MAURICIO LISSOVSKY
Em 1979, diante do retrato da mãe falecida, Roland Barthes escreveu os 48 pequenos capítulos de A Câmara Clara (CC). Mesmo na opinião de alguns de seus mais contumazes detratores, o mais belo ensaio sobre fotografia da segunda metade do século XX (ELKINS, 2011, p. XIXII). O livro é, simultaneamente, a observância de um luto e a reencenação, no teatro da fotografia, de temas que perseguiu ao longo da obra: o obtuso, o Real, o punctum, o zero, o neutro. Publicado em 1980, jamais deixou de ser discutido, admirado, criticado. Esse debate, no entanto, ao contrário do que aconteceu com a obra de Walter Benjamin, não serviu para alargar seu alcance ou aprofundar seus insights.
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