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RJ CONCENTRA 6,25% DOS CASOS DE VIOLÊNCIA CONTRA JORNALISTAS NO BRASIL

Dados da Fenaj apontam que, em 2022, profissionais de imprensa foram agredidos, diariamente, ao menos uma vez

O cerceamento à liberdade de imprensa é uma realidade no país. Na última quarta-feira (25), a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) divulgou o Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil - 2022. De acordo com os dados, no ano passado, registraram-se 376 casos de agressões a profissionais e veículos de comunicação no país: um por dia. Com 18 casos, o Estado do Rio de Janeiro representa 6,25% dos números totais, em todo o país.

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Ainda segundo o relatório, o expresidente, Jair Bolsonaro, em seus quatro anos de governo, foi "o principal autor de ataques a veículos de comunicação e jornalistas":

"Em 2022, repetindo a mesma posição ocupada nos três anos anteriores, ele foi o responsável pessoal por 104 ocorrências (27,66% do total), a maioria delas, tentativas de descredibilização da imprensa (80), mas também por 24 casos de agressões diretas a jornalistas", aponta o levantamento.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro, Mário Sousa, o relatório dá uma dimensão desta "nociva realidade". Ele destrincha as "várias formas de violência", como assédio, intolerância e preconceitos, tanto nas redações como em coberturas nas ruas. Na avaliação de Souza, o relatório mostra, "mais uma vez", que no

OS NÚMEROS, apesar de elevados, são menores que os de 2021, ano recorde desde o início da série histórica governo de Bolsonaro aumentou, consideravelmente, a violência contra os jornalistas, "com suas falas grosseiras"; especialmente em relação às profissionais mulheres:

"No estado, o Sindicato dos Jornalistas, além de denunciar o elevado número de agressões, tem apresentado esta realidade em con- gressos e a encaminhado às instituições de Direitos Humanos. O Rio tem um elevado número de assassinatos de jornalistas que nunca foram esclarecidos".

Vale lembrar que, em outubro de 2022, A TRIBUNA noticiou que, no dia 20 daquele mês, o pastor David Rezeno Gomes foi preso em flagrante por policiais da DHNSGI (Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí), por crime de falso testemunho, na investigação sobre a morte do jornalista Robson Ferreira Giorno.

Executado em maio de 2019, no bairro do Boqueirão, Giorno estava na porta de casa, por volta das 22h, quando foi alvejado por tiros. Dono do jornal "O Maricá", ele era pré-candidato à Prefeitura daquele município, em 2020, pelo partido Avante. A publicação e o jornalista vinham denunciando políticos suspeitos de envolvimento com casos de corrupção e irregularidades na cidade.

Outro caso, ocorrido no estadoque também mereceu destaque em A TRUBUNA, foi o do jornalista Romário Barros, assassinado em 2019, também em Maricá. Dono do portal de notícias Lei Seca Maricá (LSM), ele foi morto nas imediações da Lagoa Araçatiba, quando foi atingido por tiros, depois de entrar no seu car-

PARA MARIO SOUSA, o relatório dá uma dimensão desta nociva realidade ro. Na ocasião, a Polícia Militar (PM) informou que foi acionada para um desaparecimento, mas que, minutos após ser chamada, o corpo de Romário foi encontrado dentro do próprio veículo por um amigo, que avisou a PM do sumiço do jornalista.

O presidente do sindicato estadual avalia, também, que há uma "certa invisibilidade" sobre a realidade violenta no interior, "que não tem grandes corporações de mídia e ausência dos poderes públicos".

MUDANÇAS

De acordo com o levantamento, os números, apesar de elevados, são menores que os de 2021, ano recorde desde o início da série histórica, feita pela federação, quando foram registrados 430 casos. Apesar da queda de 12,53%, em relação ao ano anterior, o relatório constata que as agressões diretas a jornalistas tiveram crescimento, em todas as regiões do país.

O relatório aponta que a descredibilização da imprensa voltou a ser a violência mais frequente, em 2022, apesar de ter diminuído em 33,59%, em comparação com o ano anterior. Foram 87 casos de ataques genéricos e generalizados, que buscaram desqualificar a informação jornalística. Em 2021, foram 131 episódios.

CENTRO-OESTE É O FOCO DA VIOLÊNCIA

Pelo terceiro ano consecutivo, o Centro-Oeste concentrou o maior número de casos de atentados à liberdade de imprensa: dos 376 episódios registrados (excluídos 99 em que não se aplicou o critério regional), 98 ocorreram na região, representando 26,06% do total. Ela foi a única região em que houve queda nos registros da violência contra jornalistas, em razão da diminuição dos ataques do então presidente Jair Bolsonaro e das Censuras na EBC (Empresa Brasil de Comunicação). Nas outras quatro regiões, o número de casos aumentou.

O Distrito Federal foi a unidade federativa campeã em números de casos, com 88 ocorrências (30,57%). Neste quantitativo, estão incluídos os 52 episódios de censuras, registrados na EBC, que representam 88,14% do total da categoria.

O Sudeste, que durante anos foi a campeã em casos de violência contra jornalistas, manteve-se como a segunda região mais violenta para o exercício da profissão, mesma posição ocupada nos dois anos anteriores: 82 ocorrências (28,47% do total). Novamente, o estado de São Paulo foi o mais violento da região e o segundo, em todo o Brasil, com 48 casos (16,67% do total), três a mais que em 2021. O número de ocorrências também cresceu no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. No primeiro, foram 18 casos e, no segundo, 10. Em ambos os estados, houve um crescimento nominal, de seis episódios, em comparação com 2021.

Ainda na Região Sudeste, o Espírito Santo foi o estado da região com menor número de agressões contra jornalistas: seis casos - dois a mais que os quatro, registrados em 2021. De acordo com a presidente da Fenaj, Samira de Castro, esse resultado pode ser explicado pela tensão política no país. "A sociedade passa nesse momento de tensionamento político a questionar as instituições estabelecidas. A imprensa é uma dessas instituições. Então, a gente precisa de um discurso institucional que valorize o jornalismo profissional a partir de agora, para poder a própria sociedade entender, que quando ela agride um jornalista, ela está retirando dela mesma o direito de ser informada".

Botafogo volta atrás e agora quer ficar no Caio Martins

Em março de 2021, em entrevista ao jornal A TRIBUNA, o presidente do Botafogo, Durcesio Mello, anunciou que o clube não renovaria a concessão do Estádio Caio Martins, em Icaraí, Zona Sul de Niterói. O atual vínculo vencerá na próxima terça-feira (31). Entretanto, o clube voltou atrás e quer permanecer no estádio.

O Botafogo corre contra o tempo para estender o vínculo. Ouvido novamente pela reportagem, Durcesio Mello confirmou os rumores de que o alvinegro quer tornar o relvado niteroiense a casa do futebol feminino do clube. O presidente do Botafogo afirmou que está em tratativas com o Governo do Estado para conseguir a renovação.

"Temos o projeto de levar o futebol feminino para lá. Estamos tentando extensão do contrato de cessão de uso", garantiu o presidente.

Durcesio também comentou sobre os constantes rumores de que o complexo, atualmente subutilizado, poderia ser transformado em um centro comercial, por meio de uma parceria públicoprivada. O presidente admitiu que isto atrapalharia o projeto do futebol feminino botafoguense, mas disse não acreditar que uma iniciativa do tipo prospere.

"Com certeza atrapalharia, mas já tentaram antes. Poderia ser um obstáculo para a gente, mas a Prefeitura e Associação de bairro são contrárias", afirmou.

A reportagem procurou a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer e perguntou sobre o atual estágio da concessão e também se existem eventuais projetos de utilização do Complexo. No entanto, até o fechamento deste texto, o órgão estadual não havia se manifestado.

REESTRUTURAÇÃO

No final da semana passada, o clube anunciou uma série de mudanças em seu departamento de futebol feminino. Gláucio Carvalho assumiu o cargo de Coordenador Técnico, deixando o posto de treinador da equipe principal para Gustavo Roma, que estava no Sub-20. A categoria fica sob comando de Leo Goulart, que atuou durante três anos como auxiliar téc-

ATUAL CONTRATO de concessão vencerá nos próximos dias nico das Gloriosas. No último dia 10, as equipes profissional e Sub-20 do futebol feminino do Botafogo se reapresentaram no Estádio Caio Martins, para a preparação da temporada de 2023. Para seguirem no espaço, as Gloriosas dependem que o clube acerte a renovação do uso. Na última temporada, o futebol feminino Alvine- gro marcou o Campeonato Carioca com dois títulos, sendo um deles de forma inédita com a categoria Sub-20 e o Bicampeonato da equipe profissional.

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