O meu avô paterno foi o primeiro a emigrar, para Angola. Depois veio buscar a minha avó paterna e o meu pai com pouco mais de 2 anos. Os meus avós paternos emigraram para Angola à procura de melhores condições de vida. Pelo conhecimento que eu tenho da história, dois fatores foram preponderantes na emigração do meu avô paterno para África, mais exatamente para Angola. A saber: Existia uma certa animosidade entre os meus bisavós paternos e maternos a qual se devia a um determinado fator nomeadamente, os meus bisavós paternos (pais do meu avô paterno) emprestaram dinheiro aos meus bisavós maternos (pais da minha avó paterna), para que pudessem cuidar dos filhos e terem uma vida equilibrada, dentro do possível, naquela altura. Só que os meus bisavôs paternos passado algum tempo, precisaram do dinheiro e pediram aos meus bisavós maternos que lhes devolvessem a mesma quantia, mas eles não tinham condições para isso e então tiveram que vender um campo, um bom campo de cultura, que hoje daria para construir muitas casas, para pagar a dívida. Infelizmente, esse ato levou à referida animosidade, e, quando os meus paternos começaram a namorar confrontaram-se uma total oposição dos seus pais, que foram sempre contra o namoro e, principalmente, contra o casamento, razão pela qual, apesar de terem uma enorme vontade de contrair matrimónio tiveram que esperar que a minha avó paterna completasse vinte e um anos de idade, idade de maioridade, na altura. Na altura vivia-se em Portugal um período muito difícil e conturbado política e economicamente. Vivia-se um período de ditadura em que os pobres estavam cada vez mais empobrecidos e os ricos cada vez mais ricos. Devido à necessidade e aos conflitos existentes entre os meus antepassados, o meu avô paterno emigrou para Angola, conforme referido. Numa primeira fase o meu avô ficou cerca de dois anos em Angola, veio buscar a minha avó e o meu pai, regressou a Angola acompanhado pela esposa e pelo filho e aí permaneceu cerca de vinte anos. Durante esse tempo trabalharam arduamente, pouparam imenso para um dia regressar, comprar uma casa, depositar as suas economias no banco, completar os estudos do filho mais velho, o meu pai, e educar os meus tios, um casal de gémeos que, entretanto, nasceram em Angola. Após praticamente duas décadas de tanta luta e sacrifício, de terem construído um “império” foram obrigados a regressar a Portugal, como que de fugitivos se tratassem, “com uma mão atrás e outra à frente”, tudo o que construíram durante essas duas décadas, ficou para trás, tiveram que começar a vida do zero… Inês, 6ºB