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DURANTE O TRABALHO
A ESSÊNCIA DO NÉCTAR – MARCAS QUE CONQUISTAMOS DURANTE O TRABALHO
• Acolhimento
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• Escuta afetiva
• Generosidade
• Pertencimento
• Espírito de equipe (“fazer com”)
Essas são as palavras que as pessoas que vêm nos visitar nos revelam e que acolhemos como marcas que nos representam de fato.
QUAIS CONCEPÇÕES ESCOLHEMOS?
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.
Rubem Alves
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A equipe estudou e registrou alguns aspectos essenciais que fazem parte do que podemos chamar “acervo escolar” e que traduzem o que a nossa equipe acredita, valoriza e coloca em prática. São eles:
Educação
• Educar na diversidade e nas diferenças, sem distinção de classe social, cor, religião ou qualquer outra diferença.
• Educar os sentidos e pelos sentidos para desenvolver em cada aluno a dimensão estética, a sensibilidade para as artes e a música.
• Educar para garantir a todos o acesso aos conhecimentos básicos e fundamentais da
Educação Infantil e do Ensino Fundamental
I.
• Educar para a inserção no currículo de experiências de observação, para o ensino da pesquisa e da intervenção no meio social e cultural.
• Educar para a ampliação do repertório cultural.
• Educar para formar cidadãos críticos, questionadores, atuantes na sociedade, considerando sempre os saberes existentes.
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Para Jean Piaget, a principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.
Metodologia
A metodologia da escola se apoia na concepção socioconstrutivista, uma vez que o papel da interação com o outro – aluno-professor/aluno-aluno – é fundamental para a construção do conhecimento. Nessa concepção de ensino-aprendizagem, consideram-se também os conhecimentos prévios dos alunos para a ampliação das diversas habilidades e competências e respeita-se cada aluno como ser único, em seus aspectos emocionais, cognitivos, pessoais e sociais.
Promove-se a elaboração de perguntas para instigar o pensamento dos alunos, fazendo-os criar hipóteses e relações entre o que sabem e o que não sabem, descortinando o que precisam saber. Nesse sentido, os projetos ganham uma forma especial de aprender e ensinar.
Os alunos são motivados à pesquisa sobre seus interesses e compartilham com os demais alunos para a construção de saberes coletivos.
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FAMÍLIA
Não há escolas sem alunos, e não há alunos sem seus responsáveis, portanto, o Colibri valoriza a parceria com as famílias e com a comunidade, com intuito de complementar o trabalho desenvolvido em sala de aula. Os pais têm espaço no Colibri para participar do trabalho pedagógico, acompanhando o desempenho dos filhos, colaborando no desenvolvimento dos projetos e ajudando a construir, de forma permanente, o projeto político-pedagógico.
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ALUNO
Acredita-se que o aluno é um ser único, ativo no processo de aprendizagem, com direitos e deveres, que devem ser respeitados, independentemente de sua classe social, considerando seus conhecimentos prévios, seus aspectos emocionais, cognitivos, pessoais e sociais.
“Se tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um só princípio, diria o seguinte: o fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o aprendiz já sabe.”
D. P. AUSUBEL
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EDUCADOR/PROFESSOR
Contribui para que os alunos reconheçam a importância de seu papel na sociedade, que sejam capazes de lidar com o desafio da diversidade, interagindo com novas mentalidades e novas identidades. Para isso, está sempre em processo de aprendizagem; testemunha e vivencia os valores morais; tem sensibilidade, comprometimento e paixão; busca e fortalece o próprio crescimento humano e de seus educandos, fazendo-os enxergar o outro, bem como outras formas de enxergar.
Nossa meta busca o conhecer, o fazer, o viver e o ser, idealizando uma sociedade atenta ao desenvolvimento integral, em que haja lugar para todos e todas, aberta às diferentes identidades, na qual as pessoas sejam felizes, e que as desigualdades fortaleçam as relações. Assim, o educador deve atuar como mediador, que provoca e incentiva a todo o momento o pensar, por meio de aulas bem elaboradas e questionadoras, permitindo à criança mostrar suas ideias e seus pensamentos. “O professor mediador é um conceito utilizado para caracterizar o professor que trabalha com a mediação pedagógica, significando uma atitude e um comportamento do docente que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que ativamente colabora para que o aprendiz chegue aos seus objetivos. A ideia de professor mediador surgiu com o desenvolvimento, a partir da década de 70, da “pedagogia progressista”, caracterizada por uma nova relação professor-aluno e pela formação de cidadãos participativos e preocupados com a transformação e o aperfeiçoamento da sociedade. Dessa forma, a função do professor deixa de ser o de difundir conhecimento para exercer o papel de provocar o estudante a aprender a aprender. Esse conceito também está presente na perspectiva da escola cidadã, idealizada por Paulo Freire, na qual o professor deixa de ter um caráter estático e passa a ter um caráter significativo para o aluno.”
Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil, São Paulo, 2002
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O PAPEL DOS PROFESSORES ESPECIALISTAS NO TRAÇADO PEDAGÓGICO
Artes/Música
Essas linguagens articulam saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e envolvem as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artísticas.
As artes visuais possibilitam aos alunos explorar múltiplas culturas visuais, dialogar com as diferenças e conhecer outros espaços e possibilidades inventivas e expressivas, de modo que amplie os limites escolares e crie formas de interação artística e de produção cultural, sejam concretas ou simbólicas. (BNCC)
A música promove a ampliação e a produção dos conhecimentos musicais, que passam pela percepção, experimentação, reprodução, manipulação e criação de materiais sonoros diversos, dos mais próximos aos mais distantes da cultura musical dos alunos. Esse processo lhes possibilita
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vivenciar a música inter-relacionada à diversidade e desenvolver saberes musicais fundamentais para sua inserção e participação crítica e ativa na sociedade. (BNCC)
A Educação Física oferece uma série de possibilidades para enriquecer a experiência das crianças, permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Esse universo compreende saberes corporais, experiências estéticas, emotivas, lúdicas. Elementos fundamentais comuns às práticas corporais: movimento corporal, organização interna e produto cultural. (BNCC)
Ano a ano, as crianças mergulham nas práticas de criação alinhadas aos projetos das turmas, imprimindo suas marcas nos espaços da escola: muros e taludes, azulejos no muro da quadra. Para a apresentação musical, ensaiam, treinam as notas em instrumentos musicais: flautas, xilofones, etc., e apresentam suas produções musicais às famílias nos eventos culturais: festa junina, formatura, show de talentos, etc.
Campeonatos de diferentes modalidades esportivas, reúnem alunos e funcionários pelas quadras e campos da escola.
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O PAPEL DOS FUNCIONÁRIOS NO COLIBRI
Fomos vinte, chegamos a sessenta, hoje estamos com 27 funcionários. Escrever sobre esse público é a oportunidade de contar a vocês algo que eu descobri na trajetória: a necessidade de trabalhar com esse grupo como mais um grupo que compõe a comunidade escolar.
Quem faz o trabalho de uma escola são pessoas! Pessoas que têm sua história, trazem suas bagagens, adentram no projeto por identificação com a causa ou até mesmo por necessidade. Aos poucos, são “mordidos” pela isca, e, como alunos, aprendem no grupo, deixam suas marcas, revelam sua concepção e contribuem no espiral do processo de ensino-aprendizagem.
São inúmeras histórias de afeto, gratidão, aprendizado, recuos e avanços... Histórias que nos marcaram e que permitiram sermos melhores do que aqui chegamos.
Seria injusto talvez citar nomes e esquecer de alguns. Então, registramos somente a necessidade do olhar sensível a todo esse grupo que faz desse projeto um lugar tão especial!
Há tantos lugares que fomos juntos conhecer por meio dos encontros de formação, em nossas conversas individuais, nos projetos que vivenciamos juntos, nas conquistas, nas perdas, nas confraternizações, nas saídas culturais, nos estudos em grupo.
Para representar todos os funcionários a Anatália Maria de Jesus Lopes que é a mais antiga funcionária, nos representa por sua garra, disposição e alegria.
Essas mãozinhas representam cada um dos funcionários. Ainda combinamos uma brincadeira para cada um responder:
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“Daqui cinco anos, vamos nos encontrar na praça do Embu das Artes. Com quem você vai encontrar e que história ou situações vividas no Colibri você vai compartilhar com quem encontrou?
Cada uma dessas histórias, serão compartilhadas no evento de encerramento deste Colibri em 17 de dezembro de 2021.
FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES
Temos como premissa que o trabalho de formação não cessa. A escola é vista como um ser vivo que se movimenta a cada dia, e por estar inserida no mundo que também não para. A reflexão do fazer é realizada na medida em que só posso aprimorar meu fazer pedagógico por meio dos instrumentos metodológicos, como observação, registro, reflexão e avaliação.
Mesmo com os desafios orçamentários da mantenedora, a formação continuada se faz presente até os dias de hoje.
Em 2016, foi o último ano de formação com as formadoras do Instituto Avisa lá; Ana Carolina Carvalho, com foco na leitura; Maria Eugênia (Tucha) e Maria Clara da Escola da Vila, com o foco em matemática para a Educação Infantil e séries iniciais; e Rosângela Veliago na formação do Ensino Fundamental. Depois, toda a formação passou a ser planejada pela Coordenação da Escola Colibri.
No início as formações eram para todo o grupo de professores, dos diferentes ciclos. Um pouco mais na frente, a formação passou a ser específica por temas ou necessidades dos professores e de cada ciclo. Assim, iniciamos com o trabalho de linguagem oral e escrita, dando voz à ênfase de projetos didáticos e sequencias, pertinentes a cada série, nos diferentes ciclos.
A outra demanda se deu na área da matemática. O trabalho com a formação na área de
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Matemática tem como objetivo criar contextos de reflexão e aprofundamento do conhecimento didático e avanços em relação às práticas, que potencializam a construção coletiva de um rol de boas experiências docentes. Essa formação teve como foco tematizar e aprofundar os conteúdos matemáticos, de modo que o grupo de professores se torna, progressivamente, mais conhecedor e instrumentalizado – para que o trabalho nessa área possa intervir junto aos alunos de modo seguro, intencional e eficiente para a realização do planejamento das aulas e avaliação das aprendizagens dos alunos. Foi desenvolvido com os professores da Educação Infantil e professores e coordenadores do Ensino Fundamental I (1º ao 5º ano).
Num segundo momento, Rosângela Veliago, trabalhou o foco na compreensão sobre a avaliação e suas funções: diagnosticar os conhecimentos prévios “trazidos” pelos alunos para planejar o ensino; possibilitar a identificação das ajudas específicas que eles necessitam; subsidiar o feedback do professor a respeito dos aprendizados obtidos; analisar o valor da ação pedagógica em relação às expectativas de alcance.
Percebendo os desafios encontrados, na prática, em tematizar situações didáticas para os professores da Educação Infantil e Ensino Fundamental I, era necessário um olhar mais apurado nas práticas dos professores do segmento da Educação Infantil. Foi quando a direção interveio e convidou o Instituto Avisa lá para compor as propostas de assessoria pedagógica. Foi um ajuste certeiro que muito contribuiu no processo, ressignificando o espaço de leitura dentro da escola. A partir dai, ações como: clube de leitura, o gosto da leitura, o que fazer antes e após a leitura, visita a espaços de leitura, diferentes gêneros, escolha de acervo, elaboração de espaço de leitura, foram ganhando um espaço especial na escola.
Um pouco mais tarde, foi a vez de refletir sobre o brincar na infância, ressignificar as práticas do cotidiano: formação de cantos diversificados, faz de conta, jogo simbólico, e as intervenções pedagógicas no brincar. Já em outro momento, estudo sobre o meio natural pensando na vasta área verde da escola em que os projetos de natureza são desenvolvidos, sistematizando etapas,
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campo de investigação, pesquisa, procedimentos, registros dos bichos observados, escolha dos materiais de manipulação para melhor observação, saber comum e saber científico. Quantas descobertas....
Seguimos refletindo sobre as práticas de leitura e escrita, comportamento leitor e escritor, como fazer boas recomendações literárias, escolha do livro, conversa sobre a leitura destacando os achados artísticos.
Mas como trabalhar com os alunos sem passar pelo professor? Assim, nos encontros de formação os professores escolheram alguns títulos para serem lidos: “O Menino do dedo verde”, “Arroz de palma”, “ Alice no país das maravilhas” , “ Alice através do espelho” e “A hora da estrela” .
Em um dos encontros de formação, os professores trouxeram de casa objetos que retratavam memórias do tempo de infância, com fotografias de quando eram pequenos, casa da roça, quantidade de irmãos, bule de ágata, pedrinhas e alguns relatos orais que foram lembrando. Fizeram uma roda de apreciação dos objetos e cada um compartilhou as memórias mais significativas que a leitura aguçou no grupo.
Quantas experiências boas, inúmeras produções coletivas, registros por meio de fotos e vídeos, revendo o caminho percorrido, quantas aprendizagens serão levadas para as próximas paragens e percursos que trilharemos.
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APRENDIZADOS NA COMUNIDADE COLIBRI
Composta de funcionários, alunos e famílias, com o tempo fomos construindo e alicerçando elos que foram alinhavados com as histórias de cada um pegando um pedaço de tecido para o acolhimento: reuniões de pais, mostras culturais, sessões simultâneas de leitura, estações culturais, formaturas, vivências com os filhos, construções de bonecos com os filhos, oficinas de artesanatos, entre outros; mais um pedaço de tecido colorido de parceria convidando os envolvidos a fazer junto: eu olho de cá, você olha de lá; e outro pedaço de tecido multicor para revelar as manifestações culturais, as etnias, os diferentes pontos de vista, o olhar da escola, o olhar da família, os diferentes olhares passando por um crivo em que muitas vezes foi preciso girar para observar de perto e outras vezes girar novamente para observar de longe para definir novas rotas.
Diante dos desafios, procuramos exercitar a capacidade de viver o aprendizado por si próprio e por meio dos colegas, apoiadores, parceiros, frutos colhidos do processo de desenvolvimento da autonomia. Juntamos esforços e observamos que alunas e alunos, famílias e a equipe Colibri evoluímos juntos.
O mundo é um bem comum e a realidade é cons-
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