8 minute read

AGRONEGÓCIO

Next Article
CALÇADOS

CALÇADOS

Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Abag na abertura do 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio

Foto: Cauê Diniz

Advertisement

AGRO BRASILEIRO É A SOLUÇÃO PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS

©DIVULGAÇÃO

OBrasil tem tudo: agroambiente, água, fl oresta e pessoas. Por isso, o agronegócio é a solução para mudanças climá� cas e para mi� gação de emissões de carbono no país. Essa foi uma das conclusões do 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio (CBA), uma realização da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), em parceria com a B3, a Bolsa de Valores do Brasil, que aconteceu em agosto. Considerado um dos eventos mais relevantes do universo do agro nacional, reuniu mais de 8.000 par� cipantes, de 24 países, que puderam acompanhar importantes debates sobre o tema central do encontro Nosso Carbono é Verde. “Precisamos recuperar nosso protagonismo na agenda agroambiental. Somos um país com fl orestas, que são man� das também pelos agricultores, que devem ser remunerados por essa proteção. Desse modo, o Brasil é o domicílio preferencial do carbono verde do mundo, portanto, o que nos cabe é usar nossa inteligência e manter nossas boas relações. Precisamos nos manter unidos: antes e depois da porteira”, resumiu Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da ABAG, no encerramento do evento online. Diante desse cenário, embaixador Marcos Azambuja, conselheiro Emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), disse no O Futuro o Agro no Comércio Mundial, que o Brasil está em outro nível de inserção internacional graças à qualidade e à cria� vidade do seu agronegócio, portanto o setor mais certo é o da produção de tecnologia alimentar, respeitando as condições do meio ambiente. Ele ressaltou que o segmento tem feito uma perfeita aliança entre Estado e o setor privado, na diplomacia, defendendo a proteção do meio ambiente, e uma cooperação ímpar com o mundo acadêmico. Por fi m, ele enfa� zou a importância do cuida-

do ambiental não porque outros países querem, mas em bene� cios do todos os brasileiros. “O meio ambiente brasileiro é do Brasil”. Para Malu Nachreiner, presidente da divisão Crop Science da Bayer no Brasil, o país precisa par� cipar da pauta global relacionada à sustentabilidade e ao mercado de carbono. “Devemos ter um lugar à mesa nas discussões de regulamentação desse mercado. Há muita coisa para descobrir, além da implantação de uma metodologia para que o agricultor realmente possa ser remunerado”. Em sua opinião, essa regulamentação é imprescindível porque o país possui uma agricultura tropical, diferente das nações do Hemisfério Norte, o que pode trazer uma desvantagem compe� � va para o setor. Ela citou, por exemplo, como a adoção do plan� o direto pelos americanos melhora o saldo do carbono sequestrado, mas para o Brasil, cuja prá� ca é bastante comum, o resultado acaba sendo pequeno.

O Brasil está em outro nível de inserção internacional graças à qualidade e à criatividade do seu agronegócio.

Elizabeth Farina, diretora Execu� va da WRI Brasil; concordou com Malu sobre ter começado primeiro a implantação de prá� cas sustentáveis � ra uma vantagem compe� � va. Contudo, ela pondera que se houver a produção de boa informação, ou seja, métricas e de indicadores para quan� fi car as ações e comprovar os resultados de proteção ambiental. Ela ponderou ainda que a estratégia de mudança climá� ca é um projeto de desenvolvimento para um país. Por isso, o Brasil deve chegar com metas estabelecidas na COP26, prevista para acontecer em novembro. “O Brasil precisa par� cipar desse debate, construindo o mercado com regras e com a par� cipação dos agentes da oferta e da demanda”. Segundo Carlos Augusto Rodrigues de Melo, presidente da Cooxupé; o agronegócio brasileiro é forte, desenvolvido e sustentável, e conseguirá superar os desafios impostos pelas mudanças do mercado internacional e pelo crescimento populacional. A seu ver, o país possui estratégias inovadoras e condições de atender a expansão mundial de consumo, visto o potencial em clima, solo e topografia. Além disso, o mundo tem demandado qualidade, ESG, sustentabilidade e a participação de famílias de pequenos produtores. “Se o país demostrar realmente que possui todas essas condições, estaremos na frente”.

Conciliar produção, crédito, tecnologia e sustentabilidade

O desenvolvimento de uma agenda agroambiental passa também pela oferta de mecanismos de financiamento, investimento e crédito. Assim, Otávio Ribeiro Damaso, diretor de Regulação do Banco Central do Brasil, enfatizou em seu depoimento no painel Brasil Verde e Competitivo a realocação dos fundos internacionais para projetos e empreendimentos que atendam aos critérios de sustentabilidade, com os componentes social, ambiental e climático. Ele afirmou ainda que esse cenário representa uma grande oportunidade para desenvolvimento e investimento na economia, especialmente no agronegócio. Assim, o produtor rural e a sociedade brasileira devem olhar essa tendência e aproveitá-la para ampliar seus negócios.

“Nosso carbono não terá o destaque e não desenvolverá seu potencial se não houver um projeto de produção.”

Nesse panorama, Carolina da Costa, sócia da Mauá Capital, analisou que é preciso escalar essas inicia� vas que conciliam a produção agropecuária, produ� vidade, tecnologia e sustentabilidade. E, para isso, é necessário crédito, educação e assistência técnica. Desse modo, o grande desafi o está na coordenação. “Nosso carbono não terá o destaque e não desenvolverá seu potencial se não houver um projeto de produção, alinhado com inves� mento, educação e embasado em indicadores de verifi cação”, frisou. Para ela, trabalhar a integração das cadeias produ� vas é outro fator importante para que todos os players entendam que essas tecnologias trazem outros bene� cios, além da conservação ambiental, como produ� vidade, ganhos fi nanceiros e de reputação. Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, ao projeto é essencial também no setor público e, infelizmente, o Brasil está com difi culdade de gerar um plano para o crescimento da produ� vidade na economia brasileira, devido ao atraso da educação nacional. Ele comentou sobre a piora da difi culdade macroeconômica, o deterioramento da questão fi scal e os sinais pouco posi� vos para o próximo ano. Sobre o mercado do carbono, ele ressaltou a importância da realização da COP26 para a defi nição de ações concretas para alcançar as metas defi nidas para 2050, incluindo o valor do carbono, que hoje está em cerca de US$ 3 por tonelada e deveria estar em US$ 75 por tonelada.

Fábio Zenaro, diretor de Produtos Balcão e Novos Negócios da B3, citou o potencial da emissão de � tulos com temá� ca ESG. Atualmente, são 24 debentures, 15 CRAs, 2 CRI e 4 cotas de fundos fechados, com valor de cerca de R$ 12 bilhões. Ele também avaliou que as empresas estão mais engajadas na temá� ca ESG e que existe uma mudança de comportamento do inves� dor ins� tucional e de pessoa � sica que, além da remuneração, tem procurado propósito. Outro ponto trazido por ele foi a importância de haver critérios e regras relevantes em relação aos critérios ESG. Caso contrário, o cenário não se manterá ao longo do tempo.

Iniciativa privada tem protagonismo em sustentabilidade

O 20º Congresso Brasileiro do Agronegócio trouxe ainda o papel da inicia� va privada nas questões de sustentabilidade e do mercado de carbono. No painel Energia Limpa e Sustentável do Congresso Brasileiro do Agronegócio, Ricardo Mussa, CEO da Raízen, trouxe uma avaliação sobre a maior demanda de sustentabilidade e o potencial do setor sucroalcooleiro para atender essas necessidades, com o etanol da segunda geração, a cogeração da bioeletricidade, uma vez que a cana é despachável e permite sua produção mesmo em período de seca, e o biogás. Ele ainda ressaltou o papel do etanol na transição energé� ca por emi� r menos gases de efeito estufa e pela possiblidade de uso, por exemplo, em motor a célula de combus� vel a hidrogênio.

“A iniciativa privada tem papel de protagonismo, uma vez que a melhor forma de descarbonização é eletri car a economia.

De acordo com Solange Ribeiro, presidente adjunta da Neoenergia, a prá� ca ESG é uma oportunidade e a inicia� va privada tem papel de protagonismo, uma vez que a melhor forma de descarbonização é eletrifi car a economia. E o Brasil tem uma grande vantagem por ter 80% de matriz renovável. “Qualquer produto fabricado aqui é eito com 80% de energia renovável”, ponderou. A seu ver, se as companhias querem seguir suas trajetórias daqui a 30 anos, é preciso priorizar essa questão, ou seja, a sustentabilidade deve ser parte da estratégia da empresa. “Aquelas que não colocarem efe� vamente em seus balanços as informações sobre conservação ambiental, par� cipando dessa transformação, não estarão aqui”, asseverou. Nesse sen� do, a JBS tem como obje� vo ser zero emissões até 2040, por isso está inves� ndo mais de US$ 1 bilhão nessa transformação. Gilberto Tomazoni, CEO Global da JBS; ressaltou como as mudanças climá� cas estão afetando a vida e a produção agrícola e como o Brasil tem um grande potencial para acelerar esse processo de mudança no agro. Em sua avaliação, a Integração Pecuária, Lavoura e Floresta, ao invés de emi� r carbono, sequestra esse carbono, além de permi� r um crescimento de cerca de 40% na produção de alimentos em uma mesma área. Desse modo, ele enfa� zou a importância de dar escalabilidade em métodos de produção sustentáveis para que os produtores rurais de todo o país sejam benefi ciados por elas. Assim, a empresa decidiu inves� r US$ 100 bilhões para desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e inovação para possibilitar essa aceleração. A proposta da JBS em buscar sustentabilidade fez com que a empresa adquirisse o recém-lançamento da Volkswagen Caminhões, o caminhão elétrico E-Delivery, produzido em território nacional. Segundo Antonio Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Caminhões; o veículo atende as demandas para redução da pagada de carbono, além de u� lizar energia eólica para sua recarga. A seu ver, há espaço para a aplicação de diversos � pos de tecnologia para diminuir ou zerar a emissões de carbono, mas é importante que haja polí� cas públicas ou questões regulatórias para incen� var a produção de veículos sustentáveis. Outro ponto tratado por ele também é diminuir a idade da frota de veículos comerciais no país, isto é, renovar por caminhões mais efi cientes. 

Faça parte das nossas publicações e fique sempre bem informado!

Renove já sua assinatura!

11 97353-8887 - comercial@borrachaatual.com.br

This article is from: