Sistema agroecológico de produção: prosperidade no Semiárido

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 6 | nº 967 | Novembro | 2012 Quixaba - Pernambuco

Sistema agroecológico de produção: prosperidade no Semiárido Aos 61 anos, o agricultor Ivo Simplício mora com a esposa, Maronita Pereira da Silva, 59, exatamente na mesma propriedade onde nasceu, na comunidade Riacho Fundo, em Quixaba, no Sertão do Pajeú de Pernambuco. Embora o local seja o mesmo, a realidade por lá, hoje, é bastante diferente da época em que Simplício, adolescente, ajudava os pais, também agricultores, a lidarem com a terra. Há alguns anos, apenas milho, feijão e palma podiam ser vistos na propriedade de nove hectares da família. Hoje, quem chega à casa do “compadre Ivo”, como é conhecido, Em 1998, a família recebeu uma cisterna de 16 mil litros encontra uma plantação diversificada de manga, pinha, limão, acerola e seriguela, entre outras frutas, além de uma criação de abelhas, galinhas e ovelhas, esta última um verdadeiro “xodó” do agricultor. É o chamado sistema agroecológico de produção. A mudança no cenário da propriedade e na vida da família começou em 1998, quando, através da Diaconia, a família foi contemplada com uma cisterna de 16 mil litros. O reservatório de água foi o primeiro passo para que o agricultor investisse em outros tipos de cultura e criação. Com o passar dos anos, poços e uma cisterna calçadão também foram construídos na propriedade, dando ainda mais condições para seu Ivo “pensar mais alto” no crescimento da sua terra. Mas, o mais importante para que o sistema de As 28 ovelhas da propriedade são o «xodó» do agricultor produção desse certo, segundo o agricultor, foi a assessoria técnica recebida da Diaconia. “Muitas vezes, as pessoas se preocupam apenas com o que vão ganhar da organização. Mas, se a gente não sabe como aproveitar a água da cisterna, plantar uma determinada fruta ou criar um animal da forma correta, não adianta nada. O acompanhamento técnico e as capacitações, para mim, sempre foram o mais importante”, afirmou seu Ivo, que, periodicamente, recebe a visita de um técnico da Diaconia para orientar o trato com os animais e cultivos na propriedade.

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As várias tecnologias de convivência com o Semiárido construídas na propriedade do seu Ivo têm sido ainda mais importantes para a família neste período de seca. A escassez de chuvas em todo o Nordeste afetou, também, o agricultor que, desde o começo do ano, vê as suas árvores secas ou com frutos pequenos, sem qualidade para serem comercializados. Mas, os efeitos e as consequências da estiagem seriam, de fato, bem maiores se seu Ivo não tivesse como armazenar água em casa. Apenas a cisterna de 16 mil litros, atualmente abastecida através de carro pipa devido à grande seca, garante água para consumo e uso doméstico durante um ano inteiro. Também não falta água para alimentar as galinhas e as 28 ovelhas criadas pela família e que, hoje, são uma importante fonte de renda para os agricultores. Seca afeta a qualidade dos frutos

“Consigo um bom dinheiro com a venda das ovelhas. No começo, tive problemas com verminoses e outras doenças e perdi alguns animais. Mas, com a orientação da Diaconia, já consigo ter um aproveitamento de 100% da criação. Nenhuma ovelha minha morre mais”, contou, lembrando que, naquela semana, já havia vendido um animal por mais de R$200. Ao falar com orgulho sobre o fato de não perder mais uma ovelha sequer, seu Ivo também lembra que, há alguns anos, um período de estiagem como o atual tiraria a vida não só dos animais, mas de muitas pessoas. “Em 61 anos, nunca vi uma seca como esta. Há algum tempo, com certeza, não se ouviria falar apenas na morte de animais, mas de pessoas”, afirma com a propriedade de quem conhece, por experiência própria, o cenário de devastação causado quando a chuva para de cair por longos períodos. Hoje, nem mesmo a falta de água faz com que o agricultor deixe de fazer novos planos para diversificar a produção. Quando o barreiro localizado na sua propriedade secou, em virtude da séria estiagem, seu Ivo correu para salvar os peixes, alojando-os dentro de uma cisterna calçadão, onde ainda permanecem, sendo alimentados para, quando a chuva tornar a encher o barreiro, serem devolvidos. A mais nova ideia do agricultor é investir em uma criação de tilápia. “É um sonho. Sempre tive essa vontade. Barreiro será utilizado para criação de tilápias Recentemente, aumentei a área do barreiro, que era bem menor. Agora, é esperar a chuva voltar para retomar os trabalhos”, afirmou seu Ivo, com olhos animados, de quem acredita ser sempre possível prosperar, mesmo quando as dificuldades se fazem presentes. Afinal, quem disse que impossível criar peixe no Sertão? Apoio:

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