Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 6 | nº 92 | março | 2012 Itabí- Sergipe
Dona da primeira cisterna construída em Sergipe é exemplo de luta pela igualdade de gênero. A mulher do campo representa para o Semiárido: a dignidade, a simplicidade e a força de quem sonha todos os dias com uma vida melhor. Apresentamos Maria Gizélia Ferreira moradora da Comunidade Travessia município de Itabí que fica a aproximadamente 100 km da capital Aracaju. Mãe de sete filhos (dois homens e cinco mulheres) casada com Seu Ataide desde os dezesseis anos de idade, a vida de Dona Gizélia não foi muito diferente da realidade das mulheres do sertão de cinqüenta anos atrás, casar-se, criar filhos, cuidar dos afazeres domésticos sem a oportunidade de freqüentar escola, vivendo as amarguras de uma sociedade culturalmente machista e ainda convivendo com a dificuldade da escassez de água: “Tirava lama de tanque no braço” nos conta.
Dona Gizélia e sua cisterna (trazida pelo MOC em convênio com a Diaconia).
Aprendeu a fazer o seu nome com sua mãe que também ensinou os outros cinco irmãos, o fato de não poder ir para escola não tirou dessa mulher a vontade de aprender e de buscar conhecimentos, lutando e relutando contra opressão que sofria enquanto mulher naquela época e que infelizmente até hoje ainda assombra o universo feminino, Dona Gizélia não esmoreceu, decidiu ver o mundo além dos arredores da sua casa.
Primeiros passos rumo a emancipação Aos 48 anos de idade a história de Dona Gizélia começou a tomar um rumo diferente, ela entrou para a organização de base de comunidade através da Paróquia do município, um trabalho desenvolvido junto à pastoral, nesse mesmo período participava das Romarias da Luta da Terra e foi uma das fundadoras da Festa da Colheita. Daí por diante não saiu mais dos movimentos sociais, logo após entrou para o Sindicato de Trabalhadores Rurais do município de Itabí. Na propriedade ela tem criatório de ovelhas, galinhas de capoeira e porcos.
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