A escola da vida ensina que o trabalho de mutirão é capaz de mudar a realidade do povo do Curimataú

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 3 | nº 22 | Setembro | 2009 Solânea- Paraíba

A escola da vida ensina que o trabalho em mutirão é capaz de mudar a realidade do povo do Curimataú Incentivados pelo trabalho da Catequese Familiar de Solânea-PB, em 2003, um grupo de agricultores das comunidades de Palma, Bom Sucesso e Goiana passaram a se encontrar todas as segundas-feiras para aprender a ler e a escrever observando a natureza, no que chamaram de Escola da Vida. Por três meses discutiram e perceberam que vida é tudo aquilo que dá sentido a natureza. Estudaram então a terra, as plantas, o sol e a água. E junto com os elementos aprendiam as primeiras letras, riscaram as primeiras palavras, aprendiam a ler e escrever sobre a vida. As discussões e o aprendizado caminharam bem até que se depararam com o tema água e para quem vive no Curimataú, com o tema da seca. Tentaram responder juntos a pergunta: no Curimataú falta chuva ou falta água? Estudaram então quanto de água uma pessoa necessita, quanto de água cada animal necessita, quanto de água é necessário para botar e colher um roçado. Estudaram como era o padrão das chuvas e o quanto de água eles eram capazes de armazenar. Não tiveram dúvidas, faltava água! E foi observando a experiência do povo de antigamente que tiveram a idéia de organizar um grupo de mutirão para a construção e a manutenção de depósitos de água. Nesses 5 anos o grupo veio aprendendo muito e vem mudando a sua realidade e da comunidade. De 2003 a 2008 já construíram 19 barreiros e tanques de pedra, já beneficiaram 5 barreiros e lagoas, limpando e aumentando a capacidade de acumular água, principalmente para o gasto da casa e para os animais. Com esse trabalho, foram capazes de melhorar a vida de muitas pessoas da região, pois toda essa água acumulada tem servido a muita gente. E mais, nesses anos também fizeram cercas, limparam roçados, colheram legumes, construíram rodagens, limparam campos de palma, plantaram roçados, construíram barragem subterrânea, armazenaram silagem, construíram o Salão Padre Ibiapina, a sede da antiga Catequese Familiar e agora ONGIFA -Organização Não Governamental de Integração da Família. É uma união para fazer os trabalhos, explica Luiz. É uma mão lavando a outra. O que a gente não pode fazer só, faz com os companheiros do mutirão, conta Neném. Se o cabra sozinho não enfrenta o trabalho, através do mutirão fica mais maneiro, completa Eronildes. É assim, com respeito, união e solidariedade que o grupo vem se organizando para trabalhar. Para todos, a segunda-feira é sagrada. Só folgam nos dias santos e de festa. Montaram um calendário com uma seqüência dos

Paraíba


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