A História do Trombone

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Trombone (Trombone; Trombone; Posaune; Trombone) O trombone é constituído pôr dois tubos em forma de U, um dos quais desliza do outro. É portanto um instrumento que aplica o mecanismo de vara deslizante para variar a série de harmônicos que permite obter. O tubo é cilíndrico em dois terços do seu comprimento e na parte final torna-se cônico, transformando-se progressivamente num pavilhão, O bocal é em forma de taça, o que juntamente com as características do tubo dá origem a um tímbre que leva a que o trombone seja com freqüência visto como o baixo do trompete. A vara do trombone, embora possa deslizar continuamente, é usada em 7 posições (incluindo as extremas, com a vara toda recolhida e com a vara distendida) que correspondem a sete notas à distância de meio-tom umas das outras. A fundamental (ou "primeiro harmônico") de cada posição denomina-se nota pedal. As quatro primeiras notas pedais (correspondentes às quatro primeiras posições) podem-se obter; as outras, embora teoricamente possíveis, são extremamente difíceis de controlar. Em cada posição o trombone permite a obtenção de entre sete e dez harmônicos. A sua extensão normal é de Mi1 a Si b 4, podendo ainda adicionar-lhe no grave as notas pedais Si b, Lá, Lá b, e Sol. Certas notas podem ser produzidas em mais de uma posição (o Ré obtém-se na 1ª e na 4ª, o Lá na 2ª e na 6ª etc.), mas algumas notas das mais graves apenas podem ser dadas numa única posição. Se a vara deslizante origina certas limitações, pôr outro lado ela permite a obtenção de efeitos muito característicos do trombone: os glissandos (ou portamentos). Inúmeros compositores os têm explorado, sobretudo para efeitos cômicos, embora eles também se apliquem a outras situações. Jogando com dois trombones diferentes é possível fazer um glissando na extensão de uma oitava, como acontece numa passagem do 4º andamento do Concerto para Orquestra de Bartók: Além do glissando provocado pela vara deslizante há ainda o glissando labial e a combinação dos dois tipos de glissando. Os trombones podem usar várias surdinas, mas estas foram mais usadas para explorar modificações tímbricas já no séc. XX. Trombone Baixo Na orquestra, o naipe dos trombones é constituído pôr dois trombones tenores e um trombone baixo. O trombone baixo está afinado em Fá, uma Quarta abaixo do tenor, mas tal como este não é transpositor. O tubo é mais comprido e largo que o deste, tornando-se pôr isso muito difícil manejar a vara deslizante. Hoje o modelo que se usa nas orquestras para o substituir é o chamado tenor-baixo. Uma variante do trombone baixo é o cimbasso, trombone de pistões e varas simultaneamente construído pela casa Alexander, de Mainz. À semelhança da trompa de afinação dupla, o trombone tenor-baixo é um instrumento duplo que tem o tubo com o mesmo comprimento que no modelo tenor, cujo perfil é igual ao do trombone baixo (o que facilita a obtenção das notas pedais). Possui um tubo suplementar que faz a transformação do trombone tenor em baixo, fazendo a sua afinação descer de Si b para Fá. Existe uma válvula rotativa, actuada pelo polegar esquerdo, que faz a ligação a esse tubo. Outros modelos O trombone alto foi usado durante o séc. XIX, sobretudo pôr compositores alemães e italianos. É um trombone em Mi b, de tubo mais estreito que o trombone tenor. As suas notas graves são relativamente fracas mas no agudo o som é puro e aveludado. Tendo caído em desuso no fim séc. XIX ( com a estandardização do naipe dos trombones, na orquestra, em 2 tenores e 1 baixo) hoje volta a ser usado para tocar as partes que foram escritas para ele, bem como outras passagens muito agudas. O trombone contrabaixo é em si b, uma oitava do tenor. Devido ao enorme tamanho do tubo, em 1816 Gottfried Weber inventou uma dupla vara, ficando o tubo dobrado em quatro seções. Wagner, Strauss, Schoenberg e Verdi escreveram para ele, mas é um instrumento esgotante para quem o toca, tanto para os lábios como para os pulmões.


Historia De todos os instrumentos da orquestra o trombone foi o primeiro a adquirir a forma que tem hoje. Um relato de festividades em Florença, em 1459, refere que um saltarello foi tocado em pífaros e um trombone. Representações de dois quadros da mesma época provam que se tratava efectivamente de um trombone. Pôr tanto, o trombone apareceu em meados do séc. XV, derivado de modelos graves da trompete pela adição de uma vara deslizante em forma de U. Os exemplares mais antigos preservados até hoje datem de 1551. Trombone derivado de trompa (que significa trompete, em italiano) através da adição do sufixo aumentativo one; trombone é portanto, etimologicamente, grande trompete. Nos primeiros tempos além de trombone usa-se também (a partir de 1466) o nome sacabuxa, frequentemente sob a designação trompette saqueboute ( literalmente "puxa a ponta"), em inglês abreviada para sackbut. Os trombones primitivos tinham campanas em forma de funil, o que se manteve até ao séc. XVIII, altura em que se alargaram mais . Também as paredes do tubo eram mais finas nos trombones mais antigos. Mas o mecanismo da vara deslizante hoje usado é o mesmo desde o séc. XV. No fim do séc. XVI eram construídos trombones em três tamanhos: o alto em Fá2 (em Si1 com a vara toda distendida), o tenor em Si b (em Mi, vara distendida) e o baixo em Mi b, (que atingia o Lá). Deste modo, os três modelos formavam uma escala contínua. Desde essa altura o trombone tenor é o instrumento-tipo, e qualquer referencia ao trombone sem especificar o modelo refere-se a ele. Desde princípios do séc. XVII há tentativas para construir o modelo contrabaixo, mas tanto este como soprano caíram em desuso, ficando apenas o trio formado pêlos modelos alto, tenor e baixo. Durante o séc. XIX há tendência para os modelos alto e baixo desaparecerem, mas este abandono é apenas transitório, porque em 1840, na Sinfonia Fúnebre e Triunfal, Berlioz usa os três modelos, e vinte anos mais tarde Wagner juntalhes o já referido trombone contrabaixo. Durante o séc. XIX as principais inovações para trombone forem o aparecimento da vara dupla e a aplicação dos pistões. A vara dupla é de certo modo uma reivenção, uma vez que existe um trombone de vara dupla datado de 1612, feito pôr Josbst Schnitzer, de Nuremberga (que faz parte da coleção de instrumentos da universidade de Leipzig.). A aplicação de pistões só resultou parcialmente no caso do trombone. O timbre de pistões é de menor qualidade que o do trombone de varas, e hoje praticamente só se usa nas bandas. Além destas inovações surgiram algumas tentativas de criar novos tipos de trombone, hoje meras curiosidades de museu. É o caso do trombone saxomnitonique, criado pôr Adolphe Sax em 1850. Munido de 6 pistões e 7 pavilhões separados este trombone reunia sete instrumentos num só! Rimsky-Korsakov inventou um trombone de pistões com forma e embocadura de trompete (a trompa contralta em Fá) que usou na sua ópera-ballet Mlada. Repertório O seu mecanismo de vara deslizante torna o trombone muito mais versátil que as trompetes e trompas naturais; na realidade estas, estando limitadas a alguns sons harmônicos, eram usadas essencialmente em fanfarras e toques militares, enquanto que os trombones, podendo emitir sons cromaticamente, tinham muito mais possibilidades musicais. Assim, o trombone foi usado durante o séc. XV na execução do tenor em motetes isorítmicos, bem como nas missas. Pôr outro lado era freqüente o seu uso em música de ar livre, tocado juntamente com charamelas e bombardas. Note-se que uma vez que o trombone praticamente não se modificou desde o séc. XV, a música anterior ao período clássico pode com toda a legitimidade ser tocada em instrumentos modernos. Durante os séculos XVII e XVIII o trombone era usado sobretudo como suporte para as vozes, mas também em certas passagens operáticas solenes, como na Flauta Mágica e no Don Giovanni de Mozart. Antes de Mozart alguns compositores usaram-no em partes importantes: Cláudio Monteverdi no Orfeo (4 trombones), Marc Antonio Cesti em Il Pomo dÓro, Heinrich Schütz nas Synphoniae Sacrae e Gabrieli em várias canzone e sonate. Christoph Willibald Gluck faz um uso considerável do trombone na ária "Divinité du Stix" da ópera Alceste (1767) e em Iphigéne en Tauride (1779). Bach e Haendel escreveram ocasionalmente para trombone, mas quase sempre usando-o a dobrar vozes a uníssono, para obter maior sonoridade. Só após o uso revolucionário do trombone pôr Beethoven na sua 5ª Sinfonia, e sobretudo com Berlioz e Wagner, pôr volta de 1850, é que o trombone se torna membro permanente da orquestra sinfônica.


O uso poético que Franz Schubert faz do trombone na Sinfonia em Dó M foi muito invulgar para a época, porque durante grande parte do séc. XIX o trombone foi aplicado sobretudo para produzir uma harmonia solene, ou então em curtas passagens em quese exigia a máxima potência sonora.

O uso mais melódico do instrumento tem-se dado sobretudo no séc. XX. A técnica de execução e, conseqüentemente, a literatura para trombone têm sido influenciadas pelo aparecimento de extraordinários executantes do instrumento, com grande leveza na execução melódica e grande agilidade no registro grave. Também a música de jazz, com os seus efeitos e sonoridades próprios, tem contribuído para o alargamento da paleta sonora do instrumento. Do repertório solístico destaca-se, para trombone e orquestra: Boutry, Concerto; Eugene Bozza, Concertino; Desfossez, Concerto; Théodore Durbois, Concerto para 4 trombones; Gordon Jacob, Concerto; Frank Martin, Balada. (versão para trombone e pequena orquestra); Tomasi, Concerto; Nicolas Rimsky-Korsakov, Concerto. Para trombone e piano: Boutry, Capricho; Eugène Bozza, Balada; Paul Hindemith, Sonata; Frank Martin, Balada. (Versão original). Existem ainda numerosos quartetos de trombones: Beethoven, 3 Equale; Boutry, 5 peças a Quatro; Desportes, 2 Sérénades; Henry Purcell, Marcha e Canzona; Tomasi, Le Roi Bouffon.


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