Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 3 | nº 46| Agosto | 2009 Fagundes - Paraíba
A experiência da Família de Seu Alcides e Dona Carminha Seu Alcides João e Dona Maria do Carmo, mais conhecida como Carminha, moram na Comunidade Trapiche, no Município de Fagundes, Agreste Paraibano. Casaram-se no ano de 1971 e tiveram 07 filhos. Nos 08 primeiros anos de casados moraram numa Fazenda como posseiros. Em 1979 aceitaram a proposta de um compadre para morar num sítio com 2 hectares, na condição de morador, onde vivem até hoje. Quando chegaram para morar neste sitio só tinha mato e poucas fruteiras. Por esse motivo começaram a produzir nos roçados dos vizinhos para sustentar a família. Tempos depois constataram que a produção do roçado não garantia o sustento da família, sendo assim seu Alcides começou a trabalhar no corte da cana em Usinas no estado de Pernambuco.
Seu Alcides e Dona Maria do Carmo
Dona Carminha conta que a decisão de ficar sozinha não foi fácil, mesmo assim ficou em casa cuidando dos meninos. Seu filho mais velho já ajudava nos trabalhos do roçado, cuidando da casa e dos animais. Na época eles tinham 2 Cabras, 1 porca parideira, 1 jumento e algumas galinhas. A filha mais velha ficava em casa cuidando das outras crianças. Dona Carminha conta que vivia cansada de trabalhar nas terras dos outros, mesmo assim não podiam deixar. Foi quando ela e seus filhos começaram a cuidar do ao redor de sua casa, plantando flores para ornamentação e também fruteiras como: mamoeiros, laranjeiras, goiabeiras, cajueiros, mangueiras, limoeiros, jabuticabeiras e outras plantas importantes como erva doce, chuchu, açafrão, tomate, couve, coentro, cebolinha, pimentão e pimenta. A partir dessa iniciativa também começaram a plantar milho, fava, mandioca, batata, macaxeira, capim, cana-de-açúcar numa pequena vazante perto de casa. Conta orgulhosa Dona Carminha que toda essa luta durou mais de 10 anos.
Dona Carminha colhendo fava
Já Alcides ficava fora trabalhando nas Usinas e vinha em casa de quinze em quinze dias. Lá na Usina Seu Alcides conta que fez de tudo, trabalhou no corte, no plantio, na pulverização e na colheita da cana. Segundo ele o pior serviço era a pulverização, pois tinha que carregar uma bomba pesada cheia de veneno nas costas o dia todo pulverizando a plantação. O veneno ficava em grandes tambores dentro dos partidos de cana, os trabalhadores trabalhavam protegidos por que o veneno era tão forte que podia até matar. Segundo Alcides os agricultores acreditavam que o veneno era a única solução para controlar as pragas e doenças da cana-deaçúcar.
Paraíba