Ano 8 • nº1941 Dezembro/2014
Caturité Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
O trabalho das mulheres no semiárido: um exemplo de força e resistência “É bom trabalhar no roçado porque a gente vê fartura dentro de casa”.
E
ssas são as palavras que a senhora Severina Matias Souza Nascimento (56) usa para descrever sua forma de conviver com o semiárido. Com sua trajetória de lutas, Dona Bira, como é conhecida, tem uma bela história de vida para contar. Filha de agricultores fazia parte de uma família grande de 10 irmãos, morando em uma casa pequena, sem terra para poder trabalhar, o que obrigava seus pais a trabalhar em terras de outras pessoas para poder dar de comer aos filhos. Dona Bira e seus irmãos não podiam estudar, pois precisavam, desde cedo, ajudar no sustento da família e nos trabalhos domésticos. Após alguns anos da morte do pai, Francisco José Olímpio de Souza, dona Bira casou-se com José Roberto do Nascimento, e continuou enfrentando as dificuldades da vida para ajudar sua mãe, Dona Maria Matias, que ficou viúva com seis filhos menores de idade, e o trabalho só aumentando. Nesse período, no entanto, pode contar com a ajuda de seu esposo, que passou a enfrentar as lutas da casa, o que a fez sentir-se mais aliviada. Suas maiores conquistas são seus quatro filhos: Maria do Céu, Robélia, Robério e Rogério. Mas, como se fosse uma triste repetição do passado, ainda com os filhos pequenos, Dona Bira também ficou viúva, tendo que se virar para lutar ainda mais pelo sustento de sua família. Através da produção, principalmente, de milho e feijão, a família já havia conquistado sua casa própria em uma terra de dois hectares e como nunca esperaram as coisas caírem do céu, foi dessa terra que Dona Bira, sua mãe e sua irmã Josineide lutaram pelo sustento da família. Como o trabalho no roçado era mais pesado, continuaram a desenvolver a agricultura familiar nos arredores da casa, na comunidade Pedra D'água, localizada no município de Caturité, no cariri paraibano.