Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 5 | nº 168 | outubro | 2011 Várzea Nova - Bahia
A experiência de quem se orgulha de pertencer ao campo Rosália Carneiro, 78 anos, casada com João Souza Carneiro, 83 anos, com quem tem cinco filhos, 17 netos e cinco bisnetos. Agricultora reside desde pequena na comunidade de Giló, de onde viu a sua cidade Várzea Nova nascer. Ao lado do seu amado companheiro, ao longo dos 56 anos de união matrimonial, descobriram como formar e constituir uma nova família, na comunidade de Giló, município de Várzea Nova, localizado a 400 km de Salvador – BA. Poderíamos passar despercebido com mais esta história de vida de uma mulher do sertão que aos D. Rosália e Seu José nos ensina como viver com orgulho no sertão olhos de muitos nada tem de especial. Mas é a própria D. Rosália, com sua memória impecável, que nos conta e nos mostra, com palavras sábias, leves e ricas, a sua incrível experiência de vida. É em uma casa de adobe, recheada com o toque singular da identidade sertaneja, que reside este casal, Rosália e João, carinhosamente chamado de Dedé. É neste ambiente também que descobrimos os detalhes da vida e as relações deles com a família, a comunidade, o meio ambiente e com o trabalho no campo. Com um brilho no olhar, D. Rosália, nos mostra com muito orgulho quem é, como vive, onde está e o que deseja da vida. Ao lado está o esposo João que, em meio aos silêncios e as poucas palavras, nos demonstra o orgulho de ser quem é e da família que tem.
A roça: onde a vida se constrói “Não tenho um pingo de desgosto de dizer que moro aqui e que sei todo trabalho de roça”, afirma D. Rosália. É com este orgulho que ela vem construindo sua própria história ao lado do esposo e deus filhos no sertão. O campo é seu espaço de aconchego, de sossego, de luta, de lazer e de moradia. Dele não pretende se apartar, pois é neste local que conquista diariamente a sua liberdade. Desde pequena aprendeu a trabalhar e desde então não parou. No campo sabe fazer de tudo um pouco, pegar em enxada, trabalhar na casa de farinha, plantar roça, criar animal, cuidar da casa e dos filhos, e muito mais. Com vigor que tem não deixa de plantar uma única roça. Diante disso tudo, ainda cuida dos afazeres domésticos, de atividades artesanais e está engajada na luta social comunitária. Mas ela não está sozinha, apesar de Seu João não plantar mais roça, os dois cuidam e compartilham o pão e o trabalho de cada dia.
Cada dia uma descoberta
D. Rosália e Seu José criam cabras e ovelhas na propriedade
O acesso ao conhecimento parece não ter fronteiras para D. Rosália. Conta que sempre buscou conhecer assuntos novos e úteis para o seu dia a dia e também nunca se deixou abater pelas dificuldades que surgiam. Em 1999, ao lado de um
Bahia