Ano 7 • nº1306 Agosto/2013 Boa Vista do Tupim
Nossa luta é pela Terra, pela Água, e a favor da vida! Após iniciarem um caminho de muita luta e dedicação, as famílias do Assentamento do Grotão, em Boa Vista do Tupim, no sertão baiano, se consideram vitoriosas e fortes, mesmo que ainda tenham muito para conquistar. Com quase 15 anos de existência o Assentamento do Grotão passou por muitos embates políticos, mas a resistência, ação e mobilizações das famílias conquistaram, além da terra, a construção e casas, escola, cisternas, tudo em benefício de um grupo que acredita e luta por seus direitos. Atualmente, no Grotão moram 61 famílias, que podem usar a estrutura da antiga fazenda.
Ocupar, resistir e produzir O dia foi 19 de julho de 1999, momento marcante, quando o grupo decidiu entrar nas terras improdutivas de um fazendeiro. Junto ao MST, movimentos sociais, Igreja e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, a comunidade se articulou na garantia de seus direitos e assim, resistiram bravamente na ocupação e conquista da terra, abandonada após falência de seu antigo dono. O movimento entrou em franco conflito com policiais e justiça e, entre ocupações e despejos, incêndios criminosos, cerca de 80 famílias resistiram. Durante os 6 primeiros anos, o acampamento enfrentou o esvaziamento interno do movimento, intimidações politicas, opressão do poder local, mas resistiu. Em 2003, surgiu a necessidade de ter uma representação local do coletivo, principalmente junto ao INCRA para o registro da terra, momento que foi criada a Associação do Grotão e foi legitimada a posse da terra para 61 famílias. Entre 2007 e 2009 foram construídas as atuais casas. Deste tempo de ocupação, a organização coletiva do grupo foi muito importante : as pessoas chegavam juntas para fazer a roça, traziam animais, e as famílias, ganhavam força. A roça coletiva, juntava as famílias em torno da terra, aproximando suas vidas, lutas e sonhos. Segundo Carlinhos, um dos primeiros ocupantes do Grotão e integrante do MST, "a luta é longa, não é fácil, como muitos acham. O processo de apropriação da terra precisa de entendimento e de atitudes sólidas. Após o trabalho coletivo e os resultados positivos, o Grotão ficou reconhecido e respeitado por toda cidade. No espaço coletivo é cultivada a roça de mandioca e de feijão, e retiradas as sementes. Os produtos são vendidos na feira, e mantém um fundo reserva para pagar os custos da associação.