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Leonardo Remor Amor em Braille
O projeto de Leonardo Remor é um trabalho tátil, envolvente, que também fala da intimidade e do relacionamento de um casal, algo que de certa forma guia os trabalhos do coletivo. É um trabalho forte, que apresenta seus conceitos aos poucos, em recortes dentro de cada fotografia.
Como surgiu o projeto Amor em Braille?
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A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?
A ideia para esse projeto surgiu na metade desse ano, com o nome Amor. As fotografias que compõe esse ensaio são mais antigas...
Gosto de reaproveitar meu trabalho, de olhar pra trás e resignificar as coisas. Procurar outros sentidos... E a ideia desse ensaio é unir imagens do meu cotidiano, passado e presente, da minha intimidade, me tornar um personagem. Para isso, organizei o que já tinha fotografado e comecei a fotografar mais, pensando nesse tema. Há pouco tempo veio a ideia de Amor em braille. Pensei em descrever essas imagens e aplicar o texto em braille sobre as fotografias, convidando o leitor ao toque, ativando outros sentidos...
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Seu ensaio transmite a mais pura intimidade de um casal, de uma maneira sutil e próxima. Como você encontrou essa abordagem que revela mais sensações do que visões dentro de cada fotografia?
Ando sempre com alguma câmera. Uso diferentes câmeras. Rollei, Hassel, saboneteira e também digital. Registrar meu cotidiano foi natural. Encontrar esse forma sutil de abordar a intimidade veio meio sem querer... Claro que fotografei muito e busquei essa delicadeza na hora de editar. Talvez aí tenha encontrado o caminho do meio, entre o que é visto, mostrado, e o que é velado, que dá pistas para a imaginação.
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Há um fator tátil muito forte em seu trabalho. Como expressar esse sentido dentro da fotografia, essencialmente visual?
Qual a importância, para você, de ver esse trabalho como livro? Quando surgiu a ideia de usar o Catarse para alcançar esse objetivo?
Este é o maior desafio desse trabalho: transformar a imagem visual em imagem tátil. Começando pela descrição das imagens. Não sou muito bom com palavras, e transformar essas fotografias em texto tem sido um exercício para mim. Quero sobrepor essas camadas. Cada página do livro trará a imagem fotográfica e, sobre ela, sua descrição em braille. Acredito na soma e no acumulo desses sentidos. A fotografia será outra, uma vez que a escrita em braille fará parte dessa imagem.
A fotografia, assim como o cinema, só passa a existir quando é vista, quando chega ao espectador e um ciclo se fecha. Quero fazer esse livro para que o trabalho exista, seja visto. Quero compartilhar minhas fotografias.
E o livro é um objeto cheio de vida, nesse sentido. Ele é comprado, emprestado, doado, perdido, encontrado. Usar o Catarse para realizar esse desejo veio do grupo, da junção de todos. E acredito muito nesse grupo!
Admiro o trabalho de todos. Todos me tocam e acredito que podem tocar outros também. Por isso, devem virar livros, ganhar vida, e se perder por aí.