folia cultural Aproveite o feriado nos museus de futebol da capital paulista I pág. 07
nas alturas Como o Peixe se prepara para enfrentar a altitude na estreia da Libertadores i pág. 08
TÁ LÁ 10 a 16 I fevereiro
O FUTEBOL ALÉM DAS 4 LINHAS i nº 05
clássico explosivo Duelo entre Corinthians e São Paulo vale muito mais do que apenas três pontos no paulistão
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Uma lição
Fernando Gavini
para Adriano!
A
manchete desta edição do Tá Lá! fala da obsessão corintiana pela conquista da Libertadores. O repórter Marcelo Tieppo conversou com os antigos ídolos do Timão, Neto e Basílio, a respeito do que significa essa conquista para o clube de Parque São Jorge. O camisa 10 campeão brasileiro pelo clube em 1990 e também comentarista da TV Bandeirantes disse que considera um erro a manutenção de Adriano no elenco. Para ele, o Corinthians vai perder a Libertadores se o centroavante continuar na equipe. Mas ao mesmo tempo faz uma ressalva:
“Se ele estiver a fim, pode ganhar a Libertadores para o Corinthians”. Estar a fim de se dedicar, de jogar, de ser feliz fazendo aquilo que mais gosta. Hoje é difícil acreditar que Adriano esteja disposto a isso. O Corinthians tem nas mãos a oportunidade de dar uma lição ao ex-flamenguista. A relação de inscritos para a Libertadores sai logo depois do jogo contra o São Paulo e a minha opinião é a de que o artilheiro não deve fazer parte da lista de 25 jogadores que serão escolhidos por Tite. Não por falta de capacidade, mas por falta de vontade e motivação.
Seria uma bela lição que Adriano teria que engolir e aprender com ela. O regulamento permite a inscrição de novos jogadores a partir das oitavas-de-final. E a conversa teria que ser neste tom: “Adriano, você está de fora da primeira fase e se tiver dedicação, entrar em forma e mostrar futebol será inscrito para jogar o mata-mata. Caso contrário, não vai jogar a Libertadores”. A meu ver é a única forma de mexer com os brios de Adriano. O contrato dele com o Corinthians vai até junho. Ele ganha uma fortuna por mês, mas não tem feito jus a ela. Deixá-lo fora da primeira fase é a forma de mos-
Editor Chefe gavini@talanet.com.br
trar a insatisfação pelo que ele fez até agora e cobrar uma reação. Se ela não acontecer, não haverá renovação de contrato e o atacante será obrigado a procurar novos ares. Um dos destaques desta edição é também o clássico entre Corinthians e São Paulo. Duas páginas especiais falam do confronto e também compara a política dos dois clubes. Enquanto o Timão terá eleições neste sábado, o Tricolor vê Juvenal Juvêncio se eternizando no poder. A estreia do Santos na Libertadores também é destaque. O repórter João Henrique Pugliesi mostra como o Peixe se prepara para en-
frentar a altitude na estreia com o The Strongest em La Paz e conta histórias de quem já sofreu com problemas do ar rarefeito como o ex-goleiro Zetti. No Palmeiras, o assunto é Marcos Assunção. Cada vez mais o volante tem sido decisivo com suas exímias cobranças de falta, seja marcando gols ou dando assistências. E para completar, uma sugestão para quem quer fugir da folia do Rei Momo. O repórter Fernando Badô deu uma volta nos principais museus de futebol da capital paulista. Uma ótima opção de passeio para todas as idades.
paulistão 2012 7a rodada
8a rodada
9a rodada
11/02/2012 - sábado
16/02/2012 - QUINTA
22/02/2012 - QUARTA
17h00 – Palmeiras x Ituano – Pacaembu 19h30 – Mirassol x Ponte Preta – José M. de Campos Maia 19h30 – Bragantino x Mogi Mirim – Nabi Abi Chedid
19h30 – São Paulo x Paulista – Morumbi 20h30 – Comercial-SP x Guarani – Palma Travassos
17h00 – Mogi Mirim x São Caetano – Romildão 19h30 – Ponte Preta x Ituano – Moisés Lucarelli 19h30 – Paulista x Botafogo-SP – Jaime Cintra 19h30 – Linense x Mirassol – Gilbertão 22h00 – Portuguesa x Corinthians – Canindé 22h00 – Bragantino x São Paulo – Nabi Abi Chedid
17/02/2012 - SEXTA
12/02/2012 - domingo 17h00 – Corinthians x São Paulo – Pacaembu 17h00 – Guarani x Paulista – Brinco de Ouro 17h00 – Oeste x Guaratinguetá – Amaros 19h30 – XV de Piracicaba x Catanduvense – B. da Serra Negra 19h30 – Santos x Linense – Vila Belmiro 19h30 – São Caetano x Comercial-SP – A. Campanella 19h30 – Portuguesa x Botafogo-SP – Canindé
19h30 – Ponte Preta x Oeste – Moisés Lucarelli 19h30 – Botafogo-SP x Mogi Mirim – Santa Cruz 19h30 – Portuguesa x XV de Piracicaba – Canindé 21h00 – Guaratinguetá x Palmeiras – Dario Rodrigues Leite
18/02/2012 - SÁBADO 16h20 – São Caetano x Corinthians – Anacleto Campanella 18h30 – Mirassol x Santos – José Maria de Campos Maia 18h30 – Linense x Bragantino – Gilbertão 18h30 – Ituano x Catanduvense – Novelli Jr.
O Periódico “TÁ LÁ”, produzido pela Áurea Editora, de distribuição semanal, e estritamente no município de São Paulo, observa formato, conteúdo e distribuição de acordo com as disposições legais e infralegais pertinentes, especialmente a Lei Municipal nº 14.517, de 16 de outubro de 2007. Declaram ainda os editores que os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos seus autores, e não correspondem à opinião do Periódico, o mesmo ocorrendo com os anúncios e ações publicitárias, cabendo a responsabilização direta dos seus subscritores e anunciantes.
23/02/2012 - QUINTA 19h30 – Palmeiras x Oeste – Pacaembu 19h30 – Guarani x XV de Piracicaba – Brinco de Ouro 21h00 – Santos x Comercial-SP – Vila Belmiro 21h50 – Catanduvense x Guaratinguetá – Silvio Salles
Diretor Executivo e Editorial: Dirceu Pereira Jr. - Editor Chefe: Fernando Gavini - Projeto Gráfico e Diagramação: M.Veras Design Gráfico - Reportagens: Pablo Guelli, Fernando Badô, Diógenes Menon e João Henrique Pugliesi Impressão: Gráfica Prol - Contato Comercial - Dirceu Pereira Jr (11) 5574.8910 - dirceu@aureaeditora.com.br Versão Digital - www.talanet.com.br - Contato: contato@talenet.com.br
Palmeiras
O caminho mais rápido
e garantido
para o gol no Palmeiras NESTe INÍCIO de temporada, Marcos Assunção
teve participação direta em sete gols
Q
uando se diz que o Palmeiras iniciou 2012 do mesmo modo que terminou o ano passado, logo se associa a afirmação às intermináveis crises políticas desenvolvidas dentro do clube. É verdade que o bom começo no Campeonato Paulista, o anúncio de reforços e o forte patrocínio pareceram resfriar um pouco o verão de Palestra Italia. Mas, no Palmeiras, essa brisa fresca nunca quer dizer muito. Há uma similaridade com 2011, porém, que o palmeirense faz questão de manter intacta: a intensa participação da bola parada de Marcos Assunção nos gols da equipe - direta ou indiretamente. Com
seis rodadas do certame regional, o capitão marcou três gols de falta - dois contra o Mogi Mirim e um contra o XV de Piracicaba - e serviu outras quatro bolas para que seus companheiros marcassem. “Eu estudei muito antes do jogo. Assisti no YouTube cobranças de falta, de pênalti, de escanteio. Vi como ele batia na bola, como escolhia o lado, tudo isso. Mas nada deu certo”. A frase é do resignado goleiro Anderson, do Mogi Mirim, justamente ao final do jogo em que levou dois gols de falta do jogador de meio de campo do Palmeiras. Os números dão continuidade ao percentual de participação em gols de Marcos Assunção
Volante minimiza sua
importância para o time Para Valdivia, Assunção é fundamental
desde o ano passado. No Campeonato Brasileiro, por exemplo, o meia participou de 34 das 38 partidas da equipe. Nestes jogos, fez oito gols, deu assistência para mais outros nove e ainda colocou companheiros em condições de arremate em mais 24 oportunidades. Somadas assistências e gols, Assunção participou de 17 dos 43 tentos da equipe (aproximadamente 40%). Para efeito de comparação, Danilo, meia do campeão Corinthians, fez 11 assistências ao longo do campeonato, além de anotar três gols. Isso representa pouco mais que 25% dos 53 gols da equipe. Embora estatísticas não sejam indicadores infalíveis no universo do futebol, há outro dado interessante para destacar a dependência do Palmeiras em relação ao futebol – e às bolas paradas! – de Marcos Assunção. Das 38 partidas do Palmeiras no Brasileirão, Assunção ficou fora de quatro. Resultado? Quatro derrotas. Após a recente virada em cima o Santos - com assistência dele de
Marcos Assunção comemora um dos dois gols marcados contra o Mogi Mirim
escanteio para o gol de empate de Fernandão -, o experiente meia adotou o tom sereno em relação ao bom momento: “Estamos apenas na quinta rodada do Paulista. Ainda não ganhamos nada. Mas,
À imagem do maior rival
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omparar Palmeiras e Corinthians é quase uma heresia para ambas as torcidas, em qualquer situação - e até que o mundo termine! Mas a dependência do Verdão das bolas paradas de Marcos Assunção é semelhante ao sistema de jogo que levou o Timão a seu pri-
meiro título nacional, em 1990. Contando com jogadores esforçados – e só esforçados - como Márcio Bittencourt, Wilson Mano, Fabinho e Tupãzinho, o Corinthians campeão de 90 era uma equipe limitada tecnicamente, classificando-se apenas com a penúltima Neto, o craque do Corinthians de 1990
Na mesma medida em que é fundamental para o sucesso do ataque do Palmeiras, Assunção mostra-se humilde e relativiza sua importância para a equipe: “Não me considero a peça mais importante do time. Não faço nada mais do que minha obrigação. Treino cobranças de faltas para poder ajudar em jogos em que o gol está complicado de sair”. Se for considerada a baixa incidência de gols do ataque do Verdão, estes jogos a que se refere Assunção são maioria. Ainda assim, o meia rechaça as críticas aos atacantes palmeirenses: “Sinceramente, acho uma injustiça.
Eles vêm fazendo gols, ajudam, correm, lutam pela bola, marcam a saída de jogo adversária, recuperam a posse de bola e, claro, sofrem as faltas”, argumenta. “O palmeirense deveria estar orgulhoso pelo empenho de todos”, completa. Valdívia, o craque do elenco, concorda: “É claro que ele é fundamental. Mas também é claro que sem ninguém para sofrer as faltas ou conseguir os escanteios essa arma não seria útil. O Palmeiras tem um bom elenco, e todos têm sido importantes neste início de ano”, corrobora o chileno.
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Foto: Gazeta Press
POR DIÓGENES MENON
assim como já aconteceu nos clássicos no ano passado, nós nunca nos colocamos como inferiores. Nas conversas antes dos jogos, sempre exaltamos o nosso espírito de superação”, destacou.
vaga para as oitavas-de-final daquele ano. Graças aos pés de Neto. Logo na abertura da fase decisiva, o camisa 10 corintiano fez os dois gols da virada diante do Galo, no Pacaembu. Ele já havia cobrado uma falta na trave e outra para a defesa do goleiro Carlos, antes de anotar um de cabeça (raridade) e outro escorando cruzamento (também não muito comum). Um empate sem gols no Mineirão garantiu passagem à semifinal da competição, contra o Bahia. Novamente no Pacaembu, outra virada. No primeiro gol, Neto colocou, de falta, uma bola no ângulo do goleiro Chico, que buscou. No escanteio (cobrado pelo camisa 10, claro), Giba jogou pro meio da área, e o volante do Bahia Paulo Rodrigues fez contra. No segundo gol, aí sim Neto foi mais tradicional e guardou de falta. Mais um empate no jogo de volta, e o Corinthians estava na final do Brasileiro de 90. O encontro não poderia ser mais emblemático: diante do São Paulo, que vinha do vice-campeonato no ano anterior e treinado por Telê Santana. Neto, artilheiro do Corinthians no campeonato, com nove gols, deu assistência (de falta) para Wilson Mano garantir a vitória na ida. Na volta, novo triunfo. Desta vez, sem a participação do “Xodó da Fiel”. Tupãzinho faria o gol do título, mas a história já havia registrado o verdadeiro herói da campanha: Neto.
super clássico
04
por Fernando Badô
Explosivo, Majestoso vale Mais do que os três pontos
clássico do próximo domingo opõe rivalidade quente entre são paulo e corinthians e busca por confiança para os próximos desafios
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lássico é clássico, diz a velha máxima do futebol. Nos últimos anos, porém, Corinthians e São Paulo, que vão a campo no domingo, em partida válida pela 7o rodada do Paulistão-2012, elevaram a rivalidade a patamares explosivos. Rival, aliás, não é atualmente o melhor termo para definir como os clubes se encaram. A relação é, no mínimo, tensa – isso para não dizer que são agremiações declaradamente inimigas. Quando entrarem no campo do Pacaembu, alvinegros e tricolores estarão disputando mais do que a liderança do Campeonato. O São Paulo, na condição de visitante, buscará um atestado de que a reformulação do elenco foi, de fato, benéfica e que o time pode aspirar voos mais altos em 2013 (o objeti-
vo mínimo é retornar a Libertadores). Vencer o atual campeão brasileiro, que sob o comando de Tite raramente perde, pode selar essa garantia. Mas para isso, terá de superar a ausência de seus maiores ídolos da atualidade e principais líderes do time, Rogério Ceni e Luis Fabiano que, contundidos, estão fora. O Corinthians quer ter a certeza que, no seu caso, quantidade é qualidade e se certificar que o inchaço do elenco é suficiente para suportar a pressão e conseguir o tão sonhado título continental. E nada como uma vitória sobre o São Paulo para dar ao time a confiança necessária para uma boa largada na Libertadores, na próxima quarta-feira, contra o Deportivo Táchira, na Venezuela. Perder pode tirar os times do
rumo, como aconteceu com o São Paulo em 2011. Líder invicto do Brasileirão, a equipe do Morumbi levou a histórica goleada por 5 x 0, com direito a frango de Ceni e show de Liédson, que fez três gols. A partir de então o time ficou desorientado na competição e não se estabilizou mais. Já para o Corinthians, uma derrota pode ser desastrosa para a estreia na Libertadores: colocaria mais peso nas costas de um elenco já pressionado, o que definitivamente não faria bem a um time que coleciona fracassos sucessivos além das fronteiras nacionais (que o diga o Tolima). Também não é difícil imaginar a tensão dos dirigentes dos dois clubes durante os 90 minutos. Isso porque os perdedores terão muito
que explicar a torcida. Já os vencedores certamente não perderão a chance de distribuir alfinetadas, prática comum entre cartolas tricolores e alvinegros, que há tempos cruzou a linha do bom senso. O bom início de Paulistão gera boas expectativas dos dois lados e os atletas tentam demonstrar confiança à torcida. “Ninguém vai ficar contente se perder. Nessa situação, brigando por uma liderança e antecedendo a estreia na Libertadores, todo mundo vai querer jogar”, afirma o goleiro corintiano Julio Cesar. Do outro lado, o meia Lucas acredita que São Paulo está pronto. “A cada dia estamos mais preparados nas condições física e técnica. Estamos totalmente preparados para o clássico”. Como se vê, os três pontos são o de menos nesse Majestoso.
Libertadores e “freguesia” são armas de provocação São-paulinos e corintianos têm, na ponta da língua, argumentos para cutucar o rival. A favor do São Paulo está o incontestável fato de ser o clube mais vitorioso do futebol brasileiro, 3 Mundiais, 3 libertadores (que o Corinthians jamais o conquistou) e 6 nacionais. Do Parque São Jorge, o troco vem com outro fato: falando do confronto direto, o time tricolor é “freguês” do Corinthians. São 114 vitórias contra 97 do rival, além de 97 empates. Outro recorde são-paulino é a quantidade de técnicos alvinegros demitidos após o Majestoso: 15 (Dino Sani caiu duas vezes), sendo que até Tite já entrou na roda, no Paulistão – 2005. Não há são-paulino que não se emocione ao lembrar da partida do dia 27 de março de 2011, quando Rogério Ceni chegou ao 100o gol da carreira, justamente contra o arquirrival. Era uma espécie de vingança contra o Corinthians, que dois anos antes, na semifinal do Paulista-2009, fez Ceni sofrer o 1000o gol da carreira em vitória por 2 x 1. O time do Parque São Jorge, aliás, é o maior algoz do goleiro tricolor: são 81 em 54 jogos, alcançados justamente na goleada por 5 x 0 do ano passado.
MAJESTOSO EM NÚMEROS Jogos
308
vitórias
gols
maior goleada
maior série invicta
114 449 5x0
14 jogos
97 430 6x1
13 jogos
em 10/03/1996 e 26/06/2011
em 20/09/1933
(10 vitórias e 4 empates) entre 19/10/1975 e 22/11/1979
(8 vitórias e 5 empates) entre 15/06/2003 e 14/07/2007
vitórias em mata-mata
11 7
Tite foi demitido em 2005 após perder do São Paulo
gestão
por Fernando Badô
Disputa nas urnas Foto:s Gazeta Press
para saber quem será o presidente do estádio da Copa
Parque São Jorge. A vida é curta e quero fazer um pouco daquilo que gosto. Quero aproveitar esse tempo para me dedicar ao Corinthians. Acho que o Corinthians está no caminho, mas, de certa forma, um pouco obscuro, sem contestar nada”, declara Paulo Garcia. Nas últimas semanas o clima de eleições tomou conta do Parque São Jorge e os candidatos estiveram no clube para fazer o corpo a corpo com eleitores. O candidato da situação, Mário Gobbi, só aparece ao lado de Andrés Sanchez,
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seu principal cabo eleitoral que acaba atraindo todas as atenções. No lado oposicionista, Paulo Garcia, que conta com apoio de ex-jogadores com Rincón, Vampeta, Dinei, Célio Silva, Ezequiel e outros, se aproxima ainda mais dos associados para escutar os problemas do clube e apresentar soluções. A batalha será difícil e ao vencedor caberá comandar uma nação de mais de 30 milhões de torcedores apaixonados pelo Corinthians. Resta saber quem será o eleito.
Juvenal imita Dualib e se eterniza no poder
Juvenal manda no São Paulo desde 2006
Mário Gobbi ao lado de Andrés Sanches: candidato da situação à presidência do
D
izem que a importância e a responsabilidade do cargo de presidente do Corinthians são tão grandes que só ficam atrás do presidente da República, do governador e do prefeito de São Paulo. E isso fica comprovado porque o próximo a comandar o Timão terá a honra de inaugurar o tão sonhado estádio do Alvinegro, mas ao mesmo tempo irá arcar com as dívidas que se acumulam. A eleição será realizada neste sábado das 9h às 17h, no ginásio do Parque São Jorge e para votar os sócios tem que ter no mínimo cinco anos de filiação ao clube e as mensalidade estarem em dia até dezembro. São aguardados em torno de 2.500 associados para o dia do pleito. Dois candidatos estão na
briga para comandar o Corinthians em uma eleição que promete ser a mais acirrada dos últimos anos. Pela situação está o delegado de polícia Mário Gobbi, que tem Corinthians conhecerá seu novo mandatário neste sábado. O empresário Paulo Garcia e o delegado Mário Gobbi são os candidatos
apoio do ex-presidente Andres Sanchez, e sustenta sua candidatura com as realizações da atual gestão, mas apresenta poucos projetos para os próximos anos.
APOIADORES DO TÁ LÁ:
“Temos que dar continuidade. Montamos um grupo, o grupo tem de seguir. O Corinthians é um gigante. Você não transforma um clube em quatro anos, então, tem de continuar essa mentalidade, essa filosofia”, declarou Gobbi. Já pela chapa da oposição, o candidato é o empresário Paulo Garcia, que pela terceira vez disputa o cargo de presidente do Corinthians. De família tradicional no clube, pois é filho de Damião Garcia, que já foi opositor do ex-presidente Alberto Dualib nas urnas na década de 90, Paulo pretende melhorar o trabalho que vem sendo feito no futebol com uma gestão mais profissional e quer resgatar o lado social do Corinthians, que ficou abandonado. “Sou corintiano, sempre vivi no
Em época que muitas ditaduras caíram, tanto dentro como fora do futebol, uma delas ainda resiste e começa a se tornar perigosa a cada ano que passa. No poder desde 2006, o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio segue os passos de alguns dirigentes que se agarram ao cargo e depois de muito tempo saíram do clube da pior forma possível, como foi o caso do ex-presidente do Corinthians, Alberto Dualib. Em seu terceiro mandato seguido, Juvenal Juvêncio viveu momentos gloriosos no clube como a conquista do tricampeonato brasileiro (2006, 2007 e 2008), mas desde então o clube não ganhou mais nada e já
começa o quarto ano em jejum de títulos. A oposição tenta combater esse continuísmo e se mobiliza para derrubar Juvenal Juvêncio. Apesar de estar no comando do clube, as últimas eleições ainda podem ser anuladas pois os candidatos oposicionistas entraram com recurso alegando que foi feita uma manobra irregular para que Juvenal pudesse se reeleger pela terceira vez. Já ficou por diversas vezes comprovado que o poder centralizado em apenas uma única pessoa e por muitos anos pode causar um mal tão grande a milhões de torcedores, que apenas tem a paixão pelo clube como seu grande apego.
corinthians
a obsessão corintiana Ex-ídolos, Basílio e Neto, acreditam que título da libertadores está perto de ser conquistado
Contagem regressiva. Na quarta-feira, dia 15 de fevereiro, o Corinthians vai começar a escrever mais um capítulo, o décimo de sua história, na Libertadores. Quando entrar em campo contra o Deportivo Tachira, da Venezuela, o sonho de milhões de torcedores de conquistar a América vai ser revivido outra vez. Em busca do título inédito, o Corinthians manteve a base do time campeão brasileiro. E entre tentativas frustradas de contratar Tevez e Montillo, o principal reforço acabou sendo Douglas, que deixou o Grêmio e é mais uma opção para o meio de campo. A primeira fase parece não assustar. Além do time venezuelano, o Corinthians vai medir forças contra o Nacional, do Paraguai, e o Cruz Azul, do México. Mas para quem passou o vexame de no ano passado ter sido eliminado pelo Tolima, na Pré-Libertadores, todo cuidado é pouco. A maior precaução é evitar a ansiedade. No discurso do técnico Tite e dos jogadores, a Libertadores tem sido tratada como um prêmio a ser conquistado e não como
um fardo. Se funcionar na prática, meio caminho terá sido andado. A longa espera já gerou violência por parte dos torcedores. Em 2006, na eliminação contra o River Plate, cenas assustadoras ainda vivem na memória corinthiana. Em 2000, cinco meses depois de ser campeão mundial, os torcedores foram tirar satisfação, no Parque São Jorge, pela segunda eliminação consecutiva contra o Palmeiras e Edilson deixou o clube logo depois. Hoje ex-ídolos como Basílio e Neto, que já disputaram a Libertadores, vêem o sonho muito próximo de ser realizado. “O time tem trabalhado com tranquilidade e não tem se deixado envolver pela pressão. Esse grupo está no caminho certo e tem muita determinação”, diz Basílio. Neto concorda com o Pé de Anjo. “Já perdeu várias, acho que dessa vez tem grandes chances de ser campeão”. Mas o atual comentarista e apresentador da TV Bandeirantes acha, sem trocadilhos, que Adriano pode ser o fiel da balança nes-
POR Marcelo Tieppo
sa conquista inédita. “Se o Adriano continuar, acho que o Corinthians vai perder essa Libertadores. É um erro que está sendo prolongado, ele ganha muito dinheiro e o Corinthians é povão, é sofrimento”. Logo depois, Neto complementa. “Mas se ele estiver a fim, pode ganhar a Libertadores pro Corinthians também”. Por enquanto, o Imperador, que só jogou meio tempo em um amistoso contra o Flamengo, ainda não está garantido nem na lista dos 25 jogadores que o técnico Tite vai inscrever para a Libertadores. Foto: Gazeta Press
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Campeão paulista e da Copa do Brasil em 2009, Douglas volta ao Corinthians para tentar o inédito título da Libertadores
O dia em que o Timão
revelou Batistuta Na segunda vez em que disputou a LIbertadores, o Corinthians vinha credenciado com o inédito título brasileiro, conquistado em 90, por obra e pés de Neto. O Timão venceu na final o forte time do São Paulo, que já era treinado por Telê Santana. “Era uma baita várzea. Ninguém no clube dava importância pra Libertadores. A gente ficava em hotel de quinta categoria. A gente disputava por disputar e mesmo assim conseguimos passar da primeira fase na base da raça”, lembra Neto. Nas oitavas-de-final, o Timão foi eliminado pelo Boca Juniors e, embora, ainda não houvesse a pressão doentia por conquistar o título sul-americano, surgiu o primeiro vilão da Libertadores: o zagueiro Guinei, que falhou nos dois jogos contra o time argentino. No jogo de ida, o Boca venceu por 3 a 1, com dois gols de Batistuta. Na volta, com o Morumbi com mais de 65 mil torcedores, Guinei escorregou, Graciani aproveitou e fez um 1 a 0. O Corinthians ainda empatou o jogo, mas foi desclassificado. A lista de “vilões” aumentou,
principalmente depois que o São Paulo foi bi na Libertadores, em 92 e 93. Em 96, na eliminação para o Grêmio, sobrou para o técnico Eduardo Amorim, demitido após a goleada por 3 a 0, nas quartas-de-final. Com Valdir Espinosa, o Corinthians conseguiu a vitória por 1 a 0, em Porto Alegre, mas ficou sem a vaga. Em 2003, os laterais esquerdos derrubaram o Corinthians contra o River Plate. Kleber foi expulso, quando o Timão vencia por 1 a 0 e o River venceu o jogo por 2 a 1. No jogo de volta, nova derrota por 2 a 1 com outra expulsão: a do lateral-esquerdo Roger, que ouviu o “pega pega” do técnico Geninho e deu um chute em D´ Alessandro. Nova expulsão e nova eliminação. Em 2006, outra vez o River eliminou o Corinthians de Tevez, com direito a gol contra de Coelho, o novo vilão. E até o Fenômeno sentiu o gostinho da maldição da Libertadores. Ronaldo encerrou a carreira logo depois do vexame contra o Tolima, no ano passado. Guinei ficou marcado pelo fracasso de 1991
A primeira Libertadores
a gente esquece
Basílio: “Ninguém queria saber de Libertadores em 76”
Atualmente, o Campeonato Paulista virou quase um treino de luxo para quem disputa a Libertadores. Jogadores são poupados, os torcedores quase não se importam, ainda mais agora que oito times são classificados para a fase final do
torneio, o que praticamente impede que um time grande fique fora da briga pelo titulo. Mas nem sempre foi assim. Pouca gente lembra, mas em 77, o Corinthians disputou a sua primeira Libertadores. Naquela época, o
mais difícil era entrar na competição. Não existia Copa do Brasil e o Brasileiro classificava o campeão e o vice, no caso, Internacional e Corinthians, que fizeram a decisão de 76, vencida pelo clube gaúcho. “Depois do vice em 76, a imprensa e os torcedores só falavam do Estadual de 77. Ninguém dava bola pra Libertadores, era um torneio considerado sem importância”, diz o ídolo Basílio. O que os torcedores queriam era o fim do jejum de 23 anos sem título do Timão. Basílio marcou o gol inesquecível, na final contra a Ponte Preta, e lembra de um detalhe curioso daquela Libertadores. “Durante um jogo contra o Deportivo Cuenca, o Brandão falou pra mim que não via a hora de aquilo ali acabar pra se concentrar apenas no Paulistão”. E acabou logo mesmo, na primeira fase, em que além de Internacional e Deportivo Cuenca, do Equador, também fazia parte do grupo, o El Nacional, outro time equatoriano.
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1999 e 2000: Os anos que não
acabaram para o Timão Na teoria, o final do século 20 foi inesquecível para os corinthianos. O bicampeonato brasileiro em 98 e 99 e a conquista do Mundial da Fifa, em janeiro de 2000, em termos de resultados foram os melhores da história do clube, mas... No meio do caminho tinha a Libertadores, sempre ela. Naquela altura já com o São Paulo bicampeão do
torneio (92/93), a obsessão corinthiana começou a aumentar. O consolo era que o maior rival, o Palmeiras, também não havia conquistado o título. O destino colocou os dois rivais no mesmo grupo da Libertadores em 99. O Verdão, como campeão da Copa do Brasil, e o Timão, como campeão brasileiro. Uma vitória pra cada lado na primeira fase e os
dois seguiram em frente na competição. Mas voltariam a se cruzar em dois jogos épicos, pelas quartas-de-final. No primeiro, ainda sob o comando de Evaristo de Macedo, o Timão massacrou o Palmeiras, mas foi derrotado por 2 a 0, graças a defesas memoráveis de Marcos. Uma semana depois, já com Oswaldo de Oliveira como treinador, o Corinthians deu o troco pelo mesmo placar: 2 a 0. A decisão foi para os pênaltis. Vampeta e Dinei desperdiçaram as cobranças e o Timão foi eliminado, mas saiu aplaudido pelos torcedores. A situação mudou no ano seguinte. O Palmeiras tinha perdido jogadores importantes e o Corinthians
manteve a base. Os dois se encontraram dessa vez na semifinal. O Timão venceu a primeira por 4 a 3. No segundo jogo, um empate era o suficiente. O Palmeiras saiu na frente com Euller, mas Luizão marcou duas vezes e aumentou a vantagem corinthiana. Só que Alex e Galeano, no finalzinho, viraram a partida: 3 x 2. Nos pênaltis, São Marcos defendeu a cobrança de Marcelinho e o sonho virou pesadelo mais uma vez. “O que ninguém fala é que o Marcos se adiantou dois metros pra defender esse pênalti. Tinha que ter voltado a cobrança”, reclama Neto. O eterno xodó da Fiel acha que o timaço de 99 e 2000 não cometeu
erros. “Ali foi coisa do futebol. Não faltou nada, os jogos foram muito equilibrados”. Basílio discorda do atual comentarista. “Aquela pressão que começou a existir pelo título foi muito grande e eles sucumbiram na hora da chegada”. E o homem que acabou com um jejum de 23 anos sem título vê o grupo atual mais preparado. “Individualmente aquele time era muito superior, mas esse atual tem mais determinação”, acredita Basílio. “Tem que haver respeito entre todos os jogadores, como havia no grupo de 90, quando ganhamos o Brasileiro. Se isso acontecer, a chance de ganhar o título é enorme”, aposta Neto.
Corinthians na libertadores
1977
13o lugar
1991
11o lugar
1996
5o lugar
1999
6o lugar
2000
4o lugar
2003
10o lugar
2006
12o lugar
2010
9o lugar
2011
37o lugar
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especial - altitude
POR João POR joão henrique pugliesi
A estratégia do Santos para vencer a altitude Maior adversário do peixe na estreia da Libertadores serão os 3600 metros acima do nível do mar de La Paz
O
Santos vai sentir na pele o que todos os times passam quando vão jogar na altitude. A estreia na Libertadores da América vai ser no próximo dia 15 de fevereiro contra o The Strongest, da Bolívia, na cidade de La Paz, localizada a mais de 3.600 metros acima do nível do mar. O fisiologista do Santos, Luís Fernando de Barros, traçou uma estratégia que vai ser implantada para este início de caminhada rumo ao tetracampeonato sul-americano. “Chegaremos um dia antes do jogo na cidade de Santa Cruz de la Sierra, que fica a 400 metros de altitude e iremos para La Paz, no dia do jogo, cinco horas antes da partida, para atuar num estádio que fica 3.660 metros acima do nível do mar. Desta maneira, tentaremos minimizar
os problemas de altitude dentro do que o nosso calendário permite”, avalia o fisiologista, que é filho de Turíbio Leite de Barros, profissional que por muitos anos atuou como fisiologista no São Paulo e que também enfrentou situação semelhante com o Tricolor. O preparador físico Ricardo Rosa também integra a equipe de especialistas do Santos, tendo participado de todo o planejamento. “Até o dia do jogo da Libertadores, teremos pouco mais de 20 dias de preparação. Infelizmente não é o tempo ideal para que os jogadores estejam em plenas condições. A cada mil metros de altitude, é necessária uma semana de preparação. Na altitude, o atleta perde condição aeróbica e, certamente, por ainda não estarem bem fisica-
mente, vão sentir um pouco mais”, avalia Ricardo Rosa. Até a partida diante dos bolivianos, os titulares do Santos só terão disputado quatro jogos (Oeste, Palmeiras, Botafogo e Linense). “O ideal mesmo seriam seis, sete partidas. Mas pode ocorrer deles não sentirem nada. Isso é uma coisa muito individual. Um bom condicionamento físico não garante que eles não vão sofrer com a altitude. Quem sofre mais pode até ter uma condição física melhor. A gente trabalha e estuda a melhor maneira de diminuir o problema para todos”, ressalta o preparador físico do Peixe. A altitude é mesmo uma inimiga a ser batida. “Historicamente existe muita diferença pra quem joga na altitude. Já foram feitos tantos
estudos nos últimos 100 anos. Estudos que mostram até mesmo a relação do número de gols pra cada mil metros de altitude. Se não fosse um problema importante não se reclamaria tanto por jogar na altitude”, salienta Luís Fernando de Barros. Existe também a preocupação com a alimentação. Após reuniões
com a nutricionista do clube, Sandra Merouço, Ricardo Rosa explica: “Ficou decidido que vamos fragmentar mais a alimentação, que será mais leve durante todo o dia. Isso vai ajudar no condicionamento do atleta, que desde a volta às atividades vem recebendo uma carga maior de treinamento visando este jogo na Bolívia.”
Santos, de Neymar, chegará a La Paz no dia da partida contra o The Strongest
Efeitos da altitude Até então os vários efeitos podem ser tratados em baixas altitudes, imediatamente após detectados. A zona a partir de 7000 metros é conhecida como “Zona da Morte”. Profissionais e certos povos frequentemente ultrapassam essa faixa, o pico do Everest esta próximo a 8550 metros. Mestro para eles, todo cuidado é pouco.
Com os níveis de oxigênio diminuindo o cérebro mostra seus efeitos mais pesados, perda de memória, discernimento, senso de direção. Os pontos que controlam o equilibro e coordenação diminuem seu ritmo. Para compensar o corpo manda mais sangue para o cérebro, produzindo inchaço que pode causar fortes dores de cabeça, confusão, alucinações e coma.
acima de 5000 metros
O corpo tenta compensar na eficiência do consumo, a falta do oxigênio. Mais hemácias serão produzidas, isso fará com que o sangue fique mais espesso, aumentando o ritmo em que o coração trabalha. O plasma sanguíneo vaza para os pulmões, os casos fatais de edema pulmonar estão próximos a 3600 metros
3000 a 5000 metros 2000 a 3000 metros Respiração crítica, 30% de aproveitamento do oxigênio
1000 a 2000 metros
No nível do mar a concentração de oxigênio no ar é aproximadamente 21%. Conforme subimos a pressão atmosférica diminui, fazendo com que as partículas de oxigênio fiquem mais disperças.
aclimatação
Respiração pesada, 60% de aproveitamento do oxigênio
0 a 1000 metros Respiração normal, 85% de aproveitamento do oxigênio
A menor pressão faz com que a respiração seja mais difícil, fazendo com que o atléta se esforce mais. Em pontos mais elevados isso faz com que o corpo perca mais água, principalmente pelos pulmões, podendo causar níveis de desidratação que variam com a altitude.
Estima-se que levamos 15 dias para nos acostumar a uma altitude de 2500 metros, a partir daí, a cada 610 metros é preciso de uma semana a mais para aclimatação total. Esses efeitos são perdidos em média 20 dias após o retorno ao nível do mar. Fatores biológicos pessoais também influênciam nesse preíodo, podendo demorar mais ou menos tempo para se acostumar ao novo ambiente.
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Zetti e as várias histórias
em jogos na altitude
O ex-goleiro do São Paulo enfrentou a altitude pelo Tricolor e também pela Seleção. Como técnico do Paraná, perdeu para o Potosi
Z
etti era goleiro do Brasil quando a Seleção perdeu o primeiro jogo em sua história nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Foi em 1993, Zetti estava na reserva de Taffarel e foi protagonista de um drama que durou alguns dias. O Brasil foi jogar as Eliminatórias para a Copa dos Estados Unidos contra a Bolívia, no dia 25 de julho de 1993, no estádio Hernando Siles, na cidade de La Paz, a 3.600 metros de altitude. O Brasil perdeu por 2 a 0 e Zetti foi pego no exame antidoping por causa da presença de cocaína, oriunda do chá feito com folhas de coca, oferecido no aeroporto, que serve para amenizar os efeitos da altitude. Zetti e o lateral da Bolívia, Rimba, ficaram suspensos por quatro dias até que a Fifa entendesse que os
dois atletas não haviam ingerido qualquer tipo de droga ilícita para levar vantagem na atividade esportiva A relação de Zetti com altitude tem capítulos interessantes vividos também quando o número 1 defendia o São Paulo, no ano de 1992, ano em que o Tricolor do Morumbi conquistava o seu primeiro título da Libertadores. Jogo no dia 17 de março, contra o San Jose, na cidade de Oruro, a mais de 4 mil metros acima do nível do mar. O São Paulo, na época comandado por Telê Santana, venceu a partida por 3 a 0, com três gols marcados pelo atacante Palhinha. “O Palhinha não sentiu nenhum desconforto. E ele foi um dos poucos. Jogou bem e marcou os gols do nosso time”, lembra Zetti. O São Paulo foi para a cidade de Oruro no dia do jogo em um avião
Arquivo pessoal do João Henrique Pugliesi
EU ESTIVE LÁ
La Paz, capital boliviana. Eliminatórias para a Copa do Mundo dos Estados Unidos. Ao lado do companheiro Márcio Trevisan e do fotógrafo Hélio Norio, eu formava a equipe do jornal “A Gazeta Esportiva”, escalada para acompanhar Brasil x Bolívia. O ano foi 1993, portanto há 19 anos, o fôlego de um garoto de 22 anos e o entusiasmo que a cobertura de um grande evento proporciona faziam com a inimiga chamada altitude fosse minimizada. Aliás, este o maior erro quando se enfrenta o desconhecido. Márcio Trevisan, mais experiente e
O estádio Hernán Siles em 1993
sempre mais comedido, respeitou os alertas que nos foram passados durante toda a viagem. Em todos os momentos, nos era transmitido que andássemos devagar, que respirássemos tranquilamente. Até mesmo que falássemos só o necessário. Após alguns dias em Santa Cruz de la Sierra, cidade boliviana ao nível do mar, seguimos para La Paz no dia da partida contra a Bolívia. Ao chegarmos no aeroporto El Alto (4.061 metros), o mais alto do mundo, já percebíamos a diferença. Naquela época, viajávamos no mesmo avião da Seleção Brasileira, ao lado de jogadores e comissão
da força aérea boliviana. Nos 90 minutos, o São Paulo foi superior aos bolivianos, apesar da altitude. “Eu me senti mal mesmo. A cada defesa tinha que fazer um movimento mais rápido, daí faltava o ar. Era muito abafado”, explica. Zetti voltaria à Bolívia anos mais tarde, agora como treinador. Em 2007, jogando a Libertadores, o então técnico do Paraná Clube preparava seu time para enfrentar o Real Potosí, mesmo adversário que o Flamengo pegou na pré-Libertadores deste ano. Mais experiente e desta vez do lado de fora das quatro linhas, Zetti teve a triste experiência de ver seus atletas sofrerem dentro de campo. O Paraná perdeu por 3 a 1, mas o maior adversário mais uma vez foi a altitude. “Os jogadores sentiram a vista escurecer. Em determinados momentos,
técnica. O mesmo chá de coca, tomado pelos atletas, entre eles o goleiro Zetti, nos foi oferecido, a fim de amenizar os efeitos da altitude. Tínhamos pouco tempo para mandar o material para o jornal. Realmente não é fácil você tentar puxar o ar para respirar e este ar chega até você com muita dificuldade. É angustiante. Por alguns instantes, esqueci as recomendações e andei a passos mais rápidos. Quase fui à lona. Fôlego acabou em segundos e tive que me sentar imediatamente. Trevisan foi jornalista e enfermeiro naquele instante. Enviou nossas matérias enquanto eu descansava. Momentos depois fui saber que Hélio Norio havia passado mal. Regiane Ritter quase desmaiou e o fotógrafo da Folha de S.Paulo, Jorge Araújo, também tinha encontrado muita dificuldade para respirar. Passei o dia inteiro com muita tontura e nem sei como consegui acompanhar ao jogo no estádio, mas o Brasil perdeu para a Bolívia (2 a 0), a primeira derrota brasileira em Eliminatórias. Jogadores passaram mal e o resultado foi claro: Altitude 2x0 Brasil. João Henrique Pugliesi, 41 anos, era repórter de A Gazeta Esportiva e, em 1993, acompanhou os jogos da Seleção Brasileira nas Eliminatórias para a Copa dos EUA.
Zetti ao lado de Taffarel em 1993: suspensão por causa do chá de coca tomado para aliviar os efeitos da altitude
tiveram ânsia de vômito. O atleta tem que correr os 90 minutos e isso atrapalha muito. Foi necessário o uso de tubos de oxigênio no in-
tervalo, mas jogadores não sentiram bem e até pediram para serem substituídos. A altitude se torna a maior adversária”, salienta Zetti.
Fifa já chegou a proibir
jogos na altitude Partidas de futebol disputadas na altitude já foram tema de vários simpósios propostos pela Fifa. Em 2007, a entidade que comanda o futebol mundial chegou a proibir a realização de jogos em cidades com altitudes acima de 2.750 metros porque as equipes visitantes não teriam tempo suficiente para adaptação. A decisão causa muita polêmica, já que cidades como La Paz, na Bolívia, a 3.600 metros acima do nível do mar, e Quito, no Equa-
dor, a 2.830 metros, não poderiam receber partidas de clubes e seleções, o que afetaria com certeza o desempenho daqueles países nos Jogos Eliminatórios para a Copa do Mundo da África do Sul. Mas, enfim, a Fifa cedeu às pressões políticas e, no dia seguinte ao da proibição, já permitia a realização dos jogos. O Brasil chegou a atuar em La Paz, sob o comando de Dunga, e perdeu para os donos da casa pelo placar de 2 a 1. A Argentina chegou até a passar vexame. No jogo disputado no estádio Hernando Siles, em La Paz, a Bolívia fez 6 a 1 diante dos hermanos, comandados por Diego Maradona que, inclusive, defendia os jogos na altitude. Mas no fim das Eliminatórias, a Seleção Brasileira e os argentinos estavam classificados e disputariam a Copa em gramados africanos. Os bolivianos mais uma vez assistiriam pela televisão. Como treinador, Maradona levou de 6 a 1 da Bolívia na altitude
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cultura
Fernando Badô
Foto: Gazeta Press
No carnaval, futebol fica no museu Para evitar abstinência do esporte bretão durante a folia, fãs podem visitar acervos históricos dos clubes
O
futebol para no domingo de carnaval, mas só dentro das quatro linhas. Aqueles que são mais fanáticos e preferem não se jogar na folia, não precisam lamentar a ausência de rodada dos campeonatos estaduais: basta visitar um dos vários museus de futebol existentes na cidade de São Paulo para evitar uma crise de abstinência. Além do Museu do Futebol, que fica no estádio do Pacaembu, a cidade abriga os memoriais de Corinthians, Portuguesa e São Paulo. Já os santistas da capital podem pegar o sistema Anchieta-Imigrantes e ir até o litoral passear pelo Memorial das Conquistas, na Vila Belmiro. Os Palmeirenses, porém, terão que esperar um pouco para poder recordar os grandes momentos do
clube, já que o novo museu do alviverde só será inaugurado junto com a Arena Palestra Itália. No local, o clube vai reunir não só os troféus conquistados ao longo da história mas também registros e personagens importantes de todos os tempos. Nos locais, os torcedores podem ver de perto as taças das maiores conquistas de cada um e rememorar os momentos mais marcantes da história – que muitas vezes não vive só de futebol – e os maiores ídolos que vestiram a camisa dos clubes. Inaugurados em épocas diferentes, cada museu apresenta peculiaridades: uns são mais luxuosos, outros são mais modernos, mas a certeza é que são igualmente emocionantes para os torcedores.
Museu tricolor organiza Tente imaginar o tamanho do trabalho de organizar as glórias do São Paulo em um único local. E não se trata apenas de futebol, mas de ícones do esporte como o boxeador Eder Jofre, campeão mundial em quatro oportunidades, e o triplista Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico no salto triplo. Com esse objetivo o memorial do São Paulo foi inaugurado em 1994, quanto o time já era bicampeão do mundo. Por ser antigo, se comparado aos de Corinthians e Santos, tem um conceito que lembra mais uma belíssima sala de troféus do que um museu de fato, o que, em se tratando de São Paulo, não é nenhuma desvantagem. São dois andares de muitas taças. O primeiro piso é dedicado ao futebol, enquanto o andar de cima reúne as conquistas em outros esportes. Além disso, o visitante pode conferir um acervo de vídeos das glórias tricolores. Vale destacar, no teto, a estátua do atacante Leônidas da Silva dando uma bicicleta, que se tornou a marca registrada do memorial.
Divulgaçao
extensa lista de glórias
MEMORIAL LUIZ CASSIO DOS SANTOS WERNECK Local: Estádio do Morumbi (Praça Roberto Gomes Pedrosa, 01) Preço: entrada gratuita pelo portão 17 do Morumbi Horário: das 9h às 16h30 (dias úteis) ou das 12h às 16h30 (fins-de-semana e feriados). Não abre em dias de jogos. Site: www.passaportefc.com/ morumbi.html Telefone: (11) 3739-3589
Pelé e Neymar
são destaques entre conquistas do Santos Os 380 m2 do memorial santista não são suficientes para abrigar toda a historia do alvinegro da Vila Belmiro, mas isso não quer dizer que se trata de uma decepção. Ao contrário, o museu do Santos reúne uma vasta coleção de fotos, uniformes e bolas, entre outros itens, que resgatam a rica história do clube. Não à toa, o local recebeu, em 2011, mais 115 mil visitantes. O Espaço Pelé, dedicado exclusivamente ao melhor jogador de todos os tempos, reúne peças do acervo pessoal do ex-jogador. Em janeiro, Neymar também ganhou um espaço exclusivo, que traz, além da foto e das chuteiras, uma placa pelo gol marcado contra o Flamengo, considerado pela Fifa como o mais bonito do mundo em 2011. O visitante ainda pode conferir lances memoráveis de todas as épocas, que estão disponíveis em aparelhos multimídia.
MEMORIAL DAS CONQUISTAS PEDRO ERNESTO GUERRA AZEVEDO Local: Estádio da Vila Belmiro (Rua Princesa Isabel, s/ no Santos) Preços: R$ 10 para visita monitorada (memorial + camarotes térreos + sala de imprensa + vestiário + campo); R$ 6 para visita simples (memorial + arquibancadas); meia entrada para estudantes, professores, menores de 7 a 17 anos, aposentados acima de 60 anos e sócios; gratuito para crianças de até 6 anos Horário: De terça a domingo e feriados, das 9 às 18h, com permanência até às 19h. Site: www.santosfc.com.br Telefone: (13) 3225-7989
História da Portuguesa é narrada com objetos O Museu Histórico da Lusa, inaugurado em 1992, é um dos pioneiros do futebol brasileiro. Tudo graças à iniciativa de um torcedor apaixonado, o médico Eduardo de Campos Rosmaninho, que começou a reunir uma coleção de objetos ligados a momentos marcantes da Portuguesa. “Contamos a história do clube com fotos, troféus, medalhas, uniformes e recortes de jornais”, explica Vital Vieira Curto, que assumiu a responsabilidade
pelo o museu juntamente com outro voluntário, Manuel Maria, após o falecimento de Rosmaninho. O acervo compõe uma das mais bem servidas biblioteca de jornais, revistas e periódicos de todos os clubes de São Paulo. Mais 2 mil itens de compõem a coleção do museu, mas o clube continua aceitando doações, que podem ser encaminhadas aos cuidados do departamento do patrimônio histórico. Só troféus são 900, que
vão do futebol à malha, passando por basquete, vôlei e pugilismo, ente outros. MUSEU HISTÓRICO DA LUSA Local: Rua Comendador Nestor Pereira, 33 – Canindé. Horário: sábados, das 11h às 14h Site: www.portuguesa.com.br Telefone: (11) 2125-9400
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Corinthians inova com
Inovador, tecnológico e interativo. É com essa trinca de conceitos que o Corinthians conta sua história centenária. Os visitantes podem acessar paineis de informações que reúnem dados sobre todas as partidas disputadas pelo clube até hoje e ver muitos gols históricos. Além disso, há um espaço com jogos eletrônicos que simulam partidas entre formações clássicas do alvinegro. Um dos destaques é a primeira sala, conhecida como vestiário, onde o visitante se sente um jogador prestes a entrar em campo,
o que é simulado na sala seguinte, quando um grande painel circunda o ambiente, dando uma amostra da sensação que é entrar em campo e ver a fiel cantando nas arquibancadas. A marca registrada do memorial é o Hall dos ídolos, um conjunto de fotos em tamanho real com os 40 maiores ídolos da história do clube, escolhidos pela diretoria. A Calçada da Fama é outra parada obrigatória, que traz a reprodução em cimento dos pés de ídolos da equipe.
Divulgaçao
tecnologia e interatividade
Museu do futebol
Foto: Gazeta Press
apresenta relação entre futebol e cultura brasileira
MEMORIAL DO CORINTHIANS Local: Parque São Jorge – Rua São Jorge 777 Preço: R$ 15 (meia entrada para estudantes); entrada gratuita para sócios com a mensalidade em dia, crianças menores de 5 anos e idosos acima de 65 anos. Horário: das 10h às 17h de terça a sexta-feira e das 10h às 17h nos fins de semana e feriados Site: www.corinthians.com.br - Telefone: (11) 2095-3051
Quem visita o Museu do Futebol, localizado no estádio do Pacaembu, em São Paulo, não vai apenas aprender sobre a história do esporte: terá a oportunidade de se divertir e se emocionar. Lá, o visitante reviverá o século 20 e poderá notar o quanto de nossa cultura e do nosso comportamento estão relacionados à história do futebol. O local, com quase 7 mil m2², integra espaços: as arquibancadas servem de teto, e as duas alas são interligadas por um passarela que permite um visão panorâmica da praça Charles Miller. Ao todo são 15 ambientes temáticos que reúnem acervos sobre jogadores, clubes, torcedores, copas do mundo e estatísticas. No total, são 1.400 fotografias e seis horas de vídeo. Algumas salas são bastante curiosas, como a Rito de Passagem, que relembra um dos momentos mais tristes, e por isso mesmo marcante, do futebol brasileiro: a perda da Copa de 1950 após derrota por 2 a 1
para o Uruguai, no Maracanã. Com apoio de tecnologias acústicas, o visitante vive um clima tenso, de angustia, que procura simular o que sentiam os brasileiros naquele dia. Dividido em 15 ambientes temáticos, acervo de mais de 1.400 fotografias e se vale de recursos multimídia e interativo para ensinar e divertir ao mesmo tempo
E como não poderia faltar, há uma homenagem à dupla Pelé e Garrincha, que jamais perdeu uma partida jogando juntos, e à memória do radialismo esportivo. No térreo ficam as exposições temporárias (a última apresentava o futebol para deficientes visuais por meios de percepções sensoriais, como tato e áudio). Uma das salas de maior sucesso é
a Jogo de Corpo, onde o visitante pode cobrar um pênalti e descobrir a velocidade do seu chute. Na tela, um goleiro virtual tentará defender seu arremate. MUSEU DO FUTEBOL Local: Estádio do Pacaembu (Praça Charles Miller, s/n) Preço: R$ 6 (meia entrada para estudantes e idosos a R$ 3); Não pagam ingressos crianças até 7 anos, professores da Rede Pública (com apresentação de holerite) e pessoas com deficiência (a gratuidade é estendida para 1 acompanhante). Horário: das 9h às 17h (com permanência até às 18h) Site: www.museudofutebol. org.br Telefone: (11) 3664-3848
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