UMA HISTÓRIA DE OURIÇOS - Beatriz Rações

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HISTÓRIAS DE OUTONO

TEXTO DE GUILHERMINA OLIVEIRA

ILUSTRAÇÕES DE BEATRIZ RAÇÕES

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UMA HISTÓRIA DE OURIÇOS Texto: Guilhermina Oliveira Ilustrações: Beatriz Rações Julho 2021 Produzido na


HISTÓRIAS DE OUTONO


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Debaixo de um grande castanheiro, andava o Senhor Ouriço Cacheiro à procura de uns insetos, para o seu pequeno almoço, quando viu uma maçã, ali, bem à frente do seu nariz, caída no chão.

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Aproximou-se e ouviu uma vozinha estridente, muito fininha: -“Alguém viu por aí um ouriço?”

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O Ouriço Cacheiro pensou: - Uma maçã a falar? Uma maçã não fala! Onde é que já se viu uma maçã a falar? Ela nem tem boca, como pode ela falar?

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Mas a vozinha cada vez mais estridente, não se calava: - “Alguém viu por aí um ouriço? Viram um ?”

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O Ouriço Cacheiro debruçou-se sobre a maçã e foi então que viu! - Uau! Uma minhoca! - disse logo muito contente, pois estava cheio de fome.

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Hei! Minhoca não! Eu não sou uma minhoca da terra! Não te ponhas para aí com ideias! Ideias de lobo mau! Cara de lobo mau! - Disse muito indignada a Lagarta da maçã.

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O Ouriço Cacheiro muito empertigado e com os seus picos muito abertos retrucou: - Eu não tenho ideias nem cara de lobo mau!

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- Tens, tens. Aqueles olhos de quem só pensa, “Vou-te comer…” – disse a Lagarta. - Mas ficas já a saber eu não sou minhoca, não como folhas secas e babadas do chão. Eu como fruta e da melhor! Eu sou uma lagartinha, uma lagartinha que se vai transformar numa delicada e linda borboleta! Mas afinal viste ou não viste um ? – Gritou a Lagarta.

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- Sou eu! Berrou por sua vez o Ouriço Cacheiro. - Eu sou um ouriço, o Ouriço Cacheiro.

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- Tu não és um Ouriço! - Disse a lagarta. - És??? Está bem, tu tens picos realmente, mas é só d’um lado! Está bem! Onde tens as castanhas?

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- As Castanhas? Mas eu não tenho castanhas nenhumas! – disse o ouriço muito indignado. - Não tens castanhas? Então não és um ouriço! – Disse a Lagarta na sua voz de falsete e ainda mais indignada! - Ai sou, sou! Sou um Ouriço sim senhor e ponto final! - Exclamou bem alto o Ouriço Cacheiro.

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Nesse momento com um grande rebuliço, algo passou mesmo por cima das suas cabeças. Lá do alto do castanheiro caiu uma bola. Uma bola verde, toda cheia de picos e assim que bateu no chão, plac-ploc, rebentou. Abriu-se e apareceram umas castanhas, bem castanhinhas.

- Um ouriço! Gritou a desafinada lagartinha. - Vês este é um ouriço. Um ouriço verdadeiro - Gritou de alegria a lagarta. – És muito novo ainda, vê-se mesmo que não percebes nada de ouriços.

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E logo rastejou lá para dentro perante o olhar admirado do Sr. Ouriço Cacheiro. E ainda a ouviu dizer: - Ufa! Até que enfim! Estava farta de comer maçã!

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O Sr. Ouriço Cacheiro olhou bem, com toda a atenção e disse: - Não tem olhos, nem nariz. Não tem boca, nem tem patas. Só tem barriga e com castanhas lá dentro!

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E com um ar muito decidido replicou:

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PALAVRAS IGUAIS COISAS DIFERENTES.


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