Experiência da família de Sansão e Lilia

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Ano 1 | nº 9 | Julho | 2007 Puxinanã - Paraíba

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Projeto Demonstrativo

Experiência da família de Sansão e Lilia Na comunidade Pai Domingos, distante 3 quilômetros da sede do município de Puxinanã, reside à família de Severino Barbosa de Oliveira, o Sansão, e Maria das Neves da Silva Oliveira, a Lilia. O casal tem 4 filhos: Abraão, Matilde, Tiago, Felipe e um neto, o Darlan. Lilia conta que a sua relação com a terra vem desde a infância, já Sansão era Soldado e pediu dispensa para conhecer o mundo. Trabalhou em São Paulo por alguns anos, mas sempre pensava em retornar para seu lugar. Há 9 anos atrás, conseguiram comprar 1 hectare e meio de terra, onde cultivam seu roçado e sua vida. Por ser uma pequena propriedade, a família de Sansão e Lilia lamenta não dar condições de trabalho para todos. Fato que motivou 3 dos 4 filhos a procurar emprego na cidade. Quando compraram o sítio, a plantação existente era apenas 2 pés de jaca e 1 pé de manga. Passaram a cultivar o básico: milho, feijão, batata doce, macaxeira e fava. Por causa da dificuldade e por curiosidade, Sansão começou a participar da Associação Comunitária. Nesse espaço conheceu a experiência de captação de água de chuva para consumo humano através das cisternas de placas. Nessa época, o PATAC motivou a comunidade a criar grupos de consórcios com 6 famílias para ampliar a quantidade de cisternas de placas. A participação da família no consórcio resultou na construção da cisterna de placas, diminuindo a falta de água para beber. Mas ainda faltava a água dos gastos da casa, da produção e para os animais. O envolvimento da família nas discussões sobre convivência com o semi-árido os levou a conhecer experiências bem sucedidas da agricultura familiar no estado. Em 2004, Sansão, Lilia e Felipe tiveram a oportunidade de visitar a experiência agroecologica de Seu Biu, em Lagoa Seca, através de uma visita de intercâmbio. Com os conhecimentos adquiridos a família organizou a propriedade construindo primeiro uma barragem subterrânea, próximo de um barreiro que já existia, mas que não segurava a água por muito tempo. Com o barramento, a água que descia terra abaixo, encheu a barragem e o barreiro que passou a ser uma fonte mais duradoura, assim a produção ficou mais diversificada e melhorou a renda familiar. A construção da barragem foi iniciada com a escavação de uma vala. A família


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preocupada com a demora, procurou a prefeitura que cedeu uma retro-escavadeira. A máquina fez o serviço mais ligeiro cavando uma vala de 100 metros de comprimento, 80 centímetros de largura e 1 metro e meio de fundura. O próximo passo foi colocar a lona que ficou presa ao chão com barro batido. Depois de encher a vala cuidando para que a lona ficasse bem protegida, estava pronta a barragem. A família se animou com o volume de água acumulada, e mesmo no período de estiagem começaram a plantar de tudo um pouco. Lilia plantou suas hortas e as plantas medicinais. Sansão e Felipe plantaram maracujá, acerola, pitanga, caju, limão galego, banana, serigüela, carambola, manga, frutapão, abacate, laranja. Hoje a família possui 18 espécies de fruteiras, sem deixar de plantar o milho e o feijão, garantindo, segundo eles, a segurança alimentar. O que sobra é vendido assegurando uma renda semanal de mais ou menos 90 reais. Na época que o barreiro estava cheio de água, irrigavam de forma manual. Sansão e Felipe carregavam, em latas, a água para aguar as plantas distribuídas por toda a propriedade. Foi dessa forma que aquela área que possuía apenas 2 pés de fruteiras ganhou uma nova vida, gerando alimento para a família e atraindo muitos pássaros. As aves começaram a fazer suas moradas nos galhos das plantas e no meio do roçado, onde já vive um casal de coruja. Sansão e Lilia perceberam que essa forma de utilização provocou a diminuição muito rápida da água acumulada. E ainda admitem que a perda da água da barragem se deve também a evaporação da área aberta onde fica o barreiro. Aliado a isso, a falta de chuvas durante os três últimos anos também acabou contribuindo para a redução da produção regular das hortaliças e do maracujá, provocando uma queda considerável na renda familiar. Para evitar o problema da evaporação, Sansão reconhece que é necessário fazer uma cobertura na área do barreiro, e está pensando em ir conhecer e experimentar a experiência com cobertura com cordões de garrafas de refrigerantes suspensas. Ainda conta que irá fazer plantio de árvores ao redor do barreiro para que sirva de quebra vento. Com as plantas estabelecidas, pretende usar mais racionalmente a água. Assim esperam garantir a água para a produção por mais tempo. Sansão diz, que a participação em vários encontros promovidos pela Articulação do Semiárido, tem ajudado a melhorar a relação da família com a terra. Além de envolver todos nesse novo saber, espera que esse conhecimento possa ser multiplicado entre os seus vizinhos, conhecidos, e principalmente entre os mais novos, assegurando uma melhor qualidade de vida para as famílias agricultoras e orespeito à natureza.

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