Inês sabálo

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História de um soldado europeu sobrevivente da 1ª Guerra Mundial um exercício de empatia histórica Inês Lopes Sabálo, nº 10 do 9º Ano Turma B.


No ano de 1914 o arquiduque Francisco Fernando, herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, e a sua esposa Sofia foram assassinados por um jovem estudante nacionalista sérvio, em Sarajevo, na Bósnia, durante uma visita de Estado. Instaurou-se o caos, dava-se o início da 1ª Guerra Mundial. Este é o meu testemunho, o testemunho de um sobrevivente da maior disputa Mundial pelo poder.


O meu nome é Fritz, na altura em que fui destacado para servir o meu Império, o Império Alemão, tinha acabado de completar 18 anos. Foi um dia complicado, estava orgulhoso por poder servir o meu país mas, ao mesmo tempo, teria de me despedir da minha família e da minha namorada, a Heike, sem saber se os iria ver de novo. Nos jornais e nas conversas de rua, todos falavam na falta de escrúpulos de França e de Inglaterra, países que nunca tiveram o poder que a nossa nação teve, tem e terá.


Para além das disputas de poder existiam também conflitos económicos que já eram travados há demasiados anos. Falavam também nas alianças que tinham sido formadas antes do início da Guerra. Nós, o Império Austro-Húngaro, a Itália, o Império Turco-Otomano e a Bulgária integrávamos as Potências Centrais. No dia combinado, parti. Parti com amigos, vizinhos, conhecidos, que iam como eu, orgulhosos de fazer parte de algo maior. No início pensava que iria ser como alguns dos conflitos de que eu tivera conhecimento, íamos com uma estratégia delineada, atacávamos o inimigo e no máximo de 6 meses estaria tudo terminado, saindo a nossa nação vitoriosa.


Passados cerca de quatro meses apercebi-me de que desta vez, não seria assim, toda a esperança e confiança que tinha desaparecera, assim como a vida que eu conhecia, uma vida simples, rotineira, apaixonada. Tudo isto foi substituído por uma enorme incerteza. Eu travava batalhas na frente ocidental, estávamos em vantagem em relação ao inimigo, já estávamos a guerrear há cerca de um ano, quando fomos informados de que a estratégia tinha mudado, iriamos agora passar pela fase da guerra das Trincheiras.


As trincheiras eram o equivalente às trevas, só que em vez de transbordarem de lava e chamas, eram recheadas de lama e todo o tipo de parasitas, o odor a morte era intenso e o número de soldados que se atulhavam era incrivelmente assustador. A estratégia era sempre igual, as ofensivas eram realizadas através das trincheiras, depois de uma inesgotável temporada de bombardeamentos, pensando nós que o inimigo estava aniquilado, e galgando a “terra de ninguém”, avançávamos. Era quando se erguia do lado inimigo um pelotão de fuzilamentos com membros a mais, com as armas em riste. Nas trincheiras o sentimento de derrota era mútuo, pois cada vez que morria um dos nossos, nós perdíamos, eramos derrotados.


No dia em que pude cumprir a minha licença, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho e tentar retirar de mim toda a sujidade e todos os parasitas que pudesse, só vesti a minha farda lavada quando já estava de novo nas trincheiras. Quando regressei o número de soldados tinha reduzido, houve vários lançamentos de gases venenosos enquanto estive fora. Alguns dos que conseguiram sobreviver ficaram cegos e com muitas dificuldades em respirar. Esta situação desenrolou-se durante uns três longos anos, até que a estratégia tornava a mudar e passamos de novo para uma guerra de movimentos.


Soubemos por um soldado que a Rússia tinha saído da Guerra, perdemos uma frente de guerra; os nossos soldados que guerreavam nessa frente deslocavam-se agora para a nossa frente. Fomos também informados de que os E.U.A. entraram para guerra na mesma altura. Houve uma enorme reviravolta, os E.U.A. trouxeram: cerca de 1 milhão de soldados e a artilharia pesada, que desenvolveram, era precisa e mortífera. Depois de 4 longos anos a guerra acaba, a Alemanha sai derrotada.


Depois de tantas mortes, tantas famílias separadas durante anos, depois de tanta miséria, encarar uma derrota foi a pior coisa que nos podia ter acontecido. O sentimento de derrota, de revolta para com nós próprios passou a habitar os nossos corações sem pedir licença. Saber que podíamos ter ganho a Grande Guerra se não fosse a entrada dos E.U.A., era um constante punhal que nos atravessava o peito. O nosso país foi prejudicado, nós não tivemos acesso às inovações que o inimigo teve, não tivemos nem reforços financeiros nem reforços militares como eles.


O Tratado de Versalhes, o Tratado onde a Alemanha teve de assinar clausulas que mudariam o futuro do país para sempre. Fomos obrigados a restituir os territórios à França; o nosso exército foi limitado a um máximo de 100 000 homens; não podemos ou possuir artilharia pesada, aviação e marinha de guerra; tivemos de pagar indemnizações aos países que ocupamos durante a guerra e fomos obrigados a renunciar as nossas colónias, que a partir daquele momento passariam ser geridas pelas Potências Aliadas. Nenhum alemão aceitou aquele Tratado de bom agrado, mas dada a situação onde nos encontrávamos era o mais racional. Não tínhamos meios para começar uma nova guerra.


Para mim, em 4 anos de guerra, nada se pode caracterizar como positivo, pois houve mortes, houve famílias destruídas, mas o que eu achei menos catastrófico e me deixou orgulhoso de ser alemão, foi a união do povo que passava por dificuldades, que perdia familiares e amigos na fração de segundos. E também a igualdade conquistada nesta época pelas mulheres. Que puderam dedicar-se a outros tipos de trabalho sem ser o trabalho doméstico. O que achei mais negativo nesta época foi o número de pessoas que tiveram de morrer para que dois países pudessem disputar o poder que possuíam.


Sabendo o que sei agora nunca iria apoiar o nacionalismo levado ao extremo, pois na altura não sabia que isso traduzia a morte e sofrimento de muitos inocentes. Se pudesse voltar ao início não agiria da mesma forma, agiria de uma forma mais coerente. Embora que se a mentalidade dos governantes não mudasse a do povo não iria mudar, por isso iria apostar no sensibilização das pessoas influentes. FIM


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