Ano 1 | nº 16 | Novembro | 2007 Picuí - Paraíba
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Projeto Demonstrativo
JOVENS NA AGRICULTURA AGROCOLÓGICA José Adjailson 22 anos e Édson 24, são dois jovens agricultores que juntamente com seus pais Antonio Aquilino 58 e Inácia 54, e a irmã Ana Lúcia de 16 anos, residem no Sítio Lagedo, distante 20 km de Picuí. Ambos sobrevivem da agricultura, possuem um roçado diversificado, com milho, feijão, fava, melancia, jerimum e plantas forrageiras como gliricidea e guandu, e ainda criam vacas, porcos e galinhas.A família relata que até o ano de 1993 no sítio não existia fonte de água, bebiam água salobra vinda de uma cacimba distante e a única fonte de renda era do corte da lenha e do garimpo.Em 1995 construíram um barreiro trincheira em uma área de baixio dentro do sítio, que guarda água para os animais, serve para lavar roupas e para plantar hortas por um período de oito meses, mesmo assim ainda estava faltando a água de beber. Em 2000, juntamente com um grupo de cinco agricultores construíram em sua residência, a primeira cisterna de placa da comunidade, a proposta se multiplicou e em pouco tempo, com o fundo rotativo todos participantes do grupo construíram a sua cisterna. Hoje, Édson, Adjailson e Ana Lúcia, fazem parte de um grupo de Jovens “Força Jovem em Ação” articulado pelo CEOP (Centro de Educação e Organização Popular), onde mensalmente são realizadas oficinas temáticas e discutem questões ligadas à cidadania e, sobretudo ao convívio harmonioso com o semi-árido. Édson afirma que no grupo, aumentou a sua auto-estima e o conhecimento sobre os direitos e deveres. Adjailson comenta que através das discussões no grupo de Jovens e da Associação Comunitária (que hoje é presidente), despertou o interesse em participar de intercâmbios com outros agricultores para ampliar o
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conhecimento sobre os cuidados com a Terra. Ainda diz que hoje a família trata a terra de forma diferente e que é preciso respeitar os elementos da natureza para ter uma vida mais decente, por isso, todo o lixo da casa é separado e doado para o Projeto de Reciclagem conduzido pela Escola da Comunidade Serra Baixa.Também se preocupam com a contaminação das fontes d'água, e com o recurso do fundo rotativo, construíram um banheiro de anel. A construção de chiqueiros de tela para prender as galinhas tem sido outra forma encontrada pela família para evitar que no período das chuvas esses animais estraguem a lavoura que fica perto de casa.No lugar onde fica um pequeno barreiro, seu Antônio escavou uma vala e colocou barro batido, ele acredita que a área vai passar mais tempo com água. A família sempre sentiu a necessidade de aumentar as áreas de armazenamento de água e descobriram uma área que permanecia molhada por muito tempo após o período chuvoso. Começaram a escavar e descobriram uma grande rocha, o que está possibilitando a construção de um tanque de pedra com capacidade de armazenar 200 mil litros de água captada da estrada. Segundo Inácia com o tanque construído vai ser possível fazer canteiros de hortas para garantir frutas e verduras sem veneno para a família, além da construção de um viveiro de mudas de plantas forrageiras e frutíferas. Seu Antônio Aquilino destaca que nos últimos anos tem conseguido aumentar o rebanho de animais graças à experiência de armazenamento de forragem, onde se juntam vários agricultores e no período das chuvas fazem os silos de lona que duram muito tempo. Em anos anteriores mal dava para manter as poucas cabeças de animais, e tinha que queimar xique-xique em propriedades vizinhas, hoje isso faz parte do passado. A família tem recebido vários intercâmbios de agricultores e agricultoras de toda região. Pensam em ampliar as experiências de convivência com o Semi-árido através do plantio de palma consorciada com outras plantas forrageiras, recuperação dos solos nas áreas de roçado, tudo isso como forma de ter qualidade de vida numa área que para muitos não tinha mais jeito. Ana Lúcia lembra que essas experiências só estão acontecendo porque tem o envolvimento de toda família, por isso que se consideram agricultores familiares que cultivam novos saberes na terra.
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MARCA UGE www.asabrasil.org.br