Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 3 | nº 76 | dezembro | 2010 Massapê do Piauí - Piauí
Satisfação que vem da plantação Na comunidade Juazeiro do Quitó, município de Massapê do Piauí, existe uma família batalhadora. A família de Helvécio Joaquim da Costa, 68 anos, e Isabel Maria dos Santos Costa, 60 anos. Que apesar da dureza da vida no semiárido de antigamente, nunca tirou a serenidade do peito e a esperança em dias melhores. Seu Helvécio conta que as pessoas de hoje tem mais facilidades que as de antes. Certamente, o que chegou para ele em quatro anos, se tivesse chegado em 50, a vida da família seria bem diferente. Mas, mesmo com tanta dificuldade, conseguiu fazer com que os filhos estudassem e já tem até uma filha, dos quatro, formada em História.
Parte da família reunida
Antigamente a luta era grande, tinha que pegar água no rio que fica distante um quilômetro para as necessidades da casa. Para beber a água vinha de Jaicós, distante 40 quilômetros, de onde ia pegar com um jipe velho que a família ainda conserva. Saía quatro horas da manhã para buscar água, ainda tava tudo turvo. Às seis horas da manhã ele saia para trabalhar fazendo empreita de serviço na terra dos outros para garantir a renda da família. Com a chegada dos programas da Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA Brasil), a vida mudou. Ele diz que pode considerar que se tem água encanada em casa, porque a cisterna do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) é bem pertinho. Com a chegada do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), através da Cáritas Brasileira Regional do Piauí, a água agora serve para produzir alimentos. Agora água não falta, e com condições de produzir dentro da própria terra nem os filhos precisariam trabalhar fora para ganhar a vida. Trabalham por que querem, tem um filho e uma filha trabalhando numa fábrica de beneficiamento de castanha de caju em Jaicós, mas o rapaz, Neilton, quando chega em casa não para nem um segundo.
Fabricação artesanal das caixas de abelha
Colocando em prática os ensinamentos do pai que também exerceu o ofício de carpinteiro, Neilton constrói caixas de abelha para produzir mel. A criação é recente, ele só tem 20 caixas e
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não possui os equipamentos necessários para melhorar a produção e extração do produto. Mas a força de vontade não falta. De cada caixa ele tira 20 litros de mel, que são extraídos ainda de um modo bem rústico, espremendo com a mão e coando. O que não tira o sabor delicioso que o produto sempre teve. Segundo o rapaz, o melhor mel é o do Juazeiro. Mas a florada da região tem angico de bezerro, mufumo, bamburral, jurema preta. Ele espera comprar os equipamentos para poder melhorar a produção e poder vender mais. A diversidade de produção é o lema dessa família. Na propriedade tem de um tudo, desde Feijão é o alimento que não falta em casa as hortaliças que ficam perto do calçadão, feijão, macaxeira, melancia, milho, abóbora, caju. A macaxeira ele se alegra de ter conseguido sustentar irrigando com a água do cisterna calçadão, que em outubro ainda tinha muita água, mesmo sem previsão de chuva para a região. Assim como uns pés de feijão também plantados junto ao calçadão. Além das plantações eles tem bodes, ovelhas e galinhas, além de umas vacas para tirar algum leite. Tudo criado preso. Da produção a família não vende quase nada, só os cajus que tem bastante na época. O feijão é todo guardado para o consumo durante o ano, quando ele não presta mais serve de alimento para os animais. Ele se orgulha de ter superado tantas dificuldades, desde a época em que se comia feijão com farinha por não ter outro tipo de alimento. Hoje, as pessoas podem plantar e criar com mais facilidade tendo carne todo dia na mesa, verduras fresquinhas e sadias, sem agrotóxicos. Até trabalhador para fazer uma empreita não se acha na região mais, porque ta todo mundo trabalhando para si mesmo e para a família. Seu Helvécio gosta de se manter informado com os outros agricultores e troca experiências. Uma experiência legal que ele viu dar certo é o adubo natural feito de pau do mufumo e do marmeleiro. Ele experimentou a carnaúba, mas segundo o agricultor, a que é batida não tem muita vitamina. A melhor é a que cai embaixo do pé é mais forte. Para dar de comer aos bichos é a melhor também, os cabritos e burregos crescem forte e as vacas engordam e dão mais leite. E ensina até a curar pela medicina natural. Ele usa a entrecasca da barriguda para curar de inflamações. O remédio pode ser feito colocando a casca de molho em um copo de 200 ml, ou colocando dois copos em um recipiente depois mergulhando a casca. O remédio é tomado três vezes ao dia durante trinta dias, e toda vez que tomar o segundo é colocado mais um copo para diluir. Para guardar, o recomendado é colocar 100 gramas de casca para um litro de água e dormir. No dia seguinte completar com mais um litro e guardar na geladeira para tomar três vezes ao dia. A única dieta é não pegar peso. A satisfação é grande hoje. O que ele pede é que a família continue unida e com saúde. Além das condições de poder ter comida farta na mesa todos os dias.