Beira 103

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12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2012

Fotos Karol Khaled

Entrevista JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO XXVI • N. 103 • Abril, 2012

Pesquisa do ICB recebe patente

P

esquisadores do Laboratório de Biologia Molecular, do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA, identificam sequência de DNA da mandioca. A descoberta irá promover o melhoramento genético da espécie e, consequentemente, haverá plantas mais resis-

Direito

Extensão

Estudo analisa políticas para grupos LGBT

Agência Cidadã atende Terceiro Setor Projeto da Faculdade de Comunicação da UFPA desenvolve projetos de comunicação institucional para empreendimentos da economia solidária. Entre os clientes, estão os produtores rurais de Campo Limpo Págs. 6 e 7

O

ano começou com boas notícias vindas do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA). A turma de técnico-administrativos da Universidade Federal do Pará que iniciou o curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU) realizou jornada de defesas com 19 dissertações. Os trabalhos, em sua maioria, têm a própria UFPA como objeto de estudo. Os hospitais universitários, os campi do interior, o sistema de informação, o programa de qualificação de servidores foram alguns dos temas escolhidos por esses alunos dispostos a problematizar suas tarefas cotidianas. Em entrevista ao Jornal Beira do Rio, o professor Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior, vice-coordenador do PPGDSTU, fala sobre os resultados alcançados pela primeira turma e faz planos para publicar coletânea com os resultados das pesquisas. “Isso poderá estimular outros servidores a também dar continuidade a sua formação”, avalia o professor. Beira do Rio – As defesas que ocorreram no início do ano são resultados da primeira "safra" da turma de servidores? Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior – Essa turma foi selecionada em 2009 com esta intenção: a Universidade poder capacitar os seus técnicos com o nosso Programa. Foram 21 trabalhos, cujas temáticas estavam – direta ou indiretamente – voltadas para a Universidade. Dezenove já defenderam e dois alunos, amparados pelo regimento, pediram prorrogação do prazo. Beira do Rio – No Programa, há uma reserva de vagas ou se trata de uma turma especial para servidores? Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior – Existem programas que reservam vagas para funcionários (professores e técnicos). No NAEA, a turma era específica para os técnicos, com uma reserva de vagas para atender a demanda social, ou seja, pessoas que não tinham vínculo com a Universidade. É um pouco diferente, pois é uma ação voltada diretamente para atender uma demanda específica da UFPA.

Beira do Rio – A seleção é anual e tem um processo seletivo diferenciado? Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior – Essas turmas não são regulares. A primeira seleção foi em 2009, com um resultado positivo e interessante. Em 2011, tivemos mais uma turma com 11 servidores, que devem concluir o curso em julho de 2013. As etapas do processo seletivo são as mesmas aplicadas às turmas regulares e envolvem apresentação do projeto, prova escrita, prova de língua estrangeira e entrevista. A diferença está no tratamento das temáticas das pesquisas que serão desenvolvidas. Em turmas abertas, as temáticas dizem respeito a qualquer assunto da região que toque o desenvolvimento sustentável. No caso dos servidores, é exigido que eles proponham uma temática relacionada à Universidade. Nós também temos o cuidado de ofertar disciplinas optativas que venham atender demandas específicas desses alunos. Mas o processo seletivo e o programa são os mesmos: o aluno sairá daqui mestre em Planejamento e Desenvolvimento, porém a sua pesquisa vai discutir uma questão institucional. Beira do Rio – Nos últimos anos, a criação de vagas para servidores nos programas de pósgraduação da Instituição tem sido incentivada. O senhor acha que essa qualificação terá um impacto positivo para a Universidade? Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior – Sem dúvida. Já tive essa experiência no Programa de Pós-Graduação de Geografia, quando alguns servidores foram aprovados no mestrado e voltaram mais capacitados e qualificados. No caso do PPGDSTU, o aluno discute questões que são mais gerais – como a Amazônia, por exemplo – e isso é interessante, porque o papel da Universidade tem tudo a ver com a região. De certa maneira, o aluno amplia a sua visão sobre aquela tarefa mais cotidiana e começa a pensá-la mais associada ao papel da Universidade com a pesquisa, o ensino e a extensão. É interessante perceber que muitos alunos estavam, há algum tempo, sem atividades de formação continuada e tiveram dificuldades no início. Mas os trabalhos finais apresentaram resultados muito interessantes, não apenas do ponto de vista quantitativo, mas também do qualitativo. Esse foi um aspecto muito comentado tanto pelos examinadores quanto pelos professores-orientadores. Nossa ideia é publicar esses trabalhos na forma de coletânea para que esses resultados possam voltar para a sociedade.

Beira do Rio – Nesses primeiros trabalhos, é possível perceber que a própria UFPA tem sido objeto de estudo. Essas pesquisas terão algum encaminhamento além das prateleiras das bibliotecas? Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior – As dissertações têm muito a ver com aquelas atividades que o servidor está desenvolvendo na Universidade, então, quando estava pesquisando, ele já estava contribuindo com o setor ou com a unidade onde ele trabalha. Acho que todos tiveram essa preocupação. Nós tivemos trabalhos sobre o Hospital Barros Barreto, sobre a UFOPA, sobre outros campi. Então, o primeiro encaminhamento é este: ele irá voltar ao seu local de trabalho pronto para conceber e analisar o que estava fazendo com maior propriedade. Nossa intenção é socializar esses resultados, porque, muitas vezes, são experiências de um setor que podem ajudar outra unidade. O segundo momento é este: tornar público para proporcionar o debate. Beira do Rio – Esses resultados podem ser o ponto de partida para ações estratégicas na UFPA? Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior – Sim, pois os trabalhos trazem proposições, sugestões e analisam problemas que fazem parte do dia a dia da Universidade. É importante sistematizar esses dados, porque, a partir daí, teremos um perfil de vários setores da UFPA e das suas frentes de ação. Será possível pensar políticas e diretrizes que ajudem a melhorar o desempenho institucional. Beira do Rio – De maneira prática, como sentiremos os resultados em curto, médio e longo prazos? Saint-Clair Cordeiro da Trindade Júnior – Em curto prazo, o servidor volta para a sua Unidade, começa a pensar e a sugerir ações a partir da sua pesquisa. Em médio prazo, teremos a repercussão dos bons trabalhos que foram realizados. Uma das intenções da coletânea, inclusive, é esta: estimular que outros servidores também queiram continuar a formação deles. Em longo prazo, será possível melhorar a performance da Universidade em função de trabalhos realizados sobre ela. É um processo de autoavaliação. A comunidade acadêmica vai poder refletir sobre os resultados dessas pesquisas, repensar práticas e propor ou desenvolver estudos comparativos. É uma perspectiva promissora.

Produção de gemas e joias ganha força

Pág. 9

Na APROCAMP, o desafio foi informar de forma criativa para incentivar o consumo de produtos orgânicos

Meteorologia

Pomar de manga é utilizado Cardápio para analisar microclima saudável e

Pedras são beneficiadas fora do Estado

Entrevista Saint-Clair Júnior festeja resultados das dissertações dos servidores no PPGDSTU. Pág. 12

Coluna da Reitoria Erick Pedreira fala sobre a necessidade de construirmos uma universidade solidária, ética e sustentável . Pág. 2

Alimentação

O Núcleo de Pesquisa, em Cuiarana, localidade do município de Salinópolis, está situado entre uma pequena

área urbana em expansão (agrovila) e um ecosssitema costeiro de manguezal. Pág. 4

Acervo do Pesquisador

Rosyane Rodrigues

Economia

Alexandre Moraes

Ano começa com 19 novos mestres entre o corpo de técnico-administrativos

Mara Tavares

Pág. 8

Boas notícias chegam do NAEA

tentes a doenças e com maior valor nutricional. O Projeto, coordenado pela professora Cláudia Regina Batista de Souza, em parceria com a Embrapa, recebeu patente internacional da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI). Pág. 3

Restaurantes populares de Belém restruturam cardápios após avaliação de pesquisadores da Faculdade de Nutrição. Pág. 10

Memória

Da Batista Campos ao Guamá

Opinião O professor Alberto Teixeira da Silva antecipa discussões da reunião Rio+20. Pág. 2

saboroso

No sítio experimental, foram instalados pluviômetro e sensores de temperatura

Crônica da professora Jane Felipe Beltrão relembra histórias do bangalô que abrigou a Faculdade de Odontologia. Pág. 11


Mácio Ferreira

2 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2012

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2012 –

Coluna da REITORIA

Erick Pedreira - Pró-Reitoria de Planejamento e Desenvolvimento

Memória kkk

Da Batista Campos ao Guamá

erickpedreira@ufpa.br

Por uma Universidade solidária, ética e sustentável

Karol Khaled

tais quais: adoção de uma política de transição para a economia verde, de baixo carbono; estudo dos impactos das mudanças climáticas globais; incentivo constante ao uso de modernas tecnologias, processos de inovação contínuos, conservação da biodiversidade, regulação de recursos genéticos, hídricos e da biomassa; implementação de políticas estruturantes com foco na eficiência energética, prudência ecológica, adoção de um modelo de gestão pública focada nas questões ambientais e, por fim, definição de políticas claras e exequíveis para o combate das principais desigualdades sociais na Amazônia. A “nova” Universidade não pode se furtar de caminhar nesta direção! O processo de ordenamento e ocupação dos espaços universitários deve ser capaz de sensibilizar os diversos atores institucionais para a importância de um olhar permanentemente focado na cultura da responsabilidade socioambiental, em que a intenção se concretize em

políticas universitárias voltadas à redução do desperdício de recursos naturais, à ampliação e conservação de áreas verdes, ao alargamento da política de coleta seletiva do lixo, além da promoção de hábitos saudáveis, que ampliem os cuidados com o bem público. Desta forma, estaremos caminhando comprometidos com a construção de modelos de sustentabilidade institucional. Um dos grandes desafios de todos que fazem parte da UFPA consiste em sedimentar uma nova cultura a partir do estímulo de atitudes e novas práticas que garantam a implementação e a disseminação do modelo de sustentabilidade socioambiental, como parte do cotidiano institucional, fruto de um trabalho de educação contínua, da inserção dessa temática no currículo dos cursos de graduação da Instituição, valorizando a atuação transdisciplinar e o desenvolvimento de programas e projetos de educação ambiental que contemplem a realidade da região, contribuindo para formar cidadãos

OPINIÃO

Alberto Teixeira da Silva

com capacidade crítica e priorizando um olhar reflexivo nas questões ambientais. Uma série de ações pautando a questão da sustentabilidade já está em curso no âmbito da UFPA. Podemos referenciar o processo de coleta seletiva no Campus Universitário, as ações desenvolvidas nos Bosques Camilo Viana e Benito Calzavara, os canteiros de obras sustentáveis, a utilização de papel reciclado em unidades acadêmicas. Isso propicia um cenário favorável de conscientização cidadã. O atual contexto indica a necessidade de a UFPA se preparar, cada vez mais, para lidar com o amanhã, não somente atentando aos preceitos de seu plano de desenvolvimento, como sendo uma Instituição que valoriza sua “gente”, seu maior patrimônio; mas também alimentando os valores de solidariedade, ética, sustentabilidade e justiça social tão importantes para a construção de uma Amazônia socioambientalmente segura.

alberts@superig.com.br

RIO+20: Economia Verde e Governança na Pan-Amazônia

V

inte anos após a emblemática reunião da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – a ECO-92, o Rio de Janeiro volta a ser palco de grandes debates da política mundial. De 15 a 22 de junho de 2012, está programada a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – RIO+20, que buscará refletir questões-chave para a superação de problemas e impasses vitais da humanidade. Os eixos principais das discussões estarão centrados na emergência de uma economia verde com inclusão social (erradicação da pobreza) e nos desafios da governança global para o desenvolvimento sustentável, num contexto de baixas emissões de gases do efeito estufa (GEE) e de aproveitamento de fontes renováveis. Crises multifacetadas do capitalismo impõem necessidade de reformas profundas de governos e instituições sociais, cobrando políticas modernizantes para construir uma sociedade sustentável, fundada na educação de qualidade, eficiência energética, inovações tecnológicas,

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Rua Augusto Corrêa n.1 - Belém/PA beiradorio@ufpa.br - www.ufpa.br Tel. (91) 3201-8036

gestão política responsável e mitigação das desigualdades sociais. Para além da questão ambiental, a RIO+20 deve propor modelos de desenvolvimento e arranjos de governança pautados pela sustentabilidade, nos diversos níveis e esferas. Torna-se inevitável um balanço crítico das últimas duas décadas passadas, considerando a perda progressiva de biodiversidade, a gigantesca produção de resíduos, além das consequências nocivas do aquecimento global. Assimetrias intra e inter-regionais, além dos impactos do padrão de crescimento econômico excludente que têm prevalecido na Pan-Amazônia, tornam singular a participação de universidades, institutos de pesquisa, redes epistêmicas e instituições subnacionais (Estados e municípios) na construção de cidades e territórios sustentáveis nos Trópicos Úmidos. A Pan-Amazônia possui um papel estratégico no ciclo do carbono planetário, sendo considerada uma das regiões mais vulneráveis do ponto de vista das influências das mudanças climáticas.

Conheça a história que teve início no bangalô da Padre Eutíquio Imagens Belém da Saudade/ Reprodução Alexandre Moraes

A

o pensarmos a Universidade Federal do Pará como “locus estratégico” de indução, fertilização e materialização das principais transformações sociais que ocorrem na Amazônia, de modo especial no Estado do Pará, estamos diante da necessidade de reflexão e consolidação de modelos de desenvolvimento que englobem as mais diversas áreas do saber, contribuindo, desta maneira, com a missão da Instituição: “ Produzir, socializar e transformar o conhecimento na Amazônia para a formação de cidadãos capazes de promover a construção de uma sociedade sustentável”. Fundamentada na ideia de uma universidade comprometida com os valores e os comportamentos do amazônida, são inúmeros os desafios a serem estudados, algumas vezes, implementados em sua rotina institucional e, finalmente, entregues à sociedade contribuindo para a redução e a erradicação das mazelas sociais,

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O fenômeno da savanização (substituição da floresta por cerrado) pode acontecer ao longo do século XXI, constituindo grande ameaça para as populações tradicionais e ribeirinhas, sobretudo nos segmentos mais sensíveis que dependem diretamente dos corredores hídricos e da biomassa. Estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia mostra que ainda são drásticas as condições sociais, econômicas e ambientais nos países amazônicos. Cerca de a metade da população desses países encontra-se abaixo da linha da pobreza, escondendo graves problemas, como a informalidade, o trabalho infantil e o trabalho forçado. A Amazônia precisa de um choque de políticas públicas, maximizando potencialidades endógenas, como o ecoturismo, a produção mineral verticalizada e a regulação de serviços ambientais estratégicos. O aproveitamento criativo e inteligente dos ecossistemas regionais depende de investimentos substanciais em pesquisa e qualificação de recursos humanos, o qual oriente uma inserção competitiva no contexto da

economia global. A lógica do desmatamento e da exaustão dos bens ecológicos prevalece, porque remunera, no curto prazo, os setores ligados à cadeia de exploração ilegal e clandestina, a qual mantém a Amazônia como um grande garimpo de ocupação indiscriminada. A transição dos paradigmas passaria por uma arquitetura de cooperação transnacional, constituída por múltiplos atores (Estados nacionais, empresas privadas, terceiro setor e indivíduos), compondo cadeias produtivas com ampla valoração da diversidade biológica e cultural. Como anfitriã do evento e player global, o Brasil deve ter posição de liderança nas grandes agendas produzidas pela RIO+20, ainda que sob o crivo das críticas geradas pela insensatez da UHE Belo Monte e a eventual aprovação do retrógrado ‘novo Código Florestal’, como está sendo, hoje, desenhado pelo Congresso Nacional. Alberto Teixeira da Silva - doutor em Ciências Sociais, professor do IFCH e assessor da Reitoria.

Reitor: Carlos Edilson Maneschy; Vice-Reitor: Horácio Schneider; Pró-Reitor de Administração: Edson Ortiz de Matos; Pró-Reitor de Planejamento: Erick Nelo Pedreira; Pró-Reitora de Ensino de Graduação: Marlene Rodrigues Medeiros Freitas; Pró-Reitor de Extensão: Fernando Arthur de Freitas Neves; Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Emmanuel Zagury Tourinho; Pró-Reitor de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal: João Cauby de Almeida Júnior; Pró-Reitor de Relações Internacionais: Flávio Augusto Sidrim Nassar; Prefeito do Campus: Alemar Dias Rodrigues Júnior. Assessoria de Comunicação Institucional Coordenação Luiz Cezar S. dos Santos; JORNAL BEIRA DO RIO Edição: Rosyane Rodrigues; Reportagem: Flávio Meireles/Igor de Souza/Mayara Albuquerque/Paulo Henrique Gadelha/Pedro Fernandes/Rosyane Rodrigues (2.386-DRT/PE); Fotografia: Alexandre Moraes/ Karol Khaled; Secretaria: Silvana Vilhena; Beira On-Line: Leandro Machado; Revisão: Júlia Lopes/Cintia Magalhães/ Rosimeri Miranda Freitas; Arte e Diagramação: Rafaela André/Omar Fonseca; Impressão: Gráfica UFPA; Tiragem: 4 mil exemplares.

Jane Felipe Beltrão

V

ou falar de um tempo em que os profissionais da Odontologia não eram muitos. Na entrada de suas casas, cuidadosas placas em metal indicavam o nome do profissional e a condição “dentista”, mais tarde, “cirurgião dentista”. Quase todos eram egressos do Casarão da Batista Campos. Eram duas casas geminadas, de estilo que, em Belém, se chamava bangalô, talvez pelo assobradado e pelos pátios refrescantes nesse rincão tropical. Uma das casas pertencia à UFPA e a outra era de particulares. Localizada pela Travessa Padre Euthiquio, em frente à Praça Batista Campos. Creio que, com o tempo e as necessidades, a Faculdade foi ganhando terreno à sua direita, local onde foi construído um dos auditórios mais frequentados da cidade nos anos 60 e 70 do século passado. Do que me lembro, o espaço, guardadas as devidas proporções, parecia a sala do Cinema Olímpia, inclusive, pelas poltronas confortáveis, nas quais podíamos nos afundar para ver um bom “filme de arte”, destes que não são vistos nos circuitos comerciais. O Casarão e o auditório faziam história no bairro. Às proximidades, pela Travessa Mundurucus, o Colégio Santa Maria de Belém, das dominicanas – agora, transformado em escola pública estadual – à época, era uma escola feminina, que não sobreviveu à política da ordem religiosa. Mais adiante, um pequeno externato de professoras tradicionais na cidade e a Mercearia do Américo, na esquina da Travessa dos Tamoios, os quais cederam lugar aos muitos edifícios que, hoje, circundam a Batista Campos e usufruem dela. Em frente, na esquina, um colégio leigo - o Abrahan Levy – hoje, um dos espaços ocupado pelo Ministério Público do Estado – na ocasião, capitaneado pela Dra. Alice Antunes, a única mulher que dirigiu a cidade por ter sido, um dia, vereadora e presidente da Câmara Municipal de Belém. Na sequência, o Colégio Santa Rosa, das irmãs Sant’Anna, àquela altura, uma escola feminina, que, não por acaso, faz 80 anos.

Ainda pela Tamoios, o Grupo Escolar José Veríssimo, transformado, hoje, em escola pública estadual. Viajando, conduzida pela imaginação, penso que a animação era grande considerando o número de estudantes e, logicamente, em grau superior estavam os moços da Faculdade de Odontologia, moços, sim, as mulheres contavam em pequeno número. Eram outros os tempos! A vida era agitada e alegre até as proximidades do Golpe Militar, quando, em 1º de abril, pela Serzedelo Corrêa, estava a bem posicionada unidade da 8ª Região Militar, local que, no momento, abriga um edifício para moradia de militares. Nos tempos de calmaria, a diversão dos moços era “dobrar” os muitos vigias dos estabelecimentos de ensino para namorar na Praça, que ainda não era o paraíso da “geração saúde”, as caminhadas eram um ir e vir de jovens que ainda não frequentavam lan houses e se deixavam ficar em intermináveis conversas pelos bancos da Praça. Às vezes, os encontros eram marcados nas assembleias, reuniões e sessões de filmes no aconchegante auditório da Odontologia. Não lembro se o espaço tinha um nome específico. O auditório era movimentado, pois não se pagavam taxas e emolumentos para utilizá-lo, como bem soa a uma instituição pública. E as sessões de cinema também não eram pagas, promovidas que eram pelo Cine Clube. Uma das assembleias marcantes do período da Ditadura foi o encontro de estudantes latinoamericanos, SLARDES, que, na sessão de abertura, aquela que Isidoro Alves, em depoimento inscrito na obra 1964 – Relatos Subversivos – Os estudantes e o Golpe Militar, chama de “a noite dos lenços brancos”. Noite em que os jovens que compartilhavam ideias de transformação social e compunham a diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE) se deram conta de que o Golpe vinha para deixar marcas indeléveis. Os discursos e o clima de confraternização peculiar a aberturas foram interrompidos por um grupo de rapazes (estudantes e não estudantes) para, como se dizia, “empastelar” a reunião e auxiliar os agentes da repressão com o conflito instaurado no

interior da Faculdade. Evidentemente, a identificação dos informantes da direita eram os lenços brancos atados ao pescoço para evitar o “pau” que a polícia desceria sobre os estudantes que se encontravam no auditório. Não é difícil adivinhar os transtornos produzidos, inclusive, porque muitas eram as delegações estrangeiras que deveriam, pós evento, voltar aos seus países. Durante anos, pensei o que tinha ocorrido no lugar de tantos encontros prazerosos. Relatos dos protagonistas, eu só li muito mais tarde, ao ser lançado o 1964. A Faculdade não era conhecida apenas por seu auditório de muitas histórias. Lá, funcionou um dos mais antigos serviços de extensão da Universidade Federal do Pará, a Clínica de Odontologia, que inspirou inúmeros outros serviços (escritórios modelo, núcleos de assistência, entre outros) na Federal. O serviço atendia as pessoas vulnerabilizadas, que não conseguiam, por seus próprios meios, atendimento nas clínicas particulares. Lembro-me dos comentários elogiosos feitos aos futuros odontólogos, em face do esmero com que “se treinavam” e ofereciam serviços à comunidade, quando alguém (em geral, frequentador das clínicas particulares) insinuava serem os serviços “feitos por acadêmicos”, ao que o usuário redarguia, “eles são bons e os professores estão lá para supervisionar, eles explicam e sempre perguntam sobre os cuidados, não é uma ‘coisa qualquer’, pois, depois, eles vão ‘montar consultório’”. Refletindo sobre o dito pelas internas do colégio em que estudava, usuárias dos serviços, creio ser essa a melhor avaliação de um estudante. E, ao ver as pessoas, usuárias dos serviços executados no Campus da Saúde, penso que “se há usuários, há serviço” e o serviço, talvez, não faça 95 anos como a Odonto, mas anda perto de ser um “respeitável senhor” muito conhecido pela comunidade. Jane Felipe Beltrão - Antropóloga, docente do IFHC e pesquisadora do CNPq.


10 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2012

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2012 –

Biotecnologia

Alimentação

O

s restaurantes populares têm como princípios fundamentais a produção e a distribuição de refeições saudáveis, com alto valor nutricional, a preços acessíveis, para pessoas em situação de insegurança alimentar. Mas será que isso está sendo respeitado em nossa cidade? Com o objetivo de diagnosticar e acompanhar as atividades desses estabelecimentos, a Universidade Federal do Pará, por intermédio do Instituto de Ciências da Saúde, realiza o Projeto "Educação alimentar e nutricional em restaurantes populares da cidade de Belém-PA", coordenado pela professora Xaene Mendonça, da Faculdade de Nutrição. O Projeto, iniciado em 2008, tem como objetivo avaliar os cardápios nos restaurantes populares da cidade e propor mudanças, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Programa de Alimentação do Trabalhador, além de promover a capacitação dos funcionários. Uma alimentação saudável preserva o valor nutritivo e os aspectos sensoriais dos alimentos e também deve prevenir o aparecimento de doenças. Segundo o Projeto, acumulamse evidências de que as características qualitativas da dieta são importantes

Karol Khaled

Nutricionistas promovem adequação dos cardápios de restaurantes populares

T

Refeições devem garantir os nutrientes necesários e reduzir riscos à saúde na definição do estado de saúde, em particular no que se refere às doenças crônicas da idade adulta. Neste sentido, a América Latina mudou de uma alta prevalência de baixo peso e da falta de crescimento para um cenário marcado pela obesidade, hoje, problema de saúde pública, que

acompanha doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e câncer. Entre as crianças, observa-se a deficiência de micronutrientes, destacando-se o ferro, a vitamina A e o cálcio. "As sociedades urbanas têm incorporado o sedentarismo ao consumo de alimentos ricos em gordura

e açúcar, e pobres em fibras e micronutrientes. É fundamental estimular a produção e o consumo de alimentos saudáveis, como legumes, verduras e frutas, levando em consideração os aspectos comportamentais relacionados às práticas alimentares", sugere a professora.

social estabelecida em 2003, com o objetivo de oferecer alimentação de qualidade a quem precise se alimentar fora de casa, prioritariamente aos extratos sociais mais vulneráveis. "O bom funcionamento deste Programa é papel do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDSCF). Espera-se, com ele, criar uma rede de proteção alimentar em áreas de grande circulação de pessoas. As refeições devem ser variadas, de forma que mantenham o equilíbrio entre os nutrientes necessários e reduzam os riscos à saúde", avalia. Entretanto, em nossa cidade, isso não estava funcionando de forma

adequada. "Belém conta com dois restaurantes populares: o Restaurante ‘Desembargador Paulo Frota’ e o Restaurante ‘Prato Popular’. Constatamos que os cardápios servidos não estavam nutricionalmente adequados e, a partir daí, começamos a trabalhar com a gerência de cada local", explica a professora. "Primeiro, temos acesso aos cardápios que foram planejados; depois, realizamos o cálculo nutricional," diz a bolsista do Projeto, Liliane Ramos. As refeições são coletadas de acordo com as porções que são servidas para cada usuário. "É preciso conhecer a qualidade e a quantidade do alimento

cru e cozido para, depois, calcular a composição nutricional de cada cardápio, o que é feito com o auxílio de um software e de tabelas de composição dos alimentos. Se for necessária a investigação de um nutriente em especial, fazemos isso no laboratório de análise de alimentos", explica a professora. Por esses métodos, o grupo avalia a adequação dos cardápios, em relação à quantidade dos macronutrientes (proteínas, lipídios e glicídios), o valor energético (calorias), as fibras, o sódio, o cálcio, o ferro, as vitaminas A e C e o NDpCal (percentual fornecido pela proteína líquida em relação ao valor calórico total do cardápio).

Após ação do Projeto, restaurantes reestruturaram cardápios Além da avaliação dos cardápios, o grupo desenvolve outras atividades, como treinamento sobre higiene e manipulação dos alimentos, segurança no trabalho, qualidade de vida, entre outros temas. O trabalho ainda prevê a avaliação da aceitabilidade dos cardápios de duas maneiras: checklist com os clientes e avaliação por meio do cálculo do índice de resto ingestão. "Montamos um protocolo de pesquisa com perguntas sobre os cardápios servidos e, ao final do trabalho, entregamos para os gerentes dos restaurantes uma planilha indicando quais foram os cardápios mais aceitos e quais foram os rejeitados pelos usuários," explica a coordenadora do Projeto.

Pesquisa pode gerar vegetais mais resistentes e com alto valor nutricional

Igor de Souza

De acordo com o IBGE, cresce consumo alimentar fora de casa A professora alerta para o número crescente de refeições realizadas fora do domicílio. De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em média, a população brasileira gasta 24% das despesas alimentares em consumo fora de casa e a falta de uma política pública de segurança alimentar faz com que a parcela mais pobre da população não consiga se alimentar adequadamente. Xaene Mendonça explica que o "Programa Restaurante Popular" está integrado à rede de ações e programas do Fome Zero, política de inclusão

Laboratório identifica DNA da mandioca

Na análise do resto ingestão, todos os alimentos produzidos no dia são pesados, e o que foi retornado na bandeja dos clientes é quantificado. "Assim, constatamos o quanto de alimento foi para o lixo e podemos chegar à conclusão de quais cardápios precisam modificar o seu modo de preparo. Aqueles que mantêm um alto índice de rejeição tendem a ser retirados do planejamento", afirma Xaene Mendonça . Resultados – Em quatro anos de implementação, o Projeto já apresentou grandes resultados. Na primeira fase, constatou-se que os dois restaurantes apresentaram seus cardápios adequados

quanto às calorias, aos lipídios, às fibras, ao ferro, ao cálcio e às vitaminas A e C. Entretanto os valores das proteínas, do sódio e de NDpCal apresentaram-se acima do recomendado. Os percentuais de carboidratos ficaram abaixo no Restaurante ‘Desembargador Paulo Frota’ e adequados no ‘Restaurante Prato Popular’. Após a última análise, realizada em 2011, grande parte desses problemas já estava corrigida. Os cardápios apresentaram inadequação apenas no que se refere às calorias e ao teor de sódio. De acordo com a professora, "os Restaurantes são receptivos em relação às analises e tentam atender às recomendações. Os clientes também

se sentem mais seguros em saber que a UFPA está supervisionando e colaborando com a melhoria dos serviços oferecidos". A coordenadora, entretanto, faz uma crítica, "o Programa tem como objetivo apoiar a implantação e a modernização de restaurantes públicos populares, mas faltam governantes interessados na ampliação desses espaços seja em nível municipal, seja em nível estadual. O ideal seria um restaurante popular por bairro, principalmente os mais carentes, como Guamá e Terra Firme, onde está localizada boa parte da população em risco nutricional. Resta esperar a conscientização dos administradores públicos", conclui.

acacá, tucupi, maniçoba, tapioca, tiquira e a famosa farinha. O que esses produtos bastante apreciados têm em comum? Simples: todos utilizam ou provêm da mandioca (Manihot esculenta Crantz), espécie comestível, típica da América do Sul, a qual se mantém como uma das mais importantes fontes de alimentos tropicais para mais de 600 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo as raízes da planta a parte mais usada. Porém, na Amazônia, é comum a mandioca ser atacada por fungos que causam uma doença caracterizada pela podridão mole da raiz. Mas, a partir de uma descoberta originada no Laboratório de Biologia Molecular, do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA (ICB), isso pode mudar. Denominada Sequência de DNA contendo a região promotora e os elementos regulatórios do gene Mec1, com expressão na raiz da mandioca, para uso em programas de melhoramento genético, a descoberta diz respeito à capacidade de direcionar a expressão de genes de interesse, de maneira localizada, nas raízes de plantas melhoradas geneticamente por meio da Biotecnologia. A descoberta surgiu no âmbito de um projeto de pesquisa do ICB, iniciado em 2004, chamado Isolamento e Caracterização de Sequências Promotoras de Raiz de Mandioca, coordenado pela professora Cláudia Regina Batista de Souza. Financiado pela Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio

Karol Khaled

É possível reunir saúde e sabor?

Mayara Albuquerque

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À esquerda, a professora Cláudia de Souza com a equipe do Laboratório de Biologia Molecular da UFPA Ambiente (Sectam), pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Saúde, o Projeto tinha como principal contribuição a biofortificação da mandioca para gerar plantas mais nutritivas, voltadas ao consumo e à saúde da população. A descoberta se deu quando a

professora Cláudia de Souza, em seu doutorado realizado na Universidade de Brasília (UnB) e na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), identificou a proteína Pt2L4, rica em ácido glutâmico e presente somente na raiz da mandioca. De volta à UFPA, a professora e a sua equipe de pesquisa se

dedicaram ao isolamento do material genético da mandioca, utilizando as técnicas da Biologia Molecular para determinar a sequência de bases que compõe a região promotora do gene Mec1. Este gene codifica a proteína Pt2L4 e foi utilizado na pesquisa devido a sua alta expressão nas raízes da mandioca.

Estudos foram realizados em parceria com a Embrapa Na genética, um gene corresponde a uma sequência de DNA que irá conferir uma característica de interesse, sendo que, nos genes, há uma região chamada de promotora, a qual indica a sequência a ser lida e a direção da transcrição para que a característica de interesse possa ser expressa em maior quantidade. Essa expressão pode ser definida em diferentes partes da planta: no fruto, na raiz ou na folha, por exemplo. No caso da descoberta do ICB, a região

promotora do gene Mec1 direciona a expressão, preferencialmente, para a raiz da mandioca. Os trabalhos de isolamento da sequência promotora e de caracterização molecular foram realizados no Laboratório de Biologia Molecular da UFPA, enquanto os experimentos de transformação genética foram conduzidos em colaboração com a Embrapa, uma vez que tal parte da metodologia da pesquisa ainda não se encontra disponível em Belém.

Depois de aproximados seis anos de pesquisa, a funcionalidade da sequência promotora foi confirmada por experimentos de transformação genética de plantas, podendo ser usada no melhoramento da mandioca ou de outras culturas de interesse, como na obtenção de plantas com resistência a doenças e maior valor nutricional, contribuindo para o desenvolvimento da agricultura e a melhoria da saúde humana e animal.

A aplicação efetiva da descoberta se destina ao melhoramento genético vegetal. Isso pode acontecer tanto na mandioca, ao aumentar sua resistência contra doenças e pragas e seu valor nutricional, pois é uma espécie que apresenta muito amido e pouca proteína e vitamina, quanto em outras espécies vegetais, como a cenoura ou qualquer outra que se queira melhorar geneticamente a parte da raiz, ressalta a professora Cláudia de Souza.

Descoberta está protegida por patente internacional Ao final de setembro do ano passado, a descoberta do Laboratório de Biologia Molecular da UFPA recebeu patente internacional da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI), entidade internacional de Direito Internacional Público, com sede em Genebra (Suíça), integrante do Sistema das Nações Unidas. Isso significa que a sequência de DNA descoberta está protegida e só poderá ser utilizada em futuras pesquisas e experimentos por meio da autorização da UFPA e da Embrapa.

A obtenção desta patente representa um grande avanço para todos nós, pois significa desenvolvimento científico e tecnológico para o Brasil, em especial, para o Estado do Pará e a região amazônica. Isso conta, também, para as instituições envolvidas, a UFPA e a Embrapa, e para a produção científica dos professores, pesquisadores e alunos que estiveram envolvidos diretamente com a descoberta, afirma a professora. Além da professora Cláudia de Souza, participaram da desco-

berta os pesquisadores Francisco Aragão e Luiz Carvalho, da Embrapa, as discentes Edith Cibelle Moreira, Soelange Nascimento e Carinne Monteiro, do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular da UFPA. Além disso, a participação da professora Maria Brasil Silva, do Setor de Propriedade Intelectual da UFPA, e da pesquisadora da Embrapa Simone Tsuneda foi essencial na elaboração e submissão do pedido de patenteamento. Entre as próximas ativida-

des da equipe de pesquisadores, está a de decidir em quais países a descoberta deverá ser protegida, o que se espera que aconteça em 145 países. Além disso, a equipe de pesquisadores de Brasília realiza, atualmente, os experimentos iniciais de transformação da sequência descoberta para produzir plantas mais nutritivas e resistentes a pragas e insetos, dedicando-se aos estudos em campo para acompanhar o crescimento da mandioca, o que dispensa, no mínimo, dois anos.


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BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2012 –

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Economia

Meteorologia

Incubadora investe em tecnologia social

Manga é utilizada para analisar microclima Em Cuiarana, núcleo de pesquisa foi instalado no interior do pomar

Fotos Acervo do Pesquisador

Fotos Acervo do Projeto

Projeto fortalece cadeia produtiva de gemas e joias no sudeste do Pará

Nos garimpos da região, as pedras preciosas são exportadas em seu estado bruto. Proposta que une Design e Turismo deve mudar essa realidade. Equipamentos instalados no alto da torre conseguem medir radiação solar, vento e temperatura. Em campo, alunos fazem a coleta de dados Pedro Fernandes

D

esmatamentos, queimadas, ocupação desordenada do espaço, uso indevido do solo e uso de técnicas agrícolas inadequadas estão, hoje, entre as principais causas do desequilíbrio dos agrossistemas amazônicos. As ações humanas modificam radicalmente a dinâmica da natureza. As mudanças ambientais afetam diretamente as atividades agrícolas, já que estas dependem de solo e clima apropriados para se desenvolverem.

Mas, afinal, é possível aumentar a produção sem agredir o meio ambiente? Sim, para isso, as práticas inadequadas precisam ser substituídas por modelos sustentáveis de plantio, cultivo e colheita. O primeiro passo é ampliar e atualizar os conhecimentos sobre os processos climáticos, físicos, biológicos, químicos, entre outros, que regulam os agrossistemas amazônicos. Daí, a relevância de estudos microclimatológicos integrados com outras pesquisas científicas.

Diante disso, professores do curso de Meteorologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) desenvolveram a Pesquisa "Implantação de Sítio Experimental Multidisciplinar em Agrossistema na Localidade de Cuiarana – Município de Salinópolis, região nordeste do Estado do Pará", a qual integra o Projeto "Rede de Mudanças Climáticas e Ambientais do Pará: uma perspectiva de estudos integrados", vinculado à Faculdade de Meteorologia (FAMET) e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências

Ambientais (PPGCA) da UFPA. O sítio experimental é um núcleo de pesquisa e ensino instalado no interior de um pomar de manga-rosa, situado entre uma pequena área urbana em expansão (agrovila) e um ecossistema costeiro de manguezal. A área foi doada à UFPA e à Universidade Rural da Amazônia (UFRA) pela família do senhor Modesto Rodrigues, após a sua morte, atendendo ao desejo de que, no local, fosse instalado um laboratório de pesquisa.

Agrossistemas multifatoriais

Sensores e variáveis climáticas

O sítio experimental dá suporte às atividades de campo do curso de Meteorologia, permite análises das características microclimáticas desse agrossistema e ajuda a entender como a cultura de manga reage ao clima local e como este é influenciado por ela. A partir das informações obtidas, busca-se melhorar a produção e aumentar o rendimento econômico. Além disso, por conta do seu aspecto interdisciplinar, a pesquisa busca integrar cursos de graduação e pós-graduação da UFPA, da capital e de outros campi, bem como de outras instituições de ensino superior. Nesse sentido, a Pesquisa avalia os aspectos biológicos, morfológicos, fisiológicos, entre outros, relativos à plantação de mangueiras e às características físicas e químicas do solo. "Os fenômenos que envolvem o agrossistema de mangueira são multifatoriais. Vamos supor que haja uma seca nessa região. O que pode

O principal equipamento instalado neste agrossistema de mangueiras é uma torre metálica de 20 metros de altura, chamada de "micrometeorológica". Ela está equipada com sensores para medir, de forma contínua, as variáveis climáticas do ambiente. Entre elas, radiação solar, vento, temperatura, chuva e umidade do ar. Visando à abrangência dos estudos, também foram instalados, no sítio de pesquisa, sensores para medir a temperatura e a umidade no interior do solo. A torre micrometeorológica está instrumentada em dois níveis. A dois metros acima do solo, estão instalados os sensores de temperatura e umidade do ar e do vento (direção e velocidade). No topo da torre, além dos sensores de vento, temperatura e umidade do ar, há o pluviômetro (sensor de chuva), o saldo radiômetro (mede o saldo de radiação, ou seja, o balanço entre a radiação direta do sol, a da atmosfera e aquela refletida pela cobertura vegetal,

contribuir para isso? Só a manga, só o capim, só o mangue? Todos os processos podem contribuir para o fenômeno e o nosso estudo integrado leva isso em consideração. Na análise, há a visão do meteorologista, do físico, do químico, do agrônomo, do estatístico, entre outros. A nossa ideia forma um contexto completo e mais elaborado, foi por isso que pensamos no aspecto interdisciplinar. Afinal, pouco se pode fazer apenas com o ponto de vista da Meteorologia", explica o coordenador da Pesquisa, professor José de Paulo Rocha da Costa. Entre os eixos temáticos abordados, destacam-se a Micrometeorologia, estudo das variáveis climáticas (temperatura, vento e umidade) do ambiente; a Agrometeorologia, estudo do ciclo de produção e desenvolvimento da mangueira; e a Hidrologia, estudo do balanço de água e energia do solo local.

que é utilizada nos processos físicos que se desenvolvem no agrossistema) e o piranômetro (mede a radiação global – direta e difusa - sobre o dossel do pomar). "A torre microclimatológica é um ponto de medida das variáveis climáticas ao longo de um período, semana, mês ou ano. A partir dos instrumentos colocados na base e no topo da torre, nós temos uma noção de como é a variação do vento, da temperatura e da umidade do ar. Por intermédio deles, podemos medir, indiretamente, a variação do fluxo de energia ou de calor no ambiente", explica José de Paulo Rocha. Desde 2010, atividades de campo da disciplina Micrometeorologia estão sendo desenvolvidas no sítio experimental e os resultados são apresentados em seminários. As práticas de 2010 e 2011 resultaram em dois Trabalhos de Conclusão de Curso e diversos artigos científicos.

Próximo passo: promover integração com a comunidade Em campo, os alunos têm a chance de usar equipamentos próprios da Meteorologia. Ademais, a aplicação da teoria no sítio experimental promove a formação técnica integral e desenvolve o olhar crítico do aluno sobre as questões ambientais. "Queremos que os alunos participem da instalação do instrumento, da coleta de dados (leitura dos sensores),

das análises e da produção de resultados. Queremos que eles usem os dados obtidos para escrever trabalhos seguindo os padrões exigidos por congressos e revistas científicas", esclarece José de Paulo Rocha. A proposta para 2012 é integrar a Pesquisa às escolas da rede pública e privada da localidade. "Terminamos de instrumentar a torre recentemente e

iremos coletar os dados por mais dois anos. O passo seguinte é integrar ações de extensão ao Projeto. Em Cuiarana, há escolas de ensino fundamental e essa é uma ótima idade para aprender, pois a mente está em formação. Queremos levar os alunos dessas escolas para conhecerem o sítio de pesquisa. ‘Por que pesquisar?’, ‘Qual a utilidade da pesquisa?’, são questões que eles

poderão fazer", esclarece o professor. O objetivo é promover a interação da UFPA e de outras instituições de pesquisa com a comunidade local. Está prevista a criação de uma infraestrutura com alojamentos e sala de aula no sítio experimental. Um espaço de ensino poderia ser utilizado pelos alunos da UFPA, em atividades com a população local.

Mayara Albuquerque

E

ldorado do Carajás, Itupiranga, Marabá, Nova Ipixuna, Parauapebas, São Domingos do Araguaia e São João do Araguaia. O sudeste paraense é conhecido por apresentar grandes depósitos e jazidas de ametistas, citrino, opala, quartzo rosa, amazonita, ouro, entre outros. Mas também apresenta elementos decorrentes do histórico processo de construção da economia brasileira centrada no desenvolvimento industrial, que resultou na concentração de

renda e no acirramento das desigualdades sociais. Com o objetivo de contribuir para mudar essa realidade, o Programa de Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares e Empreendimentos Solidários (PITCPES) busca implementar um novo modelo de desenvolvimento e de geração de emprego e renda, utilizando, para isso, o Projeto "Tecnologia e Inovação Social: Incubação de Empreendimentos Econômicos Solidários da Cadeia Produtiva de Gemas e Joias no Território do Sudeste Paraense",

coordenado pelo técnico Alex Conceição dos Santos. Pioneiro na região, o Projeto, vinculado ao Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), busca promover a transferência de tecnologia para a inovação dos processos da cadeia produtiva de gemas e joias por meio da incubação de empreendimentos econômicos solidários, ou seja, por meio de ações participativas baseadas nos princípios da economia solidária e do trabalho cooperativo. Desde 2001, a UFPA vem

disponibilizando transferências de tecnologia social, por intermédio da incubação de empreendimentos solidários em diversos segmentos cooperativistas no Estado, buscando atender comunidades carentes. O processo, cujo eixo é a tecnologia social em busca da autogestão e da produção via trabalho coletivo, tem um caráter educativo baseado na pedagogia da prática: promover a troca e a difusão coletiva de conhecimento sob a base da pesquisa aplicada na construção de processos de desenvolvimento territorial sustentável.

Divisão de trabalho e renda

Como funciona a incubação?

Segundo Alex Conceição dos Santos, onde faltam políticas, o Projeto pode potencializar a geração e redistribuição de trabalho e renda na perspectiva da sustentabilidade, além de elevar a condição da produção local e desenvolver o potencial socioeconômico-cultural do Estado. Segundo o técnico, uma cooperativa voltada para a economia solidária se distingue por apresentar trabalho coletivo, com a sua renda distribuída de maneira proporcional para todos. As ações do Projeto, coordenado pela professora Maria José Souza Barbosa, ocorrerão de forma participativa e democrática sob parâmetros construtivistas, tendo como ponto de partida a realidade e o conhecimento local, exercitando a autogestão e a economia solidária pautada nos sa-

O processo de incubação se constitui pelo acompanhamento técnico, com a alternância entre formação e experimentação, incorporando o conhecimento cientifico e tecnológico com o conhecimento dos atores envolvidos na produção. Segundo Alex dos Santos, o sistema desenvolvido pelas cooperativas possui diversas deficiências técnicas e o trabalho da incubadora será primordial para auxiliar a organização da cadeia produtiva. "Esperamos que o Projeto gere uma melhoria no processo de organização social, de gestão e de produção dos empreendimentos econômicos solidários com a capacitação dos seus membros e o aumento da produtividade de gemas e joias", explica. As ações iniciaram em junho de 2010 e envolvem visitas aos

beres e conhecimentos locais. "Isso se traduz pela facilitação de tecnologia social por meio de instrumentais que operacionalizem vivências coletivas capazes de resgatar a história, identificar problemas, estabelecer prioridades e planejar ações para alcançar soluções compatíveis com os interesses, as necessidades e as possibilidades dos protagonistas envolvidos," ressalta o técnico responsável. O Projeto está inserido no Projeto "Ações de Tecnologia Social para a Consolidação do Sistema Paraense de Inovação", que se propõe a desenvolver tecnologias sociais associadas às cadeias produtivas de gemas e joias, de fruticultura de açaí e bacuri, e do leite, as duas últimas realizadas no Baixo Tocantins e na Ilha do Marajó.

municípios, momento em que são identificados os grupos. Em seguida, são feitos diagnósticos para ajudar no planejamento das ações futuras, como seminários e cursos de capacitação, além do desenvolvimento de produtos e processos em laboratórios. "Entre os cursos, temos os que tratam os conceitos de cooperativismo e de economia solidária, a formação de ourives e o desenvolvimento de joias", ressalta o coordenador. O Projeto propõe a criação de meios para a divulgação e a comercialização dos produtos desenvolvidos pelas cooperativas a partir de feiras populares e, para isso, conta com uma bolsista do curso Design e outra do curso de Turismo, que apresenteraram artigos sobre o Projeto na XIV Jornada de Extensão da UFPA e na Semana Acadêmica do ICSA.

Turismo Gemológico como fonte de renda para a região Segundo Alex dos Santos, em grande parte dos municípios da região sudeste, a maioria das pedras preciosas é exportadas em estado bruto, agregando valor fora da região e do Estado. Ele afirma que já existe uma produção considerável de joias e produtos artesanais, como as bijuterias e as biojoias, porém não há registros de investimento para que os produtos gerados pelas ourivesarias sejam divulgados em proporções maiores tanto para o público externo quanto para o local. "Os profissionais não contam com um ponto único de vendas, que

atraia os turistas e a população local, também não há um momento e espaço exclusivos para divulgação desses produtos, aumentando a competitividade entre os produtores e dificultando a visibilidade dos produtos gerados", conclui. A bolsista do Projeto e graduanda em Turismo, pela Universidade Federal do Pará, Ariani Rodrigues, afirma que, empiricamente, já existe um turismo gemológico. "Existe um público que vai para a região por causa das gemas e das joias. Apresentamos propostas para organizar feiras ao final

do Projeto. Os conhecimentos do Design e do Turismo atuariam como propulsores para o setor de gemas e joias e para o desenvolvimento sustentável da produção joalheira, considerando as questões culturais e históricas da região", explica. Gabriela Monteiro, também bolsista do Projeto e graduanda de Design, pela Universidade do Estado do Pará, afirma que aliar o turismo gemológico ao design é uma alternativa viável para os municípios, principalmente em Paraupebas, desde que haja planejamento, mobilização e sensibilização dos atores

envolvidos. "Eles precisam sentir-se estimulados a ter uma produção característica da região, agregando valor cultural às suas peças e buscando novos mercados," conclui. Serviço: O Projeto é coordenado pela UFPA e pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), em parceiras com a Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará (Fapespa).


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BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Abril, 2012 –

Dissertação

Cidadania

EM DIA

Sistema Integrado de Ensino

Paulo Henrique Gadelha

O

Governo amplia garantia de Direitos

Estudo analisa políticas públicas para LGBT no período de 2007 a 2010 Paulo Henrique Gadelha

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ireitos Humanos é um dos principais temas debatidos no mundo contemporâneo. Por meio da discussão dessa temática, muitas vezes, busca-se rever conceitos e preconceitos e, assim, executar ações direcionadas a grupos sociais que, histórica e culturalmente, tiveram sua cidadania e seus direitos preteridos. Tais ações têm sido instrumentalizadas, por exemplo, por meio da implantação de políticas públicas que nascem, sobretudo, do complexo diálogo entre Estado e sociedade.

Um dos segmentos sociais que se busca contemplar com essas políticas é o constituído por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT). A execução de políticas públicas voltadas a esse grupo específico no Estado do Pará foi objeto de análise da Dissertação Direitos Sexuais e Políticas Públicas: o combate à discriminação para a concretização dos Direitos Humanos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT) no Estado do Pará. O trabalho, de autoria de Samuel Luiz de Souza Júnior, bacharel em Direito, foi orientado pela professora Mônica Prates Conrado, e defendido no Pro-

grama de Pós-Graduação em Direito do Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ) da Universidade Federal do Pará (UFPA). "Busquei estudar como se deu, no Pará, o processo específico de implementação de políticas públicas direcionadas à Comunidade LGBT, no período de gestão do Poder Executivo Estadual compreendido entre 2007 e 2010. Optei por esse recorte temporal devido à criação, nesse período, da Coordenação de Proteção à Livre Orientação Sexual", explica Samuel Souza. Em 2007, com a mudança de gestão do Poder Executivo do Pará,

as Secretarias de Estado foram reestruturadas. Assim, a Secretaria de Estado de Justiça passou a ser denominada Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH) e teve a incumbência de tratar as questões relativas à reivindicação de Direitos Humanos de grupos socialmente preteridos. A Coordenação de Proteção à Livre Orientação Sexual (CLOS), criada ainda em 2007 – primeira iniciativa no sentido de estabelecer uma instância específica, no âmbito da gestão pública paraense, direcionada à Comunidade LGBT –, passou a ser uma das instâncias de competência da SEJUDH.

SEJUDH cria articulação com outras esferas do governo Segundo o pesquisador, a Coordenação teve a atribuição de receber as demandas oriundas da Comunidade LGBT e encaminhar essas solicitações às outras secretarias e aos demais órgãos do governo do Estado. Assim, por exemplo, demandas da área da Educação eram encaminhadas à Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Samuel Souza explica que a Coordenadoria era responsável por algumas ações pontuais, como o apoio às Paradas do

Orgulho LGBT. Contudo o objetivo principal sempre foi promover uma articulação em todo o governo. Um dos pontos observados pelo autor nesse processo de atenção às demandas é a atuação do Movimento LGBT do Pará, composto por Organizações Não Governamentais, como o Grupo Homossexual do Pará (GHP), o Grupo pela Livre Orientação Sexual (Apolo) e o Grupo de Resistência de Travestis e Transexuais da Amazônia (Greta). "As lideranças

do movimento social organizado são responsáveis pela reivindicação de demandas que podem resultar em políticas públicas. Para isso, militância e poder público, por meio da Coordenação de Proteção à Livre Orientação Sexual, mantêm um diálogo constante", ressalta. Samuel Souza considera que, apesar das críticas que possam ser feitas a esses grupos, alguns direitos de LGBTs, no Pará, foram conquistados devido à atuação da militância. Se-

gundo ele, "a proposta do Movimento LGBT é despertar para a necessidade de combate à discriminação e às desigualdades sociais". Principalmente, a partir das entrevistas com o coordenador de Proteção à Livre Orientação Sexual e com os seus dois assessores (gestores do período de 2007 a 2010), Samuel Souza observou quais políticas públicas foram construídas e implementadas ao longo daquela gestão.

Parada do Orgulho LGBT: instrumento de visibilidade Uma das iniciativas foi o grande apoio à realização das Paradas do Orgulho LGBT. Segundo ele, entre 2007 e 2010, aconteceram mais de 40 eventos desta natureza, por ano, na capital e no interior do Estado. "O movimento considera essa ação o principal instrumento de visibilidade dessa comunidade", afirma. Os seminários realizados em Belém e em outros municípios paraenses, como Castanhal e Marabá, foram outra proposta que surgiu durante as reuniões entre a Coordenação e a militância. Esses eventos funcionavam como espaços de formação e de articulação de demandas dos Grupos

LGBT. De acordo com a abordagem teórica realizada na pesquisa, os Direitos Sexuais devem ser compreendidos como Direitos Humanos. "Os Direitos Sexuais são demandas reivindicadas a partir do entendimento de que, socialmente, a sexualidade é um elemento estruturante das desigualdades, pois os atores de um segmento social são discriminados por estarem em desacordo com o que é normatizado pela sociedade. Assim, os Direitos Sexuais devem ser compreendidos como Direitos Humanos, pois é direito de qualquer ser humano manifestar a sua sexualidade e identidade de gênero", esclarece o pesquisador.

A partir das suas análises, Samuel Souza considera a criação da Coordenação de Proteção à Livre Orientação Sexual uma iniciativa positiva, "essa instância não deve ser entendida como uma política de um governo específico, mas, acima de tudo, como uma política de Estado e uma conquista do movimento social". Em 2008, outra política pública veio atender a comunidade LGBT. Uma portaria da Secretaria de Educação passou a permitir que travestis e transexuais pudessem se matricular nas escolas públicas estaduais, com os seus nomes sociais, o que, depois, foi estendido a todos os órgãos oficiais do

Estado, por meio de decreto. Para o pesquisador, "os preconceitos são formações sociais. Não se trata de questões meramente individuais e subjetivas. Quando ingressamos em qualquer instituição social, aprendemos o que já está construído nesses espaços. Assim, todo mundo, um dia, já foi, por exemplo, racista ou homofóbico. Os padrões normativos criam essas discriminações. O enfrentamento com o preconceito e com as desigualdades deve ser constante. E as políticas públicas são medidas necessárias que devem ser compreendidas como direitos a serem garantidos pelo Estado".

ano era 1995. Fernando Henrique Cardoso assumia o seu primeiro mandato como presidente da República Federativa do Brasil e, como é de praxe, o novo Chefe do Poder Executivo anunciou mudanças no governo federal. Uma das novidades, ainda naquele ano, fora a Reforma Gerencial do Estado, segundo a qual, as universidades do País deveriam, progressivamente, modernizar as suas gestões acadêmicas adotando um sistema educacional que disponibilizasse informações mais precisas e atualizadas. Assim, pouco tempo depois, a Universidade Federal de Santa Maria, em Santa Catarina, criou o Sistema de Informação para o Ensino (SIE). O projeto foi aprovado e apoiado pela Secretaria de Ensino Superior (Sesu) do Ministério da Educação (MEC) e, com o decorrer dos anos, outras instituições passaram a adotá-lo. Em 2006, a Universidade Federal do Pará (UFPA) passou a usar a plataforma. A fim de analisar como se deu o processo de inserção da UFPA nesse Sistema, a técnico-administrativa Maria das Graças dos Santos Vilhena, lotada no Instituto de Geociências (IG) da UFPA, elaborou a Dissertação Organi-

Karol Khaled

SIE modernizou gestão e atendimento à comunidade

No Portal do Aluno, é possível acompanhar lançamento de conceitos zação institucional da UFPA no contexto da Reforma do Estado: uma análise dos modelos de gestão e processos na Implantação do Sistema Integrado de Ensino – SIE/2005 a 2009. O trabalho, orientado pelo professor Durbens Martins Nascimento, foi defendido no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) da UFPA. "Com esta pesquisa, busquei

avaliar se a implantação do SIE, na UFPA, estava de acordo com as exigências e as diretrizes da Reforma Gerencial, que determinava às Instituições de Ensino Superior a necessidade de modernização das suas gestões. Diante disso, o estudo analisou até que ponto a Universidade conseguiu modernizar o seu gerenciamento acadêmico utilizando, para isso, o Sistema Integrado de Ensino", explica Maria das Graças Vilhena.

do ‘todo acadêmico’. Antes, com o Sistema de Controle Acadêmico, o SISCA, que era o mecanismo antigo, não existia essa possibilidade, pois as informações disponíveis eram dispersas, conflitantes e não estavam consolidadas em uma única plataforma, como o SIE oferece". Para respaldar o seu trabalho, Maria das Graças Vilhena, metodologicamente, utilizou três técnicas de pesquisa, a saber: análise documental, aplicação de questionários e entrevistas com técnico-administrativos, com gestores das faculdades e dos institutos e com membros da Administração Superior da Universidade. A aplicação de questionários envolveu tanto o Campus de Belém quanto os campi do interior. Já as entrevistas, apenas a capital paraense. Os resultados encontrados apontam que, na maioria das fontes pesquisadas, o Sistema foi bem aceito pela comunidade universitária. Um

dos principais fatores que possibilitaram esse êxito, conforme explica Maria das Graças Vilhena, é o fato do SIE – à época da sua implementação na UFPA – ser uma plataforma de gestão acadêmica moderna, inovadora e composta por uma alta tecnologia em software. O programa de gerenciamento utilizado anteriormente não possuía tanta tecnologia. "Além disso, o SISCA não disponibilizava dados em tempo real, como o sistema mais recente oferece. Aparentemente, aumentou a burocracia, pois é necessário alimentar, constantemente, a plataforma com informações atualizadas, referentes à Universidade. Entretanto o que aconteceu foi um processo de desburocratização, já que as atividades não são mais realizadas separadamente e não demoram tanto tempo para serem executadas. O SIE é, portanto, mais veloz", afirma a pesquisadora.

Inicialmente, técnicos rejeitaram a plataforma Maria das Graças Vilhena ressalva que, inicialmente, os técnico-administrativos resistiram ao Sistema, "normalmente, uma proposta de mudança gera rejeição e divergência. Nem todos os envolvidos no processo concordam plenamente com o que é apresentado como novo". Diante da necessidade de cumprir as exigências estabelecidas de forma cada vez mais otimizada, os técnicos passaram a reconhecer

O Grupo de Estudos e Pesquisas “Eneida de Moraes” (Gepem) acaba de lançar o livro Mulheres Amazônidas: Imagens, cenários e histórias, organizado pelas professoras Maria Angélica Motta Maués, Maria Luzia Miranda Álvares e Eunice Ferreira dos Santos. A obra faz parte da Coleção Mulheres e Gênero na Amazônia, criada em 2009, pela Editora Gepem.

Mulheres II

Gerência integrada administrativa e acadêmica A plataforma consiste em um software para gerenciamento conjunto, no qual, praticamente, todas as atividades administrativas e acadêmicas de uma Instituição de Ensino Superior são executadas e acompanhadas por ele. Como o SIE realiza várias funções, a autora da Dissertação optou por chamá-lo de Sistema Integrado de Ensino, e não Sistema de Informação para o Ensino. O SIE promove a gestão integrada dos seguintes módulos: Acadêmico (graduação e pós-graduação); Recursos Humanos (cadastro e gestão); Orçamentários (planejamento e execução); Serviços Gerais (frota, espaço físico, almoxarifado, patrimônio, licitação e compras); Biblioteca; Legislação; Processo Seletivo; Central de Atendimento e Protocolo e Módulos Administrativos. De acordo com a pesquisadora, "com a implementação do SIE, passou a ser possível a visualização

Mulheres I

a importância do SIE. "Quando isso aconteceu, eles passaram a frequentar cursos de capacitação e normatização. Com os treinamentos, as pessoas perceberam que poderiam ser gestoras de suas próprias tarefas", avalia a pesquisadora. Além dos professores, dos gestores e dos técnico-administrativos, os discentes também podem utilizar o Sistema. Uma das ferramentas disponibilizadas é o

"Portal do Aluno", por meio do qual, os estudantes podem acessar suas informações acadêmicas. "O software possibilita que os usuários, vinculados à UFPA, estejam conectados a ele, facilitando a obtenção de respostas imediatas para as suas ações e demandas", diz Maria das Graças Vilhena. Após seis anos de funcionamento na UFPA, o SIE será substituído por um novo sistema ainda este ano.

Os 23 artigos estão organizados em sete capítulos: Gênero e Ciências nos espaços acadêmicos; Histórias de vida, memórias e práticas familiares; Representação Social e Gênero; Cenas, Cenários e Mulheres em Movimento(s); O saber literário de mulheres amazônidas; Trabalho, Políticas e Condições de Vida e As Tramas da Violência Doméstica. Para adquirir o livro, entre em contato com a secretaria do Gepem, pelo telefone (91) 3201-8215.

SBPC Estão abertas as inscrições para a 64ª Reunião Anual (RA) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC. Com o tema “Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza”, a reunião acontecerá na Universidade Federal do Maranhão, em São Luís, no período de 22 a 27 de julho. Mais informações no site http://www.sbpcnet.org.br/ saoluis/home/

Luto “A criança vítima de queimadura e a perda da imagem corporal” é o tema da palestra a ser proferida pela psicóloga Fabiana Oliveira, no próximo dia 25, no Auditório do Centro de Estudos do Hospital João de Barros Barreto, às 9h. O evento faz parte do Ciclo de Palestras do Laboratório de Estudos do Luto e Saúde (LAELS). Os interessados devem enviar nome completo para o e-mail laels08@gmail.com

Novo Portal O novo Portal da UFPA já está no ar. O layout foi desenvolvido com vista a organizar melhor as informações e tornar o acesso mais amigável aos visitantes. O link para o Jornal Beira do Rio permanece na primeira página, destacando duas matérias da edição a cada semana.

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Terceiro Setor

Agência Cidadã garante assessoria para pequenos empreendimentos Cooperativas e associações são os clientes preferenciais do projeto de extensão da Faculdade de Comunicação da UFPA

Flávio Meireles

N

a Universidade Federal do Pará, é no 7º semestre que os alunos de Jornalismo, do Curso de Comunicação Social, deparam-se com o Laboratório de Comunicação Institucional, disciplina teórico-prática em que planejam e executam ações em vários meios de comunicação para um determinado cliente, geralmente, organizações do Terceiro Setor. Porém as produções eram interrompidas com a chegada do fim do semestre. Isso provocava frustração tanto entre os alunos quanto entre os

clientes que experimentavam, pela primeira vez, os benefícios de uma comunicação estratégica, desenvolvida para auxiliar na construção e no fortalecimento da identidade e imagem da organização. Assim, a Agência Cidadã surgiu para dar continuidade ao atendimento iniciado pelos alunos. O Projeto de Extensão, vinculado à Faculdade de Comunicação (Facom) da UFPA, tem o objetivo de aplicar princípios da Comunicação Institucional com um diferencial: privilegia-se, neste Projeto, empreendimentos contrahegemônicos, isto é, organizações que têm uma dinâmica diferenciada do

mercado econômico convencional. "Na verdade, o critério para trabalharmos com uma organização é que ela esteja pautada pelo interesse público ou que, de alguma maneira, suas ações ajudem a melhorar a qualidade de vida e/ou a expansão de direitos na localidade onde atua", explica a professora Rosane Steinbrenner. Como forma de atender à linha temática do Edital PROEXT 2010, na primeira fase da Agência, o atendimento voltou-se a empreendimentos econômicos solidários que atuam, de forma coletiva, na gestão e na produção, como cooperativas e associações de produtores. Hoje, a proposta é

atender outras organizações, grupos ou ações sediados, preferencialmente, nas vizinhanças do Campus do Guamá da UFPA. Na Agência, o atendimento é executado por quatro bolsistas de Jornalismo, em parceria com oito bolsistas de Publicidade e Propaganda da Oficina de Criação, projeto de extensão da Faculdade de Comunicação, coordenado pelas professoras Ana Petrucceli e Lívia Barbosa. Os alunos produzem, sob a supervisão das professoras, produtos para web, rádio, impresso e vídeo. A definição dos produtos é orientada por um plano de comunicação estratégica.

Mara Tavares

Já foi como Projeto de Extensão que a Agência Cidadã atendeu a Associação de Produtores e Produtoras Rurais de Campo Limpo (APROCAMP). Composta por 34 famílias que vivem da produção de alimentos orgânicos há seis anos, Campo Limpo, localizada no município de Santo Antônio do Tauá, é a única associação local a ter a certificação de sua produção, isto é, pode vender o que produz diretamente para o consumidor e também para empresas, restaurantes, hospitais e escolas. Diferente de uma empresa comercial, ela opera com base nos princípios da Economia Solidária, ou seja, produz e comercializa tudo de forma coletiva. A Cooperativa rural foi indicada pela Incubadora Tecnológica da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), acreditando que o empreendimento poderia beneficiarse das ações de comunicação para aumentar a renda. A Agência Cidadã realizou um diagnóstico da Associação com o intuito de revelar, a partir da perspectiva da comunicação, a realidade da organização diante de suas metas e objetivos estratégicos. A partir disso, pode-se desenvolver um projeto de comunicação capaz de contribuir com os avanços pretendidos pela organização social. A Cooperativa de Campo Limpo, a qual vende a maior parte da sua produção em Belém, precisava desde

Localizada em Santo Antônio do Tauá, Associação reúne 34 famílias de produtores um nome e uma marca para criar sua identidade corporativa, até pensar ações que valorizassem os benefícios do consumo de produtos orgânicos para ampliar e fidelizar seu público consumidor. Foram realizadas entrevistas

com os dirigentes da Incubadora da UFRA e com os membros da Associação Campo Limpo, além de uma visita à comunidade, em Santo Antônio do Tauá. As limitações estruturais de comunicação (falta de linha telefônica e acesso à internet), a ca-

pacidade de produção e distribuição dos alimentos, além das condições competitivas da produção, tudo foi considerado na elaboração do plano de comunicação que definiu produtos e ações que visavam "quebrar" alguns mitos sobre os orgânicos.

Estratégia considerou limitações estruturais do local Fotos Mara Tavares

Acervo Agência Cidadã

Associação de Campo Limpo trouxe novos desafios

Na sua primeira fase de execução, a Agência Cidadã atendeu duas organizações que também são empreendimentos econômicos solidários vinculados às Incubadoras de Instituições de Ensino Superior (IES): a Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Terra Firme (Concaves) e a Associação de Produtores e Produtoras Rurais de Campo Limpo (APROCAMP). A Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis da Terra Firme (Concaves), que contou com o apoio da Incubadora de Cooperativas Populares da UFPA (PITCPES), foi criada em 2004 e promove o desenvolvimento socioeconômico de seus cooperados, por meio da coleta seletiva de vários materiais, como papel, plástico, ferro, cobre, vidros e resíduos de madeira. Os catadores fazem a triagem e dão o destino correto aos materiais coletados no bairro Terra Firme e nos grandes fornecedores como a própria UFPA.

Atualmente, os órgãos públicos são obrigados pelo Decreto Federal n. 5.940/2006 a destinar seus resíduos recicláveis a grupos de catadores organizados. "Além de gerar trabalho e renda, a Cooperativa contribui para enfrentar um dos mais graves problemas ambientais nos dias de hoje: o excesso de lixo produzido nas grandes cidades. A reciclagem é, portanto, uma bandeira a ser defendida por todos nós", avalia Rosane Steinbrenner. Todas as ações estratégicas para a Cooperativa da Terra Firme foram pensadas enquanto a disciplina Laboratório de Comunicação Institucional estava sendo ministrada. No total, foram criados três vídeos, sendo um institucional e dois educativos, um jingle institucional, três spots publicitários, perfis em redes sociais, como Twitter, Facebook e Youtube. A continuidade do atendimento à Concaves inclui a orientação para o uso e a manutenção das ferramentas, além de assessoria

Acervo CONCAVES

Identidade visual garantiu visibilidade para as ações

A Semana Nacional de Orgânicos foi utilizada como "gancho" para sugerir pautas que valorizassem o consumo desses produtos

Cooperados, durante coleta, no arrastão do Arraial do Pavulagem de imprensa e ações de comunicação interna na organização. Entre os produtos planejados para ajudar na divulgação das ações da Concaves, foram desenvolvidos: fôlderes, placas de identificação para a fachada, uniformes (camise-

tas) para os catadores e adesivos de identificação para o caminhão que realiza a coleta, além de adesivos para pequenos fornecedores de materiais recicláveis e certificados de responsabilidade socioambiental para grandes fornecedores.

"Geralmente, os alimentos orgânicos têm preço similar aos produzidos industrialmente, porém com a enorme vantagem de proteger a natureza e a saúde do produtor, uma vez que não são utilizados agrotóxicos durante a produção. Ao pesquisar e comparar os preços da Cooperativa com os dos supermercados de Belém, ficou constatado que alguns alimentos chegavam, inclusive, a custar menos, desde que vendidos diretamente do produtor ao consumidor. Nosso desafio é informar e comunicar, de forma criativa, para

valorizar o consumo de orgânicos, a Cooperativa e sua produção", explica Rosane Steinbrenner. Para isso, foi desenvolvida uma estratégia de assessoria de imprensa aproveitando a Semana Nacional de Orgânicos como "gancho". A ação incluiu o levantamento de dados, a redação e o envio de releases para diferentes veículos (jornais, rádios, TVs, portais de internet, blogs, redes sociais). Também foram produzidas pautas especiais sobre a produção de orgânicos e seus personagens para

alguns canais e meios de comunicação da capital. Para construir a identidade da Cooperativa, a Associação adotou o nome fantasia "Orgânicos Campo Limpo". Além disso, foi criada uma representação gráfica e visual para que todos pudessem reconhecer a marca. Como a primeira fase do Projeto está chegando ao fim, a professora afirma que o desafio, agora, é garantir a sustentabilidade da Agência Cidadã. Para isso, o Projeto está buscando caminhos institucionais, mas também outras formas de captação de recurso.

"Temos certeza de que pensar e exercitar a comunicação organizacional de forma contra-hegemônica é fundamental para desenvolver a criatividade e a sensibilidade de nossos alunos para a realidade que os cerca". Serviço: Para tornar-se cliente ou apoiar o Projeto da Agência Cidadã de Comunicação, acesse o blog agenciacidadaufpa.blogspot.com e-mail: agenciacidadaufpa@gmail.com / nani. steinbrenner@gmail.com. Telefone: (91) 3201 8490.


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