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Roberta Sant’anna Mixtape

Roberta Sant’anna é formada em cinema, trabalha como comunicadora e fotógrafa.

Sua produção fotográfica caminha pelos encontros e pela construção de intimidade com outras pessoas. Encontros mediados pela câmera, como ela mesma diz.

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Como surgiu o projeto mixtape? A quanto tempo você está trabalhando neste ensaio?

Mixtape surgiu organicamente, como um diário visual de um relacionamento muito intenso. Foi feito na espontaneidade dos momentos mesmo, do que eu vivia com esse namorado, do quanto eu apreciava o estar natural dele e os pequenos mundos que a gente criava e se colocava dentro. Quando o relacionamento deixou de existir esse ensaio acabou da mesma forma que começou. Com o tempo fui agregando mais sentidos e dissecando esse material mesmo como uma forma de sanar uma ausência. Com ele eu quero falar sobre o fim, que não é um fim claro, mas um “deixar de ser”, uma passagem. Se chama Mixtape porque vou acrescentar ao ensaio (no livro) trechos de letras de músicas que ritmaram essa história toda, quase mesmo como aquelas fitinhas K7 que se costumava gravar antigamente para presentear alguém com uma seleção musical que marcou determinada história.

Vendo os projetos do grupo percebo que todos, ou quase todos, tratam da rotina e da intimidade de seus criadores. Você vê essa opção como uma linha temática dentro do coletivo?

É bonito como o que começa como um projeto específico acaba se transformando em algo que vai muito além disso. “É

Preciso...” começou como algo bem pontual e serviu para agrupar essas pessoas e naturalmente fazer disto um coletivo. Por enquanto, para o projeto no Catarse, é nessa temática autobiografica que apostamos como forma de criar uma unidade para um produto específico, pois todos temos a tendência de buscar o que está no seu cotidiano, personagens da sua própria vida, momentos vividos e tudo o que isso carrega. Temos trabalhos autorais bem distintos e acredito que daqui pra frente a tendência do coletivo é mais no sentido da troca de idéias, experiências, edição, inspiração, etc. A gente se encontra aí, cada um com a sua distinção estética e admirando os trabalhos uns dos outros e discutindo a respeito. A linha temática “do coletivo” me parece não existir em razão dessa pluralidade toda, mas o registro da intimidade serviu como a melhor temática para representar a união de todos.

Como o tempo alongado da fotografia analógica te ajudou a desenvolver este trabalho?

Não é bem o tempo alongado em si, mas talvez a “materialidade” do filme e a maneira que eu me relaciono com as câmeras analógicas.

Está um pouco mais para a minha implicância em não querer tratar o que julgo ter uma importância maior com toda a praticidade da digital. Me parece ser uma maneira de homenagear o momento quando coloco ele na película. Pela sensação de materialidade mesmo, de costurar o grão, de ter uma matriz física.

Qual a importância, para você, de ver esse trabalho como livro? Quando surgiu a ideia de usar o Catarse para alcançar esse objetivo?

É a de ver algo que surgiu tão espontaneamente e foi quase crescendo sozinho sendo finalizado com carinho e pronto para estar nas mãos das pessoas, sendo folheado e apreciado.

A idéia do Catarse surgiu pela possibilidade que temos hoje em dia de não depender da decisão de outros para que um trabalho possa ser publicado. Se nós queremos isso e muitas pessoas também querem e acreditam e gostam, vamos todos juntar forças e fazer isso acontecer de uma forma simples, preto no branco e muito direta.

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