Revista da Secretaria de Educação de Maracanaú. A gestão refletindo suas práticas.
Ano 6 - Nº 11- Outubro de 2016 ISSN: 2237-7883
Educação & Reflexão ENTREVISTA
Profa. Dra. Isabel Ciasca A importância da avaliação p. 20
Coluna EDUCAR
Sistema de avaliação em Maracanaú p. 17
É Notícia
Maracanaú é destaque no Ideb p. 52
Artigos Científicos p. 55
Avaliação e Indicadores Educacionais
Ano 6 - Nº 11 - Outubro de 2016 • ISSN: 2237-7883
SUMÁRIO
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BOAS PRÁTICAS
Avaliação diagnóstica da alfabetização Os rumos qualitativos Educação em Maracanaú
da
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ENTREVISTA
Profa. Dra. Isabel Ciasca A importância da avaliação escolar para melhoria das práticas pedagógicas
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CULTURAL
Filme: Voz do Coração Dica deA Filme O filme aborda além dadeprática Filme aborda o universo pedagógica, o valor do ser phumano. essoas com Síndrome de Down
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CIENTÍFICA
É NOTÍCIA
Maracanaú é destaque no Ideb Município superou meta projetada para 2015 de 5,2 alcançando nota de 5,7
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A PROVINHA BRASIL COMO ELEMENTO REFLEXIVO NA BUSCA PELA MELHORIA DA EDUCACÃO EM MARACANAÚ
Artigo produzido por técnicos da SME
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E MAIS: Coluna Educar...................................................................................................................................................................................................... 17 Dica de filme: A voz do coração (Les Choristes)............................................................................................................................................. 18 Dica de Livro: Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações.................................................................................................................. 19 Professor desenvolve projeto de monitoria e alunos melhoram desempenho............................................................................................. 20 I Gincana Científica e Cultural da EMEF Instituto São José.......................................................................................................................... 21 EMEF Ana Beatriz Macêdo realiza avaliações do programa Mais Paic e OBMEP..................................................................................... 22 SME participa do II Fórum Comunitário do Selo Unicef............................................................................................................................... 23 Escolas da rede Municipal visitam cidade cenográfica do São João de Maracanaú.................................................................................... 25 Equipes da Secretaria de Educação participam do São João de Maracanaú 2016....................................................................................... 26 Maracanaú recebe professores de Minas Gerais............................................................................................................................................... 28 SME realiza Culminância do Programa Mais Cultura nas Escolas............................................................................................................... 30 Coluna Educar 11 PROERD forma 429 alunos da rede Municipal............................................................................................................................................... 32 EMEIF José Assis de Oliveira recebe visita de paratleta e da tocha olímpica............................................................................................... 34 sdasdjaslj......................................................................................................................................................................... SME realiza realiza coaching profissional para gestores escolares................................................................................................................. 35 Centro de Deficiência Línguas intelectual: realiza formatura de 103 estudantes................................................................................................................................. 37 Dica de livro: Cognição e leitura 13 Etapa municipal de Prêmio da Peteca é realizada nodeteatro Dorian Sampaio................................................................................................... SME recebe visita de representantes Secretaria de Educação Recife 14 39 Escola dereunião Maracanaú recebedo visita dos do Unicef e da Petrobrás........................................................................................ SME realiza com integrantes Núcleo de representantes Cidadania dos Adolescentes - NUCA 15 41 Curso de boneca de pano na EMEIEF Irmã Dulce...................................................................................................................... 43 EMEF Edson Queiroz recebe visita éderealizado jornalista Nonato Albuquerque 15 Creche Ciranda-Cirandinha recebe crianças para odurante início das formação aulas 16 44 Resultado do SPAECE é apresentado de coordenadores................................................................................................ Professor da redemúsica conquistacomo o VI Prêmio Nacional/XVII Prêmio Estadual Ideal Clube de Literatura 17 45 CLM utiliza atividade de extensão para estudantes. ................................................................................................................ SME formação sobre CDIS 18 SMErealiza realiza I Conferência de Educação de jovens e adultos.......................................................................................................................... 47 Ana letivo 2015 nas escolas municipais de Maracanaú 19 49 Secretaria deinicia Educação realiza III Semana do Nutricionista.......................................................................................................................... SME realiza formação itinerante do Projeto Paralapracá............................................................................................................................... realiza jornada pedagógica...................................................................................................................................... 50 Maracanaú é destaque no Ideb........................................................................................................................................................................... 52 ........................................................................................................................................................................................ SME realiza aula inaugural do Programa Universidade Operária do Nordeste.......................................................................................... 53
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EDITORIAL
PREFEITURA DE
MARACANAÚ
De acordo com o artigo 3º, inciso IX, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o ensino deve ser ministrado tendo como base, principalmente, a “garantia de padrão de qualidade”. Nessa perspectiva, uma busca constante dos sistemas nacionais, estaduais e municipais de ensino é qualidade na educação. Diversas ações são desenvolvidas para que a escola a alcance, seja na oferta das etapas e modalidades de ensino, na formação continuada dos professores, nas reformas de infraestrutura nas instituições, na manutenção de patrimônio e materiais, no acompanhamento técnico pedagógico, entre outras ações. Neste processo, a avaliação educacional desempenha importante papel na efetivação dos objetivos escolares, bem como no planejamento das atitudes, ações e caminhos a serem trilhados para atingir essa qualidade. Torna-se pertinente destacar que pode ser realizada de forma interna, quando aplicada pelo próprio professor da sala de aula; e externa, em que toda sua organização e desenvolvimento se processa fora do contexto a ser avaliado.
Esses dois tipos de avaliação envolvem visões e características de diversos campos do conhecimento, tais como a antropologia, a psicologia, a sociologia, a filosofia, a ética, além das influências das teorias do currículo e da didática, quando inserida no campo educacional. Ademais, perpassam por questões de natureza política e ideológica. Mesmo com procedimentos e abordagens claramente distintas, as avaliações de procedência externa e interna se integram, mediante seus objetivos fundamentais, que são as mudanças qualitativas, visando o aperfeiçoamento e a qualidade do ensino e da aprendizagem. A avaliação exerce relevante papel no desenvolvimento de meios e ações técnico-pedagógicas a fim de contribuir com a educação de crianças, adolescentes, jovens e adultos do Município de Maracanaú. Assim, este número da Revista Educação e Reflexão traz relatos, entrevista, artigos científicos e experiências que buscam favorecer discussões e reflexões acerca de dois temas centrais: avaliação e indicadores educacionais. José Marcelo Farias Lima Secretário de Educação
Rua Capitão Valdemar de Lima, 202 Maracanaú (CE) Telefone: (85) 3521.5663 seduc@maracanau.ce.gov.br Prefeito: Firmo Camurça Secretário de Educação: José Marcelo Farias Lima
Expediente Coordenação Editorial: Antonio Nilson Gomes Moreira Conselho Editorial: Arlete Moura de Oliveira Cabral, Glaucia Mirian de Oliveira Souza, Gleíza Guerra de Assis Braga, Kamile Lima de Freitas Camurça e Rosana Maria Cavalcanti Soares Jornalista Responsável, Direção de Arte, Diagramação, Reportagem e Edição: Marília Perdigão de Negreiros Vianna Projeto gráfico Thiago Mena Barreto Viana Revisão: Monique Lima Ferreira Kuhn TIC: João Batista Monteiro Soares Arte da capa: Lucas Melgaço da Silva e João Batista Monteiro Soares Estagiários de Comunicação: Carlos Thaynan Lima de Andrade Priscila Carla Lima
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BOAS PRÁTICAS
Política Educacional
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Processos de avaliação mediados pelos recursos tecnológicos na EMEIEF Professora Francisca Florência da Silva
Texto: Tereza Cristina Dourado Carrah Vieira
A
professora de informática
EMEIEF Professora Francisca Florência da Silva está localizada no bairro Siqueira, Município de Maracanaú. O núcleo gestor é composto por: Profª. Vera Lúcia Lima Cordeiro (Diretora Geral), Profª. Antônia Wilma de Oliveira Andrade (Coordenadora Pedagógica), Profª. Francisca Esmênia Souza Teixeira (Coordenadora Administrativa Financeira) e Francisco Wellington do Nascimento (Secretário). Seu corpo docente é formado por 19 professores e atende 372 alunos, sendo 82 da Educação Infantil e 290 do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Cientes de que as tecnologias da informação e comunicação são recursos didáticos, que auxiliam no ensino e na aprendizagem, o núcleo gestor e os
docentes da instituição os utilizam para tornar estes processos mais interessantes e interativos, motivando e contextualizando os temas estudados, ou mesmo aplicando conceitos aprendidos em sala de aula. Assim sendo, resolveram realizar, na prática, um projeto em que a avaliação na escola fosse mediada por esses recursos, numa parceria importante entre docentes de todas as turmas e a professora do laboratório de informática, Tereza Cristina Dourado. O objetivo principal da escola é que a avaliação, na verdade, garanta uma aprendizagem significativa, superando o paradigma de que só o aluno deve adaptar-se às avaliações escolares, mas que a instituição também busque alternativas para a realização da mesmas,
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levando-o a refletir sobre o processo avaliativo. Os recursos tecnológicos, neste sentido, são uma oportunidade de ampliação do modelo vigente de avaliação. Semanalmente, todas as turmas, em horário reservado, passam pelo laboratório de informática. As turmas são divididas e, enquanto uma parte dos alunos fica em sala de aula, a outra vai ao laboratório, tornando o trabalho mais eficaz e o espaço mais organizado. A professora do laboratório de informática aplica as atividades já planejadas e acordadas com os docentes de sala, fazendo a mediação com os alunos. Nesse projeto, a avaliação dos alunos se dá através de atividades e jogos (por exemplo, Gcompris, TuxMath, Kcalc e KEduca), além de testes e simulados de questões sobre os conteúdos estudados, tanto off-line como on-line. O interessante é que os testes podem permanecer gravados na web, facilitando a sua gestão automatizada pelo professor. Um outro recurso didático que também é utilizado é o software Luz do Saber, que tem por objetivo contribuir para a alfabetização de crianças, além de promover a inserção na cultura digital, geralmente utilizado nas turmas de 2º ano. O programa multitarefa, Hot Potatoes, permite realizar exercícios, como palavras cruzadas, correspondência e “sopa de palavras”, possibilitando avaliar os alunos de todas as séries de uma forma bem participativa e dinâmica. Outra ferramenta importante é a lousa digital. A internet proporciona um leque de atividades que permitem avaliar de forma natural, sem pressão e com mais eficácia. Assim, as avaliações são desenvolvidas utilizando três recursos tecnológicos disponíveis na escola: computadores, laptops e lousa digital. Com o uso dos dois primeiros, as avaliações são realizadas individualmente. Como os laptops são tecnologias móveis, por vezes, são levados para a própria sala de aula, evitando o deslocamento
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das crianças para o laboratório de informática. Com a lousa digital a avaliação dá-se de forma coletiva, já que a mesma dispõe de uma extensa tela de computador, sensível ao toque, tornando a abordagem dos conteúdos mais dinâmica. Outro fator importante que vale destacar é a questão da inclusão, pois a escola possui várias crianças com deficiência e estas utilizam-se desses recursos tecnológicos e conseguem desenvolver novas habilidades. Para a realização desse processo, a escola conta com a professora Célia Macena Lima, responsável pela sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE). Nessa perspectiva, o professor deve estar em constante formação, tendo em vista que as tecnologias evoluem rapidamente. Uma vez por mês, a professora do laboratório de informática participa de formação realizada pelo Núcleo de Tecnologia de Maracanaú (NUTEM), que proporciona “atualizações” frente às inovações e conhecimentos. Após a implantação do projeto na escola, percebeu-se que a avaliação, através dos recursos tecnológicos, retirou o “peso” e a pressão do termo prova, possibilitando que a aprendizagem das crianças acontecesse de forma mais simples, dinâmica e prazerosa. Nesse modelo, o aluno assumiu uma posição ativa, pois ele dialoga e argumenta suas escolhas com o professor. A partir do momento em que a instituição refletiu que a educação escolar passou por profundas mudanças sociais, sentiu a necessidade de reformular seu processo de ensino e de avaliação. Com isso, percebeu-se que os resultados de aprendizagem poderiam ser evidenciados de forma positiva e com mais qualidade.
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Avaliação: conhecendo a realidade e melhorando a aprendizagem
Texto: Andrea Leal Dias Anita Lima Figueiredo Maria Regina Melo de Oliveira e Maria Ivanira e Silva Ferreira
A Escola Municipal de Ensino Fundamental do Jatobá, localizada no bairro Jardim Jatobá, no Município de Maracanaú- CE, atende cerca de 528 estudantes em dois turnos. Pela manhã, são recebidos 267 alunos do 5º ao 7º ano, e à tarde 261 do 5º ao 9º ano.
Dessa forma, utilizamos uma metodologia de avaliação sistemática e diagnóstica, com atividades pedagógicas voltadas para o cotidiano, para os alunos que não atingiram as habilidades propostas nas avaliações externas do PAIC, PROVA BRASIL e SPAECE. Uma série de ações interdisciplinares são, assim, programadas no “Planejamento Integrado”. A avaliação diagnóstica no início do ano de 2016 Nesse momento, sentimos a necessidade de propiciou o conhecimento da situação real do nível de uma pausa para refletirmos sobre nossa práxis aprendizagem de cada estudante, o que contribuiu pedagógica. Utilizamos o tempo de forma para traçarmos metodologias de aprendizagens consciente para discussões, ações e reflexões diferenciadas, bem como identificarmos os alunos sobre o fazer docente, criando alternativas para que necessitam de uma intervenção mais efetiva, ultrapassar as adversidades que surgem e favorecer principalmente os oriundos de outras escolas, cujas mudanças de posturas na prática de sala de aula. dificuldades são desconhecidas.
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Os conflitos e divergências de ideias, no processo, estimulam a busca por novos saberes e compreensão da prática. A partilha de experiências é fator primordial para o crescimento e amadurecimento da equipe escolar.
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que nossos estudantes tornem-se leitores fluentes, com ênfase na compreensão, interpretação e produção textual.
Cada habilidade é trabalhada com tempo definido, avaliada e, as que não forem atingidas, se necessário, Reforçamos ainda que bimestralmente o corpo são retomadas. Num currículo organizado por docente e o núcleo gestor identificam os alunos com competências, devemos mudar a percepção sobre dificuldades, nas diversas áreas de conhecimento, os erros cometidos pelos alunos, pois errar é parte determinando intervenções pedagógicas para do processo de acerto. Esses são provocados com o minimizar o baixo rendimento, o que inclui a intuito de resolver problemas desafiadores e, assim, parceria entre escola e família como uma das o erro é uma constante. Vemos oportunidades medidas adotadas. nos erros cometidos por eles, encorajando-os a enfrentar e superar suas dificuldades, e a buscar o O Programa Mais Educação executa ações em porquê de terem ocorrido; portanto, contribuem colaboração com os docentes, intensificando para a melhoria da aprendizagem. as habilidades desenvolvidas em sala de aula, bem como fortalecendo o incentivo à leitura, Ressaltamos que as atividades desafiadoras são interpretação de texto e escrita. No Laboratório de possíveis de serem resolvidas pelos alunos; causam Informática, o Programa “Luz do Saber” e a utilização um sentimento de entusiasmo na hora da correção de softwares indicados pelo NUTEM possibilitam e o grau de complexidade deve ir aumentando de novas formas de acesso à informação e auxiliam na acordo com o que o estudante vai conquistando. construção do conhecimento, com sugestões de A concepção de avaliação é também outro atividades e jogos que favorecem a aprendizagem grande desafio neste momento. É preciso avaliar individual e coletiva, dando continuidade ao que é continuamente, ajudando o aluno a aprender proposto pelos docentes. e perceber seus avanços e dificuldades, sendo parte integrante do trabalho em sala de aula. Nos 5º anos, iniciamos com a utilização de materiais Os instrumentos utilizados nas avaliações são concretos, como ábaco, material dourado, sólidos atividades elaboradas conforme os eixos temáticos geométricos e jogo de cartelas, para trabalhar e habilidades em estudo, observando o que precisa a composição e decomposição dos números, as ser revisto e aprofundado, e respeitando o ritmo de quatro operações, valores posicionais, geometria aprendizagem de cada estudante e turma. e outros conteúdos, visando facilitar o processo cognitivo dos alunos para a abstração e o raciocínio Após a correção das atividades avaliativas lógico-matemático. No segundo semestre há uma realizadas, procedemos à síntese dos dados. intensificação em conteúdos abstratos. O incentivo Identificamos como os estudantes aprendem, em à leitura de livros literários é prática em todas as quais habilidades apresentaram mais dificuldades turmas do mencionado ano, e faz-se necessário para e, a partir desse momento, as interferências são
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realizadas. Em uma atividade com o eixo temático leitura e interpretação de textos, do 5º ano C, obtivemos na habilidade 04 (identificar informações relevantes para a compreensão do texto de acordo com o gênero), 100% de aprendizagem; na habilidade 12 (identificar finalidades e funções da leitura em função do suporte e das características do gênero), 93%; nas habilidades 07 (inferir ideias implícitas) e 11 (identificar diferentes registros decorrentes da variação linguística), 90%; e na habilidade 09 (reconhecer o sentido de palavras frases ou expressões), 83%. Precisamos investir em novas metodologias de ensino, conhecer bem os eixos temáticos e as habilidades de cada disciplina, para melhor aplicálas no cotidiano escolar. Para se atingir bons resultados, devemos constantemente estar atentos às ações desenvolvidas na escola. E, considerando as contribuições que a avaliação pode trazer para a organização do trabalho docente, vale ressaltar que professores e gestores, com base nos resultados daquela, devem refletir sobre a prática pedagógica, objetivando redefinir o planejamento do ensino, modificando-o, especificando-o e aprimorando-o sempre que preciso. Concluímos que, quando mobilizamos atitudes em prol de reconhecer as dificuldades específicas de nossos estudantes, o trabalho educativo se torna mais eficiente e eficaz. Mediante estudos mais detalhados, percebemos que a proficiência tem aumentado significativamente, assim como houve efeito positivo na aprendizagem; com isso, os resultados das avaliações internas e externas têm atingido as metas previstas e muitas vezes superadas.
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O prazer da aprendizagem através da leitura
Texto: Cícera Rochelle Lopes Braga professora 1º ano A EMEIEF Governador César Cals de Oliveira Filho foi fundada em 14 de dezembro de 1986; em março de 2010 foi construído um novo prédio, situado à Rua Lituânia, S/N, no bairro Alto Alegre II. Oferece Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, nos turnos manhã, tarde e noite, atendendo atualmente a uma demanda de 557 alunos. Atualmente, o núcleo gestor é constituído por: Moaci Rodrigues da Silva (Diretor Geral), Maria Idelma Saraiva Amaral e Walcineide Viana Barbosa (Coordenadoras pedagógicas), Maria do Socorro de Melo Gonzaga (Coordenadora Administrativafinanceira) e Marta Silva de Souza (Secretária). No início de 2015, a escola percebeu, de acordo com os resultados das avaliações externas do Protocolo do 1º ano e do SPAECE, a realidade negativa em que se encontrava, especialmente no ciclo de alfabetização. Fomos contemplados com o apoio
de uma Escola Nota 10, EEIEF Raimundo Pimentel Gomes – CAIC, de Sobral. No primeiro semestre do referido ano iniciaram-se as visitas de professores e da gestão da escola parceira, que constatou fragilidade nas séries de alfabetização da nossa. Sugestões foram dadas e as mudanças pensadas e iniciadas. No segundo semestre de 2015, novas professoras (Cícera Rochelle Lopes Braga - 1º ano, Sandra Maria Oliveira da Silva - 2º ano e Ana Cecília Aguiar da Silveira - P2 de ambas as turmas) passaram a integrar o quadro docente da escola. Desse modo, vieram também novas ideias, experiências alfabetizadoras, metodologias diversificadas, disposição para transformar completamente a realidade da instituição, aliada à escola parceira. Fizemos uma visita a esta e pudemos reafirmar que nossas metodologias eram semelhantes e que, aplicadas de forma comprometida e consciente, resultaria em sucesso.
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Com o objetivo de compartilharmos nossa experiência e contribuir com outras escolas, mostrando que é possível adotar mudanças e obter resultados positivos na educação, especialmente a pública, citaremos a seguir algumas das atividades planejadas e realizadas para o crescimento e transformação da nossa realidade escolar. Transformamos todo o espaço da sala em ambiente propício à alfabetização, com cantinhos de leitura e fixando diversos tipos de portadores textuais (jornais, revistas, folhetos, quadrinhos, receitas etc.), e textos de diferentes gêneros expostos, realmente utilizados e estimulantes. Após a aplicação dos testes de psicogênese e de leitura, com o objetivo de conhecermos o nível em que encontravam-se as crianças, iniciamos intensamente várias ações. Eram feitas leituras coletivas e individuais e, aliadas a estas, atividades diversificadas e divididas por níveis de desenvolvimento cognitivo em relação às habilidades e competências necessárias para a alfabetização. Uma vez por semana eram aplicados simulados semelhantes às avaliações externas e, no dia seguinte, realizavam-se as correções com auxílio de projetor multimídia, para que todas as crianças pudessem visualizar a leitura coletiva e a compreensão dos textos, e logo proceder às intervenções necessárias. Foram também aplicados testes mensais de leitura nos quais as crianças, em círculo, ouviam e liam o livro e realizavam reconto de diferentes formas, mostrando assim a compreensão, bem como faziam a sua autoavaliação e, no final da atividade, eram contemplados com prêmios simbólicos de acordo com seu avanço. Contamos também com o apoio de um projeto interno, em que os alunos com maiores dificuldades e que participavam do Programa Mais Educação eram atendidos no contra turno por estudantes do 8º ano e
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funcionários monitores, sob a orientação constante da coordenação pedagógica, caracterizando, assim, um esforço coletivo do grupo escolar no tocante ao enfrentamento das dificuldades percebidas e refletidas nos indicadores educacionais. Outra mediação aconteceu através de encontros mensais com as famílias. Os pais inicialmente tiveram informações a respeito da realidade da aprendizagem das crianças e lhes foi dada a responsabilidade da ajuda mútua no processo. Eles assumiram esse compromisso e, em contrapartida, a escola mantinha o diálogo mensal, dando retorno sobre os avanços e as intervenções necessárias para o sucesso na aprendizagem. Os pais também contribuíram ao acolher o projeto “Lendo com a família”. Neste, as professoras enviavam livros todas sextas-feiras para que os alunos lessem com seus pais, irmãos, tios, avós, durante o fim de semana, e às segundas-feiras apresentavam para a turma o resumo da história, a alegria e satisfação em dividir momentos tão significativos com a família. Concluímos o ano de 2015 com uma expressiva mudança. As turmas de 1º e 2º anos da EMEIEF Governador César Cals de Oliveira Filho revelaram que transformações acontecem. Professores e grupo gestor comprometidos com a educação, assim como toda a comunidade escolar, especialmente as famílias, comprovaram que é possível superar obstáculos e mostrar a construção de uma educação com qualidade social, desde que os atores escolares sejam orientados por um projeto comum, baseado na realidade e desafios locais.
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Avaliação diagnóstica da alfabetização: os rumos qualitativos da Educação em Maracanaú
Texto: Maria do Carmo Pinheiro Marques Lucas Melgaço da Silva Maíra Moreira Prudêncio Nos últimos anos, com a contínua busca da qualidade na educação pública, têm se intensificado as práticas e pesquisas na área da Avaliação Educacional, uma vez que estas apresentam possibilidades de fornecerem informações e
Um Sistema de Avaliação Educacional de qualidade pode contribuir para alavancar o progresso e o desenvolvimento de um país, Estado ou Município. Contudo, esse propósito só será alcançado com uma política séria, embasada e bem articulada.
subsídios para a implantação e implementação de políticas educacionais. Além de proporcionar o monitoramento necessário ao sistema educacional para identificar se tais políticas estão conseguindo obter resultados exitosos.
O município de Maracanaú, seguindo o caminho realizado pelas avaliações federais e estaduais, propõe o seu próprio Sistema de Avaliação e Monitoramento. Nesta perspectiva, foi implementada em 2015, nas
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turmas de 1º e 2º ano do Ensino Fundamental, a Avaliação Diagnóstica da Alfabetização para todos os alunos matriculados nesses anos. Os instrumentos dessa avaliação são elaborados pelos técnicos educacionais da Diretoria de Avaliação e Monitoramento (DAM), da Secretaria de Educação, que utilizam como base de apoio os estudos de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky acerca da aquisição da língua escrita. Logo, os conteúdos e habilidades abordados são: escrita do nome completo, escrita de palavras, escrita de frase e o diagnóstico de leitura. Este leva em consideração as categorias: leitor de letras, leitor de palavras, leitor de frases e leitor textos, sendo o último orientado apenas nas turmas de 2º ano. Em seguida, os instrumentos avaliativos são entregues aos núcleos gestores das escolas para aplicação ao final de cada bimestre letivo. Após serem aplicados pelos coordenadores pedagógicos, os instrumentos são encaminhados à DAM, que analisa os aspectos correlatos: a escrita do nome, psicogênese da língua escrita, frase e leitura. Por conseguinte, os dados são lançados no Sistema de Avaliação Municipal, objeto criado especificamente para este fim e que fornece os seguintes relatórios qualitativos: consolidação da avaliação diagnóstica escrita e mapa dos resultados por desempenho de cada aluno, turma, escola e município. Para Manoel Campos Junior, diretor da EMEIF Manoel Moreira Lima, “ter essa parceria com a Secretaria de Educação é muito importante, pois é mais um referencial que se tem em nível de avaliação do desempenho dos alunos, o que contribui para a melhoria da aprendizagem”. Os resultados, após serem consolidados pela DAM, em prazo máximo de duas semanas, são socializados com as escolas por meio de devolutivas
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individuais e coletivas. Na ocasião, são apresentadas ferramentas para a compreensão e utilização dos dados recebidos, além da reflexão de como os relatórios podem colaborar para a gestão da escola na realização de uma política de intervenção. Esta, focada na real situação e na efetivação da mudança de comportamentos daqueles envolvidos no processo educacional. Considerando a experiência ora divulgada, bem como os resultados obtidos pelo município de Maracanaú desde a efetivação da Avaliação Diagnóstica da Alfabetização, podemos destacar que o acompanhamento e a visualização sistemática do desenvolvimento da alfabetização e do letramento durante o ciclo de alfabetização é, sem dúvidas, imprescindível à prática pedagógica do professor, que possui como objetivo final a efetivação da aprendizagem do educando.
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Isabel Ciasca, Dra. em Educação (UFC)
“Os professores precisam descobrir quão rico é um instrumento de avaliação para a melhoria de sua prática pedagógica e para o ganho de aprendizagem por parte do aluno. ”
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ENTREVISTA Universidade|
Avaliação: O desafio da melhoria da aprendizagem escolar diante da fragmentação do currículo A Doutora em Educação Brasileira, Isabel Ciasca, fala sobre a importância da avaliação escolar para melhoria das práticas pedagógicas dos professores e da qualidade educacional.
Nesse contexto, qual a importância do ato de avaliar para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem?
dificuldades para o rompimento da avaliação como exame. Como romper essa cultura avaliativa?
É importante compreendermos que se o professor a prática do professor, se ele não tiver feito uma boa formação, vai se basear na sua própria experiência e, fazendo isso, é complicado romper com essa cultura do exame. No entanto, a partir do momento que ele estuda sobre avaliação e compreende que esta faz parte do processo de ensino e aprendizagem, ou seja, que é através dela que ele vai compreender Apesar dos estudos, pesquisas, reflexões e se o aluno aprendeu ou não, e que pode, a partir disseminação dos atuais pressupostos da das informações adquiridas, rever a sua prática, avaliação da aprendizagem, percebe-se ainda vai perceber que há diferença entre avaliação e exame. Exame é apenas uma análise pontual, diferentemente da avaliação que deve ser continua, Possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Ceará (1988) com habilitação em informativa e formativa. A avaliação faz parte de todo um processo de aprendizagem, ou seja, ela deve estar presente desde o planejamento até o seu desenvolvimento. A culminância do ensino acontece justamente na avaliação, pois é uma forma do professor olhar para o caminho percorrido, perceber o que foi aprendido, para que assim, possa rever sua prática pedagógica.
administração escolar, mestrado em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (1997) e doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará (2003). Atualmente é professora associada da Universidade Federal do
Ceará. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Estrutura, Política, Gestão, avaliação de Ensino Aprendizagem, avaliação Institucional, História da Educação Brasileira, Filgueiras Lima ( educador e poeta) e Educação Infantil.
Quando diferenciamos avaliação de exame, percebemos que estas construções conceituais estão imbricadas no próprio currículo escolar, visto que, historicamente, a avaliação foi tratada como algo externo a ele, quando na verdade é elemento constituinte. Como construir a cultura avaliativa que considere o currículo e a avaliação como elementos inseparáveis e complementares
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no processo de ensino-aprendizagem? A avaliação é algo necessário e precisa ser um processo que venha desde o planejamento. Assim, a avaliação e o currículo devem estar de mãos dadas, pois não existe avaliação sem o respeito ao currículo. Ou a avaliação está completamente em consonância com o currículo ou o mesmo vai ter uma avaliação falha, incompleta e que não traduz a realidade da turma ou da situação escolar.
independente dela ser interna ou externa. Se a professora da escola ou o município focalizar simplesmente as avaliações externas, o prejuízo na aprendizagem das crianças será grande. E isso já tem sido percebido em décadas anteriores.
Quando o currículo não é respeitado, não é visto na sua integralidade, em anos posteriores isso vai sendo sentido pelos alunos o que acaba contribuindo Com a cultura da avaliação em larga escala, houve para uma defasagem que vai se acumulando. Isso uma distorção a respeito de currículo e acabou- é uma bola de neve, visto que para recuperar é um se adotando a matriz curricular, que é um recorte trabalho gigantesco. desse. Então, houve uma concentração do professor em torno dessa matriz em detrimento do currículo Desde meados dos anos 90, nosso país completo, que é bem mais abrangente. estruturou o sistema de avaliação da educação básica (SAEB), dentre as motivações, A matriz tem o objetivo muito claro, que são os itens temos o diagnóstico da educação nacional, que estão sendo formulados para uma avaliação implementação e acompanhamento de políticas de larga escala. Esse tipo de avaliação, por sua vez, públicas educacionais. Quais os principais veio subsidiar as decisões necessárias às políticas desafios para os sistemas municipais de públicas. Todavia, é a avaliação interna, aquela do educação, escolas e professores no tocante à dia a dia da sala de aula, que tem que dar conta do função social da escola no contexto atual, em currículo integral. que se percebe que, socialmente, os indicadores educacionais como atividade fim da escola? Quais as implicações para os alunos que são submetidos ao empobrecimento curricular Os indicadores são dados importantes e as escolas frente à“preparação”para as avaliações externas, precisam considerar isso. Eles não são os únicos, mas em que muitas escolas chegam a desconsiderar trazem indícios sobre o desempenho da criança, a matriz curricular, focando dessa forma, nas sobre a aprendizagem que ela tem tido naquela matrizes de referências das avaliações externas? escola. Neste caso, é necessário que o instrumento e o resultado sejam conhecidos pelo professor para O prejuízo se dá quando um aluno não consegue que ele possa fazer uma análise da turma. Como ver o currículo na integralidade, para atender uma algumas dessas avaliações já são realizadas ao demanda pontual que é a da avaliação em larga final do ano, provavelmente ele não teria retorno escala e que vem apenas em determinada época do para aquela turma que fez a prova, mas, na do ano ano. Se o currículo fosse visto no seu todo, a avaliação seguinte, é possível que ele reveja sua pratica. Ou aconteceria naturalmente e o aluno se sairia bem, seja, ele está trabalhando determinados conteúdos
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ENTREVISTA
e sua metodologia poderá ser ajustada para que possa melhorar e elevar o nível de aprendizagem das crianças, visto que esse é o objetivo final do ato educativo.
no momento que ele for planejar, é necessário que pense como vai avaliar. Essas duas coisas estando casadas (planejamento e avaliação), e respeitando a integralidade do currículo, é um ganho gigantesco para os alunos e mais ainda para o professor, pois o O que você poderia deixar de mensagem para os mesmo irá sentir que realmente cumpriu com seu professores no tocante à avaliação a serviço da objetivo, que é de ver a aprendizagem das crianças aprendizagem? acontecer efetivamente. Os professores precisam descobrir quão rico é um instrumento de avaliação para a melhoria de sua prática pedagógica e para o ganho de aprendizagem por parte do aluno. Deste modo,
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17 COLUNA EDUCAR Por: Kamile Camurça - Primeira-dama de Maracanaú
A avaliação do rendimento escolar é imprescindível para
a reorientação do ato educativo e pode contribuir para melhorias efetivas na qualidade do ensino e, consequentemente, na aprendizagem dos alunos. Possui caráter diagnóstico e tem como principais objetivos contribuir para a reflexão da prática pedagógica, redirecionando a política de formação continuada dos professores e sugerindo intervenções, a partir da identificação das habilidades em que os educandos demonstrem dificuldades. Proporciona, a partir dos resultados obtidos, uma visão tanto panorâmica quanto específica do sistema. Merece destaque a Avaliação do 1º ano, implantada em 2008, que monitora o nível de proficiência dos discentes nos eixos de leitura e escrita, na fase de alfabetização.
A Avaliação de Satisfação dos Usuários, realizada
semestralmente, sistematiza a opinião dos gestores escolares quanto aos serviços recebidos de cada um dos setores da Secretaria de Educação. Contempla cinco dimensões, a saber: servidores; estrutura Mestra em Avaliação de Políticas Públicas pela Universidade Federal do Ceará (2013). Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Estadual do Ceará (2009). Graduada em Licenciatura Específica em Português pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (2007) e em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará (2002). FOTO: Stênio Saraiva
A avaliação consiste em julgamento materializado na
atribuição de valor a algo ou a alguém, e também a produtos e serviços. Os seus resultados fornecem subsídios para a formulação de políticas públicas, para o planejamento de ações, bem como para a tomada de decisão quanto ao redirecionamento de objetivos e metas educacionais.
O Município de Maracanaú, com fins de acompanhar
e monitorar os processos de ensino e aprendizagem de crianças, adolescentes, jovens e adultos, bem como as práticas pedagógicas e de gestão educacional, vem buscando, nos últimos anos, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), a implementação e consolidação de sua política própria de avaliação.
Esta política contempla três grandes linhas de ação: a
avaliação do rendimento escolar; a Avaliação de Satisfação dos Usuários; e a Avaliação de Desempenho dos Núcleos Gestores das escolas municipais.
física; processos; informação; e resultados. Possibilita identificar aspectos e demandas que necessitam de maior atenção e correção, na perspectiva da qualidade do atendimento.
A Avaliação de Desempenho dos Núcleos Gestores é
componente do conjunto de critérios técnicos para a nomeação e exoneração desses profissionais. Objetiva, dentre outros: contribuir para assegurar a oferta de uma educação de qualidade à população; elevar os indicadores de sucesso escolar; estabelecer metas educacionais a serem atingidas por cada escola e mecanismos de monitoramento e controle para o cumprimento das mesmas. Para isso, considera as dimensões: função social da escola; gestão democrática; gestão pedagógica; gestão de resultados; gestão de pessoas; gestão de materiais e patrimônio; e gestão financeira. É realizada anualmente por equipe técnica responsável pelo recebimento dos serviços da escola e resultados insatisfatórios poderão culminar com a substituição desses profissionais.
Mesmo ainda incipiente, a política de avaliação do município
de Maracanaú tem conquistado importantes resultados ao possibilitar intervenções e mudanças no cenário educacional local, bem como inspirado a outros sistemas, e o seu reconhecimento já se torna visível em âmbito municipal, estadual e até nacional.
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CULTURAL
DICA DE FILME
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A Voz do Coração (Les choristes) Dirigido por Christophe Barratier Texto: Silvana Melo de Sousa, técnica da Secretaria Municipal de Educação de Maracanaú
O filme começa com o maestro Pierre Morhange recebendo a notícia, por telefone, que sua mãe havia falecido. Na cena seguinte, após o velório, este encontra-se em sua antiga casa recebendo a visita de um homem idoso, que se apresenta como Pépinot, seu colega de internato na década de 1940, que entrega o diário do inspetor Clément Mathieu, retratando sua experiência docente no Internato Fundo do Pântano, em Lyon, na França. Ao folhear o diário, ele recorda o dia em que esse inspetor chega ao Internato, uma instituição filantrópica sob a direção de Rachin, um homem autoritário que tinha como lema diário a frase: “Toda ação tem uma reação”, para disciplinar os alunos que viviam isolados da sociedade por serem “delinquentes” e/ou órfãos. O internato representava a educação tradicional da época, cuja figura principal era o professor, que tinha como método de ensino a repetição, conteúdos descontextualizados, sabatinas, questionários, punições, dentre outros. Mathieu, como era professor de música, utilizou-se da arte para ensiná-los a disciplina, concentração, aprendizagem sem castigos e ameaças. Para tanto, criou um coral e começou a utilizar uma forma diferente de avaliar, promovendo classificações vocais para observar habilidades e competências de seus educandos para o canto, possibilitando-os assim a elevação de suas autoestimas. Durante o filme, observa-se a postura humanista de Mathieu, que se contrapunha à rotina da escola. Enquanto a mesma punia seus alunos com solitárias, palmatórias e linchamentos verbais, ele possibilitava-os reparar seus feitos, levando-os a
pensar sobre seus atos. No decorrer de suas aulas de coral, Pierre Morhange um dos alunos considerados perigosos se destaca pelo seu canto. E por isso o professor o coloca num lugar especial no coral pelo seu timbre de voz. E assim, ele vai se aperfeiçoando sob as orientações de Mathieu, que o indica a posteriori para estudar numa instituição especializada. O filme A Voz do Coração é uma das películas que destaca a importância da postura do professor diante das adversidades de sala de aula, pois ao se deparar com uma instituição autoritária, Mathieu fez com que a leveza, a humanização, os talentos e a alegria fossem despertados, e a aprendizagem acontecesse.
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DICA DE LIVRO
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Avaliação em sala de aula: conceitos e aplicações Texto: Profa. Dra. Maria Isabel Filgueiras Lima Ciasca Professora Associada da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará
O livro “AVALIAÇÃO EM SALA DE AULA: CONCEITOS E APLICAÇÕES”, de autoria dos professores Michael K. Russel e Peter W. Airasian, da Boston College, e publicado pela AMGH, traz uma abordagem prática da avaliação, objetivando apoiar alunos de licenciatura – mas também pode ser direcionado a professores da educação básica – e mostrar que a avaliação em sala de aula é um componente-chave de todo o processo instrucional. Em sua sétima edição, o livro traz onze capítulos que abordam a abrangência da avaliação em sala de aula; a avaliação inicial; o planejamento das aulas e os objetivos da avaliação; avaliação formativa e somativa; planejamento, aplicação e atribuição de notas aos testes de desempenho. Para esta edição, foi inserido um capítulo sobre Design Universal para a avaliação. Esse conceito foi inicialmente criado no campo da arquitetura e trazido para diferentes áreas. “Em vez de criar uma única solução, o design universal passou a englobar o conceito de criar abordagens flexíveis que podem ser adaptadas com base em necessidades comuns” (RUSSEL e AIRASIAN, 2014, p. 169). No caso da avaliação, a ideia é que as provas tenham suas barreiras derrubadas e fiquem os construtos que realmente sejam relevantes no aprendizado dos alunos, evitando assim que necessidades específicas prejudiquem uma avaliação mais precisa para o desenvolvimento dos
a compreensão de quem está lendo. Ao final, é apresentado um resumo do capítulo, questões para discussão, sugestão de atividades, questões para revisão e as referências. Observa-se a intenção dos autores de tornar o livro um material pedagógico. Os apêndices também subsidiam os interessados em avaliação, apresentando os Padrões para a Competência Docente na Avaliação Educacional dos alunos, definidos por associações e conselhos educacionais americanos; a Taxonomia dos Objetivos Educacionais baseadas em Bloom (1984,1999); um modelo de Plano de Educação Individual (PEI) usado por educadores e um pai de aluno com uma deficiência; aplicações estatísticas para a avaliação em sala de aula, como escores, média, desvio padrão, dificuldade e discriminação estudantes. Os capítulos apresentam inicialmente os da questão e distribuição normal; recursos tópicos-chave e seus objetivos. No decorrer dos para identificar necessidades especiais, como mesmos alguns conceitos são retomados em forma bibliografias, softwares e hardwares, recursos online de tabelas criadas pelos autores para garantir e endereços digitais de associações.
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Professor desenvolve projeto de monitoria e alunos melhoram desempenho
Os alunos da EMEIEF Napoleão Bonaparte Viana estão melhorando seu desempenho escolar com a colaboração do professor Antônio Lira, que desenvolveu um projeto de monitoria como forma de reforço escolar de Matemática para os estudantes com baixo rendimento. “A ideia foi fazer com que os alunos estudassem fora do ambiente rotineiro de sala de aula.” - destacou o educador.
outras com a adesão dos demais professores. “São apenas dois meses de projeto e a diferença é visível.” - explica o professor Antônio Lira.
A aluna Maria Fernanda de Melo, estudante do 9º ano, é uma das selecionadas para monitoria de Matemática. Para ela, esse trabalho contribui também na própria aprendizagem. “A gente repassa a disciplina que está sendo A iniciativa deu certo e a seleção foi realizada aplicada na sala, porém, sempre surge algum entre as turmas de 8º e 9º anos, avaliando os conhecimento que a gente esqueceu e acaba índices de aprendizagem, bom comportamento, tendo que estudar de novo pra poder ensinar.” boa desenvoltura discursiva e assiduidade. Para o gestor geral, o professor Assis Costa, a escola Mais de 50 alunos são beneficiados nos turnos é uma encubadora de projetos; “a monitoria veio no manhã e tarde. Cada turma possui 3 monitores, momento certo e tem contribuído para a formação totalizando uma média de 15 monitores da intelectual e humana dos jovens.“- conclui. disciplina de Matemática. A ideia é estender para
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I Gincana Científica e Cultural da EMEF Instituto São José
A Gestão Escolar e os professores da EMEF Instituto São José promoveram no dia 06 junho a I Gincana Científica e Cultural da instituição. O evento aconteceu no pátio da escola e teve por objetivo incentivar os alunos à prática do estudo através de atividades dinâmicas. O prof. Divane Lopes foi o idealizador da ação e frisou a importância da colaboração de todos os docentes. “Pensamos em atividades que pudessem assimilar a construção do
saco” e “cabo de guerra”, foram escolhidos para o momento. “O mais gratificante foi o grande envolvimento dos nossos alunos. Estamos verdadeiramente satisfeitos com o resultado”, destacou Divane. Os estudantes foram divididos em oito equipes, lideradas por professores da instituição. “O que sobressaiu foi a interação e a convivência dos educandos. O evento conseguiu envolver a todos, inclusive os professores, que atuaram em diferentes funções na gincana”,
conhecimento de forma leve e descontraída, afirmou a profa. Graça Caetano, diretora-geral e percebemos claramente que o estudante da escola. “Nosso intuito é tornar a escola um adquire uma visão diferente da escola”, disse. ambiente cada vez mais acolhedor”, finalizou. Jogos como o “passa ou repassa”, “corrida do
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EMEF Ana Beatriz Macêdo realiza avaliações do Programa Mais Paic e OBMEP
Alunos da EMEF Estudante Ana Beatriz Macedo Tavares Marques realizaram, nos dias 06 e 07 de junho, as avaliações do Programa pela Alfabetização na Idade Certa - Mais Paic e da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – a OBMEP. “O projeto da escola é fazer com que a proposta pedagógica trabalhada durante o ano seja uma preparação dos alunos para as avaliações externas. E isso funciona porque a lógica do cotidiano, um dos quatro temas norteadores da Educação Municipal, trabalhada dentro de sala de aula pelos
alunos participem do processo de construção do aprendizado. “O professor é um mediador, mas os alunos devem se sentir protagonistas. O brilho é todo deles” - cita a professora Nívea. O processo de preparação ocorre dentro e fora da sala de aula, com simulados, atividades extracurriculares, pesquisas nos laboratórios de informática educativa, onde a busca pelo conhecimento acontece de forma lúdica e natural. “Os alunos não são preparados para prova X ou Y, eles são preparados para a vida. Isso já é tão natural para
educadores, se adéqua aos níveis dessas avaliações” eles que fez com que a realidade da escola mudasse – explica a Professora Nívea Maria Costa Vieira, muito. Antes eles tinham medo da prova, hoje eles diretora da escola. A gestora conta que a equipe dizem ‘Ah tia! Vai ser mole!’ ” - esclarece a gestora. de professores trabalha na perspectiva que os
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SME participa do II Fórum Comunitário do Selo Unicef
O II Fórum Comunitário do Selo Unicef 20132016 reuniu membros da comissão, alunos, professores, e a mediadora do Unicef, Metilde Ferreira. Ela esteve em Maracanaú avaliando as ações intersetoriais trabalhadas pelas secretarias de Educação, Saúde, Esporte e Assistência Social.
fizeram no palco principal, demonstrações de danças indígena e africana, apresentação de músicas em libras e houve também a participação do coral do Centro de Línguas.
espaço explicando os projetos feitos com as crianças, enquanto os estudantes do ensino fundamental apresentaram trabalhos sobre cultura negra e indígena. Além disso, eles
preocupada com as crianças Quero agradecer a todos secretários e ao prefeito que não mediram esforços
Após as apresentações, a primeira-dama Kamile Camurça, articuladora do Selo Unicef Na ocasião a Secretaria de Educação expôs no município relatou as ações desenvolvidas algumas ações desenvolvidas nas escolas. em Maracanaú no auditório. “Esse trabalho A equipe da Educação Infantil montou um foi feito por uma comissão dedicada e e os adolescentes. dessa comissão, Firmo Camurça, para desenvolver
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esse brilhante trabalho”, comentou Kamile. importantes direitos, são eles: sobreviver e O Selo Unicef tem como meta a redução se desenvolver; aprender; proteger-se e ser das desigualdades que afetam as crianças e protegido do HIV/Aids; crescer sem violência; adolescentes e a garantia de seus direitos em ser adolescente; ser prioridade nas políticas municípios do semiárido e da Amazônia Legal públicas; e brincar, praticar esportes e se divertir. brasileira. Os avanços são avaliados por meio A mediadora do Unicef, Metilde Ferreira, falou de metas de melhoria de indicadores sociais. sobre a experiência de participar desse Fórum, Maracanaú aderiu à edição 2013/2016 do “Vou voltar com um sentimento maravilhoso, Selo Unicef, visando avançar, cada vez mais, vi o grande envolvimento do Município em direção à evolução de seus indicadores, na causa e o engajamento dos secretários. desenvolvendo, ao longo desses quatro anos, Escutei uma frase de um adolescente que atividades e projetos relacionados as 28 me tocou muito, ele ressalta que hoje em ações estratégicas, definidas pelo Unicef, as Maracanaú os adolescentes têm voz”, concluiu. quais estão diretamente alinhadas com sete
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Escolas da rede municipal visitam cidade cenográfica do São João de Maracanaú
Escolas da rede municipal estiveram conhecendo cidade cenográfica do São João de Maracanaú 2016. Além de conhecer o material exposto nas barracas temáticas, que este ano estão decoradas de acordo com os países que participarão das olimpíadas Rio deste ano, os alunos trouxeram apresentações regionais, de teatro popular e de culturas internacionais. O prefeito Firmo Camurça, o secretário de Educação Marcelo Farias e a diretora de Educação da SME, professora Ivaneide Antunes, além do secretário de cultura Gerson Cecchini, prestigiaram as apresentações dos estudantes. A professora Carlia Rodrigues, gestora da EMEIEF José Mario Barbosa, diz ser um importante momento de aprendizado
para os alunos, que trouxeram uma apresentação com coreografias regionais. “É através da cultura que podemos desenvolver uma educação de qualidade”. Já a EMEIEF Manoel Róseo Landim trouxe uma coreografia representando a cultura africana. Para o aluno José Alessandro, que participou da apresentação, foi uma oportunidade de mostrar, além dos projetos que a escola desenvolve, a cultura de um povo tão importante para o nosso país. “O mais legal disso tudo é poder se apresentar com outras escolas, não por competição, mas sim para mostrar os projetos que a gente desenvolve, além de poder conhecer outras pessoas.” - destacou.
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Equipes da Secretaria de Educação participam do São João de Maracanaú 2016
Entre os dias 09 e 18 de junho, os servidores da educação e os alunos das escolas municipais participaram do São João de Maracanaú 2016. Na ocasião, foram montados stands e muitos trabalhos realizados nas escolas foram apresentados ao público. Cada dia, uma atividade diferente foi exibida para quem visitava o local. No primeiro dia do evento, a equipe do Núcleo de Tecnologia de Maracanaú - NUTEM participou da festa na barraca da Educação apresentando os aplicativos da lousa digital e os recursos multimídias e educacionais utilizados nas escolas do município.
Técnicas do setor de Educação Especial participaram na sexta-feira, 10, do São João de Maracanaú, com o objetivo de mostrar ao público as ações desenvolvidas nas escolas. “É muito importante priorizar momentos como esse. É preciso mostrar à população que as pessoas com deficiência também têm potenciais através da arte e da música. É assim que se faz inclusão”, afirmou a profa. Ana Paula de Holanda, coordenadora do setor de Educação Especial. O estudante Expedito Martins que é deficiente visual não deixou de exibir seu talento através de seu teclado e sua voz, cantando músicas Mas a atração principal da noite ficou por conta características da região Nordeste. Além dele, dos alunos da EMEIEF Profa. Francisca Florência outros alunos apresentaram um coral de libras da Silva. Eles estavam a caráter, cantando e organizado pela professora Ana Priscila Lacerda tocando músicas juninas com os laptops da escola. do Atendimento Educacional Especializado – AEE.
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No dia 11 de junho, a EMEF Braz Ribeiro da Silva esteve presente no evento apresentando o projeto “Ecogreen: ar-condicionado caseiro e sustentável”, premiado na Expo Milset, que aconteceu entre os dias 17 e 20 de maio, em Fortaleza. Três alunos que desenvolveram o equipamento foram convidados para a demonstração no São João da cidade. Foi com o objetivo de mostrar que é possível o reaproveitamento de alimentos para uma alimentação saudável, incentivando a realização de uma culinária alternativa, que os técnicos do setor de Apoio ao Educando, da Secretaria Municipal de Educação, estiveram no dia 15, no São João de
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Maracanaú. “Trouxemos o patê como nova forma de apresentar o peixe e um bolo de milho sem glúten, para trabalhar a alimentação inclusiva, pois existem muitos indivíduos com intolerância alimentar”, disse Laura Leal, chefe do setor. Os setores de Desenvolvimento Curricular, Educação Infantil, Diretoria de Avaliação e Creches Contratadas trouxeram ao São João, entre os dias 11 e 15 de junho, brincadeiras que relembravam a infância antiga, brincadeiras africanas, jogos matemáticos e alimentação saudável, além de distribuírem diversos brindes.
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Maracanaú recebe professores de Minas Gerais
A Secretaria de Educação recebeu a visita de dois representantes do estado de Minas Gerais que vieram participar do intercâmbio consentido pelo Ministério da Educação, como premiação dos projetos de inclusão social. Eles estiveram em Maracanaú para entender como são desenvolvidas as ações da educação especial na escola. A primeira parada foi na escola
“Percebemos a motivação de todos, vimos que os alunos, núcleo gestor e secretaria estão trabalhando juntos. Todos vestindo a camisa da escola, se ajudando. Um verdadeiro trabalho de equipe. Dessa forma, é fácil entender o sucesso dos trabalhos desenvolvidos na rede municipal de Maracanaú. ” – comenta Odair Almeida, diretor da escola Antônio Corrêa Silva.
campeã do prêmio de inclusão social, EMEF Os visitantes Odair de Almeida e Roseli José Dantas Sobrinho, lá eles acompanharam estiveram na SME participando das trocas de a rotina da escola durante todo o dia. experiências e apresentações dos trabalhos.
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Durante a reunião eles explicaram as ações feitas na escola estadual em que trabalham no município de Januário. Além disso, os técnicos da Secretaria explicaram sobres os projetos que vêm sendo desenvolvido ao longo dos anos. “Essa experiência está sendo muito importante para nós, já que também desenvolvemos trabalhos nessa perspectiva, nos faz agregar. As pessoas de Maracanaú são muito receptivas e acolhedoras, o que tornou ainda mais prazeroso nossa passagem por aqui”conta Rosely Viana, professora de recursos multifuncionais. Esse ano, a professora
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Regina Aparecida da Silva, do Atendimento Educacional Especializado da EMEF José Dantas Sobrinho esteve na Finlândia, também participando de intercâmbios educacionais promovidos pelo Ministério da Educação. “Essas trocas de experiências são importantes porque o outro tem sempre algo novo para nos oferecer. E esses momentos nos proporcionam repensar as nossas ações, observar o que é desenvolvido em outros estados e países, e adaptar à nossa realidade o que deu certo lá fora.” – disse Ana Paula, coordenadora do setor de Educação Especial. .
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SME realiza culminância do Programa Mais Cultura nas Escolas
A Secretaria de Educação, por meio da Coordenadoria de Ações Socioeducativas Complementares, realizou a culminância do programa Mais Cultura nas Escolas. O evento aconteceu no teatro municipal Dorian Sampaio e contou com a participação de 16 das 18 escolas que desenvolveram o projeto.
atividades complementares, o Mais Cultura visava oferecer acesso às diversas modalidades de acordo com a aptidão das crianças, além de promover a escola como espaço de circulação e produção da diversidade cultural brasileira.” - explica França de Assis, técnico da SME responsável pelo programa. Durante as apresentações, três escolas se destacaram
“No Programa Mais Cultura, os alunos tiveram através do projeto RECICLAR: as EMEIEF Vinícius de a possibilidade de escolher o tipo de arte que Morais, EMEF Profa. Maria Pereira da Silva e EMEF gostariam de fazer. Diferentemente de outros Maestro Eleazar de Carvalho, que através das artes projetos que oferecem as artes dissolvidas em circenses promoveram a consciência ambiental e a
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importância da reciclagem. Para a gestora Márcia Regina Rocha, da EMEIEF Vinícius de Morais, o projeto foi muito positivo para a escola. “Participar da culminância foi muito importante para os alunos, reforçando o aprendizado sobre a reciclagem, promovendo desde cedo essa responsabilidade com o meio ambiente. Utilizar o circo contribuiu para que o assunto ficasse divertido. Mas não foram só os estudantes que ficaram satisfeitos com a novidade, os pais puderam apreciar os trabalhos desenvolvidos por seus filhos.”- explica a gestora.
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Nessa escola, o projeto atendeu 60 alunos com faixa etária de até 8 anos de idade. Os alunos participavam das atividades no contraturno das aulas. As demais escolas participantes apresentaram nesta culminância peças teatrais, musicais e danças com diversos temas como cultura africana e nordestina, que marcaram o fim das atividades desta temporada do programa. Segundo França de Assis, os materiais de registros fotográficos e de vídeo das apresentações serão entregues às escolas e também será compartilhado com o Ministério da Educação.
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PROERD forma 429 alunos da rede municipal
Cerca de 400 alunos de oito escolas municipais participaram da formatura do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência – PROERD que aconteceu no dia 23 de junho, na quadra poliesportiva da EMEIEF Comissário Francisco Barbosa. O município já participa há 4 anos desse projeto. “Esse programa realmente trouxe mudanças imediatas, os alunos percebem e entendem os riscos que as drogas causam tanto na saúde quanto nas relações sociais. Motivam
a sempre continuarem trabalhando esse aspecto, e entendendo que a educação é a melhor arma contra a violência e as drogas. “ – comenta Wellington Vieira, diretor da EMEIEF José Nogueira Mota. Os estudantes puderam assistir apresentações de danças juninas, o fantoche da turminha do ronda e ainda dançaram e cantaram a música do programa com a presença mais aguardada: o Leão do PROERD. “A presença dos policiais nas escolas é benéfica
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É NOTÍCIA! para os dois lados. Esclarecemos o nosso papel dentro da sociedade, eles entendem que podem sempre contar conosco e trabalhamos com informação e exemplo. ” – disse Sargento Alex, que foi aplaudido de pé pelos jovens presentes Foram entregues medalhas, troféus e kits para os alunos que tiveram suas redações bem avaliadas sobre o tema combate às drogas e à violência. Estiveram presentes na solenidade o Prefeito Firmo Camurça, o Secretário de Educação Prof. Marcelo Farias, O Cel PM Austregésilo Rodrigues, Fundador e Coordenador do Programa, além de outras autoridades.
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EMEIEF José Assis de Oliveira recebe visita de paratleta e da tocha olímpica
O município de Maracanaú recebeu a visita do paratleta Carlos Alberto Maciel, o Betão, recordista cearense dos 100 metros peito, que esteve aqui participando da culminância do Projeto Jogos Olímpicos e para o encerramento dos Jogos Escolares na EMEIEF José Assis de Oliveira. Na ocasião, ele contou sobre sua história na natação cearense, compartilhou sobre sua experiência em conduzir a tocha olímpica quando a mesma esteve no estado e de quebra ainda trouxe a tocha para que os alunos pudessem conhecer. “Foi um momento incrível, os estudantes puderam conhecer não só a tocha olímpica, mas também a história de luta e superação de um homem que perdeu o braço aos 12 anos de idade,
nunca desistiu de nadar e hoje é um vencedor. Um exemplo de força de vontade, em que as adversidades não o impediram de realizar seu sonho. Esse exemplo ficou de legado para todos nós. ” – comenta Rosania Lima, coordenadora pedagógica da EMEIEF José Assis de Oliveira. A professora de educação física, Romilla Nascimento, percebeu que essas visitas motivaram os alunos para a prática de esportes. “Esse contato com atleta e com esporte, desperta nos estudantes o interesse pela carreira esportiva. Muitos deles querem seguir essa profissão. Acho importante essa mudança na conduta, porque um jovem dentro do esporte é um jovem fora das drogas.” – finaliza.
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SME realiza coaching profissional para gestores escolares
No dia 1º de Julho, a Secretaria Municipal de Educação, em parceria com o Cesma – Centro de Ensino Superior de Maracanaú, promoveu coaching profissional para todos os gestores das escolas do município. A palestra aconteceu no teatro municipal Dorian Sampaio, das 14 às 16 horas, teve como tema “Trabalho em equipe: o alcance de objetivos comuns” e foi ministrado pela palestrante Sueli Leitão, que é mestre em administração de empresas pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Cerca
de 270 profissionais da educação participaram do evento. Na abertura, além da palestrante, estiveram presentes o Secretário de Educação, Marcelo Farias, a Diretora de Educação, Professora Ivaneide Antunes, e a primeira-dama Kamile Camurça, representando o prefeito. O professor Marcelo Farias, em seu discurso lembrou que, apesar de ser o primeiro dia de férias dos educadores, ele estava muito feliz por ver o auditório lotado e agradeceu a presença de todos. “Vocês educadores são responsáveis pela
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construção do desenvolvimento educacional de muitos maracanauenses”. Logo após os discursos de abertura, os professores participaram de um momento de ginástica laboral oferecido pelo Cesma e em seguida a palestrante iniciou seu coaching com um vídeo motivacional abordando assuntos como disciplina, autonomia e determinação. A palestra abordou elementos que compõem o trabalho em equipe como competência essencial para o alcance de resultados coletivos positivos. Para a primeira-dama, Kamile Camurça, o momento vem concluir o primeiro semestre do ano letivo para os gestores. “É uma forma de não deixar com que os gestores e educadores percam essa energia, esse contato e essa responsabilidade que todos têm com a educação do município. É um momento para eles melhorarem sua autoestima, se energizarem e voltarem com todo gás para o segundo semestre de 2016.” - explica. Já a professora Célia Rocha, coordenadora pedagógica da EMEIF José Mario Barbosa, destacou que o tema é muito complexo, tem seus desafios e que a palestrante
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abriu um leque de possibilidades para quem participou. “Foi muito interessante, principalmente pelas técnicas que foram propostas para lidar com situações desafiadoras no dia a dia, não somente do ambiente de trabalho, mas também em situações da vida pessoal” - concluiu.
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Centro de Línguas realiza formatura de 103 estudantes
No dia 5 de julho foi realizada a cerimônia de formatura dos alunos do Centro de Línguas de Maracanaú. O evento foi realizado no Buffet Monte Rey e contou com apresentações dos estudantes. Mais de 100 alunos concluiram os cursos de inglês, espanhol e libras.
então vi que ter outro idioma é necessário e te abre portas nesse mercado de trabalho onde a concorrência é tão acirrada. Estou satisfeito e sentirei muita saudades de todos.” – comenta.
“Sempre trabalhei com deficientes auditivos e queria poder me comunicar com eles, por isso Para o aluno de língua inglesa, José Erinaldo, procurei o CLM. Foi muito importante ter tido o curso foi muito proveitoso e vai abrir novas essa experiência, aprendi com professores portas. “Me interessei em aprender inglês por capacitados e empenhados. Tenho muito causa da música, gosto muito de cantar. Desde orgulho disso. Hoje, meu esposo e meus filhos
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também estão fazendo cursos na instituição.” - explica Marta Synara, aluna de libras. A diretora do CLM, Silvana Fernandes comenta sobre mais uma formatura da instituição. “É uma emoção única, concluir mais um semestre com 103 alunos. Gostaria de parabenizar nossos concludentes por essa conquista. Fazemos um trabalho sério, com muito incentivo e que tem dado certo. O domínio de uma segunda língua nos dias de hoje é muito importante e decisivo em qualquer carreira.”, disse. O Secretário de Educação, prof. Marcelo Farias, ressaltou a relevância do trabalho desenvolvido pelo CLM para inserção dos estudantes no mercado de trabalho. “O Centro de Línguas formou e forma milhares de alunos, que saem com uma ferramenta a mais para enfrentar a vida escolar, acadêmica, o mercado de trabalho, enfim, o mundo. Ficamos muito orgulhosos e parabenizamos os estudantes, professores e toda comunidade escolar, pois são todos vitoriosos”, afirmou.
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Etapa municipal do Prêmio Peteca é realizada no teatro Dorian Sampaio
Vinte e três escolas municipais se apresentaram no teatro Dorian Sampaio contra o trabalho da criança e do adolescente. “O Prêmio Peteca acontece todos os anos nas etapas municipal, estadual e nacional. Hoje acontece a primeira seleção dos trabalhos.
as apresentações. “Primeiramente, gostaria de parabenizar todos os envolvidos no Prêmio Peteca, porque independente da classificação, a maior importância do trabalho acontece entre os jovens durante o processo de conhecimento do tema, do
As escolas inscreveram nas categorias: conto, estudo, da montagem. É feito nas escolas e envolve poesia, curta-metragem, pintura, música e esquete todos, desde os colegas de sala que assistiram aos teatral e o primeiro lugar de cada competirá em ensaios e ajudaram, quanto os que se apresentaram. nível estadual” – explica Albertina Maria Duarte Holanda, coordenadora do Peteca em Maracanaú. Os três jurados que participaram da avaliação dos trabalhos mostraram-se satisfeitos com
Essa parte relevante da conscientização é o que fica nessa garotada. Gostamos muito do que vimos” – disse Willys Nakamura, produtor cultural e jurado. Para os alunos, trabalhar com esse tema na escola
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e desenvolver essas apresentações revelou uma realidade que parecia natural para muitos deles. “Antes eu olhava para crianças vendendo no sinal ou trabalhando em casa de família e achava normal. As vezes tinha pena, até comprava alguma coisa para ajudar, mas não tinha ideia de que era errado. Com esses trabalhos que fizemos na escola, abriu o meu olhar e fico me perguntando: ‘Como não percebi isso antes?’. Via as crianças cansadas, no sol e não tinha parado para pensar que eles tinham a minha idade e deveriam também estar em casa ou na escola. Essa experiência foi fundamental para minha mudança de mente e de conduta. Agora, onde vejo algo errado, aviso para os meus pais e peço para denunciarem” - informa Rebeca Medeiros, aluna do 8º ano da EMEF Comissário Francisco Barbosa. “O trabalho que desenvolvemos com o Peteca é
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sobre conscientização. Nosso papel é ensinar e esclarecer os danos que isso traz para as crianças e adolescentes, inclusive no rendimento escolar. Essa ação é feita por diversas secretarias, por isso, quando é comprovado que os estudantes estão tendo sua mão de obra explorada, entramos em contato com a Assistência Social que, junto com o Conselho Tutelar, vão superar esse problema. Tudo com o intuito de combater o trabalho infantil. É importante destacar que se ouve falar que: ‘é melhor eles estarem trabalhando do que roubando’, mas que na realidade as alternativas não são essas, eles podem e devem estar estudando” – comenta Fábio Freire, Coordenador do setor de Ações Socioeducativas.
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Escola de Maracanaú recebe visita dos representantes do UNICEF e da Petrobrás
A EMEF José Dantas Sobrinho recebeu a visita do coordenador do UNICEF regional, Rui Aguiar e do coordenador de projetos sociais da Petrobrás, Eurico Rocha. Eles vieram conhecer as ações e os programas desenvolvidos para educação de crianças e adolescentes em Maracanaú. Na ocasião, os representantes assistiram ao show do aluno Expedito Martins, do 7º ano, estudante da José
As meninas das saias que contam, explicam através de histórias, músicas e vestimenta a riqueza dos povos africanos e de seus descendentes. ” - disse Ilza Grangeiro, coordenadora do setor de 6º ao 9º ano. Após a recepção, a comissão foi levada ao laboratório de informática, onde puderam conhecer as ações de inclusão social desenvolvidas pela EMEF José Dantas Sobrinho, premiada pelo Ministério da Educação.
Martins Rodrigues, e a apresentação das alunas da Construindo Saber com o projeto“Saias que contam”. “Essa é uma demonstração dos trabalhos sobre cultura africana realizados nas escolas do município.
“É uma honra recebê-los em nossa escola e poder contar um pouco sobre esse projeto premiado, onde ressaltamos o protagonismo dos alunos a importância para o reconhecimento
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deles como cidadãos. Esse trabalho já vem sendo feito na escola e obteve resultados surpreendentes. ” - conta Silvana Rodrigues Aragão, diretora da EMEF José Dantas Sobrinho. Os visitantes acompanharam detalhadamente as apresentações e comentaram sobre os resultados que Maracanaú vem alcançando. “Tivemos uma aula de educação com essas experiências, fiquei refletindo sobre os conceitos do Selo UNICEF, muita coisa deve ser revista a partir de agora. Quero
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parabenizar todos pelo belíssimo trabalho feito no município. Maracanaú deixou de ser considerada cidade dormitório, e é uma cidade que está acordada e ainda por cima, que desperta todos nós” – comenta Rui Aguiar, coordenador do Unicef Regional. Para o Secretário de Educação, Prof. Marcelo Farias, os trabalhos desenvolvidos em Maracanaú tem sido destaque pela qualidade e desempenho dos alunos e dos profissionais da educação e por isso atraído olhares para o município.
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Curso de bonecas de pano é realizado na EMEIEF Irmã Dulce
Nos dias 20 e 21 de julho, a EMEIEF Irmã Dulce em parceria com o Instituto Nordeste Cidadania (INEC) realizou um curso de produção de bonecas de pano. As oficinas foram ofertadas na própria escola, e contaram com inscritos dos bairros Alto da Mangueira, Jereissati I e II, Timbó e Pitaguary. A ideia da oficina é profissionalizar os alunos para produção e venda em grande escala. Durante o curso, os alunos assistiram palestra sobre trabalho coletivo e aprenderam o processo de confecção da boneca, começando pela matéria-prima, variações de moldes, roupas, fisionomia das bonecas, pinturas faciais e finalizava com os processos de montagem e costura, sempre orientados pelas instrutoras
ofertados pela escola. “Sempre fui apaixonada por bonecas e agora com esse curso pude aprender a costurar e conhecer todo processo de criação de boneca de pano. Aqui posso me profissionalizar e ainda conseguir uma renda extra para família. ” Todo material utilizado durante o curso foi fornecido pelo Instituto, sem nenhum custo aos participantes. As bonecas produzidas serão distribuídas para as crianças da comunidade do Alto da Mangueira durante a campanha “Natal sem Fome dos Sonhos”, do INEC. Para a gestora da escola, Profª Edirene de Sousa Mourão, o curso é uma grande oportunidade para quem deseja se profissionalizar. “A intenção é investir na formação de grupos produtivos,
Jacqueline Viana e Maria Auxiliadora Silva Costa. que poderão ser financiados pelo CredAmigo Antônia Cláudia da Silva, moradora do Alto da (do Banco do Nordeste), e assim incentivar o Mangueira, costuma participar de todos os cursos espírito empreendedor de cada um”- conclui.
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Resultado do SPAECE é apresentado durante Formação de Coordenadores
Dia 12 de agosto aconteceu no auditório da Secretaria de Educação uma reunião com Coordenadores Pedagógicos e de Anexos sobre a entrega de resultados das avaliações nas escolas. Na ocasião foram repassados os resultados do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica, SPAECE-ALFA, que avalia o 2° ano do fundamental com provas de Língua Portuguesa e Matemática. Em 2015, Maracanaú teve um aumento significativo na proficiência, com 158,8 na escala do sistema, comparado ao resultado de 2014 de 150,6 , alcançando o nível desejável. Outro resultado positivo para o município foi em relação ao Programa de Alfabetização na Idade Certa - MAIS PAIC, que nesse ano também
A professora Maria do Carmo, diretora de Avaliação e Monitoramento, ressaltou a importância desses resultados e como geram um bom retorno para a educação do município. “As avaliações apresentam relevância para o município, pois com os índices evoluindo significa que estamos cumprindo as metas e garantindo uma melhor vivência de cidadania por parte de nossos educandos”. - comenta. A programação contou com a presença do professor Marcelo Farias, Secretário de Educação, que parabenizou a equipe organizadora e o bom trabalho que vem sendo desenvolvido. “Se todos, de forma íntegra, ajudarem uns aos outros num mesmo propósito de melhoria para nossa educação, poderemos sim ter excelentes resultados”. – comenta.
aumentou seus índices. Em 2015 a turma do 2° Durante a reunião também foi informado sobre ano na disciplina de Português obteve resultado a Avaliação Nacional da Alfabetização-ANA, que de 47,33% e em Matemática 35,26%. Já em acontecerá nos dias 14 a 25 de novembro de 2016. 2016, Português obteve 50% e Matemática 46%.
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CLM utiliza música como atividade de extensão para estudantes
O Centro de Línguas de Maracanaú é a instituição que realiza um trabalho pioneiro de ensino de línguas estrangeiras e libras - Língua Brasileira de Sinais à população de Maracanaú. Pensando em novas formas de aprendizagem da segunda língua, surgiu um projeto que aliou a música ao ensino de língua estrangeira: o Coral CLM – Canto Linguístico das Maracanãs, que completou seu 7º ano de atividades. O projeto acontece sob a orientação das professoras Vládia Lendengue e Anajara Keyle e está disponibilizando vagas para novos integrantes. As inscrições iniciaram no dia 08 e vão até o dia
25 de agosto, na sala da coordenação do Centro. A atividade é ofertada apenas para estudantes da instituição que estejam regularmente matriculados. No dia 26 de agosto serão realizadas as audições e entrevistas com os candidatos e serão exigidos critérios como assiduidade, boas notas, autorização da família, além da disponibilidade de horário, que é imprescindível. As reuniões do coral acontecem todas as sextas-feiras, das 14 às 17 horas. A audição é individual e são observadas características como a desenvoltura, aptidão para o canto e pronúncia, que não se prende apenas a
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língua que o aluno cursa. Todos os membros do coral CLM cantam músicas nas duas línguas ofertadas pela instituição, o inglês e o espanhol. A professora Vládia Lendengue, professora de espanhol e orientadora do projeto, explicou como nasceu o coral. “O coral CLM surgiu durante o semestre 2009.2, no período em que realizamos um festival de talentos. Foi uma forma de trabalharmos as línguas estudadas em sala de aula. Começou realmente como algo muito básico, mas pouco a pouco foi tomando forma. Então decidimos desenvolver o coral, buscando parcerias com fonoaudiólogos, estudantes de teatro, música, inclusive com ex-alunos do CLM”. Atualmente o coral CLM conta com 20 alunos por
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cobrado aqui no CLM” - explica a professora Anajara Keyle, professora de inglês e orientadora do coral. O coral é bastante requisitado para apresentações dentro e fora de Maracanaú. Para o ex-aluno Jhonata Abreu, que se formou na última turma, foi uma oportunidade de exercitar o que aprendeu em sala de aula. “Sempre gostei de música. Quando ouvi falar do coral logo me interessei em participar. Foi a forma mais atrativa de praticar a minha oralidade.” Já Vinícius Juliano disse ter se interessado pelo espanhol nos ensaios do coral. “Para mim, no começo, foi um desafio, porque eu não sabia nada de espanhol. Depois percebi o quanto era fácil e hoje estou cursando espanhol por influência das
semestre e está sempre se renovando. “Conforme músicas que cantei no coral.” A professora Vládia os semestres vão passando, os alunos vão se explica que, mais do que educação, o projeto formando, o coral esvazia no fim do semestre também cumpre um papel social na vida dos e já se renova no início do próximo. E esta é a importância do projeto, porque o intuito do coral não é transformar os nossos alunos em cantores profissionais, mas fazer com que eles pratiquem a oralidade da língua estudada, fator que é mais
jovens. “Eles poderiam estar em casa ociosos, ou na rua, mas estão toda sexta-feira no CLM, dentro das atividades do coral. Isso nos motiva porque mostra a sede que eles têm de aprender” - conclui.
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SME realiza I Conferência da Educação de Jovens e Adultos
A Secretaria Municipal de Educação, através do Setor de Educação de Jovens e Adultos, realizou na noite do dia 23 de agosto, a Conferência da Educação de Jovens e Adultos. O evento aconteceu no teatro municipal Dorian Sampaio e teve como objetivo fortalecer a EJA no município, além de refletir a respeito dos desafios enfrentados por esta modalidade de ensino.
Em sua primeira edição, o evento teve como conferencistas a Profª. Me. Jamilastreia Alves da Silva, que é mestra na área de formação de professores da Educação de Jovens e Adultos pela UFC e a Profª Me. Luzivany Euzébio Freire, que é mestra em Ciências da Educação e Coordenadora de Desenvolvimento Curricular da SME. O tema geral da conferência foi “Educação de Jovens e Adultos:
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suas potencialidades no cenário atual”. O evento foi oficialmente aberto com um vídeo sinopse das ações realizadas pela Educação de Jovens e Adultos em Maracanaú, seguido de uma apresentação cultural de alunos da EJA da EMEIEF Cora Coralina, homenageando a escritora matrona da escola. Durante a abertura da conferência, o Professor Marcelo Farias relembrou os desafios enfrentados pela modalidade de ensino no município mas enfatizou seus grandes avanços. Citou ainda futuras parcerias com o SENAI, para ofertar educação profissionalizante aos estudantes. A professora Jamilastreia Alves, que já foi educadora desta rede municipal, abordou as contribuições da andragogia para as práticas pedagógicas e considerou a I Conferência da EJA um marco na história educacional do município. “Falar em Educação de Jovens e Adultos é falar em conquistas diárias. As dificuldades sempre surgem durante o percurso, mas este momento vem destacar de forma coletiva, entre educadores e gestores, todo êxito obtido até aqui. Então, quero parabenizar o município pela iniciativa, que está tomando o primeiro grande passo em busca de melhorar esta modalidade de ensino”. Já a professora Luzivany Freire explanou a Proposta Pedagógica Integrada do Município e comentou sobre os resultados esperados após a conferência.
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“Este evento se mostrou oportuno para explanar um pouco mais sobre esta Proposta Pedagógica que está sendo efetivada em 2016 e que ainda está sendo construída. Então, pela forma como os educadores nos sinalizaram positivamente em relação a este momento, já se visualiza nos próximos anos um compromisso ainda maior, de tornar isso ainda mais participativo e que futuramente possa ser elaborado um documento informando o que se espera para o futuro da Educação de Jovens e Adultos em Maracanaú”. A professora Ray Franco, responsável técnica do setor de EJA citou os incessantes pedidos dos educadores por algo mais específico nas formações. “Foi a partir dos pedidos dos professores, que pensamos em trazer a discussão da andragogia, que é a ciência que estuda o ensino de jovens e adultos”. Ela enfatizou, que apesar dos desafios, o evento buscava dar destaque às práticas exitosas. Ainda se fizeram presentes o Secretário de Educação, Professor Marcelo Farias, o Sr. Jerônimo Lima, gerente do SENAI – Maracanaú, a Profª Francineide Pinho, presidente do Conselho Municipal de Educação de Maracanaú, além de representantes da SEDUC e de outras secretarias de educação parceiras, como a do município de Fortaleza.
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Secretaria de Educação realiza III Semana do Nutricionista
A equipe de nutrição da secretaria de Educação, por meio do setor de apoio ao educando, realizou nessa semana uma programação em homenagem ao dia do nutricionista, 31 de agosto. As atividades iniciaram na segunda-feira, dia 29, com atendimento ao público na praça Almir Dutra, localizada no centro de Maracanaú. Na ocasião foram feitas avaliações nutricionais e orientação sobre os 10 passos da alimentação saudável. Na terça-feira, dia 30, foi realizada uma oficina prática no Centro Integrado de Educação, Saúde e Assistência Social de Maracanaú, CIES, onde gestores e merendeiras aprenderam através de
exercícios sobre alimentação saudável. No dia 31, aconteceu uma palestra sobre alimentos orgânicos na sala de reunião da Secretaria de Educação de Maracanaú com Andressa Fontes, nutricionista e palestrante. No evento, além dos funcionários da SME, estavam também presentes o professor Marcelo Farias, secretário de Educação e Ivaneide Antunes, diretora de Educação do município. “Queremos conscientizar a todos sobre os benefícios de uma boa alimentação. O intuito é divulgar a nossa profissão com essa programação.”- comenta Laura Leal, chefe do setor de Apoio ao educando.
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SME realiza formação itinerante do Projeto Paralapracá
A Secretaria de Educação, por meio do Setor de Educação Infantil, realizou nos dias 01 e 02 de setembro a formação itinerante do projeto Paralapracá, reunindo técnicas do setor e coordenadores pedagógicos das escolas que oferecem a modalidade de ensino. O objetivo foi apresentar a nova plataforma do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) do projeto. O primeiro dia de formação foi reservado à equipe técnica da SME e o segundo para as coordenadoras pedagógicas da rede municipal. Além da parte visual que foi modificada, as novidades incluem um módulo de organização de ambientes, um percusso
formativo que estimula a apropriação do tema e a relação entre os demais educadores da rede nacional (Maracanaú e os municípios de Camaçari, Maceió, Natal e Olinda). Na plataforma encontra-se, também, o espaço para os registros pedagógicos – a Campanha TIC’s TAC’s, onde os educadores aprenderão a usar os recursos tecnológicos para a produção de seus registros pedagógicos. A formação foi conduzida por Lilian Galvão, coordenadora de EAD da rede nacional do projeto Paralapracá, que ressaltou a importância dessa troca de experiências dentro do AVA: “São quase 600 educadores numa troca constante de
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experiências educacionais dentro da plataforma. Momento extremamente rico, pois os professores de Olinda estão aprendendo com as experiências de Maracanaú, os daqui aprendem com Olinda e com as demais cidades. O AVA Paralapracá se torna vitrine para exibir o que cada município tem produzido, inspirando mudanças através da aprendizagem coletiva, em prol da melhoria da qualidade da Educação Infantil nesta rede”. Todo esse conteúdo disponível no Ambiente Virtual de Aprendizagem é disponibilizado para os coordenadores pedagógicos, que repassam as formações para os educadores na
na rede, a criação e publicação de álbuns digitais pela equipe técnica de Educação Infantil da SME, a partir do percurso formativo das coordenadoras pedagógicas, inspirou profissionais de outros municípios a fazerem o mesmo, ou até na criação de novos registros. Outro trabalho importante, também desenvolvido pela equipe, é o chamado “Memorial da Educação Infantil”, que relata em documentos e outros registros a história da Educação Infantil em Maracanaú. Para Clevanilda Sousa, coordenadora pedagógica da EMEIEF Luís Carlos Prestes, o sucesso do projeto se deve ao compartilhamento de experiências que acontece no AVA. “Esse
escola. Com a reformulação do AVA Paralapracá, haverá uma sessão aberta disponível para as professoras chamada “Práticas e Rotinas”, onde haverá sugestões de atividades para as crianças. Entre os mais recentes destaques do município
ambiente tem importância grande no trabalho da gente, desde o início, porque pudemos socializar as nossas práticas com os colegas educadores de Maracanaú e dos demais municípios da rede e nos inspiramos com as experiências deles.” - conclui.
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Maracanaú é destaque no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb
Os indicadores do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb, divulgados em setembro deste ano, apontam que o Município de Maracanaú superou a meta projetada pelo Ministério da Educação - MEC, comprovando a crescente melhoria de seus resultados educacionais. O Ideb é um indicador gerenciado pelo MEC que mensura o nível de qualidade da educação nos municípios, estados e União, sendo calculado com base nos resultados da Prova Brasil, considerando a proficiência dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, além do fluxo escolar do município no que se refere à taxa de aprovação dos estudantes. Maracanaú alcançou a nota 5,7 nos anos iniciais
nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, considerando a projeção a partir de 2007. O Ideb foi criado em 2005 e vem sendo projetado desde 2007, com metas até 2021, sendo balizadas de dois em dois anos. Um dos destaques do município nos resultados ora divulgados é a existência de 21 escolas dos anos iniciais com metas que ultrapassam às projetadas para o ano de 2021. Ademais, como exemplo de destaque em educação de qualidade, a EMEIEF Professora Francisca Florência da Silva alcançou no 5° ano do Ensino Fundamental a nota 8,0, cuja meta projetada era 6,1. Para a Profª Maria do Carmo, Diretora de Avaliação e Monitoramento da Secretaria Municipal de
do ensino fundamental (1º ao 5º ano), superando a meta projetada para 2015 de 5,2. Nos anos finais (6° ao 9° ano) foi atingida a nota de 4,7, ultrapassando a meta que era 4,2. A seguir é apresentada a série histórica dos resultados do município, no Ideb,
Educação, “o crescimento dos resultados dos indicadores educacionais de Maracanaú tem sido possível graças ao conjunto de esforços desprendidos pela Secretaria de Educação, por meio de sua equipe de técnicos, gestores e professores”.
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SME realiza aula inaugural do Programa Universidade Operária do Nordeste
A Secretaria Municipal de Educação realizou no dia 03 de setembro, a aula inaugural do novo período letivo da Universidade Operária do Nordeste. O evento aconteceu na quadra coberta da EMEIEF Construindo o Saber e contou com a participação de dezenas de alunos, além de autoridades presentes. O programa é uma parceria entre a Prefeitura de Maracanaú, que o financia através de recursos do tesouro municipal, e o IBIS – o Instituto Brasileiro de Inclusão Social, com o intuito de oferecer qualificação profissional, além de permitir que o estudante que ainda não completou os níveis
em alimentos e os outros 209 do curso técnico em vestuário. A novidade deste ciclo será para os alunos do curso técnico em alimentos, que contarão com a participação de uma indústria alimentícia que virá à Maracanaú para atender às necessidades técnicas do programa, visto que as aulas práticas e o período de estágio fazem parte da grade curricular dos cursos. Ao todo, são 12 turmas divididas em 4 escolas: EMEIEF Senador Carlos Jereissati, EMEIEF Prefeito Almir Freitas Dutra, EMEIEF Adauto Ferreira Lima e EMEF Maria Pereira da Silva, no período noturno. O curso terá duração total de 18 meses.
básicos de educação possa concluir seus estudos. A aula inaugural marcou o início do período letivo de 2016, que ofertará formação técnica em vestuário e alimentos, além da conclusão do ensino médio. São 432 alunos, dos quais 223 são do curso técnico
A professora Aparecida Costa, coordenadora acadêmica do projeto, explicou a proposta da aula inaugural do programa. “Perceber como eles estão retornando é essencial para iniciarmos com êxito essa nova fase do programa. Então, com a sugestão
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da Secretaria de Educação, nós trouxemos a psicóloga do IBIS para conversar com eles, fazendo esse resgate da autoestima de cada um, após quase dois anos de intervalo da formação anterior.” Quelandia Lima, aluna do curso técnico de Vestuário, não tinha nenhum conhecimento em costura, mas sempre sonhou em se profissionalizar na área. “Para mim foi uma oportunidade única de me profissionalizar numa área que sempre desejei e agora posso continuar minha formação” - conta. O Secretário de Educação, Professor Marcelo Farias, esteve presente no evento e comentou a
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dimensão que o programa tem em Maracanaú. “Este programa vem suprir uma necessidade em atender pessoas com faixa etária acima de 24 anos, que por diversos fatores não puderam concluir sua escolaridade na idade certa e ainda não conseguem adentrar o mercado de trabalho. Então, a Universidade Operária vem dar condições de acreditarem nelas mesmas, de que podem construir um futuro melhor, além de se instrumentalizarem, possibilitando-os trabalhar em grandes empresas ou serem empreendedores e conquistarem um padrão de vida mais digno” - conclui.
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A PROVINHA BRASIL COMO ELEMENTO REFLEXIVO NA BUSCA PELA MELHORIA DA EDUCAÇÃO EM MARACANAÚ Maria do Carmo Pinheiro Marques Lucas Melgaço da Silva Maíra Moreira Prudêncio Maristela Meneses Sá RESUMO O estudo ora proposto trata-se de reflexões acerca da avaliação nas turmas de alfabetização, mais especificamente no 2º ano, à luz do instrumento de avaliação que é fornecido pelo Ministério da Educação (MEC) para as escolas públicas – Provinha Brasil. Para tanto, além de fazer uma abordagem sobre o que significa o ato de avaliar, enfoca o significado dos processos de alfabetização e letramento. O que é então estar alfabetizado e letrado? Sendo esta avaliação de caráter diagnóstico, presta- se à condição de instrumento pedagógico, fornecendo aos professores um redirecionamento de sua prática em sala de aula. Oferece ainda aos professores e gestores a apresentação de resultados em forma de relatórios, por meio da utilização do Sistema Provinha Brasil, implantado em maio de 2016, e que fornece dados qualitativos e quantitativos das aprendizagens dos alunos que participaram da avaliação. A metodologia adotada é análise documental do guia de aplicação e caderno do aluno aplicado na edição PROVINHA BRASIL 2015 de Língua Portuguesa, assim como a observação do sistema de resultados como instrumento de reflexão da prática pedagógica efetivada nas escolas. A análise nos mostrou que os itens abordam habilidades de leitura envolvendo os processos de decodificação e exploração de gêneros textuais. Diante de tais constatações, concluímos que a escola deve oportunizar espaços em que os alunos experienciem práticas sociais de letramento, para que possam perceber a função social da leitura e da escrita em seus aspectos de uso social, refletindo, desse modo, nos processos de avaliação externa, o caso da Provinha Brasil, para os conhecimentos matemáticos trabalhados.
Palavras-chave: Alfabetização. Avaliação. Provinha Brasil. Sistema. Resultados.
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O texto, anteriormente publicado, trata-se de uma atualização do tema ante a implantação do Sistema Provinha Brasil. Professora efetiva do Sistema Público de Ensino de Maracanaú. Mestre em Planejamento e Políticas Públicas, Universidade Estadual do Ceará – UECE. E-mail: mcpmarques@gmail.com. Professor efetivo do Sistema Público de Ensino de Maracanaú. Mestrando em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará. lucasmelgaco@alu.ufc.br. Professora efetiva do Sistema Público de Ensino de Maracanaú. Especialista em Alfabetização de Crianças, Universidade Estadual do Ceará – UECE. E-mail: maira_moreira@oi.com.br.
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Professora efetiva do Sistema Público de Ensino de Maracanaú. Especialista em Psicopedagogia, Universidade Vale do Acaraú – UVA. E-mail: estrelameneses@hotmail.com.
1 INTRODUÇÃO Avaliar é, sem dúvida, um dos atos presentes no cotidiano do ser humano, mesmo que de forma não intencional. É refletir sobre uma determinada realidade, partindo de fatos, informações concretas e emitir uma análise ou julgamento que possibilite intervenções, apontando caminhos de melhorias, visando os objetivos aos fins almejados. Nessa perspectiva, a avaliação de desempenho escolar é um processo intencional e sistemático, seja a de sistemas educacionais (avaliação externa) ou
do processo de ensino aprendizagem (avaliação interna) . Neste trabalho, por meio da pesquisa documental, objetivamos analisar e relatar a implementação da avaliação nas turmas de 2° ano – Provinha Brasil de Língua Portuguesa, enfatizando o instrumento avaliativo, bem como suas contribuições para o processo educacional. Ademais, por se tratar de avaliação da alfabetização, além de fazer uma abordagem sobre o que significa
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o ato de avaliar, serão enfatizados os significados dos processos de alfabetização e letramento. De acordo com Soares (2003), a alfabetização e o letramento são processos indissociáveis, pois a ascensão da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita se dá, concomitantemente, por estes dois artifícios: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização, e pelo desenvolvimento de habilidades de uso social, com atividades de vida prática que envolva leitura e escrita – o letramento. Diante do exposto, esse estudo torna-se imperioso, visto que a análise sobre os processos de alfabetização e letramento à luz do instrumento de avaliação, que é fornecido pelo Ministério da Educação – MEC para todas as escolas públicas com turmas de 2° ano, a ser aplicado, corrigido e digitado pelos professores (Provinha Brasil) acrescentará fundamentos teóricos nessa área educacional e fomentará a discussão acerca dessa avaliação. Ademais, vale ressaltar que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), instituiu a partir de 2016 o Sistema Provinha Brasil que visa oferecer as redes de ensino, escolas e professores, informações qualitativas e quantitativas das aprendizagens dos alunos acerca da alfabetização contextualizadas em forma de relatórios. 2 A AVALIAÇÃO NO CONTEXTO EDUCACIONAL: UMA FERRAMENTA DE ACOMPANHAMENTO DO RENDIMENTO ESCOLAR Consoante Luckesi (2011), a avaliação da aprendizagem escolar somada ao planejamento e a ação docente compõe o algoritmo da educação formal. Nesse sentido, a avaliação da aprendizagem serve como uma ação pedagógica de acompanhamento do ensino na busca dos resultados desejados.
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Compreendemos a necessidade de enfatizar que a avaliação não é neutra, avaliamos com um propósito, avaliamos para tomar decisões. Portanto, o ato de avaliar pode ser entendido como um conjunto de procedimentos e processos de coleta de informações, realizado com o objetivo de desencadear um (re)planejamento e intervenções das ações que não tiveram seus objetivos atingidos. Recentemente, a cultura construtiva da avaliação deixou de se restringir à sala de aula. As questões referentes à avaliação vão além desse espaço (avaliar os alunos por meio de atividades do cotidiano, preparar, aplicar e corrigir provas, relatórios, portfólios, atribuindo um conceito em diários de classe). As avaliações em larga escala, como o ENEM, a Prova Brasil, a Provinha Brasil, SPAECE, permitem a implementação e definição de políticas públicas de ensino, visando à melhoria de aprendizagem. Avaliação em sua etimologia significa atribuir valor a um objeto. No caso da sala de aula esse valor pode ser atribuído ao comportamento do aluno em relação às expectativas de aprendizagem elaboradas pela instituição. O professor usa várias formas para avaliar a aprendizagem de seus alunos, verificando se os objetivos elaborados no planejamento estão sendo atingidos. Nessa lógica, ao elaborar uma avaliação ele deve ter claro o que irá avaliar. Destarte, quando se define o que será avaliado, é possível escolher os instrumentos que mais se adequam aos objetivos de ensino. No caso da Provinha Brasil de Língua Portuguesa, o que é avaliado é definido com base nas Matrizes de Referências que foram elaboradas pelo INEP, priorizando as competências e habilidades que são essenciais ao processo de alfabetização. Vale salientar que a matriz é apenas uma referência global para a construção do instrumento avaliativo. Logo, ordinariamente, é um recorte da proposta curricular que as escolas comumente utilizam.
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3 CONTEXTUALIZANDO A PROVINHA BRASIL O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) tem divulgado indicadores que apontam déficits no ensino oferecido pelas escolas públicas brasileiras. Tais indicadores apontam que parcelas significativas de alunos chegam ao final do ensino fundamental sem o domínio de habilidades indispensáveis para a continuidade de seus estudos. Muitas ações têm sido implementadas pelo Governo Federal, a fim de interferir nessa realidade e melhorar o quadro da educação no país, dentre elas podemos citar a organização do ensino em 9 anos, regulamentado pela Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Essa ampliação já havia sido sinalizada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394 de 1996, e tornou-se meta da educação nacional pela Lei nº 10.172, de 2001, assegurando aos alunos um maior tempo de permanência na escola, consequentemente, vivenciando um maior desenvolvimento de competências e habilidades, que é o que gera a aprendizagem. Além da implementação dessa medida como forma de melhorar a educação brasileira, temos o Plano Nacional de Educação – PNE 2011-2020 (2011, p. 26) que propõe em sua meta 5: “alfabetizar todas as crianças até no máximo, aos oito anos de idade”. Como o Sistema de Avaliação da Educação Básica não investiga as habilidades relacionadas ao processo de alfabetização no 2º ano do ensino fundamental I (ano que compõe o ciclo de alfabetização), foi instituído, por meio da Portaria Normativa nº 10, de 26 de abril de 2007, a Provinha Brasil, com os seguintes objetivos: a) Avaliar o nível de alfabetização dos educandos nos anos iniciais do ensino fundamental. b) Oferecer às redes de ensino e aos professores e gestores um resultado da qualidade da alfabetização, prevenindo o diagnóstico tardio
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das dificuldades de aprendizagem. c) Concorrer para a melhoria da qualidade de ensino e redução das desigualdades, em consonância com as metas e políticas estabelecidas pelas diretrizes da educação nacional. Assim sendo, desde 2008 a Provinha Brasil, com foco nas habilidades de Língua Portuguesa, vem sendo disponibilizada em dois períodos: início e término do ano letivo (2º ano do ensino fundamental I). O kit contendo o material para aplicação disponibilizado na página do INEP é impresso e distribuído aos sistemas estaduais e municipais para aplicação. Ainda, é de responsabilidade dos gestores das Secretarias de Educação, podendo ser delegados às escolas, dependendo da estratégia definida para avaliação. Para a segunda edição da Provinha Brasil (2016), informação atualizada nessa versão do presente artigo, o INEP, justificando restrições financeiras, irá disponibilizar o material para aplicação da avaliação apenas em meio digital. 4 CONTRIBUIÇÕES DA PROVINHA BRASIL PARA A ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO Etimologicamente, o termo alfabetização quer dizer levar à aquisição do alfabeto, ou seja, ensinar habilidades de ler e escrever, processos de aquisição do código escrito. A alfabetização seria um processo de representação de fonema em grafemas (escrever) e de grafemas em fonemas (ler) […] Sem dúvidas a alfabetização é um processo de representação de fonemas em grafemas, e vice-versa, mas é também um processo de compreensão/expressão de significados por meio do código escrito. Não se considera “alfabetizada” uma pessoa que fosse apenas capaz de decodificar símbolos visuais em símbolos sonoros, “lendo”, por exemplo, sílabas ou palavras isoladas, como também não se considera “alfabetizada” uma pessoa incapaz de, por exemplo, usar adequadamente
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CIENTÍFICA o sistema ortográfico de sua língua, ao expressar-se por escrito (SOARES, 2003, p. 16).
58 no instrumento avaliativo; escola, ante gráficos e relatórios com informações concretizadas de todas as turmas; e de acertos com o percentual de aprovação por alternativa de resposta. O resultado da avaliação oferece subsídios para professores e gestores redefinir o planejamento de ensino e aprendizagem com vistas a intervir de forma eficaz no processo de alfabetização dos alunos, tendo como parâmetro a escala de interpretação de resultados que a Provinha Brasil oferece com números de acertos por aluno, sendo possível identificar em qual nível de desempenho o aluno se encontra.
O processo de Alfabetização possui suas especificidades, a criança precisa desenvolver variadas habilidades para adquirir o sistema alfabético, como por exemplo: as convenções gráficas (se escreve de cima para baixo, da esquerda para direita), a relação entre letra e som, contato com material escrito e o desenvolvimento da compreensão oral. Compreendendo ser a alfabetização um processo de representação de fonemas em grafemas, ou vice-versa, entendemos que alfabetização é adquirir as habilidades de: codificar a língua escrita (escrever) e decodificar a língua escrita (ler). 5 CONCLUSÕES PARCIAIS O processo de letramento ou cultura letrada se refere ao uso social dos processos de leitura e O trabalho ora apresentado encontraescrita. se em andamento na Diretoria de Avaliação e O que mais propriamente se denomina Monitoramento da Secretaria de Educação do letramento, de que são muitas as facetas-imersão das crianças na cultura escrita, participação em município de Maracanaú. Trata-se de um estudo experiências variadas com a leitura e a escrita, teórico realizado pela equipe técnica educacional conhecimento e interação com diferentes tipos de gêneros de material escrito (SOARES, 2003, que compõe essa diretoria, acerca da avaliação das p.13) turmas de 2º ano - Provinha Brasil. Os resultados iniciais nos remeteram às Alfabetizar, na perspectiva do letramento, percepções da importância da avaliação diagnóstica significa vivenciar com as crianças práticas de leitura no cotidiano escolar, como ferramenta de suporte e escrita para que elas estejam aptas a fazerem uso aos professores em redirecionar sua prática dessas múltiplas linguagens em diversas situações pedagógica, de acordo com o desempenho dos de sua vida diária. educandos no teste. Uma vez que o instrumento De posses dos resultados da Provinha Brasil, avaliativo possui entre seus objetivos, o de avaliar é possível fazer análise do desempenho dos alunos, o nível de alfabetização dos alunos nos anos iniciais enfatizando o nível de proficiência em habilidade do ensino fundamental e de oferecer às redes de leitura em que os alunos se encontram ao final de de ensino, professores e gestores um resultado dois anos de ensino fundamental e que habilidades da qualidade da alfabetização, prevenindo um de leitura os alunos necessitam consolidar. diagnóstico tardio. Com o advento do Sistema Provinha Brasil, pode- Ainda, o estudo tem nos revelado a se, ainda, acessar relatórios nas categorias aluno, importância da compreensão, por parte dos com o número de acertos, padrão de desempenho educadores, sobre os processos de alfabetização e e habilidades consolidadas; turma, por meio da letramento como elementos indissociáveis. visualização de gráficos e relatórios descritivos Indubitavelmente, a pesquisa revela a com o detalhamento das habilidades requeridas importância do papel da avaliação diagnóstica,
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CIENTÍFICA visto que a mesma fornece elementos para tomada de decisões, permitindo intervenções mais precisas ao longo do processo escolar, na busca da aprendizagem desejada. E, com a implantação do Sistema Provinha Brasil, por meio de sua estruturação descrita logo acima, acreditamos que seja uma ferramenta positiva para a compreensão dos níveis de aprendizagem dos alunos, de modo a oferecer sugestões de atividades por nível de desempenho, contribuindo para a melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores e, consequentimente, melhorias no ensino e aprendizagem. A avaliação, neste sentido, tem o predomínio da reflexão e da ação, a busca de estratégias e aplicabilidade prática nas ações pedagógicas. REFERÊNCIAS
59 Ministério da Educação - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Primeiros Resultados: Médias de Desempenho do SAEB/2005 em perspectiva comparada. Disponível em: http://www.inep.gov.br/download/saeb/2005/ SAEB1995_2005.pdf>. Acesso em agosto de 2015. _______.Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação. Ministério da Educação. Brasília: MEC. Disponível em: <http://pne.mec.gov.br/images/ pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf>. Acesso em agosto de 2015. _______. Portaria Normativa nº 10. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/ provinha_brasil/legislacao/2007/provinha_brasil_ portaria_normativa_n10_24_abril_2007.pdf>. Acesso em agosto de 2015.
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O ESTÁGIO SUPERVISIONADO E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
Neilson Pereira da Silva Rosana Maria Cavalcanti Soares
Resumo Este trabalho relatou as contribuições do estágio na formação do professor de educação profissional. Discute, neste sentido, sobre a importância dos referenciais teóricos estudados na disciplina de Estágio Supervisionado I, do Curso de EPCT, das observações realizadas em sala de aula de cursos técnicos e dos projetos de intervenção. Realizouse uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa, com a aplicação de questionário com questões abertas a seis alunos da disciplina Estágio Supervisionado I. Os alunos revelaram que o estágio é momento de construção de saberes docentes e de aproximação com a educação profissional. Ressaltaram também a importância dos referenciais teóricos estudados na disciplina de estágio e demonstraram que este proporciona a reflexão sobre a prática docente.
Palavras-chave: educação profissional, estágio supervisionado, formação de professores.
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho discute a respeito da importância do estágio supervisionado na formação do professor que atuará na educação profissional, considerando, especificamente, a função dos textos lidos durante a disciplina, a importância de se conhecer o ambiente de sala de aula de uma escola profissional e de desenvolver um projeto de intervenção. Tem como objetivo compreender as percepções construídas pelos alunos do curso de EPCT durante o estágio e seu papel para a formação do professor de educação profissional. Assim, algumas questões nortearam o rumo desta pesquisa, como: quais as concepções dos estudantes do curso de Educação Profissional, Científica e Tecnológica a respeito do estágio em sua formação? Como o estágio pode colaborar para uma formação critico-reflexiva capaz de enfrentar
os problemas existentes na prática? Como os referenciais teóricos estudados na disciplina de Estágio Supervisionado I, as observações na sala de aula de uma instituição de educação profissional e o projeto de intervenção podem contribuir para a formação dos professores da educação profissional? O interesse em pesquisar sobre as possíveis contribuições do estágio surgiu pela experiência como aluno do referido curso e da disciplina de Estágio Supervisionado I. Acredita-se que o estágio é de extrema importância para a formação docente, tanto no momento das discussões nas aulas da disciplina como, principalmente, durante as observações e regência em sala. Representa um momento bastante significativo de aproximação com a realidade futura e de reflexão sobre a docência com base na relação teoria-prática.
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A construção da identidade profissional é marcada pelas vivências em sala de aula, a partir das experiências como aluno e professor, através das diversas práticas observadas. Nesse contexto, o estágio possibilita conhecer melhor a educação profissional e o ambiente de trabalho do professor que atua nesta área. Para Pimenta (2006), o estágio supervisionado, mesmo não sendo efetivamente uma prática profissional, possibilita uma noção da prática, fato que deve ser uma preocupação sistemática no currículo de qualquer curso de formação docente. Portanto, destaca-se a importância tanto da aproximação com o ambiente escolar das instituições de ensino profissionalizante como da literatura sobre a prática docente para uma formação mais crítica, reflexiva e consciente, considerando que esta se desenvolve continuamente, no decorrer do percurso profissional. Para a realização deste estudo foi realizada uma pesquisa, de abordagem qualitativa, com seis alunos que fizeram a disciplina Estágio Supervisionado I, do Curso de EPCT. Foi aplicado um questionário com questões abertas sobre as possíveis contribuições do estágio para a formação docente na educação profissional. O desenvolvimento do estágio enquanto momento de reflexão e inserção ativa nos ambientes de educação profissional é de fundamental importância em a formação do docente neste campo. Deste modo, acredita-se que este estudo pode contribuir para as reflexões sobre o estágio supervisionado, favorecendo a realização de outras investigações. O trabalho está organizado em quatro seções além desta introdução. O primeiro item apresenta a metodologia utilizada na pesquisa. A segunda seção traz os principais autores que fundamentaram o estudo. Em seguida, são apresentados e discutidos os resultados coletados
61 na pesquisa. Por fim, as considerações finais. 1.1 MATERIAIS E MÉTODOS A realização deste estudo é norteada por leituras que proporcionaram uma visão mais clara do objeto de investigação. Uma revisão literária é de grande relevância para o desenvolvimento de uma pesquisa, pois proporciona uma visão mais ampla e o conhecimento de dados diversos, inclusive do passado (GIL, 2002). Porém, é importante destacar que a coleta de dados primários, através de uma pesquisa de campo, proporciona a compreensão de questões mais específicas sobre o objeto de estudo, a partir do contexto em que está inserido. A pesquisa de campo foi realizada no polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em Itapipoca, com alunos do curso a distância de Licenciatura em Educação Profissional, Científica e Tecnológica (EPCT) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), que estavam realizando as atividades da disciplina Estágio Supervisionado I. A investigação, de abordagem qualitativa, foi desenvolvida através da aplicação de um questionário com questões abertas a seis alunos do referido curso e que estavam fazendo a disciplina mencionada. A pesquisa qualitativa, de acordo com Flick (2009, p. 37), “dirige-se à análise de casos concretos em suas particularidades locais e temporais, partindo das expressões e atividades das pessoas em seus contextos locais”. O questionário corresponde a uma técnica de investigação em que, “sem a presença do investigador, o investigado responda por escrito a um formulário (com questões)”. (MATOS e VIEIRA, 2001, p. 60). Tais questões precisam ser objetivas e claras. No caso de perguntas abertas, o participante da pesquisa pode expressar suas opiniões. Com o propósito de refletir sobre a importância das atividades realizadas durante o
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estágio, principalmente do contato com a realidade de uma escola de educação profissional para o processo de formação do professor que atuará nesta área, as questões do instrumento aplicado contemplaram: a opinião dos alunos sobre as possíveis contribuições do estágio para a formação; a função dos textos lidos na disciplina; a relevância das observações; as possíveis dificuldades sentidas na regência de sala, através do projeto de intervenção; as aprendizagens construídas a partir da experiência do estágio. É importante informar que os seis participantes desta pesquisa são também professores graduados, de diferentes áreas (Geografia; História;
novas concepções pessoais do que seja um bom profissional e, certamente, poderá relacionar diretamente essas definições com sua prática docente. Percebe-se, assim, que ao ingressar em um curso de licenciatura já existe um conhecimento sobre a atuação do professor, mesmo que seja de forma ainda não sistematizada, mas é justamente durante essa formação que esse conhecimento sofre transformações e torna-se substancial, é sistematizado.
Biologia; Hardware, Programação Web e Lógica de Programação) e alguns são docentes da rede estadual e atuam em escolas profissionais. A fim de facilitar a apresentação dos dados e garantir o anonimato dos investigados, os alunos foram codificados como A1, A2, e assim sucessivamente. O tópico seguinte trata do referencial teórico que fundamenta este estudo.
para a formação dos professores que atuarão na educação profissional, proporcionando-lhes a oportunidade de refletir sobre suas ações. Vivenciar o ambiente de trabalho aliado às reflexões e discussões durante a disciplina de estágio podem favorecer o desvelamento da falsa ideia de formação profissional limitada ao executar, ao dualismo existente entre os processos teóricos e práticos.
2 REFERENCIAL TEÓRICO A trajetória escolar é marcada pelo contato direto com diferentes práticas docentes e,consequentemente, com diferentes concepções do fazer docente. Através dessas vivências, juntamente associadas às leituras e reflexões durante o estágio, é possível pensar e construir concepções a respeito do conceito de profissional. De acordo com Fazenda (1995, p. 20), “argumenta-se que o desempenho do professor é grandemente dependente de modelos de ensino internalizados ao longo de sua vida como estudante em contato estreito com professores”. Neste sentido, o profissional da educação modifica ou complementa seus conceitos através da observação da prática e pode estabelecer
Isto revela a importância das leituras de referenciais teóricos e do contato com a sala de aula, no momento do estágio supervisionado,
O exercício de qualquer profissão é aprimorado na prática, mas as observações durante o período de estágio podem contribuir para uma reelaboração de práticas existentes, como afirmamPimenta e Lima (2008, p. 35): “muitas vezes nossos alunos aprendem conosco nos observando, imitando, mas também elaborando seu próprio modo de ser a partir da análise crítica do nosso modo de ser”. Assim, espera-se que a formação do professor de educação profissional, seguindo um caráter crítico, seja capaz de construir uma prática docente voltada à formação integral do trabalhador e à superação da dicotomia entre teoria e prática, “que sugere superar o ser humano dividido historicamente pela divisão social do trabalho entre ação de executar e a ação de pensar, dirigir ou planejar” (RAMOS, 2011, p. 21).
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As experiências vividas no estágio supervisionado devem ser sempre levadas em consideração e servirão como referência para uma análise das práticas de ensino que, segundo Pimenta e Lima (2008), deve ser fundamental e fundamentada na realidade social em que esta se desenvolve. Assim, quanto mais os cursos de formação de professores estiverem próximos da realidade mais contribuirão para a constituição da identidade destes profissionais. O contato com a prática do professor de educação profissional revela o quanto é difícil administrar o ensino e as situações de aprendizagem num ambiente marcado por situações
necessária e indissociável relação entre a teoria e a prática. Essa práxis fundamentará o trabalho do futuro professor de educação profissional, atentando para as questões relacionadas aos estudantes e para a importância de uma formação ampla e integral do trabalhador, em contraposição àquela que apenas segue uma lógica de mercado (ARAÚJO, 2010). Contribui também para a construção de uma identidade profissional direcionada à formação cidadã e omnilateral do trabalhador (RAMOS, 2011). Nesta perspectiva, a prática do professor deve caminhar para formar um trabalhador mais consciente, capaz de perceber a importância de seu trabalho e as relações que se
complexas, dinâmicas e por grupos heterogêneos, o que exige renovação da prática e dos saberes docentes. Tal aspecto faz refletir sobre os conhecimentos e as concepções de educação necessárias ao bom desenvolvimento do trabalho docente na Educação Profissional e, consequentemente, à formação do trabalhador. É neste contexto que se percebe que é preciso haver um currículo voltado para a realidade, de acordo com as necessidades da comunidade escolar em que o professor atuará. O estagio supervisionado oportuniza conhecer melhor a realidade e favorece, mesmo de forma parcial, uma preparação para enfrentar as situações que surgirão na prática, contribuindo também para identificar as necessidades dos educandos e as contradições existentes. Segundo Araújo (2010), uma das principais contradições encontradas hoje na educação profissional se refere à limitação e ao imediatismo da formação condicionada pela própria realidade que se apresenta. Portanto, o momento do estágio supervisionado é enriquecido tanto pelas leituras e discussões teóricas estabelecidas na disciplina, como vivenciando a própria realidade, no ambiente de atuação prática do professor. Isto revela a
constituem na dinâmica de produção da sociedade capitalista atual. O estágio supervisionado possibilita ao professor em formação a oportunidade de conhecer seu campo profissional e atuar diretamente em seu âmbito de trabalho. Portanto, deve oferecer subsídios para desenvolver no profissional a capacidade de “domínio” das situações em sala de aula e apresentar as grandes responsabilidades que permeiam sua função. Contudo, assumir essas responsabilidades não é tarefa fácil; é um desafio que o professor precisa superar. Para isso, espera-se que esse profissional reflita sobre suas ações e busque inovar suas práticas, aprimorando seus conhecimentos e práticas pedagógicas para que possam proporcionar uma formação crítica e atuando de forma que seus alunos possam exercer sua cidadania com base nos conhecimentos e habilidade apreendidos neste século XXI. (OLIVEIRA e SILVA, 2012, p. 195).
Desta forma, o momento vivenciado durante o estágio supervisionado já é um começo para vencer possíveis dificuldades encontradas na prática docente do professor de educação profissional. Contribui para“o desenvolvimento de um profissional
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reflexivo, capaz de pensar sobre suas ações, durante e após realiza-las.” (FAZENDA, 1995, p. 20). Pode-se destacar o estágio supervisionado nos cursos de formação de professores para atuarem na educação profissional como uma ponte que liga o professor ao seu campo de trabalho, oportunizando conhece-lo melhor e identificar os problemas advindos da realidade desta modalidade de ensino. O item a seguir apresenta os resultados obtidos com a pesquisa realizada junto a alunos sobre o estágio supervisionado.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES Esta seção apresenta os dados coletados através da aplicação de questionário a seis alunos do Curso de Licenciatura em EPCT sobre a disciplina de Estágio Supervisionado I, buscando compreender a importância deste para a formação, a função dos aportes teóricos estudados, as dificuldades enfrentadas durante o estágio e as aprendizagens que levam desta experiência. Quanto à importância do estágio para a formação docente, todos os alunos reconheceram sua relevância e as justificativas focaram em dois pontos principais: o estágio é momento de construção de saberes docentes e de aproximação com a educação profissional. Quatro deles destacaram que o estágio possibilitou, de forma geral, melhorar e aperfeiçoar a didática, a prática, as ações pedagógicas e adquirir mais experiência profissional. O comentário a seguir expressa esta opinião: “Para observar melhor a forma de repassar os conteúdos aos alunos, vendo onde deveria ser modificado e melhorado minha didática.” (A1). Dois alunos afirmaram que esse momento possibilitou o conhecimento de cursos
64 profissionalizantes e alguns dos problemas existentes. Desta forma, percebe-se que o estágio supervisionado possibilita a aproximação com a realidade da educação profissional e os saberes e fazeres docentes que permeiam o processo de ensino e aprendizagem nas instituições de ensino técnico e profissionalizante. Logo, o espaço destinado ao estágio é que pode articular os conhecimentos adquiridos ao longo do curso com o conhecimento da realidade encontrada nas escolas e especialmente na sala de aula (PICONEZ, 2007). Observa-se que a resposta da maioria dos sujeitos pesquisados sobre a importância do estágio para a formação guarda relação com a construção de conhecimentos necessários à prática docente. Assim, o estágio possibilita aos alunos-professores a oportunidade de conhecer melhor este campo profissional e perceber algumas situações em sala de aula. Por isso, o estágio “trata-se de um dos mais importantes momentos de integração dos conhecimentos trabalhados na escola a partir da prática.” (RAMOS, 2011, p. 75). Porém, é indispensável que o professor em processo de formação para atuar na área de educação profissional e tecnológica reflita sobre a necessidade de renovar sua prática e construir novos saberes a partir da experiência. Com relação ao que marcou no estágio, a maioria dos alunos evidenciou a metodologia trabalhada pelos professores nas aulas observadas. É importante destacar que um aluno ressaltou que foi durante o estágio que surgiu “a questão problema que serve de tema para o meu projeto de pesquisa.” (A2). As atividades desenvolvidas durante o estágio supervisionado colocam os alunos em contato com a dinâmica de educação profissional e tecnológica, futuro espaço de atuação, proporcionando um conhecimento alicerçado na realidade. Deste modo, a aproximação da realidade pode revelar inúmeras situações do espaço escolar e, especificamente, da sala de aula (PIMENTA, 2006).
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Um dos estudantes ressaltou a metodologia como um dos pontos que chamou atenção em caráter negativo: “a falta de metodologia da professora. Ela dominava divinamente os conteúdos, porém sua aula era cansativa e não tinha inovações.” (A3). Isto, segundo Machado (2008), pode estar relacionado com a carência de pessoal docente qualificado. Este problema se apresenta como um dos fatores que dificulta a expansão da educação profissional no país, porém o investimento em cursos de licenciatura pode ser um importante aliado na superação deste problema. No que se refere à relação entre os textos lidos na disciplina de estágio e a formação de
a compreensão das dinâmicas socioprodutivas das sociedades modernas, [...] habilitar as pessoas para o exercício autônomo e critico de profissões, sem nunca se esgotar a elas” (RAMOS, 2011, p. 22). Sobre possíveis dificuldades na execução do projeto de intervenção, cinco sujeitos afirmaram ter sentido dificuldades em função do tempo destinado à execução do projeto, do nervosismo e da resistência imposta pelas escolas, segundo manifesta um dos estudantes: “são muitas horas/aulas em sala e os diretores e professores das escolas não querem deixar um estagiário tanto tempo em sala. Por conta do trabalho, foi muito difícil cumprir toda a carga horária.” (A4).
professores para atuarem na educação profissional, todos consideraram as leituras fundamentais para as ações didático-pedagógicas e compreensão da importância e dinâmica do estágio. Um dos estudantes manifestou-se da seguinte forma: “Me fez refletir sobre algumas ações em sala de aula. O estágio em uma escola profissional é diferente de estagiar em uma escola regular, pois os alunos são diferentes e as ações pedagógicas realizadas em sala pelos professores também são diferentes.” A5). Percebe-se que os estudantes acreditam que as leituras realizadas durante o estágio supervisionado são essenciais para a construção de saberes teóricos sobre a prática docente na educação profissional e tecnológica. Porém, é necessário compreender que os saberes e as teorias não garantem uma boa prática. Isto porque a prática docente envolve sempre um processo dinâmico carente de constantes transformações relativas à realidade, às práticas e às teorias (PICONEZ, 2007). Na educação profissional, especialmente, a reflexão constante sobre a prática é necessária em virtude das complexas relações existentes, sobretudo no que diz respeito à efetivação de uma modalidade de ensino capaz de “proporcionar
Desta forma, é possível perceber que o tempo destinado ao estágio supervisionado ainda é pouco; se fosse maior contribuiria de forma mais significativa para a construção de saberes sobre a prática docente na educação profissional. Porém, apesar do curto período de tempo é uma experiência que favorece a aquisição de conhecimentos teóricos associados à realidade (PICONEZ, 2007). Este primeiro contato é necessário para o desenvolvimento do profissional crítico e reflexivo (PIMENTA, 2006). Apenas um aluno registrou que não sentiu dificuldades ao executar seu projeto de intervenção, em virtude do apoio recebido na escola: “as aulas que eu planejei e executei foram acompanhadas pelo professor da disciplina e pela coordenação do programa. Apresentei os planos de aula aos mesmos e tive liberdade para aplicá-los. Contei com o professor, alunos e coordenação sempre que precisei.” (A2). Assim, pode-se perceber que o apoio das instituições onde se realiza o estágio é fundamental para a execução das atividades, especialmente do projeto de intervenção. O vínculo entre escola e universidade seria bastante significativo e poderia evitar a limitação do tempo do estagiário na escola. Em relação às aprendizagens construídas por meio da experiência do estágio, os alunos
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CIENTÍFICA demonstraram que proporciona a reflexão sobre a prática docente, possibilita enxergar a evolução como educador, conhecer novas realidades de ensino e aprendizagem, além de possibilitar o aprimoramento de conhecimentos técnicos, como construir planos e ministrar aulas em cursos profissionalizantes. Um dos estudantes ressalta que: “a aprendizagem é bem marcante, onde podemos ver a evolução tanto dos alunos do projeto, como nossa evolução como educador.” (A1). Deste modo, o momento de estágio supervisionado pode oferecer ao futuro professor de Educação Profissional um grande ganho em conhecimentos didático-pedagógicos, fundamentais à prática docente, podendo refletir e perceber as evoluções dos estudantes e em sua própria atuação. A formação docente é um processo inacabado por estar em constante evolução. Para que o professor não torne sua prática “ultrapassada”, desestimulante e distante da realidade, é preciso renova-la constantemente, a partir de estudos, cursos de formação continuada, troca de experiências com colegas de profissão, reflexão sobre sua própria prática, entre outras possibilidades. CONCLUSÃO Esta pesquisa visou contribuir para estudos sobre o estágio supervisionado. Através da pesquisa de campo, percebeu-se que os alunos valorizam o estágio, especialmente pelo contato com o ambiente escolar da educação profissional e as relações que permeiam o trabalho docente nesse espaço. Embora reforcem a importância de toda fundamentação teórica construída no decorrer do Curso de EPCT, é na experiência vivenciada na escola que realmente os alunos percebem a complexidade e a necessidade da reflexão constante sobre a prática docente.
66 Desta forma, evidencia-se a importância do estágio na formação de professores para a educação profissional, que não pode ser confundido com uma mera ação prática. Significa muito mais do que isso. Os dados obtidos na pesquisa apontam que este é um momento reflexivo sobre a prática docente e bastante enriquecedor no processo de formação, tanto a partir das leituras realizadas, das observações em sala de aula e do projeto de intervenção. As fundamentações teóricas e as experiências em sala de aula no período de execução do projeto de intervenção foram valiosas para a formação dos professores enquanto profissionais que refletem a respeito de suas ações e buscam melhorar sua prática. O aprendizado foi ainda mais significativo em decorrência do projeto de intervenção, que oportunizou colocar em prática os conhecimentos adquiridos no curso de Licenciatura em EPCT. No entanto, apenas as atividades desenvolvidas durante o estágio não são capazes de englobar todas as necessidades de aprendizado do professor de educação profissional, que entre muitas atribuições deve empreender esforços na tentativa de superar a dicotomia existente entre o trabalho manual e o trabalho intelectual. É com a própria experiência acumulada e o exercício constante da reflexão que é possível melhorar a prática. Enfim, o estágio supervisionado tem grande importância na formação de professores para a educação profissional, pois este é momento de construção de novos conhecimentos e contato direto com novas práticas e possíveis problemas existentes na realidade desta modalidade de ensino. Por isso, é preciso refletir sobre o estágio, colocando-o como peça fundamental na formação dos professores, caracterizando-o como momento reflexivo e prático, pois somente quando se pesquisa e insere-se ativamente na realidade, são produzidos novos conhecimentos e reflexões sobre a formação.
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CIENTÍFICA
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MENTE, CONHECIMENTO, CONCEITO E CIÊNCIA Antonio Nilson Gomes Moreira RESUMO Este artigo procurou discutir sobre o conceito de ciência, para tanto, utilizou-se uma metodologia de cunho bibliográfico. A discussão partiu da trajetória do gênero homo, com uma síntese das principais características de suas espécies, a partir de contribuições da antropologia física e cultural. Na perspectiva da produção científica, procurou-se refletir sobre a importância do conceito, que está relacionado a uma caracterização do objeto, tão ampla quanto necessária até esgotar os limites de sua compreensão e extensão pretendidos, sendo o conhecimento entendido como uma mediação necessária entre o homem e os fatos. A ciência foi traduzida como um esforço permanente pela busca da verdade, embora sempre provisória, obtida através de método próprio, sendo necessária a verificação, estando susceptível a erros, falseamento e superação, até a validação pelos pares. Palavras-chave: Conhecimento, Conceito, Ciência
INTRODUÇÃO
Ao longo de sua existência na terra, sob as diferentes espécies, desde o habilis até o sapiens, o homem tem se sobressaído em relação aos demais animais, apesar de sua fragilidade física. A que se deve isto? A resposta não parece simples, posto que viver em sociedade, desenvolver uma linguagem própria e fazer uso de uma cultura também é comum a muitas espécies. Tentando responder à questão acima, este trabalho objetiva proporcionar uma reflexão sobre a ciência, compreendendo seu conceito e processo de produção. Para isto, percorreu percursos vivenciados pela humanidade nessa construção. O texto está estruturado em quatro partes. Na primeira é feito um resgate da evolução da espécie humana e suas diferenças com os demais animais, de modo a anunciar elementos de uma antropologia. Na segunda, são apresentados e discutidos elementos de uma teoria do conhecimento, a partir da relação
tipo. Por fim, na quarta parte é feita uma tentativa de definição de ciência e discussão de suas especificidades, tendo como pressuposto os elementos discutidos nos tópicos anteriores. O trabalho foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica, além de fazer uso de anotações produzidas em debates e discussões realizadas em sala de aula. Apresentados os elementos introdutórios, no tópico a seguir é feito uma retomada aos processos vivenciados pelo homem ao longo de sua presença no planeta.
que se estabelece entre sujeito e objeto. Na terceira é feita uma reflexão sobre o saber construído e a sua elaboração, generalização, transformação em teoria, e a construção de conceitos e ideais-
lo, e todas as tentativas apenas o farão a partir de determinados aspectos, deixando de contemplar outros que, também, devem ter a sua importância. Assim, uma sensação primeira é de infinitude.
1 O HOMEM E A MENTE: ELEMENTOS DE UMA ANTROPOLPOGIA O que é o ser humano? Como apresentar uma definição que contemple toda a sua abrangência e complexidade? Isto não parece uma tarefa simples. Provavelmente será impossível fazê-
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CIENTÍFICA As definições mais comuns farão referência ao animal inteligente, pertencente à família dos homo sapiens. Mas ainda há muito a dizer. Na tentativa de respostas tem-se buscado auxílio em diversas ciências, como a antropologia, biologia, neurologia, psicologia, sociologia, dentre outras. Numa primeira tentativa de compreensão da definição do ser humano será feito um resgate de contribuições oriundas da antropologia. Esta área do conhecimento tem se preocupado com as populações humanas, procurando saber como e quando surgiram, como e por que variam entre si, tanto física quanto culturalmente. A presença do ser humano no planeta terra remota a algo em torno de há algo entre 6 e 7 milhões de anos, onde atualmente se situa o continente africano se constatou a presença de um ancestral comum. Este vivia da caça e da coleta de vegetais, e deixou de viver no topo das árvores. Dessa linhagem se origina, dentre outras, os hominídeos, de onde descende a espécie humana. Em seu processo evolutivo, cinco ciclos evolutivos merecem destaque pelos antropólogos: o do australopithecus; o do homo habilis; o do homo erectus; o do homem de Neandertal; e o do homo sapiens. Nesse processo, paulatinamente, descem das árvores, andam em posição ereta, confeccionam ferramentas, dominam o fogo e enterram seus mortos. O tempo dos australopithecus remota há cerca de seis milhões de anos. Caçador e coletor que desce das árvores, este desenvolveu a habilidade de andar sobre dois pés, assumindo a posição ereta. Entre cerca de 3,5 a 2,5 milhões de anos habitava na terra o homo habilis. Este com caixa craniana ligeiramente superior, o que não significa maior complexidade intelectual, já apresentava capacidade de intuir, caçava coletivamente, o
69 milhões e 500 mil anos. Aqui a tecnologia marcante foi o uso do fogo e, com isso, o domínio da noite e da escuridão. O homem de Neanderthal presenciou o planeta no período de 500 a 300 mil anos, no que atualmente chamamos de Alemanha, não havendo consenso no que se refere a este período. O homo sapiens viveu entre cerca de 140.000 a 100.000 anos. Aqui foram constatados dois grandes avanços, como o hábito de enterrar os mortos, o que traz um conjunto amplo de possibilidades de explicações que esses sujeitos elaboravam a respeito de sua existência terrena, e o armazenamento de armas e de animais domésticos ou de estimação, o que é entendido como a primeira revolução cognitiva. Deve-se salientar que, mesmo para os antropólogos, esta história ainda não está totalmente elaborada. Há ainda outras espécies de humanos dos quais se sabe pouquíssimo. Dentre esses, os denisovanos, que viviam no leste asiático, e dos quais só foram encontrados fragmentos de seus ossos, e os floriensis, ou hobbits, homens de tamanho diminuto que habitavam a indonésia. Segundo os estudos, ao longo de sua evolução todas as espécies têm se desenvolvido a partir de três instintos básicos: a nutrição, a proteção e a reprodução. Nessa perspectiva, os antropólogos situam entre cerca de 12.000 a 10.000 anos o que denominam de segunda revolução intelectual. Nesta estão presentes a agricultura, a agropecuária, a permanência de grupos no mesmo local por longos períodos de tempo, o que contribui para o surgimento das cidades. Assim, a organização em cidades veio contribuir para favorecer a satisfação desses instintos. Nesse momento, os indivíduos passam a ter, além do corpo, a mente. De forma resumida, para a antropologia a
que aumentava o seu poder, e confeccionava evolução da espécie conta com quatro grandes instrumentos de trabalho, a partir de pedras. momentos marcantes: 1) passou a caminhar em O homo erectus esteve presente por entre 2,5 posição ereta e desceu das árvores, vivendo como
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CIENTÍFICA nômade, mas em busca de garantir a sobrevivência e de melhores condições de existência, mas ainda sendo dominado pela natureza; 2) vivendo coletivamente, desenvolveu algumas tecnologias e ferramentas de trabalho a partir de pedras; 3) passou a utilizar o fogo, o que amplia bastante os horizontes de sua existência; 4) a prática de enterrar os mortos, que atribui significados mais amplos, próprios de cada cultura, à vida e à existência na terra. O que tem diferenciado o homem dos demais animais? Darwin, em meados do século XIX, identificou seis emoções básicas presentes nos animais: a alegria, a raiva, o nojo, a surpresa e o medo. Através destas os instintos se fazem sentir no nosso corpo. Esta proposição compreende que o indivíduo não é uma tábula rasa ou uma página em branco. Assim, já dispõe, em seu cérebro, de lâminas modulares, com características do acumulado ao longo da história da espécie, mas também com a possibilidade de incremento ao longo do avanço etário, condicionado, também, pelos estímulos proporcionados pelo ambiente. Mas estas características estão presentes em todas as espécies. Todos os animais dispõem de um corpo físico e este, em maior ou menor proporção, conta com um cérebro, unidade responsável pelo processamento e coordenação de todas as atividades desenvolvidas. O que diferencia o humano dos demais possuidores deste órgão é a capacidade de refletir a respeito de si mesmo, intuir sobre as circunstâncias e se projetar do passado ao presente e para o futuro. Aí ocorre um amplo conjunto de atividades que resultam em um patrimônio imaterial, como a memória, a cultura, os valores, a cognição. Estes já se situam em outra dimensão corpórea, de natureza imaterial, comumente entendida como a mente. Mas o que é mesmo a mente? Segundo
70 o “armazenamento de experiências vividas”. Para este lexicógrafo, nesse órgão também se situa a nossa “maneira de compreender ou imaginar o mundo”, incluindo nesse conjunto o que denomina de “disposição de espírito”, que contempla, também, as crenças religiosas. Para uma compreensão mais abrangente da mente humana, recomenda-se uma análise para o contexto em que se insere o sujeito, considerando o processo histórico vivido. Compreender espaço e tempo, como têm feito os cientistas mais preocupados com essa problemática, em especial antropólogos físicos e culturais, além de biólogos e psicólogos, dentre outros. Mas o que vem mesmo a ser a mente humana? As respostas parecem ainda polêmicas e provisórias. Pelo menos três grupos teóricos tentam explica-la, o que explicita a ausência de consenso: os monistas, os dualistas e os agnósticos. Para os primeiros, existe apenas a substância material. Para os seguintes, a cognição resulta de uma decisão não humana. Para os últimos, as nossas produções intelectuais resultam apenas da cultura. Nesse contexto se situam tanto os ateístas quanto as mais diversas correntes religiosas. Nesse sentido, cabe destacar a mente como resultante de um processo onde estão envolvidos a história da espécie e os estímulos do ambiente, estes entendidos de uma forma mais ampla, para além do contexto em que vive o indivíduo, mas compreendendo também as pequenas e grandes realizações do ciclo histórico. O conjunto até aqui exposto explicita que, mesmo sendo um ser racional, a emancipação do homem à natureza tem se dado por processos constantes de superação de cultura, valores, o que inclui também posições religiosas, além
o Dicionário Aurélio, a mente consiste na “parte da produção de tecnologias, o que se pode do ser humano que lhe permite a atividade referir como produção do conhecimento e o seu reflexiva, cognitiva e afetiva”. Ainda, possibilita consequente, o desenvolvimento da ciência.
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CIENTÍFICA Mas tudo ainda parece longe de contemplar a infinitude da conceituação do ser humano. Filme disponível no canal Youtube, intitulado The Science World Smiling Face Cosmic eye pode ser útil na compreensão dessa infinitude. O simples sorriso de um rosto é situado, do ponto de vista do seu espaço exterior, a partir de 10 centímetros de afastamento até a distância de 10 bilhões de anos-luz. Nessa perspectiva, o simples rosto sorridente passou a ser visto como uma pessoa. Olhando um pouco mais de cima, passou a ser visto um restaurante, com suas mesas e cadeiras onde estava essa pessoa. Quanto maior o afastamento, mais ampla a visão, embora com perda de detalhes: o quarteirão, a cidade, parte do país, o país, o planeta, a terra e alua, asteroides próximos à terra, planetas mais próximos, planetas mais distantes, planetas anões, estrelas vizinhas, via láctea, galáxias vizinhas, até a visão de um universo uniforme. O movimento também é feito no que diz respeito ao interior do corpo. Aqui, vai se perdendo a visão generalista e focando no detalhe. Assim, o que era um rosto sorrindo passou a ser transformado em apenas um olho e este em apenas pupila e retina. Em seguida, em medida que se aprofunda o olhar, passam a ser vistos vasos sanguíneos, célula sanguínea, DNA, ponta do DNA, grupo de átomos, oxigênio do átomo, elétrons, vazio do átomo, núcleo do átomo, prótons e nêutrons. Os movimentos percorridos no filme dão pistas a respeito da abrangência e complexidade do ser humano e da dificuldade de sua definição completa. Vale ressaltar que ali se concentrou em apenas uma dimensão: o espaço. Percorreu-se do mais perto ao mais distante, e vice-versa, para
71 nos fornece pista de que esse ser se situa em uma teia, em uma rede multifacetada, tecida por diversos sujeitos em diversos tempos e espaços, em condições e circunstâncias também diversas, que Morin denomina de complexidade. Para este autor, (...) há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico), e há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre o objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por isso, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade (MORIN, 2000, p. 36).
Nesse
sentido,
o
homem
pode
ser
diferenciado dos demais animais principalmente pela sua capacidade de refletir sobre si mesmo e de se projetar para o futuro. Assim, na sua relação com os outros homens e com o mundo produz instrumentos e conhecimentos que vão se acumulando e sendo úteis para a permanente melhoria da vida na terra. Mas... O que é conhecimento? Como se dá o conhecimento? O produto do conhecimento é, de fato, a melhoria da existência neste planeta? Para quem? Resgatados elementos da antropologia humana, que vão desde o surgimento do homem na terra até a sua posição nos dias atuais, em um contexto de complexidade, as tentativas de respostas a essas questões estão apresentadas no tópico a seguir. 2 CONHECIMENTO O: MEDIAÇÃO PARA A CIÊNCIA
Como anunciado acima, o homem possui
uma dimensão imaterial, que denominamos de mente. Esta, em parceria com o cérebro, o exterior e interior de um rosto sorridente. Não chegou a ser feito qualquer movimento desse processa, armazena e desenvolve estratégias mesmo corpo em relação ao tempo: o que ele de externalização de sentimentos, emoções, é hoje era ontem, no passado recente e mais instintos e, também, do conhecimento. Nesse sentido, a relação do homem com remoto e, do mesmo modo, no futuro. Tudo isso
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CIENTÍFICA os demais seres produz informações, dados, e estes podem ser transformados em conhecimento. Então, o que vem a ser este conhecimento? Em toda relação de conhecimento haverá, sempre, um sujeito conhecedor e um objeto conhecido. Assim, o objeto dispõe de um conjunto de dados e este pode receber significação pelo sujeito. Este movimento produz o conhecimento. Convém ressaltar que qualquer relação de conhecimento objetiva obter a verdade, esta sendo entendida como uma identidade entre a realidade conhecida e a imagem mental dela produzida, ou a sua representação. Essa é uma relação dialética, posto que ambos se modificam e modificam o outro mutuamente. Sujeito e objeto passam a ser diferentes do que eram antes desse contato.
72 sensoriais. Cada sensação é independente das outras e cabe à percepção unificá-las e organizá-las numa síntese (CHAUÍ, 1994, p. 152).
Assim, a percepção consiste em processo neurológico que transforma estímulos sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes, possibilitando a tomada de conhecimento sensorial. Ainda concordando com Chauí, “o conhecimento é obtido por soma e associação das sensações na percepção e tal soma e associação dependem da freqüência, da repetição e da sucessão dos estímulos externos e de nossos hábitos” (1994, p, 152). Em outras palavras, a sensação dá-se via órgãos dos sentidos enquanto a percepção decorre de processos mentais, fazendo uso do intelecto. Nesse processo, conferiu-se organização e sentido àquilo que se sentiu. Ainda com apoio de Chauí, pode-se afirmar que “na sensação,
Todavia, como se processa o conhecimento? ‘sentimos’ qualidades pontuais, dispersas, Por quais fases, etapas, estágios perpassa? elementares e, na percepção, ‘sabemos’ que O conhecimento constitui em imagem da estamos tendo sensação de um objeto que possui realidade levada ao cérebro a partir dos órgãos as qualidades sentidas por nós” (1994, p, 152). sensoriais. Assim, sensação e percepção são Todavia, ainda com as classificações e momentos preliminares do processo de constituição caracterizações acima, estudos mais recentes do conhecimento. Nada se transforma em representação da realidade sem ter percorrido esse caminho, ficando impossível se saber sobre. Como resultado da inteligência humana, o conhecimento pressupõe algumas operações mentais, como a associação, a memória, a razão e a consciência. Sensação e percepção são as principais formas do conhecimento empírico, também podendo ser chamado de conhecimento sensível. Dá-se em decorrência a estímulos externos, vindo de fora para dentro do organismo. Estes produzem alterações biológicas, físicas químicas nos órgãos sensoriais. Segundo Chauí, A sensação seria pontual, isto é, um ponto do objeto externo toca um de meus órgãos dos sentidos e faz um percurso no interior do meu corpo, indo ao cérebro e voltando às extremidades
sugerem a indissociabilidade de sensação e percepção, não havendo diferença entre uma e outra. Neste sentido, a percepção passa a ser uma relação, ou uma forma de comunicação, entre o sujeito e o mundo. Nessa perspectiva, a percepção decorre de relações complexas que se estabelecem entre nosso corpo, os corpos dos outros sujeitos e dos demais objetos, sendo mais adequado falar em campo perceptivo, o qual abrange “significações visuais, tácteis, olfativas, gustativas, sonoras, motrizes, espaciais, temporais e linguísticas” (CHAUÍ, 1994, p. 154). Ainda nesse sentido merece destaque os ensinamentos dessa autora. A percepção é uma maneira fundamental de os seres humanos estarem no mundo. Percebemos as coisas e os outros de modo
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CIENTÍFICA positivo ou negativo, percebemos as coisas como instrumentos ou como valores, reagimos positiva ou negativamente a cores, odores, sabores, texturas, distâncias, tamanhos. O mundo é percebido qualitativamente, efetivamente e valorativamente. Quando percebemos uma outra pessoa, por exemplo, não temos uma coleção de sensações que nos dariam as partes isoladas de seu corpo, mas a percebemos como tendo uma fisionomia (agradável ou desagradável, bela ou feia, serena ou agitada, sadia ou doentia, sedutora ou repelente) e por essa percepção definimos nosso modo de relação com ela (CHAUÍ, 1994, p. 155).
Além da sensação e percepção, o processo de conhecimento faz uso das outras faculdades mentais, dentre estas a memória, a imaginação, a consciência e a razão. A memória consiste em uma relação com o passado, e o seu resgate para o presente, ou uma preocupação e registro do presente, para que ele permaneça no futuro. Segundo Chauí (1994) os registros na memória abrangem componentes objetivos e subjetivos. Os primeiros contemplam
73 abre o caminho do possível; do simbolismo; da criação. A bandeira passa a ser o Brasil; a sociedade utópica pode corrigir esta nossa sociedade, lutando contra o conformismo. A imagem possui um poder negador e antecipador: o cientista, o artista, o reformador social criam imagem de uma realidade inexistente, que orienta suas ações de pesquisa, arte e revolução (HAGUETTE, 1995, p. 67).
Chauí (1994, p. 168) nos ensina que, “Graças à imaginação, abre-se para nós o tempo futuro e o campo dos possíveis”. Contudo, Haguete pondera, afirmando que (...) essa mesma imaginação pode ter uma força reprodutora, produzindo imagens que não apenas reproduzem a realidade, mas que lhe dão um caráter mágico, sedutor, conformista, legitimador, justificador, inelutável. Ela produz, então, não mais uma utopia, mas seu oposto, uma ideologia. A imaginação individual ou coletiva pode criar imaginários (um tecido de imagens) retrógrados ou progressistas, conformistas ou revolucionários. Assim, no conhecimento e na ciência, a imaginação pode levar à descoberta bem como ao erro, à ilusão (HAGUETTE, 1995, p. 67).
“as atividades físico-fisiológicas e químicas de gravação e registro cerebral das lembranças, bem como a estrutura do objeto que será A consciência é uma faculdade do intelecto lembrado” (p. 162). Os últimos estão relacionados humano que permite perceber a relação entre a importância do fato e da coisa para nós; o significado emocional ou afetivo do fato ou da coisa para nós; o modo como alguma coisa nos impressionou e ficou gravada em nós; a necessidade para nossa vida prática ou para o desenvolvimento de nossos conhecimentos; o prazer ou dor que um fato ou alguma coisa produziram em nós, etc. (CHAUÍ, 1994, p. 162).
Nessa perspectiva, mesmo que o cérebro registre e grave todos os fenômenos, isto não consiste
o sujeito e o ambiente.
Segundo Haguette,
A atividade vital consciente distingue imediatamente o homem da atividade vital do animal. É justamente por isso que o homem é um ser específico, uma espécie. Ou melhor, é somente porque ele é um ser específico, que ele é um ser consciente, isto é, que sua própria vida é um objeto para ele. É somente por causa disso que sua atividade é uma atividade livre (HAGUETTE, 1995, p. 32-32).
A razão é a capacidade que o ser humano em memória, mas apenas por aqueles registros que têm significado ou fazem sentido para os envolvidos. tem de tomar decisões ou fazer escolhas a A imaginação consiste em uma partir de projeções que elabora, superando relação com a imagem de um objeto ausente, posições apenas instintivas, como é comum aos seja pela sua inexistência ou pelo seu demais animais. O seu uso inclui o raciocínio, a distanciamento em tempo ou espaço, tornando-o aprendizagem, a compreensão, a ponderação e o presente. Segundo Haguette, a imaginação julgamento. É o principal definidor do ser humano.
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CIENTÍFICA Possibilita a operacionalização mental, de forma abstrata, fazendo uso apenas de conceitos. Com seu uso, pode-se levantar e descartar hipóteses, elaborar, testar e descartar conceitos, encontrar coerência e contradição entre os mesmos, resolver problemas e chegar a conclusões, conjunto comumente denominado de inteligência. O conjunto desses elementos, sensação, percepção, memória, imaginação, consciência e razão constitui a inteligência humana. Somados à linguagem, possibilitam o conhecimento. A inteligência é a qualidade ou a faculdade que possibilita o conhecimento. Pela inteligência o ser humano conhece a si mesmo e à realidade externa. Pelo conhecimento, o animal humano se adapta ao mundo de maneira superior, inovadora e crítica, o que lhe permite superar todos os animais (HAGUETTE, 1995, p. 42).
Todavia, Sponville (2002) pondera que o conhecimento consiste apenas uma aproximação ao que existe na realidade, mas não se confunde com ela, devendo ser distinguido da verdade. Nesse sentido, “não há conhecimento absoluto, não há conhecimento perfeito, não há conhecimento infinito” (p. 55). Nessa perspectiva, a verdade corresponderia a uma identidade plena entre o objeto representado e a sua representação mental. Mas para isto, “seria necessária uma ciência acabada e uma inteligência infinita” (SPONVILLE, 2002, p. 55) mas estas ainda não estão ao alcance da humanidade. Contudo, este cientista pondera novamente: (...) Nenhum conhecimento é a verdade; mas um conhecimento que não fosse verdadeiro não seria conhecimento (seria um delírio, um erro, uma ilusão...). Nenhum conhecimento é absoluto; mas só é um conhecimento – e não simplesmente uma crença ou opinião – pela parte de absoluto que comporta ou autoriza (SPONVILLE, 2002, p. 57).
Nos últimos séculos, com o progresso das ciências, tem-se avançado nos estudos
74 relativos à teoria do conhecimento, ou simplesmente epistemologia. Aspectos como o paradigma, pressupostos teóricos e metodologia são objetos de debates entre diversas teorias cujo consenso não está dado. Merece destaque, nessa discussão, o que é a verdade, onde ela se encontra, como acessá-la, etc. Aqui, três correntes de pensamento entram em cena, e os debates envolvem posicionamentos relativos a cada um dos aspectos acima discutidos (sensação, percepção, imaginação, memória, consciência e razão): os empiristas, os racionalistas e os filiados à fenomenologia. Para os primeiros, existe uma verdade que está nos fenômenos externos. No entendimento dos racionalistas, o conhecimento é parte do sujeito que julga e só este é modificado nesse contato. Para a fenomenologia, a verdade está na relação entre sujeito, objeto e contexto, incluindo as condições prévias dessas partes. Para todos, é uma verdade provisória, que poderá ser superada. Ao longo de sua história, o sua relação com o mundo, o homem foi produzindo e acumulando conhecimentos. A partir desta produção, cada indivíduo procura entender o seu meio e orientar suas ações. De forma geral, esse conhecimento pode ser classificado em quatro tipos: conhecimento empírico (ou senso comum); conhecimento filosófico; conhecimento teológico; e conhecimento científico. O conhecimento empírico decorre da relação direta do sujeito com o mundo. Abrange a realidade de cada indivíduo, sendo apropriado gradativamente. Não há uma preocupação com investigações nem com o ato reflexivo. Também tendo por base a relação do homem com seu dia-a-dia, o conhecimento filosófico surge preocupa-se com respostas e especulações dessas relações. Está sempre em transformação. É racional, mas sem haver uma preocupação com a verificação.
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CIENTÍFICA O conhecimento teológico preocupase com verdades absolutas explicadas pela fé, pelo sagrado, sem necessidade de verificação. O conhecimento é explicado pela religião e seus valores são incontestáveis. O conhecimento surge da dúvida. É produzido a partir de procedimentos estabelecidos, devendo ser comprovado, de modo a gerar leis válidas, ou teorias, com a elaboração de conceitos que tentam explicar os fenômenos. Anunciados elementos gerais da teoria do conhecimento, a elaboração de conceitos, próprios do conhecimento científico, bem como a ciência, são objetos de discussão nos tópicos a seguir. 3 A IMPORTÂNCIA DO CONCEITO PARA A CIÊNCIA Ao longo da história o homem tem constituído diferentes formas de narrativas sobre si e o seu mundo: a magia, a religião, a filosofia, a arte, a ciência e a ideologia, cada uma com seu objetivo, objeto e outras especificidades que lhe são próprias. Mas essas narrativas carecem de validação pelo seu público. Para isto precisam ser primeiramente apreendidas, assimiladas. No campo do conhecimento, carecem de verificação, na perspectiva da generalização. Daí a importância da definição clara do termo, sua compreensão e extensão, ou, simplesmente, sua conceituação. Mas o que vem a ser conceito? Quais as suas especificidades? Sabemos o que é uma árvore. Mas elas não são todas as mesmas. Há árvores de vários tipos e espécies. Sem uma apropriação dos dados distintivos de cada uma, falamos simplesmente árvore, uma definição correta, contudo, pobre. Assim, “nenhuma realidade, quer natural, social ou psicológica, é transparente ou ‘fala por si mesma’. Temos que aprender a vê-la” (SROUR, 1990, p. 29). O processo de apropriação da realidade objetiva, do seu desvelamento, demanda mais que
75 apenas o olhar. Faz-se necessário que se a decifre. Pressupõe um esforço fazendo o uso de ferramentas e instrumentos apropriados. Estes são os conceitos. Nessa perspectiva, o conceito está relacionado à faculdade intelectiva e cognoscitiva do ser humano, envolvendo a mente, o espírito, o pensamento e a linguagem. O termo origem no latim “conceptus” (do verbo concipere) que significa “coisa concebida” ou “formada na mente”. Deve-se destacar que o conceito é uma definição que se concebe no pensamento sobre algo ou alguém. Mas também pode ser compreendido como um símbolo mental, uma noção abstrata contida em cada palavra de uma língua que corresponde a um conjunto de características que determinam como as coisas são. Expressa as qualidades de uma coisa ou de um objeto, determinando o que este é e o seu significado. No âmbito da Filosofia o conceito referese a consiste em uma representação mental e linguística de um objeto, significando para a mente o próprio objeto no seu processo de identificação, classificação e descrição. Os conceitos são representais mentais que pretendem dar conta das características fundamentais dos fenômenos observados. Dissemos “pretendem”, por que os conceitos não se confundem com os fenômenos, não são a própria realidade observada: são apenas formas simbólicas que permitem imaginar os fenômenos concretos, torna-los inteligíveis, separar uns dos outros, analisa-los (SROUR, 1990, p. 29).
Mas para Srour (1990), os conceitos funcionam como lentes de câmara fotográfica, podendo apanhar os objetos de perto, captá-los de média distância, ou ainda, abrange-los no horizonte. Nessa perspectiva, chega a três níveis de abstração dos conceitos: o de maior generalidade (horizonte); o de menor generalidade (média distância); e o da singularidade (objeto único).
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1) conceitos gerais que se referem a fenômenos que se dão em todos (ou quase todos) os tipos de sociedade; 2) conceitos específicos, que se referem aos mesmos fenômenos, mas que ocorrem num dado tipo de sociedade; 3) conceitos singulares que são os nomes que se dão a fenômenos histórico-concretos, únicos. (SROUR, 1990, p. 31. Grifos do autor).
76 constitua uma exposição da realidade, pretende a ela conferir meios expressivos unívocos. (...). Obtém-se um tipo ideal mediante a acentuação unilateral de um ou de vários pontos de vista e mediante o encadeamento de grande quantidade de fenômenos isoladamente dados, difusos e discretos, que se podem dar em maior ou menor número, ou mesmo faltar por completo, e que se ordenam segundo os pontos de vista acentuados, a fim de se formar um quadro homogêneo de pensamento (WEBER, 1973, p. 137-138).
Nessa perspectiva, os dois primeiros níveis de abstração (o geral e o específico) analisam estruturas. O último nível (o da singularidade) Assim, o tipo ideal weberiano funciona faz uma síntese entre conjuntura e estrutura, como uma ferramenta utilizada pelo pesquisador ficando no plano da história. Conforme Srour, para a aproximação de uma dada realidade ou conteúdo. Para tanto, deve selecionar Cada nível de abstração nos dá um conhecimento especial da realidade: quanto mais alto o nível, mais abstrata é a generalidade; quanto mais baixo o nível, maior é a nossa aproximação do concreto. Mas não se pode conhecer fenômenos reais, históricos e, portanto, singulares sem investir neste conhecimento conceitos gerais e específicos que são mais abstratos, conhecimentos de generalidades (SROUR, 1990, P. 35).
Merece destaque nessa perspectiva, em especial no que se refere à pesquisa científica, as contribuições de Max Weber. Para este cientista torna-se necessário ao pesquisador a utilização de um instrumento que o oriente na investigação e ação e o auxilie na análise e generalizações que faz acerca da realidade. Este instrumento é denominado por Weber de Tipo Ideal. ‘Idéias’ dos fenômenos históricos (...) [reúnem] determinadas relações e acontecimentos da vida histórica para formar um cosmo não contraditório de relações pensadas. Pelo seu conteúdo, essa construção reveste-se do caráter de uma utopia, obtida mediante a acentuação mental de determinados elementos da realidade. (...) podemos representar e tornar compreensível pragmaticamente a natureza particular dessas relações mediante um tipo ideal. (...) o conceito de tipo ideal propõese a formar o juízo de atribuição. Não é uma ‘hipótese’, mas pretende apontar o caminho para a formação de hipóteses. Embora não
um conjunto das características do objeto para construir uma ideia que o represente. Nessa perspectiva, funciona como uma caricatura da situação ou da realidade representada, servindo ainda como uma espécie de régua para mensurá-la ou para auxiliar na compreensão do seu conteúdo. Weber ainda adverte que a significação desses conceitos de tipo ideal “trata-se da construção de relações que parecem suficientemente motivadas para a nossa imaginação e, consequentemente, ‘objetivamente possíveis’, e que parecem adequadas ao nosso saber normológico” (1973, p. 138-139), recomendando que seja rigorosamente distanciada da noção do dever ser, do “exemplar”. Nesse sentido, Weber defende a utilização dos ideais tipos nas ciências sociais como uma estratégia para favorecer à objetividade destas, contribuindo para uma apresentação clara e transparente de suas ideias, e que estas contem com uma ordenação conceitual da realidade empírica. Assim, entendendo que o conhecimento científico manifesta-se através de teorias, e que estas funcionam com leis, generalistas, que tentam explicar a realidade, convém ao pesquisador a utilização do instrumento ideal tipo, conforme recomendado por Weber, como ferramenta que,
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CIENTÍFICA com sucessivas aproximações, poderá contribuir para uma aproximação mais efetiva entre o fenômeno representado e a norma que o referencia. Após reflexões sobre o processo vivenciado pelo homem ao longo de sua existência no planeta terra, com contribuições da antropologia, e de suas contribuições para a construção do conhecimento, desde elementos basilares para essa teoria, como de contribuições para a formulação de conceitos, como o tipo ideal de Weber, cabe refletir sobre o que vem a ser a ciência, o que será feito no tópico a seguir. 4 A CIÊNCIA COMO DISCURSO HUMANO Como afirmado anteriormente, diversas são as formas de narrativa utilizadas pelo homem para explicar a sua existência no planeta e formas de atuação: o censo comum, a religião, a filosofia, a arte, a ideologia e a ciência. O senso comum, ou conhecimento mágico, adquirido pelo homem no enfrentamento do seu dia-a-dia, mas sem aprofundar na reflexão sobre a realidade, tem como principal característica a atribuição ao sobrenatural como causa dos fenômenos. De forma mais elaborada que o senso comum, na narrativa religiosa as causas dos fenômenos são atribuídas ao sagrado, ao divino, ao mistério e a fé. Preocupada em compreender tudo o está relacionado ao homem, a filosofia procura explicações para a causa dos fenômenos, os seus desdobramentos, as origens e os destinos. Opera com especulações em níveis abstratos, conceituais, sem a necessidade de experimentação prática de suas constatações. A narrativa artística está ligada a manifestações de ordem estética objetivando o estímulo à de consciência em um ou mais espectadores. É feita por artistas a partir de suas percepções, emoções e ideias, cada obra de arte possuindo um significado próprio.
77 A ideologia se refere ao conjunto de representações que podem ser de ordem econômica, política, religiosa ou de outra natureza que determinado grupo social produz a respeito de seu mundo e do seu papel nesse contexto. No topo da pirâmide das narrativas do homem está o conhecimento científico. Embora na pós-modernidade tenha se percebido uma relativização da importância deste saber, ainda assim, ele continua no topo da pirâmide como uma maior aproximação daquilo que se pretende como verdade. Nesse sentido, a ciência consiste no conhecimento dos fenômenos do mundo. Segundo Haguette, A ciência se caracteriza por uma vontade de conhecer a natureza e o mundo humano por meio da observação (da experiência) e da razão, sem recorrer ao sobrenatural, ao fantasioso. A ciência exige evidências, antes de dar sua aquiescência. Ela seria, portanto, diferente do mito (HAGUETTE, 1995, p. 10).
Nessa perspectiva, a observação crítica da realidade permitirá a identificação de problemas. O cientista lança hipóteses de suas causas e possíveis soluções, aplica os testes, verifica os resultados e produz leis generalistas para serem aplicadas em outras situações semelhantes. Mesmo sendo objeto de amplo debate entre as diversas matizes teóricas e ideológicas, a produção do conhecimento científico não prescinde de um método, e este pressupõe algum rigor. Nessa perspectiva, os achados das pesquisas serão objetos de publicização e discussão entre os pares, até a sua aceitação e validação. Na busca permanente pela verdade a ciência busca superar um problema, uma inquietação. Assim, é empírica e se refere a fatos. Parte de uma teoria que, mesmo não tendo a mesma consistência e solidez, tenta explicar os fatos. Também terá como ponto de chegada a teoria, reforçando ou superando a anterior, utilizada inicialmente, ou apresentando uma nova.
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CIENTÍFICA São duas as principais características da ciência nos tempos atuais. A primeira está relacionada ao método utilizado para a obtenção do conhecimento, conforme anunciado acima. A segunda está relacionada à necessidade de verificação, de aplicabilidade ou de regularidade nos fenômenos e, também, de falseabilidade, ou possibilidade de superação. A ciência trabalha com a busca da verdade, mas esta será sempre parcial, provisória. Assim, passa permanentemente por sucessivas correções de erros nessa procura. Há pelo menos duas correntes em disputa sobre o que é possível de ser classificado como ciência. O primeiro grupo entende que só é possível ser analisado cientificamente o que é percebido pelos órgãos dos sentidos. O segundo engloba, também, aquilo que se infere, ou seja, as relações entre as coisas, as ideias.
78 Assim, faz-se necessário demarcar, delimitar cada tipo para, sabedores dos diferentes gêneros, não misturá-los ou confundi-los inadvertidamente. Percebe-se no âmbito da produção científica algum esforço na tentativa de classificação e agrupamento dessas ciências. O critério mais frequentemente utilizado é a sua posição de contraste em relação às ciências exatas e naturais, ao objeto de estudo e ao método de apropriação do mesmo. As disciplinas cujo objeto de estudo está relacionado com o comportamento humano e suas manifestações, materiais ou simbólicas, constituem o campo das ciências sociais. Segundo Soto, As ciências naturais estudam fenômenos relativamente simples e fáceis. Já as ciências da ação humana estudam fenômenos relativamente complexos (...). Uma segunda diferença entre as ciências naturais e as ciências sociais é que o objeto de estudo das ciências naturais são as coisas, as matérias, as substâncias: uma pedra, um mineral, uma planta, uma vesícula biliar. Já o objeto de investigação ou estudo das ciências humanas não são coisas, mas sim ideias — as ideias que os seres humanos têm a respeito de seus objetivos e dos meios com os quais alcançar esses seus objetivos. Esta é uma diferença essencial entre o mundo da ciência natural e o mundo da ciência social. Nas ciências naturais, seus profissionais estão sempre fazendo experimentos em laboratório, observando e analisando como reagem coisas externas a nós; nas ciências sociais, investigamos as ideias que outros indivíduos têm, investigamos como agem e o que fazem — ou seja, investigamos seus objetivos e os meios utilizados para alcançarem
Assim, no primeiro grupo há um tipo de ciência, empirista, quantitativa, positivista. De modo diferente, no segundo grupo o objeto de estudo são as significações, e estas são subjetivas. Abre-se espaço para outro tipo de ciência, mais amplo, predominantemente qualitativo, espaço mais propício para as ciências sociais, bem como a disputa com outras áreas científicas. Contudo, os significados podem ser estudados também quantitativamente. Deve-se ressaltar que não é papel da ciência atribuir significado às coisas. Estes são pessoais, atribuídos pelos sujeitos e não pelas instituições. Contudo, os indivíduos vivem que em semelhante tempo, espaços, contextos, influências, situações, etc., tendem a dar os mesmos significados aos fatos que lhes ocorrem. Contudo, mesmo com a pretensão de maior
Ainda no esforço de melhor apropriação de suas especificidades, este grande campo do conhecimento é comumente dividido em dois grupos: o das ciências humanas e o das ciências sociais aplicadas. Estas objetivam “a compreensão
aproximação com a verdade, deve-se ressaltar que a narrativa científica não elimina os outros tipos de discursos (mitologia, religião, arte, ideologia). Eles são também válidos e a sociedade os utiliza plenamente.
das relações que o homem estabelece com o outro e com o mundo” (SILVA, 2008, p. 13). As ciências humanas investigam “aquilo que é mais peculiar em nós (...): a nossa humanidade
estes objetivos (SOTO, 2012, p.1, grifos do autor).
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CIENTÍFICA (...). Quem escolhe trilhar um desses caminhos deve se desfazer de preconceitos e não se contentar com o óbvio” (SILVA, 2008, p. 13). Por fim, cabe anunciar que, nessa busca pela verdade, a ciência tem modificado a sociedade mas, também tem recebido influências da sociedade em sua composição. Assim, em cada momento histórico da mesma forma como a sociedade tem suas características e marcas próprias, também a ciência as apresenta, explicitando uma relação dialética entre essas partes. É o que se pode constatar a partir das produções do período clássico, mais especificamente em Grécia e Roma, no medieval, no iluminismo, no modernismo e, mais recentemente, no pós-modernismo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho procurou responder o que ciência. Para isto, ampliou o leque, percorrendo inicialmente a trajetória do gênero homo neste planeta, com uma síntese de suas principais características de suas espécies, a partir de contribuições oriundas da antropologia física e cultural. Como etapa preliminar da produção da ciência, procurou caracterizar o conhecimento, entendendo este como uma mediação necessária entre o homem e os fatos. Nesse momento foram resgatados elementos básicos de uma teoria do conhecimento, como a sensação, a percepção, a memória, a imaginação, a consciência e a razão. Adiante, ainda na perspectiva da produção científica, procurou-se refletir sobre a importância do conceito, que está relacionado a uma caracterização do objeto, tão ampla quanto necessária até esgotar os limites de sua compreensão e extensão pretendidos. Entende-se ser este um instrumento imprescindível ao pesquisador, necessário para interpretar os fatos e também para produzir a teoria que será o resultado final da investigação.
79 Por fim, procurou traduzir a ciência como um esforço permanente pela busca da verdade, esta sempre provisória, obtida através de método próprio, sendo necessária a verificação, estando susceptível a erros, falseamento e superação, até a validação pelos pares. Acredita-se, com o exposto, terem sido respondidas, mesmo que de forma preliminar, devido às limitações de tempo, de espaço e teóricas, as questões levantadas inicialmente, a respeito da diferença do homem entre os demais animais, do conhecimento e da ciência nessa diferenciação. REFERÊNCIAS CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 1994. HAGUETTE, André. Filosofia? É só filosofar. Fortaleza: GeoStudio, 1995. MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Brasília: UNESCO, 2000. SPONVILLE, André Comte. Apresentação da Filosofia. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 2002. SOTO, Jesus Huerta de. Duas diferenças fundamentais entre as ciências naturais e as ciências sociais. Disponível em http://www.mises. org.br/Article.aspx?id=1469. Acesso em 15/07/2015. SILVA, Vinícius Luiz. Ciências Humanas na teia das relações contemporâneas. In: Revista Diversa. Ano 8, n.15, Belo Horizonte, jan/jun. 20 Disponível em <https://www.ufmg.br/online/diversa/>. Acesso em 15/07/2015. SROUR, Robert Henry. Classes, regimes, ideologias. São Paulo: Ética, 1990. WEBER, Max. Metodologia das Ciências sociais. São Paulo: Editora da UNICAMP, 1973.
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