Criação de porcos no semiárido mineiro é saúde e renda.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 5 | nº 93 | Agosto | 2011 Ibiracatu - Minas Gerais

Criação de porcos no semiárido mineiro é saúde e renda. A trajetória começa em 2002, na comunidade Vereda das Palmeiras, município de Ibiracatu no norte de Minas Gerais, onde um grupo de 15 famílias viviam em um vilarejo, a beira de uma estrada e tinha como meio de vida o trabalho migratório/sazonal nos cafezais do Sul do Estado. Em 2002 através do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Varzelândia (STR Varzelândia) em parceria com o Instituto Marista de Solidariedade (IMS) foi construído o projeto de criação dos porcos que tinha como objetivo melhorar a qualidade de vida e segurança alimentar dos agricultores e agricultoras, além de buscar Vanir a esquerda e Nego a direita. alternativa de permanência da juventude no campo. Projeto Sustentável e Solidário fortalece a cultura local: Festival da Lingüiça. Osmar Brito Sales, mais conhecido como Nego, conta que o principal desafio foi trabalhar em grupo, “nem todo mundo pensa igual”, mas sempre se mantiveram unidos, respeitando às idéias de cada um. Os que saíram tiveram como motivo a dificuldade financeira. O projeto ainda trabalha a formação para economia popular solidária em que o grupo recebeu as capacitações e passou a outros grupos e comunidades disseminando a criação alternativa e saudável de porcos no Município, fortalecendo a atividade cultural existente e ajudando a criar a Festa nacional da Lingüiça no Município. No inicio todo o dinheiro com a venda dos animais era investido, compraram um carro para transportar os porcos, melhoraram as estruturas produtivas, mas depois de um tempo o grupo percebeu que o lucro não era suficiente para manter as 15 famílias envolvidas; a criação de porcos passou a ser desenvolvido como renda complementar e os agricultores continuam desenvolvendo outras como o plantio e hortaliças. Criação dos porcos em pátio cercado com cerca elétrica. Nego diz que na época o STR Varzelândia tinha

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uma parceria também com o Centro de Agricultura Alternativa (CAA) que colaborou com acompanhamento técnico e a parceria com o IMS que colaborou com o financiamento da estrutura e em um segundo momento a Cáritas regionalMG financiou através do fundo rotativo Solidário, um fundo em dinheiro para garantir a Compra da alimentação na época de safra que é mais barato, o que permitiu ao grupo sobreviver, pois alimentação é o custo maior da produção. Em contrapartida o grupo beneficiado entrou com mão de obra em mutirões e com alguns materiais de construção. Ração alternativa melhorada com farelo de soja e arroz Desafios e geração de renda e plantas regionais como mandioca e andu. O CAA trouxe sua experiência com a criação da raça de porcos dos Sorocaba, que é um caipira melhorado. Para o grupo está raça foi à melhor por se adaptar bem ao sistema de piquete e a alimentação alternativa, medidas que ajudam a reduzir o custo com a criação e também são mais resistente ao clima da semiárido da região. O Centro Alternativo de Agricultura (CAA) e o STR de Varzelândia realizou um curso onde aprenderam a fazer ração alternativa usando plantas típicas de região como abobora, mandioca, feijão Andu, capim, restos da horta, feijão andu, cana farelos de milho, arroz, soja, e ainda sal mineral triturado e preparado pelos próprios criadores. Aprendeu também a utilizar as plantas medicinais do cerrado para saúde a cura dos animais. Hoje está em grupo apenas duas famílias a de Osmar (nego) e Alvanir de Brito Sales o Vanir, contam que a vantagem do projeto é que toda a comunidade ficou capacitada na área da criação baseada no desenvolvimento sustentável, e todos têm seu porquinho no quintal garantindo a carne de qualidade na alimentação e este era o grande objetivo do projeto, a segurança alimentar. Nego e Vanir realizaram outros cursos de capacitação do SENAR sobre criação de suínos Recentemente ocorreu a morte de várias matrizes pelo fato de terem aumentado de cinco matrizes para nove perdendo o controle de higiene desenvolvendo uma bactéria na maternidade. Estão em processo de recuperação da capacidade produtiva e para isso investiram também na estrutura da maternidade com ventilação, gaiolas de gestação e amamentação, adotaram um procedimento mais rigoroso de higienização, desinfetaram o local com produtos que não agridem a saúde como iodo, cal, e vassoura de fogo, e realizaram um vazio sanitário que significa que durante sessenta dias a sala da maternidade ficou isolada. Recuperada a capacidade produtiva Nego conta que o mercado para vender a carne suína é muito bom, todos os açougues aceitam seus produtos e ainda existe o incentivo no município da Festa da Lingüiça, que acontece todo ano no mês de Agosto. Os dois persistem, pois entendem que o projeto ajuda a aumentar a renda e produzem um alimento de qualidade para suas famílias e para o povo da região Vanir e Nego fala com alegria de como hoje eles tem suas casas reformadas e com áreas em construção, melhoram suas estruturas, retiraram a telha de amianto e colocaram de barro, assentou piso, tudo isso a partir da renda com a criação de porcos. Nego conta que isso os faz querer investir cada vez mais na criação de porcos, acreditando e vivendo a qualidade de vida proporcionada por um manejo alternativo, mostrando as dádivas da vida conquistadas por aqueles que não desistiram com as dificuldades e agora colhem os frutos de quem escolheu gerar renda a partir do desenvolvimento sustentável e da segurança e soberania alimentar e nutricional. Apoio:

MARCA UGT www.asabrasil.org.br


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