Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
A nordestina arretada diz que a mulher precisa acreditar no novo e trabalhar com amor, assim, virão bons frutos e boas colheitas. “Meu amor pelo Semiárido é maior do que eu. Fui criada na roça e hoje, meu neto, Ângelo Miguel, já me acompanha, e assim vou ensinando que se plantando agroecologicamente tudo nasce e nos alimenta de maneira saudável”.
Ano 8 • nº1901 Outubro/2014 Serra Talhada Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Impulsionada pela força de renovação, a agricultora Nilce Maria de Lima, 67 anos, nasceu e se criou na Fazenda Angico Grande, localizado a 10km de Serra Talhada, plantando de tudo um pouco e sem agrotóxicos. Até que no início de 2013, o filho José Cássio de Lima, junto com a esposa Joseilda Leal de Moura e o filho Ângelo Miguel Lima Moura, deixaram Petrolina e retornaram para a Fazenda com uma novidade: plantar uva agroecológica, experiência adquirida nas fazendas de uva do Projeto Irrigado Senador Nilo Coelho. O desafio era realizar o cultivo sem o uso de agrotóxicos. Mas como acrescentar uma nova cultura de plantio numa região que não a tem como tradição? Essa foi a maior preocupação de Dona Nilce. “A ideia não foi muito aceita por alguns moradores da Fazenda Angico, mas apostei na sugestão e resolvi plantar uva. No começo foi difícil porque as pessoas me chamavam de louca, não acreditavam! Ficou mais fácil porque já tinha meu plantio de fruteiras e hortaliças. Só precisamos juntar dinheiro para comprar uma terra maior e cuidar do solo”, afirmou a agricultora. Apoio
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20
Anos
Transformando Vidas no Semiárido
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Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco
A família viticultora se empenhou em plantar uva de qualidade na região, assim lembra Joseilda Leal de Moura. “A gente sai de casa bem cedinho para cuidar do plantio e só retorna no final do dia. Trabalhamos unidos para que tudo dê certo. E já está dando. Quando os cachos tiverem maduros a gente vende em porta e porta”, falou a nora de Nice.
A experiência deu certo porque, segundo Nilce, o solo foi cuidado com carinho e, além disso, o filho e a nora conheciam as técnicas de plantio. “O segredo é ter paciência! Primeiro a gente limpou a terra. Depois abrimos as 228 covas. Em cada cova foi colocado o adubo preparado com 2 litros de esterco bovino e 1 litro de terra. Mistura os dois e despeja em cada cova. Depois é só colocar as mudas que a gente comprou em Petrolina e molhar às 07h e às 17h” explicou. Um outro ponto importante foi o preparo da irrigação por microaspersão, um método de irrigação em que a água é aplicada na área ocupada pelas raízes das plantas. Á água vem do poço amazonas que fica na propriedade da família, o que facilita a mão de obra, alertou Nilce. “Tendo coragem, água e fé tudo o que se planta, nasci. Digo isso porque faz um ano e dois meses que tudo começou, mas esperaria mais um para colher cachos saudáveis, sem resíduos de venenos, sem contaminar o ambiente, nem os consumidores e nem a minha família”, falou.
Na propriedade da família são cultivados separadamente pés de goiaba, mamão, manga, banana, acerola, abacate, laranja, berinjela, pimenta e um quintal produtivo cheio de coentro e alface. Todos os alimentos são livres de resíduos tóxicos e favoráveis à saúde do homem e da mulher.