![](https://static.isu.pub/fe/default-story-images/news.jpg?width=720&quality=85%2C50)
5 minute read
Entrevista exclusiva com Michel Jasper, especialista em varejo e CEO da WEB JASPER
from Revista Super Negócios 44ª Edição - Fevereiro 2023
by ASSERJ - Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro
Profissional compartilha a sua história com o setor e dá dicas para quem deseja expandir o seu negócio
Especialista em varejo há mais de 18 anos, com foco nas áreas de operação, comercial e em gestão de equipes, Michel Jasper é o idealizador e fundador do site AMO VAREJO, que incentiva profissionais a ingressarem no ramo. É, ainda, CEO da WEB JASPER, empresa de tecnologia voltada ao segmento varejista. Em entrevista exclusiva para a Super Negócios, o empresário fala sobre os aprendizados e os desafios enfrentados ao longo de sua carreira, e dá dicas de como o supermercadista pode se destacar no meio digital.
Qual característica do seu perfil profissional lhe parece ser um diferencial positivo?
O atributo que eu considero um diferencial é a disciplina. Sou extremamente disciplinado e organizado. Isso me ajudou a crescer, pois sempre tive uma rotina muito clara de trabalho, desde o começo da minha carreira, quando eu era empacotador, até os demais cargos que assumi. Também possuo um bom perfil de liderança. Sou muito bom em lidar com pessoas, organizar e fazer a gestão de equipes.
Quais foram os seus maiores desafios e conquistas profissionais até o momento?
Com certeza, foi conseguir sair da companhia na qual eu recebia um ótimo salário e já estava há cinco anos, e começar a minha própria empresa do zero, com um rendimento bem abaixo do que ganhava e ter que fazer o negócio crescer. Quando comecei, a empresa contava com três clientes, hoje, atendemos mais de 3.200 organizações em todo o Brasil. O desafio foi largar tudo e acreditar que ia dar certo, e colocar o projeto para rodar.
Com mais de 18 anos de experiência em varejo, qual você diria que foi o seu grande feito para o setor?
Sem dúvidas, a abertura da minha própria empresa. Nós criamos algo muito inovador e bastante diferente, utilizando inteligência artificial, estudos, dados para regerar planogramas de loja. Hoje, não tem nada igual no mercado. Esse foi um dos grandes diferenciais. Criar ferramentas e estruturas simplificadas para o varejo, levando em consideração a dificuldade operacional do segmento e todas as demais. Eu ter trabalhado a minha vida inteira em chão de loja, e entender muito bem como as empresas funcionam contribuiu muito. Então, quando criamos uma solução, fizemos algo muito adequado, levando em conta a realidade do operacional e do administrativo, e considerando a falta de mão de obra e de estrutura de TI que as companhias têm. Construímos uma ferramenta prática, que qualquer varejista pode usar. E a gente vem trabalhando para simplificar ainda mais o processo e deixar a inovação cada vez mais acessível e simples para o usuário.
Qual é a sua visão sobre a relação indústria-varejo atualmente? O que pode ser melhorado?
Atualmente, há uma dificuldade de relacionamento entre varejo e indústria em alguns pontos, principalmente, quando a gente fala do pequeno e do grande varejista. O médio já consegue ter uma relação mais saudável, de parceria e de controle. Quando falamos de pequeno, vemos uma realidade onde a indústria dificulta a vida dele em termos de atendimento, preços e custo. Já com o grande, temos o outro lado da história, no qual o varejo embarreira para a indústria, impondo muitas regras e fazendo muitas exigências por verbas. Entretanto, eu noto um avanço nos últimos anos. O varejo vem se estruturando e tem a área de trade marketing, que a indústria também possui. Portanto, essas duas frentes estão conversando mais e a relação está melhorando, mas ainda temos muito o que evoluir.
Você foi eleito Top Voice pelo LinkedIn, considerado um dos 25 brasileiros mais influentes de 2020 na plataforma. Como você enxerga essa conquista? Como ela foi construída?
Eu fui eleito Top Voice em 2020, um título que permanece com você dentro do LinkedIn. Foi uma conquista muito importante para mim, porque quando você ganha, se torna uma autoridade no assunto e a própria rede te ajuda e te impulsiona. Então, tem muitos benefícios. Isso contribuiu muito na minha carreira, nas minhas palestras, na empresa. Faço muitos trabalhos através do LinkedIn. Esse processo foi construído com muita disciplina e organização. Eu posto desde 2017. Foram três anos publicando duas vezes ao dia, aperfeiçoando a minha escrita, estudando a rede. Com certeza, foi algo que fez a minha vida profissional crescer bastante.
Você tem alguma história curiosa ou de aprendizado com o setor supermercadista? Pode nos contar?
O varejo é feito de histórias curiosas. Eu trabalhei em mais de 100 filais em cinco redes diferentes. Muitas coisas me marcaram ao longo desse caminho. Não consigo selecionar uma, mas um dos pontos mais interessantes do segmento é a oportunidade, principalmente, em mercados de bairro. Sempre me marcava quando a gente contratava pessoas que realmente precisavam e quando conseguíamos promover alguém que começou como empacotador a gerente. Esses acontecimentos são os relevantes, a relação que construímos e o quanto podemos ajudar as pessoas nesse trajeto.
Na sua visão, o que o supermercadista precisa ter/fazer para se destacar da concorrência e atrair os consumidores no meio digital?
Para ele se destacar no meio digital, é necessário ser omnichannel e entender que o formato on-line é uma extensão da loja física. Se o cliente possui um problema no digital, ele tem que conseguir resolver no físico e vice e versa. Por isso, a identidade visual, o modelo de negócio, a apresentação de produtos, as campanhas e os negócios devem refletir no digital. Entretanto, hoje, o que eu mais vejo é o varejista criando um site com produtos para dizer que está no digital, mas sem trabalhar esse ponto. Além disso, é fundamental entender o marketing digital, o tráfego pago, a estrutura de redes sociais e as trends do momento. Ele precisa estar antenado nas mídias e ter um cargo de social media
Como você enxerga as oportunidades de negócios para o setor varejista no Brasil?
O setor ainda tem muitas oportunidades de negócios. Eu passei 90 dias nos Estados Unidos para acompanhar os varejistas e a NRF 2023. É perceptível que o varejo precisa fazer a digitalização, ser mais digital, mais autônomo, entender a necessidade de colocar a tecnologia para dentro e automatizar processos.
Sabemos que você é fundador e idealizador do AMO VAREJO, que incentiva os profissionais a entrarem no ramo. Na sua opinião, qual é o maior desafio para o varejista hoje na retenção de talentos?
O AMO VAREJO é um dos maiores portais de recrutamento para o setor do Brasil e a gente coloca mais de 500 pessoas no mercado todo mês gratuitamente. Então, é uma ferramenta que veio para ajudar e que não gera nenhuma receita.
É um projeto social com o objetivo de incentivar o varejista e os profissionais a trabalharem no segmento. Hoje, o maior desafio para a retenção de talentos é essa nova geração que está chegando, que já é digital, e quer ter mais disponibilidade. Então, essa é a grande questão: como atrair essa geração para dentro do varejo? Como ele vai se adaptar? A adversidade é criar benefícios e estruturas para essas pessoas atuarem no segmento. O varejo terá que remontar a estrutura de cargos e salários, de modelo de trabalho e de benefícios para atrair esses jovens, pois eles enxergam o tempo como precioso e querem ser valorizados.
Quais dicas você pode dar para quem está abrindo um negócio agora ou deseja expandir a sua loja?
A principal dica é entender o mercado. Estude-o muito, aprenda como ele funciona, o que está crescendo, as tendências, quais são os próximos passos do varejo, o que é relevante e, acima de tudo, cuide bem do seu fluxo de caixa e da sua estrutura. E, é claro, invista em pessoas. Compreenda que toda a organização do negócio é baseada em pessoas. A dica que eu dou é: estude o mercado e invista em pessoas para você conseguir prestar um bom atendimento, pois esse, hoje em dia, é o grande diferencial, sem dúvidas.