Beira 68

Page 1

issn 1982-5994

12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009

Entrevista

“O Fórum Social precisa ser visto estrategicamente”

JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VII • N. 68 • Janeiro, 2009

Alexandre Moraes Fotos Alexandre Moraes

De acordo com o Reitor, recursos tardios dificultam andamento das obras necessárias para o evento. Alex Fiúza de Mello: “Eu espero que o debate seja rico e frutífero”

Entre os dias 27 de janeiro e 1° de fevereiro, os olhos do mundo estarão sobre Belém. A cidade vai sediar a 9ª edição do Fórum Social Mundial, realizado, pela primeira vez, na Amazônia. O evento coincidirá, novamente, com a Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial e mantém a promessa de ser um espaço de protesto, troca de informações e experiências sobre as políticas neoliberais. Este ano, o FSM retoma seu formato centralizado, com todas as atividades ocorrendo num só lugar, onde os organizadores esperam reunir cerca de 80 mil pessoas. A Universidade Federal do Pará abriu suas portas para abrigar as atividades previstas na programação e tem feito uma série de investimentos para acolher bem os visitantes. Em entrevista ao BEIRA DO RIO, o Reitor Alex Fiúza de Mello fala sobre a expectativa de receber esse público, as obras de infra-estrutura que estão sendo feitas para melhorar as instalações da Universidade e a importância de colocar a UFPA no centro desse debate de proporções internacionais.

De que maneira a UFPA poderá contribuir com esse debate? AFM – A UFPA é uma entidade plural, uma universidade de idéias, então, ela vai se manifestar de uma forma muito ampla, através das vozes de todos que aqui estão interligados. Há muitos projetos e programas que estão sendo pautados para o Fórum para serem expostos, apresentados, discutidos. Esta será a contribuição da UFPA, além de ter cedido o seu espaço para a realização do evento.

Beira do Rio – Esta será a primeira rando para receber os participanvez que o Fórum Social Mundial tes? será realizado na Amazônia. Como AFM – O Fórum vai ocorrer num moo Senhor avalia a importância do mento em que a UFPA terá superado evento para a região? uma fase de expansão de obras e reAlex Fiúza de Mello – O FSM é um cuperação de espaços urbanos muito evento da globalização, via de regra, importantes. O que nós temos é insude movimentos sociais, que se articuficiente para o Fórum Social Mundial lam em vários países do mundo, em e isso depende dos investimentos que reação a uma articulação, que também estão sendo feitos e que, eu espero, é global, de setores representativos do sejam concluídos, pois chegaram capitalismo contemporâneo. Nesse muito tardiamente. O meu temor é sentido, esse Fórum tem vagado por não haver tempo para fazer todas as vários lugares do mundo. No Brasil, obras necessárias, porque, como é já esteve em Porto Alegre e agora verba pública, nós precisaremos fazer em Belém. A Amazônia passa a ser – licitações e isso leva tempo. Mas, no como em qualquer lugar que esse FóBrasil, tudo é assim. O Brasil é um rum se realize – um lugar que ganha país sem planejamento, onde tudo notoriedade mundial, e isso, do ponto é decidido politicamente na última de vista da promoção da cidade e da hora. O gestor, que está na ponta, é região, é importante. Nós precisamos quem arca com a burocracia e com ter uma visão estratégica da importâna falta de planejamento do Estado cia desse evento. Essa é a razão pela brasileiro. De qualquer forma, alguqual as universidades que foram conmas obras previstas são importantes sultadas pelo Governo do Estado, que para a Universidade: a duplicação da é quem está articulando Estrada Nova, a soluo Fórum, não podiam se ção para o problema colocar de fora e não da drenagem pluvial dar a sua colaboração. e o recapeamento de Agora, que fique claro: parte do Campus, a o Fórum é iniciativa do duplicação da estação Governo do Estado, não do tratamento de água. é da Universidade. A Nos locais que abriUFPA apenas se assogarão as atividades, a cia, cedendo seu espaço Universidade já tinha físico, a sua infra-estrufeito as reformas, mas tura, que tem que ser precisava desses invesreforçada nesse motimentos, que são míni“O grande mento, pois nós vamos mos diante daquilo de quintuplicar o volume que o evento precisa. produto do de pessoas que se tem Fórum Social é BR – Um dos objetihoje, por dia, transitando no Campus. do FSM é aprea germinação de vos sentar propostas para BR – Como a Univerum mundo mais solivalores” sidade está se prepadário e democrático.

BR – O Fórum cria a oportunidade de dialogar diretamente com os movimentos sociais, como a UniverBR – Ao avaliar o evento, os orsidade tem feito a ponte entre o que ganizadores criticam a falta de produz e as demandas sociais? resultados práticos. Como transAFM – A Universidade tem que se formar seis dias de discussão em comunicar e divulgar aquilo que faz. um “produto”? Mas a Universidade não é movimento AFM – O grande produto do Fórum social, não é empresa, não é Estado. já é a discussão e a germinação de Cabe aos movimentos sociais e aos valores que têm que ser disseminados empresários chegarem à Universidade em nível planetário. Criticar a globalipara dizer: “Nós queremos este prozação seria um ato irracional se fosse duto, queremos que a Universidade se uma crítica contra o processo em si, engaje neste programa, criticar a globalização queremos oferecer esta tentando demonstrar parceria”. O papel da que essa planetalização Universidade é produdos vínculos entre os zir conhecimento e forpovos não está criando mar quadros. De quem redução de desigualdaé a responsabilidade des é importante fazêde divulgar ciência, é la. O maior produto do da Universidade ou é Fórum é gerar idéias, dos meios de comugerar teses. O Fórum é nicação? De quem é um espaço de debate, a responsabilidade de ele se cumpre na meretirar a tese da pratedida em que conclui os “Nós vamos leira, é da Universidade seus trabalhos e gera ou dos setores empreuma agenda de reflequintuplicar endedores? xão que vai repercutir, ao longo do ano, até o o volume de BR – Qual a relepróximo Fórum. pessoas no vância de se debater temáticas como deBR – O Fórum se diCampus” mocracia e sustentaferencia pela mobibilidade no contexto lização da sociedade histórico que temos civil. Em Belém, o que hoje: crise de mercados, recessão e se percebe é uma apatia. A cidade a expectativa diante da posse de um ainda não “abraçou” o evento? novo presidente norte-americano? AFM – A população não lê jornais, AFM – Eu acho que a criação, no não lê revistas, que são os que estão, imaginário social, de referências, até hoje, mais divulgando o Fórum. sempre foi positiva. Esse fenômeno O Fórum não tem sido um produto de se dinamiza toda vez que se vai distelevisão e a apatia é em conseqüência cutir democracia, liberdade e direitos disso. A população de Belém é muito humanos. O importante é que se faça receptiva a fatos inéditos, a eventos um debate sério, porque eventos dessa internacionais. Se a televisão se engaenvergadura têm debate, têm claque, jar no Fórum, a população vem.

têm merchandising, têm marketing, têm modismo, têm de tudo. O tema ambiental, por exemplo, pode ser tratado com seriedade, com fundamentos científicos ou pode ser tratado de forma meramente caricata, especulativa. Teremos, aqui, representantes de etnias indígenas,de movimentos do campo, de sindicatos internacionais. Cada um com a sua pauta, sua agenda, seu interesse, seu discurso. É importante nós entendermos o lugar de cada um e tirar boas conclusões de todo este debate, que eu espero que seja rico e frutífero.

FSM 2009: Campus do Guamá abrigará parte das atividades previstas na programação, que terá debates, oficinas, marchas e manifestações culturais número de pessoas que circulam atualmente no Campus. Na UFPA, algumas obras de infra-estrutura, financiadas pelo Governo do Estado, devem ser concluídas até o evento.Págs. 6 e 7

Cidadania

Entrevista

Programa Multicampi Social chega à Ilha do Marajó Professores e alunos articulam atividades nas áreas de saúde, educação e de direitos sociais. O objetivo é con-

tribuir para o aumento da qualidade de vida nos municípios de Breves, Gurupá e Chaves. Pág. 3

Mácio Ferreira

O Reitor Alex Fiúza de Mello fala sobre a importância do Fórum Social Mundial. Pág. 12

Economia Alexandre Moraes

D

e 27 de janeiro a 1º de fevereiro, cerca de 80 mil pessoas passarão pelo Campus Guamá, participando das atividades promovidas pelo Fórum Social Mundial 2009. A expectativa é quintuplicar o

Alexandre Moraes

Rosyane Rodrigues

Fórum Social da Amazônia

Empreedimento popular é prioridade

Incubadora dá apoio a cooperativas

Opinião A professora Carla Mércia do Rosário Souza discute o envelhecimento da população brasileira. Pág. 2

Planos de ação são elaborados a partir do perfil dos empreendimentos. Oficinas e curso de gestão fazem parte do Programa. Pág. 9

Extensão

Investimento

Educação sexual nas escolas Pág. 5

REUNI garante expansão em Marabá Pág. 11

Alunos são incentivados a participar das atividades de extensão


BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009 –

REUNI

Coluna do REITOR Alex Fiúza de Mello

reitor@ufpa.br

Educação a distância, universidade e democracia na Amazônia

N

a Amazônia, de dimensões continentais, de distâncias indomáveis, de dispersão populacional extremamente acentuada, o recurso à modalidade do ensino a distância não é meramente uma estratégia pedagógica ou uma simples opção educativa. É, acima de tudo, um ato político; uma alternativa inteligente de inclusão social, instrumento de construção da cidadania para todos por meio da difusão do conhecimento e pela multiplicação das oportunidades de educação. É fato que nenhum país no mundo, nenhuma região ou estado, por mais desenvolvidos que sejam, mantém instituições ou pólos universitários sediados em todos os municípios ou localidades ali presentes. Não obstante, as tecnologias de transmissão do conhecimento, de difusão científica, de atualização da informação, além de outros meios de transporte e de comunicação, estão permanentemente disponíveis a todos os cidadãos que desejem acessar as oportunidades de qualificação, de crescimento profissional, de aperfeiçoamento técnico e cultural. Como a demanda por educação superior, no Brasil, só tende a crescer, o grande desafio passa a ser o como adaptar um sistema tradicionalmente elitista e excludente às demandas populares,

sem o desmantelamento do padrão de qualidade já alcançado a muito custo. Tal premissa também é válida para a Amazônia e necessita ser assimilada como fundamento prioritário de política pública numa região cortada por densas florestas, distâncias medidas em centenas (senão milhares) de quilômetros, de transporte difícil e caro e de massa populacional excluída, na sua maioria, dos frutos do progresso material e das oportunidades de educação formal. As principais estradas a serem construídas na Amazônia do século XXI são aquelas que transportam conhecimento, que levam à informação, que conduzem à cidadania cognitiva. Serão estas, sobretudo, as vias da democracia efetiva, que distribuem não tanto mercadorias ou commodities – destinadas prioritariamente ao mercado externo – mas informação e conhecimento – com destinação focada no mercado interno de talentos – socializando as oportunidades do saber às populações e comunidades mais distantes, espalhadas por rios e florestas, que jamais teriam acesso à educação superior na permanência das condições de dependência dos moldes tradicionais de formação. As tecnologias de educação a distância podem representar, na Amazônia, imprescindíveis ferramentas

11

na redução do analfabetismo, tanto quanto meio estratégico e insubstituível na oferta de educação continuada para as inúmeras camadas populacionais, com seus múltiplos interesses. São centenas de milhares de jovens e adultos analfabetos que anseiam por oportunidades efetivas à sua introdução às letras e aos ofícios. São dezenas de milhares de professores espalhados pela rede pública de toda a região amazônica que necessitam de formação superior e ser permanentemente reciclados e atualizados. São outros milhões de profissionais que, trabalhando distante dos grandes centros urbanos, aspiram às novidades técnicas disponíveis no mercado da informação. Pelas suas características, as tecnologias e programas de educação a distância rompem com o condicionamento do espaço e do tempo – imensos obstáculos amazônicos – ampliam os limites do território escolar – que pode agora abarcar as casas, os clubes, as igrejas, os salões e auditórios comunitários, os quintais (sob palhoças, tendas ou barracões) – e introduzem novas possibilidades de crescimento educativo, aproximando virtualmente os distantes, até hoje excluídos dos benefícios do conhecimento. As políticas de educação a

distância na Amazônia, capitaneadas pela liderança da universidade, devem velar para colocar ao alcance do maior número possível de pessoas, na amplidão dos vales, rios e floresta, oportunidades permanentes e por toda a vida de crescimento cognitivo. E com uma vantagem sobre os métodos tradicionais: além de uma maior extensão da ação, as tecnologias a distância carregam maior flexibilidade de oferta, pois permitem estudos em tempo parcial, se necessário, ou módulos abreviados ou intensivos de aprendizagem, tudo em conformidade com os tempos comunitários, os tempos sazonais do campo, os tempos disponíveis do instrutor ou tutor, que não raramente viajam horas por rios entre as várias aldeias e comunidades. Sem dúvida, na Amazônia, a universidade precisa consolidar a utilização plena do potencial das novas tecnologias de informação e comunicação, com a sua adaptação às necessidades regionais, microrregionais e locais, considerados os seus diversificados níveis de carências e aspirações. Talvez seja esta a única via de aprendizagem efetiva e realista, a curto e médio prazo, para todo esse imenso verde-vagomundo, sem restrições de tempo, de espaço e de pessoal qualificado disponível.

Fotos Mácio Ferreira

LURDINHA RODRIGUES

2 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009

Ampliação de infra-estrutura e do quadro técnico-administrativo cria condições para oferta de novos cursos de graduação e pós-graduação

Marabá: investimentos garantem expansão

Mácio Ferreira

Mais de R$2 milhões serão destinados a obras de infra-estrutura

OPINIÃO

Dandara Almeida

Carla Mércia Souza Dacier Lobato

O

envelhecimento populacional é um fenômeno global. Considerando-se a população mundial, estima-se que o número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos irá crescer mais de 300% nos próximos 50 anos, passando de 606 milhões, em 2000, para quase dois bilhões em 2050. O Brasil é um dos países em desenvolvimento onde o envelhecimento da população está ocorrendo com maior velocidade. Nos últimos 50 anos, houve um aumento expressivo da população com 60 anos ou mais. Em 1950, essa população era de, aproximadamente, dois milhões e correspondia a 4,1% da população total, tendo o brasileiro uma expectativa de vida de 43,3 anos. No ano 2000, essa população aumentou para 13 milhões e passou a corresponder a 7,8% da população

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Rua Augusto Corrêa n.1 - Belém/PA beiradorio@ufpa.br - www.ufpa.br Tel. (91) 3201-7577

carlamercia@ig.com.br

O Brasil está envelhecendo? total, passando a expectativa de vida a corresponder a 68,6 anos. Nos próximos 50 anos, estima-se que a população idosa será de 58 milhões, o que corresponderá a 23,6% da população total. O aumento na expectativa de vida, em conseqüência da melhoria da qualidade da assistência médica e do saneamento básico, a redução da fecundidade, assim como a diminuição da mortalidade são fatores responsáveis pela modificação da pirâmide etária no sentido de um grande aumento da população idosa. Com o envelhecimento populacional, também se observa uma mudança no quadro de morbimortaliddade. O Brasil passou de um perfil de morbi-mortalidade típico de uma população jovem, isto é, integrado por doenças infecciosas e parasitárias na década de 50, quando

as mesmas perfaziam um total de 40% dos óbitos, para um, caracterizado por doenças crônicas, próprio das faixas etárias mais avançadas. Estas, que constituíam 11,8% dos óbitos, passaram a ser responsáveis por 31,3%, contra apenas 5,9% das doenças infecto-parasitárias. As doenças do aparelho circulatório aparecem como as principais causas de morte entre a população idosa. Entretanto, sua participação relativa tem diminuído, ao longo do período, em todos os grupos etários e em ambos os sexos. Em contrapartida, observa-se que os outros grupos de causas de morte têm sua participação relativa aumentada. Entre eles, destacam-se as doenças do aparelho respiratório que aumentam, sobretudo, nas idades mais avançadas e as neoplasias, que têm sua participação aumentada,

principalmente, no grupo etário 6069 anos. Dados do Ministério da Saúde revelam que as principais causas de óbito, entre os idosos brasileiros, recaem sobre as doenças do aparelho circulatório (36,0%), o câncer (14,7%) e as doenças do aparelho respiratório (12,6%), correspondendo, essas três causas, a mais de 60% do total de óbitos. Como vimos, nosso país está envelhecendo e todo um perfil sociodemográfico está mudando. Será que estamos preparados para essa nova realidade? Carla Mércia Souza Dacier Lobato é mestre em Cardiologia pela UNIFESP, especialista em Clínica Médica e Geriatria, professora da Faculdade de Medicina/ICS/UFPA.

Reitor: Alex Bolonha Fiúza de Mello; Vice-Reitora: Regina Fátima Feio Barroso; Pró-Reitora de Administração: Simone Baía; Pró-Reitor de Planejamento: Sinfrônio Brito Moraes; Pró-Reitor de Ensino de Graduação: Licurgo Peixoto de Brito; Pró-Reitora de Extensão: Ney Cristina Monteiro de Oliveira; Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Roberto Dall´Agnol; Pró-Reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal: Sibele Bitar Caetano; Prefeito do Campus: Luiz Otávio Mota Pereira. Assessoria de Comunicação Institucional JORNAL BEIRA DO RIO Coordenação: Luciana Miranda Costa; Edição: Rosyane Rodrigues; Reportagem: Ana Carolina Pimenta/Glauce Monteiro/Jéssica Souza/Walter Pinto/Andréa Mota/ Dandara Almeida/ Raphael Freire/ Suzana Lopes; Fotografia: Alexandre Moraes/Mácio Ferreira; Secretaria: Isalu Mauler/Elvislley Chaves/Gleison Furtado; Beira on-line: Leandro Machado/Camilo Rodrigues; Revisão: Júlia Lopes; Arte e Diagramação: Rafaela André/Omar Fonseca; Impressão: Gráfica UFPA.

D

ois milhões, oitocentos e oitenta e um reais (R$2.881.000,00). Esse é o valor investido na construção de dois prédios, cada um com 50 gabinetes duplos para professores no Campus de Marabá, da Universidade Federal do Pará. O projeto faz parte do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), assinado pela UFPA em 2008. Além da ampliação do quadro técnico-administrativo e da infra-estrutura, o Campus vai oferecer mais vagas e novos cursos. No

próximo ano, mais quatro cursos serão ofertados para a comunidade: Letras (Habilitação em Língua Inglesa), Geografia, Educação de Campo e Física. Em 2010, será implantado o primeiro programa de mestrado do Campus na área de Aproveitamento de Recursos Minerais e Novos Materiais. “Essas iniciativas vão proporcionar uma ampliação significativa do acesso ao ensino superior no interior do Estado, atendendo, com qualidade, a formação de cidadãos e profissionais com perfil adequado às demandas regionais, promovendo o desenvolvimento social e econômico do município de Marabá e da região”, avaliou a coordenadora

do Campus de Marabá, Profa. Ms. Zenaide Carvalho da Silva. PROJETOS – A coordenadora explica que algumas obras, inicialmente previstas para serem executadas pelo REUNI, serão desenvolvidas por um acordo feito entre o Governo Federal e as Instituições Federais de Educação Superior (IFES), que aderiram ao REUNI. Nesse sentido, o Campus de Marabá receberá recursos para a construção do Centro de Treinamento e Acesso à Informação, de três laboratórios e de três outros prédios. “O Centro de Treinamento é uma obra importante, pois vários projetos de ensino, pesquisa e extensão poderão ser

desenvolvidos junto à comunidade acadêmica e externa do Campus Universitário”. Os projetos já estão em andamento na Prefeitura Multicampi. A entrega dos gabinetes para os professores está prevista para o final de 2009. “A implantação dos cursos e a abertura de novas vagas, assim como a melhoria da infra-estrutura do Campus de Marabá atendem ao compromisso da Instituição com a formação de professores em nível superior para a educação básica, contribuindo para a ampliação do número de professores com qualificação adequada no interior do Estado”, afirma Zenaide.

n Campus atende seis municípios Atualmente, o Campus de Marabá oferece 12 cursos ministrados no próprio município, além dos ofertados nos Núcleos de Rondon do Pará, Xinguara, Jacundá, Canaã dos Carajás, Tucuruí e Parauapebas. A maioria dos cursos é intensivo, com funcionamento no 1° e 3° períodos do calendário acadêmico. Quando o assunto é pesquisa, o Campus conta com 68 bolsistas, distribuídos em mais de 24 projetos, apoiados pelo Programa Integrado de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (Proint), Programa de Apoio ao Recém-Doutor (PARD) ou pelo

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), em parceria com a própria UFPA, CNPq ou Fapespa. Em 2003, o Campus I de Marabá contava com um laboratório de informática, 13 salas de aula, colegiados, auditórios, espaço administrativo e biblioteca. Nesse mesmo período, o Campus II apresentava dois alojamentos, um refeitório, a Casa do Contador e duas casas destinadas a projetos, somando uma área de 2.715,35m². Nos últimos anos, houve uma ampliação da infra-estrutura e, hoje, a área construída nos Campi I e II já soma 14.809,89m².

Projetos de pesquisa e extensão envolvem 68 alunos como bolsistas


10 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009 –

Cidadania Divulgação

Paixão de LER

Educação Infantil a partir do contexto familiar e social

U

Obra é marcada pela "polifonia" metodológica da, que “A obra ‘Educação Infantil e Estudos da Infância na Amazônia’, que temos a honra de organizar e apresentar, é reflexo do compromisso com a criança da Amazônia. Acreditamos que esta publicação representa, sobretudo, uma tentativa de apontar caminhos para os que se propõem a fazer a educação infantil com mais qualidade e respeito à criança”. A obra lançada pela EDUFPA pode ser adquirida na livraria do Campus e na livraria da Praça.

Livraria do Campus Rua Augusto Corrêa, n.1, Campus Universitário do Guamá Telefax: (91) 3201-7965 - Tel. (91) 3201-7911. Livraria da Praça: Instituto de Ciências da Arte da UFPA. Praça da República s/n Tel. (91) 3241-8369

Conheça os serviços ofertados no Campus Guamá

n Clínica de Psicologia: possui atividades de acolhimento (triagem), encaminhamento, psicoterapia individual e de grupo, avaliação e atendimento médico e psiquiátrico, avaliação e atendimento do serviço social, além de eventuais grupos de reflexão, grupos de pais e aplicação de testes psicológicos no contexto do atendimento clínico. Horário: 8h às 13h e 14h às 18h Contatos: (91) 3201-7443/7446 Endereço: Campus Universitário do Guamá - Setor Básico (próximo ao Ginásio de Esportes) n Farmácia-Escola: elabora e comercializa produtos manipulados, com preços abaixo dos oferecidos pelas demais farmácias da cidade. Horário: 8h30 às 16h Contatos: (91) 3201-7206/7630/8113

Endereço: Campus Universitário do Guamá - Setor de Saúde ou no Complexo do Vadião

Contatos: (91) 3201-6600 ou asscomhujbb@ufpa.br Endereço: Rua Mundurucus, 4487

Endereço: Instituto de Letras e Comunicação, no Campus Universitário do Guamá - Setor Básico

n Laboratório de Análises Clínicas: realiza, gratuitamente, exames laboratoriais de rotina (sangue, urina, fezes e escarro) em pacientes encaminhados pelo Hospital Bettina Ferro, em servidores e professores da Instituição, além de atender a comunidade em geral. Horário: 7h às 12h Contatos: (91) 3201-7630 Endereço: Instituto de Ciências Biológicas, no Campus Universitário do Guamá Setor Básico

n Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza: é referência estadual em Oftalmologia, Otorrinolaringologia e em Crescimento e Desenvolvimento Infantil. Também oferece serviço médico nas áreas de Clínica Médica, Pediátrica e Cirúrgica; Alergologia; Ortopedia; Cardiologia; Ginecologia; Neurologia; Gastroenterologia; Proctologia; Psiquiatria e terapias especializadas; além do serviço de apoio diagnóstico (raio-X, mamografia, eletrocardiograma, endoscopia digestiva alta, colonoscopia, etc) e dos programas especiais. Ainda possui serviços complementares de Enfermagem, Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Farmácia Hospitalar, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Contato: (91) 3201-7825 / 7656 ou hubfs@ufpa.br Endereço: Campus Universitário do Guamá - Setor de Saúde

n Oficina de Criação: presta serviços na área de design gráfico, diagramação e editoração para a UFPA e para a comunidade em geral. Horário: 8h às 12h e 14h às 18h Contato: (91) 3201-8170 ou ofcria@gmail.com Endereço: Prédio da Gráfica Universitária, no Campus Universitário do Guamá - Setor Básico

n Hospital Universitário João de Barros Barreto: oferece consultas e internação em diversas especialidades (Clínica Médica, Pneumologia, Infectologia, Pediatria, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Endocrinologia, Cardiologia, Gastroenterologia, Nefrologia, Neurologia e Urologia). Também possui um Centro de Diagnóstico, que realiza exames laboratoriais, diagnóstico por rádio-imagem, provas de funções respiratórias, exames endoscópicos, métodos gráficos e reabilitação por meio de fisioterapia e terapia ocupacional.

n Cursos Livres de Idioma: oferece cursos regulares de Inglês e Francês, em módulos presenciais e a distância. Contato: (91) 3201-7524 ou cursoslivres@ufpa.br

Professores e alunos levam informações que contribuem para possam melhorar a qualidade de vida nos municípios

n Municípios têm baixo índice de desenvolvimento Em 2005, o Brasil apresentou, pela primeira vez, Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,800 e entrou para o grupo de países com IDH elevado. O Índice é uma medida comparativa e padronizada que avalia e mede o bem-estar de uma população, especialmente na infância. São levadas em conta as taxas de alfabetização, riqueza, longevidade e outros fatores que possam definir a qualidade de vida. Em 2000, com o índice médio de 0,789, o Brasil fazia parte dos países de IDH mediano

(faixa que varia de 0,500 a 0,799). Nesse período, o Pará atingia a média de 0,723. Três dos municípios selecionados para integrar a primeira etapa do Programa Multicampi Social possuem IDH municipal muito abaixo da média brasileira: Breves (0,630), Gurupá (0,630) e Chaves (0,581). As atividades desenvolvidas pelo Programa são executadas por três projetos diferentes. “A nossa intenção é fazer ações nas três áreas que possam dar conta da prestação de serviços à comunidade local”, conta

n Pará é 2º lugar em gravidez na adolescência

Extensão n Clínica Odontológica: oferece desde tratamentos simples, como aplicação de flúor, limpeza, obturação ou extração de dente, até os mais complexos, como tratamento de canal e prótese fixa ou removível. Necessita cadastro. Horário: 8h às 12h e 14h às 18h Contato: (91) 3201-7689 Endereço: Campus Universitário do Guamá - Setor de Saúde

nir ações das áreas da assistência social, da saúde e da educação é o objetivo a que se propõe o Programa Multicampi Social. Iniciado em fevereiro de 2008, por uma equipe de professores e alunos da UFPA, o Programa articula atividades de direitos sociais, saúde e educação em diversos municípios da Ilha do Marajó. O Multicampi Social começou a ser desenhado fora da Universidade, pelos professores Alberto Damasceno e Carlos Maciel, que questionavam o papel da área da assistência social no Estado e pretendiam promover o diálogo entre as políticas de direitos sociais, da saúde e da educação. Dentro disso, os educadores pensaram em inserir uma política de assistência que pudesse integrar ações nos campi do interior, seja nos da UFPA, seja nos da UEPA. Posteriormente, a idéia do Programa ganhou corpo dentro da Universidade Federal do Pará. O Programa visa fortalecer os sistemas de educação, saúde e assistência social, capacitar conselheiros, gestores e técnicos dos sistemas dessas três áreas, além de promover a formação extensionista de estudantes de graduação do Campus do Guamá, por meio de várias ações dos cursos de Medicina, Odontologia, Serviço Social, Pedagogia, Enfermagem, Farmácia e Nutrição. As ações do Multicampi Social estão voltadas, inicialmente, para os municípios de Breves, Chaves e Gurupá devido às elevadas taxas de mortalidade infantil, óbitos por doenças parasitárias e analfabetismo, que prejudicam o seu desenvolvimento.

Mácio Ferreira

Raphael Freire

n Academia Amazônia: produz vídeos de qualquer natureza tanto para a universidade como para o mercado externo. Contato: (91) 4005-7436 ou academiamazonia@fadesp.org.br Endereço: Campus Universitário do Guamá - Setor Básico n Restaurante Universitário: fornece, diariamente, refeições balanceadas e ricas em proteínas para a comunidade universitária, a baixos valores. Horário: 12h às 14h Contato: (91) 3201-7644 Endereço: Campus Universitário do Guamá - Setor Básico (próximo à orla)

Fotos Mácio Ferreira

R

esultado de teses, dissertações e monografias defendidas por alunos e professores do Instituto de Ciências da Educação e do Curso de Especialização em Educação Infantil da Universidade Federal do Pará, o livro Intitulado “A Educação Infantil e Estudos da Infância na Amazônia”, organizado pela professora Laura Maria Silva Araújo Alves, traz reflexões acerca de como a política respeitante à Educação Infantil e o contexto familiar e social de cada criança são fatores influentes no seu desenvolvimento global. “O objetivo primeiro do livro, que agora vem a público, é justamente o de dar visibilidade às pesquisas de docentes e estudantes de graduação e pós-graduação, engajados, conjuntamente, na busca de melhorias para a educação das crianças na região amazônica. Para além desse desejo, um outro se configura: o de trazer à baila as diversas matrizes investigativas na produção do conhecimento sobre infância e educação marcadas por uma polifonia metodológica. O livro testemunha o empenho, a seriedade e a dedicação com que cada texto foi

construído” , diz a organizadora. A obra reúne oito estudos divididos em duas partes. A primeira, composta por quatro capítulos, divulga pesquisas sobre a Educação Infantil na Amazônia, com os seguintes artigos: A educação infantil na cidade de Belém: um olhar construído a partir da perspectiva analítico-discursiva; A Escola Cabana em Belém: o percurso de uma proposta de educação infantil; Família, escola e trabalho: espaços e tempos de formação de professoras alfabetizadoras; e A música no contexto escolar: o que dizem as professoras da educação infantil? A segunda parte, composta igualmente por quatro capítulos, sistematiza estudos sobre a infância na Amazônia. Compõem esta parte os textos: A constituição do discurso narrativo polifônico da criança: traços da mitopoética amazônica; Contando histórias: uma análise estrutural das narrativas de crianças hospitalizadas; Entre esquecimentos e silêncios: a memória familiar e a política do silêncio no abuso sexual contra crianças; e A infância em meio a um sistema de significados (inter) relacionados: a criança nas salas de aula das escolas de fazendas da ilha do Marajó. A organizadora afirma, ain-

Multicampi Social chega ao Marajó

Projeto de extensão capacita agentes comunitários em direitos sociais

Artigos discutem melhorias para a educação de crianças na Amazônia Laïs Zumero/ Giselda Fagundes

3

Alunos dos cursos de Odontologia e Farmácia fazem parte do programa multidisciplinar Segundo dados do IBGE (2005/2006), o Pará é o segundo colocado entre os Estados com o maior índice de gravidez na adolescência, ficando atrás somente do Estado do Maranhão. Essa situação acontece, principalmente, por falta de informação. Para tentar modificar esse quadro, o projeto “Escola que Protege” desenvolve ações que contribuem para o esclarecimento de pais e estudantes e para a formação de profissionais da educação. Envolvendo alunos de Medicina e Enfermagem, o projeto também atua no enfrentamento da violência contra

crianças e adolescentes, criando uma rede permanente de proteção no âmbito escolar. O último projeto que integra o Programa é o “Educação em Direitos Humanos”, que realiza ações para o desenvolvimento de uma cultura de Direitos Humanos no sistema de ensino, por meio da capacitação de educadores, técnicos e gestores da rede de educação básica e lideranças comunitárias. Atuam, nesse projeto, alunos de Serviço Social e de Pedagogia. Os estudantes de Nutrição orientam vendedores de alimentos a evitar as principais doenças causadas

pela falta de higiene. Os alunos de Farmácia visitam hospitais, conhecem as farmácias locais, conferem estoques, entre outras atividades. O Multicampi Social encerra, este mês, sua primeira etapa. A meta é capacitar, no mínimo, 100 pessoas em cada município envolvido. Existe a intenção de estender as atividades ao longo do ano, com a implantação de um curso de especialização em Políticas Públicas nos Campi de Belém e Breves. Segundo Carlos Maciel, a força da juventude é importante no desenvolvimento do Programa.

Carlos Maciel, um dos coordenadores do Programa. Um dos projetos é o “Escola Aberta”, realizado em parceria com órgãos públicos locais, que visa contribuir com a melhoria da qualidade de vida e o exercício da cidadania por meio de atividades de educação, lazer, cultura, esporte e educação ambiental. Na última visita aos municípios, os alunos de Odontologia realizaram atividades lúdicopedagógicas envolvendo crianças, por meio de palestras e teatro com fantoches e distribuição de escovas.

O tripé multicampi Além do Multicampi Social, a Pró-Reitoria de Extensão desenvolve outros dois programas voltados para os campi do interior. O Multicampi Saúde tem por objetivo aprofundar a formação humanística do estudante da área de saúde, através da sua inserção no atendimento à comunidade. O Programa funciona com a interiorização das ações de saúde, por meio das equipes multidisciplinares e de uma integração entre docentes, discentes e gestores locais de saúde. O projeto encontra-se implantado em Santarém, Óbidos, Abaetetuba, Bragança e Soure. O outro programa que completa o tripé de ações voltadas para o interior é o Multicampi Artes, que valoriza e reconhece artistas em Belém e nos municípios onde estão instalados os campi da UFPA. Ele proporciona aos seus participantes cursos de dança, literatura, artes plásticas, música e teatro. Sua área de atuação educacional é a pedagógica e a artística.


4 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009 –

Direito

Cooperativismo

Núcleo de Prática Jurídica orienta e acompanha ações de clientes

Fotos Alexandre Moraes

n O cotidiano da advocacia

Os estudantes de Direito José Neto e Greice Vieira colocam em prática a teoria aprendida em sala de aula

C

onhecer seus direitos e deveres é um preceito essencial para o exercício da cidadania. “As pessoas estão carentes não apenas de saúde e educação, mas também de informação sobre seus direitos básicos”, explica Francisco Freitas, coordenador de extensão do Instituto de Ciências Jurídicas da UFPA. Com o objetivo de prestar assistência à população carente de Belém e de propiciar aos estudantes da Faculdade de Direito a oportunidade de exercitar a advocacia, foi criado, em 1961, o Setor de Prática

Jurídica, atual Núcleo de Prática Jurídica (NPJ). Hoje, o NPJ atende pessoas que precisam de orientação jurídica e que não têm a quem recorrer. “Atendemos pessoas com os mais variados problemas e nenhuma delas sai daqui sem uma resposta. Atuamos em casos de divórcio, pensão, comprovação de paternidade, compra e venda de imóveis, troca de letras e/ ou nomes, causas trabalhistas e previdenciárias, Direito do Consumidor, Direito Ambiental e outros mais. Todos os serviços são inteiramente gratuitos, tanto a orientação jurídica, quanto os custos com o processo”,

garante Francisco Freitas. O Núcleo de Prática Jurídica possui convênios com várias instituições dentro e fora da Universidade. Além de trabalhar em parceria com a Coordenação de Qualidade de Vida, da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal (PROGEP), também participa das atividades desenvolvidas pela Pró-Reitoria de Extensão (PROEX). “Estamos dispostos a fechar novos convênios e parcerias com o Tribunal Regional do Trabalho e com o Ministério Público, por meio dos projetos Justiça Solidária e Comunidade Solidária”, afirma o coordenador.

n No NPJ, acordo é sempre a primeira alternativa

Prof. Francisco Freitas: prática conciliatória

Podem utilizar os serviços do Núcleo estudantes, funcionários e professores da UFPA, além de pessoas da comunidade externa à Universidade, que ganhem até cinco salários mínimos. O atendimento é feito por alunos que cursam as disciplinas de Prática Jurídica II, III e IV. Os futuros juristas são supervisionados por professores-orientadores, também advogados, que aconselham quanto à aplicação da legislação e em casos mais complexos. A equipe do NPJ é formada por cerca de 400 estudantes nos dois períodos letivos, 10 advogados, seis funcionários, dois bolsistas da Faculdade de Serviço Social, um bolsista de Administração e um de Informática. Juntos, em 2007, eles realizaram mais de 5.500 atendimentos, que resultaram em 500 ações ajuizadas e no mesmo número de audiências. A diferença entre os números de atendimentos e de processos,

o coordenador do Projeto atribui ao sucesso da prática conciliatória do NPJ. “Nossos procedimentos prevêem, primeiramente, uma tentativa de acordos extrajudiciais entre as partes interessadas. Em um caso de pensão alimentícia, por exemplo, chamamos o casal e tentamos encontrar uma solução boa para os dois lados. Apenas quando todas as tentativas de negociação se esgotam é que partimos para uma ação judicial. Outro reflexo da qualidade dos nossos serviços é que 80% das causas que defendemos têm uma decisão favorável para nossos clientes”, comemora Francisco Freitas. O Núcleo percebeu a necessidade de manter uma equipe multiprofissional para aperfeiçoar o atendimento e conta, também, com estudantes de Serviço Social. A partir de 2009, os alunos de Psicologia passarão a integrar a equipe. O objetivo é melhorar a qualidade do serviço.

Desde 1994, o MEC recomenda que toda Faculdade de Direito do país mantenha um Núcleo de Prática Jurídica. A partir de 1998, os NPJ’s passaram a ser um setor obrigatório nas faculdades e têm como dever coordenar as disciplinas práticas de Direito. “O caos social exige dos nossos alunos uma leitura intensa para solucionar os mais variados problemas. Isso aumenta nossa responsabilidade, enquanto educadores, em estimular estes estudantes a saírem da Universidade como um profissionais capazes de atuar nos mais variados ramos”, conta Francisco Freitas. A estudante de Direito Tamisi Matos trabalha há cinco meses no Núcleo de Prática Jurídica da UFPA. Para ela, a proximidade com a prática da profissão é uma oportunidade única. “Aqui nós temos o maior contato possível com os nossos ‘clientes’. Temos que acompanhá-los em todos os estágios do caso e nas situações mais diversas. Você aprende a lidar com pessoas e sai com o preparo e as experiências que te deixarão mais seguro. Você passa a ter, realmente, a vivência de um advogado”. A dona de casa Simone Silva está lutando, há mais de cinco anos, para conseguir a aposentadoria do marido. “Minha irmã sempre vem aqui e me aconselhou a vir também. Até agora, eles estão me ajudando em tudo e tenho esperanças de resolver, definitivamente, essa situação”, diz. Os advogados de Simone são José Neto e Greice Vieira, alunos do 9º semestre de Direito. “Depois de anos estudando e nos preparando, é hora de aplicarmos o que aprendemos nas disciplinas teóricas. Aqui, atendemos muitos casos familiares e nossa premissa é sempre tentar o acordo, seja quando envolve pessoas, seja quando envolve instituições, evitando, assim, os confrontos”, explica José Neto. “Lembro que, no primeiro dia, fiquei com medo. A responsabilidade é muito grande e nem tudo você sabe de prontidão, porque alguns casos são muito específicos. Nessas situações, estudamos as leis e os casos parecidos para orientar as pessoas que atendemos”, relata Greice Vieira. “No Núcleo, lidamos com todas as situações, com respeito e dedicação. Sempre nos empenhamos para fazer o melhor”, afirma Francisco Freitas, coordenador do NPJ.

Serviço Serviço – O Núcleo de Prática Jurídica funciona no Bloco Lp do Campus Profissional II, no Campus do Guamá, de segunda a quinta, das 9h – 16h e às sextas-feiras, das 9h -12h. E atende pelos telefones 32017722, 3201-7273 ou pelo e-mail ffreitas@ufpa.br

Incubadora incentiva economia solidária Cooperativas e associações populares têm prioridade

Andréa Mota

H

ailton Mendes trabalha em uma cooperativa de serviços gerais e alimentação, localizada no mercado de São Brás. De segunda a sábado, ele e mais 21 cooperados fazem a limpeza de banheiros públicos em Belém, gerenciam um restaurante e, às sextas, oferecem música ao vivo aos freqüentadores do bar que funciona na sede da cooperativa. A COOPSERG é, hoje, uma das poucas empresas solidárias que atuam na Região Metropolitana de Belém. E um dos motivos do bom desempenho, segundo Hailton, diretor comercial da cooperativa, é a parceria com o Programa Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Empreendimentos Solidários (PITCPES), da UFPA. Além da COOPSERG, a Incubadora Tecnológica, criada em 2000, apóia mais 20 empreendimentos solidários, sendo oito associações e 12 cooperativas distribuídas pelo Estado. Abaetetuba, Barcarena, Cametá, Igarapé-Miri, Moju, Terra Alta e Belém são localidades onde o PITCPES realiza atividades. “As cooperativas que nós apoiamos são as chamadas cooperativas populares, que são organizadas por trabalhadores que já estão fora do mercado de trabalho ou já tinham uma identidade com esse tipo de organização”, afirma a coordenadora do Programa, Vera Lúcia Batista Gomes. O projeto “Transferência de Tecnologias Inovadoras através da Capacitação e Assistência Técnica para Agricultores Familiares Integrantes de Empreendimentos Econômicos Solidários Rurais” trouxe

Fotos Alexandre Moraes

Comunidade recebe atendimento gratuito

Glauce Monteiro

9

novos desafios à Incubadora. Uma das experiências foi em Igarapé-Miri, onde o processo produtivo sofreu com a falência das atividades econômicas existentes e os trabalhadores precisaram buscar novas alternativas de trabalho. Em 1992, surgiu a Associação Mutirão. Daí, para a criação da cooperativa foi um passo, afirma Adebaro Alves dos Reis, coordenador técnico do PITCPES. “Como o agricultor necessita dos programas de créditos para começar seu empreendimento e deve estar vinculado a uma associação ou cooperativa, eles decidiram criar a Cooperativa de Desenvolvimento de Igarapé-Miri, a COODEM”.

Hailton Mendes (acima) recebe orientação de Adebaro Reis e Vera Gomes

n Ações consideram particularidades do negócio A Incubadora também atua na “Incubação de Empreendimentos Solidários da Cadeia Produtiva do Turismo”, em parceria com o Ministério do Turismo e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). Além disso, desenvolve outras Incubadoras através do “Centro de Formação em Economia Solidária da Região Norte”. A iniciativa possibilita a prática da economia solidária de incubadoras em formação. “Atuamos com outras incubadoras de vários Estados, como as do Acre, de Rondônia e de Roraima. Agora estamos trabalhando para criar incubadoras em outros municípios paraenses”, complementa Vera. O que difere a atuação da Incubadora junto às cooperativas é o ramo de atividades de cada uma. Quando uma cooperativa entra no chamado “processo de incubação”, o plano de ação do Programa é formulado atendendo às peculiaridades que aquele empreendimento apresenta. “Hoje, somos setenta profissionais das várias áreas de conhecimento da UFPA. Dentre eles, os de Engenharia de Alimentos, Nutrição, Economia,

Serviço Social e os de Arquitetura”, afirma Adebaro Reis. Durante os três anos de incubação da COOPSEG, os cooperados participaram de oficinas de atualização e gestão. Não é qualquer empreendimento que pode ser acompanhado pela Incubadora. O professor pontua os seguintes critérios: “Tem que haver vida orgânica, ou seja, o grupo precisa se inter-relacionar conforme os princípios do cooperativismo. Todos têm que ter participação nas assembléias, reuniões, ter voz ativa e não deve existir um líder entre eles”. RECURSOS – A Incubadora também trabalha com a captação de recursos inscrevendo projetos em editais de agências financiadoras. Assim, com a parceria de Ministérios, Secretarias e Programas do Governo, como o programa Bolsa Trabalho, conseguem-se recursos para acompanhar cooperativas e associações até o desligamento da parceria, quando ocorre o “processo de desincubação”. “Os empreendimentos não têm custos financeiros, o que cobramos deles é a participação”,

completa Adebaro. O PITCPES desenvolve práticas de ensino, pesquisa e extensão. No ensino, as atividades são realizadas na graduação, com as disciplinas Desenvolvimento Local e Economia Solidária, Estágio Profissional em Serviço Social na área do Trabalho I, II e III. E na pós-graduação, com as especializações em Economia Solidária na Amazônia; Políticas Públicas de Geração de Trabalho, Emprego, Renda e Desenvolvimento Local; e Trabalho, Organização Social e Desenvolvimento na Amazônia. O Programa é vinculado a outros grupos de pesquisa, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Desenvolvimento Rural Sustentável e Agricultura Familiar; Economia Solidária; Serviço Social do Trabalho são algumas das linhas de pesquisa. A extensão, por sua vez, desenvolve-se com a transferência de tecnologia social, por meio da metodologia de incubação de empreendimentos solidários em áreas urbanas e rurais.

Histórico Criada em 1844, por 28 operários - 27 homens e uma mulher - em sua maioria tecelões, no bairro de Rochdale-Manchester, na Inglaterra, e reconhecida como a primeira cooperativa moderna, a “Sociedade dos Probos de Rochdale” (Rochdale Quitable Pioneers Society Limited) forneceu ao mundo os princípios morais e de conduta que são considerados, até hoje, a base do cooperativismo. Mesmo com as adaptações suscitadas pelas mudanças nas condições de atuação ao longo do tempo, permanecem atuais as seguintes linhas-mestras: • Adesão voluntária dos associados e participação franqueada a todos os que desejam tomar parte, desde que aptos a utilizar os serviços e assumir as responsabilidades decorrentes; • Gestão democrática e autônoma; • Contribuição eqüitativa para o capital da cooperativa e controle democrático do uso dos recursos; • Promoção contínua da educação e da formação dos associados.


8 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará –Janeiro, 2009

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009 –

Educação sexual

Marfim Vegetal

Estudo traz informações que justificam potencial econômico da palmeira

MARFIM VEGETAL – Semelhante ao marfim animal, a semente tem um forte apelo ambiental. Sua utilização pode ser uma forma de substituir a

Considerada um tabu, temática está distante dos projetos pedagógicos

Fotos Acervo Pesquisador

Jéssica Souza

U

Com forte apelo ambiental, produtos fazem sucesso entre os turistas

Mácio Ferreira

Q

uem quiser ganhar dinheiro na Amazônia tem uma opção muito lucrativa: comercializar manufaturas feitas com jarina. Essa é a mensagem das entrelinhas do livro Jarina - O Marfim da Amazônia, escrito e financiado pelo professor de Geologia da UFPA, Marcondes Lima da Costa, com a co-autoria do geólogo Helmut Hohn e da estudante de mestrado Suyanne Rodrigues. As 156 páginas da publicação tratam desde os aspectos físicos até os possíveis usos comerciais da semente. Jarina é a semente de uma espécie de palmeira de mesmo nome. De beleza comparável ao marfim, quando beneficiada, a semente resulta em peças de alto valor comercial e simbólico, como bijuterias e biojóias. A árvore é encontrada em sub-regiões amazônicas na Bolívia, no Peru, na Colômbia, no Equador e no Brasil, neste último, especificamente, nos Estados de Rondônia, Acre e Amazonas. Há 300 anos, os povos indígenas utilizavam a jarina para fins comestíveis e para a produção de adereços. Mas só recentemente a semente tornou-se conhecida do grande público. Na UFPA, as pesquisas iniciaram no final da década de 1990, capitaneada por Marcondes Costa, que também participou da implantação do Pólo Joalheiro do Pará. Quando se trata de comercialização, a história se torna ainda mais incipiente. O livro aborda os vários aspectos da semente, começando por uma análise botânica geral, apontando dados sobre o perfil da palmeira e as condições de crescimento. Segue-se a caracterização física da semente, com as propriedades que potencializam a jarina como uma mercadoria de alto valor agregado. “Nós analisamos os aspectos físicos e constatamos que a semente possui dureza e resistência aos ácidos”, conta o professor. Assim, as peças podem durar de cinco a 10 anos, com os cuidados necessários (evitar contato com microrganismos, ter pouco contato com a pele e conservar em ambiente protegido da luz e da umidade). A jarina também apresenta grande porosidade, o que facilita os processos de melhoramento da semente, como pinturas, tingimentos e cozimentos.

Projeto atende escolas da rede pública

Marcondes: falta reconhecimento extração do marfim de animais, ainda que a qualidade e a durabilidade do marfim vegetal sejam, comparativamente, menores. Além das vantagens intrínsecas à semente, há o fator financeiro: o investimento em mercadorias feitas com jarina é de baixo custo de extração e de beneficiamento. No livro, o professor apresenta alguns valores: uma semente bruta, por exemplo, custa R$0,02; sem a casca, o preço da unidade é R$1,50 . Esses números se tornam mais expressivos quando comparados aos preços de produtos. Bijuterias custam entre R$25 e R$45. Já as biojóias são vendidas a preços

Serviço

Pólo Joalheiro

O livro Jarina - O Marfim da Amazônia, do professor Marcondes Lima da Costa, pode ser encontrado na Livraria da UFPA, no Campus do Guamá.

O Pólo Joalheiro do Pará é um programa do governo estadual que surgiu na década de 1990. O objetivo era incentivar a produção de jóias com matéria-prima e formatos da Amazônia. Assim, pequenos artesãos poderiam retirar seu sustento

acima de R$65,00. Marcondes Lima também reserva um capítulo para explicar o processo de mercantilização de acessórios feitos a partir da semente. Para incentivar a indústria da jarina, ele indica fornecedores, lojas e pontos turísticos onde já se comercializam bijuterias e biojóias. O professor ainda analisa a política extrativista e industrial da jarina no Estado do Acre, onde a economia da semente está mais avançada. Ele explica que a sustentabilidade da produção depende da não-degradação e da extração controlada da semente. “A jarina não acaba, é uma palmeira de fácil reprodução na mata. A semente cai no solo e, se tiver espaço para se desenvolver, ela cresce”, explica. No Pará, a economia da jarina ainda precisa de investimento e reconhecimento. Não há cultivo e extração da jarina no Estado. Em Belém, comercializa-se a semente já beneficiada, principalmente, como bijuteria e biojóia. O panorama paraense justifica-se pelo baixo desenvolvimento do turismo. “O Pará ainda não tem um turismo significativo e quem compra esse tipo de produto são os turistas”, analisa o geólogo.

da fabricação de acessórios feitos com produtos naturais. A criação do Pólo deu maior visibilidade à jarina - nesse período, já reconhecida e utilizada nos países vizinhos, em especial, no Equador. Atualmente, o Programa funciona no Espaço São

José Liberto, onde também estão instalados o Museu de Gemas do Pará e a Casa do Artesão. Endereço: Praça Amazonas, s/n, bairro Jurunas. Contatos: (91) 3344-3500 / 3514 / 3517 / 3520

n Árvore e semente multiuso Não só em acessórios femininos resulta a jarina-semente. Nos países andinos, por exemplo, já se produzem entalhes e miniesculturas que misturam vários tipos de sementes beneficiadas (tingidas, melhoradas com óleo), de vários tamanhos. Uma possível utilidade da jarina, ainda pouco desenvolvida, é a fabricação de carvão ativado, um material adsorvente (com propriedade de fixação), com aplicações industriais nobres. Pode ser utilizada, por exemplo, no tratamento de água e de efluentes industriais, assim como no refinamento de produtos na indústria de alimentos. Os índios aqueciam as sementes lentamente até adquirirem forma pastosa. Esta pasta era utilizada para dar antiaderência a panelas de cerâmica, melhorando o cozimento. Há 300 anos, os povos indígenas também apreciavam a jarina como alimento. Em estágio jovem, ela possui uma massa leitosa, com água adocicada semelhante ao coco. Ainda hoje, ela agrada ao paladar, principalmente, dos equatorianos. A jarina-árvore, por sua vez, pode ter todas as partes aproveitadas. As folhas servem de cobertura para cabanas e são matéria-prima para a fabricação de cordas e cestos. A parte interna do tronco rende palmitos e a externa, carvão vegetal e esteio.

m clima informal e descontraído. Pais, filhos e educadores sentam à mesma mesa para confraternizar e, ao mesmo tempo, conscientizar jovens e adolescentes sobre temas como sexo, Doenças Sexualmente Transmissíveis e gravidez precoce. Essa é a programação do Café com Sexualidade, uma das atividades previstas pelo projeto de extensão “A interface Universidade/ Escola como promotora da Educação Sexual de jovens e adultos”. A iniciativa é resultado do trabalho pioneiro, implementado pelo Grupo de Pesquisa Ciências e Educação (GPCE), do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará. O Café com Sexualidade já vai para sua quinta versão e, geralmente, é realizado no primeiro sábado de cada mês, no Auditório do ICB, atraindo um público cada vez maior, que surpreende pela riqueza de opiniões e diversidade de aprendizado. Dentre outras ações, o GPCE também articula um serviço de assistência que ultrapassa os limites do ambiente acadêmico para chegar até as comunidades, por meio da promoção de eventos e palestras sobre educação sexual em escolas públicas de bairros como os da Terra-Firme, Guamá, Tapanã, Tenoné e o do Maguary, além dos municípios de Marituba e Ananindeua.

EM DIA

Acervo Projeto

Indústria da jarina precisa de incentivo Suzana Lopes

5

Fórum Social I

Estão encerradas as inscrições de atividades para o Fórum Social Mundial 2009. São 3.781 organizações inscritas, 44.124 delegados e 2.403 atividades autogestionadas. O Fórum Amazônia receberá 1.320 delegados do continente africano, 380 da América Central e 564 da América do Norte.

Fórum Social II

Projeto atua em sete escolas da Região Metropolitana de Belém As atividades realizadas incluem formação de agentes multiplicadores, assessoria pedagógica, oficinas, grupo de discussão e visitas monitoradas. O GPCE é coordenado por Andréa Campos Sousa, biomédica e docente do Laboratório de Ciências Aplicadas e Educação Sexual LCA/LABEX, do ICB, contando, também, com o espaço do Laboratório de Farmacologia, sob a

coordenação da professora Setsuko Noro dos Santos e o apoio de colaboradores de várias instituições. Entre elas, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (FAPESPA), a Universidade de Brasília (UnB), a Universidade Estadual do Pará (UEPA) e o Hospital Casa DIA. O projeto é desenvolvido por docentes, médicos, psicólogos e acadêmicos dos cursos de Enfermagem e Biologia.

n Grupo de pesquisa é um dos poucos no Brasil As ações de prevenção do GPCE também se realizam a partir de um projeto de extensão ainda maior, chamado “Saúde e Prevenção nas Escolas”, que, recentemente, representou o Pará em uma mostra nacional de trabalhos de pesquisa, realizado em Florianópolis, onde os participantes descobriram que o grupo de pesquisa da UFPA é um dos poucos, no Brasil, a trabalhar com a temática da educação sexual, um assunto que, de acordo com a coordenadora Andréa Campos, carece de maior atenção. “Quando conversamos com adolescentes sobre sexo e sexuali-

dade, às vezes, nos surpreendemos, pois vemos que o principal problema não é a falta de informação, já que as fontes hoje são inúmeras, a saber: a escola, os amigos, a televisão, a internet... Mas quando chega a hora em que eles devem colocar em prática aquilo que sabem, ou que, pelo menos, pensam que sabem, fica uma lacuna. Mais da metade dos adolescentes que iniciam sua atividade sexual precocemente, por exemplo, não utilizam preservativo na primeira vez. Esse é um comportamento de risco”, alerta a pesquisadora. Nessa mesma linha de pes-

quisa, o GPCE trabalha, também, com o projeto “Escola de Portas Abertas”, que leva a discussão sobre a educação sexual às salas de aula. Além disso, o projeto conta com o trabalho de doze bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC-Jr), que já estão inseridos nas escolas públicas e realizam diferentes pesquisas, de forma empírica, no próprio ambiente escolar, sempre mantendo o diálogo com a Academia. O objetivo, portanto, é criar um intercâmbio: trazer a comunidade para dentro da Academia e levar o conhecimento científico até a comunidade.

n Temática ainda é vista com preconceito Falar sobre sexo, mesmo que em pleno século XXI, não é tão fácil quanto parece. O assunto ainda é alvo de preconceito e, sempre que entra em discussão, suscita um choque entre culturas e gerações. Esse é o grande desafio para que a educação sexual se torne uma realidade nos projetos pedagógicos da rede pública de ensino do Pará. O projeto do GPCE, atualmente, atende a sete escolas, uma parcela ínfima no universo de jovens e adolescentes que necessitam de informação. “Muitos tabus ainda precisam ser quebrados. Por incrível que pareça, ainda enfrentamos bloqueio com as famílias, que imaginam a

educação sexual ser o mesmo que fazer apologia à prática sexual de forma precoce. Nosso papel é alertar sobre os riscos e as conseqüências oferecidas pela vida sexual ativa, a partir de uma abordagem científica, social, psicológica e humana”, define Andréa Campos. Em dois anos de atuação, todas as escolas contempladas pelo Projeto foram atendidas durante todo o período letivo. De início, o trabalho alcança uma faixa de 10 a 12 turmas, com cerca de 50 alunos cada uma. Com o decorrer do ano, essas turmas se esvaziam e terminam com cerca de 20 alunos. Como resultado do primeiro

ano de ação do GPCE, a constatação é de que a primeira fonte à qual o adolescente gostaria de recorrer para tirar suas dúvidas sobre sexo seria a escola. Fato que reforça a importância da escola na educação sexual. Mas, na prática, a internet é a principal fonte de informações consultada pelos jovens, oferecendo perigos como informações incorretas e acesso a redes de pedofilia e prostituição. “Vemos a lacuna deixada pela escola, pois, ao não conseguir a informação em sala de aula, o aluno se sujeita a riscos. A academia tem a responsabilidade de levar esse conhecimento à comunidade”, conclui a pesquisadora.

A programação prevê acampamentos, oficinas, seminários, conferências, testemunhos, marchas, atividades culturais e artísticas. No dia 27/01, acontecerá a Marcha de Abertura; no dia 28/01, serão realizadas atividades relativas ao Dia da Pan-Amazônia: 500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular; entre os dias 29 e 31/01, as demais atividades autogestionadas e no dia 01/02, será o encerramento, quando serão apresentadas as alianças e os acordos firmados durante o Fórum. Mais informações no site: www. fsm2009amazonia.org.br

Intercâmbio

A Assessoria de Relações Nacionais e Internacionais divulga informações sobre as novas oportunidades de cooperação internacional. As consultas podem ser feitas no site da ARNI, por país de interesse. Há bolsas para pós-graduação na Alemanha em International Media Studies, mestrado e doutorado na Nova Zelândia e pós-graduação e pesquisa em Tecnologias Geoespaciais pelo programa Erasmus Mundus. Mais informações no site: http://ufpa.br/arni/noticias.htm

Medicina

Os professores Tânia de Fátima D’Almeida Costa e José Gonçalves de Alcântara são os novos diretores da Faculdade de Medicina, do Instituto de Ciências da Saúde, para o Biênio 2009-2010. A cerimônia de posse foi realizada em dezembro, no auditório Silveira Netto, do ICS.

Prêmio

O professor Theodomiro Gama Junior, do IFCH/Campus Castanhal, recebeu Prêmio SESC de Responsabilidade Ambiental, por suas atividades voltadas à educação ambiental. O prêmio faz parte do Projeto Rede Eco: Cuidando do Planeta Terra, que tem como objetivo promover o enfrentamento dos problemas ambientais do município.


6 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Janeiro, 2009 –

7

Fórum Social Mundial

A partir do dia 27, Belém será a capital mundial da luta por um novo mundo

Fotos Mácio Ferreira

UFPA deve receber cerca de 80 mil participantes na 9ª edição, que vai discutir a construção de alternativas às políticas neoliberais

Walter Pinto

E

ntre os dias 27 de janeiro e 1º de fevereiro de 2009, Belém sediará o maior evento em defesa de um mundo melhor, mais solidário e democrático: o Fórum Social Mundial. A expectativa é que cerca de 80 mil ativistas participem desta 9ª edição. A escolha de Belém como sede foi decidida em reunião do Conselho Internacional do Fórum, realizada em Abuja, Nigéria, em função da sua importância estratégica no contexto da Pan-Amazônia. Desta forma, a capital paraense assume o posto de centro pan-amazônico e mundial de mobilização, articulação e busca de alternativas à política neoliberal globalizante.

Segundo Rita Freire, membro da coordenação de comunicação do FSM, “o importante é que todos os debates do Fórum sejam apropriados pela região como um exercício de convivência entre movimentos e organizações sociais que estão precisando debater propostas para a construção de um mundo diferente”. Ela ressalta que o Fórum coloca Belém numa discussão que é estratégica para o mundo: “acabamos de ver o sistema financeiro internacional submergir numa crise brutal. E apesar de tudo, nada muda nesta política. O Fórum de Belém vai se constituir num espaço em que a sociedade dirá que esse modelo é inviável e que outro é possível”. Em 2004, o FSM foi realizado

em Mombai, na Índia, e resultou num acontecimento muito especial. Segundo Rita, o evento foi apropriado pelas diferentes culturas indianas. “As regiões do país e do entorno mandaram representantes. Houve uma grande participação popular, todos com uma expressão cultural própria. Isso fez do Fórum uma festa cheia de sentidos, como nunca havíamos registrado. Uma das discussões mais interessantes foi acerca das castas sociais, que determinam a organização da sociedade como se fosse algo predeterminado pelo universo. Então discutimos como isso impacta nas relações sociais. O Fórum aprendeu com isso e, hoje, esta discussão está presente nos seus documentos”.

n Em 2008, o evento foi descentralizado No ano passado, a organização optou por um Fórum no terreno da comunicação, realizado no dia 26 de janeiro, o “Dia de Ação e Mobilização Global”. Rita Freire conta que, “em qualquer lugar do mundo, foi possível fazer um evento, uma comunicação, uma performance, uma discussão sobre temas relacionados com essa preocupação de construção de mundos alternativos”. Ela revela que, a cada edição, o FSM traz uma novidade. “Pode ser no formato, nos temas que incorpora ou mesmo no modo como esses temas são definidos. Em 2008, experimentou-se a

metodologia descentralizada porque nem todo mundo pode ir à sede onde está se realizando a reunião. E a nossa proposta é ir a todos os lugares, para que o debate aconteça”. O resultado final, afirma, foi surpreendente, com a participação de todos os continentes. Para a edição de Belém, não houve definição de temas. O processo de construção caminhou, segundo a jornalista, no sentido de que os temas se transformaram em objetivos. Existem dez objetivos relacionados com direitos das populações, defesa do planeta e construção de alternativa de

organização econômica, enfim, estratégias ao modelo dominante de globalização. “Um dos eixos fortes dessa edição será a discussão que está sendo proposta de democratização da comunicação e da cultura”, informa Rita Freire. Durante a realização do Fórum 2009, haverá um dia dedicado à discussão sobre a Pan-Amazônia. Para Ilma Bittencourt, coordendora do Centro de Estudos e Práticas de Educação Popular e membro da Comissão de Imprensa do FSM, “será o momento em que a região falará para o mundo e o mundo falará para a Amazônia”.

n Campus se prepara para participantes O Campus do Guamá está quase pronto para receber os 80 mil participantes do FSM. A programação de eventos ocupará os espaços do Campus da UFPA, da Escola de Aplicação e da UFRA, onde será montado o Acampamento Intercontinental da Juventude. A Prefeitura da UFPA está concluindo as últimas das 16 obras de infra-estrutura, acordadas com a organização geral do Fórum desde abril. Os recursos para realização das obras, porém, só foram repassados na segun-

da quinzena do mês de outubro. Entre elas, chama atenção a construção de um porto hidroviário no Campus da UFPA, contendo passarelas, rampa e flutuante com estruturas de concreto, madeira, ferro e cobertura. As obras de infra-estrutura estão orçadas em R$ 6,7 milhões. Entre elas, há recuperação do sistema de abastecimento de água; melhoria paisagística; construção de praça de alimentação; reforço da iluminação; pavimentação e recuperação de vias.

A duplicação da Avenida Perimetral e a construção do novo terminal de ônibus, sob responsabilidade do Governo do Estado, por meio da Cohab, facilitarão o trânsito durante o evento. A Prefeitura da UFPA participou deste trabalho ao ceder uma área para alocação das famílias remanejadas da margem da Perimetral. Além de servirem ao grande evento, as obras relacionadas se constituem em melhorias para a UFPA em função de seu caráter permanente.

n Mídias alternativas Tratando-se de um evento que não possui caráter deliberatório, o Fórum Social Mundial apóia-se no trabalho de divulgação, realizado por todas as formas de mídia, para levar ao mundo as discussões travadas nas suas reuniões. Trata-se de um evento que mobiliza um contingente enorme de jornalistas de todo o mundo. Em 2003, por exemplo, levou a Porto Alegre 3.356 jornalistas. Existe, também, uma grande mobilização de mídias alternativas e movimentos de comunicação. “Esse segmento nem sempre realiza apenas cobertura jornalística, mas também aproveita o evento para realizar exercícios diferenciados de comunicação compartilhada, ou seja, não mercadológica. Se aceitamos que outro mundo é possível, então, outra forma de comunicação é imprescindível”, afirma Rita Freire. Reconhecendo a importância do papel da comunicação para a construção de um mundo novo, o Fórum Social Mundial realizará fóruns específicos para rádios e TV’s comunitárias e universitárias. A coordenação de imprensa do FSM faz um convite para que professores e estudantes desses veículos participem das discussões, documentem a reunião e, depois, contribuam com os programas que serão produzidos sobre o evento de Belém. Durante o Fórum, serão montados alguns estúdios para uso comum das mídias alternativas e universitárias. Haverá, também, a Ciranda, experiência através da qual os jornalistas de veículos alternativos poderão trocar informações, produzir pautas conjuntas, enfim, realizar uma cobertura compartilhada. Nos dias 26 e 27, será realizado o I Fórum Mundial de Mídia Livre. “Quem é da universidade e lida com comunicação deve também se aproximar e se apropriar desse processo, no qual serão discutidas as questões da comunicação”, avisa Rita Freire.

n Pesquisadores em defesa da Amazônia Ana Carolina Pimenta Além de sediar o Fórum Social Mundial, a UFPA terá um papel estratégico na programação do evento. De 29 a 31 de janeiro, pesquisadores da Instituição desenvolverão atividades que buscam ampliar o debate democrático de idéias e promover a troca de experiências entre as instituições participantes, os movimentos sociais e a sociedade em geral. Em comum, a abordagem de questões relevantes ao local/global e a busca por uma Amazônia e um mundo mais justos, idéias que se encaixam perfeitamente ao que se propõe o FSM 2009: tratar a Pan- Amazônia não somente como um território, mas também como protagonista do evento. É o caso da atividade coordenada pelos professores do Instituto de Ciências da Educação

(ICED), Neila Reis e Evanildo Estumano, e desenvolvida por demais professores de Grupos de Pesquisa em Educação do Campo (ICED/Marabá), intitulada “Tapiri Pedagógico dos Campos da Amazônia Paraense”, cujo objetivo é debater experiências de formação, pensamento social e pesquisas em Educação e apresentar resultados de Organizações e Movimentos Sociais que compõem o Fórum Paraense de Educação do Campo. A professora Neila Reis explica que o termo indígena “tapiri” refere-se a espaços rústicos, como a palhoças, que sediaram as primeiras escolas existentes na floresta e na colonização da Transamazônica. E é exatamente este o intuito da atividade, propiciar um espaço em que o foco seja a educação. De acordo com os organizadores, o trabalho será

composto por mesa de diálogo e momento cultural da terra, que trarão experiências socioeducativas e resultados produzidos sob a forma de registros escritos, visuais, poesias, músicas, documentários e outras fontes materiais que evidenciam a diversidade cultural, a tecnologia e os saberes de povos quilombolas, ribeirinhos, pescadores, camponeses e da floresta, enfim, de sujeitos do campo. Os professores acreditam que a participação no FSM ampliará a visibilidade das demandas sociais das áreas rurais da Amazônia paraense, bem como reforçará a necessidade de reformular as atuais políticas de educação em curso. Essa atividade será no dia 30 de janeiro, nos períodos manhã e tarde. A apresentação cultural será à noite, articulada com a Trilha Sociocultural Pororoca de Saberes.

Fóruns Paralelos n Fórum Mundial de Teologia e Libertação De 21 a 25/01/09 - Local: Centur n V Fórum Mundial de Juízes De 23 a 25/01/09 Local: Hangar n Fórum de Reforma Urbana De 23 a 25/01/09 Local: Parque dos Igarapés n Fórum Mundial de Mídia Livre 25/01/09 - Local: Hangar n Fórum Mundial de Educação 25/01/09 - Local: Hangar n Fórum Mundial de Ciência e Democracia De 26 a 27/01/09 - Local: Hangar n Fórum de Autoridades Locais da Amazônia De 30 a 31/01/09 - Local: Hangar

n Programação incluirá atividades lúdicas e culturais “Por entre Trilhas e Sonhos: Pororoca de Saberes, Sabores e Ritmos da Amazônia” é o trabalho inscrito pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação do Campo na Amazônia (GEPERUAZ), coordenado pelo, também professor do ICED, Salomão Hage. A atividade será desenvolvida em articulação direta com o Tapiri Pedagógico e se propõe a fortalecer a intermulticulturalidade dos povos indígenas, afrodescendentes, ribeirinhos, pescadores e extrativistas, entre outros. O evento traz uma particularidade: acontecerá nos limites do Parque Ambiental de Belém. No dia 31, das 8 às 12h, um público estimado de 300 a 500 pessoas terá a oportunidade de participar de atividades lúdicas, artísticas e culturais, combinadas com trilhas ecológicas, que oportunizarão a convivência e interação com as culturas

dos povos e populações da Amazônia e com a natureza exuberante que compõe o Parque. A atividade envolverá múltiplas linguagens, como, por exemplo: roda de conversas, varal de poesias, dramatizações, teatro de bonecos, painéis e exposições com fotos e informações sobre os povos e populações da Amazônia. No final, haverá um ato simbólico de plantação de mudas, em adesão à campanha “Um bilhão de árvores para a Amazônia”. A interdisciplinaridade é a marca do seminário “Políticas Públicas e Sustentabilidade na Reserva Marinha Mãe Grande de Curuçá, Pará”, organizado pela professora Ligia Simonian, do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA). O evento tem por objetivo debater a escassez e vulnerabilidade das políticas e ações públicas voltadas

à realidade da Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá, marcada pela dificuldade quanto ao uso sustentável do território. Além disso, busca-se divulgar resultados de várias pesquisas realizadas na região. Extrativismo, pesca, plantas medicinais, movimentos sociais, turismo, impactos socioambientais são algumas das temáticas abordadas por especialistas de diferentes áreas e instituições. Um minicurso que visa socializar a produção teórica de Karl Marx e Frederic Engels sobre a questão ecológica e contribuir para o fortalecimento do movimento internacional que questiona a ação predatória do modelo de desenvolvimento capitalista no meio ambiente, especialmente em regiões como a Amazônia brasileira. Essa é a atividade coordenada pelas professoras

Maria Antônia Nascimento e Maria Elvira Sá, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA); Edna Castro (NAEA); Elenise Scherer (Universidade Federal do Amazonas) e Marilene Corrêa (Universidade do Estado do Amazonas) e ministrada pelo professor Michael Löwy (Centre National de La Recherche Scientifique, França). A atividade, intitulada “Contradição do Progresso Linear e a questão ecológica na obra de Marx e Engels”, promoverá, também, um debate acerca das alternativas mais justas e viáveis de convivência com o meio ambiente, como o ecossocialismo. Por meio das atividades autogestionadas, a UFPA contribui para a materialização do desejo expresso de fazer do FSM 2009 um espaço onde os povos da Amazônia tenham vez e voz.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.