Portefólio de Português Bia Rações DG19

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LISBOA, 2021 MÓDULO 6 - POESIA REALISTA BEATRIZ RAÇÕES PORTEFÓLIO DE PORTUGUÊS


ÍNDICE

APRESENTAÇÃO

SÍNTESES DAS AULAS

LEITURAS

Apresentação do Aluno Expectativas em relação ao módulo 6

Sumários Apontamentos Reflexões

“O Sentimento de um Ocidental” de Cesário Verde “Palácio da Ventura” de Antero de Quental


TRABALHOS

AVALIAÇÃO

Fichas / Produções escritas / leituras análises de textos

Avaliação do módulo Autoavaliação



APRESENTAÇÃO


APRESENTAÇÃO

DO ALUNO Eu, Beatriz Rações, aluna do 2ºAno de Design Gráfico, apresento o seguinte trabalho – portfólio do módulo 6 da disciplina de Português, cujo objetivo é apresentar os conteúdos programáticos da disciplina deste módulo referindo aprendizagens/dificuldades aferidas no correr das aulas. Terá ainda o intuito de apresentar as obras dos autores de renome da literatura portuguesa.

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EXPECTATIVAS EM RELAÇÃO AO

MÓDULO 6 Enquanto aluna, as minhas expectativas foram superadas pois alcancei bons resultados a nível de conhecimento literário através de vários meios de aprendizagem, em particular:

Antero de Quental: Contexto histórico; Poema “Palácio da Ventura”; Poema “Hino à razão”; Poema “O ideal”; Poema “A Um Poeta”; Cesário Verde: Documentário; Trabalhos Solicitados pela professora; Poema “Num bairro moderno”; Poema “Sentimento de um Ocidental”;

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SÍNTESES DAS AULAS


SÍNTESES DAS

AULAS 7 de junho de 2021

26 de abril de 2021

4 de maio de 2021

Sumário: Conclusão das apresentações orais – Episódio dos Maias. Continuação do estudo da poesia do séc. XIX Antero de Quental – Leitura Analítica e crítica de textos biográficos sobre o autor.

Sumário: Continuação do estudo da po- Sumário: Continuação do estudo da poesia realista. Sistematização de Antero de esia realista. Antero de Quental Leitura e análise do poema “Palácio da Ventura” Quental. Ficha Formativa. Tarefa no teams – Declamação do poema acompanhado de imagens. 15 de junho de 2021

10 de maio de 2021

18 de maio de 2021

Sumário 1: Conclusão do trabalho de projeto. Apresentação dos materiais. Autoavaliação e heteroavaliação. Sumário 2: Conceito de anteprojeto de PAP. Desenvolvimento do dossier. Produção escrita. Continuação do estudo da poesia realista. Leitura e interpretação do poema Hino à razão de Antero de Quental.

Sumário: Continuação do estudo da poesia realista. Antero de Quental leitura e análise dos poemas- “Ideal” e “A Um Poeta”.

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6 de maio de 2021 Sumário: Desenvolvimento do trabalho de projeto. Conclusão da página do jornal.

Sumário: Continuação do estudo da poesia de Cesário Verde. Linguagem e estilo. Leitura do poema “Sentimento de um ocidental” Declamação em voz altaTreino de leitura. Análise temática e formal. Trabalho de projeto – Poesia de Cesário verde – moodboard.

29 de junho de 2021 Sumário: Treino das apresentações orais - projeto Antepap


REFLEXÕES Relativamente ás aulas de Português, o programa foi dentro dos possíveis cumprido, pois as aulas tiveram que ser interrompidas devido ao trabalho de interturmas. Por um lado, achei as aulas interessantes pois foram dadas de uma forma leve onde o conteúdo literário é exigente e extenso. Por outro lado, poderão ter ficado

algumas lacunas, pois o número de aulas foi reduzido e não deu para estudar a fundo as obras literárias. Em suma, apesar de termos tido poucas aulas de português, consegui aferir conhecimentos necessários para a compreensão literária de autores como: Cesário Verde e Antero de Quental.

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LEITURAS


O Sentimento dum Ocidental - Cesário Verde PARTE I Avé-Maria Nas nossas ruas, ao anoitecer, Há tal soturnidade, há tal melancolia, Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia Despertam-me um desejo absurdo de sofrer. O céu parece baixo e de neblina, O gás extravasado enjoa-me, perturba; E os edifícios, com as chaminés, e a turba Toldam-se duma cor monótona e londrina. Batem carros de aluguer, ao fundo, Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! Ocorrem-me em revista, exposições, países: Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo! Semelham-se a gaiolas, com viveiros, As edificações somente emadeiradas: Como morcegos, ao cair das badaladas, Saltam de viga em viga os mestres carpinteiros. Voltam os calafates, aos magotes, De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos; Embrenho-me, a cismar, por boqueirões, por becos, Ou erro pelos cais a que se atracam botes. E evoco, então, as crónicas navais: Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado! Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado! Singram soberbas naus que eu não verei jamais!

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E o fim da tarde inspira-me; e incomoda! De um couraçado inglês vogam os escaleres; E em terra num tinir de louças e talheres Flamejam, ao jantar alguns hotéis da moda. Num trem de praça arengam dois dentistas; Um trôpego arlequim braceja numas andas; Os querubins do lar flutuam nas varandas; Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas! Vazam-se os arsenais e as oficinas; Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras; E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras, Correndo com firmeza, assomam as varinas. Vêm sacudindo as ancas opulentas! Seus troncos varonis recordam-me pilastras; E algumas, à cabeça, embalam nas canastras Os filhos que depois naufragam nas tormentas. Descalças! Nas descargas de carvão, Desde manhã à noite, a bordo das fragatas; E apinham-se num bairro aonde miam gatas, E o peixe podre gera os focos de infecção!


PARTE II Noite Fechada Toca-se às grades, nas cadeias. Som Que mortifica e deixa umas loucuras mansas! O Aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças, Bem raramente encerra uma mulher de <<dom>>!

E eu sonho o Cólera, imagino a Febre, Nesta acumulação de corpos enfezados; Sombrios e espectrais recolhem os soldados; Inflama-se um palácio em face de um casebre.

E eu desconfio, até, de um aneurisma Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes; À vista das prisões, da velha Sé, das Cruzes, Chora-me o coração que se enche e que se abisma.

Partem patrulhas de cavalaria Dos arcos dos quartéis que foram já conventos: Idade Média! A pé, outras, a passos lentos, Derramam-se por toda a capital, que esfria.

A espaços, iluminam-se os andares, E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos Alastram em lençol os seus reflexos brancos; E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.

Triste cidade! Eu temo que me avives Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes, Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes, Curvadas a sorrir às montras dos ourives.

Duas igrejas, num saudoso largo, Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero: Nelas esfumo um ermo inquisidor severo, Assim que pela História eu me aventuro e alargo.

E mais: as costureiras, as floristas Descem dos magasins, causam-me sobressaltos; Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos E muitas delas são comparsas ou coristas.

Na parte que abateu no terremoto, Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas; Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas, E os sinos dum tanger monástico e devoto.

E eu, de luneta de uma lente só, Eu acho sempre assunto a quadros revoltados: Entro na brasserie; às mesas de emigrados, Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.

Mas, num recinto público e vulgar, Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras, Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras, Um épico doutrora ascende, num pilar!

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PARTE III Ao gás E saio. A noite pesa, esmaga. Nos Passeios de lajedo arrastam-se as impuras. Ó moles hospitais! Sai das embocaduras Um sopro que arripia os ombros quase nus.

Que grande cobra, a lúbrica pessoa, Que espartilhada escolhe uns xales com debuxo! Sua excelência atrai, magnética, entre luxo, Que ao longo dos balcões de mogno se amontoa.

Cercam-me as lojas, tépidas. Eu penso Ver círios laterais, ver filas de capelas, Com santos e fiéis, andores, ramos, velas, Em uma catedral de um comprimento imenso.

E aquela velha, de bandós! Por vezes, A sua trai^ne imita um leque antigo, aberto, Nas barras verticais, a duas tintas. Perto, Escarvam, à vitória, os seus mecklemburgueses.

As burguesinhas do Catolicismo Resvalam pelo chão minado pelos canos; E lembram-me, ao chorar doente dos pianos, As freiras que os jejuns matavam de histerismo.

Desdobram-se tecidos estrangeiros; Plantas ornamentais secam nos mostradores; Flocos de pós-de-arroz pairam sufocadores, E em nuvens de cetins requebram-se os caixeiros.

Num cutileiro, de avental, ao torno, Um forjador maneja um malho, rubramente; E de uma padaria exala-se, inda quente, Um cheiro salutar e honesto a pão no forno.

Mas tudo cansa! Apagam-se nas frentes Os candelabros, como estrelas, pouco a pouco; Da solidão regouga um cauteleiro rouco; Tornam-se mausoléus as armações fulgentes.

E eu que medito um livro que exacerbe, Quisera que o real e a análise mo dessem; Casas de confecções e modas resplandecem; Pelas vitrines olha um ratoneiro imberbe.

<<Dó da miséria!... Compaixão de mim!...>> E, nas esquinas, calvo, eterno, sem repouso, Pede-me esmola um homenzinho idoso, Meu velho professor nas aulas de Latim!

Longas descidas! Não poder pintar Com versos magistrais, salubres e sinceros, A esguia difusão dos vossos reverberos, E a vossa palidez romântica e lunar!

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PARTE IV Horas Mortas O tecto fundo de oxigénio, de ar, Estende-se ao comprido, ao meio das trapeiras; Vêm lágrimas de luz dos astros com olheiras, Enleva-me a quimera azul de transmigrar.

Mas se vivemos, os emparedados, Sem árvores, no vale escuro das muralhas!... Julgo avistar, na treva, as folhas das navalhas E os gritos de socorro ouvir, estrangulados.

Por baixo, que portões! Que arruamentos! Um parafuso cai nas lajes, às escuras: Colocam-se taipais, rangem as fechaduras, E os olhos dum caleche espantam-me, sangrentos.

E nestes nebulosos corredores Nauseiam-me, surgindo, os ventres das tabernas; Na volta, com saudade, e aos bordos sobre as pernas, Cantam, de braço dado, uns tristes bebedores.

E eu sigo, como as linhas de uma pauta A dupla correnteza augusta das fachadas; Pois sobem, no silêncio, infaustas e trinadas, As notas pastoris de uma longínqua flauta. Se eu não morresse, nunca! E eternamente Buscasse e conseguisse a perfeição das cousas! Esqueço-me a prever castíssimas esposas, Que aninhem em mansões de vidro transparente! Ó nossos filhoes! Que de sonhos ágeis, Pousando, vos trarão a nitidez às vidas! Eu quero as vossas mães e irmãs estremecidas, Numas habitações translúcidas e frágeis.

Eu não receio, todavia, os roubos; Afastam-se, a distância, os dúbios caminhantes; E sujos, sem ladrar, ósseos, febris, errantes, Amareladamente, os cães parecem lobos. E os guardas, que revistam as escadas, Caminham de lanterna e servem de chaveiros; Por cima, as imorais, nos seus roupões ligeiros, Tossem, fumando sobre a pedra das sacadas. E, enorme, nesta massa irregular De prédios sepulcrais, com dimensões de montes, A Dor humana busca os amplos horizontes, E tem marés, de fel, como um sinistro mar!

Ah! Como a raça ruiva do porvir, E as frotas dos avós, e os nómadas ardentes, Nós vamos explorar todos os continentes E pelas vastidões aquáticas seguir!

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O Palácio da Ventura - Antero de Quental Sonho que sou um cavaleiro andante. Por desertos, por sóis, por noite escura, Paladino do amor, busco anelante O palácio encantado da Ventura! Mas já desmaio, exausto e vacilante, Quebrada a espada já, rota a armadura... E eis que súbito o avisto, fulgurante Na sua pompa e aérea formosura! Com grandes golpes bato à porta e brado: Eu sou o Vagabundo, o Deserdado... Abri-vos, portas de ouro, ante meus ais! Abrem-se as portas d’ouro com fragor... Mas dentro encontro só, cheio de dor, Silêncio e escuridão - e nada mais!

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O Ideal - Antero de Quental Aquela, que eu adoro, não é feita De lírios nem de rosas purpurinas, Não tem as formas languidas, divinas Da antiga Vénus de cintura estreita... Não é a Circe, cuja mão suspeita Compõe filtros mortaes entre ruinas, Nem a Amazona, que se agarra ás crinas D’um corcel e combate satisfeita... A mim mesmo pergunto, e não atino Com o nome que dê a essa visão, Que ora amostra ora esconde o meu destino... É como uma miragem, que entrevejo, Ideal, que nasceu na solidão, Nuvem, sonho impalpável do Desejo...

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SÍNTESES E

REFLEXÕES Palácio da Ventura

Sentimento de um Ocidental

Este poema tem como principal tema a desilusão (tristeza existencial), abordando a busca pela felicidade, pois o poeta pretende alcançar a felicidade ultrapassando todos os obstáculos, mas acaba por perder as suas forças, levando-o a uma desilusão/ ilusão.

Este poema de Cesário Verde centra-se na sua experiência de vida em Lisboa, onde o poeta retrata a cidade moderna e os seus sentimentos de melancolia, desânimo e desespero. Quanto à sua estrutura, o poema está organizado em quatro partes: “Ave Marias”, “Noite Fechada”, “Ao Gás” e “Horas Mortas”, cada um com onze quadras. Contudo, este poema lírico, representa não só as vivências de um “eu” poético, como também apresenta marcas que recordam o estilo épico, ma medida que contém características ao longo da narrativa, tal como sucede na epopeia de Camões. Cesário Verde celebra a cidade e a vida, e vai ao mesmo tempo criticando-os (“cidade decadente, sem brilho e valor”). Relativamente à dimensão épica neste poema o sujeito poético perdeu o motivo para celebrar a pátria: a viagem que se pode fazer já não é a das Descobertas, com aventuras, mas sim a fuga para um lugar diderente, o mundo ocidental como Madrid, Paris, Berlim, .... As personagens imaginárias ou reais, os “outros” são decadentes burgueses, dentistas ou trabalhadores que não trazem estatuto épico à cidade. Cesário Verde, no seu estilo prosaico e coloquial

O poema divide-se em quatro partes por 5 estrofes: 1ª. Parte – encanto; 2ª. Parte – cansaço; 3ª. Parte – encanto e 4ª. Parte – desilusão, ou seja, descreve no início o sonho, depois o cansaço de alguém, passando pelo otimismo, mas no final do poema volta a demonstrar alguém desiludido. Assim, podemos concluir que este poema retrata a realidade que muitas vezes é difícil de alcançar ou que é diferente do que se espera, pois, os objetivos que temos em mente são belos nos nossos sonhos.

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situa-se muito longe do estilo retórico das epopeias, uma vez que utiliza vocabulário do quotidiano da cidade: “varinas”, “becos”, entre outros, que em nada se confunde com o léxixo rico de um poema épico. O poeta procura a perfeição forma nos seus poemas, recorre frequentemente à quadra, neste caso de “O Sentimento dum Ocidental”, que é um poema longo, com versos decassílabos e alexandrinos, que lhe permitem descrever em detalhe (enumeração) a cidade e refletir sobre as perceções que vai tendo, para criar o efeito de que o poeta que procura representar o real, utiliza os adjetivos para assumir uma forte expressividade, também apela ao visual explorando uma linguagem plástica (imagem) com um acentuado valor simbólico. Os versos apresentam uma estrutura métrica e rimática (intercalada) que dão uma certa musicalidade ao poema. Em suma, neste poema, o poeta destaca as suas manifestações de consciência, retratando-as ao longo de toda a sua história (narrativa), embora literalmente transformadas, pelos estados de alma (soturnidade, melancolia, enjoo, felicidade ou tristeza) do poeta perante a realidade, pois surgem determinadas ações que deturpam o tempo (ao cair da tarde, fixação da noite), as personagens e o próprio espaço físico, no qual podemos encontrar algumas referências diretas ou indiretas da obra Os Lusíadas de Camoões.


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TRABALHOS

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TRABALHOS - BIOGRAFIA DE ANTERO DE QUENTAL - POESIA REALISTA - CESÁRIO VERDE POEMA “O Sentimento de um Ocidental” -> Tirar 10 fotografias e estabelcer a relação que o sujeito poético estabelce com o quotidiano do séc. XIX

- PORTEFÓLIO - POESIA REALISTA

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AVALIAÇÃO


AUTOAVALIAÇÃO HETEROAVALIAÇÃO

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NOME: BEATRIZ RAÇÕES

TURMA: DG19

AUTOAVALIAÇÃO

HETEROAVALIAÇÃO

NOTA: 17

Para avaliar a professora Carla Passagem, a professora deu o módulo de uma forma correta dentro dos possíveis, devido a outros projetos, mas apesar disso a professora esteve sempre disponível para qualquer dúvida, e em questões de conteúdo de português, a professora deu a matéria de uma forma muito prática, para não ser assim uma coisa muito, eu gostei :)

Para avaliar o meu desempenho e responsabilidade neste módulo avalio-me com a nota 17, uma vez que os trabalhos que realizei foram bem sucedidos (tal como outros parâmetros) e as minhas expectativas de aprendizagem foram cumpridas.

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