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Análise atualizada do setor supermercadista no Brasil e no Rio de Janeiro

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De olho na NRF

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Vendas

Após dois meses de alta, as vendas do varejo fluminense voltaram a cair em novembro (-0,4%), já descontada a inflação. O desempenho do estado foi semelhante ao nacional (-0,6%), na comparação com o mês anterior. O resultado a nível Brasil apresentou taxas negativas em seis das nove atividades pesquisadas, tendo sido limitado pela estabilidade nas vendas dos supermercados (+0,0%).

Comércio Varejista – Brasil x Rio de Janeiro

RECEITA REAL DO SETOR (Novembro, 2022)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) não divulga os dados de passagem mensal por setor regional, portanto, não temos o resultado de supermercado para o Rio de Janeiro em novembro frente a outubro. Mas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, as vendas dos supermercados do Rio de Janeiro, em novembro, alcançaram o melhor resultado do ano (+3,2%), já descontada a inflação, puxadas pelas vendas de alimentos e bebidas para acompanhar a Copa do Mundo. Em nível nacional, o crescimento foi semelhante (+3,3%).

No acumulado de 2022, por sua vez, houve resultados distintos entre o setor no Brasil (+1,3%) e no Rio de Janeiro (-2,6%). O mesmo cenário é visto no varejo como um todo: alta no Brasil (+1,1%) e queda no Rio (-3,2%), sinal de que a economia fluminense performou em patamar inferior à economia nacional durante o ano.

Nesse contexto, o desafio para o setor supermercadista fluminense tem sido repassar a inflação para o preço final dos produtos, ou seja, preservar as suas margens. Isso porque quando se observa o resultado nominal, a alta do segmento acumulada no ano é na casa de dois dígitos (+10,4%), inferior, porém, à inflação setorial.

Emprego

Em novembro, foram abertas 3.164 vagas de trabalho com carteira assinada nos supermercados do estado do Rio de Janeiro. Trata-se do melhor resultado do ano e terceiro mês consecutivo de saldos positivos no setor no estado, tendo em vista as contratações de setembro (+808) e outubro (+483). A performance fluminense contribuiu para o nacional em novembro (+32.564).

Apesar de resultados recordes para o ano - em novembro -, em níveis estadual e nacional, é importante destacar que ambos foram inferiores aos divulgados em 2021 (+4.658 e +36.751) e em proporções diferentes: queda de 32% no Rio e de 11% no Brasil.

No acumulado de 2022 até novembro, enquanto o setor de supermercados no país apresenta saldo positivo de geração de empregos (+34.929), no estado do Rio, o valor continua negativo (-1.469). Depois de um 1º trimestre de demissão em massa em nível nacional (-53.220), o segmento apresentou crescimento sustentado, com contratações em todos os meses desde abril. Esse movimento não foi acompanhado pelo estado do Rio, que observou nesse período apenas cinco meses de saldos positivos e recuperação de só ¾ das vagas fechadas no 1º trimestre (-6.174).

Diante de uma receita que cresce menos do que a inflação, o que tem implicado em perda de margens para os supermercadistas fluminenses, não surpreende o acúmulo de demissões no setor no estado. Nessa conjuntura, o

Inflação

Rio de Janeiro é o estado com maior volume de demissões no segmento de supermercados em 2022. Apenas outros quatro estados (PR, AP, PI e RS) apresentam saldos negativos no acumulado do ano, mas que somados não alcançam as perdas do Rio.

Porém, esse cenário não é exclusivo do setor de supermercados. Quando se analisa o setor de varejo como um todo, o Rio de Janeiro apresenta o menor saldo de contratações no acumulado no ano (+2.909) dentre estados das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país. Ou seja, nitidamente, o desempenho da economia fluminense tem se mostrado abaixo do ritmo de crescimento da economia nacional. Uma maior taxa de desemprego no estado e um menor dinamismo econômico de outros setores justificam esse panorama.

A expectativa para o segmento de supermercados fluminense é fechar 2022 com saldo negativo de contratações ou próximo a zero. Dezembro costuma ser mês de baixo volume de contratações – a se observar.

O IPCA, índice oficial de inflação no Brasil, medido pelo IBGE, apresentou resultado em dezembro (+0,62%) acima do verificado em novembro (+0,41%) e outubro (+0,59%). No último mês, todos os grupos pesquisados tiveram alta, o que representa uma inflação disseminada pela economia brasileira.

Setor de Supermercados – Brasil x Rio de Janeiro

IPCA (Dezembro, 2022)

Em dezembro, o resultado nacional foi puxado por produtos vendidos em supermercados: artigos de higiene pessoal (+3,7%) e produtos de limpeza (+1,3%), com todos os itens com inflação acima do resultado geral no mês, à exceção da água sanitária, e alimentação no domicílio (+0,7%), puxado por tomate, cebola, arroz e feijão.

No Rio de Janeiro, o resultado IPCA geral em dezembro (+0,33%) foi o menor do Brasil, devido à queda no valor da energia elétrica (-3,54%). Essa deflação derivou de uma revisão extraordinária da Aneel, definida em julho, mas que por conta de uma liminar, uma das concessionárias fluminense só aplicou a redução de preços a partir de dezembro.

Dentre os itens vendidos em supermercados, o resultado fluminense foi semelhante ao nacional em dezembro, com inflação acima do resultado geral: alimentação no domicílio (+0,34%), produtos de limpeza (+1,4%) e artigos de higiene pessoal (+2,2%). Os itens de limpeza apresentaram alta superior a 1% pelo 11º mês consecutivo, puxado por sabão em pó, amaciante, detergente e desinfetante.

No acumulado do ano de 2022, a inflação fluminense (+6,65%) ficou acima da média nacional (+5,79%) , muito por conta do menor tempo para impacto da redução do custo de energia na atividade econômica. Os três setores de supermercados analisados apresentaram inflação muito acima do índice geral, tanto no Brasil - produtos de limpeza (+19,5%), artigos de higiene pessoal (+16,7%) e alimentação no domicílio (+13,2%) –, como no Rio de Janeiro - produtos de limpeza (+19,8%), artigos de higiene pessoal (+11,8%) e alimentação no domicílio (+11,5%), em 2022.

Esse resultado sinaliza que os artigos vendidos em supermercados ficaram mais caros do que a maioria dos produtos e serviços consumidos pela sociedade brasileira e fluminense em 2022. No Rio de Janeiro, os três setores ficaram no TOP 7, de 20 grupos pesquisados, junto a roupas (+22,8%), calçados (+20,7%), produtos farmacêuticos (+16,4%) e móveis (+15,1%). No Brasil, os três setores ficaram no TOP 5, junto a roupas (+19,8%) e calçados (+16,8%).

A perspectiva do mercado financeiro é que o IPCA Brasil encerre 2023 (+5,36%), novamente, acima da meta do Banco Central (+3,25%) e do teto de tolerância (+4,75%). Assim como ocorreu em 2022 (+5,79%), acima

Cesta básica

da meta (+3,5%) e do teto (+5,0%), e em 2021 (10,06%), acima da meta (+3,75%) e do teto (+5,25%).

Previsão de inflação acima da meta do Banco Central se reflete em perspectiva de taxa de juros elevadas por mais tempo, tornando mais cara a produção, os investimentos e, por consequência, a geração de emprego e renda no país. A perspectiva é que a taxa de juros básica, a SELIC, encerre 2023 (+12,25%) novamente na casa de dois dígitos, assim como 2022 (+13,75%). A trajetória de queda da SELIC, em 2023, é prevista para se iniciar apenas no 2º semestre.

Em dezembro, o preço da cesta básica, medido pelo Dieese, cresceu menos na capital do Rio de Janeiro (+0,5%) do que na média nacional (+1,3%). Um alívio para o bolso dos cidadãos cariocas. No Brasil, foram verificados aumentos de preços em 14 das 17 capitais pesquisadas.

Setor de Supermercados – Brasil x Rio de Janeiro

No fim do ano, o maior custo do conjunto de bens alimentícios básicos foi observado em São Paulo (R$ 791,29), depois, em Florianópolis (R$ 769,19) e em Porto Alegre (R$ 765,63). O Rio de Janeiro continuou sendo a capital com o quarto maior preço do país (R$ 752,74), acima (11,5%), portanto, da média brasileira (R$ 675,10).

Em 2022, a inflação da cesta básica no Rio de Janeiro (+13,0%) ficou ligeiramente acima da média nacional (+12,6%). Essas variações,

Economia Em Pauta

por sua vez, foram mais do que o dobro da inflação oficial do país (5,79%), medida pelo IPCA, significando que, em 2022, a inflação de alimentos impactou bastante a parcela mais carente da população brasileira, reduzindo substancialmente seu poder de compra. Os aumentos de preços, em geral, acima da média da inflação, obrigaram as famílias brasileiras, por mais um ano, a substituir alimentos habitualmente consumidos por outros mais baratos ou similares.

No Brasil, o preço da cesta básica subiu em todas as capitais em 2022, com a maior variação tendo sido observada em Goiânia (+18,0%) e a menor em Recife (+6,1%). No conjunto de produtos básicos da alimentação dos brasileiros, os vilões da inflação em 2022 foram:

Leite integral e, consequentemente, a manteiga. O impacto nesses dois produtos foi grande diante do menor volume de leite no campo, por causa dos altos custos de produção. Além disso, houve a interferência do clima desfavorável, que provocou seca intensa no segundo trimestre e início do terceiro, atrapalhando as pastagens;

Café, frente às dificuldades logísticas e aos preços mais altos dos insumos, reflexos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia;

Trigo e, assim, o pão francês, dada a queda na oferta global de trigo, também resultado do confronto entre Rússia e Ucrânia, e clima desfavorável à produção em diversos países;

Batata, diante da menor oferta pela incidência de pragas e o clima desfavorável na maior parte do ano;

Óleo de soja, devido à maior demanda por soja e pelo óleo, uma vez que o conflito entre Rússia e Ucrânia influenciou na quantidade ofertada de óleo de girassol;

Arroz, em razão da elevação no preço externo e do alto volume de arroz exportado.

A postergação da isenção da cobrança de ICMS sobre as vendas de arroz e feijão no estado do Rio de Janeiro até 31 de julho deste ano é uma boa notícia para a população fluminense. A desoneração foi instituída pela Lei 9.391/21 e prorrogado através da lei 9.945/22. O autor da lei, Deputado Rosenverg Reis, já sinalizou que se for preciso, em julho, levará à Alerj um novo pedido de prorrogação dessa desoneração.

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