O prazeroso trabalho e lazer da vida no campo

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Ano 8 • nº1912 Dezembro/2014

Jacobina Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

O PRAZEROSO TRABALHO E LAZER DA VIDA NO CAMPO “Aqui é muito lindo! As vezes subo ali na serra e fico olhando para baixo e admirando o quanto a comunidade é bonita”. Essa é a comunidade de Cocho de Dentro, no município de Jacobina, na Bahia. Lugar, onde Maria da Conceição Correia Barreto, mais conhecida como dona Ceiça, venho morar desde 1986. “Vim pra cá para trabalhar na mineradora Diamantina, ai conheci um companheiro e aqui mesmo fiquei para viver com ele”, conta dona Ceiça, que se casou com o senhor Santos Bispo da Silva e juntos tiveram a filha Samara de 21 anos, e os filhos Silvanei de18 anos e Sidnei de12 anos, construindo uma bela família. Em 1995, com fechamento da mineradora, o casal viu no cultivo do roçado o meio de garantir o sustento de casa, e passaram a se dedicar a esse trabalho. “Quando a firma fechou, não tinha outra coisa para fazer, então começamos com esse trabalho de plantar as hortas e vender na feira de Jacobina. Mas no inicio era só uns 3 tipos de hortaliças”, explica dona Ceiça. Que complementa dizendo: “Toda vida, a gente plantou natural, sem uso desses agrotóxicos”. Há 11 anos, dona Ceiça fo convidados para participar do grupo que formaria a Feira Agroecológica de Jacobina. E assim, Dona Ceiça e Seu Santos comercializar sua produção de alimentos saudáveis em outro espaço. “Quando Robson da COFASPI me procurou com essa ideia da feirinha, eu gostei muito e logo aceitei. A gente foi aprendendo outras práticas de produzir natural, participei de alguns cursos, Robson visitava aqui e dava algumas dicas, incentivou também a plantar mais coisas, para aumentar à produção e ter mais variedade. E ai a gente foi crescendo a produção, depois a gente colocou esse processo de irrigação para melhorar o trabalho, por que ficou complicado molhar tudo com regador”, relembra dona Ceiça. Na roça se planta o trabalho de uma agricultura familiar e colhe com prazer uma vida saudável em harmonia com a natureza. “Apesar do cansaço eu gosto de trabalhar, me sinto bem aqui na roça, limpando, cuidando, plantando. Ai vem as plantas, vem as flores, você vai criando aquela vontade de plantar mais, a gente vende também as mudas, as flores, ai tudo é sobrevivência”, expressa dona Ceiça. O desafio maior na produção de


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

hortaliças são as pragas, conta dona Ceiça. “As pragas aqui têm vez que tá demais, a gente perde muita produção. Mesmo assim, a gente continua. Vai mudando o tipo de plantio no canteiro, vai colocando os defensivos, como a água da mandioca misturada com cinza e pimenta, tem também o biofertilizante, pra vê se dá jeito. E esses servem ainda como adubo junto com o esterco de gado”. Já em relação ao acesso à água, não tem muita dificuldade. “A nossa água vem por gravidade da nascente de um rio, que mesmo nos períodos de estiagem, nunca secou. A gente vai controlando o gasto, mas graças a Deus não temos dificuldades com água”, diz dona Ceiça. Atualmente, os produtos são comercializados na quarta, na Feira Agroecológica e no sábado na

Seu Santos colhendo abóbora feira livre, em Jacobina. Uma bela produção de nabo, rabanete, espinafre, rúcula, beterraba, cenoura, almeirão, escarola, selva, agrião seco, alfaces americano, manteiga, mimosa e crespa, coentro, salsinha, cebolinha, e ainda frutas como jambo, mamão, banana e muito mais. Para dona Ceiça os consumidores valorizam bastante os alimentos naturais. “Desde quando comecei, que tenho uma boa e fiel clientela, tenho freguês que começou na primeira feira até hoje continua”. As atividades de dona Ceiça vão além do cultivo do roçado. Ela faz o beneficiamento d o a ip im p a r a ve nd e r a ma ssa p a r a restaurantes de Jacobina para confecção de bolo. E ainda participa dos projetos da

Produção de alface Associação Comunitária dos Moradores e Agricultores de Cocho de Dentro. “A associação é muito importante para comunidade. A gente tá com projeto de fazer o beneficiamento do coco babaçu, em óleo, sabonete e hidratante, atendendo encomendas. E agora a gente tá fazendo capacitação para aprender a fazer bijuteria com a casca do babaçu”. Dona Ceiça é um exemplo da luta da mulher no campo, que com coragem e alegria ocupa todo seu tempo com o trabalho em casa, na roça, na comunidade e na comercialização da produção nas feiras. “Meu salário sai daqui. Aqui eu como, aqui eu bebo, aqui eu durmo. Faço tudo, tudo que eu tenho é comprado daqui. Daqui eu tiro tudo, do alimento ao chinelo”.

Feira Agroecológica de Jacobina

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