Hortaliças plantadas em caixas de papelão: a inovação e a criatividade de Elizabeth

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Ano 8 • nº1950 Setembro/2014

Areial Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Hortaliças plantadas em caixas de papelão: a inovação e a criatividade de Elizabeth Elizabeth é a mais velha dos 9 filhos de Sebastião e Lourdes. Nascida e criada no Sítio Serrote Branco, em Areial-PB, ela teve que ir morar no Rio de Janeiro aos 22 anos de idade, pois acabava de sair de um casamento que não deu certo e precisava trabalhar para criar os dois filhos dessa união, Railson e Raí. Os meninos ficaram ainda muito pequenos aos cuidados da avó, Lourdes. Hoje com 22 e 23 anos, são os dois jovens que moram no Rio de Janeiro.Elizabeth conta que morou na cidade grande por 16 anos, mas todos os anos vinha passar o mês de férias com a família e os filhos. Foi em uma dessas indas e vindas, que conheceu o seu marido, Antônio, de quem ficou viúva há pouco mais de 2 anos. Os dois viveram juntos por 13 anos e dessa união nasceu Samuel, hoje com 9 anos. Após a morte do marido, Elizabeth resolveu voltar a morar na comunidade onde nasceu. Eu já era ligada em alimentação saudável, conta Elizabeth, trabalhei em restaurantes naturais, sou apaixonada por plantar, por isso resolvi voltar. Com o dinheiro do seguro de vida do marido, ela construiu sua casa perto de onde já moravam os pais. A propriedade toda tem 9 hectares, mas o pedaço de terra onde Elizabeth trabalha é de um hectare. Na casa vivem Elizabeth, Samuel e Emanuele, de 12 anos, uma sobrinha que perdeu a mãe, irmã de Elizabeth e ficou morando com a família. Na terra, Elizabeth planta abacaxi, mamão, pinha, coco, caju, melancia, acerola e romã. Cuida de plantas medicinais como capim limão, manjericão, arruda, hortelã da folha miúda, erva cidreira, endro e alecrim. Em outra parte da propriedade ela produz com o pai batata doce, feijão carioquinha e preto, milho safrinha e fava estendedeira. E junto com a família, ela cria algumas galinhas, uma vaca e um cavalo, o pangaré, xodó de Samuel.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

Mas o que Elizabeth gosta mesmo é de mexer com hortas. No seu arredor de casa é possível encontrar tomate, pimentão, coentro, cebolinha, couve, alface e pimenta amarela. Tudo o que produzem é para o consumo da família. Em 2013, ela conquistou sua primeira cisterna, a de beber e cozinhar. E em 2014 veio a cisterna enxurrada, a água de produção. Antes das cisternas, a agricultora conta que só produzia no inverno, pois a água era dividida da cisterna de sua mãe. A novidade para Elizabeth foi a participação nas formações do Polo da Borborema, onde descobriu uma nova forma de economizar água e manter a sua horta por mais tempo. Ela faz o uso de um material que antes iria para o lixo: caixas de papelão. Eu fui participar das oficinas e lá o pessoal só falava em economizar água, em usar tudo que era recipiente pra plantar, conta, e como eu me preocupo muito com o destino do lixo, resolvi colocar em prática usando as caixas de papelão que trazia da cidade com as compras, ensina Elizabeth. A agricultora explica que o papelão ajuda a segurar a água e faz com que a terra fique sempre úmida. Ela percebeu que assim precisaria de menos água para manter sua horta sempre bonita. A verdura deu muito maior, mais viçosa, foi muito mais proveitoso, avalia. Segundo Elizabeth, outra vantagem é que as galinhas não ciscam, as caixas são altas, as galinhas não alcançam e a horta fica protegida, diz. Além da economia de água, Elizabeth também aprendeu a produzir sem usar veneno e a importância de produzir sua própria semente de hortaliças. No período de colheita da horta, ela separa aquelas do consumo da casa e as plantas que vão ficar para produzir as sementes. Explica que não adianta deixar de usar veneno e utilizar sementes envenenadas. Para Elizabeth falar de veneno lhe traz uma tristeza muito grande, pois acredita que a doença do marido foi causada pelo uso intensivo de agrotóxicos, quando ele plantava batatinha com o pai, na juventude. Por isso, a agricultora resolveu que na sua terra não entraria nenhum tipo de veneno. Elizabeth está muito satisfeita com a sua experiência de produzir em canteiros feitos em caixas de papelão. Antes me chamavam de louca, mas depois que viram que deu certo, estão querendo experimentar também, conta. Agora com mais água disponível, ela pretende ampliar a plantação de fruteiras e também ter novas criações, quando Samuel tiver mais idade para me ajudar a cuidar, planeja ela.

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