Revista Balaclava #1

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Revista

BALACLAVA

Holger

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BALACLAVA

BALACLAVA RECORDS É: A BANDA DE JOSEPH TOURTON, AQUASERGE, BILHÃO, BONIFRATE, CABANA CAFÉ, C CRUSADER DE DEUS, DO AMOR, DUCKTAILS, E A TERRA CIDREIRA, GORDURATRANS, HALA, HIEROFANTE PÚRPUR LUZILUZIA, MAC MCCAUGHAN, MAHMED, MANNEQUIN T CLUB, MINKS, NUVEN, OMBU, PARATI, PLUCKING WING APAIXONADOS, SENSIBLE SOCCERS, SHED, SINGLE PARE THE SOUNDSCAPES, TOPS, TRAILS AND WAYS, TYBUR T

Balaclava Records, segundo semestre de 2017

@balaclavarecords é Fernando Dotta @dotta,

Projeto Editorial: Isabela Yu @isabelayu,

Rafael Farah @rafael_farah

Produção Executiva: Heloisa Cleaver @heloisacleaver

e Heloisa Cleaver @helocleaver

Direção de Arte: Pedro Gabbay @pedrogabbay

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BALACLAVA

ABC LOVE, ALE SATER, ALEX BLEEKER AND THE FREAKS, CÂMERA, CHAMPU, CINNAMON TAPES, CLEARANCE, A NUNCA ME PARECEU TÃO DISTANTE, FRABIN, GIOVANI RA, HOLGER, HOMESHAKE, JUAN WAUTERS, KILL MOVES, TREES, MARRAKESH, MEDIALUNAS, MENEIO, MILD HIGH GS, QUARTO NEGRO, RADIATION CITY, RØKR, SÉCULOS ENTS, SPLASHH, SUPERCORDAS, TERNO REI, THE SHIVAS, RN SAINTS, VENTRE, WEDDING, WIDOWSPEAK, YUCK.

Colaboraram nessa edição

Bruno Brizzi @brunobrizzi, Isabella Gabriel @i__m__g, Manoela Chiabai @manoelachiabai, Mariana Kinker @marianakinker, Pedro Gabbay @pedrogabbay, Popoto Martins Ferreira @popotoraca, Renata Malzoni @rmalzoni, Tata Leon Evagelidis @tataleon, Yasmin Kalaf Lopes @kalaflopes, Pilar Moura @pilarmoura, Deborah Moreno @deborahmrd, Raphael Diniz @phaeldiniz

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APRESENTA

LINIKER E OS CARAMELOWS (SP), PINDUCA (PA), RUBEL (RJ), BOOGARINS (GO) FRANCISCO, EL HOMBRE (MEX/SP), ANA MULLER (ES), PLUTÃO JÁ FOI PLANETA (RN), LUISA & OS ALQUIMISTAS (RN), FAR FROM ALASKA (RN), DUSOUTO (RN), JUANAFÉ (CHILE), ORQUESTRA GREIOSA (RN), ZANDER (RJ), MENORES ATOS (RJ), TALMA&GADELHA (RN), PAULA CAVALCIUK (SP), DOT LEGACY (FRANÇA), LUÊ (PA), PROJETO RIVERA (CE), JOSEPH LITTLE DROP (RN), SEU PEREIRA E COLETIVO 401 (PB), MQN (GO), TERNO REI (SP), HEROD (SP), SKARIMBÓ (RN), LUAN BATES (RN), FINGERFINGERRR (SP), SIMONA TALMA (RN), DEAF KIDS (RJ), N.T.E. (RN), STOLEN BYRDS (PR), MOLHO NEGRO (PA), WATER RATS (PR), VIEIRA (PB), GRUPO PORCO DE GRINDCORE INTERPRETATIVO (MG), MAIS VALIA (SP), KOOGU (RN), ALOHA HAOLE (PI), CHICO CORREA (PB) DJ SET, RAS BARACK (RN), IGAPÓ DE ALMAS (RN), ANDRÉ PRANDO (ES), BRVNKS (GO), PATRICK TOR4 (PE), ACHILES (BA), GORDURATRANS (RJ), SEU NINGUÉM (RN), CHELL (GO), NIELA (GO), MONSTER COYOTE (RN), BORN TO FREEDOM (RN), DRENNA (RJ), CORONA KINGS (PR), HEAVENLESS (RN), G.A.S. (RN), SOUL REBEL (RN).

SIDE SHOWS – 22/10 A 19/11 (CENTRO CULTURAL DOSOL, EL ROCK E WHISKRITÓRIO) SCALENE (DF), MEDULLA (RJ), SELVAGENS À PROCURA DE LEI (CE), FETUTTINES (RN), CALISTOGA (RN), TALUDE (RN), YANTRA (SP), BACKDROP FALLS (CE), MINERVA (CE), DEMONIA (RN), SEIGAN (RN), CIRO E A CIDADE (RN), BEAR FIGHT (RN), + VÁRIOS SHOWS SURPRESA

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SE LIGA NOS PRÓXIMOS SHOWS QUE VÃO ROLAR NO CINE JOIA

CINEJOIA.TV - (11) 3101-1305 @CINE_JOIA

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/CINEJOIA

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GATO BRAVO VINTAGE SHOP

Várias coincidências rondam a Balaclava e o brechó Gato Bravo Vintage Shop. Fundada em dezembro de 2012, a loja também está comemorando meia década em 2017. Achados de viagens, peças únicas, hits do momento, tudo passa pelo olhar de Rachel Mancini. Agitando galeras de diversos circuitos, o espaço costuma receber um dia de música ao vivo na rua Avanhandava, dentro do projeto Gato Bravo Live. No lançamento do evento, o músico Pedro Pastoriz estreou o formato com músicas de seu disco solo. Na segunda edição, em parceria com o selo e a revista U+Mag, a tarde de shows apresentou Nuven, Angela Carneosso e Marrakesh. Como parte das celebrações – e por vários interesses em comum – fizemos uma troca de perguntas entre os meninos do Marrakesh e a Rachel. Gato Bravo Vintage, Rua Avanhadava 37 - São Paulo Siga @gatobravovintage @rachelmancini

Fotos por Alexandre Furcolin @afurcolin

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BALACLAVA

GATO BRAVO VINTAGE SHOP

Bruno Tubino e Thomas Berti para Rachel

Rachel para Bruno Tubino e Lucas Cavallin

QUAL O PAPEL DOS BRECHÓS NUMA ÉPOCA EM QUE MARCAS INDEPENDENTES NÃO PARAM DE SURGIR?

ACREDITO QUE PESSOAS CRIATIVAS NÃO SE LIMITAM A UMA COISA SÓ. VOCÊS TÊM OUTRAS PAIXÕES ALÉM DA MÚSICA?

Brechós sempre vão existir e serão cada vez mais valorizados pela sustentabilidade e qualidade. Precisamos repensar o consumo desenfreado e a indústria de fast-fashion. Com a velocidade da internet, muitas marcas independentes vão surgindo, mas poucas se sustentam. Super apoio marcas pequenas, acho importante rolar uma rede de parceria, assim todo mundo cresce junto. junto

Sim. Acreditamos que se envolver com outros tipos de arte faz bem para conseguirmos lidar com ideias.

COMO SEU INTERESSE EM APOIAR AS BANDAS/ARTISTAS DO ROLÊ COMEÇOU? Sempre fui muito ligada em música. Queria ser pianista quando era criança, cresci e ia em lojas de disco procurar as bandas que gostava. Ainda tenho muitos amigos músicos, então sempre acabo em shows, foi como escutei vocês. Fiz uma festa chamada ouioui durante cinco anos e tocava como DJ. Sou boa em fazer eventos e reunir pessoas, queria aproveitar o espaço da loja para fazer algo fora do comum. comum

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VÁRIOS DISCOS BONS FORAM LANÇADOS ESSE ANO, DIZ AÍ OS QUE VOCÊS MAIS CURTIRAM. O ano foi bem recheado mesmo! Mas o melhor lançamento na minha opinião (Bruno) é o Painted Ruins do Grizzly Bear. Também não pode faltar Tyler The Creator (Flower Boy) e Vince Staples (Big Fish Theory). Aqui no Brasil sem dúvidas é o do Giovani Cidreira (Japanese Food). JÁ VI QUE VOCÊS TEM BOM GOSTO PARA SE VESTIR, COSTUMAM GARIMPAR PEÇAS? Vamos regularmente, mas existem épocas de garimpo. A moda é uma forma de expressão. Então existe uma atenção que dedicamos a esse aspecto da arte, da mesma forma que dedicamos a qualquer outro fator que contribua para a ideia estética da nossa carreira.


GIOVANI CIDREIRA

Lançado em abril, Japanese Food, disco de estreia de @giovanicidreira, rendeu shows animados e encontros inesquecíveis. Veja alguns:

Depois da noite histórica de shows no Breve com o leke Negro Leo, a gente já se conhecia antes de se conhecer.

Em Salvador com Ava. Sem palavras, vê-la é sempre uma aula. Tátá Aeroplano. Ao chegar em São Paulo enviei umas 88 mensagens pro Tata, enchendo pra ele me encontrar, mas nunca rolava. Eis a foto do dia

giovani

em que a gente se bateu "do nada" numa noite especialíssima no Loki Bicho. Isso rende.

Com minha irmãzinha Josyara numa tarde dessas de cervejinhas por aí.

Eu só lembro que eu conheci o Lô Borges por causa da foto, a emoção foi tanta que minha mente guardou isso como um sonho surreal e distante.

Foto do meu primeiro encontro com o professor Dustan Gallas, regado a muita catuaba e conversa fiada – os bens do Brasil.

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BALACLAVA

MAHMED

MAHMED “Somos uma banda instrumental por acidente. Nunca paramos mahmed para pensar sobre uma decisão ou qual caminho seguir. Nos juntamos, começamos a tocar e as músicas foram aparecendo. Estava tão bom assim! O texto não reside só na palavra – existe seu entorno. Isso nos torna um instrumental diferente, porque não nos Is justificamos pela virtuosidade no instrumento, ninguém é muito showman e acabamos circulando em uma cena onde a maioria das bandas cantam. Apesar de alguns palcos se tornarem mais acessíveis, temos a impressão de que existe um alcance menor para as bandas sem vocal. Sentimos que precisamos nos forçar a elevar o ní nível para conseguir manter o ritmo. Outro ponto muito positivo e prático é só escutar o som que sai no palco, é muito mais fácil deixar ele bom sem voz”.

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Comenta sobre ser independente no país @mahmedmusik


LARISSA CONFORTO E LUCCAS VILLELA

SE JUNTAS JÁ CAUSA,

lari villela

IMAGINE

JUNTAS

Larissa Conforto e Luccas Villela discutem assuntos conhecidos e outros nem tanto. Entenda. Texto e Polaroids: Isabela Yu (@isabelayu) Foto: Filipa Aurelio (@filipaaurelio)

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BALACLAVA

SE JUNTAS JÁ CAUSA, IMAGINE JUNTAS

Larissa Conforto: Amigo, o que você tem escutado? Luccas Villela: Vou puxar os nomes pelo Spotify – minha cabeça não funciona mais. O aplicativo é um ambiente prolífero musical, apesar de predatório. Descobri uma banda de nome moderninho, chamada Helvetia, tem uma pegada meio Alex G, tipo indie bunda mole, sabe? Meu lado pau de nhoque.

lari villela

LC: Nunca escutei essa gíria antes, ou uma música assim. LV: Ah, é aquele som indie farofa, meio lo-fi. Seguindo essa linha, porém um pouco mais interessante, tem a Big Thief – projeto de uma menina que canta absurdos. As letras tem um lance Elliott Smith, são deprês, mas concisas. De rock tem o Slow Mass, uns caras novos dos EUA, mas que tocavam em outras bandas famosas do underground – não conheço nenhuma. Agora fala você.

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LARISSA CONFORTO E LUCCAS VILLELA

LC: Ah não, a mesma pergunta não dá. Teve algum

LC: "Se vocês estão vivos então o rock também está".

Bananada que você não participou?

Eles me amam, mas é porque vocês não viram meus

LV: Não participei do de 2015. Toquei em 2014 com o

outros grupos de Whatsapp. Quantos grupos você tem?

Lisabi, em 2016 com o Supercordas e esse ano com o E

LV: Não tenho muitos, só um com minha família. Mas é

a terra. Acho que essa conversa não está uma troca

aquela coisa política, às vezes é complicado. Tenho um E

legal. Você já tocou em outra edição do festival?

a terra e Ventre para resolver coisas burocráticas. Tipo,

LC: Toquei em 2016 com a Ventre. Choveu muito, achei

cadê minha caixa?

que foi meio burro da produção não colocar um palco

LC: Acho que o Theodoro deixou em casa no dia em

coberto, se sabe que chove naquela época do ano. Tive

que estava passando meio mal.

uma ideia: por que a gente não troca nossos discos?

LV: Ele tem um probleminha de azia.

Você me dá 10 e eu te dou 10. Acho esse assunto ótimo.

LC: Acho que não tenho esse problema por ser

LV: Você quer que eu introduza? Tem um grupo no

vegetariana.

Whatsapp que se chama rock. Não 'rock', mas

LV: Ah, é que o Lucas Theodoro gosta de comer lixo,

"roqueeee", onde estão as principais bandas do

beber muito e dormir pouco. A gente gosta de ir no

mainstream underground. Posso dizer assim?

McDonald's.

LC: Top 10 do novo rock nacional, um grande cartel.

LC: Qual hambúrguer você seria?

Afinal, o Instagram da 89 tá muito ruim, tem que fazer

LV: Seria o Big Tasty, sou grande e saboroso. O que você

uma invasão.

almoçou hoje?

LV: Ah, é o pessoal que "dita"a regra do rock nacional

vegetariano na Ana Rosa, com a LC: Comi em um vegetariano,

agora. Bandas como Supercombo, Far from Alaska,

Papisa. Você cozinha?

Scalene, Medulla e até o Dinho Ouro Preto. Estou

LV: Comi torrada com requeijão de almoço hoje. Fiquei

esquecendo alguém.

com preguiça, mas cozinho todos os dias. Comprei um

lari villela

LC: Eles marcam uma reunião por semana para discutir

tabletinho de curry que consigo misturar em tudo. Acho

os termos da grande união. Um dos termos é trocar

que não tenho um carro chefe, sou uma pessoa que

discos. Você me dá dez discos seus, eu te dou dez meus,

improvisa.

a gente coloca na banquinha e ganha dinheiro. Você

LC: Você gosta de improvisar?

vende os meus, se vira, mesmo se a música for uma

LV: Acho que a gente tem que gostar de improvisar, nós,

merda. Tem até ata de reunião.

como bateristas.

LV: Saí do grupo logo que o Dinho entrou porque eu só

LC: Isso reflete na sua persona.

conseguia pensar na foto dele com o juíz Moro. A Lari

LV: Com certeza. Mas sempre compro a mesma coisa no

brilhou nesse episódio. Ele entrou e escreveu um

mercado. Gosto muito de vagem, excêntrico, né? Gosto

pequeno texto ufânico sobre a música nacional – o

de ervilha torta, mas acho que essas coisas podem ter

quanto somos significativos para a cena, tipo Power

outro nome, como a mandioquinha que chama batata

Rangers. O pessoal deu boa vinda pra ele. A Lari foi lá e

baroa no Rio.

disse: "Dinho, seja bem viado". Ele disse que ia tentar

LC: Comi tudo isso hoje.

"rs" ser e falou "rs".

LV: Sei fazer aquele chili vegetariano como daquela vez que ficamos na sua casa do Rio. LC: Sim, vocês compraram feijão de lata. LV: Normalmente eu faço o feijão, mas sim. Comemos muito. LC: Vocês sabiam que a primeira vez que ele foi em casa – eu não estava? LV: Sim, ela deu a chave. Mas não foi que eu entrei dando bica na porta, estava com o Lisabi, foi em 2014. LC: Eu fiquei em Petrópolis aquele dia, talvez seja janeiro de 2015 – a Ventre ainda não tinha disco.

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NUVEN

Gustavo Teixeira tem uma coleção legal de sintetizadores e coisas que você nem sabia que dava para usar para se produzir uma música em casa. Heloisa Cleaver perguntou algumas curiosidades sobre o processo por trás do projeto @nuvenmusic, leia a seguir.

POR QUE PRODUZIR EM CASA? VOCÊ FEZ VÁRIOS CURSOS DE PRODUÇÃO E DJ, Pela liberdade criativa e praticidade. Você pode fazer a

PESSOALMENTE, EDUCAÇÃO TE DÁ UMA

qualquer hora, sem esperar nada de ninguém. Comecei fazendo

PERSPECTIVA DIFERENTE PARA A MÚSICA?

umas brisas de guitarra – sem bateria – em 2010, junto de uns pedais de efeito e um synth microkorg. Depois disso, comecei a

Certas coisas ajudam, mas quanto mais informações você tiver,

pesquisar ferramentas que me ajudassem a transformar essas

talvez seja melhor para seu senso crítico. Tem muita gente que

ideias em músicas.

não tem formação nenhuma e manda muito, mas acho que saber um pouco sobre notas e intervalos facilitam. Além de que

VOCÊ ACHA QUE É NECESSÁRIO SER MÚSICO PARA

tem muita informação na internet hoje em dia. Arrisco dizer

FAZER SOM NO QUARTO?

que a maneira que mais aprendi foi com vídeo do Youtube, fui

Acho que não, só precisa gostar de mexer em coisas. Depende

pensei em dar aula e fazer a parada em português português.

um millennial pesado – entrava na noia e zerava os vídeos. Até muito do tipo de som que você quer produzir. Hoje em dia, você faz se tiver um computador. Comecei gravando

NOSSA GULÃO VOCÊ PRECISA FAZER UM CANAL DO

instrumentos acústicos e depois entrei na parte de sequenciar

YOUTUBE!

beats, instrumentos virtuais e a entender mais sobre síntese sonora. Peguei um sintetizador pela primeira vez em 2009, nem

Acho bem improvável na verdade mas quem sabe um dia. O

sabia o que fazer com o negócio e usava como pianinho.

Júnior (Sandy e Junior) tem um, já vi um vídeo.

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GOOD TIMES CO. ˜ FIND US ON THE INTERNET ˜

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BOLOVO.COM @BOLOVO


HOMESHAKE

PREGUIÇOSO E NEGATIVO Enviamos um e-mail com algumas perguntas para o Peter Sagar, do Homeshake, um dos nomes do lineup do Balaclava Fest. Leia o que ele respondeu:

homeshake

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BALACLAVA

HOMESHAKE

Q: QUAIS SÃO AS COISAS QUE VOCÊ MENOS

Q: SE O HOMESHAKE FOSSE UM ANIMAL, QUAL

GOSTA HOJE EM DIA?

SERIA? E POR QUE?

A: Desassociação e o jeito que meus olhos ficam Q: QUAL A TENDÊNCIA DO MUNDO POP QUE

depois de olhar para uma tela por horas.

VOCÊ MAIS GOSTA NESSE ANO? Q: VOCÊ PODE LISTAR OS SEUS

ÁLBUNS

FAVORITOS DO INÍCIO DOS ANOS

Q: VOCÊ TEM ALGUMA MÚSICA FAVORITA DO

?

LINKIN PARK?

A: D’Angelo, Ciara e Missy Elliot.

A: Não. Q: Q QUAL FOI O PRIMEIRO SHOW QUE VOCÊ FOI? A: O Edmonton Folk Music Festival com 2 anos de

Q: KANYE W WEST OR JAYYZ?

idade.

A: OS DOIS.

Q: VOCÊ TEM ALGUMA PREOCUPAÇÃO NA SUA

Q: QUAL A SUA MEMÓRIA FAVORITA DA

MENTE NO MOMENTO?

INFÂNCIA?

A: Não, eu to bem, acho. Q: QUAL O MELHOR CONSELHO QUE VOCÊ JÁ Q: Q QUAL ÁREA DA SUA VIDA VOCÊ SE SENTE

RECEBEU?

MAIS CONFIANTE? A Q: TINHA ALGUMA COISA DO SEU

A: A área musical. Q: VOCÊ CONHECE ALGUM ARTISTA

COMPORTAMENTO QUE SEUS PAIS homeshake

BRASILEIRO? SE SIM, QUEM?

RECLAMAVAM QUANDO ERA CRIANÇA? A: Preguiça e negatividade.

A: Eu ouvi bastante Bossa Nova no meu tempo, meu favorito é com certeza João Gilberto.

Q: COMO VOCÊ ERA QUANDO ESTAVA NA ESCOLA?

Q: COMO VOCÊ DESCREVERIA A SITUAÇÃO

A: Preguiçoso e negativo.

PERFEITA PARA OUVIR O FRESH AIR?

Texto por Isabela Yu @isabela Yu

A: Qualquer momento que você quiser.

e Heloisa Cleaver @heloisacleaver Ilustração: Pilar Moura @pilarmoura

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15 E POUCOS ANOS

Viagem em família. O ar condicionado está quebrado, viajamos com as janelas abertas. Junto da brisa do mar e o cheiro da maresia, algo não planejado também entra na jogada. Uma música. Ela invade o carro, aos poucos ganha volume, mas ainda nada muito claro. O som é curioso e a melodia é estranha. Num estalo, o indecifrável se desnuda e acerta aquela família como um tiro: meu pau te ama. Acontece como uma bala – quando a música rompe a fronteira do que deve ou não ser dito. Transforma uma criança em um ser tomado pelo tesão. Não dá para negar, a música anda de mãos dadas com o nosso despertar sexual. O que dizer da primeira vez em que dançamos com alguém? Você se lembra de como é sentir o calor de um outro corpo? Uau, que delícia! Quando não eram as letras e ritmos cutucando, eram os artistas.

abc

Fantasias com o LP da Xuxa 3 rolaram adoidadas em muitas casas dos anos 90. Pequenas transgressões, sobretudo sexuais, sempre fizeram sucesso na música. "Você traz a coca-cola, eu tomo. Você bota a mesa, eu como… eu como… eu como… você!".

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BALACLAVA

ABC LOVE

Quem não gosta daquela pontinha de sacanagem que faz o rosto dos despreparados corar instantaneamente? Os mais tarados, ou melhor – mais bem resolvidos – no tema, não fogem da discussão quando se deparam com uma provocação. BOOM! Não tem volta. O ouvido vicia e fica gamado em escutar uma boa besteira. Isso excita, levanta curiosidade pelo próprio corpo, o peito aquece e a pele arrepia. Desejos até então desconhecidos são despertados das camadas do inconsciente. Não conhecemos limites com 15 e poucos anos – estamos na busca deles. A música aparece certeira nessa hora. Ela nos mostra outro lado da poesia, que antes se passava despercebida. A Bethânia parecia doida antes cantando, “vem me bebendo toda”. E o Fagner que queria ser um peixe, só pra passar a noite – em claro – dentro de alguém... E era assim. Enquanto ia desvendando uma letra ou outra, ia também descobrindo nosso próprio corpo

love

e nossos desejos – mas sempre desejando mais.

Ilustração: Popoto Martins Ferreira @popotoraca

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GORDURATRANS

Joseph gbm Saulo

muito daora a music no fundo do poço

escutei tanto q tive um infarto Yasmin

grizzly snake

excelente pra quem ta se sentindo bem bosta

Gordão do Rodo

puta merda não existe nada melhor que músicas feitas por jovens cansados e decepcionados com a vida

Kiev

Essa música é tão bonita que eu finjo que tenho algum relacionamento pra me sentir na bad ouvindo Iana

A vontade de rir é grande, mas a de chorar é maior.

O que o gorduratrans lê na internet COMENTÁRIOS DO YOUTUBE SELECIONADOS POR FELIPE AGUIAR E LUIZ FELIPE MARINHO @transgordura

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BALACLAVA

O QUE O GORDURATRANS LÊ NA INTERNET

cas que tocam aqui Leonardo

esse filho da puta não merecia essas horas

As músicas do gorduratrans têm sido umas das únicas companhias que estou tendo nas últimas semanas. João

Gabriel

Viciante demais!! muito bom , retrata uma sonoridade melódica e específica para a letra , que se completam e torna perfeita criação. Shoegazy foda , com influências de outros ritmos e sub-gêneros também. E porra , a voz do RODOLFO ABRANTES , EX EX-RAIMUNDOS. Logo que ouvir , sentir algo família. Rodolfo, largou a igreja e foi fazer um alternativo fodão, aí sim hein mano. kkkkkkkkk dar ainda esse gostinho, a voz me lembra do cara e tal , aquele clima de rodox , Raimundos mas num grau fudidex mais Shoegaze , que foda porra. SOMZEIRA , DEVIAM FAZER UM ÁLBUM COM 50 MÚSICAS IGUAIS A ESSA AÍ , NESSA MESMA LING LINGUAGEM. VICIAAAAAANTE PRA CARALHO , BOM PRA CACETE. CAAAAAANTA RODOLFO ABRANTEEEES KKKKKKK.. HAUSHSUSHAUSHSUSJS

achei tipo um capital inicial shoegazer

Padre

Linda musica pra um fim de relacionamento. A depressão foi lá em cima depois dessa musica kkkkkkkk (Na verdade eu não ri estava chorando mas finge que eu ri para ficar mais bonitinho).

VOCÊS CURTEM TROCAR UMA IDEIA COM A GALERA CYBER? Gostamos

muito.

Sempre

respondemos

todo

mundo,

conversamos, tiramos dúvidas, qualquer coisa. O pessoal manda muito disco para a gente escutar e a pergunta mais frequente é sobre pedais.

VOCÊS JÁ CONHECERAM ALGUÉM MASSA NA NET? ALGUM MELHOR AMIGO? DESDE

QUANDO

VOCÊS

REPARARAM

EM

UMA Temos muitos amigos que fizemos online e viraram BFF's.

MOVIMENTAÇÃO ONLINE?

Podemos falar sobre o Felipe Soares (vulgo Felipinho), da Isso começou muito cedo! Logo depois do lançamento do nosso

banda Amandinho – de Recife e Maceió. Também tem o Diego

online,

Soares, da El Toro Fuerte de BH e o Rafael Lamim, da enema

majoritariamente de uma galera mais nova. E boa parte dessa

noise, de Brasília. O mesmo vale para as pessoas que odiamos,

interação vinha com um viés cômico, misturado de elogio –

mas boa parte delas nós começamos a odiar depois de já ter

muitos memes foram criados nessa época.

conhecido.

primeiro

disco,

percebemos

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um

engajamento


alcachofra

A ARTE PODE SER CABELUDA …e cheia de camadas, assim como uma alcachofra. Mas a gente descasca pra você. A Artichoke é uma newsletter de crítica de arte do grupo Monkeybuzz. São resenhas acessíveis para todos os que se interessam em pensar sobre a arte contemporânea. Semanalmente, utilizando uma linguagem clara, falamos de cinema, artes plásticas, teatro e dança. Direto no seu e-mail. De graça. Sem medo de corações peludos.

www.artichoke.com.br

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popload

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MĂşsica

#1

mb no breve

Todo mĂŞs, alguns dos nomes de maior destaque no site do Monkeybuzz, ao vivo, em um dos palcos mais legais e intimistas de SĂŁo Paulo.

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alcachofra

Para acompanhar as atraçþes, cobertura e fotos do Monkeybuzz no Breve, siga @monkeybuzz_ no Instagram

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CONVERSE ALL STAR

Espalhados por São Paulo, visitamos o quarto de três músicos que dividem alguns fatos interessantes em comum. Já participaram dos mesmo eventos, tocam em bandas e possuem projetos solos. Descobrimos que escolhemos as pessoas certas para contarem histórias sobre seu Converse, cada um possui um relacionamento memorável – dentro e fora dos palcos – com o tênis.

Fotos por

Deborah Moreno @deborahmrd

"Na real, acho que sou uma daquelas pessoas que sempre usou All-Star. Já fui tradicional e tive um de couro branco. Também já tive um marrom de tecido, com o logo da Converse em couro costurado e achava muito louco! Nunca tinha comprado um de cano alto, então estranhei quando ganhei esse no Art Core, que rolou no MAM, no Rio, mas foi depois dele que comecei a usar as meias mais altas. Acho que descobri um novo look." SANTIAGO MAZZOLI, ANOS, NASCEU EM BUENOS AIRES, ARGENTINA, E SE DIVIDE ENTRE CINEMA E MÚSICA. JÁ FOI GUITARRISTA DA OMBU E HOJE SE DEDICA À BANDA RAÇA.

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BALACLAVA

CONVERSE ALL STAR

RUBENS ADATI, ANOS, CRIADOR DO CANAL INHAMESTÚDIO , ACOMPANHA ALE SATER EM SEU PROJETO SOLO; E ENCABEÇA AS BANDAS VLADVOSTOK E MEU NOME NÃO É PORTUGAS.

"Meu pai comprou esse cinza mas nunca usou, então fui lá e roubei dele. Hoje em dia ele tá todo sujo; acho que é um tênis de guerra. Acho que sempre vi alguém da música usando um modelo específico, tipo o branco de cano alto, talvez por ter uma ligação forte com o som. No meu inconsciente, via isso como algo legal – como se você ficasse sussa se tivesse um".

"Há cinco anos, fiz uma turnê com o Champu, nos Estados Unidos. Fizemos uma session no estúdio da Converse no Brooklyn, em Nova York. Parte da viagem foi pelo interior do estado, rolaram alguns imprevistos, mas voltei feliz e com o tênis batido do rolê. Acho que eu era uma das únicas meninas do selo. Tinha mais a Liege, do Medialunas. Muitas coisas mudaram, né? Não só na Balaclava, mas na cena em geral." RITA OLIVA, ANOS, FEZ PARTE DAS BANDAS CHAMPU, CABANA CAFÉ, PARATI, JÁ TOCOU COM BIKE, THIAGO PETHIT E LAURA WRONA E ASSINA O PROJETO PAPISA.

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35 Texto por Isabela Yu

Fotos de Manoela Chiabai

Best Buds

BALACLAVA HOLGER E SINGLE PARENTS


BEST BUDS

Amigos por causa de várias pessoas em comum, futebol e inúmeros rolês, as bandas Holger e Single Parents comemoram os cinco anos da Balaclava Records, com fotos inéditas e um encontro histórico. Também meio parecidos de idade, os nove músicos se reuniram na madrugada de uma sexta-feira para algumas horas de pose e comentários interessantes sobre histórias compartilhadas. Os dois grupos são contemporâneos da cena indie, um pouco antes de 2010, quando a vida era relativamente menos cyber e a rua Augusta, legal. O que escutavam desde aquele tempo foi expandido e novos sons foram absorvidos. Prestes a lançar um trabalho novo, Holger, formada por Pepe, Tche, Pata, Rolla e Charles, continua experimentando em forma de música. Pavement, Built to Spill, hardcore, música brasileira, carnaval e litoral fazem parte do universo de coisas favoritas dos amigos de longa data. Se conheceram na época pós faculdade, o Single Parents, composto por Dotta, Farah, Zeek e Martim, são devotos do Shoegaze, Sonic Youth, Sebadoh, Pavement, Slowdive e muitos outros hits dos anos 90. Ao mesmo tempo em que o selo praticamente engoliu a banda, os quatro músicos continuam muito amigos, com jams ocasionais e muito material ainda não lançado.

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BALACLAVA

HOLGER E SINGLE PARENTS

Dotta: Como foi que a gente se conheceu mesmo? Pata: Foi quando um conhecia o outro. Dotta: Que bonito. Pata: Antes de 2010, duas bandas começando e uma Casa do Mancha para se encontrar. Tenho a impressão de ter visto ter visto você e o Farah por lá. Dividimos o Roger Paul Mason, produtor do Sunga e do Unrest de vocês. Dotta: Gravamos os primeiros discos com o mesmo produtor. Lembro de vocês pelo Dago, em algum dia na Neu. Fui me apresentar, porque já tinha ido em algum show do Holger e continuamos nos trombando em uns lugares, como o Estúdio SP. Tche: A gente se trombava para tocar Pavement na Casa do Mancha! Pata: A gente já era amigo quando rolou de lançar o "Holger" pela Balaclava, mas não só por isso, já passamos por várias juntos. Por mais que o som varie, sinto que temos a mesma essência do selo. Pepe: O futebol também fez parte do processo, acho que um terço do selo ainda joga junto. Dotta: A gente já viajou juntos? Acabamos nunca fazendo show das duas bandas. Pepe: Teve Belém, uns caras da bandas perderam o vôo, a gente achou que ia curtir uma noitada. Dotta: Era o Se Rasgum. Teve o Datenna, que era nosso projeto de sonorizar filmes – eu, Farah, Rolla, Diogo e Filipe (Supercordas) e o Klein (Quarto Negro). A gente também entrou no Pulso, da Red Bull, porque o Dago estava fazendo a curadoria. Pepe: O Dago foi total o mentor da cena. Rolla: A gente conhece o Dago de outros lugares, o Pata desde os 12 anos, conhece tudo de som indie. Pata: Eu conheci o Dago e o Arthur, que era do Holger, por causa do CISV. Pepe: Ele era monitor de acampamento, devia ter uns 13 anos naquela época e curtia Flaming Lips. Pata: E depois o Dago virou chefe do Pepe na Trama Virtual, uma época que marcou muito nossa história. Dotta: O que mudou em cinco anos para cá na banda de vocês? Tche: De certa forma, acho que sabemos muito bem nosso lugar, do que fazemos, gostamos… Pata: Mudou tudo, porque o Charles entrou e o mundo acabou. Se antes a gente ganhou fama de banda de verão, isso acabou. Vivemos o apocalipse e não tem mais verão para se cantar. Dotta: A gente mudou de formação em 2012, lançamos um disco, gravamos como um trio, o Zeek e o Martim entraram – a gente achava que ia conseguir viver de banda. Zeek: Tinha show para caralho em 2012. Dotta: Acho que 2014 foi o ano em que mais teve parada acontecendo. A gente não toca mais hoje, porque não dá, meio ironia já que criamos a Balaclava para tocar com uma galera legal e o selo comeu a banda. Enfim, qual a primeira memória de vocês quando a gente começou? Pata: Lembro do site, porque acompanhava as paradas novas. Ficou claro o quanto vocês eram feras quando trouxeram o Sebadoh. Dotta: Qual foi o melhor festival que vocês já tocaram? Rolla: Pop Montreal. Tche: Cada um tem sua particularidade, mas talvez o nosso divisor tenha sido o SXSW, nos encontramos como banda depois. Pata: Austin foi tanto quanto o Goiânia Noise, porque foi a primeira vez que a gente saiu de São Paulo e teve contato com outras bandas. Pepe: A gente toca porque gosta e o último é sempre mais legal. Dotta: Da nossa parte, o mais marcante foi o show no Primavera Sound, em 2014. E a viagem para o Nordeste com a Lupe de Lupe e o Medialunas. Quem é o mais lesado entre vocês? Tche: Sou eu. Zeek: Não tem como mentir, tenho que admitir que é você, Tche.

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Blur ou Oasis? Holger: Blur. Single Parents: Oasis.

O que você prefere: Built to Spill ou Dinossaur Jr.?

Holger: Built to Spill. Single Parents: Dinossaur Jr.

Holger

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Single Parents: Piraria ouvir o Fábio Júnior mandando um "Pai”.

Holger: Os dois são legais para caralho. Mas, Réveillon com Jota Quest.

Ano novo com Jota Ques ou Dia dos Pais com Fábio Júnior?

BEST BUDS


Todos: AMARANTE.

Marcelo Camelo ou Rodrigo Amarante?

Todos: Chorão, óbvio.

Chorão ou Mac Demarco?

Single Parents Escolha um membro da outra banda para fazer parte da sua. Holger: Zeek. Single Parents: Tche, lesado por um lesado.

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HOLGER E SINGLE PARENTS BALACLAVA


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MARRAKESH PRIMAVERA SOUND 20177

@marrakeshband

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MASHROU’ LEILA

Mashrou’ Leila é demais 42


BALACLAVA

MASHROU’ LEILA É DEMAIS

Pela primeira vez no país, os libaneses do Mashrou Leila tocaram no final de outubro no Sesc Pompeia, em São Paulo. O quinteto é reconhecido por alguns dos diversos veículos gringos – CNN, The Guardian, BBC – como a maior banda indie do mundo árabe atualmente. O grupo encabeçado por Hamed Sinno se conheceu na faculdade há 10 anos, para se dedicarem integralmente à tours em 2012, com shows esgotados no hemisfério norte. Militantes dos direitos LGBT e ativistas sociais, as composições do grupo ganham contornos a partir de referências de músicas do Oriente Médio, rock alternativo e influências pop. Pedimos para Hamed contar algumas histórias para o pessoal daqui:

O QUE VOCÊ JÁ CONHECIA SOBRE O BRASIL? Sempre ouvimos dizer que têm mais libaneses no Brasil do que no Líbano, o que nos dá um estranho sentimento de conexão com o país. Conhecemos bastante música brasileira, já que rodas de batuque são populares por aqui. E também tivemos a honra de assistir o Gilberto Gil se apresentar em Beirut. QUEM SÃO SEUS AUTORES FAVORITOS? Sylvia Plath, Rabih Alamuddine, Judith Butler, Walt Whitman, Allen Ginsberg, Omar Al Zo’ini. Esse papo pode continuar para sempre. Amamos literatura, achamos que a teoria é algo fundamental. QUE TIPO DE MÚSICA VOCÊ CRESCEU ESCUTANDO? Nós todos tivemos criações muitos musicais – cada um da sua maneira. Escutamos muitas músicas americanas e britânicas quando crianças, parte por causa da natureza do consumo de música na virada do século, mas também porque era difícil nos identificarmos com a música árabe. QUAIS ASSUNTOS ESTÃO NA SUA CABEÇA NO MOMENTO? A situação no Cairo tem sido, obviamente, muito difícil para nós, e tem consumido completamente nossa consciência nas últimas semanas.

COMO É SER BANIDO DE SE APRESENTAR EM UM LUGAR POR SEUS VALORES? MASHROU LEILA FOI IMPEDIDA DE SE APRESENTAR EM AMÃ PELO GOVERNO DA JORDÂNIA QUE REVOGOU A DECISÃO DEPOIS DE PRESSÃO SOCIAL, COM AJUDA DA MÍDIAA. Horrível, doloroso e injusto. Ao mesmo tempo, acho que significa que estamos fazendo alguma coisa certa.A AA ARTE SEMPRE FOI POLÍTICA PARA A BANDA? A arte opera em um espaço de interação entre duas pessoas – o autor e o espectador – e isso já é político. Adicione a esse cenário todas as complexidades de quem é capaz de ser artista e quem vai consumir aquilo. Até mesmo a arte descritiva ou abstrata começa a ter cores políticas. Então pensamos que sim, especialmente em uma sociedade onde política social é contestada e negada constantemente, no espaço público e no privado privado. VOCÊ ACHA MUDANÇAS?

QUE

A

MÚSICA

PODE

TRAZER

Em tempos onde tudo é politizado, vemos certos tipos de expressão censurados e controlados. Quando uma música é sobre desafiar esse controle, ela está automaticamente quebrando essas barreiras. Além disso, não consegue fazer muito. Ela pode trazer a tona debates e oferecer uma espécie de comunidade cultural para construção de identidade. PODE SUGERIR ALGUMAS BANDAS ÁRABES QUE DEVEMOS CONHECER?

Texto por Isabela Yu @isabelayu Foto por Bachar Srour

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Cairokee, Alsarah, Yasmine Hamdan, Hello Psychaleppo.


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susan

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RIDER

Sujando Desde o ano passado, a Rider aposta em uma nova geração de influenciadores, que vão além das redes sociais. A cada nova seleção, a marca escolhe pessoas que representam o conceito de "DÁ PRA FAZER” – gente que "transforma lugares sem medo; abraçam a diversidade e as adversidades". Espalhados pelo país, possuem o mais diverso background em projetos criativos e uma ideia em comum: fazer acontecer. Para lançar a nova leva de sete fazedores, a marca produziu um filme dirigido por Thales Banzai e Fernando Nogari, com cocriação de Fióti. Cada um específico em suas artes; atuam em diversas áreas. Dioclau Serrano, músico na banda Biltre, criou uma bicicleta de led para apresentações na rua. Em 2013, lançou o bloco "Minha Luz é de Led", reunindo até sete mil pessoas no carnaval carioca. A Favela em Dança, projeto de Lucas Santos e Ronaldo Marinho, moradores do Cantagalo, organiza aulas gratuitas na comunidade e eventos que promovem a prática. Até o surf ganhou um novo olhar por meio da fotografia analógica da dupla Matheus Thompson e Vítor xxx, que experimentam revelação com café.

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BALACLAVA

SUJANDO A SOLA

a Sola

Misturando afrofuturismo e ancestralidade, Caique Cerqueira criou o movimento Mariwô, que vive na vida noturna, promovendo eventos que levam artistas periféricos para o centro da cidade. O personagem "PaiEtê" tem nome esperto, cujo significado é "Homem Bom" em Tupi. A identidade brilhosa é fruto da imaginação de Marc Kraus, que é performer em eventos. CONSEGUIMOS CONVERSAR COM DOIS REPRESENTANTES DESSA NOVA LEVA E ELES CONTAM SUAS EXPERIÊNCIAS: Britn Britney's Crew: "Não somos uma crew de skate fechada e nem temos número certo. Temos conexão com o Brasil todo porque queremos divulgar o skate feminino em nível nacional. Começou com uma filmadora e ver várias meninas andando. Os caras não filmam a gente, então precisamos produzir o nosso material, nos unir e andar juntas – recebemos muitas DM. No Rio, costumamos andar na praça XV, pista de Madureira, Padre Miguel..." Raphael Joaquim Pina: "Sempre dialoguei meus medos e problemas sociais atrelado a questão da vestimenta. Nascido e criado no Realengo, não me identificava por lá. Vivo há seis anos no Vidigal e durante todo esse tempo comecei a enxergar o trabalho de antropologia e moda. Montei o escritório de estilo CoolHunter Favela para trabalhar uma articulação social – as pessoas que estão lá que são formadores de tendência. Acreditamos que a estética é instrumento de renovação para diálogos não falados. Queremos trocas justas, não o estilista que faz uma coleção sobre uma tribo, mas pegar a galera que tá produzindo e jogar na cena, dar a chance do pessoal se enxergar".

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BUDWEISER

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BALACLAVA

BUDWEISER

COMO

VOCÊS

AVALIAM

QUAIS

EVENTOS

SÃO

INTERESSANTES DE ENTRAR? HÁ UMA CURADORIA MUSICAL?

Há uma curadoria ao avaliar quem ajuda a fomentar cenas musicais que a marca acredita que haja uma conexão e que faça a diferença no meio em que atua. Rock, um pouco de música eletrônica… Tentamos ter um olhar um pouco mais crítico para aquilo que estamos apoiando

– se é verdadeiro e como

contribui para a cena.

O QUE É MAIS IMPORTANTE NA HORA DE SE ASSOCIAR A UM ESPAÇO OU EVENTO: O GÊNERO MUSICAL, O PERFIL DO PÚBLICOOALVO OU NÚMERO DE PESSOAS IMPACTADAS?

O mais importante é que as pessoas que participam da organização tenham a ver com o que acreditamos que seja autêntico para a nossa marca. Logicamente que quanto mais gente melhor, mas não é o que vai nos guiar.

Presente no circuito alternativo e em grandes eventos ao redor do mundo, a Budweiser acredita na música além do entretenimento. Lifestyle, comportamento e autenticidade fazem parte do universo da marca, presente em mais uma edição do Balaclava Fest como a cerveja oficial do evento. Perguntamos para Pedro Zuim, da Budweiser, como criar novas parcerias sendo uma gigante no mundo das cervejas.

QUÃO IMPORTANTE É SE RENOVAR PARA VOCÊS?

Acho que renovar e inovar não são coisas óbvias. Apoiar novas cenas é a melhor maneira de estar em contato com outros públicos. Aproveitar a marca como um catalisador social, não só uma relação de publicidade.

COMO CRIAR UMA RELAÇÃO DE AUTENTICIDADE COM PÚBLICOS TÃO DIFERENTES?

A Bud é mais elástica hoje em dia e apoia eventos musicais mais plurais. A música, como um todo, é uma das plataformas que usamos para nos comunicar com os nossos consumidores. Acredito

Fotos: Mateus Brandão

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que

sempre

que

verdadeira, ela será autêntica.

estabelecemos

uma

relação


ALE SATER

Ale Sater, que assina as letras de seu projeto solo e da banda Terno Rei, escreve há 10 anos e foi entrevistado por Heloisa Cleaver (que rabisca e grava composições em casa desde a adolescência). A dupla conversou sobre palavras, como reuni-las, entendê-las e traduzi-las em música.

Sol da Meia Noite

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BALACLAVA

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SOL DA MEIA NOITE


ALE SATER E HELO CLEAVER Helo: Escrevo músicas, mas é uma a cada três meses. Fiquei desanimada com elas porque senti que tinha concretizado todas

as minhas bads. Um universo de tudo o que é muito pessimista e não gostei disso. Achei que não era uma demonstração real de quem sou. Ale: Acho que é temporário. Por um tempo, escrevi várias letras com repetições de palavras que estavam comigo no momento. No começo, "abrigo"aparecia muito. Por mais que você não goste depois – isso só significa que passou a sua brisa daquele momento, mas que não deixa de ser você. De repente, não é algo que você queira mostrar como compositora. Quero fazer letras cada vez mais simples, com menos palavras. Ou músicas com mais acordes, mais complexas e com mais palavras. Gosto Tmuito de João Bosco porque ele faz histórias. Tive uma época em que foquei muito no folk. Os caras escrevem música de oito minutos e é legal. Helo: Querendo ou não, as suas músicas ganharam reconhecimento por terem um lance meio triste. Isso te incomoda? Ale: Ah, não incomoda porque é verdadeiro. A única coisa que não gosto é que esse adjetivo acaba se destacando. Qualquer coisa que alguém for escrever sobre nosso som vai escrever a palavra melancolia ou introspectiva. Eu gosto delas, toda a minha referência vem disso, mas não é só isso. Por exemplo, o pintor que vai fazer umas coisas só em tons de azul, em outro momento ele faz tudo rabiscado, tenta apostar mais nisso. Para mim, tem a ver com referência. Esse negócio de puxar para o triste é porque tudo que ouvi – e me encantou – eram assim. Já tentei fazer música de outro jeito, mas não é certo se você está tentando. Helo: Acho que tem que ter coragem para demonstrar fragilidade. Tem uns sons novos que não gosto por causa dessa vanglorização da tristeza. Como se ser triste fosse uma coisa muito legal, talvez a internet tenha muito disso. Ale: Tem isso, mas me defendendo aqui, a gente já era triste pra caralho antes da internet. Tem músicas do Blur que são muito felizes e adoro aquilo. Helo: Você acha que tem a ver com o momento que você vai escrever? Ale: Não tem regra. Acho que é quando vejo necessidade. Já fiquei uns cinco meses sem escrever nada, mas também aconteceu

de escrever quatro músicas em um mês.

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BALACLAVA

SOL DA MEIA NOITE

Helo: Eu tenho o clássico bloco de notas para escrever. Leio várias coisas loucas por aí e as vezes nem entendo como a pessoa chegou ali. Ale: Tenho 120 gravações no celular, que não são 120 músicas – tem coisa de ensaio ou quando eu cantarolo no meio do almoço. Também rola pra caralho comigo com leitura, filme, foto ou outras músicas. Lembro que li um livro do Gianetti e ele usou a expressão "assalta a dúvida"– algo que tira a sua dúvida de uma vez. A partir disso fiz uma música que está no Vigília. Por exemplo, "Sinais" veio da capa de um discos do War on Drugs, brisei muito na luz e na cortina da imagem. Se você olhar a letra, falo do sol da meia noite, que começou por conta dessa foto. Helo: Você tem muita música gravada já, né? Juntando o trampo solo e com o Terno Rei. Ale: Gosto mais das letras do EP solo do que as com a banda. Escolhi um conjunto de músicas que conversavam entre si. Helo: Sinto que tenho dificuldade de me apegar a uma música até chegar no ponto em que fique pronta. Ale: Tenho essa mesma dificuldade porque não sou aquele cara que toca bateria, piano, baixo, guitarra… Toco violão, baixo

e canto. Por isso, preciso muito dos meus amigos! Quando você tiver um amontoado de músicas, você seleciona e trabalha elas como se fosse um EP. Fico pensando no nome, na capa, quem ia ser legal tocar junto. Tem muita coisa que gosto pelo nome – acho que influencia bastante. Depois de achar que tenho uma solução, volto para validar e pensar se faz sentido. Pensei já em coisas para os nomes "Previsão de Tempo"ou "As Ilhas". Helo: Você acha que começou a escrever na mesma época em que começou a tocar? Ale: Escrevo desde os 17, faz uns 10 anos. Já tocava antes, mas nem conta, era banda de hardcore. Depois de escrever tantas

músicas, fiz alguns "jobs" encomendados, mas acho que é ainda mais difícil ficar legal. Esses trampos são muito mais exercício de transpiração do que inspiração. Todo dia tem que fazer um pouquinho, ver qual palavra não gosta. Fotos por Tatá Leon @tataleon

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Entrevista por Heloisa Cleaver @helocleaver


SHABABAZZ PALACES por @andrepeniche, GREG VINHA (Terno Rei), JERRY PAPER por @luisacneves e HELENA DUARTE (Hierofante Purpura) por @filipaaurelio

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NOGUCHI YUKIO (Ventre) por @cassianogeraldo, IAN RUHALA (Hala) e JANE PENNY (Tops) por @tuanypic, SWERVEDRIVER por @o_corneti e GORDURATRANS por @lucpss

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grid bala

MARIKO DOI (Yuck) por @rodolfoyuzo, ROB CROW (Pinback) por @o_corneti, THOMAS BERTI (Marrakesh) por @alinebrandalero, MAC DEMARCO por @andrepeniche e LARISSA CONFORTO (Ventre) por @filipaaurelio

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Allah-Las, Aquaserge, AVAN LAVA, Buffalo Moon, Chad Valley, Clearance, DIIV, HALA, Homeshake, Jerry Paper, Jonathan Toubin, Mac DeMarco, Mac McCaughan, Mashrou' Leila , Mild High Club, Noga Erez, Pinback, Real Estate, Sebadoh, Shabazz Palaces, Slowdive, Swervedriver, The Shivas, TOPS, Tycho, Washed Out, Widowspeak, Yonatan Gat, Yuck

Vieram ao Brasil através do selo.

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BALACLAVA FEST

5 DE NOVEMBRO • AUDIO CLUB

REALIZAÇÃO

CERVEJA OFICIAL

PATROCÍNIO

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