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CRIADO POR NITEROIENSE, PÓ REVELADOR DE DIGITAIS É USADO EM QUASE TODO O BRASIL

Perito criminal e doutor em Química, Rômulo Facci busca condições para produção em larga escala

Em 2019, o policial civil niteroiense e então doutorando em Química pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Rômulo Facci, iniciou o desenvolvimento de um pó revelador de impressões digitais. Quase quatro anos depois, 20 estados já utilizaram o material para investigações, mas o agora doutor esbarra na dificuldade para encontrar um local adequado para realizar a produção.

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O produto é inédito no Brasil.

Oficialmente, as polícias brasileiras usam um pó importado dos Estados Unidos, cujo valor é de, em média, R$ 2,5 mil. O pó desenvolvido por Rômulo custa R$ 144 para ser produzido, cada kg, e comercializado a R$ 800, contando com margem de lucro, custos de funcionamento da indústria e impostos. Quase 70% mais barato. O químico comentou sobre os avanços de sua criação até o momento.

“Desenvolvemos o pó, fizemos a formulação dele, as diversas composições até chegar na final. Isso demorou dois anos. Depois foi a descrita da patente, o que levou mais um ano. Depois começamos a produzir em larga escala para fornecer aos estados que estavam solicitando. Muitos estavam com escassez de recursos. A gente entregou para 20 estados aproximadamente 0,5 kg. Foi amplamente elogiado”, disse. Inicialmente, a produção era realizada no antigo laboratório da UFF em Charitas, Zona Sul de Niterói. Entretanto, segundo Rômulo, o espaço acabou sendo fechado devido a danos estruturais. Sem alternativas, o cientista montou um laboratório em sua própria casa para não paralisar a produção. Rômulo afirmou que busca por parceiros que o ajudem a viabilizar um novo espaço adequado para a indústria química.

“Participamos de um processo de incubação de empresas na UFF e tiramos o primeiro lugar. Começamos a produzir em escala industrial, mas, infelizmente, [o prédio] começou a desmoronar. A Defesa Civil interditou o prédio. Nosso CNPJ de indústria química também não andou. Nosso plano é oferecer esse pó até 70% mais barato aos estados. Estamos

Repercussão

RÔMULO é perito criminal e doutor em Química pela UFF buscando outros parceiros, investidores e locais para poder produzir”. Sem poder contar com a antiga estrutura, o químico precisou se adaptar. Com a ajuda do auxiliar de laboratório Gefferson Delcore, Rômulo construiu os próprios equipamentos para manter a produção. Entre eles estão uma mesa kline, em maior escala, usada para peneirar o

Do que é feito

Rômulo explicou de que materiais o pó é feito. A “receita”, já patenteada, leva, em cerca de 60% de sua composição, rejeito industrial siderúrgico. O descarte é somado à “goma laca”, resina vegetal usada para fabricar verniz. Entretanto, não basta apenas misturar. Foram anos de pesquisa até chegar à quantidade ideal de cada produto.

“Ele é feito de rejeito industrial, então 60% dele é feito de lixo. Isso barateia muto o custo. A goma laca é uma resina vegetal utilizada para fazer verniz. Ela que dá aderência ao pó. Se colocar muita goma na formulação do pó, ele gruda tanto que não dá para ver a impressão digital. Se colocar pouco, gruda pouco. Uma das etapas do estudo foi ver a quantidade de goma laca que tem que ser utilizada”, contou.

pó, além de um novo liquidificador, usado para triturar o material bruto.

“Inicialmente, quando a gente fazia alguns gramas, usávamos liquidificador de casa mesmo. Quando au- mentamos a escala, ele quebrou e vimos que precisávamos de um liquidificador industrial. Para peneirar a gente usava uma malha de padaria e mesa kline de agitação. Ela começou a apresentar desgaste. Inventamos uma outra máquina para peneirar, feita a partir de uma máquina de lavar roupas”, explicou.

SURGIMENTO DA IDEIA

O químico contou que a ideia de desenvolver o pó partiu de seu orientador de doutorado, o professor Wagner Felippe Pacheco. Além do pó já patenteado, batizado como “regular”, Rômulo continua trabalhando no desenvolvimento de outros dois tipos: o pó magnético, cujo pincel possui um ímã e ele é utilizado para revelar impressões digitais em paredes; e o pó vermelho, empregado quando a superfície é preta, para dar contraste.

“Meu orientador me propôs essa ideia. Eu estava trabalhando com resíduo de tiro de arma de fogo. Esse trabalho ganhou prêmio de Honra ao Mérito no VI Encontro Nacional de Química Forense. Aceitei desenvolver o pó e não paramos só nele. Desenvolvemos o pó magnético e também o magnético vermelho”, destacou.

Em 2019, quando a ideia foi divulgada pela primeira vez, a repercussão fez com que o trabalho de Rômulo ficasse conhecido em todo o Brasil, inclusive proporcionando prêmios ao químico. Além do custo mais baixo em relação ao importado, o perito também explicou porque o pó desenvolvido por ele é mais eficiente.

“Tive uma grande repercussão na mídia. Passou em quase todos os canais de televisão aberta. Eu ganhei um prêmio do Instituto de Perícias e Assistentes Técnicos (INPAT), ganhei um Prêmio Edmond Locard. Ele é mais eficiente justamente por causa da goma laca. É muito aderente às impressões digitais, inclusive as mais antigas, mais difíceis de serem aderidas”, contou.

Embora mais de três anos tenham se passado desde o início do desenvolvimento, Rômulo tem a ciência de que ainda há bastante a avançar para se chegar ao ideal. Contudo, ele faz questão de demonstrar gratidão por tudo o que conseguiu até hoje por conta da repercussão de sua invenção.

“Eu espero conseguir um local para produzir o pó revelador. Isso vai ajudar a polícia a identificar criminosos e vai ajudar a economia, diminuindo a necessidade de importação de produtos. Conheci muita gente, ganhei livros de peritos, tive benefícios com isso e consegui defender minha tese de doutorado com isso”, concluiu.

COMO NÃO SENTIR SAUDADES DOS ANOS 80?

Foi no final dos anos 1990 que um maremoto de nostalgia trouxe os anos 80 de volta ao protagonismo cultural, social do Rio. Lembro bem, festas como a Ploc ficavam lotadas de gente, vestidas como nos anos 80, dançando, ouvindo músicas, se comportando como se vivessem sob o manto daquela década. O curioso é que a maioria dos frequentadores sequer era nascida no auge da magnética década.

COMO NÃO SENTIR SAUDADES?

O curioso é que os 80 foram considerados pelos grandes economistas como "a década perdida". A inflação alcançou patamares insanos de quase 2000% ao ano ao final da década, perdurou por muitos anos e resistiu a várias tentativas de estabilização da economia.

Entre 1986 e 1994, foram sete tentativas. Diversas vezes, a população viu os preços e os salários sendo congelados, a moeda ser substituída por outra, as prateleiras ficarem vazias, as filas nos supermercados se formarem e o dinheiro perder seu valor do dia para a noite.

Mas quem tinha mais de 15 anos naquela época sentiu algo novo, algo bom, revolucionário no ar. Algo que foi batizado, há milênios, de "liberdades individuais". Também por isso, os 80 marcaram tanto porque as pessoas em geral - jovens de classe média em particular - perceberam que valia tudo, tudo era permitido e assim nascia a chamada cultura marginal (poemas, jornais impressos em mimeógrafos à álcool), o linchamento de tabus como beijo na boca em desconhecida, sexo livre, muita risada.

COMO NÃO SENTIR SAUDADES?

Eram tempos analógicos. Quem quisesse falar com alguém tinha que telefonar, falar "alô, como vai", ou ir à caça da pessoa em redutos sensacionais como o Circo Voador, Crepúsculo de Cubatão, Metrópoles, Let it Be. O Rio de janeiro fervilhava, aproveitando que a ditadura militar estava vestindo o pijama depois de promover anistia e o fim da censura.

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