Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Ano 9 • nº1838 Abril/2015
PARA SER UM BOM INSTRUTOR DE PEDREIRO É PRECISO: Primeiro tem que ser um bom pedreiro, estar aberto às mudanças, ser capaz de mudar o próprio pensamento, aceitar a opinião dos outros e se identificar com o programa. Não é só construir bem uma cisterna. Mas também ressalta: “Não pode faltar nenhum material, o envolvimento da família é importante e a presença de um Animador de Comunidade, porque no decorrer do curso sempre saem perguntas sobre o Programa, sobre os valores, onde o programa vai atuar, quem vai trabalhar... e ninguém melhor, pra responder essas dúvidas, do que quem está na coordenação do Programa.”
Tianguá
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Transformando o semiárido pelo trabalho, Luiz transforma a si mesmo Luiz Francisco da Silva, conhecido como Luiz Jovem(34), agricultor, mora na Comunidade São João, assentamento da Reforma Agrária, distante 14km de Tianguá. Filho de Francisco Manoel da Silva e de Maria Francisca da Silva (falecida) há 5 anos. Família numerosa: 8 homens e 8 mulheres, dois dos quais falecidos. Casado com Patrícia, têm um casal de filhos: Lucas (12) e Maria Heloísa (6).
Momento de avaliação do Curso de Pedreiro
TRABALHO DE ANIMADOR DE CAMPO NO P1+2 – Hoje como animador de Campo do P1+2, encara o trabalho não como um emprego, mas como uma oportunidade de conhecer o programa mais do que antes. Destaca: “Como Animador de Campo vi que não é só ter a cisterna segurando água, é todo um processo que faz a gente se motivar a fazer parte dele. Diz que no P1+2 há mais tempo de convivência com a família e isso ajuda muito o bom desempenho do Programa em todos os sentidos. SUA OPINIÃO SOBRE O PROGRAMA – Sem pensar muito Luiz responde: “Ele é um dos melhores que já foram criados para atender o povo! Desde os primeiros momentos que eu comecei a vivenciar e a fazer parte dele a gente vem percebendo que as famílias vão se estruturando mais, vão adquirindo mais conhecimentos e não ficam mais presas às questões políticas, ao vereador, ao prefeito... Alguns ainda não conseguiram, mas a maioria consegue entender que o Programa é um direito conquistado, não é uma troca, e isso é muito gratificante pra mim, que também faço parte dessas mudanças!” Lembra que se houvesse mais tempo para o acompanhamentos às famílias durante a realização do caráter produtivo, o resultado poderia ser melhor ainda. Avaliando sua caminhada no Programa Luiz fala com entusiasmo que quem mais mudou foi ele. Sua atuação foi para além da família e da própria comunidade. Passou a ter mais autonomia, e a ver o mundo com “outros olhos.” Reconhece que o seu trabalho como servente, pedreiro, instrutor, educador de GRH e animador de campo ajudou muitas famílias a terem uma vida melhor no campo e faz um agradecimento: “Agradeço primeiro a Deus porque tive a oportunidade de fazer parte dessa luta, ela nunca deixa ser uma luta, porque não depende só de um projeto aprovado pelo governo, mas também do nosso esforço de reivindicar, buscar de cobrar, reunir as famílias, as comunidades os municípios, regiões, então a gente move tudo isso pra conseguir o benefício das famílias, que mais precisam, dentro dos critérios.
Realização
Apoio
Luiz, Patrícia, Lucas e Heloísa
A INFÂNCIA – Nessa fase de sua vida, Luiz destaca a liberdade que tinha para brincar e criar coisas novas, latas, caixas e frutas viravam carrinho de brinquedo! Hoje, diz ele, compra-se tudo pronto e a criatividade fica esquecida. Lembra com um encantador brilho nos olhos: “A gente brincava muito de bonecos feitos de talo de milho! O brinquedo que mais marcou minha infância foram os carros de forquilha. A gente fazia duas rodas colocava uma forquilha, uma cruz que era a direção, improvisava uma roda em cima da direção e colocava uns pregos. A gente passava o dia brincando com eles, mas também utilizava esse carro pra buscar água, pra levar outra criança pendurada. Brincava e utilizava esse carrinho pra fazer algumas atividades de casa.”
A primeira cisterna construída por Luiz e seu pai Chico Jovem
A INFÂNCIA E O TRABALHO – “A gente tinha o trabalho como primeira atividade. Aprendemos com meu pai: primeiro as obrigações depois a brincadeira.” Na época Luiz não estudava, porque não havia escola na comunidade. Quando a terra foi desapropriada e as 21 famílias vieram para o assentamento, nem todas tinham crianças. O transporte era o jumento. Foi um tempo difícil. Quem sabia ler, pelo menos um pouquinho ensinava os jovens e adultos e depois às crianças. As aulas eram dadas nas casas e às vezes, as pessoas que ensinavam recebiam uma pequena contribuição. Na casa de Luiz, Zezito, seu irmão, foi seu primeiro professor, sabia pouco mas ensinava até aos vizinhos. Luiz iniciou seus estudos aos 8 anos de idade. Com 12 anos conclui a 1ª série. Quando entrou na escola já sabia ler e escrever. Terminou o ensino médio em 2000, pelo Telecurso.