Ano 8 • nº2065 Outubro/2014
Jaguaribe Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Agroecologia vivida intensamente: a trajetória de seu Saldanha “... foi que nem diz a história...” É com esse bordão que seu Saldanha imprime sua marca, ao nos dedicar seja um minuto ou horas em conversas que tratam da vida no semiárido. Agricultor desde sempre, ele nasceu na comunidade Caraúnas, no município de Jaguaribara. Da infância, boas recordações, mas também as dificuldades. “Não tinha transporte e a gente se deslocava em animais. A gente morou sete anos na beira da antiga BR-116, que foi construída durante a seca de 1932”. E por falar em datas, sua memória é privilegiada. Em 1960, ele e sua família foram morar em Jaguaribe, na comunidade D'Arco, porque a família não tinha terra. “Quando se muda de um ambiente para outro, você vê as coisas diferente do que você via antes. Como a gente vivia do roçado, não dava pra sonhar com escola, com estudo. Quando eu ouvi as pessoas falando de estudo, comecei a me interessar. Eu só fui alfabetizado aos 21anos, no programa Mobral – Movimento Brasileiro de Alfabetização. Eu trabalhava de dia e estudava à noite”, recordou. Arrimo de família e com o pai cego, seu Saldanha não se deixou abater. Concluiu o segundo grau e depois foi fazer o curso de técnico agrícola nos anos 80. ‘Naquela época, a agricultura era feita toda com broca e queimadas. Eu queimava muito, era uma cultura tradicional. Ninguém sabia o mal que fazia à natureza. Mas tinha uma diferença: ninguém usava agrotóxicos ou adubos químicos”.
1959 – Aos 9 anos, muda-se para a comunidade D'Arco, em Jaguaribe;
Durante a revolução verde , usava veneno e praticava monocultivo no verão (plantava feijão);