Trabalho e união fortalecem a convivência da família Peixoto

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Ano 8 • nº1767 Novembro/2014

Capela do Alto Alegre

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Trabalho e união fortalecem a convivência da Família Peixoto O dia se inicia muito cedo para Cordeiro de Farias Lima Peixoto e sua esposa, Renilda dos Santos Peixoto. O casal mora na sede do município de Capela do Alto Alegre, e todos os dias cada um vai para a sua rotina de trabalho. Ela trabalha como costureira, ele vai para a roça, que fica próxima a casa onde vivem. É de lá que eles retiram as hortaliças e alguns legumes para a alimentação da família e para a comercialização na feira do município aos sábados. O trabalho na barraca se inicia às 4 horas da manhã e é realizado pelos dois. Todo esse esforço é para fazer o melhor pelos filhos, Iago, que trabalha no Rio de Janeiro, Ivan que é estudante de engenharia da computação e Ingredi que está se preparando para o vestibular. O casal conta a história de lutas e muita determinação que uniu essa família. «A gente aqui é criado na roça. Eu de pequeno já costumava a lidar com roça, no motor do sisal. Já fui pro Mato Grosso e trabalhei com usina, cortando cana, depois passei a trabalhar como operador de turbina. Em Santos trabalhei como porteiro de prédio. Mas trabalhar pra gente mesmo é melhor, é mais tranquilo. A gente não fica sendo oprimido pelos outros. Graças a Deus eu me sinto bem trabalhando na roça. Tem horas que eu tou na roça, tá chovendo e eu tou dando pulos, converso com minhas plantas. Eu sou muito grato a Deus e a quem pensou esse sistema de água. Toda vez que eu ia trabalhar fora, meu pai cuidava da horta, e eu sempre voltava”, conta seu Cordeiro, que decidiu ficar e investir no cultivo de hortaliças. Ele se recorda das dificuldades que vivenciou no começo. “Quando eu casei lembro as dificuldades. Quando fui trabalhar em Mato Grosso, o que eu ganhava mal dava para viver. Morava num quartinho pequeno. Chegava tempo de chorar, passei por muito aperto, mas venci. Hoje se a gente quiser comer um frango; fazer um churrasco; almoçar num restaurante, a gente pode. Eu como o que eu quero. A minha horta era menor antes da cisterna. Todo dia eu tou lá. Se eu não for fico doente, vou até dia domingo. Minha terra é uma tarefa e meia, não era minha, trabalhava na terra dos outros, e um dia eu consegui comprar. Tou dentro do que é meu. Tenho minha renda que dá pra viver e peço a meus filhos para não vender e dar continuidade”, o filho mais velho, Iago tem 22 anos e já comprou 8 tarefas de terra, segundo seu Cordeiro, ele também gosta de trabalhar com as hortaliças e sempre que retorna, ajuda a família na tarefa.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Outro elo que fortalece a união dessa família é Renilda, ela conta que desde a infância cuidava dos irmãos menores. “Fui mãe, irmã, tudo ao mesmo tempo, porque minha mãe tinha que trabalhar. Eu cuidava dos meus irmãos menores desde cedo, carregava água na lata, pegava fila. Aí depois casei. Tenho muito que agradecer a Deus tudo o que conquistamos. Eu ajudo mais na barraca, converso com os clientes, comigo nunca ficam sem levar. Eu estudo a noite, faço enfermagem. Me identifico muito com cuidar das pessoas”, recorda Renilda. Ela também conta as mudanças na vida e a ampliação da horta. “Depois dessa cisterna ajudou muito, antes o lucro não era lá essas coisas, às vezes a gente ficava devendo. Sempre que dá uma chuvinha enche. Antes a gente pagava para encher as cisternas pequenas. O que mais vendemos é a alface e o coentro. Quando a água diminui tem que vender os animais, diminuir um pouco a quantidade. Eu agradeço a Deus que tou dando hoje para meus filhos o que eu não tive. A gente não quer nada de ninguém, é tudo com o suor do nosso rosto. Tudo que a gente faz é em acordo. Primeiro tem um diálogo, planejamento para fazer as coisas combinadas. Vale a pena chegar em casa e ver que tá tudo dando certo”, diz Renilda. Há dois anos o casal conquistou a cisterna de enxurrada, através do Programa Uma Terra e Duas. A partir da experiência do cultivo de hortaliças e da pequena criação de galinhas, Seu Cordeiro busca motivar as pessoas que visitam a propriedade durante os intercâmbios do programa e os cursos. “Às vezes a gente tem esses cursos da cisterna aqui no município e maioria vai para minha horta e eu sempre digo a essas pessoas que se a gente tem um sonho não deve desistir nunca. A gente tem que insistir. Em todas as áreas tem dificuldades. Eu sempre passei por momentos difíceis na minha horta que eu pensei em desistir, mas mesmo sem dá lucro eu pensei em continuar. Hoje eu agradeço a Deus, as coisas melhorou muito pra gente. Eu não conhecia esses programas de cisternas, e quando eu soube aqui no sindicato eu sempre disse que queria. Muitas coisas melhorou no orçamento da minha casa. Tou esperando que chova para melhorar mais”. Na propriedade, ele possui outras duas cisternas com capacidade para armazenar 10 e 5 mil litros, que também acumulam água para a produção. Para o cultivo das hortaliças tem usado a técnica do transplante, que consiste em colocar a semente em placas de isopor e quando a muda nasce é transplantada para o canteiro. “Uso a técnica do transplante e a minha produção fica maior e não perco os pés de alface, antes não aguentava bem quando estava brotando direto da terra quente no canteiro. Minhas hortaliças são orgânicas, meus clientes já sabem que é garantida, de qualidade”. Outra técnica que ele ensina é o combate de pragas, como a tríplice que ataca as folhas da alface, com a urina da vaca. “Todo o meu trabalho é para a minha família, ajudar meus três filhos. Minha companheira é um lado da minha vida. Ela me ajuda na barraca no sábado. Ela vende e eu carrego desde as 4 horas da manhã os produtos. Ela me ajuda em tudo, ela fez um curso de corte e costura e tá trabalhando para ajudar a manter nossos filhos na faculdade. Eu sempre me preocupei quando via a roça não dá muita coisa, mas eu sempre confiei em Deus, ele não tem deixado faltar”, finaliza Cordeiro.

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