Família de Miguel Calmon cultiva e comercializa produtos orgânicos

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 6 | nº 998 | outubro | 2012 Miguel Calmon - Bahia

Família de Miguel Calmon cultiva e comercializa produtos orgânicos Com os primeiros raios de sol da manhã, vão chegando os clientes às barracas da Feira Orgânica Chão Verde, no município de Miguel Calmon, semiárido da Bahia. A venda de produtos orgânicos acontece às sextas-feiras e aos sábados: são 13 barracas de agricultores e agricultoras familiares, oriundos das comunidades de Alma, Assa-peixe, Brejo Grande, Tamanco e Cabral. As pessoas se aproximam, a maioria com seu aió de lado - uma espécie de sacola Rose atende clientes na feira orgânica em Miguel Calmon artesanal de palha - onde se carregam os produtos da feira. “Banana, cheiro-verde, tomate, cenoura, tudo vai no aió; é comida e tempero para cozinhar pra toda a família. Só consumo verdura orgânica porque é sem veneno, não prejudica nossa saúde”, explica Dona Rosália Souza, 72 anos, comprando na barraca de Rose Félix, 31 anos, e de Gislânio Félix, 31 anos, conhecido como Minho, um casal de produtores orgânicos da comunidade de Cabral. Diante do depoimento, Rose exclama: “Precisa explicar”? Foi Rose que deu início ao cultivo orgânico da família; nascida e criada na comunidade de Cabral, casou-se aos 15 anos com Minho e atualmente são pais das filhas: Raiane, 10 anos e Gislane, 5 anos. Iniciaram a vida de casados trabalhando no cultivo de feijão e morando na casa dos pais de Minho. Depois, com o plantio de mandioca, abacaxi e banana, conseguiram construir uma casa. Já não usavam veneno, mas aplicavam adubo químico na plantação. A coisa mudou quando Rose resolveu participar de cursos sobre produção orgânica, mesmo sem o esposo concordar: “Minho achava que era coisa de quem não tinha o que fazer. Mesmo assim eu fui e quando quis fazer mudanças na roça, ele não acreditava”, declara Rose, sobre a teimosia do marido. Após essas primeiras capacitações, algumas mudanças foram introduzidas: passaram O sustento da família de Rose e Minho vem da roça

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a substituir o carbureto por maracujina madura, obtendo maiores resultados com o amadurecimento da banana, que além de atingir o cacho inteiro, conserva o sabor da fruta. Outra novidade foi na forma como passaram a fazer os canteiros de hortaliças: plantando fileiras que seguem o curso natural da água. Com essa técnica, evitam que o plantio seja destruído durante as chuvas mais intensas, principalmente porque o casal utiliza a baixada da propriedade para o plantio e a água retirada de um cacimbão erguido com alvenaria, onde a água acumula por minação do subsolo. Na roça, produzem alface, coentro, cebolinha, salsa, couve-flor, repolho, tomate, feijão, mamão, pepino, abobrinha, beterraba, cenoura, banana, mandioca, abacaxi, milho, O plantio é adequado ao terreno da horta aipim e pimentão. Para complementar a renda familiar, ainda criam porco e galinha caipira e finalmente Minho se convenceu que a esposa estava certa: “Hoje vejo os resultados, nossos produtos eram desvalorizados e agora pagam até mais dinheiro porque nossa verdura é orgânica, natural”. COMERCIALIZAÇÃO EM GRUPO A partir da organização dos agricultores e agricultoras, a vida de famílias como a de Rose e Minho melhorou. Obtiveram um espaço próprio para comercialização com a Feira Orgânica Chão Verde e já conseguiram vender produtos para a merenda escolar, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Rose e Minho pretendem aumentar a Horta orgânica: saúde de produtores e consumidores produção, a partir de 2013, quando já poderão se utilizar nos tempos de seca, da reserva de água que será garantida com uma tecnologia de captação de água de chuva construída na roça. O casal adquiriu uma cisterna enxurrada através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), que na região está sendo executada pela Cáritas Diocesana de Ruy Barbosa, uma instituição sem fins lucrativos que há 52 anos atua nos municípios da região de Ruy Barbosa e nos últimos 20 anos vem trabalhando na perspectiva da convivência com o Semiárido.

Apoio:

Programa Cisternas


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