A força de Dona Dindinha traz autonomia à família

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Ano 9 • nº1773 Fevereiro/2015

Euclides da Cunha Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

A força de dona Dindinha traz autonomia à família Maria Silva Neves, conhecida com dona Dindinha, e seu José Silva dos Santos, conhecido como Zezé, são casados há 25 anos e sempre moraram na comunidade Baixas, município de Euclides da Cunha. Dona Dindinha é exemplo de força e coragem, mãe de 2 filhos, divide seu tempo entre os cuidados com os animais, com a casa e na horta, enquanto seu esposo trabalha fora. “Eu gosto da roça mais do que do trabalho de casa”, diz ela. Ela dedica-se aos trabalhos na pequena área de terra, onde planta feijão e milho e atualmente também está a cisterna-enxurrada conquistada recentemente, além do plantio de fruteiras e hortaliças. Ao redor da casa já cultivam fruteiras como pés de laranjeiras, coqueiros, mangueiras, mamoeiros, acerolas, umbuzeiros, cajueiros e outros, plantadas no período do inverno e mantidas com água salobra do poço artesiano da comunidade, que não servia para todas as plantas. Outra atividade desenvolvida é a criação de galinhas e porcos, hoje já alimentados com as sobras da horta. Os animais são importantes para a renda da família, pois as galinhas e os ovos são comercializados na própria comunidade. Com o acesso à água para produção, dona Dindinha começou a cultivar hortaliças para o consumo e despertou para a possibilidade de vender na feira o excedente da produção. Ela conta que ficava triste quando via desperdiçar, “tinha um pé de limão que jurei cortar, porque só via desperdiçar, o chão ficava cheio, mais agora, graças a Deus levo tudo para feira”.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Dona Dindinha conta que a ideia da barraca na feira surgiu depois da conquista da cisterna e já faz 2 meses que estão vendendo pimentão, couve, cebola, alface, limão, mamão, laranja, pinha, umbu e outros na feira da cidade. Seu Zezé diz que em tempos difíceis, às vezes, ia para feira e não trazia nada, “mais hoje, nós é que vamos levar coisas para vender na feira, olhe que bênção!”. “Depois que comecei a vender na feira, nunca mais faltou um real em casa”, ressalta ela.

Há dois meses, a família comercializa na feira e relata que os clientes gostam dos produtos que vendem e já indicam para outras pessoas, e assim vão ganhando mais compradores. Dona Dindinha fala com orgulho do seu trabalho com as hortaliças e que já comprou uma carrocinha (reboque que é acoplado com engate na moto) que facilita o transporte da produção para a feira. Hoje, grande parte do dia, ela dedica aos trabalhos no quintal, onde coloca em prática as novas aprendizagens dos cursos e intercâmbio. Ela mostra as tecnologias adaptadas pelo agricultor João Romão da comunidade Tamanduá no município de Cipó-BA, para o cultivo de hortaliças (mini rastelo para escarificar a terra e outro com apenas 2 dentes e espaçamento de 30 centímetros para marcar as leiras de coentro e alface), vistas no intercâmbio entre agricultores/as. A coragem de dona Dindinha é reconhecida pelo esposo que diz: “Essa mulher têm coragem, ela cavou tudo isso aí sozinha”, mostrando os canteiros econômicos e o sistema simplificado de irrigação. “Eu mesmo faço minhas leiras, hoje já fiz 2, não espero por ele não”, diz ela.

Além de preparar os canteiros, ela faz limpeza, molha e colhe as hortaliças, mas conta com a contribuição de seu Zezé, quando volta do trabalho numa fábrica de cal.

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