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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL – ULBRA Canoas / RS UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM ARTES VISUAIS

Roberta Dias Fagundes

O CORPO COMO REPRESENTAÇÃO E EXPRESSÃO NA ARTE

Canoas, novembro de 2013.


Roberta Dias Fagundes

O CORPO COMO EXPRESSÃO NA ARTE

Trabalho de Curso apresentado como prérequisito parcial para a obtenção de título acadêmico de Licenciada em Artes Visuais da Universidade Luterana do Brasil, sob orientação da Dra.Prof.Rejane Ledur e Ms. Renato Garcia.

Canoas, novembro de 2013. 2


Resumo

O presente Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais foi elaborado a partir de observações em duas escolas, o Instituto Pró Universidade Canoense - IPUC e o Tuiutí; de estudo sobre o tema “Corpo, movimento e expressão”; e, por fim, da aplicação do projeto educativo de ensino “Corpo como representação e expressão na Arte” ao sexto ano do ensino fundamental do IPUC). O tema surgiu através da preocupação com a motivação dos alunos pelas Artes como conteúdo escolar e também pela apatia apresentada pelos alunos e professores nas aulas de Artes. Para compor a pesquisa utilizei diversos autores, como Ana Mae Barbosa por sua experiência em leitura de imagens e a sua importância no ensino de Arte; Bernd Growe por sua dedicação ao trabalho a Degas e relatos sobre o trabalho do artista; Florence Braunstein e Jean Françóis Pépin pela compreensão da representação do corpo ao longo dos anos. Utilizei também, o artista Hélio Oiticica como artista que possui uma contribuição fundamental para o uso do corpo e do espaço e, a relação de ambos entre si na Arte Contemporânea. O objetivo deste Trabalho de Curso era estimular os alunos a terem interesse por Arte Contemporânea, utilizando o corpo como principal objeto de estudo e expressão através de sua representação e expressão. A metodologia de ensino empregada foi saídas para salas adequadas para a as práticas das aulas, a utilização de música, vídeos e o uso do corpo como uma intervenção incomum nas aulas de Arte, através dos Parangolés de Hélio Oiticica. O resultado mais significativo foi a expressão adquirida pela turma, após uma reflexão sobre a importância do corpo na história da Arte. Esta expressão foi manifestada no evoluir do projeto, e mais significativamente, no término da prática de ensino através da intervenção feita com os Parangolés.

Palavras chave: Artes Visuais ; Parangolés; Corpo como expressão;

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1. Reconhecimento do espaço de Ensino ..................................................... 11 1.1 Dados gerais da escola observada. ........................................................................... 11 1.2 Observações silenciosas ........................................................................................... 13 1.2.1 Ensino Fundamental 6º ano ............................................................................... 13 1.2.2 ENSINO MÉDIO 1º A NO ............................................................................................ 18 1.3 Análises das observações silenciosas ....................................................................... 24 1.4 Análise do questionário respondido pela professora .............................................. 25 1.5 Análise do questionário respondido pelos alunos .................................................. 26 1.5.1 Questionário Ensino Fundamental 6º Ano ........................................................ 27 1.5.2 Questionário Ensino Médio 1º Ano .................................................................... 28 1.6 Motivos da escolha do tema de pesquisa em Artes Visuais.................................... 29 CAPÍTULO 2. Pesquisa sobre o tema em Artes Visuais .................................................. 31 2.1 Representação do Corpo na história da Arte .......................................................... 31 2.1.1 A representação do Corpo no Egito Antigo ........................................................... 31 2.1.2 A representação do Corpo na Grécia Antiga ....................................................... 34 2.1.3 A representação do Corpo no Império Romano ................................................... 40 2.1.4 A representação do Corpo na Idade Média .......................................................... 40 2.1.5 A representação do Corpo atualmente ................................................................. 44 2.2 A expressão artística do Corpo através do Movimento ........................................... 46 2.2.1 Corpo e Movimento............................................................................................... 46 2.2.2 Artistas e suas obras na representação do Corpo e Movimento .......................... 47 a)

A arte de Edgar Degas (1834-1917) ........................................................................ 48

b) A arte de Henri Matisse (1869-1954) ...................................................................... 52 4


c)

A arte de Hélio Oiticica (1937-1980) ....................................................................... 54

CAPÍTULO 3. .................................................................................................................... 57 Projeto de Ensino............................................................................................................ 57 CONCLUSÃO.................................................................................................................. 164 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 179

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ÍNDICE DE IMAGENS Figura 1. Egyptian Lotus.................................................................................................. 32 Figura 2. Atum with a colourful necklace. ...................................................................... 32 Figura 3. Escriba sentado ................................................................................................ 32 Figura 4. Máscara de Ouro de Tuntankhamon ............................................................... 32 Figura 5. Ancient Egyptian Mummies............................................................................. 33 Figura 6. Anupu Deus da Mumificação........................................................................... 33 Figura 7. Rainha Ankhesenamon diante do marido, Tutankhamon .............................. 34 Figura 8. Laocoonte e seus filhos ................................................................................... 36 Figura 9. Afrodite de Cnido, de Praxíteles ...................................................................... 36 Figura 10. Vitória da Samotrácia .................................................................................... 38 Figura 11. O Gaulês Moribundo ..................................................................................... 39 Figura 12. O nascimento de Vênus (1492) ..................................................................... 43 Figura 13. O Homem Vitruviano ..................................................................................... 43 Figura 14. Bailarinas de azul (1890) ................................................................................ 49 Figura 15. Joqueis Antes da Corrida (1878-1879) .......................................................... 50 Figura 16. As Bailarinas - Esculturas de bailarinas em movimento (Degas) ................... 51 Figura 17. A Idade do Bronze.......................................................................................... 52 Figura 18. Mulher Picada por uma Serpente.................................................................. 52 Figura 19. Nu no Atelier (1898) ...................................................................................... 53 Figura 20. A Dança (1910)............................................................................................... 53 Figura 21. Parangolé ....................................................................................................... 55 Figura 22. Parangolé, vestido por Caetano Veloso ........................................................ 55

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Introdução

Este Trabalho de Curso intitulado “O corpo como representação e expressão na Arte” contém em sua estrutura três capítulos: o primeiro, reconhecimento do espaço de ensino, o segundo capítulo contem a pesquisa da representação da figura humana e do movimento na Arte nos diferentes períodos históricos, e o terceiro capítulo contem a prática de ensino realizada no Instituto Pró Universidade Canoense e na escola Estadual Tuiuti. Durante o estágio I, no primeiro semestre de 2012, observei a turma de sexto ano e primeiro ano do Ensino Médio no Instituto Pró Universidade Canoense. Observei sete aulas de dois períodos consecutivos. Durante esta prática observei um agravante nas turmas: os alunos e professora mostravam-se muito desanimados. Abatia-se sobre a turma uma apatia nas aulas de Artes. Na Escola Estadual Tuiuti no município de Gravataí, realizei o estágio III com o Ensino Médio nos dois últimos períodos de sexta-feira. Iniciavam-se as aulas de Artes às 21h30min e encerrava às 23h. Escola com bons recursos tecnológicos, mas uma desorganização no setor pedagógico que refletia nas aulas, principalmente nas aulas de Artes. A turma era mista de idades entre 15 e 18 anos e com o índice muito grande de faltas. Nenhum material era exigido dos alunos e todos os recursos utilizados durante a prática foram doados pela estagiária. No estágio II realizei as práticas com o sexto ano do Ensino Fundamental no Instituto Pró Universidade Canoense na cidade de Canoas. As aulas iniciavam às 10 horas e 30 minutos até às 12 horas. Esta escola possui muitos recursos tecnológicos e espaços físicos apropriados para a prática do projeto estágio. A turma era mista composta de 32 alunos de idades entre 11 a 12 anos. Eram reconhecidos como uma turma extremamente agitada, sem compromisso com trabalhos e materiais, mas que durante a prática do estágio, mostraram serem competentes, responsáveis e esforçados.

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Ao observar esta realidade, notei que seria necessário que as aulas de Arte tornassem os alunos mais ativos e expressivos nas aulas. Havia a necessidade de um incentivo para com o interesse pelas Artes como conteúdo. Assim, iniciei meu capítulo de pesquisa, unindo minha experiência em Educação Física, com a minha paixão pelas Artes. Sabendo que o mundo não para de se mover e que estamos em constante evolução, refinei os conceitos de movimento do corpo, corpo em expressão, corpo como representação na Arte e a influência do corpo na Arte. Desta forma pesquisei vários artistas como Henry Matisse que ficou conhecido por sua obra “A Dança”, Edgar Degas, reconhecido como um artista que representava o movimento em seus quadros de “bailarinas” e o artista principal deste TC, Hélio Oiticica, que com seus Parangolés modificou o conceito de que Arte deve ser apenas observada. Hélio iniciou uma modificação no comportamento das pessoas em relação às obras de Arte. Incitou-as a agir sobre as obras, expressar-se através delas. Nos estágios II e III partimos para a prática. Nesta etapa eu colocaria em ação os desejos e objetivos propostos no TC, mas no início destes estágios fui informada da inviabilidade de praticá-los nas turmas as quais observei, pois como regra do Curso de Artes, não é possível a prática do estágio na mesma escola em que se trabalha. A partir disto, tive que procurar uma outra instituição de ensino que me acolhesse para a prática. Busquei então a Escola Estadual de Ensino Médio Tuiuti em Gravataí para o estágio III. Antes de iniciar nas Artes Visuais, cursei Educação Física. Neste curso me encantei com o fato das pessoas se expressarem através dos movimentos de seus corpos nos esportes e danças. Ao decidir mudar meus estudos para as Artes Visuais não deixei estes aspectos de lado, eu os trouxe comigo para a minha jornada nas Artes. Durante toda a faculdade, assistia as apresentações das bancas dos alunos que estavam concluindo seus estudos e notava certa mesmice e falta de criatividade na abordagem dos temas escolhidos para a prática dos estágios. Notava que os alunos não conseguiam se expressar de uma maneira diferente a não ser através de desenhos. Assim, uni o meu interesse pelas expressões corporais e a Arte. Pesquisei sobre o corpo como principal tema de representação na Arte, como foi a sua evolução ao longo da história, e como artistas como Edgar Degas, representaram o movimento 8


em suas obras. A partir daí, uni o tema do corpo em movimento e suas formas de expressão mais modernas com o artista Hélio Oiticica e os Parangolés. Para compor este TC, fiz a minha pesquisa em Artes Visuais no tema ”Corpo como expressão e representação na Arte”. Iniciei minha pesquisa com a representação do corpo, de acordo com a cultura de cada povo, representando distintos significados, que há uma diversificação de sentidos para o “corpo”. Dependendo do contexto e da época o “corpo” toma um sentido e as pessoas podem representá-lo de distintas formas, pois os significados que damos às coisas são dependentes de um conjunto de condições específicas e variáveis. Para dar significação ao meu projeto, passo a apresentar algumas das representações do corpo ao longo da história da Arte. No Egito Antigo, segundo Pires (2005), três áreas do conhecimento se desenvolveram juntas: Magia, Ciência e as Artes. Para que estas se desenvolvessem, um objeto para estudo era comum às três áreas, o corpo humano. A Arte Grega influenciou os padrões estéticos de todo o mundo. Os gregos tinham a grande preocupação em pensar e retratar as ações humanas. Estabeleceram a exploração de temáticas que valorizavam o aparecimento do homem nas artes, através da pintura e da escultura. Durante o império Romano a relação do indivíduo com o seu corpo sofre uma grande alteração de valores devido o advento da religião cristã. O corpo, antes objeto de admiração e prazer, torna-se neste período, objeto secundário. Para a religião Cristã o corpo sofre dores físicas, flagelações, sacrifícios, abnegação do prazer, pois assim a alma do indivíduo engrandece e assim mostra-se digno de Deus, com a exaltação do espírito, o corpo é retratado na Arte como era visto pela religião: um desapego. O corpo contemporâneo encontra-se em plena transformação. Não se trata mais de aceitá-lo como ele foi concebido, mas sim de corrigi-lo, transformá-lo e reconstruí-lo. O corpo aparece então, como o lugar por excelência da exposição da subjetividade de cada um.

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Alguns artistas me auxiliaram na compreensão destes significados, como Degas, e sua representação de movimento nas telas onde dançam suas bailarinas. Matisse que através da obra a Dança, representou em sua pintura os corpos e suas levezas nos movimentos, e Hélio Oiticica como principal artista deste TC, em que utilizando os Parangolés fez do corpo o objeto principal de representação e expressão na Arte. Para compor estes conceitos utilizei os autores Ana Mae Barbosa com sua experiência em leitura de imagens e a importância do mesmo no ensino de Arte, Bernd Growe com sua dedicação ao trabalho de Degas e relatos sobre o trabalho do artista, Braunstein, Florence & Pépin, Jean-Françóis com a compreensão da representação do corpo ao longo dos anos. Os conceitos que abordo neste Trabalho de Curso nortearam a pesquisa no tema e principalmente me guiaram no trabalho em sala de aula. O conceito de corpo, de acordo com a cultura de cada povo, representa distintos significados. Pode-se dizer que há uma diversificação de sentidos para o “corpo” – que se vinculam a anatomia, aos usos, aos contextos e às práticas a ele associadas. Dependendo do contexto e da época o “corpo” toma um sentido e as pessoas podem representá-la de distintas formas. O conceito de que movimento é toda a translação ou todo o deslocamento de um corpo ou de um objeto no espaço. Ao tentar elucidar sobre o movimento humano, diz tratar-se de todo e qualquer deslocamento de um ou vários segmentos, ou do corpo em seu conjunto.

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CAPÍTULO 1. Reconhecimento do espaço de Ensino

1.1 Dados gerais da escola observada.

O instituto Pró Universidade Canoense – IPUC é uma instituição de ensino mantida pela Associação Pró-Universidade Canoense - APUC, entidade jurídica de Direito Privado, fundada em 14 de outubro de 1964. Sua criação resultou do esforço de diferentes pessoas oriundas dos mais diversos segmentos da sociedade da época, coordenadas pelo professor Francisco Dequi. Estes fundadores viam na instalação de cursos, nos mais variados níveis de ensino, uma condição para a promoção do desenvolvimento da região metropolitana e, em especial, da cidade de Canoas. O IPUC, segundo seu Projeto Político Pedagógico –PPP, trabalha dentro de uma concepção progressista, voltada para todas as classes sociais, na qual a construção do conhecimento seja significativa para educando e educador. Consta ainda, que a instituição desenvolve uma pedagogia funcional, focada na aprendizagem de competências e habilidades direcionadas ao cultivo de valores, na cultura da solidariedade, na excelência acadêmica e na crença de que todo sujeito tem potencial para aprender, inserido nas mediações que concorrem para a formação integral. Seguindo os referenciais pedagógicos, a sua visão é de ser referência na promoção educacional e profissional do ser humano, atuando com comprometimento, responsabilidade e ética, inovando de acordo com as novas necessidades e exigências. E, a sua missão de produzir e disseminar o conhecimento nos diversos campos do saber, contribuindo para o exercício pleno da cidadania, mediante formação humanista, crítica e reflexiva, e preparando profissionais competentes e atualizados para o mundo do trabalho e para a melhoria das condições de vida em sociedade. Ainda de acordo com o PPP, segue abaixo as referências da instituição em relação aos valores norteadores:  Promover a autoavaliação e a educação permanente; 11


 Atuar com autonomia e responsabilidade social;  Instituir o aprender a aprender de forma integral e humana;  Construir o ambiente formador considerando os educandos e suas diferenças;  Praticar ações que envolvam os cidadãos empenhados na constituição de uma sociedade mais justa. O Instituto Pró-Universidade Canoense, localiza-se na Avenida Guilherme Schell, número 5000, bairro Centro, em Canoas no estado do Rio Grande do Sul.

Mapa:

1.2 Observações Silenciosas

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1.2 Observações silenciosas

1.2.1 Ensino Fundamental 6º ano

Primeira Observação Silenciosa Ensino Fundamental – 6° ano Data: 20/09/2012

A turma tem um período semanal de Arte, com a duração de 50 minutos. A aula inicia as 11h10min e encerra as 12 horas. Ao entrar na sala observo que a turma se dispersa bastante com a troca de professores, mas nada preocupante. A professora demora uns 3 minutos para chegar, pois sua aula anterior é no andar de cima. Aguardo a entrada da professora e me coloco ao fundo da sala, pois a sala disponibiliza mais de 40 classes e cadeiras. Observo a professora e noto que ela entra calma e serena, falando em um tom baixo, pedindo que os alunos sentem-se para começar a aula. Nesta aula a professora dividiu a turma em quatro grupos, pois foi lançada no período anterior a proposta para a FECIPUC, Feira de conhecimentos do Instituto Pró Universidade Canoense. Esta feira tem por objetivo integrar os conhecimentos adquiridos na escola e organizá-los em trabalhos que são expostos em um dia específico. Neste dia os trabalhos são expostos, apresentados e avaliados por uma banca de professores. Os professores trabalham com as turmas

de maneira

interdisciplinar, auxiliando os grupos em suas necessidades. A professora ouviu o título dos projetos de cada grupo e depois fez uma conversa com a turma falando para os alunos terem organização, empenho, dedicação e estudo. Falou também na ajuda que daria para cada grupo, assim que eles definissem o conteúdo do trabalho. 13


A turma estava muito empolgada e agitada, pois muitos na sala não haviam participado de edições anteriores da FECIPUC.

Segunda Observação Silenciosa Ensino Fundamental – 6° ano Data: 27/09/2012

Cheguei juntamente com a professora na sala de aula. A turma estava muito agitada, pois alguns alunos haviam brigado no recreio (nada grave), mas o assunto perdurava entre os colegas. Ao iniciar a aula com a chamada, algumas alunas pediram para falar com a professora sobre o banner do trabalho para a FECIPUC. A professora pediu para elas esperarem para falar no final da aula, após a tarefa que seria dada. A professora iniciou falando sobre o que é Arte Contemporânea. Perguntou se esse conceito era familiar e se alguém sabia discursar sobre ele. Poucos levantaram a mão e não conseguiam se expressar para explicar e muitos risos surgiram. Com isso a professora então explicou com exemplos o que seria a essa arte. Mostrou algumas imagens em livros que ela trouxe para a sala e falou de obras vistas nas Bienais do MERCOSUL. Perguntou também se os alunos já haviam visitado alguma Bienal e três alunos levantaram a mão. Então a professora pediu que eles relatassem a experiência de ver a Arte Contemporânea da Bienal. Duas meninas disseram que não gostaram das obras que viram no Cais do Porto. A professora interferiu perguntando se elas não gostaram por que não entenderam ou porque não consideravam que era uma obra de arte. As alunas responderam que não entenderam e não acharam bonitas também. A aula encerrou com o toque do sinal, os alunos se levantaram e saíram.

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Terceira Observação Silenciosa Ensino Fundamental – 6° ano Data: 04/10/2012

Cheguei na sala antes da professora e sentei-me ao lado direito da sala ao fundo. Ao chegar, a professora estava com alguns livros na mão, e colocou-os nas mesas da frente, pois nas salas não há uma mesa diferenciada para o professor. A professora começou a aula com uma expressão séria, retomando a conversa da aula anterior e perguntou se alguém havia pesquisado algo sobre arte contemporânea. Achei curioso, pois não havia sido pedido nada, e mesmo que fosse não houve um despertar de curiosidade na aula passada. E obviamente nenhum aluno se manifestou. A professora foi até a sua mesa, pegou um livro que havia trazido para a sala e começou a escrever no quadro um texto sobre Arte Contemporânea, pediu para os alunos copiarem no caderno. Após alguns minutos esperando que eles copiassem, a professora mostrou algumas imagens de obras consideradas contemporâneas, como o mictório de Duchamp. Tocou o sinal para o final da aula e os alunos se levantaram, notei que alguns não copiaram do quadro o que foi escrito.

Quarta Observação Silenciosa Ensino Fundamental – 6° ano Data: 211/10/2012

Cheguei a sala de aula juntamente com a professora. Posicionei-me no mesmo lugar de sempre. Nesta aula a professora propôs uma aula prática para os alunos. Relembrou as falas da aula passada e definiu com a turma a tarefa do dia, que deveria ser iniciada na aula de hoje e concluída na aula da próxima semana.

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A tarefa consistia em fazer uma releitura de uma imagem da

Arte

Contemporânea. A professora trouxe livros já com as marcações, nestas páginas continham imagens de obras de Arte Contemporânea. Utilizariam folhas A4, lápis de cor, giz de cera e hidrocor podendo também fazer recortes e colagens e desenhos. A turma pode formar trios para realizar a tarefa. A professora distribuiu as folhas em branco e deixou os alunos conversarem sobre a proposta. Durante este tempo a professora interrompia os alunos para mostrar imagens que haviam nos livros que ela trouxe para a aula. E assim, deixou os livros abertos em cima das mesas, algumas meninas foram até os livros para observar as imagens, mas grande parte da turma se reuniu em trios e começaram a conversar sobre assuntos paralelos. A aula se encerrou com o sinal e a professora pedindo material para a aula da próxima semana.

Quinta Observação Silenciosa Ensino Fundamental – 6° ano Data: 18/10/2012

A aula iniciou com a professora pedindo aos alunos para se reunirem em seus trios para iniciarem o trabalho. Alguns alunos pediram folhas, por terem perdido a folha da semana passada e outros não trouxeram materiais. Pude constatar que alguns grupos estavam empenhados, mas uma parte pequena da turma estava muito desinteressada e até mesmo ignorando as falas da professora. A professora se dirigia aos grupos para auxiliá-los com ideias e instigando os alunos a buscarem o lado criativo da atividade. Alguns trios folhavam os livros buscando imagens, outros, nem se levantaram para buscá-los na mesa do professor. Pouco antes de terminar o período a professora falou que na próxima semana seria a apresentação e entrega dos trabalhos.

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Sexta Observação Silenciosa Ensino Fundamental – 6° ano Data: 25/10/2012

Nesta aula, ao chegar notei uma correria de alguns alunos na sala, muito agito e conversa e muitos alunos fora do seu lugar. Ao observar, percebi que a correria se dava por que alguns trios não haviam feito o trabalho proposto pela professora e durante a troca de professores alguns, com medo de ficar com nota vermelha, começaram a desenhar e pintar nas folhas em branco, sem propósito. Quando a professora chegou, as apresentações começariam e após ela auxiliaria os grupos da FECIPUC no que precisavam. A professora foi fazendo a chamada e os alunos se organizando nos trios novamente. A professora deixou que os trios se apresentassem na ordem que gostariam. Alguns dos trabalhos ficaram bem criativos, mas a grande maioria foi, para mim, decepcionante. Dos nove trios, sete apresentaram e dois não fizeram. Um dos trabalhos me chamou a atenção, pois utilizou recortes e desenhos para constituir seu trabalho. O trio, formado por meninas, criou uma obra composta por várias obras, identifiquei través do desenho a obra Medusa, after Caravaggio de Vik Muniz.

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1.2.2 ENSINO MÉDIO 1º ANO

Primeira Observação Silenciosa Ensino Médio – 1° ano Data: 21/09/2012

As aulas de Artes no primeiro ano do Ensino Médio começam às 11h15min e terminam às 12 horas de sexta-feira. Cheguei à sala e a professora ainda não havia chegado, então aguardei na porta, pois a turma é muito agitada e os alunos me olhavam com estranheza. Ao chegar, a professora foi colocando os alunos para dentro, pois alguns estavam fora da sala. Entrei e me sentei ao fundo. Notei muita agitação naquela turma, e a professora entra com uma expressão séria e um tom de voz um pouco alterado. Os alunos estavam dispersos e, alguns não paravam de conversar, uns falavam de assuntos dos trabalhos da FECIPUC sorteados um dia antes e outros de fofocas clássicas de Ensino Médio. A professora já havia começado o assunto para o bimestre nas aulas anteriores e havia pedido materiais para esta aula. Ao perguntar se os alunos trouxeram, poucos responderam que sim. Notei que, de 29 alunos presentes, apenas 10 trouxeram algo do que foi solicitado. (Foi pedido para fazer os trabalhos materiais diversos como tintas, giz pastel, hidrocor, telas e etc.) A professora levou para a aula fichas com imagens de obras de artistas contemporâneos, mais especificamente artistas da 30° Bienal de São Paulo. A professora mostrava as imagens para a turma, enquanto lia as sinopses das fichas, algumas delas com comentários dos próprios artistas e outras com citações de outras pessoas, artistas ou críticos de arte. Achei o material bem interessante e deteve a atenção de muitos alunos por um bom tempo. Com a leitura das fichas sobrou pouco tempo para a execução do trabalho, ficando assim, para a próxima aula.

A

mesma

encerrou-se

com

a

professora pedindo novamente material para a próxima aula. 18


Segunda Observação Silenciosa Ensino Médio – 1° ano Data: 28/09/2012

Ao chegar na sala a professora ainda não havia chegado, então aguardei-a na porta. Ao chegar foi colocando os alunos para dentro e pedindo que se sentassem. Começou a aula com a chamada e após pediu para os alunos se dividirem em duplas. A turma se alvoroçou, mas todos se organizaram em duplas. Totalizando 15 duplas e um trio, pois a turma tem número ímpar. A professora solicitou aos alunos que dissessem a composição das duplas para anotações, para as avaliações. O trabalho consistia em escolher uma das fichas com imagens de obras expostas na 30° Bienal de São Paulo e em duplas os alunos fazerem uma releitura, dando ênfase para a imagem ou sinopse da imagem. A professora deixou disponível o material em cima da mesa e, pediu para que um representante da dupla escolher a obra para a execução do trabalho. Muitos alunos se levantaram e foram até a mesa escolher as obras. Um bom tempo se passou durante essa escolha. Enquanto as duplas iam escolhendo, os que já haviam escolhidos, sentaram-se em suas duplas e discutiam o que fariam do trabalho. Notei que algumas duplas não estavam interessadas no trabalho, e mal olhavam para as imagens. A professora ficou conversando com alguns alunos sobre ideias do que fazer em seus trabalhos baseados nas obras que escolheram. Notei que a turma escolhia fotografias e desenhos e não as imagens de instalações. A aula encerrou-se com o sinal e a professora pedindo para os alunos entregarem as fichas antes de sair.

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Terceira Observação Silenciosa Ensino Médio – 1° ano Data: 05/10/2012

Ao tocar o sinal me dirigi à sala e aguardei a professora chegar. Após me posicionei no lugar de sempre para observar. A professora iniciou a aula com a chamada e em seguida pediu para as duplas se organizarem para a execução do trabalho, pois esse seria o último dia para as duplas realizarem a tarefa proposta. A turma estava bem agitada e os alunos demoraram em entrar no ritmo, e durante o alvoroço, um aluno disse a professora que um outro aluno havia sido suspenso por falta de educação com uma professora, mais cedo aquele dia. A turma estava indignada, pois a maioria dos alunos da turma não gosta daquela professora em particular. A professora tentou argumentar sobre o ocorrido dizendo que todos devem respeito uns aos outros, mesmo que não se goste daquela pessoa. Apontou algumas falhas que a turma comete corriqueiramente, como não entregar trabalhos, ser muito agitados, alguns faltarem com respeito com os professores e disse que eles deveriam amadurecer alguns pensamentos antes de julgar ou tomar partido. Foi uma conversa bem madura, apesar de alguns defenderem o colega, a meu ver, errado na história. A conversa demorou mais ou menos uns vinte minutos, tomando quase todo o tempo da aula. Com isso a professora disse que os alunos teriam a chance de fazer também na próxima aula, mas que este período seria retirado do combinado feito entre eles para a ajuda na execução dos trabalhos da FECIPUC. A aula encerrou com o sinal e os alunos recolhendo seus materiais.

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Quarta Observação Silenciosa Ensino Médio – 1° ano Data: 19/10/2012

Aguardei a chegada da professora na sala de aula. Ao entrar me posicionei no fundo da sala. A professora fez a chamada e solicitou aos grupos que se reunissem para a execução da tarefa proposta. A turma posicionou-se em suas duplas e começaram a procurar no material da professora as imagens escolhidas. Notei que uma das duplas trouxe para a aula uma pequena tela de mais ou menos 15x20 cm e, nela, já havia algo desenhado. As duplas tinham materiais diversos como hidrocores, lápis de cor e têmpera. E claro, algumas duplas só tinham lápis e papel. A professora auxiliava os trabalhos e questionava a intenção dos alunos, pois esta devia aparecer em suas releituras. A aula encerrou-se com o sinal e a professora dizendo que a apresentação seria na próxima aula.

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Quinta Observação Silenciosa Ensino Médio – 1° ano Data: 26/10/2012

Cheguei à sala e a professora não estava. Enquanto aguardava, a coordenadora disciplinar veio até a turma, colocou os alunos para dentro e conversou com eles sobre um fato ocorrido mais cedo, que ocasionou outra suspensão por mal comportamento na escola. Alguns alunos haviam furado classes e cadeiras da escola. Após uma séria advertência à turma a professora entrou na sala, sentou-se e fez a chamada. Nunca vi a turma tão quieta antes. Após tudo isso, iniciaram-se as apresentações de trabalhos. Como o tempo estava curto, as duplas não teriam como apresentar todos os trabalhos nesse dia, então a professora definiu a ordem das apresentações, dividindo a turma e quem deveria se organizar para montar uma exposição dos trabalhos nos murais da escola na próxima aula. Devendo ter identificação com nome dos integrantes, nome da obra e uma breve explicação do uso dos materiais além de ter escrito a qual obra seus trabalhos se referiam. As duplas que se apresentaram estavam preparadas para mostrar o trabalho feito. Neste dia oito duplas apresentaram de maneira sucinta seus trabalhos. O que me chamou atenção foi o trabalho executado por uma dupla de meninas que utilizaram como material uma tela e tinta acrílica. Uma das meninas disse que a mãe tinha estes materiais pois trabalhava com artesanato. As meninas fizeram uma releitura da obra: 1) um Rei Shik; 2) um Maori; 3) umSertanejo brasileiro · 2006 · Da série: Eméritos Caçadores de Borboletas de Marques Penteado. As meninas pintaram os mesmos objetos (caça borboletas) relacionando a forma encontrada na obra original. Colado na tela as meninas colaram fotos de colegas da sala. E, explicaram, com muita vergonha, a relação da sua obra com a original. -“É como se a gente fosse capturar esses momentos, como o artista queria capturar as imagens que ele pintou.” Essa eu adorei. 22


Sexta Observação Silenciosa Ensino Médio – 1° ano Data: 09/11/2012

Cheguei à sala de aula e aguardei a entrada da professora. Para iniciar a aula a professora pediu aos alunos que sentassem em seus lugares e conferiu o espelho de classe que havia sido elaborado no início da semana. Como essa turma apresenta muita agitação alguns professores se reuniram e montaram um espelho de classe. Após, a professora fez a chamada. Depois de um breve momento conferindo o caderno de chamada e seus materiais a professora iniciou as apresentações dos trabalhos. Chamou a primeira dupla que estava ausente da aula. Notei uma expressão de desgosto da professora. Após os alunos foram apresentando seus trabalhos. Neste momento a turma não prestava muita atenção nas apresentações dos colegas. Observei que os trabalhos não tinham criatividade, como se fizessem por obrigação, e sem vontade. As últimas duas duplas apresentaram desenhos em papel ofício e sem muita explicação, pois disseram que não haviam entendido o que tinha sido proposto. A professora argumentou que eles não paravam de conversar nas aulas e que tiveram tempo suficiente para esclarecer as dúvidas sobre o trabalho e suas exigências. Terminadas as apresentações, a professora chamou a turma para descer até o corredor de entrada para montarem a exposição dos trabalhos realizados. A professora pediu que levassem estojos para escreverem as identificações. Apenas uma dupla já havia feito esta tarefa em casa. A turma se deslocou até o local e alguns alunos se organizavam, enquanto outros iam ao banheiro, iam tomar água e outros conversavam nas escadas. A professora foi buscar a chave, pois os murais são protegidos por vidros com fechaduras. A professora foi liberando os alunos que haviam terminado de expor seus trabalhos antes do sinal, pois faltavam poucos minutos. Quando todos os trabalhos foram colocados a professora fechou o mural e dirigiu-se para a sala para buscar seus materiais. Alguns alunos a acompanharam e outros já estavam descendo as escadas com os materiais em mãos para irem embora.

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1.3 Análises das observações silenciosas

Observei seis aulas do primeiro ano do Ensino Médio e seis aulas do sexto ano do Ensino Fundamental no Instituto Pró Universidade Canoense no período de vinte de setembro a nove de novembro de dois mil e doze. A turma do sexto ano do Ensino Fundamental que observei, é uma turma considerada pequena. Este fator já contribui para uma dificuldade de realização de trabalhos em grupo, contando como um ponto negativo, a meu ver. Outro fator negativamente alarmante é o desinteresse por grande parte dos alunos às Artes. A turma demonstra escassa curiosidade e empenho em realizar as tarefas pedidas pela professora, além de poucos se aventurarem a querer saber mais sobre o assunto. O artista precisa se cuidar para nunca chegar a um ponto em que ele acha que já viu tudo. Ele deve ficar constantemente em transformação, sabe? E enquanto puder permanecer neste estado, as coisas vão funcionar. (Bob Dylan, em "No Direction Home", de Martin Scorsese, 2005)

Posso dizer que dedico este desânimo á didática exercida pela professora. Há pouca motivação e criatividade nas tarefas solicitadas. Infelizmente, o exercício de sua prática diária me parece desgastada. Não há incentivo nem provocações ao ensino da Arte. Por isto, acredito que a turma reflete esse comportamento acomodado e sem desafios. Ao analisar a turma de primeiro ano do Ensino Médio, pude destacar alguns pontos que se diferenciam dos já citados acima na turma de Ensino Fundamental:  A turma é pouco comunicativa. Durante os diálogos da professora os alunos pouco opinam.  A turma se dispersa com mais facilidade com assuntos fora da aula.  A professora se expressa mais seriamente em suas falas.

Esta turma demonstra um grande desanimo na execução das atividades propostas e dedico este fator ao relacionamento professor x aluno formado na sala de aula. 24


1.4 Análise do questionário respondido pela professora

Com base na leitura das respostas do questionário realizado com a professora de Artes do Instituto Canoense, posso concluir que sua metodologia e teoria se baseiam na abordagem metodológica triangular de Ana Mae Barbosa (1992). O que me deixou intrigada e que acredito que não deva julgar, é o fato da professora em nenhum momento ter demonstrado alegria, prazer ou entusiasmo nos conteúdos a serem aplicados nas turmas. Notei que ela não “desafiou” os alunos a quererem criar, mostrar o lado criativo e produtivo de cada um. Assim defende a pesquisadora e arte educadora Ana Mae Barbosa:

O desenvolvimento da capacidade criadora, tão caro aos defensores do que se convencionou chamar de livre expressão no ensino da arte, isto é, aos cultuadores do deixar fazer, também se dá no ato de entendimento, da compreensão, da decodificação das múltiplas significações de uma obra de arte. (BARBOSA, 1992, p.41)

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes, o artista realiza suas obras de maneira única e desafiadora, em um instante em particular e que o professor deve ser o propiciador destes momentos.

É função da escola instrumentar os alunos na compreensão que podem ter dessas questões, em cada nível de desenvolvimento, para que sua produção artística ganhe sentido e possa se enriquecer também pela reflexão sobre a arte como objeto de conhecimento. (PCN, 1998,p.25)

Acredito que observando o comportamento a as atitudes da professora em sala de aula, estes momentos desafiadores e enriquecedores do desenvolvimento artístico foram pouco enaltecidos. Ao mesmo tempo noto que as aulas são planejadas, visando o “público” da escola, mesmo sendo uma instituição particular, os alunos não adquirem materiais, pois não há uma lista que exija isto. Assim a professora também propicia a utilização de matérias de fácil acesso como lápis, hidrocor, cola e revistas para recorte e etc. Também auxilia fazendo trabalhos em grupo para a utilização dos mesmos. 25


O método de avaliação da professora é diversificado, com avaliações das produções, de textos reflexivos realizado pelos alunos e de uma avaliação escrita, pois há esta exigência por parte da escola.

Pretende-se avaliar se o aluno sabe identificar e argumentar sobre valor e gosto em relação às imagens produzidas por si mesmo, pelos colegas e por outros, respeitando o processo de criação pessoal e social, ao mesmo tempo que participa cooperativamente na relação de trabalho com colegas, professores e outros grupos. (PCN,1998,p.63)

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes norteiam o método de avaliação da produção artística dos alunos. Desta forma acredito que a professora esteja se baseando nestes critérios para avaliar a produção dos alunos e formular as notas.

1.5 Análise do questionário respondido pelos alunos

Segundo Ana Mae Barbosa (1992), o conhecimento dos padrões de artes avaliados através do tempo, flexibiliza o indivíduo para criar padrões para avaliar o novo, o que ele não conhece. Assim como foi citado pela pesquisadora e arte educadora, este estudo mostra a realidade que notei através do questionário respondido pelos alunos. Apliquei o mesmo questionário com os alunos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. O questionário foi elaborado como forma de verificar o conhecimento dos alunos sobre “o que é arte na visão deles”. As observações foram realizadas previamente, com isto, pude montar o questionário. Nele investiguei o que os alunos considerariam sobre arte. As respostas foram tabuladas através de gráficos. Com as respostas obtidas, pude elaborar um plano de ação mais eficaz.

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1.5.1 Questionário Ensino Fundamental 6º Ano

O gráfico a seguir mostra os resultados do questionário aplicado com o Ensino Fundamental.

1-Você gosta da aula de Artes? SIM

NÃO

13%

87%

2-Você costuma frequentar atelies e exposições de Artes?? SIM

NÃO 7%

93%

3-Qual destas imagens você considera uma obra de Arte? A- Degas

B- Matisse

D-Michelângelo

E-Aldemir Martins

C-Hélio Oiticica

7% 27% 60%

6% 0%

27


4-Quais as áreas artísticas você mais gosta? A-Desenho

B-Pintura

C-Escultura

44%

D- Dança

E-Teatro

F-Fotografia

23% 17%

10% 3%

3%

1.5.2 Questionário Ensino Médio 1º Ano

Os gráficos abaixo mostram os resultados do questionário aplicado com os alunos do Ensino Médio.

1-Você gosta da aula de Artes? SIM

NÃO

27% 73%

2-Você costuma frequentar atelies e exposições de Artes?? SIM

NÃO 12%

88%

28


3-Qual destas imagens você considera uma obra de Arte? A- Degas

B- Matisse

C-Hélio Oiticica

D-Michelângelo

E-Aldemir Martins 0% 42%

52%

0%

6%

4-Quais as áreas artísticas você mais gosta? A-Desenho

B-Pintura

C-Escultura 3%

D- Dança

E-Teatro

F-Fotografia

12% 40%

15% 24% 6%

Ao verificar as respostas elencadas, notei claramente a visão padronizada sobre o que é Arte para os alunos. Uma visão arcaica e nada emotiva. Segundo William Wordsworth apud Barbosa (1992, p.41), “As Artes têm que ver com as emoções, mas não tão profundamente para levar as lágrimas”.

1.6 Motivos da escolha do tema de pesquisa em Artes Visuais

Durante o intensivo de janeiro de 2012, cursei a disciplina de Projetos Educativos Interdisciplinares com a professora Caren Burer. Nessa disciplina, tínhamos que fazer um projeto interdisciplinar fictício, integrando no mínimo duas matérias. Neste processo executei a pesquisa para o projeto com o tema “Arte em movimento”. Para realizar a pesquisa estudei muito sobre o artista Degas e suas obras. Assim, uni a 29


minha paixão sobre a Arte e meu interesse particular sobre a Educação Física, curso que estudei anteriormente a Artes. Na Educação Física, trabalhei questões como o movimento, sua importância, biomecânica e desenvolvimento. Com a chegada do estágio e a temida escolha do tema, me deparei com a questão do movimento na Arte. Em uma disciplina em especial, Desenho da figura humana, me encantava o fato de uma estudante da dança movimentar-se com a música e os alunos observando e desenhando-a. Isto tornou a forma de fazer arte, mais acessível a mim, mais “meu chão”. Assim defini meu tema unindo duas paixões: Arte e Ação. Coincidentemente, ao observar as turmas de Ensino Fundamental e Ensino Médio, me deparei com uma realidade conhecida, aplicada a grande maioria dos jovens: a acomodação. Deparei-me com turmas pouco incentivadas, e que, ao meu ver, afetam e muito o desempenho acadêmico do estudante. Mas, notei um dos fatores do desinteresse e comodismo: a tecnologia. É o conforto de um computador, celular ou tablet para realizar as tarefas e ocupar os corpos. Esta mesma tecnologia que possibilitou aos alunos um mundo novo de possibilidades e novos conhecimentos, faz com que os jovens perdessem o interesse pela ação, pela experimentação que as ações artísticas proporcionam. Assim afirma Daniel Buren (1967-2000), calar sobre uma obra é sem dúvida o que de pior lhe pode acontecer, além do fato de sequer ter sido contemplada. (do livro organizado por Paulo Sérgio Duarte, "Daniel Buren: textos e entrevistas escolhidos, 1967-2000")

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CAPÍTULO 2. Pesquisa sobre o tema em Artes Visuais

2.1 Representação do Corpo na história da Arte

O corpo, segundo Jodelet (2001), de acordo com a cultura de cada povo, representa distintos significados. Pode-se dizer que há uma diversificação de sentidos para o “corpo” – que se vinculam a anatomia, aos usos, aos contextos e às práticas a ele associadas. Dependendo do contexto e da época o “corpo” toma um sentido e as pessoas podem representá-la de distintas formas, pois os significados que damos às coisas são dependentes de um conjunto de condições específicas e variáveis. E, para dar significação ao meu projeto, passo a apresentar algumas das representações do corpo ao longo da história da Arte.

2.1.1 A representação do Corpo no Egito Antigo

No Egito Antigo, segundo Pires (2005), três áreas do conhecimento se desenvolveram juntas: Magia, Ciência e as Artes. Para que estas se desenvolvessem, um objeto para estudo era comum às três áreas, o corpo humano. Ainda, a mesma autora argumenta que para os egípcios assegurarem que a alma do rei pudesse retornar, seu corpo, um objeto divino, deveria ser representado e conservado. Para isso, as técnicas artísticas de representação foram sendo cada vez mais aprimoradas. O mesmo estudo indica que as pinturas encontradas no interior das pirâmides serviam como guia para que a alma do rei encontrasse o caminho correto entre os labirintos da tumba. A pintura egípcia seguia um padrão rígido, chamado hoje, de a lei da frontalidade. Esta lei consistia em representar o corpo sempre de frente, enquanto sua cabeça, suas pernas e seus pés eram vistos de perfil. Não importava a

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situação a ser representada, a posição devia sempre seguir o mesmo esquema corpóreo. (Figuras 1 e 2). A escultura fiel do rei servia para assegurar-lhe a imortalidade e, ao chegar em sua tumba, encontraria sua imagem esculpida a sua semelhança. Como comprovado na figura 4.

Figura 1. Atum with a colourful necklace.

Figura 2. Egyptian Lotus

(Fonte:http://fmkorea.net/mystery/20364361, acessado 10/12/2012)

(Fonte: Arte Egípcia,2008,p.54)

Figura 3. Escriba sentado (Fonte: http://quhist.com/retratosfuncionarios-arte-egipto/ acessado em

Figura 3. Máscara de Ouro de Tutankhamon (Fonte: Arte Egípcia,2008, p.75)

02.12.2012)

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A mumificação consistia na arte de embalsamar corpos com fórmulas e encantamentos. Com o objetivo de assegurar a imortalidade, o corpo sem vida do rei era submetido a este longo processo que garantiria a reencarnação do rei em seu corpo, mantido intacto. (Figuras 5 e 6).

Figura 4. Ancient Egyptian Mummies (Fonte: http://www.khanelkhalili.com.br/egiptologia02.htm, acessado em 10/12/2012)

Figura 5. Anupu Deus da Mumificação (Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/civilizacao-egipcia/mumificacao1.php,acessado em 10/12/2012)

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Segundo Beatriz Ferreira Pires (2005 p. 29), os egípcios sempre se mantiveram fiéis aos ensinamentos dos antigos, talvez pelo fator mágico incluso nas obras feitas até então. Na tumba do rei Tutancâmon (Figura 7), foi encontrado a imagem do rei sentado ao trono e sua esposa Ankhesenamon. Esta imagem é o registro de uma mudança, uma evolução na maneira de se representar o corpo humano.

Figura 6. Rainha Ankhesenamon diante do marido, Tutankhamon (Fonte: Arte Egípcia,2008,p.1)

Uma maior mudança na forma de representação do corpo ocorreu em outra civilização – a grega – quando a arte se distanciou da magia, especialmente no período Helenístico.

2.1.2 A representação do Corpo na Grécia Antiga

A Arte Grega influenciou os padrões estéticos de todo o mundo. Os gregos tinham a grande preocupação em pensar e retratar as ações humanas. Estabeleceram a exploração de temáticas que valorizavam o aparecimento do homem nas artes, através da pintura e da escultura.

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Após a morte de Alexandre, um turbilhão de mudanças ocorreram nas cidades gregas desencadeando uma fragmentação do reino Alexandrino. E, seria este o motivo para Siebler (2009) afirmar que a arte grega perdeu a sua uniformidade. As “polis” gregas formaram reinos independentes e a arte acompanhou esse movimento. Toda a dramaticidade deste momento é vista nas artes que se sucederam. Como exemplo, nas esculturas, as cenas são mais violentas, com muito mais movimento, contam histórias mais complexas, e para isso, começam esculpir não uma figura ou duas, mas um grupo escultórico. O exemplo é o famoso Laocoonte1, como demonstrado na figura 8. Outra mudança, é a aparição do nu feminino. No período clássico as figuras femininas aparecem desnudas da cintura para cima, mas no helenismo a mulher aparece totalmente nua. Muitos estudiosos acreditam que a primeira escultura feminina nua foi a Afrodite de Cnido, de Praxíteles (figura 9). A deusa aparece nua antes de entrar em seu banho, e numa atitude de recato esconde seu sexo com a mão. Ressalta-se na obra o sutil movimento do corpo, passe o dedo desde a cabeça até seus pés. A escultura original não foi encontrada, e se conhece a obra por escritos e pelas cópias realizadas pelos romanos.

1

Grupo escultórico “Laocoonte e seus filhos”. É uma das obras mais representativas do período helenístico. Foi realizada por Agesandro, Atenodoro e Polidoro de Rodas em 50 d.C. de Rodas hacia 50 d. C. (Museo Pío-Clementino, Vaticano)

35


Figura 7. Laocoonte e seus filhos

Figura 8 Afrodite de Cnido, de PraxĂ­teles (Fonte: http://umanonu.com/dia-zero/acessado em 10/12/2012)

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A pintura do período helenístico é bem conhecida a partir dos túmulos do sul da Rússia, Macedônia e Alexandria, bem como através de cópias encontradas nos sítios arqueológicos de Herculano e Pompéia. Certos mosaicos, contudo, demonstram a grandiosidade da pintura do período. Um exemplo é o Mosaico de Alexandre, descoberta em Pompéia, é baseada em uma pintura helenística. A cultura helenística logo desenvolveu uma arte pela arte, tornando-se mais decorativa e suntuosa. Os elementos religiosos passaram á segundo plano. Segundo Plínio apud Siebler, (2009), a arte helenística estava em todos os lugares, de casas até sapatarias. A maior preocupação dos helenísticos era a fidelidade com a realidade e eles tendiam a pintar ações dramáticas e violentas. Esse estilo é exemplificado nas esculturas do período. Durante a época helenística, tal como se verificara na Grécia clássica, foi a escultura em pedra ou em bronze o gênero artístico que atingiu um maior nível de desenvolvimento. Abandonando, desde o século III a. C., o rígido grupo tipológico e o ideal clássico que caracterizou a estatuária grega, o artista helenístico torna-se mais livre e naturalista. Produz obras de arte sedutoras e fortemente expressivas, de grande destreza e virtuosismo técnico, algumas das quais de grande monumentalidade, como o celebrado Colosso de Rodes. O seu ecletismo permite-lhe copiar e fundir de forma livre os estilos do passado. A obra Vitória de Samotrácia (figura 10), estátua comemorativa de uma batalha, realizada em mármore aproximadamente em 200 a. C., representava uma deusa alada que fazia parte de um vasto conjunto que se perdeu. A complexidade barroquizante e a riqueza plástica transmitida pela torção do corpo e pelo movimento e agitação dos panejamentos foram algumas das características fundamentais do estilo helenístico.

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Figura 9. Vitória da Samotrácia (Fonte: www.Olhares.uol.com.br. Acessado em 10.12.12)

Outra peça importante deste período, O Gaulês moribundo (figura 11), encontrado em Pérgamo e realizado no século III a. C., demonstra a importância conferida à individualização da representação, através de um realismo capaz de traduzir emoções fortes.

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Figura 10. O Gaulês Moribundo (Fonte: http: herdeirodeaecio.blogspot.com.br)

Nesse período, no século IV a.C., as características da escultura são: 

Naturalismo: representada pela idade, personalidade, emoções e

sentimentos; 

Representação: a escultura traduzia a paz, a liberdade, o amor, etc.;

Nu feminino: as figuras esculpidas de mulher, anteriormente eram

sempre vestidas; 

Princípio

de

Policleto:

opor

membros

tensos

aos

relaxados

combinando-os com o tronco, garante movimento e sensualidade. Ex.: Afrodite de Melo, Vênus de Milo, com uma nudez parcial e esse princípio. 

As esculturas eram representadas em grupos: na segunda metade do

século III a. C. Ex.: a cópia romana de O Soldado Gálata e sua mulher, o original grego se perdeu. Feita de forma a ser bela vista de todos os ângulos e revelando uma carga de dramaticidade.

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Obras famosas do período: 

Afrodite de Cnido, esculpida por Praxíteles;

Afrodite de Cápua, de Lisipo, representando a sensualidade de uma

deusa com os troncos despidos; 

Vitória de Samotrácia, marcou o século III a. C. Pela mobilidade,

traduzida pelo vento, em suas vestes e com asas abertas, significando vitória.

2.1.3 A representação do Corpo no Império Romano

Segundo Beatriz Ferreira Pires (1992 p.32), durante o império Romano a relação do indivíduo com o seu corpo sofre uma grande alteração de valores devido o advento da religião cristã. O corpo, antes objeto de admiração e prazer, torna-se neste período, objeto secundário. Para a religião Cristã o corpo sofre dores físicas, flagelações, sacrifícios, abnegação do prazer, pois assim a alma do indivíduo engrandece e assim mostra-se digno de Deus. A mesma autora acima afirma que, com a exaltação do espírito, o corpo é retratado na Arte como era visto pela religião: um desapego. O que identificava o homem não era o corpo, pois todos eram iguais perante aos olhos de Deus. Neste período a censura se apropria da Arte, o corpo deixa de ser retratado nu e passa e ser representado de maneira realista. Não há retoques para embelezar o indivíduo.

2.1.4 A representação do Corpo na Idade Média

Schmitt (1995) afirma que, no século VI, vários autores mencionam o uso do corpo a propósito dos vícios – a gula em Pomerius, a fornicação (relacionamento sexual ilícito) em Cassiano e o orgulho em Gregório. Já na baixa Idade Média2, surge

2

A Idade Média (adj. medieval) é um período da história da Europa entre os séculos V e XV. É o período intermédio da divisão clássica da história ocidental em três períodos; a Antiguidade, Idade Média e Idade moderna. A Idade Média é ainda frequentemente dividida em dois ou três períodos.

40


uma nova visão de corpo, que não é mais apenas a “prisão da alma”: quando bem governado, o corpo pode se tornar meio e lugar de salvação do homem. De acordo com Matos e Gentile (2004), na Idade Média, o corpo foi considerado perigoso, em especial o feminino, visto como um "lugar de tentações". Alguns teólogos chegaram a dizer que as mulheres tinham mais conivência com o demônio porque Eva havia nascido de uma costela torta de Adão, portanto nenhuma mulher poderia ser reta. Segundo Rodrigues (1999), a abertura do corpo humano e a dissecação de cadáveres, para a mentalidade medieval, era uma ação inconcebível, um gesto do mais supremo sacrilégio e por este motivo, conforme nos mostra Pereira (1988), a anatomia passa por um período de estagnação – representando um período negativo para a Educação Física – tendo seus estudos retomados com a chegada do Renascimento. O corpo jamais poderia ser considerado como objeto; para os medievais, a putrefação era continuidade da vida, era húmus. Existiam valas coletivas que ficavam abertas até serem preenchidas por corpos e era comum tê-los em putrefação em casa. Há imagens da época que retratam homens dançando com cadáveres que se desfaziam. Rodrigues (1999) diz ainda que, com frequência, os reis da França, ao morrer, tinham seus corpos esquartejados e seus fragmentos espalhados pelas Igrejas importantes do território. Os medievais acreditavam que tais “relíquias reais” propiciariam boas colheitas. Além disso, de acordo com Besen (2004), havia também o culto às “relíquias dos santos”, ocorrendo até roubos de partes dos corpos. Não se concebia fundar uma cidade sem o túmulo de um santo, havendo, deste modo, lutas violentas para garantir o corpo, que traria proteção. Segundo Besen (2004), a festa de Corpus Christi nasce na Idade Média com a finalidade de fazer a adoração pública da Hóstia, o “corpo de cristo”. Com o propósito de libertar o Santo Sepulcro de Cristo do domínio muçulmano, surgiram as Cruzadas – lutas em busca da posse de Jerusalém e da Terra Santa, onde estava a sepultura do filho de Deus. O mesmo autor revela que corpo era o veículo do pecado, devia ser escondido, expurgado, esquecido, enquanto a alma devia ser exaltada, devia ser 41


buscada em preferência ao corpo. Dos mais diversos exemplos de esquecimento que o medievo nos traz, o corpo é o símbolo máximo, exatamente pela sua ausência. As pinturas da época são fortes, mostram o sofrimento do corpo retratado pelo cristo crucificado, ou dos mártires. Outra forma de retratar o corpo vem dos corpos bem vestidos de santos, apóstolos e da própria virgem. O corpo medieval, ocupado em salvar sua alma, renunciava seus bens materiais e os prazeres terrenos, pois assim, iria para o “paraíso” depois de sua morte na Terra. (BESEN, 2004). Ainda, em seu estudo, é no final da Idade Média que ocorre um movimento novo em relação ao corpo. Os estudos anatômicos, cinesiológicos e biomecânicos, embora proibidos, foram decisivos para um desvelar do corpo, que de objeto pecaminoso ressurge como fonte de pesquisas e de novas descobertas e que, somado a transformações culturais, sociais e econômicas nos levam ao período do renascimento. É no renascimento3 que os corpos são redescobertos. Durante muito tempo escondidos, os corpos que surgem são volumosos, são grandes e fartos, são rosados pela falta de sol, praticamente são corpos de bebês que recém chegaram ao mundo. É nesta época que se tem uma atenção especial ao corpo da mulher, que antes era ligado à reprodução e fertilidade passando até ao pecado, reaparece, seminu e deslumbrante. Das muitas pinturas que retratavam mulheres nenhuma supera O Nascimento de Vênus,(figura 7) tela de Sandro Boticelli pintada em 1485.

3

Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da História da Europa aproximadamente entre fins do século XIII e meados do século XVII. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor Burke (1998). Seja como for, o período foi marcado por transformações em muitas áreas da vida humana, que assinalam o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma ruptura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.

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Figura 11. O nascimento de Vênus (1492) (Fonte http://www.studyblue.com, acessado em 11/12/2012)

Mas, o corpo masculino não fica em segunda mão, Leonardo da Vinci, na gravura conhecida como O Homem Vitruviano (figura 12), imortaliza o equilíbrio e as proporções da figura masculina, ainda retratada como símbolo das capacidades físicas humanas.

Figura 12. O Homem Vitruviano (Fonte: http://www.desenhoonline.com/site/o-que-e-o-homem-vitruviano/acessado em 11/12/2012)

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2.1.5 A representação do Corpo atualmente

O corpo, na sua subjetividade, segundo Baecque (2008), está sempre produzindo e reproduzindo sentidos que representam cultura, desejos, paixões, afetos, emoções, enfim, o seu mundo simbólico. Ao falar sobre corpo, pensamos este corpo enquanto um signo. Agora, o século XX é o século do corpo. Sem as repressões sofridas durante os últimos séculos, o corpo tem sua máxima liberdade, podendo alcançar o mais alto nível de realizações. As formas de retratar o corpo vão se multiplicando. A fronteira final para as pesquisas não é o espaço, mas sim o próprio corpo. Medicamentos, cirurgias, tratamentos estéticos, acessórios dos mais diversos, enfim, todas as formas de melhoria do corpo devem ser tentadas, pois o corpo não pode mais ser apenas natural, deve ser mais forte, mais rápido, mais eficiente. (BEACQUE, 2008) O significado de corpo varia de acordo com a sociedade, varia em função da cultura. Seu conceito nos leva na direção da natureza e da cultura, e abre assim um leque diferenciado de posicionamentos teóricos, filosóficos e antropológicos. Segundo Braunstein & Pépin (1999): [...] o corpo não se revela apenas enquanto componente de elementos orgânicos, mas também enquanto fato, social, psicológico, cultural, religioso. Está dentro da vida cotidiana, nas relações de produção e troca, é um meio de comunicação, pois através de signos ligados à linguagem, gestos, roupas, instituições às quais pertencemos permite nossa comunicação com o outro. (BRAUNSTEIN et al.,1999,p,61).

Braunstein & Pépin (1999) referem-se, no mesmo estudo, que o corpo é mais do que um amontoado de órgãos, é mais do que o invólucro que guarda a alma imortal, é mais do que um campo fértil de movimento, de ação. O corpo é um lugar cultural, que institui idéias, emoções e linguagens, sendo uma interação sensomotora que parte dos sentidos e desencadeia uma ação. Na sua subjetividade, está sempre produzindo e reproduzindo sentidos que representam cultura, desejos, paixões, afetos, emoções, enfim, o seu mundo simbólico. Ao falar sobre corpo, pensamos este corpo enquanto um signo. 44


Nosso corpo contemporâneo encontra-se em plena transformação. Não se trata mais de aceitá-lo como ele foi concebido, mas sim de corrigi-lo, transformá-lo e reconstruí-lo. O corpo aparece então, como o lugar por excelência da exposição da subjetividade de cada um e, consequentemente, como o principal alvo dos cuidados que outrora eram destinados à alma, antes imortal, agora pertencente a um corpo imortal (pelo menos imortal em sua constante resignificação). (BRAUNSTEIN & PÉPIN, 1999, p.59).

A partir do cinema americano, segundo Del Priori (2000), é que novas imagens femininas começam a se multiplicar: Se até o século XIX, matronas pesadas e vestidas de negro enfeitavam álbuns de família e retratos a óleo, nas salas de jantar das casas patrícias, no século XX elas tendem a desaparecer, e o aparecimento de rostos jovens, maliciosos e sensuais na tela, somados a outros fatores, foram cruciais para a construção de um novo modelo de beleza. O corpo representado na mídia é musculoso, sarado, restrito a uma parcela muito pequena da sociedade, limitada principalmente pela condição financeira. Porém é esse corpo que serve de padrão, norma de beleza, modelo e sinônimo de saúde e higiene à grande maioria das mulheres e um campo em ampliação para os homens. (Braunstein & Pépin 1999) Estamos assistindo neste início de século XXI, especialmente nos grandes centros urbanos brasileiros, a uma crescente glorificação do corpo, sua exibição pública é cada vez maior, deixando transparecer o que antes era escondido e, aparentemente, mais controlado. Para Goldenberg & Ramos (2002), as regras da atual exposição dos corpos, parecem serem fundamentalmente estéticas, sendo que, para atingir a forma ideal e expor o corpo sem constrangimentos, é necessário investir na força de vontade e na autodisciplina. Assim, os indivíduos fazem quase tudo para manter seu corpo dentro dos modelos construídos e dominantes, como aponta Rosário (2004), abre-se espaço para uma indústria do corpo; a matéria física precisa entrar numa linha de produção que incluí ginástica, musculação, regimes alimentares, tratamentos estéticos, tratamentos de saúde, consumo da moda e de bens. As indústrias da beleza, da saúde e do status têm no corpo seu maior consumidor. Encontra-se à espera de homens e mulheres, academias, estéticas, salões de beleza, spas, clínicas médicas, hospitais, estilistas,

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costureiros, boutiques. O corpo está a serviço, portanto, da produção que o domina, utilizando-se da ilusão de fazê-lo belo, saudável e forte. Rosário (2004) em seu texto “Corpos em metamorfose: um breve olhar sobre os corpos na história, e novas configurações de corpos na atualidade” discorre que novas formas de pensar o corpo têm sido reinventadas constantemente, num processo que vem alterando significativamente a relação que os indivíduos têm com seu corpo. O corpo virou objeto de consumo e totalmente fragmentado, o culto ao corpo ganha uma dimensão social inédita, cercado de enormes investimentos. O corpo em forma se apresenta como um sucesso pessoal, aos quais homens e mulheres podem aspirar. Hoje, vive-se na era da magreza, dos regimes, da lipoaspiração, dos implantes de próteses de silicone, botox, das academias, da construção de corpos, ou seja, da metamorfose dos corpos.

2.2 A expressão artística do Corpo através do Movimento

2.2.1 Corpo e Movimento Movimento é uma noção muito complexa que designa uma realidade sumamente diversificada, e cujos diferentes aspectos só se articulam em torno desta definição: chama-se movimento a toda a translação ou a todo o deslocamento de um corpo ou de um objeto no espaço. (MOLINA, 2008). Para Rocha (2007), o corpo em movimento é todo e qualquer deslocamento de um ou vários segmentos, ou do corpo em seu conjunto. O movimento, por conseguinte, é um termo genérico, que abrange indistintamente os reflexos, os atos motores conscientes ou não, normais ou patológicos, significantes ou desprovidos de significado. Bruno Castets (1980) apresentou um estudo durante o Primeiro Congresso Internacional de Psicomotricidade.

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Fonseca (1988) traz uma contribuição ao conceito, onde

o movimento, como meio de exploração motora, permite a apropriação das qualidades dos objetos do real de onde surge a significação, a conservação e a organização da informação cerebral. (...) A informação intersensorial do ser humano é tanto mais significativa quanto mais sinestésica, isto é, quanto maior relação tiver com a experiência prática e motora. O movimento não pode continuar a ser (e para muitos teóricos, o é) o filho pobre do comportamento humano” (FONSECA, 1988, p.307).

Segundo Wallon (1968), o movimento faz parte da vida do ser humano, antes mesmo de seu nascimento. No bebê, o movimento expressivo é o seu primeiro canal de comunicação. Assim, através dos gestos, ele mobiliza o adulto para o atendimento de suas necessidades. Para Mello (1996), o movimento precisa ser trabalhado de uma maneira que desenvolva o indivíduo integralmente em todas as suas formas de movimento e expressão, por isso as atividades com movimento precisam ter como eixo central a intencionalidade, na qual toda a ação humana tem um significado e uma intenção. Trabalhar o movimento de forma consciente propiciará ao indivíduo refletir, fazer associações, exercer e desenvolver sua autonomia, questionar, confrontar-se com situações-problema e encontrar soluções por si próprio. Destaco ainda, que o movimento não pode ser visto apenas como um fator relacionado ao aspecto físico, isto é, destacado dos aspectos emocionais, cognitivos, históricos e sociais do desenvolvimento humano. (MELLO, 2001, p.98)

2.2.2 Artistas e suas obras na representação do Corpo e Movimento Alguns artistas fizeram parte desta ressignificação, retratando em suas obras o corpo como ele é, movimentando-se e sendo parte significativa da construção da obra e tornando-se o objeto principal.

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a) A arte de Edgar Degas (1834-1917) Segundo Bernd Growe (2006), o gosto pelo movimento é, provavelmente, a característica mais conhecida de Edgar Hilaire Germain Degas (Paris, 19 de julho de 1834 — Paris, 27 de Setembro, 1917). Este artista francês foi um pintor, gravurista, escultor e fotógrafo. E, escolheu para a sua arte os temas mais móveis possíveis, ou seja, aqueles em que os movimentos constituem a essência, como os temas As bailarinas e Os cavalos de corrida. Ana Gonçalves Magalhães (2006), diz que ele era obcecado por resolver a questão da representação do movimento. Por que essa obstinação? Atrevo-me a dar duas razões, dizia Growe:

Porque o movimento é difícil. A expressão artística do movimento traz diversos problemas. Ainda mais quando se é perfeccionista, como Degas o era. “Degas recusava a facilidade” . O seu virtuosismo não se nota tanto na obra concluída, mas principalmente na realização dela. Queria o máximo. Queria tangenciar o impossível. Talvez por isso não considerasse nunca uma obra plenamente acabada. (Growe, 2006, p. 82)

A sua arte era trabalho, exercício. Dégas era um “artesão”, e o movimento lhe proporcionava a matéria-prima qualificada para o seu empenho artístico. Nada mais distante dele do que a concepção do artista como um diletante, como um mero bon vivant. A segunda razão parece-me ainda mais forte, mais convincente. Dégas amava a realidade como ela é. Queria retratar, como a vemos, o mais “realista” possível. E, o real está em movimento.

As coisas se movem. Passeia-se pela rua e o que se nota? Tudo está em movimento. Ou as coisas se movimentam, ou são movidas, ou se relacionam com o movimento, que é o seu âmbito. O estático não tem vida. (Degas in Degas, 2006, p. 67)

Vale lembrar que segundo o próprio, Dégas gostava da agitação parisiense, daquelas ruas sujas – com essa sujeira que, além de outros aspectos, indica vida (figura 14). 48


Figura 13 Bailarinas de azul (1890) (Fonte: www.cultura.culturamix.com.br)

Talvez por isso Degas nĂŁo retratasse paisagens. Nelas nem sempre hĂĄ movimento como na figura 15:

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Figura 14 Joqueis Antes da Corrida (1878-1879) (Fonte: Arquivo Escola Nacional de Desenho – END, Porto Alegre-RS)

Segundo Growe (2006), Degas acreditava que havia uma distorção deliberada nas imagens contemporâneas. Para ele, os sorrisos são maiores. Os dentes são mais brancos. A pele não tem gordura. E principalmente, não há tristeza. Nesse empenho por ver o real, Degas não filtra, não esconde o lado negativo da vida, que não se encaixa no otimismo superficial da auto-ajuda ou de algumas ideologias. Ele capta e retrata a beleza, mas também a tristeza, o abatimento, a falta de entusiasmo com a vida, a desesperança – elementos tantas vezes presentes na vida e que são fundamentais para uma abordagem minimamente séria da nossa condição. Atualmente, é difícil encontrar quem não aprecie as bailarinas de Degas (Figura 16). Mas, nem sempre foi assim. Quando expôs o original em cera da Bailarina de quatorze anos (da qual foram fundidos, após a sua morte, vinte e cinco bronzes), houve certo descontentamento. Alguns a classificaram como escandalosa, por ser realista demais. Julgaram-na mais propícia a um museu de história natural. A escultura de uma menina – cuja triste vida transparecia na obra – não era objeto apropriado para uma exposição de arte impressionista.

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Figura 15 As Bailarinas - Esculturas de bailarinas em movimento (Degas) (Fonte: http://estampa-me.blogspot.com.br/2012)

Nenhuma arte poderia ser tão pouco espontânea quanto a minha: a inspiração, a espontaneidade, o temperamento são-me desconhecidos. É necessário refazer o mesmo tema dez, ou mesmo cem vezes. Em arte, nada deve parecer acidental, nem mesmo o movimento. (Edgar Degas in Degas, 2006,p 68)

Nesta citação Degas reforça a ideia de que a inspiração e a espontaneidade não são praticáveis e sim desconhecidas, mas o movimento deve ser proposital através do esforço e da repetição para o desenvolvimento de uma habilidade. É possível notar que A idade de bronze de Rodin (1875/76) provocou uma reação semelhante, e igualmente uma apresentação da Mulher picada por uma serpente de Clésinger (1847). O realismo dessas figuras chocava. Argüiam contra esses dois artistas que as suas esculturas tinham origem num molde feito diretamente de um modelo vivo. Era perigosa tamanha conformidade com o real.

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Figura 16 A Idade do Bronze (http://attornatum.blogspot.com.br)

Figura 17 Mulher Picada por uma Serpente (www.flickr.com)

b) A arte de Henri Matisse (1869-1954) O rompimento com os temas clássicos vem acompanhado na arte moderna pelas tentativas de representar um espaço tridimensional sobre um suporte plano. A consciência da tela plana, de seus limites, inaugura o espaço moderno na pintura. Um diálogo crítico do impressionismo estabelece-se, na França, com o fauvismo e um dos artistas mais importantes desta fase: Henri Matisse. Nascido Henri Émile Benoît Matisse (Le Cateau-Cambrésis, 31 de dezembro de 1869 — Nice, 3 de novembro de 1954) foi um artista francês, conhecido por seu uso da cor e da arte de retratar movimentos. Dentre muitos trabalhos do artista destacam-se as figuras 19 e 20. 52


Figura 18 Nu no Atelier (1898) (Fonte: http://morebadnews.wordpress.com/photo-of-the-week/)

Figura 19 A Danรงa (1910) (Fonte: www.galeriadefotosuniversia.com.br)

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Acredita-se que a ideia da composição (de A Dança de 1910) surgiu em 1905, enquanto o pintor observava alguns pescadores realizando uma dança de roda, a sardana, em uma praia do sul da França. As formas simplificadas das dançarinas ocupam toda a tela, em um padrão rítmico de movimento expressivo. Além disso, Matisse limitou a sua paleta em apenas três cores. O desenho possui três elementos básicos: as dançarinas, uma vastidão vazia de verde e outra de azul. Esta obra cria uma imagem na qual as relações abstratas entre forma, cor e movimento são fundamentais. (GILLES NÉRET, 2002)

c) A arte de Hélio Oiticica (1937-1980) O artista brasileiro Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 26 de julho de 1937 — Rio de Janeiro, 22 de março de 1980) foi um pintor, escultor, artista plástico e performático de aspirações anarquistas. Oiticica, criou o Parangolé, ou melhor, foi descoberto (como ele próprio empregava) em 1964. O artista gostava de brandar que o Parangolé é "antiarte por excelência". Trata-se de uma espécie de capa (lembra ainda bandeira, estandarte, tenda) que não agita plenamente seus tons, cores, formas, texturas, grafismos ou as impregnações dos seus suportes materiais (pano, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, esteira) senão a partir dos movimentos - da dança - de alguém que a vista. (Figuras 21 e 22). O Parangolé tem o efeito de liberar a pintura dos seus antigos padrões. Mas, a pintura do Parangolé já não é só

pintura. Trata-se de algo que, em

determinado momento, Hélio descreveu como "transobjeto". O transobjeto é feito com as mais diversas técnicas, dos mais diversos materiais (plásticos, panos, esteiras, telas, cordas etc.) que, no entanto, parecem se esquecer do sentido de suas individualidades originais ao se refundirem na totalidade da obra.

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Figura 20 ParangolĂŠ (Fonte: http://jornaldoporao.wordpress.com/2012/06/06/parangoles-helio-oiticica)

Figura 21 ParangolĂŠ, vestido por Caetano Veloso (Fonte: jornaldoporao.files.wordpress.com, acessado em 06.12.12)

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O Parangolé não pode ser exposto como uma pintura convencional. Ele deve ser não apenas visto, mas tocado: e não apenas tocado, mas vestido. O corpo compõe com o Parangolé que veste uma unidade sempre nova. A dança de quem o veste não apenas o revela ao espectador que o não veste, mas principalmente ao dançarino mesmo que, nesse processo, se revela a si próprio. Ele em si constitui o começo e o fim do círculo, a partir do qual o corpo se faz obra e o dançarino, espectador. Talvez possamos dizer que, quando alguém veste um Parangolé, compõe com ele um novo transobjeto. Assim, o Parangolé rompe com a pintura. Nem o seu modo de produção, nem o seu modo de exposição, pertence a qualquer das belas artes tradicionais. Luis Fabiano Teixeira (2010), faz uma crítica sobre a arte contemporânea brasileira, mas específico dos Parangolés, e o valor que a sociedade aplica a estas obras. Aqui, lamentavelmente, nunca foi cultuado fora do meio acadêmico e artístico, talvez porque ainda persista essa ideia mesquinha de que arte é artigo de luxo, coisa pra rico, elite. Uma pena. E assim vamos perdendo mais um pouco o registro da nossa identidade cultural pós-Colônia. (TEIXEIRA, 2010, p.13)

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CAPÍTULO 3. Projeto de Ensino Título: Corpo como representação e expressão na Arte Tema do Projeto: Corpo e movimento na Arte Justificativa: O artista representa o corpo na sua forma de o vê-lo. Na sua época, com seus instrumentos, com o seu olhar ou mesmo com a circunstância e a tensão do momento. Por isso, ao passar dos séculos, a representação corporal na Arte sofreu enormes mudanças. Estas que acompanharam a evolução das civilizações. A forma humana foi representada na Arte de diversas maneiras e significados, desde a era Paleolítica como no exemplo de Vênus de Willendorf, até a atual, como os Parangolés de Hélio Oiticica. Muitos artistas se destacaram no estudo destas representações, criando obras significativas em nossa sociedade, como Edgar Degas, Michelângelo e Henry Matisse. A partir destas obras, outros artistas como Hélio Oiticica e Lygia Clark apropriaram-se do conceito de corpo e sua representação na Arte. A partir disto ultrapassaram esses limites até então não explorados na Arte, utilizaram o uso do corpo como elemento principal de expressão. Esta evolução significativa da Arte na história é o assunto principal deste projeto, pois durante minhas observações do estágio I, II e III deparei-me com situações que me instigaram. Observei alunos e professores desanimados, aulas não criativas, alunos cansados da rotina, assuntos desinteressantes do mundo da Arte e turmas rotuladas pelos professores. O mundo está em constante evolução, sempre em movimento, por isso acredito na mudança da didática aplicada nas escolas. Assim, planejei este projeto tendo em vista esta mudança tão necessária nas aulas hoje em dia. Para fazer entender que o corpo deixou de ser meramente representado nas obras e se tornou o objeto central, utilizei o artista Hélio oiticica como principal inspiração. Ao lembrarmos de sua trajetória na Arte brasileira até seu ápice artístico, 57


que hoje chamamos de performance, seu nome é diretamente ligado aos Parangolés. Estes tem sua elaboração, confecção e uso inusitadas para o contexto social vivido no Brasil na época da ditadura. Os Parangolés eram utilizados como Arte e protesto ao mesmo tempo, uma forma de Arte em que o corpo era o objeto principal, pois sem este o Parangolé não existiria. O corpo deixa de ser apenas observado em representações e passa, a partir disto, a ser a própria obra de Arte. Assim justifico este projeto, para que possamos conduzir as aulas desta maneira dinâmica e inovadora, trazendo a evolução da realidade para dentro das salas de aula. Trazer o movimento como expressão e auxiliador no processo de aprendizagem.

Objetivo Geral: Estimular nos educandos um maior interesse pelas aulas de Artes, tornando-os reflexivos para a importância da utilização do corpo e do espaço que os cerca na expressão artística.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Fundamental Primeiro Encontro Aulas 1 e 2 Data da aula: 03/05/2013 Horário: 10h30min até 12h

Tema da Aula: A representação do corpo na arte

Conteúdos: História da representação do corpo na Arte Lista de Atividades: Apresentação em Power Point da história da representação do corpo na Arte; Leitura de obras em grupo; Organização da turma para a criação de um quadro vivo.

Objetivos: Refletir sobre a representação do corpo na mídia e introduzir a representação do corpo na história da Arte. Criar um quadro vivo a partir de uma obra de arte

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens. 59


Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Representação de obras de Arte.

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de suas participações e envolvimento no assunto do projeto. PLANEJADO: A aula iniciará com o deslocamento da turma até a sala de data show. Nesta sala será apresentado uma apresentação em Power point sobre a representação do corpo na Arte. Esta apresentação consistirá em relatar através de imagens e suas leituras a mudança na forma de se representar o corpo na Arte. Terá o tempo de mais ou menos 25 minutos Serão mostradas imagens como:

. Egyptian Lotus (Fonte: Arte Egípcia,2008,p.54)

Ao falar do Egito explicarei a lei da frontalidade e observaremos a forma de representar o corpo humano. Na Grécia mostrarei imagens como: 60


Laocoonte e seus filhos (Fonte: A Arte Grega, 2009, p.23)

Relatarei como as esculturas representavam o corpo na ĂŠpoca, falarei tambĂŠm da beleza e da riqueza de detalhes. Citarei artistas que trabalharemos durante as aulas:

Bailarina, Degas (Fonte: Degas in Degas, p. 28)

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A Dança, Matisse (Fonte: www.galeriadefotosuniversia.com.br)

Explicarei a eles a importância da participação dos mesmos na execução dos trabalhos. Após a apresentação a turma será dividida em grupos. Cada grupo receberá uma obra de Arte de alguns dos períodos históricos observados no Power Point. Os grupos farão uma leitura de imagem com a obra recebida. Esses apontamentos serão discutidos rapidamente de forma oral, os alunos falarão suas observações e a professora auxiliará nas leituras, com questionamentos do tipo: -O que o grupo observou na imagem? -Quais os elementos que chamam a atenção? -O que notamos em relação ao corpo nas imagens? -Como vocês descreveriam a postura do corpo na imagem? E etc.

Esta atividade tem o tempo estimado de 20 minutos. Após a conversa cada grupo escolherá uma das obras estudadas para representar através de um “quadro vivo”. A turma terá o tempo de mais ou menos 30 minutos para escolher a obra, analisar as observações já feitas pelos colegas e organizar o grupo. Esta organização consistirá em delegar a cada colega um “personagem” presente na obra ou material

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para ser trazido para a próxima aula. Todos os alunos dos grupos deverão participar de alguma forma. Será pedido para os grupos que tragam câmeras digitais para a próxima aula. REALIZADO: Ao tocar o sinal me dirigi a turma do sexto ano. Ao chegar pedi licença a professora que já estava na sala. Ela pediu então que eu aguardasse um momento que ela precisava entregar uns trabalhos que os alunos haviam feito no bimestre. Antes mesmo de ela começar a falar, um aluno a interrompeu e pediu para ficar com o saquinho onde continham os trabalhos. Ele disse que entregaria a turma por ela. Adorei esta iniciativa. Para começar, desejei um bom dia e brinquei com eles sobre o fato de estarem tão diferentes, afinal de contas quando foram meus no 3°ano do ensino fundamental, grande parte deles nem tinham a dentição completa. Foram boas risadas. Pedi a turma então que guardassem o material e se dirigissem ao auditório, pois teríamos uma aula especial. Ao chegar os alunos se posicionaram como o esperado, em frente ao telão. E, é claro, houve novamente a divisão entre alunos interessados na frente e os menos interessados no fundo. Permiti que sentassem assim, pois tinha certeza que conseguiria chamar a atenção deles e sei que o lugar que sentamos não interessa. Comecei então com a apresentação de slides sobre a história da representação do corpo na Arte. Os primeiros slides continham perguntas como: - Como vemos o corpo representado na mídia hoje? - Como você vê a representação do corpo hoje? A turma participou ativamente. Alguns alunos disseram que se há uma pedra em formato de uma pessoa podemos considerar uma representação de um corpo. Após essas exposições expliquei como seria meu trabalho com eles durante

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sete encontros. Falei sobre como vemos o corpo e como ele é representado e mostrarei a eles que na Arte de hoje o corpo é o principal elemento. Comecei assim a comentar sobre os slides que mostravam imagens sobre o Egito, Grécia e assim a turma, por ser muito agitada comentava cada imagem que passava, demonstrando seu conhecimento sobre a mesma. Ao chegar nos slides dos artistas que trabalharemos, a turma silenciou. Ao explicar o posicionamento de Degas, Matisse e Hélio Oiticica em relação ao uso do corpo na Arte a turma começou a entender a evolução que pretendemos trabalhar. Quando mostrei as imagens de Hélio Oiticica e dos Parangolés, a turma me encheu de perguntas como: - Isso é uma roupa ou fantasia? -Ele saia assim na rua? -Deixavam ele fazer isso? -Por que não acusavam ele de louco e o prendiam? -Como ele conseguia isso? De maneira superficial, respondi a perguntas e disse que aprofundaríamos o assunto em outra aula. Ao encerrar a apresentação uni a curiosidade dos alunos pelo fato dos Parangolés serem inteiramente vivenciados pela presença da pessoa e propus para turma a atividade que iniciaríamos a esta noite e que apresentaríamos na próxima semana. Selecionei várias imagens de representações do corpo na Arte e pedi que a turma se dividisse em grupos e após viessem até a mesa escolher uma imagem que lhe chamassem atenção. Os membros dos grupos vieram até a mesa, olhavam com curiosidade as reproduções e aos poucos foram escolhendo suas obras. Quando todos haviam escolhido e sentado novamente, eu então propus o trabalho. Comuniquei a turma que faríamos um quadro vivo. A turma imediatamente se dividiu e houve trocas de grupos entre si, mudando a opção de reprodução por outra que contemplasse o número de integrantes. 64


Muitos alunos sentiram dificuldade em compreender a simplicidade do trabalho. Dirigi-me entĂŁo a cada grupo individualmente ajudando-os a fazer a leitura da imagem escolhida. Ao fazermos a leitura, os alunos foram absorvendo a ideia do quadro vivo e novas ideias iam surgindo. Muitos estavam bem empolgados o que me deixou muito contente. As obras escolhidas foram:

Uma FamĂ­lia, Bottero (Fonte: http://n-continuum.blogspot.com.br)

A Virgem e o Menino com Santa Anna - Leonardo da Vinci (Fonte: http://milhasapercorrer.blogspot.com.br)

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Os Jogadores de Futebol – Henri Rousseau ( Fonte: http://www.pinturasemtela.com.br)

Jacob abençoando os filhos de José, Rembrandt ( Fonte: http://pucartepublicidade.blogspot.com.br)

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O Nascimento de vênus, Boticelli (Fonte: http://pucartepublicidade.blogspot.com.br)

Pedi então que me entregassem uma folha com o nome dos integrantes de cada grupo e a obra escolhida. Todos o fizeram. Mais uma vez a sensação de objetivo alcançado, sendo assim veio a minha mente uma frase que me lembro de ter ouvido de uma professora no curso Normal: - Uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará a seu tamanho original. É sabido a todos a genialidade de Albert Einstein, e assim suas palavras ecoaram em minha cabeça ao término desta primeira aula. Desejando que nos próximos encontros possamos expandir nossos conhecimentos, mudando ideias, criando conceitos.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Fundamental Segundo Encontro Aulas 3 e 4 Data da aula: 10/05/2013 Horário: 10h30min até 12h

Tema da Aula: A representação do corpo na arte

Conteúdos: História da representação do corpo na Arte Quadro vivo

Lista de Atividades: Organização da turma para a apresentação dos quadros vivos. Criação dos quadros vivos e registro através de fotografias. Leitura das obras criadas pelos grupos.

Objetivos: Criar um quadro vivo a partir de uma obra de arte Refletir sobre a representação do corpo em suas várias formas e posições.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens.

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Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Reproduções de obras de Arte. Câmeras fotográficas

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento no assunto do projeto.

PLANEJADO: Iniciarei a aula organizando a turma para as apresentações. Levá-los-ei até a sala de projeção. Os grupos terão o tempo de vinte minutos para a preparação das vestimentas, maquiagem e acessórios. Após a organização inicial será feito o sorteio da ordem das apresentações. O primeiro grupo devera posicionar-se da melhor maneira possível, tentando lembrar a turma qual a obra escolhida para representarem. Enquanto o grupo estiver em posição, os colegas deverão registrar com fotos o quadro vivo. Após serão feitas as leituras de imagem, Indagarei a turma e o grupo sobre o que lhes chamou atenção na obra escolhida e quais detalhes os fizeram escolhê-la. Perguntarei também sobre o que lhes chamou a atenção na reprodução para representar fielmente no quadro vivo. Isso ocorrerá sucessivamente até todos os grupos apresentarem. Esta atividade deverá levar pelo menos uns cinquenta minutos. Ao final, carregarei as fotos para o computador da escola e mostrarei a turma o resultado final deste trabalho.

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Enfim, conversarei com a turma sobre a leitura de imagens e sobre a posição deles frente a esta nova proposta de Arte que será trabalhada.

REALIZADO: A aula iniciou com a professora titular fazendo a chamada na turma e explicando mais uma vez que eu estava fazendo um estágio da faculdade na turma e que nossos encontros durariam mais cinco aulas. Após a sua saída, fiz os combinados com a turma de como nos organizaríamos naquela manhã. Os lembrei de que se organizariam com as vestimentas e acessórios e após formariam os quadros vivos com base na leitura de imagens feitas na semana anterior. Os grupos escolheram a ordem de apresentações, e com a ajuda de alguns alunos colocamos panos coloridos na parede para fazermos o fundo das representações. O primeiro grupo se dirigiu aos banheiros para fazerem as trocas de roupas e assim se sucedeu nas apresentações seguintes. Enquanto os grupos formavam seus quadros vivos a turma registrava com suas câmeras o resultado. Muitas fotos e risos depois e os resultados foram estes:

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Trabalho das alunas Roxanne, Juliana, Bárbara e Tamires Representação da obra Nascimento de Vênus

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Trabalho dos alunos Galvão, Joanna e Pedro

Representação da obra Jacob abençoando as crianças

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Trabalho dos alunos Ana Laura, Pedro e Marcus

Representação da obra The Virgin and Child with St. Anne

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Após registrarmos os quadros, faltavam poucos minutos para terminar a aula e então pedi a atenção deles para mostrar o vídeo disponível no YouTube pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=11Th69G88kk Este vídeo contém divertidas recriações de famosas obras de arte. Os alunos adoraram ver o vídeo e ao perguntar-lhes o que lhes chamou a tenção eles disseram que gostaram da criatividade que a banda teve para recriar as obras. Segundo Joseph Beuys, Todo ser humano é um artista. Iniciei minha aula com este pensamento. E mais que isso, projetei esses sentimentos que esta frase provoca para os meus alunos, mostrando através das minhas atitudes e falas uma interação com a Arte nunca sentida antes por eles. O sinal tocou e a turma saiu da aula comentando sobre as recriações vistas no vídeo.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Fundamental Terceiro Encontro Aulas 5 e 6 Data da aula: 17/05/2013 Horário: 10h30min até 12h

Tema da Aula: Movimento na Arte Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Edgar Degas

Lista de Atividades: Apresentação em Power Point de reproduções de obras contendo representações de movimento do corpo na Arte do artista Degas; Leitura de obras no grande grupo; Desenhos de esboços rápidos de movimentos com base em observações;

Objetivos: Ampliar o conhecimento sobre a representação do corpo em movimento a partir da análise das obras de Degas.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens. Desenho de esboços; 75


Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Reproduções de obras de Arte. Folhas Giz Pastel oleoso Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: Iniciarei a aula levando-os até a sala do data show. Nesta sala haverá uma apresentação de slides em Power Point com imagens de obras de Arte do artista Degas. Falarei a turma um breve histórico do artista e focarei principalmente na sua maior paixão: o movimento do corpo. Esta atividade deverá levar 30 minutos no máximo, pois a turma é participativa. Mostrarei imagens como:

Foyer de Dança da Ópera, 1872, Degas (Fonte: Degas in Degas, p. 52)

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O professor de Ballet, 1876, Degas (Fonte: Degas in Degas, p. 49)

Cena de Ballet, 1878, Degas (Fonte: Degas in Degas, p. 47)

Ap贸s mostrar a turma algumas obras, n贸s nos concentraremos na seguinte obra e faremos a leitura desta imagem. Perguntarei a turma o que observam, o que

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lhes chama atenção no uso das cores, na forma do tracejado e principalmente na forma como o corpo e o movimento são representados.

Dancers at Rest, 1884-1885, Edgar Degas (Fonte: http://sonhar1000.blogspot.com.br)

Após estas indagações, pedirei à turma que se reúnam em grupos de oito alunos. Em seguida explicarei a dinâmica da atividade que consistirá em representar através de rápidos esboços com carvão os movimentos que os colegas do grupo farão ao som de vários ritmos musicais. Serão tocadas as músicas abaixo citadas dos respectivos estilos musicais: Beleza rara (Ivete Sangalo) – Axé; Não deixa o Samba morrer (Sambô) - Samba; Sweet chield of mind (Gun’s in roses) - Rock; Primavera (Vivaldi) - Música clássica.

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Os grupos deverão posicionar-se de maneira que os integrantes vejam o “dançarino” de ângulos diferentes. Darei a sugestão de sentarem em um círculo. Esta atividade deverá durar uns trinta minutos. Após os desenhos serem feitos e as músicas terem tocado, cada aluno poderá expor ao grande grupo o que sentiu ao ouvir as músicas, ao dançar, e principalmente o que observou ao tentar desenhar os movimentos feitos pelos colegas. Assim ao final, selecionarei algumas imagens feitas pelos próprios alunos e faremos uma breve leitura destas imagens, nas quais ressaltarei a expressividade dos desenhos e a forma como representaram o corpo.

REALIZADO: Ao chegar a turma a professora titular já se encontrava na sala. Dei bom dia a turma com dificuldade, pois estava sem voz ao final da manhã devido a uma forte amidalite que me deixou a base de remédios a semana inteira. A turma, é claro, mal me ouviu e por serem muito agitados, continuaram conversando muito. Pedi então, a ajuda da professora para poder comunicar com eles. Ela pediu silêncio e também que a turma me auxiliasse por causa do meu estado de saúde. Comuniquei-me com dificuldade, mas pedi a turma para que nos dirigíssemos ao auditório, pois nossa aula seria diferente. Chegando lá, a turma estava extremamente agitada e tive um pouco de problema ao tentar acalmá-los. Ainda bem que a professora titular estava junto a mim para me auxiliar. Comecei a aula mostrando a apresentação em power point com as obras de Degas. Isto me auxiliou, pois ao ler as imagens pouco falei e sim deixei eles se pronunciarem quanto a leitura deles. Referente a esta imagem:

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Prima Bailerina, 1876, Degas (Fonte: Degas in Degas, p.38)

Ótimos comentários foram feitos como: -Olha a posição da bailarina. Ele retratou o movimento dela. E um colega completou dizendo que ela não ficou parada fazendo essa pose para ele. Ela dançava e o pintor observava. Após a apresentação iniciei a atividade prática da aula. Expliquei a eles que se dividiriam em grupos. Cada grupo teria uma função por vez. Enquanto um grupo dança, o outro desenha através de esboços os movimentos que os colegas faziam ao dançarem. A turma prontamente se propôs, um grupo subiu ao palco e o outro posicionou-se para desenhar. Ao colocar as músicas o grupo que estava no palco começou a dançar seguindo os ritmos musicais e movimentaram-se com expressividade.

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Ao terminarem a atividade fizemos um pequeno alongamento e pedi para que os alunos colocassem nomes nos trabalhos para me entregar. Observei rapidamente os desenhos e aleatoriamente selecionei alguns para fazermos uma leitura das imagens produzidas por eles. A dispersĂŁo foi grande, pois, por nĂŁo conseguir me posicionar devido Ă voz, alguns alunos se prevaleceram e ficavam conversando e rindo paralelamente a aula. Conversei com eles mostrando alguns desenhos como:

Trabalho do aluno Pedro 82


Trabalho da aluna Roxane

Trabalho do aluno Roger 83


Neste desenho falei sobre o fato deles terem receio de colocar no papel o que olhavam, falei do medo de riscar, de ficar feio. Disse a eles a importância de se expressar, de deixar a música levar os sentidos deles a produzir os esboços. Ao terminar a aula, uma aluna que havia faltado a aula anterior, trouxe-me o atestado justificando a sua falta. Pediu-me para me entregar a sua releitura da obra que ela escolheu. Isso me surpreendeu de tal maneira e acolhi seu trabalho com muito orgulho. A aluna trouxe a sua montagem do quadro vivo em um Pendrive. O resultado foi este:

Trabalho da aluna Vitória

O resultado ficou esplêndido. Acolhi a releitura dela com carinho e fiquei com muito orgulho do trabalho que estou fazendo com eles.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Fundamental Quarto Encontro Aulas 7 e 8 Data da aula: 07/06/2013 Horário: 10h30min até 12h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Henri Matisse

Lista de Atividades: Apresentação em Power Point de reproduções de obras contendo representações de movimento do corpo na Arte do artista Matisse; Leitura de obras no grande grupo; Projeção de imagens de figuras humanas em papel pardo e construção de um grande painel com papéis picados.

Objetivos: Ampliar o conhecimento sobre a representação do corpo em movimento. Conhecer as obras de Henri Matisse.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; 85


Leitura de imagens. Desenho de esboços;

Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Reproduções de obras de Arte. Folhas de papel pardo Papéis coloridos Retroprojetor Tintas guache Pincéis

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: Iniciarei a aula levando a turma até a sala de projeção. Lá apresentarei uma pequena apresentação em PowerPoint contendo imagens sobre o artista Matisse. A apresentação conterá imagens como:

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Ă?caro (Henri Matisse, 1947) (Fonte:http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches.html)

Nu azul IV (Henri Matisse, 1952) (http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches.html)

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Nu Rosa (Henri Matisse) (Fonte: http://rockemetal.forumfree.it/?t=23621506)

Bathers with a Turtle - by Henri Matisse (Fonte:http://www.henrimatisse.org/henri-matisse-painting-gallery1.jsp)

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A Danรงa (Henri Matisse ) (Fonte:http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches.html)

A Danรงa (Henri Matisse, 1910) (Fonte:http://noticias.universia.com.br)

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Após mostrar as imagens e comentar sobre o artista, focarei a leitura de imagens nas obras da fase recortes. Questionarei os alunos quanto a leitura formal da seguinte obra: -O que podemos observar na imagem? -Quais os elementos que chamam a atenção? - Quais as cores que predominam? - Que formas podemos distinguir? -O que notamos em relação ao corpo na imagem? -Como vocês descreveriam a postura do corpo na imagem? Após os questionamentos, explicarei a atividade prática da aula. O meu objetivo é que os alunos percebam a representação do corpo em movimento nas obras de Henri Matisse. A turma se dividirá em grupos de seis alunos. Cada grupo receberá um rolo de dois metros de papel pardo. Um aluno do grupo(escolhido por eles) será o aluno “molde”. Este projetará com a luz do retroprojetor a sua sombra no papel pardo que ficará fixo nas paredes. O restante do grupo fará o contorno da forma. Ao terem o contorno definido os alunos preencherão a forma com papéis coloridos e pintarão com tinta. Após a execução da tarefa, faremos a leitura das obras no grande grupo. Questionarei os alunos quanto: As posições escolhidas; Cores; Representa-se forma humana; Se representam movimento; Após montaremos uma exposição com os trabalhos. As imagens ficarão expostas no corredor da escola.

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REALIZADO: Ao tocar o sinal das dez e meia, imediatamente subi para a sala do sexto ano. Ao chegar lá, a professora titular tentava acalmar a turma, que estava excessivamente agitada. Ao entrar na sala fui recebida com alegria e animação, típicos desta turma. Esperei a professora dar os seus recados para a turma, levando poucos minutos e cumprimentei-os com alegria. Para iniciarmos a aula levei-os até o laboratório de informática, pois o Datashow e o auditório estavam reservados para estes períodos. A turma ficou ainda mais animada, pois como eles mesmos disseram: -Os outros professores não nos levam pra outros lugares. Eu entendo, pois esta turma é um grande desafio, eles são extremamente agitados, dispersos e comunicativos, o que para o meu projeto é excelente, por isso não tenho dificuldades com eles. Levei comigo o meu pen drive com a apresentação em Power Point sobre as obras do artista, mas não utilizei. No momento em que chegamos ao laboratório os alunos se posicionaram nos computadores e então expliquei a eles como seria a nossa aula. Primeiramente disse-lhes que faríamos uma pesquisa sobre o artista Henri Matisse. Buscaríamos informações sobre a sua vida, mas mais sobre as suas obras. Em especial pedi a eles que pesquisassem sobre a fase recortes do artista. Este trabalho me surpreendeu, pois ao verem tantas imagens do artista isto manteve a atenção deles. Por aproximadamente quarenta e cinco minutos a turma ficou fazendo leitura de imagens, analisando as obras e principalmente aquelas que faziam parte da fase recortes de Henri Matisse. Ao ver que o tempo passava propus a eles que escolhessem uma imagem que tenham gostado e que buscassem o nome correto e o ano e me enviassem por email. Nem é preciso falar com que agilidade isto foi feito. Recebi e-mails de todos os alunos, contendo a identificação do aluno, a imagem em anexo, a identificação da obra e o ano da mesma. Ao encerrarmos esta parte propus nossa atividade prática. Faríamos a representação do corpo humano como o artista fazia. Levei-os até o pátio da escola, 91


pois estava um clima agradável e eu gostaria que eles tivessem mais liberdade de se expressar aproveitando o clima de final de manhã. Ao chegarmos ao pátio expliquei-lhes que a atividade consistia em escolherem um colega para projetarem a sombra no papel pardo, após, utilizando papéis coloridos e tinta têmpera, fariam a representação desta sombra se tornar uma obra como as do artista Henri Matisse. Mal terminei de falar e a turma quase que imediatamente correu para pegar os papéis pardos e as tintas. A turma não utilizou os papéis coloridos, eles queriam colocar a mão na tinta. E me pediram para usar as mãos. Com empenho as representações ficaram lindas.

Trabalho das alunas Roxane, Bárbara, Francieli e Vitória

Segundo August Macke (1912), o homem exterioriza sua vida pelas formas. Toda forma artística exterioriza sua vida interior. O exterior da forma artística é sua forma interior. Assim os alunos exploram a exteriorização das suas vidas na Arte com a prática que estamos exercendo nas aulas. Através da leitura das imagens, da aplicação da teoria na prática. 92


Trabalho das alunas Juliana, Bรกrbara, Tamyres e Bianca

Trabalho dos alunos Pedro, Marcus, Lucas, Pedro e Joana 93


Roberta Dias Fagundes Ensino Fundamental Quinto Encontro Aulas 9 e 10 Data da aula: 13/06/2013 Horário: 10h30min até 12h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Hélio Oiticica Parangolés

Lista de Atividades: Apresentação de vídeos sobre a vida e a obra do artista Hélio Oiticica. Apresentação em Power Point de reproduções de obras das diversas fases do artista Hélio Oiticica; Leitura de obras no grande grupo; Criação de temas para a produção de Parangolés.

Objetivos: Ampliar os conhecimentos sobre a vida e a obra do artista Hélio Oiticica; Despertar o interesse e o censo crítico dos alunos através da elaboração de temas para a confecção dos Parangolés.

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Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens. Apresentação de vídeos; Debate sobre Parangolés; Elaboração de temas críticos para a confecção de Parangolés.

Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Representação de obras de Arte.

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: Levarei a turma até a sala do Datashow. Lá apresentarei a turma um vídeo documentário sobre a vida artística de Hélio Oiticica. Este vídeo tem a duração de aproximadamente doze minutos e está disponível no site You Tube. Após fazer a apresentação do vídeo, explicarei com minhas palavras as obras do artista. Falarei sobre os Bólides e os Penetráveis, mas focarei meus dizeres nas obras denominadas Parangolés. Mostrarei imagens das obras enquanto explico as regras de se fazer o Parangolé.

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Parangolés, 2012, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

Parangolés, 2012, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

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Parangolés, 2012, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

Parangolé, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

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Parangolé, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

Após analisarmos as representações das obras na sala do Datashow, indagarei a turma, fazendo uma conexão com as manifestações que estão ocorrendo no Brasil hoje. Instigarei eles a terem algo a reivindicar, se opor, reclamar, criticar, apoiar e defender. Assim, os alunos escolherão temas para a confecção dos Parangolés. Após serão escolhidas as cores que usarão para representar as suas ideias. Encerrarei a aula pedindo material para a confecção dos Parangolés.

REALIZADO: Iniciei a aula levando a turma até a sala do Datashow. Ao chegarmos lá, apresentarei a eles um vídeo documentário sobre o artista Hélio Oiticica disponível no YouTube pelo link: 98


http://www.youtube.com/watch?v=wq6ta7RXr0g Este documentário tem aproximadamente doze minutos e relata através de pesquisadores e amigos do artista, sua vida nas Artes e suas obras. Pedi aos alunos que prestassem atenção no momento em que o documentário explicaria sobre os Parangolés. E pedi também para que fizessem anotações sobre o que acharam importante das falas dos pesquisadores e amigos do artista. Observei atentamente a turma durante a exibição do vídeo e fiquei surpresa com a atenção que os alunos dedicaram a esta etapa da nossa aula. Pedi que se os alunos tivessem questões para me perguntar sobre as obras, que ao final do vídeo o fizessem. Foi o que aconteceu. Ao encerrar o documentário os alunos bateram palmas. Fiquei surpresa. E perguntei o que acharam do vídeo. Muitos levantaram as mãos. Perguntas surgiram: - Como ele fazia os Parangolés? - Podemos entrar na obra Penetráveis? - Ele já morreu? Respondi a todas as perguntas com clareza o que permitiu, acredito eu, que eles compreendessem mais sobre o artista. Uma aluna levantou a mão e disse: - Eu gostei da frase: “Eu não pintei, eu acabei com a tinta!” Notei que a aluna havia anotado em seu caderno a frase citada no vídeo. Achei o máximo. Adoro essas demonstrações de empenho e interesse. Após um aluno perguntou-me se nós dançaríamos como no vídeo. Para responder mostrei a eles outro vídeo, disponível no YouTube pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=PxHJIer99EU Este vídeo contém o registro de crianças e adolescentes que visitaram a exposição de Hélio Oiticica e vestiram os Parangolés e saíram dançando pela sala da exposição. Um vídeo muito agradável de se ver, e com certeza inspirador.

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Após o vídeo olhei para a turma com um sorrisinho no rosto que denunciou tudo. Eles caíram na gargalhada e adoraram a ideia. Ficaram eufóricos e já queriam sair dançando. Tive que acalmá-los e explicar como procederíamos no final do nosso projeto. Expliquei que escolheríamos os temas nos minutos que nos faltavam e na próxima aula confeccionaríamos os Parangolés. Disse a eles que os temas seriam livres, mas que teriam que ter conteúdo para ser reivindicado, não poderiam escolher por escolher. Pedi então que os alunos escrevessem em uma folha de papel o tema escolhido e as cores que fariam a composição dos Parangolés. Após muito pensarem e discutirem sobre os temas, muitas ideias boas surgiram como:  Defesa dos animais;  Em defesa do meio ambiente;  Fome no mundo;  Mais educação no mundo e etc. A aula terminou com o sinal tocando e os alunos combinando o material que usariam para confeccionar os Parangolés. Mais uma vez saí da aula satisfeita com o desempenho dos alunos e principalmente com o interesse que demonstraram pela arte do Hélio Oiticica. Segundo Paul Klee, quanto mais horrível este mundo (como hoje), mais abstrata a arte será, já que um mundo feliz produz uma arte realista. Assim, pretendo mostrar para os alunos que o trabalho que estamos executando mexe muito mais com os sentimentos do que com a razão. As abstrações dos trabalhos de Oiticica através dos Parangolés causaram estranheza nos alunos. Estranheza essa que foi sendo – e será cada dia mais – dissipada conforme compreendemos que essa Arte não deve ser pensada e sim agida, executada e principalmente sentida.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Fundamental Sexto Encontro Aulas 11 e 12 Data da aula: 21/06/2013 Horário: 10h30min até 12h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Hélio Oiticica Parangolés

Lista de Atividades: Apresentação de uma música denominada Parangolé Pamplona; Conversação sobre a letra da música; Confecção de Parangolés.

Objetivos: Despertar o interesse e o censo crítico dos alunos através da elaboração de temas para a confecção dos Parangolés.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Apresentação de uma música; 101


Debate sobre Parangolés; Confecção de Parangolés.

Materiais e recursos a serem utilizados: Aparelho de som; Pendrive contendo a música; Tecidos de variadas cores; Tesoura; Linhas e agulhas; Joaninhas; Durex.

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: A aula iniciará com a preparação da sala para a confecção dos Parangolés. A turma organizará a sala de aula colocando as classes encostadas nas paredes, disponibilizando o espaço para locomoção. Iniciarei os trabalhos colocando a música Parangolé Pamplona da artista Adriana Calcanhoto. “O parangolé pamplona você mesmo faz O parangolé pamplona a gente mesmo faz Com um retângulo de pano de uma cor só E é só dançar E é só deixar a cor tomar conta do ar Verde 102


Rosa Branco no branco no peito nu Branco no branco no peito nu O parangolé pamplona Faça você mesmo E quando o couro come É só pegar carona Laranja Vermelho Para o espaço estandarte "Para o êxtase asa-delta" Para o delírio porta aberta Pleno ar Puro Hélio Mas O parangolé pamplona você mesmo faz”

Após a execução da música questionarei os alunos sobre o que gostaram, o que lhes chamou atenção na letra da música tocada. Após os questionamentos e discussões sobre a música explicarei a turma a relação de Adriana Calcanhoto com o artista Hélio Oiticica. Uma amizade de longa data. Em seguida os alunos terão o tempo de aula para a elaboração e confecção dos Parangolés.

REALIZADO: Cheguei na sala de aula e a professora titular estava fazendo a chamada. Aguardei, e em seguida ela se retirou a sala me desejando boa sorte. Notei que algo havia acontecido, pois a turma estava extremamente agitada. Dei-lhes um bom dia e pedi que se sentassem para conversarmos. Os alunos estavam inquietos e queriam começar os trabalhos logo, ansiosos e até de certa forma nervosos. Pedi então que se acalmassem para iniciarmos nossa aula. 103


Coloquei em cima da mesa do professor minha caixa de som cor de rosa com o pen drive contendo a música Parangolé Pamplona da artista Adriana Calcanhoto. Ao apertar o play, a turma se calou e ao ouvir a música muitos riram do ritmo da mesma. Ao terminar perguntei para a turma o que lhes chamou a atenção na letra da música. Uma aluna levantou a mão e disse: -Parangolé você mesmo faz! Me senti feliz em ver que eles entenderam a música e assim alcancei um objetivo trazendo para a aula um recurso didático não usado na turma por nenhum professor. Assim escrevi no quadro a frase ressaltada pela aluna e expliquei para a turma a importância de casa um confeccionar seu próprio Parangolé. Deixei-os motivados e pedi que começassem os trabalhos. Fiquei perplexa pela organização, disposição e entusiasmo que demonstraram. Os Parangolés foram se moldando e começando a existir com aquelas lindas cores no espaço da sala.

Trabalho da aluna Juliana e Stephany

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Trabalhos das alunas Tamyres, Bรกrbara e Laura

Trabalho da aluna Bรกrbara

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Turma do 6° ano

Observando a turma com toda a sua empolgação, deparei-me com uma reflexão do meu trabalho neste estágio. Uma avaliação instantânea. Segundo Clemente Greenberg a arte é uma questão estritamente de EXPERIÊNCIA, não de princípios. E o que conta na arte em primeiro e em último lugar é a QUALIDADE. Todas as outras coisas são secundárias. Nesta fase da execução das atividades propostas aos alunos, concordo com o autor desta frase e vejo que mais uma vez alcancei meu objetivo proposto. Antes de tocar o sinal pedi aos alunos que organizassem seus Parangolés e levassem até uma sala no prédio das Séries Iniciais para que ficassem guardados até a próxima aula. A aula da semana seguinte será a da execução final desta obra.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Fundamental Sétimo Encontro Aulas 13 e 14 Data da aula: 28/06/2013 Horário: 10h30min até 12h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Hélio Oiticica Parangolés

Lista de Atividades: Término da confecção de Parangolés; Apresentação de vídeos sobre os Parangolés; Performance com os Parangolés; Avaliação das aulas.

Objetivos: Incentivar os alunos a se expressar artisticamente e criticamente através do corpo com o uso dos Parangolés.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; 107


Apresentação de vídeos; Debate sobre Parangolés; Apresentação performática com Parangolés.

Materiais e recursos a serem utilizados: Aparelho de som; Pendrive contendo a música; Datashow; Vídeos You Tube;

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: Iniciarei a aula levando a turma para a sala do Datashow. Lá apresentarei vídeos disponíveis no You Tube pelos seguintes links: http://www.youtube.com/watch?v=Wj7EHPrxVVM http://www.youtube.com/watch?v=uk5bR9Uc_PQ http://www.youtube.com/watch?v=0Tt-RU4XWZU Estes vídeos contêm performances de outras pessoas, incluindo a artista e cantora Adriana Calcanhoto, com Parangolés. Após questionarei os alunos sobre o que lhes chamou a atenção

e

apontarei alguns detalhes falados nos vídeos, como regras para se fazer um Parangolé citados pela Adriana Calcanhoto e a forma livre como se expressam através do uso do Parangolé com ritmos diferentes de música.

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Após essa conversa os alunos se vestirão com os Parangolés. Em seguida sairemos até o pátio da escola para a performance com as vestimentas confeccionadas pelos alunos. Esta etapa da aula será filmada e fotografada. Após a apresentação a turma será dirigida para a sala de aula. Lá faremos uma avaliação dos nossos encontros. Pedirei aos alunos que se expressem livremente, levantando pontos positivos e negativos nas aulas.

REALIZADO: Ao tocar o sinal para o início da aula, dirigi-me a sala de aula acompanhada da minha Orientadora, a professora Rejane Ledur. Ao chegar a sala a professora titular estava fazendo a chamada. A turma estava mais agitada que o normal, pois três alunos que estavam suspensos tinham voltado da suspensão neste dia. Aguardei a professora sair para fazer os combinados da aula. Organizei nosso encontro para que pudéssemos seguir um caminho mais organizado e produtivo. Pedi aos alunos que fossem buscar seus Parangolés na sala onde guardaram no encontro passado. Após no dirigimos a sala do Datashow. Lá iniciei uma dinâmica de encerramento, agradecimento e incentivo pelas aulas de Artes que fizemos juntos. Entreguei a cada aluno um recorte de papel contendo frases de Hélio Oiticica. Todas sem identificação para que através de uma conversa os alunos entendessem sobre o que e quem as frases se referiam. Algumas das frases que eles receberam:  É incorporação do corpo na obra e da obra no corpo.  Somos construtores da estrutura, da cor, do espaço e do tempo, [todos] os que acrescentam novas visões e modificam a maneira de ver e sentir.  Quando as coisas ficarem muito pesadas, me chame de 'hélio', o gás mais leve que existe...

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A poesia é feita de palavras poderosas que tocam profundamente, que reconhecemos instantaneamente como uma espécie de verdade subjetiva e que tem uma realidade objetiva porque alguém a percebeu. A isso se chamará de poesia mais tarde. (Allen Ginsberg, em "No Direction Home", in filme de Martin Scorcese, 2005)

Juntamente com os recortes entreguei a cada aluno uma bala de caramelo, para adoçar o nosso momento e agradeci o esforço e dedicação que empenharam em nossos trabalhos e reflexões. Pedi então que alguém se voluntariasse e lesse em voz alta uma frase que lhe tenha chamado a atenção e que se possível comentasse o que entendeu. A turma estava extremamente agitada e manter silêncio para este debate estava muito difícil. Tive que pedir muitas vezes para que alguns alunos parassem de bagunçar e prestassem atenção no que os colegas tinham a dizer. Mesmo sem total concentração segui conversando com a turma e debatendo as frases lidas. Perguntei se eles sabiam de quem eram as citações. Eles pararam para pensar e lá no fundo da sala uma menina falou: - Hélio Oiticica! Respondi que estava certa e perguntei o que afez pensar daquela forma. Ela então leu a frase em voz alta ressaltando a palavra Hélio citada. Tive que interromper este momento da aula pois a dispersão estava grande então notei que não estava alcançando o meu objetivo. Parti para a próxima parte da aula. Os vídeos. Apresentei para turma os vídeos contendo performances de Parangolés a fim de incentivar e instruí-los para o nosso momento de execução e desempenho com os Parangolés. Destaco que em um dos vídeos a artista Adriana Calcanhoto ela explica que para o Hélio Oiticica não havia uma clara definição, uma palavra para definir o uso do Parangolé. Destaca ainda que utilizar a palavra dança é errôneo, pois o artista não atribuía nomes ao seu trabalho, como ela cita uma coisa sem nome que recebeu o nome de Parangolé.

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Os alunos olhavam fixamente os vídeos. Perguntei se eles estavam preparados e muitos disseram que sim, alguns disseram nervosos que não. Mas as risadas tomaram conta da aula. Pedi então que os alunos se vestissem e que descêssemos para o pátio. Chegando lá coloquei a música Parangolé Pamplona da artista Adriana Calcanhoto para que eles entrassem no clima e fizessem uma boa performance. Fiz um vídeo de gravação da apresentação que está disponível no You Tube pelo link abaixo: http://www.youtube.com/watch?v=ZbKX1J29jBs&feature=youtu.be

Ao apresentarmos tiramos uma foto em grupo e pedi para a turma se dirigir a sala de aula. Lá pedi para os alunos exporem o que acharam das aulas, pontos positivos e negativos. Recebi muitas cartinhas com agradecimentos, elogios e até pedidos para que eu me tornasse a professora titular de Artes na turma. Achei isso maravilhoso e ter minamos nosso último encontro com muitos beijos a abraços ao tocar o sinal para o fim da nossa aula.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Médio Primeiro Encontro Aulas 1 e 2 Data da aula: 02/05/2013 Horário: 21h30min até 23h

Tema da Aula: A representação do corpo na Arte

Conteúdos: História da representação do corpo na Arte Lista de Atividades: Apresentação em Power Point da história da representação do corpo na Arte; Leitura de obras em grupo; Organização da turma para a criação de um quadro vivo.

Objetivos: Refletir sobre a representação do corpo na mídia e introduzir a representação do corpo na história da Arte. Criar um quadro vivo a partir de uma obra de arte

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens.

Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Reproduções de obras de Arte.

Avaliação: 112


Os alunos serão avaliados através de suas participações e envolvimento no assunto do projeto.

PLANEJADO: A aula iniciará com o deslocamento da turma até a sala de data show. Nesta sala será apresentado um Power point sobre a representação do corpo na Arte. Esta apresentação consistirá em relatar através de imagens e suas leituras a mudança na forma de se representar o corpo na Arte. Terá o tempo de mais ou menos 25 minutos Serão mostradas imagens como:

Egyptian Lotus (Fonte: Arte Egípcia,2008,p.54) Ao falar do Egito explicarei a lei da frontalidade e observaremos a forma de representar a forma humana. Na Grécia mostrarei imagens das esculturas clássicas como:

Laocoonte e seus filhos (Fonte: A Arte Grega, 2009, p.23) 113


Relatarei como as esculturas representavam o corpo na época, falarei também da beleza e da riqueza de detalhes. Citarei artistas que trabalharemos durante as aulas:

A dançarina vista de perfil, Degas (Fonte: www. http://www.canvasreplicas.com/Degas3.htm)

A Dança, Matisse (1910) (Fonte: www.galeriadefotosuniversia.com.br)

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Parangolé (Fonte: http://jornaldoporao.wordpress.com/2012/06/06/parangoles-helio-oiticica)

Explicarei para turma a importância da participação deles na execução do trabalho. Após a apresentação a turma será dividida em grupos. Cada grupo receberá uma reprodução de uma obra de Arte de alguns dos períodos históricos observados no Power Point. Os grupos farão uma leitura de imagem com a obra recebida. Esses apontamentos serão discutidos rapidamente de forma oral, os alunos relatarão suas observações e a professora auxiliará nas leituras, com questionamentos do tipo: -O que o grupo observou na imagem? -Quais os elementos que chamam a atenção? -O que notamos em relação ao corpo nas imagens? -Como vocês descreveriam a postura do corpo na imagem? E etc.

Esta atividade tem o tempo estimado de 20 minutos. Após a conversa cada grupo escolherá uma das obras estudadas para representar através de um “quadro vivo”. 115


A turma terá o tempo de mais ou menos 30 minutos para escolher a obra, analisar as observações já feitas pelos colegas e organizar o grupo. Esta organização consistirá em delegar a cada colega um “personagem” presente na obra ou material para ser trazido para a próxima aula. Todos os alunos dos grupos deverão participar de alguma forma. Será pedido para os grupos que tragam câmeras digitais para a próxima aula. REALIZADO:

Cheguei à escola um pouco antes do horário da aula. Dirigi-me a sala da supervisão escolar, cumprimentei a todos e pedi as chaves da sala de projeção. Ao chegar à sala audiovisual, notei que tudo nela era novo. Aparelhos modernos, lousa digital, cadeiras acolchoadas e ambiente climatizado. Ótima maneira de começar. Ao tocar o sinal me dirigi à sala de aula da turma e aguardei a professora titular. Ela educadamente me apresentou a turma não mais como observante e sim como professora das aulas de Artes. Conversou com a turma que durante sete semanas eu administraria as aulas de Artes. A turma não ficou surpresa com a notícia e a professora ficou feliz, afinal de contas a área de especialização dela é Educação Física. Para iniciar desejei uma boa noite e pedi que me acompanhassem até a sala de audiovisual da escola que se localizava duas portas a direita da sala de aula da turma. Todos entraram e se posicionaram nas cadeiras. Neste instante vi claramente a divisão da turma. Os alunos interessados sentaram-se da metade da sala para frente. O grupo de alunos menos interessados sentaram-se no fundo e colocaram os fones de ouvido em uma das orelhas, escondendo os aparelhos celulares. A projeção já estava na parede com a apresentação que elaborei. E notei vários alunos lendo o título e alguns ao lerem até faziam expressões de confusão e não entendimento. Comecei então explicando o tema da aula e o que eu pretendia alcançar com a turma ao final das sete aulas. Os primeiros slides mostravam a visão da sociedade de hoje, corpos muito musculosos:

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Ou muito magros:

O uso do foto shop:

Ao mostrar as imagens os alunos concordavam e davam risada. Diziam que já usaram muito o photoshop e que só veem lindas e musculosas mulheres em capas de revistas. Alguns meninos riram e diziam “-Graças a Deus! Baranga não!” Após este 117


início, acredito eu, bem otimista e participativo dei continuidade a apresentação. Após começar falando sobre a representação do corpo nos dias de hoje, passei a contar a história da representação do corpo na Arte. Iniciei pelo Egito, onde a turma já havia trabalhado nas aulas anteriores. Mas foquei na representação do corpo e principalmente na lei da frontalidade. A turma adorou esta parte, pois o grupo no fundo da sala retirou os fones de ouvido pra me ouvir falar. Ao mostrar os slides sobre a Grécia a turma fez total silêncio para me ouvir e por um segundo parei de falar e observei a turma olhando a imagem e acompanhando a leitura que estávamos fazendo da mesma. Olhares fixos e atentos. Excelente sensação. Ao seguir com a história da representação cheguei finalmente nos artistas que trabalharemos. E, entre Matisse, Degas e Hélio Oiticica, a turma adorou os parangolés de Hélio Oiticica. Neste momento muitas perguntas surgiram como: “-A obra é assim? Isso é uma foto? Ele saia assim na rua? Expliquei superficialmente e disse à turma que teríamos uma aula para aprofundarmos estas questões. Tive que tomar esta providência porque como a turma é participativa o tempo estava correndo e eu precisava dar continuidade e também porque teríamos tempo em outra aula para trabalharmos melhor estas questões. Ao encerrar a apresentação uni a curiosidade dos alunos pelo fato dos parangolés serem inteiramente vivenciados pela presença da pessoa e propus para turma a atividade que iniciaríamos a esta noite e que apresentaríamos na próxima semana. Selecionei várias imagens de representações do corpo na Arte e pedi que a turma se dividisse em grupos e após viessem até a mesa escolher uma imagem que lhe chamassem atenção. Os membros dos grupos vieram até a mesa, olhavam com curiosidade as reproduções e aos poucos foram escolhendo suas obras. Quando todos haviam escolhido e sentado novamente, eu então propus o trabalho. Comuniquei à turma que faríamos um quadro vivo. A turma caiu na gargalhada, e imediatamente me perguntaram se eu estava falando sério. Eu respondi que sim e pedi que antes de 118


continuarmos que os grupos observassem os elementos formais das obras, como cores, elementos que compunham a obra e que observassem principalmente a disposição das figuras humanas contidas nas obras. Expliquei que após observarem com calma o trabalho ia deixando de ser complicado, pois as formas humanas estando em movimento ou não são representações de ações e movimentos do dia a dia. Assim a turma se sentiu mais a vontade e quase que imediatamente se uniram em seus grupos. Cada um tornando-se um personagem. Combinando quais roupas usariam, quais objetos trariam e como se posicionariam. As reproduções escolhidas foram:

A Virgem e o Menino com Santa Anna - Leonardo da Vinci (Fonte: http://milhasapercorrer.blogspot.com.br)

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Os Jogadores de Futebol – Henri Rousseau ( Fonte: http://www.pinturasemtela.com.br)

Jacob abençoando os filhos de José, Rembrandt ( Fonte: http://pucartepublicidade.blogspot.com.br)

Para encerrarmos a aula, agradeci a participação deles e pedi que trouxessem câmeras digitais para registrarmos nossos quadros vivos na próxima semana. 120


Os integrantes dos grupos entregaram as reproduções, pegaram seus materiais e foram embora. Quando terminou, respirei fundo e me senti bem, pois acredito que alcancei o objetivo do dia e talvez iniciado uma faísca de curiosidade para as próximas aulas.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Médio Segundo Encontro Aulas 3 e 4 Data da aula: 09/05/2013 Horário: 21h30min até 23h

Tema da Aula: A representação do corpo na arte

Conteúdos: Representação do corpo na Arte Quadro vivo

Lista de Atividades: Organização da turma para a apresentação dos quadros vivos. Criação dos quadros vivos e registro através de fotografias. Leitura das obras criadas pelos grupos.

Objetivos: Criar um quadro vivo a partir de uma obra de arte Refletir sobre a representação do corpo em suas várias formas e posições.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens.

Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Representação de obras de Arte. Câmeras fotográficas 122


Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento no assunto do projeto.

PLANEJADO:

Iniciarei a aula organizando a turma para as apresentações. Levá-los-ei até a sala de projeção. Os grupos terão o tempo de vinte minutos para a preparação das vestimentas, maquiagem e acessórios. Após a organização inicial será feito o sorteio da ordem das apresentações. O primeiro grupo deverá posicionar-se da melhor maneira possível, tentando lembrar a turma qual a obra escolhida para representarem. Enquanto o grupo estiver em posição, os colegas deverão registrar com fotos o quadro vivo. Após serão feitas as leituras de imagens. Indagarei a turma e o grupo sobre o que lhes chamou atenção na obra escolhida e quais detalhes os fizeram escolhê-la. Perguntarei também sobre o que lhes chamou a atenção na reprodução pra representar fielmente no quadro vivo. Isso ocorrerá sucessivamente até todos os grupos apresentarem. Esta atividade deverá levar pelo menos uns cinquenta minutos. Ao final, carregarei as fotos para o computador da escola e mostrarei a turma o resultado final deste trabalho. Enfim, conversarei com a turma sobre a leitura de imagens e sobre a posição deles frente a esta nova proposta de Arte que será trabalhada.

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REALIZADO:

Ao chegar a escola dirigi-me a sala de orientação escolar para dar-lhes boa noite. Após fui-me para a sala de aula da turma, pois faltavam poucos minutos para o início dos períodos de Artes. Ao tocar o sinal, esperei a turma entrar na sala e cheguei dando-lhes boa noite. Sempre muito educados respondem com atenção e me observam disfarçadamente. Acredito que eles têm uma curiosidade sobre o que farei na aula, como os surpreenderei. Só se é curioso na proporção de quanto se é instruído. (Jean Jacques Rousseau) Lembrei-me deste pensamento assim que entrei a sala, pois notei esta inquietação disfarçada, esses olhares de desconfiança, mas uma desconfiança boa, uma curiosidade sem perguntas. Pensei naquele momento que precisava continuar meu trabalho, continuar a alcançar meus objetivos e assim deixa-los mais inquietos, mais curiosos e quem sabe, conseguir ouvir com palavras o que estão pensando sobre a aula sem que eu tenha que perguntar. Para começar a aula perguntei para a turma se estavam preparados para a aula desta noite. Eles espantados responderam: -Preparados pra quê? -O que a senhora vai fazer hoje? -Tem prova hoje? Vi certo nervosismo, e dei gargalhadas junto com aqueles que tinham segurança de não haveria prova naquela noite. Perguntei então se haviam trazido os materiais pedidos na aula passada para apresentar os trabalhos do quadro vivo. Alguns responderam sim, mas a maioria disse que haviam esquecido. Achei normal, e até considerei positivo a quantidade de alunos que se empenharam, pois a escola não costuma exigir materiais de seus alunos, nem trabalhos nas aulas de Artes, muito menos exigiriam que se “transformassem” para um trabalho. Expliquei a turma que no primeiro momento mandaria os grupos irem ao banheiro para se trocarem e que eu estaria ajudando a arrumar a sala para as representações. Expliquei a turma que teria que mandar os alunos aos poucos, pois a escola não permite que os alunos saiam para ir ao banheiro todos juntos durante o 124


período de aula. Pedi então aos alunos que se apressassem, pois tínhamos muito trabalho pela frente e não podíamos perder tempo. Infelizmente essa troca de roupas e organização dos grupos demorou um pouco mais que o planejado, mas eles estavam empolgados e não perderam o entusiasmo. Começamos as apresentações escolhendo a ordem das apresentações. Ninguém se voluntariou. Então, decidi fazer por ordem da chamada. Quando anunciei a decisão, os alunos se alvoroçaram. Então um grupo levantou a mão e decidiu iniciar as apresentações. Foram muitas gargalhadas. O empenho deles me surpreendeu. Durante a organização do grupo, pude observar que os mesmos olhavam muito para a reprodução, movendo-se para tentar obter a mesma posição representada na imagem original. Infelizmente, não pude registrar as imagens pois minha câmera ficou sem bateria. O segundo grupo estava muito envergonhado, mas não se recusou a fazer de maneira alguma. O terceiro grupo se esforçou para representar a imagem original. Para terminar a aula mostrei para os alunos o vídeo Divertidas criações de quadros famosos. Este vídeo encontra-se o You Tube pelo link:

http://www.youtube.com/watch?v=11Th69G88kk

Os alunos davam gargalhadas e ficaram com o olhar fixo na projeção. Ao terminar o vídeo me indagavam sobreas obras e como foi divertido ver a recriação das obras. E após comentei com os alunos sobre as imagens que o trabalho deles produziram, fazendo uma comparação com o vídeo. Disse a eles que utilizar o corpo como arte deixa o trabalho mais vivo, e nos aproxima do universo da Arte. Universo este que infelizmente estava fora do alcance deles até agora, pois as aulas de Artes deles, não passaram de apresentações em power point sobre a Arte Egípcia. Apresentação esta que pedi a professora para olhar, e esta me deixou chocada. Nem 125


sequer havia um comentário sobre a lei da frontalidade. E para piorar, ao meu ver, os alunos passavam a aula copiando os slides. Segundo

Vasconcellos,

é

preciso

ser

planejado

com

qualidade

e

intencionalidade. A meu ver, a professora titular possui planejamento, mas não possui de maneira alguma uma intencionalidade no ato de planejar. Suas aulas não contagiam os alunos, não agregam conceitos nem conhecimentos, muito menos vivências.

Infelizmente não pude fazer a leitura das reproduções dos quadros-vivos pela falta de tempo. O que deixou os alunos muito felizes pois estavam com muita vergonha de aparecer em tela grande. Mais uma vez terminei a aula com uma satisfação e um sorriso no rosto. Acredito que alcancei os objetivos propostos para esta aula. Com todas as limitações que a turma tem, os trabalhos ficaram muito bons.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Médio Terceiro Encontro Aulas 5 e 6 Data da aula: 16/05/2013 Horário: 21h30min até 23h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Edgar Degas

Lista de Atividades: Apresentação em Power Point de reproduções de obras contendo representações de movimento do corpo na Arte do artista Degas; Leitura de obras no grande grupo; Desenhos de esboços rápidos de movimentos com base em observações;

Objetivos: Ampliar o conhecimento sobre a representação do corpo em movimento a partir da análise de obras.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens. Desenho de esboços;

Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Reproduções de obras de Arte. 127


Folhas Giz Pastel oleoso

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: Iniciarei a aula levando-os até a sala do data show. Nesta sala haverá uma apresentação de slides em Power Point com imagens de obras de Arte do artista Degas. Falarei a turma um breve histórico do artista e focarei principalmente na sua maior paixão: o movimento do corpo. Esta atividade deverá levar 30 minutos no máximo, pois a turma é participativa. Mostrarei imagens como:

Foyer de Dança da Ópera, 1872, Degas (Fonte: Degas in Degas, p. 52)

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O professor de Ballet, 1876, Degas (Fonte: Degas in Degas, p. 49)

Cena de Ballet, 1878, Degas (Fonte: Degas in Degas, p. 47)

Ap贸s mostrar a turma algumas obras, n贸s nos concentraremos na seguinte obra e faremos a leitura desta imagem. Perguntarei a turma o que observam, o que

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lhes chama atenção no uso das cores, na forma do tracejado e principalmente na forma como o corpo e o movimento são representados.

Dancers at Rest, 1884-1885, Edgar Degas (Fonte: http://sonhar1000.blogspot.com.br)

Após mostrar a turma algumas obras, nós nos concentraremos na seguinte obra e faremos a leitura desta imagem. Perguntarei a turma o que observam, o que lhes chama atenção no uso das cores, na forma do tracejado e principalmente na forma como o corpo e o movimento são representados.

Dancer, Degas (Fonte: http://www.canvasreplicas.com/Degas176.htm)

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Após estas indagações, pedirei à turma que se reúnam em grupos de oito alunos. Em seguida explicarei a dinâmica da atividade que consistirá em representar através de rápidos esboços com carvão os movimentos que os colegas do grupo farão ao som de vários ritmos musicais. Serão tocadas as músicas abaixo citadas dos respectivos estilos musicais: Beleza rara (Ivete Sangalo) – Axé; Não deixa o Samba morrer (Sambô) - Samba; Sweet chield of mind (Gun’s in roses) - Rock; Primavera (Vivaldi) - Música clássica.

Os grupos deverão posicionar-se de maneira que os integrantes vejam o “dançarino” de ângulos diferentes. Darei a sugestão de sentarem em um círculo. Esta atividade deverá durar uns trinta minutos. Após os desenhos serem feitos e as músicas terem tocado. Cada aluno poderá expor ao grande grupo o que sentiu ao ouvir as músicas, ao dançar, e principalmente o que observaram ao tentar desenhar os movimentos feitos pelos colegas. Expor se acharam dificuldades, se conseguiram facilmente reproduzir o que observavam, enfim, demonstrar com palavras as ações e sentimentos que tiveram no momento da técnica. Após esta conversa selecionarei algumas imagens feitas pelos próprios alunos e faremos uma breve leitura destas imagens, no qual ressaltarei a expressividade dos desenhos e a forma como representaram o corpo.

REALIZADO: Cheguei na escola faltando apenas alguns minutos para o início da aula. Dei uma rápida passada na sala da orientação e supervisão para desejar-lhes boa noite e pedir as chaves da sala de projeção.

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Abri a sala e comecei a ligar o computador e o projetor. Aguardei alguns minutos e logo tocou o sinal. Aguardei a professora titular da turma chegar e trazer a turma para a sala de projeção. A turma chegou animada, mas ao mesmo tempo ressabiados, pois não sabiam o que esperar de mim naquela noite. Iniciei desejando-lhes boa noite e pedindo que se acomodassem de maneira confortável, pois aula seria ótima. Os alunos foram se acomodando nos lugares que desejavam sentar e assim iniciei a apresentação de Power Point. A apresentação consistia em slides contendo reproduções de obras do artista Edgar Degas. Os alunos observavam com atenção e enquanto eu explicava que o artista representava o movimento a partir da observação, muitos fizeram comentários como: -Nossa! Como ele fazia isso? -Não acredito que ele pintava e desenhava observando! -As bailarinas não faziam pose para ele desenhar? Ao falar-lhes que Edgar Degas era apaixonado pelo movimento e que em seus retratos as “modelos” estavam dançando no momento da criação da obra, deixou eles de queixo caído. Achei isto tão inocente e meigo, pois Degas é um dos artistas dos quais mais ouvi falar e olhar para os alunos e ver uma enorme surpresa e admiração me deixaram muito contente. Ao terminar a apresentação expliquei para a turma a dinâmica da aula. Pedi a eles que se posicionassem de maneira que todos pudessem ver a frente da sala. Distribuí folhas e carvão vegetal de desenho. Isto causou uma agitação normal na turma, pois eu já esperava que eles perguntassem o que era aquele material. Expliquei sobre o carvão e disse que eu utilizo o carvão quando sei que os alunos tem medo de riscar o papel. Eles concordaram e se propuseram a tentar fazer o melhor possível.

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Coloquei para a turma que ao tocar uma música um dos alunos ou até mesmo mais de um,(deixei livre para a escolha deles) deveria vir a frente do palco e dançariam conforme o ritmo da música que estaria tocando. Os outros alunos desenhariam com rápidos esboços o movimento que lhes chamassem atenção. No momento em que pedi para dançarem as gargalhadas tomaram conta da sala. A grande maioria dos alunos disse que não dançaria na frente dos outros. Eu já estava preparada para que isto pudesse acontecer. Propus então que os alunos fossem de duplas ou trios para frente da sala e fariam uma posição com o corpo. Contariam até cinco e mudariam de posição. Conforme a música fosse passando, o tempo diminuiria até que eles se movimentariam mais rapidamente até os movimentos se tornarem rítmicos e acompanharem a música. Assim a turma foi se soltando. Eles foram deixando a vergonha de lado e os desenhos foram ficando bem interessantes.

Trabalho da aluna Larissa

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Trabalho da aluna Joice

Trabalho da aluna Joice

Trabalho do aluno Patrick

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Trabalho do aluno Fabricio

Trabalho da aluna Ana Admirei-me

com a vontade desta turma em fazer Arte. Com todas as

dificuldades que eles enfrentaram e enfrentam nas aulas de Artes, o envolvimento deles me deixa orgulhosa a cada dia que passa neste estágio. “A arte é um exercício experimental de liberdade.” (Mário Pedrosa) Deparei-me com este pensamento de Mário Pedrosa e imediatamente relacionei-o com esta turma. Pois acredito que a Arte se faça presente neles através de exercícios experimentais, que os façam se aproximar do universo da Arte, até então pouco presente em suas vidas acadêmicas.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Médio Quarto Encontro Aulas 7 e 8 Data da aula: 06/06/2013 Horário: 21h30min até 23h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Henri Matisse

Lista de Atividades: Apresentação em Power Point de reproduções de obras contendo representações de movimento do corpo na Arte do artista Matisse; Leitura de obras no grande grupo; Projeção de imagens de figuras humanas em papel pardo e construção de um grande painel com papéis picados.

Objetivos: Ampliar o conhecimento sobre a representação do corpo em movimento.

Metodologia: Aula expositiva e dialogada; Leitura de imagens. Atividade prática;

Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show 136


Reproduções de obras de Arte. Folhas de papel pardo Papéis coloridos Retroprojetor Tintas guache Pincéis

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: Iniciarei a aula levando a turma até a sala de projeção. Lá iniciarei uma pequena apresentação em PowerPoint contendo imagens sobre O artista Matisse. Os slides conterão imagens como:

Ícaro (Henri Matisse, 1947) (Fonte:http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches.html)

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Nu azul IV (Henri Matisse, 1952) http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches.html

Nu Rosa (Henri Matisse) (Fonte: http://rockemetal.forumfree.it/?t=23621506)

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A Dança (Henri Matisse ) http://obviousmag.org/archives/2007/08/matisse_guaches.html

A Dança (Henri Matisse, 1910) (Fonte:http://noticias.universia.com.br/destaque/noticia/2012/04/05/921917/ conheca-danca-henri-matisse.html)

Após mostrar as imagens e comentar sobre o artista, focarei a leitura de imagens nas obras da fase dos recortes. Questionarei os alunos quanto a leitura formal da seguinte obra: -O que podemos observar na imagem? -Quais os elementos que chamam a atenção? - Quais as cores que predominam? - Que formas podemos distinguir? -O que notamos em relação ao corpo na imagem? -Como vocês descreveriam a postura do corpo na imagem?

Após os questionamentos, explicarei a atividade prática da aula.

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A turma se dividirá em grupos de seis alunos. Cada grupo receberá um rolo de dois metros de papel pardo. Um aluno do grupo(escolhido por eles) será o aluno “molde”. Este projetará com a luz do retroprojetor a sua sombra no papel pardo que ficará fixo nas paredes. O restante do grupo fará o contorno da forma. Ao terem o contorno definido os alunos preencherão a forma com papéis coloridos e pintarão com tinta. Após a execução da tarefa, faremos a leitura das obras no grande grupo. Questionarei os alunos quanto: As posições escolhidas; Cores; Representação da forma humana; Se representam movimento na obra; Após montaremos uma exposição com os trabalhos. As imagens ficarão expostas no corredor da escola.

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REALIZADO: Ao chegar à escola dirigi-me a sala da supervisão escolar para pegar as chaves da sala de projeção. Desejei-lhes boa noite e comentei com a supervisora que eu estava muito contente com o trabalho que estava fazendo, pois de todos os objetivos propostos, posso dizer que os alcancei com satisfação. Elogiei a turma para a professora titular, pois no início do estágio ela havia me dito que a turma era querida, mas não participativa ou estudiosa. Ela inclusive havia os chamado de “malandros” e “preguiçosos”. Dirigi-me a sala para ir ligando os aparelhos e instalando a apresentação de Power Point no computador. Esta continha slides com reproduções de obras do artista Henri Matisse. Ao tocar o sinal aguardei a professora titular trazer a turma para a sala de projeção. Recebi os alunos na porta desejando-lhes boa noite e perguntei entusiasmada: -Estão preparados? Óbvio que esta pergunta causou um alvoroço na sala. Os alunos perguntaram pavorosos: -O que você fará com a gente? Dei risadas e disse: -Aguardem e vocês verão! Para iniciar a aula, apresentei um Power Point contendo imagens diversas do artista Henri Matisse. Enquanto apresentava as imagens comentei a eles sobre as suas fases na pintura e nos recortes. Detive-me na fase recortes e mostrei a turma um livro que eu possuía que era dedicado a este momento de sua vida artística:

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Esta apresentação deteve a atenção dos alunos e gerou questões como: -Como ele fazia isso? - Ele tinha modelos para posarem pra ele? -Ele usava tesoura? Respondi as perguntas com segurança, pois havia estudado bastante sobre o artista. Disse-lhes que o artista utilizava modelos que posavam para ele, que ele movimentava rapidamente as mãos com a tesoura, provocando imagens de figuras humanas. Então me lembrei de um pequeno vídeo que eu possuía do artista recortando. O vídeo tem apenas quarenta e sete segundos e está disponível no site YouTube pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=qlnBcaZEGb0 Eles ficaram perplexos e senti que ter mostrado o vídeo a eles fez a Arte de Matisse se tornar mais real, mais próxima deles. Segundo Ana Hatherly, “Em arte, a realidade verdadeiramente possível é a que nós inventamos. ” E eu acredito nisto, mas, ao ver os alunos observando atentamente o artista criando uma obra em apenas alguns segundo, me fez pensar que observar uma criação auxilia na formação de uma nova inspiração. Foi isto que aconteceu. Ao mostrar o vídeo notei que os alunos ficaram empolgados e com a certeza que podiam fazer seus trabalhos. Assim, expliquei a dinâmica da aula. Distribuí os rolos de papel pardo para os grupos, as folhas coloridas e deixei a mente deles criar. Quase que imediatamente eles se levantaram, reuniram-se nos grupos, vieram até eu pegar os materiais que havia disponibilizado e pediam a minha ajuda para que eu desse dicas, para que dissesse se estavam fazendo como pedi. Disse-lhes que no momento em que se levantaram da cadeira com empolgação para realizar o trabalho, já estavam fazendo o certo sem nem perceberem. O mesmo aluno que pediu minha ajuda disse:

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- Isso ĂŠ que ĂŠ aula de Arte. Nem preciso dizer do orgulho que senti. Transbordou-me. Alguns trabalhos se destacaram:

Trabalho dos alunos Brenda, Aline, Fabricio e Jonas.

Trabalho dos alunos Ana, Amanda, Grasiele e Brunna.

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Encerramos a aula recolhendo os trabalhos do chão e pendurando no corredor da escola. Eståvamos sentindo orgulho dos trabalhos. Penduramos com satisfação e enormes sorrisos nos rostos.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Médio Quinto Encontro Aulas 9 e 10 Data da aula: 13/06/2013 Horário: 21h30min até 23h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Hélio Oiticica Parangolés

Lista de Atividades: Apresentação de vídeos sobre a vida e a obra do artista Hélio Oiticica. Apresentação em Power Point de reproduções de obras das diversas fases do artista Hélio Oiticica; Leitura de obras no grande grupo; Criação de temas para a produção de Parangolés.

Objetivos: Ampliar os conhecimentos sobre a vida e a obra do artista Hélio Oiticica; Despertar o interesse e o censo crítico dos alunos através da elaboração de temas para a confecção dos Parangolés.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Leitura de imagens. Apresentação de vídeos; Debate e elaboração de temas críticos para a produção artística. 145


Materiais e recursos a serem utilizados: Data Show Representação de obras de Arte.

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de suas participações e envolvimentos nas atividades.

PLANEJADO: Levarei a turma até a sala do Datashow. Lá apresentarei a turma um vídeo documentário sobre a vida artística de Hélio Oiticica. Este vídeo tem a duração de aproximadamente doze minutos e está disponível no site You Tube. Após fazer a apresentação do vídeo, explicarei com minhas palavras as obras do artista. Falarei sobre os Bólides e os Penetráveis, mas focarei meus dizeres nas obras denominadas Parangolés. Mostrarei imagens das obras enquanto explico as regras de se fazer o Parangolé.

Parangolés, 2012, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

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Parangolés, 2012, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

Parangolés, 2012, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

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Parangolé, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

Parangolé, Hélio Oiticica (Fonte: www.itaucultural.org.br)

Após analisarmos as representações das obras na sala do Datashow, indagarei a turma, fazendo uma conexão com as manifestações que estão ocorrendo no Brasil hoje. Instigarei eles a terem algo a reivindicar, se opor, reclamar, criticar, apoiar e defender. 148


Assim, os alunos escolherão temas para a confecção dos Parangolés. Após serão escolhidas as cores que usarão para representar as suas ideias. Encerrarei a aula pedindo material para a confecção dos Parangolés.

REALIZADO: Iniciei a aula levando a turma até a sala do Datashow. Ao chegarmos lá, apresentarei a eles um vídeo documentário sobre o artista Hélio Oiticica disponível no YouTube pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=wq6ta7RXr0g Este documentário tem aproximadamente doze minutos e relata através de pesquisadores e amigos do artista, sua vida nas Artes e suas obras. Pedi aos alunos que prestassem atenção no momento em que o documentário explicaria sobre os Parangolés. E pedi também para que fizessem anotações sobre o que acharam importante das falas dos pesquisadores e amigos do artista. Durante a exibição do vídeo notei que a turma estava muito concentrada, estavam realmente prestando atenção no que estava sendo exposto a eles. Até riram quando o artista apareceu com seus enormes óculos e sua vasta cabeleira cacheada. Quando vídeo terminou concluí o vídeo com mais algumas questões sobre os Parangolés. Disse-lhes que este seria o nosso foco de estudo que concluiria o nosso projeto. Após explicar sobre as intenções de Hélio Oiticica com os Parangolés e com suas obras em geral, de tirar da parede a obra de Arte, de trazer o espectador para a obra, fazendo dele o objeto principal. Assim, tentei despertar na turma uma vontade de se expressar, uma inquietação sobre os dias de hoje, sobre a Arte dos dias de hoje, para que com isso eles pudessem criar seus próprios Parangolés. Mostrei então o vídeo disponível no YouTube pelo link: http://www.youtube.com/watch?v=PxHJIer99EU

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Este vídeo contém o registro de crianças e adolescentes que visitaram a exposição de Hélio Oiticica e vestiram os Parangolés e saíram dançando pela sala da exposição. Um vídeo muito agradável de se ver, e com certeza inspirador. Para minha surpresa, eles adoraram o vídeo e deram risada das crianças. E para me deixar ainda mais chocada, me perguntaram: - Nós vamos dançar também? -Vai ser hoje ou na aula que vem? Eu, feliz da vida, sorrindo de um lado a outro do rosto, pois não consegui disfarçar e manter a serenidade, respondi que faríamos a dança, ou interpretação na semana que vem após a confecção dos Parangolés. Imediatamente, aproveitando a empolgação da turma, pedi que eles que pegassem uma folha de papel para que anotassem as seguintes informações: *Nome: *Intenção escolhida para a confecção e execução do Parangolé: *Cores escolhidas: Este momento da aula foi extremamente recompensador para mim, pois muitas ideias excelentes surgiram, como:

* Maltrato aos animais. * Fome no mundo. * Discriminação racial * Problemas ambientais e muitas outras ideias.

Após a escolha dos temas, os alunos elegeram as cores que formariam seus Parangolés. A grande maioria pensou no que a cor passaria para as pessoas, qual a intenção das cores nos seus temas e a preocupação deles no que os outros estariam vendo. Se a cor escolhida transmitiria a informação que eles desejavam. Encerrei a aula pedindo para que os alunos trouxessem os tecidos das cores escolhidas, joaninhas e materiais para costura. Mais uma vez, sensação de dever cumprido e com orgulho.

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Roberta Dias Fagundes Ensino Médio Sexto Encontro Aulas 11 e 12 Data da aula: 21/06/2013 Horário: 21h30min até 23h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Hélio Oiticica Parangolés

Lista de Atividades: Apresentação de uma música denominada Parangolé Pamplona; Conversação sobre a letra da música; Confecção de Parangolés.

Objetivos: Despertar o interesse e o censo crítico dos alunos através da elaboração de temas para a confecção dos Parangolés.

Metodologia: Aula expositiva e dialogada; Apresentação de uma música; Debate sobre Parangolés; Confecção de Parangolés.

Materiais e recursos a serem utilizados: Aparelho de som; 151


Pendrive contendo a música; Tecidos de variadas cores; Tesoura; Linhas e agulhas; Joaninhas; Durex.

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO: Iniciarei a aula apresentando para a turma uma música composta por Adriana Calcanhoto sobre os Parangolés. Música esta dedicada a obra do artista Hélio Oiticica, amigo da cantora. A música se chama Parangolé Pamplona.

Parangolé Pamplona Adriana Calcanhotto O parangolé pamplona você mesmo faz O parangolé pamplona a gente mesmo faz Com um retângulo de pano de uma cor só E é só dançar E é só deixar a cor tomar conta do ar Verde Rosa 152


Branco no branco no peito nu Branco no branco no peito nu O parangolé pamplona Faça você mesmo E quando o couro come É só pegar carona Laranja Vermelho Para o espaço estandarte "Para o êxtase asa-delta" Para o delírio porta aberta Pleno ar Puro Hélio Mas O parangolé pamplona você mesmo faz.

Ao terminar a música estimularei os alunos a exporem o que entenderam da música e começarei a confecção dos Parangolés escrevendo a seguinte frase no quadro: “O parangolé pamplona você mesmo faz.” Assim, cada aluno confeccionará o seu Parangolé.

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REALIZADO: Cheguei à escola um pouco mais cedo para conversar com a supervisora sobre o término das aulas e também da minha preocupação com a frequência dos alunos nas aulas. Questionei se as ausências eram por causa das minhas aulas, ou se algo estava acontecendo. A supervisora me comentou que era normal essas faltas porque nas sextas eles costumam faltar muito. Perguntei então o que a escola fazia com as faltas. Ela me respondeu que eram dados trabalhos para compensar as falta. Fiquei muito chateada com estas afirmações, mas tinha que seguir com as aulas. Tento fazer sempre o melhor possível, mas compreendi pela conversa que seria a única. Ao tocar o sinal me dirigi até a sala de aula. Aguardei a professora titular fazer a chamada, na qual poucos alunos estavam presentes. Iniciei a aula desejando-lhes boa noite e aproveitei para conversarmos um pouco, pois mais que eu tenha uma boa aula planejada acredito que eu precisava mais que isso nesta noite. Eu precisava de uma conversa que estimulasse os alunos para as presenças nas aulas. Comecei perguntando sobre o ânimo deles. O que estava acontecendo com a turma. Uma menina respondeu que não estava acontecendo nada. Sempre foi assim. Outro me respondeu que era sexta feira e todos estavam muito cansados. O desânimo era visível. Contei a eles então sobre o fato de eu estar trabalhando de segunda a sexta manhãs e tardes sem folgas e estava estudando a noite. Minha única noite de folga eu utilizava para estar ali com eles. Expliquei que moro em Canoas e ir até Gravataí era dispendioso e demorado devido ao trânsito, mas que nada disso me abalava. Mesmo muito cansada eu tinha a motivação de estar ali. Um aluno me questionou sobre o fato de eu estar recebendo salário pra dar aula era a minha motivação e respondi rindo que eu estava fazendo um estágio não remunerado, e que para falar a verdade, estava pagando a faculdade para ter a oportunidade de dar aula para eles. Eles ficaram chocados. Notei que, pelo menos, consegui dar uma balançada no comportamento deles para a noite. Mas me chateou o fato de estarem presentes apenas oito alunos. 154


Após a conversa peguei minha caixa de som e coloquei meu Pendrive contendo a música Parangolé Pamplona da artista Adriana Calcanhoto. Eles estranharam o ritmo, mas ouviram com atenção. Em seguida perguntei a eles o que lhes chamou atenção. Um aluno disse que não havia entendido a letra, mas notei que ele não havia participado da aula anterior. Outra aluna disse que na música a artista citava as cores que podem ser usadas para se fazer o Parangolé. Outro aluno citou a frase que eu aguardava: - “Parangolé Pamplona você mesmo faz.” Ao citar esta frase perguntei a eles se eles tinham disposição de realizar esta tarefa. Comentei que o Parangolé não é um objeto artístico feito de qualquer maneira. Ele tem objetivos, metas e sua importância é reconhecida hoje pelo mundo afora. O parangolé não era assim como uma coisa para ser posta no corpo e para ser exibida. A experiência da pessoa que veste, da pessoa que está fora vendo a outra vestir, ou das que vestem simultaneamente a coisa, são multi-experiências. Não se trata do corpo como suporte da obra, pelo contrário: é total incorporação! É incorporação do corpo na obra e da obra no corpo. Eu chamo de in-corporação" (FAVARETTO citando OITICICA,

2000, p.107).

Parangolé Capa 15, Hélio Oiticica

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( Fonte: FAVARETTO, pg. 9 (2000))

Após escrevi a frase no quadro negro e comentei com eles a importância da elaboração do Parangolé para fins não só artísticos, mas também sociais. Assim citei para a turma que em 1965, Hélio Oiticica apresentou a primeira Manifestação Ambiental coletiva, na mostra Opinião 65, realizada no MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro. Levou para o museu seus amigos passistas da Mangueira, que envolvidos em capas, barracas e estandartes, incorporavam o Parangolé. E de lá foi expulso por “causar confusão”.

Manifestação Ambiental. ( Fonte: JACQUES, 2001, pg. 129)

Os alunos prestaram atenção no que falei e assim dei a eles um maio ânimo para a atividade prática da aula. Coloquei sobre a mesa uma sacola com pedaços de panos que eu tinha em casa, pois a turma não trouxe nenhum material para a elaboração dos Parangolés. E assim, no pouco tempo que nos restou, a pequena turma presente começou a confecção dos Parangolés. Antes de liberá-los pedi que não se esquecessem dos Parangolés em casa pois faríamos a conclusão das aulas na próxima semana.

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Os alunos presentes nesta aula trabalhando na confecção dos ParangolÊs

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Roberta Dias Fagundes Ensino Médio Sétimo Encontro Aulas 13 e 14 Data da aula: 28/06/2013 Horário: 21h30min até 23h

Tema da Aula: Movimento na Arte

Conteúdos: Representação dos movimentos do corpo na Arte Hélio Oiticica Parangolés

Lista de Atividades: Término da confecção de Parangolés; Apresentação de vídeos sobre os Parangolés; Performance com os Parangolés; Avaliação das aulas.

Objetivos: Incentivar os alunos a se expressar artisticamente e criticamente através do corpo com o uso dos Parangolés.

Metodologia: Aula expositiva dialogada; Apresentação de vídeos; Debate sobre Parangolés; Apresentação performática com Parangolés.

Materiais e recursos a serem utilizados: 158


Aparelho de som; Pendrive contendo a música; Datashow; Vídeos You Tube;

Avaliação: Os alunos serão avaliados através de sua participação e envolvimento nas atividades.

PLANEJADO:

Iniciarei a aula levando a turma para a sala do Datashow. Lá apresentarei vídeos disponíveis no YouTube pelos seguintes links: http://www.youtube.com/watch?v=Wj7EHPrxVVM http://www.youtube.com/watch?v=uk5bR9Uc_PQ http://www.youtube.com/watch?v=0Tt-RU4XWZU Estes vídeos contêm performances de outras pessoas, incluindo a artista e cantora Adriana Calcanhoto, com Parangolés. Após questionarei os alunos sobre o que lhes chamou a atenção e apontarei alguns detalhes falados nos vídeos, como regras para se fazer um Parangolé citados pela Adriana Calcanhoto e a forma livre como se expressam através do uso do Parangolé com ritmos diferentes de música. Após essa conversa os alunos se vestirão com os Parangolés. Em seguida sairemos até o pátio da escola para a performance com as vestimentas confeccionadas pelos alunos. Esta etapa da aula será filmada e fotografada.

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Após a apresentação a turma será dirigida para a sala de aula. Lá faremos uma avaliação dos nossos encontros. Pedirei aos alunos que se expressem livremente, levantando pontos positivos e negativos nas aulas.

REALIZADO:

Ao chegar à escola dirigi-me a sala da supervisão. Cumprimentei a todos e pedi a chave da sala do data show para ir organizando o equipamento. Ao tocar o sinal dirigi-me a sala de aula. Lá esperei a professora titular chegar e fazer a chamada. Iniciei a aula novamente perguntando o que havia acontecido com a turma, pois apenas cinco alunos estavam presentes naquela noite. Os alunos responderam que além de ser sexta feira, nos últimos períodos, estava caindo o mundo na rua. Chovia muito naquela noite. Pedi aos alunos presentes que se dirigissem à sala do Datashow. Com entusiasmo pegaram as mochilas e se apressaram, pois gostavam dos vídeos e imagens que costumo trazer para as aulas. Iniciei esta etapa com uma pequena lembrança aos alunos como forma de agradecimento pelos nossos encontros. Entreguei uma bala junto com pedaços de papel coloridos. Estes continham frases do artista Hélio Oiticica. Pedi para os alunos que lessem em voz alta algumas das frases que eles receberam: 

É incorporação do corpo na obra e da obra no corpo.

Somos construtores da estrutura, da cor, do espaço e do tempo, [todos] os que acrescentam novas visões e modificam a maneira de ver e sentir.

Quando as coisas ficarem muito pesadas, me chame de 'hélio', o gás mais leve que existe...

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As frases não continham a identificação do artista. Perguntei a eles se eles sabiam o autor das frases. Uma menina respondeu dizendo: -o cara que a gente trabalhou na última aula. Eu perguntei se eles lembravam o nome. A menina recorreu ao caderno e respondeu: -Hélio oiticica! Agradeci o empenho dela e de todos e trouxe assim o artista que trabalharia para a aula. Continuei então com os vídeos disponíveis no YouTube que mostram performances de pessoas com os Parangolés, inclusive da artista Adriana Calcanhoto, na qual comentamos na aula anterior. Eles olharam fixamente os vídeos. Perguntei então se se sentiam preparados para a performance com os Parangolés. Então me decepcionei ao ver que apenas dois alunos haviam se lembrado de trazer os materiais. Mesmo assim pedi que vestissem e se possível faríamos a performance na própria sala, pois chovia muito para sairmos na rua. Os alunos se dispuseram e até fizeram pose para a foto.

Jonas e Fabricio

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Pedi para os meninos que estavam vestidos com os Parangolés que chamassem os outros colegas que estavam sentados para fazerem a performance com eles. Tornando assim o trabalho em grupo. Atingindo o objetivo de que o Parangolé pode sim fazer uma mudança no comportamento das pessoas. Segundo Salomão , (2003, p.59) “Uma evidente atividade de subversão de valores e comportamentos.” Declarou isso ao ver os Parangolés em ação no museu MAM (Museu de Arte Moderna) do Rio de Janeiro.

Jonas, Fabricio e Ana com os Parangolés denominados Mais Educação. Após pedi então que os alunos fizessem uma auto avaliação sobre as nossas aula e que fizessem uma avaliação sobre o meu trabalho. Críticas, elogios, reclamações, desabafos, tudo que quisessem expor. Alguns mostraram dificuldade em escrever, mas notei que estavam tentando, pois me perguntavam os nomes dos artistas que havíamos trabalhado em nossos sete encontros. Durante esta avaliação, devido a chuva, houve uma queda de luz e ficamos no escuro por aproximadamente quinze minutos. Utilizamos as luzes do celular para iluminar o caminho e os alunos se levantaram e foram para a porta da sala, pois as aulas são suspensas quando há falta de luz. Houve uma movimentação geral na escola, o alunos saíram para os corredores. A supervisora e a professora titular da turma foram para as salas pedir que se acalmassem, caso a luz não voltasse rápido os alunos seriam dispensados. 162


Logo que a luz voltou faltavam poucos minutos para o término da aula e todos estavam dispersos. Mas mesmo assim pedi as avaliações. E eles me entregaram e agradeceram dizendo que adoraram as aulas de Artes. Reforçando a palavra Artes ao falar. Pois citando um dos alunos: -Isso é que é aula de Artes mesmo! Apesar do dia ter sido exaustivo foi ao mesmo tempo recompensador.

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Conclusão No estágio I, em que realizei as observações nas turmas de sexto ano do ensino fundamental no Instituto Pró Universidade Canoense - IPUC, pude notar um enorme desânimo e apatia por parte de professores e alunos para com o ensino da Arte. Considero este desgaste uma grande falha no processo de ensino aprendizagem que prejudica a todos os envolvidos. Observei professores sem criatividade nas aulas, pouco conhecimento a ser compartilhado, atividades simples, sem desafios. Alunos acomodados em seus lugares, sempre um sentado atrás do outro, lugares marcados, tempo cronometrado no relógio para o fim dos períodos, pouquíssima vontade de evoluir, atividades sem propósito desafiador. A partir deste ponto, com as observações silenciosas de uma turma considerada agitada, mas que se mostrava apática e desanimada, pude realizar a minha pesquisa em Artes, tentando promover uma inquietação através da mudança da rotina, uma modificação nos costumes diários dos alunos através da observação e aplicação dos estudos em trabalhos práticos artísticos voltados para o aprendizado em Arte. Para isto, decidi realizar a pesquisa deste Trabalho de Curso (TC) no tema Corpo como representação e expressão na Arte. Este assunto contempla a história da representação da figura humana nas obras de Arte durante os períodos históricos desde o Egito até os dias atuais. Esta pesquisa trouxe para a sala de aula uma inovação no sentido de modificar as rotinas das aulas desta turma, com a expectativa de uma mudança de pensamento, estes que se fazem presentes na realidade escolar, em que a Arte deve ser apenas observada. Este Trabalho de Curso trouxe consigo a ação na Arte. Utilizamos o corpo em movimento para a produção artística para performances e danças, criando assim uma atmosfera incentivadora para a turma. Iniciei com a turma de sexto ano o assunto “Corpo como Arte e expressão”, através de uma apresentação em Power Point, na qual apresentei inicialmente algumas fotos de modelos na atualidade. Estas fotografias contêm o uso abusivo do Software Photoshop, ou modelos extremamente magras. Fotos que encontramos em

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revistas e anúncios. Desta forma questionei os alunos sobre a imagem que lhes é apresentada do corpo nos dias de hoje. Perguntei também se esta era realmente a representação digna do corpo que vemos em nosso dia a dia. Ouvi os alunos rirem e se entreolharem, mas a resposta foi unânime: -“Não!” Expliquei então, que para compreendermos mais sobre a representação do corpo na Arte, deveríamos voltar nossa atenção para o passado, para a história da Arte. Aproveitando o plano de ensino da escola iniciei a minha explicação pelo Egito, pois a turma estava trabalhando anteriormente com a professora este período histórico. Ao perpassar em curtos slides a história da representação do corpo na Arte, percebi a desatenção dos alunos com o objeto principal de nosso estudo. Ao mostra-lhes as muitas reproduções de obras de Henry Matisse e Edgar Degas, os alunos demonstraram que nunca haviam prestado atenção na representação do corpo nas imagens. Ao continuar explicando a evolução da ação de representar o corpo na Arte, os alunos foram notando que cada vez mais este se tornava claro ao olhar, saltava-se aos olhos a incorporação do corpo na tela, até este se tornar o objeto de destaque. O corpo estava deixando de ser observado e sim utilizado como objeto na Arte. Assim desta forma pude com clareza introduzir o artista principal deste projeto: Hélio Oiticica. Para fazer entender que o corpo deixou de ser meramente representado nas obras e se tornou o objeto central, utilizei o artista Hélio oiticica como principal inspiração. Ao lembrarmos de sua trajetória na Arte brasileira até seu ápice artístico, que hoje chamamos de performance, seu nome é diretamente ligado aos Parangolés. Estes tem sua elaboração, confecção e uso inusitadas para o contexto social vivido no Brasil na época da ditadura. Os Parangolés eram utilizados como Arte e protesto ao mesmo tempo, uma forma de Arte em que o corpo era o objeto principal, pois sem este o Parangolé não existiria. O corpo deixa de ser apenas observado em representações e passa, a partir destas obras, a ser a própria obra de Arte. Após estas devidas explicações e inúmeras imagens que demonstravam o Parangolé, partimos para a visualização em movimento do mesmo. Visualizamos vários vídeos demonstrando a utilização do Parangolé por muitas pessoas de diferentes idades e classes sociais. Os alunos demonstraram um enorme entusiasmo ao verem os 165


vídeos. Sentiram-se mais confiantes quanto ao seu trabalho e inspirados para a ação de “vestir” o Parangolé e tornar-se assim a obra principal de nosso projeto. Esta experiência só foi possível com a efetiva participação dos alunos desde o início. A empolgação para a performance era contagiante. Pude notar então, que os alunos demonstraram naquele momento da execução da “dança”, muita inspiração, e até mais que isso, pude notar que meus alunos compreenderam a significância do Parangolé e assim todo o conteúdo artístico do nosso projeto. Exibiram suas cores e protestos com total liberdade de movimentos. Utilizando a agitação intrínseca da turma pude elaborar e propor atividades pertinentes ao assunto do projeto. Pude fazer com que os alunos movimentassem o corpo e o espírito, liberando sentimentos e pensamentos nunca antes expostos nas aulas de Artes. Como exemplo, do uso dos Parangolés e sua ação. Com os quais a turma, sem receios ao som da música Parangolé Pamplona em frente a outros alunos da escola, pais, professores e direção. Causando um estranhamento nos espectadores, uma estranheza, uma inquietação pertinente, pois o objetivo deste projeto era a modificação de atitudes, de visões sobre a Arte e de alteração na rotina através da movimentação do corpo e sua expressão. Pude notar nestas sete aulas que não tive os problemas em que anteriormente fui alertada por outros professores, como muita bagunça e pouco interesse, pouca participação e animação para execução de tarefas. Acredito que isto se deu em função da forma como trabalhei e conduzi as atividades. Utilizei, de forma dinâmica, os recursos disponíveis na escola, afim de cativar os alunos para o assunto do projeto. Como exemplo, posso citar o fato da segunda aula, na qual os alunos apresentaram seus quadros vivos e, em especial, um aluno, antes criticado de forma negativa pelos professores, neste trabalho, além de fazê-lo sozinho pois seus colegas faltaram a aula, mandou fazer em uma costureira uma roupa especial para a tarefa proposta, uma macacão amarelo sobre medida, desmentindo outros professores e provando não ser um aluno relapso e desinteressado. Faço assim a minha crítica a forma de conduzirmos as aulas nos dias de hoje. Penso que em uma sociedade em constantes mudanças, os professores deveriam reavaliar as suas didáticas em sala de

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aula, adaptarmo-nos a realidade que nos cerca hoje constituída de alunos agitados, que necessitam o tempo todo de incentivo e dinamismo. Ao iniciar os estágios II e III, recebi a notícia de que teria de realizar as aulas práticas em turmas diferentes das que havia observado. Com a mudança de ano (2012 pra 2013) as turmas que havia observado em 2012 estariam em 2013 respectivamente um ano escolar a frente (sétimo ano ensino fundamental e segundo do ensino médio). Tentei persuadir a direção e supervisão da escola, dizendo a importância de continuar nas turmas que havia observado, pois meu trabalho exigia um acompanhamento, uma evolução a ser praticada na turma com base na teoria e nas observações realizadas anteriormente. Levei um semestre construindo através das observações, objetivos como ampliar o conhecimento sobre a representação do corpo em movimento e despertar o interesse e o censo crítico dos alunos através da produção artística, mas eu só poderia realizar meu estágio de Artes nas turmas disponíveis. Por ser uma estagiária tive que concordar, pois nenhum dos meus argumentos foi eficaz. Após este inicial incômodo, observei três aulas de dois períodos consecutivos de cada turma designada a mim para a prática do estágio para verificar a viabilidade do meu planejamento poder ser colocado em prática. Para a minha surpresa, não precisei fazer alterações em minha pesquisa ou sequer nas minhas ideias iniciais,

pois

as

turmas

observadas

eram

identicamente

desmotivadas

e

desinteressadas pelo estudo das Artes. Não compreendiam a Arte como meio de conhecimento, nem sequer que o corpo é o maior meio de expressão usada na Arte desde os tempos antigos. Preparei-me psicologicamente. Estudei por muito tempo o comportamento dos alunos, didáticas para lidar com situações do dia a dia, como enfrentar problemas, como resolvê-los de maneira correta, como ser ética nesta profissão. Mesmo tendo alguns anos de prática em sala de aula, nada lhe prepara tanto para o caminho profissional quanto o estágio prático do curso. Muito pesquisei, e me aprofundei nas questões de representação do corpo na Arte, na representação do movimento, fui atrás de fontes e estudos de artistas para saber me posicionar, ter conteúdo em minhas falas, realmente compreender o que estava ensinando na sala de aula. Muito pensei em estratégias de como conseguiria 167


atingir os objetivos planejados. Foi necessário saber como me posicionar, como fazer os alunos se interessarem pela aula, pelo conteúdo, pelos artistas, pela Arte. Definir quais materiais utilizar, quais recursos, que metodologia, como me aproximar dos alunos, ganhar confiança, empatia. Levei-os aos ambientes da escola pouco ou nada utilizados pelos professores e turmas. As escolas possuem todos os recursos didáticos possíveis como Datashow, auditório, laboratórios de informática, pátios livres, retroprojetores e até lousa digital. Propus a eles aulas dinâmicas e ativas, onde a participação e envolvimento dos alunos eram a chave mestra para o desenvolvimento deste projeto. Alunos colocando a mão na tinta, sem medo de se sujar ou sujar o local onde se encontravam, dançando na frente dos colegas, como se não houvesse ninguém assistindo, desenhando sem medo do erro e a utilização do corpo como principal instrumento de expressão. Todas as aulas continham ações dos alunos provando na prática tudo que foi ensinado na teoria, mostrando o quão acolhido e necessário este projeto se tornou. Em todas as aulas utilizamos vários recursos, como música, danças, vídeos, fotografias, desenhos, releituras, apresentações de Power Point, pesquisa em laboratório de informática e filmagens. Isso despertou na turma um grande interesse. Nada disto era praticado com as turmas anteriormente. Isso os motivou de tal maneira que após as primeiras aulas, não foi preciso grandes incentivos para a execução das atividades. Ao propor as tarefas, as turmas imediatamente as executavam. Para iniciar as aulas de uma maneira diferenciada, comecei propondo uma mudança. Uma simples mudança, que ao meu ver, fez toda a diferença em meu trabalho. Propus para a turma uma alteração na rotina. Como forma de motivação levei-os a diferentes salas da escola, especializadas para a proposta das aulas, como auditório, pátio, laboratório de informática, Datashow e etc. Muito ouvi dos alunos que nenhum professor da escola faz isso com eles, que sair da sala nem era cogitado, pois a turma era muito agitada e bagunceira. Esta mudança na rotina das aulas de Artes iniciou um processo motivacional. Ao conversar com a turma inicialmente em cada aula, combinávamos em que local faríamos as atividades do dia. Não era necessário falar duas vezes a turma se organizava, de forma extremamente agitada, e 168


se dirigia para a sala especializada. Não eram precisos incentivos e sim afirmações. Muitos sempre me perguntavam se realmente iríamos sair da sala. Era novidade para eles, era incentivador. O fato de falarmos de um artista como Henry Matisse em um laboratório de informática, no qual, o que eu explicava estava sendo visto através da pesquisa deles próprios, foi no mínimo diferente e interessante. Uma quebra na rotina que deixou-os felizes e encorajados para prosseguirmos no projeto. O tema Corpo como representação e expressão na Arte, escolhido por mim para desenvolver o meu projeto foi muito acolhido pelas turmas desde o início. Os alunos realizavam as tarefas sem receios, sem preconceitos. Em uma das aulas, os alunos deveriam dançar em um palco ao som de diferentes estilos musicais. Dividi a turma em dois grupos, um grupo observava os alunos dançarem, o outro dançava ao som das músicas. Os alunos se soltaram, como se não houvesse ninguém os observando. Os alunos deixaram a música tomar conta de seus corpos e o som guiar seus movimentos. Como exemplo de desinibição dos alunos, quando nem mesmo os colegas esperavam que o colega fosse dançar, o aluno se levantou e ainda convidou outros a participarem. Isto até hoje é comentado entre os professores da escola, pois este aluno também era rotulado de desinteressado e até mesmo preguiçoso. Ouvi várias vezes reclamações dos professores sobre o desapego das turmas em questões de aprendizagem, mas desde a primeira aula pude deter a atenção dos alunos e ainda mais, consegui provocar um maior interesse na turma. Sempre que era solicitado algum material para complementar nossas atividades, os alunos se prontificavam a trazê-los e cumpriam os combinados. Isto mostrou uma dedicação com as aulas de Artes, mudando o perfil desinteressado que dava fama a turma. Para

que

os

alunos

demonstrassem

nas

aulas

práticas

seus

conhecimentos, utilizei diversos materiais e recursos didáticos para fazer com que meus alunos se apropriassem dos conceitos que estavam aprendendo e que pudessem aplica-los nas atividades. A utilização de diferentes materiais sempre esteve presente na minha abordagem didática. Acredito na importância destes materiais para o desenvolvimento da expressão e criatividade. Uma bom exemplo disso foi a aula em que os alunos pintaram uma representação de um corpo humano, a partir dos estudos 169


do artista Henry Matisse. Nesta aula os alunos tiveram a liberdade de utilizar tinta têmpera e poderiam pintar com as mãos. Os alunos, chocados, olhavam-me e perguntavam se eu tinha certeza de que eles podiam usar as mãos e não os pincéis. Durante as práticas observei o quanto preciso estar preparada para aula. Os alunos questionam sobre o conteúdo, muitas vezes fazendo conexões com outros assuntos de suas experiências. Notei então a necessidade de estar a frente o tempo todo. Tentei, também, sempre estar organizada de modo que pudesse demonstrar o quão amplo é o universo da Arte através dos meus conhecimentos, o quanto influenciamos o mundo e a sociedade com nossas ações artísticas. A meu ver a aprendizagem dos alunos foi extremamente significativa. Demonstraram através das nossas atividades práticas a apropriação da Arte como conteúdo. Aplicaram as suas visões na execução das tarefas. Utilizaram a criatividade, o senso crítico, a atenção, criaram trabalhos expressivos, demonstrando o quanto aprenderam e se interessaram pelas aulas. Cito nossa última aula, como ápice desta conclusão. Pois através das ações com os Parangolés, os alunos demonstraram suas visões sobre a Arte como conteúdo e mais ainda, demonstraram o conhecimento adquirido neste projeto, provando que o conhecimento sobre o corpo e sua expressão perpassa a sala de aula, atingindo proporções bem maiores, como serem assistido por uma plateia não planejada, e não ter a vergonha de se expor, pois acreditaram que suas ideias não deveriam ficar presas em quatro paredes. Todas as atividades exigiam a participação efetiva de cada aluno, exigiam responsabilidade com materiais, com comportamento e dedicação e o principal, o interesse para deixar-se envolver nos assuntos propostos e assim realizar as atividades com empenho. Solicitei materiais como tecidos, tinta, papéis e outros diversos materiais que compuseram nossas atividades. Na segunda aula, em que foram solicitados diversos materiais para a composição do quadro vivo, os alunos corresponderam de maneira positiva, pois todos os alunos presentes arranjaram uma maneira de produzir sua obra. Utilizaram materiais de uso comum em sala, como clipes e também foram atrás de outros materiais como ursos de pelúcia, cobertores, roupas de parentes, bola de futebol e até mesmo perucas.

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Um acontecimento muito feliz chamou-me atenção, no terceiro encontro do ensino fundamental, uma aluna, mesmo tendo atestado médico para justificar a sua ausência por motivo de doença na aula anterior, executou em casa a tarefa do quadro-vivo. A aluna escolheu uma obra citada na apresentação de Power Point que realizei na aula introdutória, e representou-a de sua maneira. Fotografou-se e montou sua releitura ao lado da reprodução da obra original. Esta demonstração de interesse pela minha aula deixou-me extasiada e com orgulho aceitei o trabalho dela como um prêmio pessoal e profissional. Outros fatos ocorreram em sala de aula, foram um teste para mim como profissional. O fato de a turma ser extremamente agitada e distraída colocou-me frente a frente com a minha postura como professora. Testaram-me, quase todas as aulas, mas sempre soube que adolescentes precisam ver “onde pisam”. Em minha última aula, tive a presença da minha orientadora, a professora Rejane Ledur. A turma, ao ver a professora, ficou extremamente agitada, muito mais que o normal, demonstrou nervosismo, ansiedade e uma inquietação preocupante. Nada disto me abalou, pois já estou acostumada com isso, sou professora de anos iniciais, sei bem como ter paciência e principalmente como transformar a inquietação em produção. Tentei focá-los nas ações que fariam, tornando a aula mais dinâmica. Obviamente, e várias vezes, tive que ter uma postura mais rígida, controlando as brincadeiras e desvios de conduta em sala de aula. Tenho uma postura mais organizadora e disciplinadora. Faço o possível para manter o grupo unido e focado no assunto ou atividade proposta. Desdobro-me em várias e sempre mantenho a direção. As turmas com as quais trabalhei nestes estágios necessitavam desta minha posição, como por exemplo as saídas da sala de aula para outro local como o pátio. Acredito que meu papel como professora seja de orientar ao mesmo tempo em que ensinamos. Hoje, os alunos têm estado cada vez mais dispersos, repletos de informações que vem de todos os lugares e fontes, mas, não possuem direções ou orientações de onde e quando devem aplicar estas informações recebidas, nem sequer têm direções de como transformas estas informações em conhecimento. Tento sempre fazer esta mediação, buscando o desenvolvimento integral através dos dados que trago para as aulas. 171


A vida é cheia de incertezas e descobertas. Quando estamos saindo do ensino Médio aparece a incerteza de qual rumo teremos, seja profissionalmente como pessoalmente. Desta incerteza, passamos a um novo palco, o de descobertas. Estas vão surgindo, se confiamos em nosso instinto, e se ousamos em tentar. Por isso, ao final deste trabalho, tenho certeza que trilhei o caminho certo na minha formação profissional. Mesmo demorando algum tempo para perceber, pois anteriormente cursei Educação Física, notei que minha vocação estava, como sempre esteve, na Arte. Arrisquei-me ao trocar de curso, e com luta, hoje estou findando uma pequena parte do que quero para a minha vida. E, neste desafio do estágio deixou-me mais convicta dos rumos a serem seguidos. Pois, além de uma descoberta, realizei-me como pessoa, e ainda, posso contribuir com a vida de outras, ao conduzir alunos ao conhecimento das Artes. Por fim, tenho certeza que quero isto para o resto da vida. E, espero despertar este encanto que tenho pelo meu curso aos meus alunos. Pois, da incerteza, fez-se palco para uma das maiores descobertas, a de ser uma arte educadora.

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APÊNDICE 1

APÊNDICE 2

173


APÊNDICE 3

174


ApĂŞndices

175


176


177


178


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