Ano 8 • nº1772 Dezembro/2014
Jeremoabo Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
‘Aqui antes era só capim, agora têm muitas coisas’ Seu João Bonfim e dona Josefa Maria Oliveira Bonfim, conhecida como Ninha, moram na comunidade Viração e Siriquinha, que recebeu recentemente o título de comunidade Quilombola no município de Jeremoabo-BA. A família participa da associação comunitária e se orgulha do reconhecimento da comunidade como Quilombola e de fazer parte da banda de pífano que anima os grupos de danças culturais da comunidade, a exemplo do Samba de Coco, que também é apresentado em eventos. Filhos de agricultores, seu João e dona Ninha também se dedicam ao trabalho na agricultura, de onde vêm a renda da família. Numa área de aproximadamente 30 tarefas, eles fazem o roçado, onde cultivam culturas alimentares como feijão, milho, abóbora, além da mandioca, que é beneficiada na própria comunidade se transformando em farinha para consumo da família. As outras partes da mandioca são utilizadas para alimentação dos animais.
Na propriedade também são plantados capim, melancia forrageira e palma para alimentação do pequeno rebanho de bovinos. No quintal, a família cria galinha caipira a alimentação própria e também para comercialização nas feiras livres. Nos últimos meses, mudou a rotina da família, que estava voltada para o cuidado dos animais e do roçado. Com a conquista de uma tecnologia de armazenamento de água para produção, transformou o cotidiano e o quintal da família. Seu João conta que há cerca de 5 meses ficou pronta en logo eles começaram a cultivar hortaliças ao redor de casa. “Quando terminei de pintar a cisterna e fazer os canteiros, eu já comecei a plantar”.
A alegria do Casal que sempre estão acompanhados pelos netos
Na área do quintal escolhida para fazer a horta, só havia capim e hoje deu lugar a várias culturas alimentares, além de uma área verde reservada para as galinhas. “Aqui, há 5 meses era só capim, agora tem tomate, cebolinha, coentro, feijão de corda...” diz seu João.
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia
Para a família, a participação nas capacitações e nos intercâmbios foi importante e despertou a vontade de colocar em prática as novas aprendizagens. É marcante o otimismo ao apresentar os resultados de sua produção agroecológica em um pequeno espaço de tempo. Dona Nina relata que a produção já é suficiente para o consumo da família e ainda consegue compartilhar com as filhas já casadas e com os vizinhos. A família pretende vender seus produtos para merendar escolar, experiência já vivenciada por outras famílias da comunidade. A participação em intercâmbios entre agricultores/as experimentadores foi importante para desperta a família para a necessidade de diversificar a produção. Seu João conta as experiências observadas numa visita de intercâmbio na propriedade de seu Afonso em Canudos-BA, e se perguntou: “Se esse senhor planta esse monte de coisas aqui, eu também posso plantar”. As partilhas de sementes nos intercâmbios resultaram em diversas plantas no quintal. Somados aos antigos pés de cajueiro, siriguela, laranja e babosa, novas culturas foram plantadas: tomate, palma, feijão-andu, feijão de porco, feijão de corda, mandacaru sem espinho, maracujá, pimenta de cheiro, alface, Seu João Preparando adubo orgânico morango, laranja, tangerina e bananeira. A produção agroecológica da família também conta com o preparo do adubo orgânico aprendidas nos cursos. Dona Nina conta que o adubo é preparado com o esterco que tira do quintal das galinhas e mistura com folhas. “Vai molhando e revirando, e em três semanas está pronto”. Além dos canteiros econômicos que economizam água, a família realiza a técnica de cobertura seca, “quando o sol está muito quente eu coloco palhada nos pés das plantas, mas minha esposa é quem mais cuida da horta, de manhã eu vou para roça e à tarde eu molho com ela, ela já vendeu coentro a 1 real, deu uma volta na comunidade e já chegou com o dinheiro na mão", diz seu João.
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