Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 955 | Outubro | 2012 Pedro II- Piauí
Campo é lugar bom para se morar Dizem que de louco todo mundo tem um pouco, e foi assim que Dona Maria José Castro da Silva, 48 anos, foi chamada quando resolveu buscar a realização de um sonho. Natural de Pedreiras no Maranhão, Dona Mazé, como é mais conhecida, sonhava com uma casinha no campo, onde ela pudesse ficar do tamanho da paz, como descreve a musica de Elis Regina, foi por isso que essa dona de casa deixou a capital do Piauí, Teresina, onde morava há 27 anos, e veio morar em uma comunidade chamada Capuamo em Pedro II. Ela é casada há 13 anos com o aposentado Luís Antônio Dias, 62 anos. Na época ele abraçou com a mulher a ideia de deixar a vida agitada da cidade em busca da tranquilidade do campo, hoje eles são exemplos de coragem, mas acima de tudo de perseverança e boa vontade.
Dona Mazé colhendo os frutos de seu sonho.
Capuamo é uma comunidade que fica a 08 km de Pedro II, no norte do Piauí. Quando compraram o terreno de quatro hectares em 2008, o casal contou com três adversidades que poderiam ter desmotivado a ideia de vida boa no campo. O local não tinha energia elétrica, não tinha água e a terra não era vista como boa, por isso, eles foram chamados de loucos pelos amigos e familiares. A única água disponível no terreno era a água de beber da cisterna de 16 mil litros do Programa Um Milhão de Cisternas Rurais (P1MC), da Articulação no Semiárido Brasileiro (Asa Brasil), que pertencia ao antigo dono das terras, faltava água para todo restante. Dona Mazé conta que por dois anos comprou água toda semana, na época mil litros custavam R$ 22 reais. “Nós ficamos dois anos comprando água, vivendo a luz de vela, graças a Deus que a gente tinha ao menos a cisterna pequena e a esperança de um poço que iria beneficiar a comunidade, mas até hoje não saiu”, explica a agricultora.
Seu Luís e Dona Mazé com boa vontade, práticas de adubação orgânica e a água da cisterna mudaram realidade do terreno.
Com o tempo chegou energia elétrica, o casal comprou algumas cabeças de frangos, galinhas, porco e começaram a cuidar da terra. No terreno, Dona Mazé conta que só tinha alguns pés de caju, e ela até plantou algumas mudas, mas sem água ficava difícil mantê-las. Por isso a agricultora conta que não pensou duas vezes quando chegou em sua casa, uma moça apresentando para ela o P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas), trazendo a cisterna com capacidade de armazenar 52 mil litros de água
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para a produção de alimento. “Quando a Cleidiane que é animadora do CERAC chegou com aquela história de cisterna para a produção, eu nem acreditei, ‘Meu Deus, seria possível?’ Eu aceitei na hora e rezei para que desse tudo certo”, comenta. Dona Mazé e Seu Luís participaram dos cursos de capacitação do P1+2, das viagens de intercâmbios de experiência, aprenderam sobre técnicas de manejo da terra, adubação orgânica e colocaram em prática na propriedade. Do caráter produtivo que é disponibilizado pelo Programa às familias, eles escolheram as frutíferas e plantaram no terreno mudas de graviola, jaca, abacate, caju, laranja, goiaba, tangerina, banana, jatobá, ata, acerola, manga de várias espécies, continuaram investindo na produção, plantaram canteiros de tomate, cheiro verde, cebola, pimentão corante. Ela conta que por enquanto o que produz serve para o consumo da família, algumas das frutíferas já estão produzindo e o corante, por exemplo, ela não compra mais. O que já está gerando uma renda para a família é a criação de aves. Dona Mazé diz que tem 14 galinhas poedeiras. Para aumentar a produção, ela comprou uma chocadeira, teve a ideia assistindo a um programa rural. A máquina choca 60 ovos por vez e aumentou a produção de ovos, capões e os pintos. “Eu participei de uma feira só com agricultores do P1+2 em Pedro II e levei quatro capões, 40 pintinhos e 60 ovos, vendi tudo, se tivesse levado mais tinha vendido, porque ainda ficou foi gente procurando”, conta feliz. Para Dona Mazé, a feira, além de ter sido uma oportunidade para venda, também serviu para divulgar sua produção: “algumas pessoas ficaram sabendo que vendo, aí nem precisa eu procurar, eles já vêm até mim”, conta. Dona Mazé tem dois filhos do primeiro casamento, Diego Castro, de 23 anos, que estuda em um colégio agrícola e Layanne Maria Castro, de 25 anos, que trabalha como professora em outro município. Eles sempre que podem vem visitar a mãe e o padrasto. Layanne conta que sempre acreditou no sonho de Dona Mazé, mas chegou a duvidar que ali pudesse ser o local ideal para sua mãe realizar seu sonho, quando veio a primeira vez, disse que teve receio, “quando ela me veio com essa história eu sabia que era o melhor pra ela, a minha mãe trabalhou uma vida como doméstica para nos sustentar, mas ela sempre gostou de planta, cuidar da terra, estava na hora dela relaxar, mas quando eu cheguei aqui e vi o terreno, pedregoso, sem nada, eu duvidei, mas não disse pra ela, porque eu sabia que ela estava feliz. Hoje eu vejo aqui como um milagre”, relata.
Agricultora mostra a cisterna-calçadão para os visitantes durante visita de intercâmbio.
A agricultora se diz realizada e feliz, agradece a Deus, ao seu esposo Luís, que compartilhou de seus sonhos, e ao Programa pela oportunidade. As pessoas que duvidaram hoje as parabenizam. Agora seu Luís e Dona Mazé são quem recebem em sua casa visitas de Intercâmbios do P1+2. Para Dona Mazé, ter a oportunidade de incentivar outras pessoas a acreditarem nos seus sonhos é uma alegria imensa: “Pra mim é muito importante esses intercâmbios, eu participei e sei como é bom. Nos dar força, é até uma espécie de terapia porque às vezes, você tá dentro de casa cheio de problemas, aí você vem, se descontrai; além do aprendizado, tem também a amizade que fica , e é maravilhoso”.
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