Agricultura Familiar: Cenário de paixão e viabilidade de sonhos

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Ano 9 • nº2070 Janeiro/2015

Severiano Melo/ RN Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Agricultura familiar: cenário de paixão e viabilidade de sonhos

P

ara as famílias que moram no campo, a agricultura é a principal atividade produtiva realizada, sendo sinônimo de segurança alimentar e fonte de renda. Na família de Maria Wanderleia Maia Lucena, de 46 anos e seu Raimundo Nonato Maia, de 47 anos, essa realidade não é diferente. Agricultores experimentadores, eles superaram as dificuldades e a falta d'água típica no Semiárido brasileiro e conseguiram realizar sonhos através da agricultura familiar. Dona Maria Wanderleia se dedica inteiramente a agricultura, que é sua paixão, enquanto Seu Raimundo é Agente de Endemias no período da manhã e passa a semana inteira trabalhando fora de casa. De acordo com Dona Wanderleia, sempre que pode, o marido também 'coloca a mão na massa' e a ajuda. Foi com essa parceira que eles conseguiram criar e educar os três filhos (Bruno, Augustinho e Maiane Cristina), e continuam tocando a vida nos dias de hoje. O Sítio Cuvico é localizado cerca de 13km da área urbana de Severiano Melo, cidade conhecida como a terra do caju, na região do Médio Oeste Potiguar. Lá Dona Wanderleia garante a produção de alimentos e geração de renda através do seu quintal produtivo, onde tem uma criação de galinha caipira, uma horta rica em repolho, couve, pimentão, beterraba, cenoura, berinjela, tomate cereja, coentro, alface, jerimum, macaxeira e pimenta malagueta, além de fruteiras como acerola, goiabeira, laranjeira, cajarana, coqueiros e o cajueiro. De acordo com Dona Wanderleia a vida nem sempre é fácil, mas graças ao amor pela


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Articulação Semiárido Brasileiro – Rio Grande do Norte

agricultura ela mantém seu quintal em plena produção, vendendo verduras nos sítios vizinhos durante a semana e nos fins de semana na feirinha da cidade. “Toda vez que vou à rua já tenho os clientes certos, o pessoal me para logo e pergunta se tem verdura novinha para vender”, contou. Ainda de acordo com ela, a produção do seu quintal era quase nenhuma, mas há cerca de dois anos ela foi beneficiada como o Programa de Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS), o que possibilitou a intensificação de suas atividades produtivas. Conforme a agricultora parte da renda familiar obtida vem da venda de coentro, cebolinha, couve, alface, pimentão e pimenta cujo valor do molho varia entre R$ 1,00 (um real) e R$ 1,50 (um real e cinquenta centavos). Dessa forma, seus produtos chegam a garantir, em média, R$ 300,00 (trezentos reais) de renda no mês para a família. Ainda de acordo com ela, essa renda permite que ela e o esposo paguem a energia, façam feira, mas principalmente eles ajudam a manter a filha que mora e estuda em outra cidade. Segundo Wanderleia, realizar o desejo de Maiane Cristina, sua filha, só foi possível graças ao que ela produz em casa. “Estudar era o sonho da minha filha e o dinheiro que a gente manda para ela todo mês é fruto do que a gente planta aqui. É pouco, mas é a nossa salvação”, Ainda de acordo com a agricultora, o esforço tem valido a pena porque hoje a Maiane cursa o sétimo período e está próxima de se formar, graças à dedicação com que Dona Wanderleia e seu esposo produzem em um hectare e meio do seu quintal. Com a construção de uma cisterna calçadão no terreno, Wanderleia afirma que a tecnologia vai possibilitar o aumento da sua área de produção e com isso melhorar a renda de sua família, viabilizando a concretização de novos sonhos.

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