho da talha da pedra, saíram da sala de aula para trabalhar no pátio. Isso foi muito positivo, pois os alunos puderam trabalhar mais a vontade, não precisando se preocupar com a sujeira produzida pelo pó que a pedra larga quando talhada. Estes materiais como a argila, o gesso e o concreto produzem muita sujeira no seu manuseio e preparo.

Desta maneira, penso que a sala de aula não está

devidamente preparada para o uso destes tipos de materiais, justificando talvez por isso que esta turma não havia ainda realizado trabalhos de talha e modelagem até o momento do meu Estágio. Percebo que para sair e retornar à sala de aula foi ocupado um tempo significativo. Mas considero que os alunos obtiveram ganhos em outros aspectos trabalhando no pátio, podendo ter mais liberdade de expressão, considerando suas escolhas, se sentindo mais confortáveis, não se preocupando tanto com a sujeira da sala. No decorrer das aulas, os alunos foram criando gosto pelas atividades e, sem perceber foram adquirindo uma consciência sobre a importância da limpeza do ambiente que estava em uso. Com o tempo isso se tornou parte da rotina, pois no último encontro, após termos cortado e dobrado papéis para construção de formas, num exercício de estudo de uma técnica do artista Franz Weissmann, os alunos limparam a sala e recolheram os resíduos de materiais sem que o professor precisasse pedir. Acredito que os alunos perceberam a importância da rotina constante de organização e cuidados com a limpeza do ambiente que utilizam, essa conquista demonstra que os alunos estavam se sentindo responsáveis pelo processo.

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Como eu ainda não havia orientado o ensino da arte para os alunos do Ensino Médio, optei em levar uma metodologia bem dinâmica e atraente para a sala de aula, com variadas técnicas e materiais diversificados, que os alunos ainda não tinham realizado ou utilizado, podendo assim me aproximar da turma e cativar a atenção dos alunos, despertando seu interesse. Houve certas vantagens em utilizar essa metodologia não deixando a aula se tornar tão monótona e cansativa. Mas, por querer realizar todas as atividades planejadas, os alunos ficaram com pouco tempo para executar e desenvolver suas idéias e propostas. Hoje, acredito que com esta experiência que passei no Estágio, daria mais tempo para os alunos descobrirem e planejarem o que gostariam de fazer, conseguindo assim melhores resultados de finalizações e acabamentos nos seus trabalhos. Na segunda e terceira aulas, quando estavam descobrindo, trabalhando e conhecendo a técnica da modelagem, percebi que os alunos não tiveram tempo suficiente para elaborarem o que iriam fazer. Não se proporcionou tempo para discutirem com o grupo maiores possibilidades de realização da peça. Foram mais incentivados a produzir alguma forma, e realizaram modelagens sem ter um planejamento mais pensado e elaborado em conjunto com o grupo. Penso que talvez esta seja uma característica que devo mudar nas próximas vezes em que darei aulas. Não devo limitar as atividades propostas, devo manter o cuidado para não acelerar o tempo dos alunos e não ser tão criterioso com o tempo da execução das atividades, pois cada aluno tem um tempo diferente para descobrir e resolver. Procurei orientar os alunos para poderem realizar suas próprias idéias e escolhas, aperfeiçoando desta maneira seus trabalhos e com isso acredito que melhoraram a qualidade do resultado final. Penso que o professor deve cuidar para não bitolar e restringir os alunos dizendo de que maneira devem agir. O professor tem um papel muito importante de orientá-los para que sejam capazes e tenham autonomia e se sintam seguros para resolverem os desafios que lhes são lançados. Nas aulas 5 e 6 os alunos utilizaram o gesso, a vaselina e o acetato, para criar a forma da escultura. Posso dizer que os alunos gostaram de utilizar novos materiais, o que contribuiu para despertar seu interesse e curiosidade, possibilitando novos aprendizados. Foi importante oferecer a manipulação destes novos materiais, o que permitiu aos alunos a exploração de novas descobertas, despertando o verdadeiro potencial para a criatividade do educando. Com o passar do tempo, os alunos foram se acostumando com a dinâmica da metodologia proposta, as aulas 75


cada vez rendiam mais e tinham resultados mais concretos. Entretanto, penso que poderia ter lançado novos desafios aos alunos, hoje sei que eles são capazes de render com maior empenho, conseguindo trabalhos de mais qualidade nos acabamentos, mas tive dificuldade em ter o máximo deles, eu não queria forçá-los e sim deixá-los à vontade para produzirem. Percebi que produziram bem e seguiram as orientações dadas pelo professor. Mas faltou alguma cobrança mais forte em relação à finalização e cuidados dos detalhes que enriquecem as peças, deixando elas bem acabadas e finalizadas. Concordo com Iavelberg e Arslan (2006, p.80), quando descrevem “O conjunto de saberes do aluno influi em sua aprendizagem e avaliação, porque interessa que o aluno parta do que sabe para progredir nos conhecimentos da área.” Pensando nisso que as autoras descrevem resalto a importância que se deve dar aos aspectos teóricos do ensino de artes, pois são esses aspectos que dão embasamento e sustentam o professor e os alunos nas produções. O professor deve oportunizar práticas que desafiem os alunos, promovendo que eles se sintam provocados e incentivados, e com isso enfrentem as dificuldades utilizando habilidades, descobrindo maneiras diferentes de superar desafios. A metodologia aplicada para construírem conhecimentos sobre o processo de trabalhar a escultura na sala de aula foi importante para os alunos. Percebi que conseguiram resolver questões essenciais de conhecimento de Artes, mais específicas da escultura como a questão do volume, da dimensão e do equilíbrio e base para sustentar a peça. Isso ficou bem evidente no quinto e sexto encontros, principalmente na técnica da talha, quando os alunos não estavam construindo e sim destruindo para chegarem ao resultado final. Esse enfrentamento do ter que desgastar, retirar partes, talhando a peça, foi um desafio importante para incutir novos conhecimentos e habilidades aos alunos. Através da observação de obras de alguns artistas escultores, mostrando diferentes possibilidades de técnicas e uso de materiais diversos, os alunos tiveram uma base de informações para realizarem as atividades propostas. Na primeira aula, os alunos acompanharam a reprodução de um PowerPoint com muitas imagens de obras de artistas escultores. Durante as aulas, procurei aplicar métodos que despertassem nos alunos novos olhares sobre as esculturas e as obras de artes, assim eles se tornaram mais observadores e mais críticos, usando em seus trabalhos algumas características próprias da escultura que adquiriram com esta metodologia. Ao final do projeto, 76


conseguiram trabalhos com significados singulares. As formas abstratas, para a maioria deles, se tornaram compreensíveis. Considero assim que eles tiveram bons resultados e que a metodologia foi adequada para a formação do conhecimento. O objetivo geral do projeto de ensino era desenvolver a habilidade dos alunos para realizarem esculturas com três técnicas diferentes de criação: a técnica do molde perdido, a da talha direta e também a construção de formas com diversos materiais. Estes objetivos foram alcançados pelos alunos através de atividades práticas realizadas com cada uma das técnicas propostas, reconhecendo e utilizando materiais próprios para o uso da criação de esculturas. Também o que foi pertinente para atingirmos os objetivos do projeto foram as discussões e orientações pelos conhecimentos teóricos que os alunos adquiriram com leituras, observação e análise de obras de arte. Através de várias atividades direcionadas para a produção, cada aluno conseguiu desenvolver sua expressão, trabalhando em grupos ou individualmente, sendo orientados pelo professor sobre as técnicas e materiais utilizados para alcançarem os objetivos propostos. Através destas técnicas trabalhadas, os alunos perceberam e compreenderam os diferentes processos do ato de criação de uma escultura, ampliando também sua curiosidade e interesse a respeito do uso de novos materiais, os quais não utilizavam normalmente nas aulas, firmando assim novos conhecimentos desta linguagem da arte. Penso que os alunos conseguiram adquirir o conhecimento necessário para a produção de esculturas. As aulas 3 e 4 contribuíram para essa formação do aprendizado, quando o grupo pode trabalhar com a argila. O contato com esse material proporcionou ao educando construir conhecimentos que adquirem somente na prática, sentindo a textura da argila, sua maleabilidade, sua consistência, proporcionando aos alunos um momento impar para que pudessem ampliar o conhecimento e idéias que tinham sobre os procedimentos que são necessários para se realizar uma escultura. Agora, após a prática do ensino, revendo os objetivos propostos, percebo que os alunos nas aulas 5 e 6, tiveram orientação sobre como proceder para fazer a forma em gesso, mas nem todos os alunos tiverem a oportunidade de preparar o gesso para fazer a forma da escultura. Penso que foi uma perda de oportunidade para os alunos, eles só terem observado o processo e não terem realizado a tarefa. Acredito que alguns alunos saíram com dúvidas sobre essa técnica do molde 77


perdido, pois não estavam acompanhando no concreto como é o processo. Alguns somente acompanharam a explicação e assistiram os colegas produzirem. Na aula 12, fizemos a finalização da técnica do molde perdido e a forma de gesso foi quebrada por três alunos que já estavam prontos com a talha, com isso a maior parte da turma não acompanhou essa fase final do processo que se caracteriza como técnica do “molde perdido”, ficando assim uma lacuna no aprendizado de alguns alunos, especificamente nesta técnica, na qual acredito que não utilizei a melhor metodologia para os alunos compreenderem o processo de realização. Percebo que foi uma falha minha não ter pedido para os alunos pararem um pouco o seu trabalho da talha e acompanharem o final do processo da quebra da forma, podendo assim promover que todos percebessem como é cuidadosa e delicada essa parte do processo dessa técnica, para não machucar a peça de concreto, quando se quebra a forma de gesso. Em compensação na aula 8, quando os alunos tiveram tempo para elaborarem um esboço e fizeram desenhos projetando como seria a idéia de sua peça, que após talharam na pedra, percebi o quanto isso contribuiu para avanços na aprendizagem dos alunos, para alcançarem os objetivos propostos e determinante na qualidade dos trabalhos. Estas etapas do planejamento foram fundamentais para que os alunos conseguissem resultados satisfatórios na técnica da talha direta. Alguns alunos se detiveram a detalhes mais minuciosos de acabamentos que enriqueceram a textura da escultura. As três técnicas foram desenvolvidas durante as aulas, acredito que os objetivos propostos foram todos alcançados pela maioria dos alunos da turma. Eles conseguiram realizar as várias atividades propostas e perceberam seus processos, suas peculiaridades de execução e o uso dos diferentes materiais. Por isso acredito que os alunos construíram saberes importantes quando estabeleceram relação entre a produção de seus trabalhos e a diversidade de obras produzidas pelos artistas ao longo da história da arte. Tudo isso colaborou para a formação do conhecimento do educando. Outro objetivo que estava intrínseco no decorrer de todo o projeto, mas que não estava listado entre os objetivos propostos, foi alcançado em uma aula que aconteceu além das 14 realizadas. Na Biblioteca Pública, montamos uma exposição dos trabalhos produzidos durante as aulas. Os alunos resolveram de que maneira iriam expor os trabalhos, pensaram e organizaram em grupo qual seria o suporte 78


para expor as peças. Neste momento de culminância do projeto, fizemos uma leitura coletiva dos trabalhos. Os alunos comentaram os resultados obtidos, como fizeram para destacar determinadas idéias, compararam as semelhanças com as obras dos colegas, possibilitando assim, terem um olhar do conjunto dos trabalhos produzidos. Até o final do projeto, percebi que os alunos passaram por uma boa transformação e houve um grande avanço e amadurecimento por parte deles em relação ao trabalho com a escultura e à participação com afinco nas atividades. Eles estavam mais seguros em relação a seus trabalhos e dominavam com mais facilidade o uso do material e suas técnicas. Principalmente a técnica da talha, que na primeira aula foi bem lenta e pouco produtiva, pois estavam apenas descobrindo o material e o manuseio das ferramentas para talha. Com o tempo, os alunos foram ficando mais corajosos e acreditaram no seu potencial. Percebi isso especialmente nas aulas 11 e 12, quando os alunos resolveram critérios fundamentais em relação à escultura. Os alunos estavam resolvendo questões como a base para dar equilíbrio a escultura, pensando como manter ela na posição que desejavam. Também buscaram dar acabamentos em todos os lados, alguns procuraram trabalhar os espaços vazados, surgiram peças com formas mais simplificadas, outras com maiores detalhes. Com isso, entendi que se empenharam e ousaram, conseguindo resultados mais significativos na conclusão das suas esculturas. Acredito que, durante o período do Estágio, os alunos adaptaram-se às metodologias propostas nas aulas, alcançaram os objetivos e por isso a avaliação foi positiva e tranquila. Isso foi bom para o desenvolvimento do projeto. Hoje, revendo o Estágio, considero que devo pensar uma maneira de envolver o processo de avaliação durante a prática de ensino. Permitir que os alunos participem da avaliação do processo e dos resultados, buscando alcançar os objetivos. Não criei esse momento de avaliação, que necessitaria levar em conta as idéias e reflexões dos alunos sobre os seus resultados e avanços que foram adquiridos com a prática e produção de esculturas, e os conhecimentos que adquirem fora do espaço escolar. Na maioria das vezes o professor vem com os critérios de avaliação pré-estabelecidos. Hoje, após a experiência do Estágio, percebo a importância relevante da avaliação. É nesse momento que se pode entender de que forma os objetivos propostos estão sendo atingidos e alcançados pelos alunos. É o momento em que os próprios alunos vão tomando consciência de seus progressos e de suas dificuldades. Podendo orientar, ao professor atento, 79


novos caminhos para superar essas dificuldades de aprendizado dos alunos. A avaliação esclarece ao professor como os alunos estão adquirindo o conhecimento e se este realmente é firmado, compreendido e adequado aos alunos. Na primeira aula, os alunos assistiram imagens de esculturas de vários períodos e artistas, com diferentes estilos e materiais, nesse momento procurei perceber as reações dos alunos. Embora eu tenha percebido a contribuição das imagens para enriquecer o vocabulário visual dos alunos, não oportunizei um momento para os alunos falarem de que maneira essas imagens contribuíram ou interferiram na realização de seus trabalhos práticos. Assim, faltou um retorno mais direto do aprendizado que os alunos adquiriram, tendo mais critérios e observações para fazer a avaliação não necessitando somente me basear nos trabalhos realizados. A turma do 1º ano do Ensino Médio foi uma turma que produziu muito nas aulas, todos participaram e não surgiram casos de problemas de conduta, ou falta de respeito. Todos os alunos executavam as tarefas propostas, o que foi muito bom para o andamento do projeto. Penso que algo que eu não consegui fazer foi com que os alunos participassem do processo de avaliação, os deixando discutirem e trazerem para o meu conhecimento, o que realmente estavam entendendo. Percebi que compreendiam a atividade proposta, mas não tenho convicção se consegui atingir plenamente toda a turma. Acredito que faltou abrir oportunidade para os alunos fazerem comentários ao final de cada técnica estudada. No final do Estágio, em uma aula em que montamos a exposição, tive a grande felicidade de dar espaço aos alunos para falarem e colocarem seus pensamentos. Conversamos sobre algumas considerações que ficaram sobre o projeto de escultura como um todo. Os alunos discutiram sobre as questões das proporções das peças, das diferentes possibilidades e maneiras como cada um resolveu as questões de equilíbrio e posição de seus trabalhos. Acredito que deveria ter feito uma avaliação ao final do Estágio, para ter um fechamento e um posicionamento da turma sobre o que captaram e o que realmente ficou sobre o tema abordado, conversando ou solicitando aos alunos para descreverem sobre os aprendizados adquiridos e as dificuldades que aconteceram no decorrer das aulas para realizarem as atividades do projeto. Hoje percebo que faltou um momento em que os alunos pudessem escrever sobre suas dificuldades enfrentadas, fazer uma avaliação sobre as técnicas e os materiais usados, para 80


constatar os conhecimentos que eles adquiriram durante o projeto. Considerar sobre suas descobertas e colocar sobre o meu desempenho junto aos alunos, para ficar claro, e perceber se realmente o que realizamos e construímos ficou compreendido por todos. O professor precisa estar preparado para enfrentar situações que surgem a cada momento e o desafiam e estas vão além do que se estava planejado para a aula. O Estágio é uma ótima base para se construir esta experiência. Por isso penso que é importante e fundamental a formação do professor na área em que atua, e que essa formação necessita sempre de continuidade e requer estudo e informação permanente. O professor não pode parar de buscar conhecimento principalmente, neste caso, na área de artes. A mudança é necessária e inevitável, pois novos conhecimentos são adquiridos pelos alunos a cada momento e os professores devem estar preparados para oferecer suporte e acompanhar os alunos. Sempre utilizar novos mecanismos e metodologias para trabalhar conteúdos e atingir os objetivos. Penso que em algumas atividades me faltou conhecimento teórico e técnico, sobre o assunto. Os alunos perceberam a falta de preparo do professor principalmente de informações sobre a teoria da arte. Hoje considero que para dar aula devo me aprofundar mais nos assuntos relacionados à história da arte. Pensando nas aulas dadas no Estágio, percebo que cometi algumas falhas durante o processo de ensino e aprendizagem. Faltou um suporte mais aprofundado aos alunos, poderia ter trazido e utilizado melhor as imagens de obras de artistas. Na primeira aula fiz um bombardeio de informações, trazendo um PowerPoint com inúmeras imagens para os alunos terem uma visão mais abrangente sobre o amplo assunto da escultura. Porém essas imagens não foram utilizadas de forma concreta na resolução dos trabalhos dos alunos. Desta maneira, hoje me sentindo mais maduro para analisar, penso que poderia ter levado o aluno a refletir e construir suas idéias sobre a arte, promovendo mais discussões e leituras sobre as obras de arte, propiciando assim que pudesse utilizar estes conhecimentos como orientação na sua produção. Em certos momentos do Estágio não dei muita atenção às colocações feitas pelos alunos, estava mais preocupado em seguir com o planejado. Percebo que em certo momento fui até um pouco autoritário, chamando a atenção deles, pois percebi que estavam me testando, queriam chamar a minha atenção. Hoje penso que deveria ter sido mais maleável, aproveitado mais as colocações dos alunos, 81


incentivando a colocarem seu ponto de vista, aumentando sua auto-estima, fazendo eles se sentirem confiantes e participativos. Aproximando-os e deixando-os mais comprometidos e responsáveis pela aprendizagem. Hoje percebo a importância de se trabalhar a realidade do aluno e aproveitar os conhecimentos prévios que trazem para a sala de aula. Em um dos encontros, tive dois momentos que me fizeram refletir sobre isso. No preparo do concreto um aluno propôs uma solução para resolver um problema de vazamento do material, aceitando sua idéia, senti que ele se tornou mais interessado e se aproximou do projeto. Atraindo assim também mais a turma, pois se sentiram mais encorajados e tiveram mais participação a partir daquele momento. Em explicação dada sobre obras do artista Victor Brecheret, estabelecemos comparações com uma obra da nossa cidade relacionando a altura da nossa igreja matriz que é a mesma da escultura Monumento à Caxias. Neste momento, consegui cativar a atenção deles. Penso que a proposta em certos momentos está um pouco distante da realidade do aluno e quando conseguimos e podemos nos aproximar dela, obtemos mais atenção e participação dos alunos. Pensando sobre tudo o que aconteceu durante a prática, posso confirmar e perceber o grande valor desta experiência para a minha formação. Cada passo vivenciado durante este tempo de Estágio me fez repensar a minha breve história de professor vivida nestes 12 anos de magistério. Recordei das inúmeras vezes em que realizamos atividades estanques e sem sentido para os alunos. Passada esta experiência do Estágio, revendo as dificuldades dos alunos e as inúmeras e diversas peculiaridades de cada um em sala de aula e principalmente reconhecendo minha falta de preparo e o pequeno conhecimento que possuo sobre esta enorme complexidade que é a arte, percebo assim que estas observações apresentaram significados especiais para meu aprimoramento e oportunizaram reflexões que considero importantes para a continuação do meu trabalho como docente. Sei que só a experiência do Estágio não me garante um preparo suficiente para encarar o desafio de ser professor. Mas ela me permitiu criar noções do que é ser um docente e principalmente de como é a realidade do Ensino Médio em sala de aula. Fazendo com que eu sinta a necessidade de sempre buscar mais conhecimentos e informações sobre arte conseguindo assim estar mais preparado, e seguro para melhorar com tempo na prática do dia a dia da sala de aula.

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