Beira 82

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12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2010

Entrevista

Fortalecer promove integração entre ensino básico e superior

JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO XXIV • N. 82 • Abril, 2010

Sistema deficiente e obsoleto

A

presentada como tese de doutoramento pela professora do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Simaia do Socorro das Mercês, a pesquisa "Transporte coletivo em Belém: mudanças e continuidade" analisa o sistema de transporte por ônibus na Região Metropolitana, no período de 1983 a 2004. Com a precariedade do controle do

Wagner Meier

Proeg apresenta o resultado do Programa de Bolsas para Fortalecimento da Educação Pública e Inclusão Social

serviço pelo poder público, as principais dificuldades de quem depende do sistema são: o pagamento de tarifas adicionais para o deslocamento interbairros, a "queima" de paradas pelos motoristas, o intervalo longo entre as viagens, as atitudes desrespeitosas, especialmente com idosos, estudantes e portadores de necessidades especiais. Pág. 6 e 7

escola e a Universidade. O coordenador do Projeto contará com bolsistas, que são selecionados de acordo com o objeto, e com um supervisor na escola.

Beira do Rio – Qual a área de conhecimento que tem o m a i o r n ú m e ro d e p ro j e t o s ? M.F. – O Programa possui uma feição interdisciplinar, integrando projetos de diferentes áreas de saber. Do ponto de vista quantitativo, a área com maior número de projetos é a de Ciências Exatas e Naturais. Ainda não há uma análise formal sobre esses números, mas eles podem ser justificados diante da carência na formação desse sujeito e também dos índices educacionais, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). A Matemática ainda é um dos maiores problemas de aprendizagem. A Química e a Física, no Estado do Pará, têm uma necessidade no campo da formação. Beira do Rio – Na prática, como O número de projetos demonstra tem acontecido essa integração uma sensibilidade dos professoentre o ensino báres da Universidade sico e o superior? para essa questão. M.F. – A Seduc tem Também é preciso a prerrogativa de indizer que o Instituto dicar as escolas de de Ciência Exatas e ensino básico que deNaturais (ICEN) tem vem ser vinculadas um ótimo nível de aos projetos. Existe qualificação, com a um edital a que os promaior concentração fessores respondem e de mestres e doutoformulam propostas res. São pessoas que de trabalho para essa estão sempre à frente. articulação, que pode Por exemplo, foi a O Programa ser a criação de uma Faculdade de Matemetodologia inovamática que assumiu, envolve dora ou um trabalho pela primeira vez, um investimento de produção de uma curso de Educação a outra natureza. DeDistância. anual de R$ 3 pois de selecionados os projetos, começa Beira do Rio – Qual milhões. a ação que articula a o perfil dos bolsis-

tas engajados no Programa e M.F. – Acho que o próprio nome quais são as suas atividades? do Programa diz: será fortalecer os M.F. – Os bolsistas atuam nos dois processos educativos já desenvolambientes: na universidade e na esvidos. Queremos que esse processo cola. Eles precisam ter um preparo, participativo se instaure e a escola, conhecer uma determinada literade fato, aproprie-se da necessidade tura para saber avaliar o que pode da sua requalificação. Podemos ser levado à escola, o que pode ser dar exemplo de projetos que se construído com alunos e professorelacionam com a revitalização res. Outro aspecto é que esses bolda escola, com a releitura coletiva sistas são selecionados em função do projeto político-pedagógico. do objeto do Projeto. Normalmente, Se conseguirmos, pela via de um os alunos que manifestam interesse programa da Universidade, que as são os que já cursaram a discipliescolas refaçam os seus processos na, se identificam com a linha de de participação, a sua organização, pesquisa, já estão produzindo nessa as suas formas de pensar a gestão, área. Eles executam todas as ativientão, conseguimos, de fato, um dades do Programa, tanto as ações avanço significativo no panorama de planejamento, quanto as ações educacional. formativas do Programa - na implantação Beira do Rio – de cursos, oficinas e Quais são as perslaboratórios. Isso é pectiva para 2010? interessante, pois a M.F. – Estamos torexperiência vai habicendo pela continuilitá-los ainda mais na dade das ações planesua área de formação. jadas pelos projetos, Esse aluno deixa de com o aprofundamenser um expectador to das discussões e das e acaba se diferenpráticas pedagógicas ciando. Ele será o de caráter emancipafuturo candidato da tório. Esperamos que, Bolsistas Iniciação Científica, ao final do Projeto, depois deve entrar na as escolas envolvidas passam a ter pós-graduação, entenham internalizafim, terá uma carreido, em sua dinâmica a carreira ra acadêmica como cotidiana, novas posacadêmica perspectiva. Por isso, sibilidades teóricoo Fortalecer acaba metodológicas e novas como opção sendo uma política formas de desenvolver afirmativa, porque, suas práticas educatiem geral, essa carreivas. Existem, também, ra científica está voltada para os as expectativas de renovação do alunos que têm as melhores conconvênio entre a UFPA e a Seduc dições de preparo. O Fortalecer se para a manutenção do Programa dedica a ter como bolsista o aluno nos próximos anos. É claro que a do sistema de cotas. Isso altera uma Seduc tem interesse por tratar-se trajetória e oportuniza esse acesso a de um Programa com inequívoca alunos que não teriam essa carreira relevância acadêmica e social. O como uma opção. que não sabemos é se a capacidade orçamentária do Estado pode resBeira do Rio – Qual será a heranponder por esse investimento de R$ ça para as escolas participantes? 3 milhões.

Na Região Metropolitana de Belém, são feitas quatro milhões de viagens diariamente. Cerca de 40% delas são realizadas de ônibus

Trabalho

Estudo traça perfil de mototaxistas

Cursos de graduação recebem alunos indígenas Pág. 5

Biocombustíveis

Laboratório avança com pesquisas

.

Educação

Aprovados em processo seletivo coordenado pelo Programa de Políticas Afirmativas para Povos Indígenas e

Populações Tradicionais, eles são 63 entre os cinco mil novos alunos que acabam de chegar à UFPA. Pág. 3

Entrevista Marlene Freitas, pró-reitora de Ensino de Graduação, fala sobre os resultados do Programa Fortalecer. Pág. 12

Coluna do Reitor Carlos Maneschy analisa as políticas de ação afirmativa na UFPA. Pág. 2

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Segurança

Motoristas são responsáveis por acidentes

Pág. 11

Opinião Theodomiro Júnior discute Educação Ambiental e Gestão Pública em Castanhal. Pág. 2 Dos 300 inscritos, apenas 194 compareceram à prova de Redação

Karol Khaled

Beira do Rio – Quais são os resultados do Programa até o momento? Marlene Freitas – O Programa tem uma duração anual e se encontra na metade de sua realização, portanto os resultados são ainda parciais, mas são positivos e bastante promissores. Podemos citar algumas realizações importantes, como o envolvimento dos segmentos escolares na discussão de pautas temáticas de interesse da escola, a revisão compartilhada de projetos pedagógicos escolares, os cursos e as oficinas fornecendo novos insumos para a aprendizagem dos alunos a partir de metodologias inovadoras. É importante ressaltar que esse é um modelo inovador. É uma novidade a Universidade sair do âmbito institucional para estar dentro da escola básica, não apenas levando uma informação, como costumeiramente se faz, mas também produzindo conhecimento com esses professores.

Marlene Freitas: "Programa também funciona como política afirmativa"

Alexandre Moraes

Mais de 40 projetos aprovados envolvendo 70 professores da Universidade Federal do Pará (UFPA), 101 professores da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), 416 alunos bolsistas, 33 escolas da capital e do interior do Estado e uma população de 53 mil alunos. Esse é o universo do Programa Fortalecer, resultado de uma ação conjunta entre a UFPA e a Seduc para estreitar os laços entre a universidade e a educação básica. Em entrevista ao Jornal Beira do Rio, a pró-reitora de Ensino de Graduação da UFPA, Marlene Freitas, falou dos resultados obtidos, dos frutos colhidos pelos bolsistas e da herança que as escolas participantes irão receber ao final dessa primeira etapa. A expectativa, agora, é a renovação do convênio, que envolve recursos na ordem de R$ 3 milhões.

Fotos Karol Khaled

Rosyane Rodrigues


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