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ISSN 1982-5994

UFPa • aNo XXXi • N. 135 • FeVereiro e MarÇo de 2017

O Mangueirão está de portas abertas Página 8.

Nesta edição • Novos projetos no StartupLab • Entrevista com Edmar Costa • Conheça o Projeto Peludinhos


UniVeRSidAde FedeRAL dO PARÁ JORNAL BEIRA DO RIO cientificoascom@ufpa.br Direção: Prof. Luiz Cezar Silva dos Santos Edição: Rosyane Rodrigues (2.386-DRT/PE) Reportagem: Amanda Nogueira, Gabriela Bastos e Maria Luisa Moraes (Bolsistas); Walter Pinto (561-DRT/PA). Fotografia: Alexandre Moraes e Adolfo Lemos Fotografia da capa: Carlos Sodré (Ag.Pará) Ilustrações: Walter Pinto Charge: Walter Pinto Projeto Beira On-line: Jorge Rafael Oliveira Atualização Beira On-Line: Rafaela André Revisão: Elielson Nuayed, José dos Anjos Oliveira e Júlia Lopes Projeto gráfico e diagramação: Rafaela André Marca gráfica: Coordenadoria de Marketing e Propaganda CMP/Ascom Secretaria: Nayara Faro Impressão: Gráfica UFPA Tiragem: Mil exemplares

Reitor: Emmanuel Zagury Tourinho Vice-Reitor: Gilmar Pereira da Silva Pró-Reitor de Administração: João Cauby de Almeida Jr. Pró-Reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal: Karla Andreza Duarte Pinheiro de Miranda Pró-Reitor de Ensino de Graduação: Edmar Tavares da Costa Pró-Reitor de Extensão: Nelson José de Souza Jr. Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Rômulo Simões Angélica Pró-Reitora de Planejamento e Desenvolvimento Institucional: Raquel Trindade Borges Pró-Reitor de Relações Internacionais: Horácio Schneider Prefeito: Adriano Sales dos Santos Silva Assessoria de Comunicação Institucional – ASCOM/ UFPA Cidade Universitária Prof. José da Silveira Netto Rua Augusto Corrêa. N.1 – Prédio da Reitoria – Térreo CEP: 66075-110 – Guamá – Belém – Pará Tel. (91) 3201-8036 www.ufpa.br


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Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença, mais conhecido como Mangueirão, está de portas abertas para visitação. O projeto, fruto da parceria entre a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer e a Faculdade de Turismo da Universidade Federal do Pará, tem atraído turistas, visitantes locais e alunos de Belém e do interior. O roteiro dura cerca de 50 minutos e inclui arquibancadas, banco de reservas e gramado. “Nosso próximo passo é montar uma exposição permanente”, afirma a professora Vânia Quadros. Escolhidos por meio de edital, 19 projetos empreendedores estão abrigados no StartupLab da Universitec. Durante seis meses, os participantes contarão com infraestrutura e cursos de capacitação para que possam montar os seus negócios. Leia também: em entrevista, o pró-reitor Edmar Tavares da Costa fala sobre os planos da nova gestão para o ensino de graduação; tese analisa trajeto de escolarização entre sujeitos homoafetivos em Belém; Projeto Peludinhos garante assistência a cães e gatos moradores do Campus Guamá.

Rosyane Rodrigues Editora

Índice Pluralismo constitucional interamericano .............................4 O teatro das coisas ........................................................5 StartupLab abriga 19 projetos ..........................................6 Mangueirão de portas abertas ..........................................8 Envelhecimento e resistência ...........................................9 “Ainda há muito a avançar” ........................................... 10 Cuidando dos melhores amigos ........................................ 12 Diálogo entre tradição e inovação .................................... 14 O sábio da Travessa das Mercês ....................................... 16 Um marco cultural ....................................................... 18

Clicks espontâneos, muitas vezes, geram os melhores resultados. Esta foto foi feita durante o intervalo de um ensaio na Cidade Velha. Na ocasião, a modelo estava sentada no vão de uma porta, sob uma luz que destacou a sua beleza. Às vezes, um olhar mais atento faz a diferença. Adolfo Lemos Fotógrafo


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Acervo Pessoal

Opinião

Marcelo Camargo / Agência Brasil

Pluralismo constitucional interamericano

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ivemos em um mundo de problemas comuns, que exigem soluções comuns. Poluição de rios atingem vários países, e rupturas democráticas de um Estado estremecem as relações internacionais com os demais. Dessa forma, a solução para tais problemas exige um grau de participação conjunta entre os países, bem como critérios compartilhados de resolução de problemas. Quando os problemas são violações de direitos humanos, caracterizados como direitos cuja titularidade independe da nacionalidade da pessoa, soluções comuns são necessárias. Inúmeras violações de direitos humanos no Brasil ocorreram ou se perpetuam porque nossas instituições enfrentam dificuldades em enxergá-las como ações contrárias a padrões nacionais e internacionais de proteção. A manutenção da Lei de Anistia brasileira, com base na manutenção de um suposto “acordo político” que teria ocorrido durante o regime militar, as soluções insatisfatórias quanto à demarcação de terras indígenas, por conta de temores infundados de internacionalização da Amazônia e de perda da soberania brasileira, a recente decisão pela antecipação de cumprimento da pena privativa de liberdade antes do trânsito em julgado da sentença condenatória,

fundada, principalmente, no argumento consequencialista de que, antes, o sistema penal brasileiro estimulava a impunidade foram decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em desrespeito a decisões oriundas de órgãos internacionais de monitoramento de tratados internacionais de direitos humanos, cujos padrões foram desenvolvidos na resolução de casos semelhantes. A solução para os delicados problemas elencados acima não envolve respostas simples. Nem estamos mesmo a sugerir que o Brasil, simplesmente, replique, de forma acrítica, as decisões internacionais, porém a relação do Direito Constitucional com as normas internacionais não pode limitar-se a uma concepção de contraposição excludente, ou seja, em casos de conflitos, apenas uma das duas poderia prevalecer. Portanto o que devemos almejar são formas mais arrojadas de interação entre ambos os ordenamentos jurídicos. Ao olharmos para o complexo mosaico europeu de ordenamentos jurídicos e as formas com que os tribunais o interpretam, podemos extrair propostas sobre arrojadas formas de interação entre Direito Constitucional e Internacional. No âmbito da União Europeia, autores desenvolveram abordagem

teórica denominada pluralismo constitucional, no intuito de explicar a complexa rede de troca de experiências constitucionais por meio de tribunais nacionais, supranacionais (Corte de Justiça da União Europeia) e internacionais (Corte Europeia de Direitos Humanos), com o objetivo de se alcançar as melhores soluções para problemas compartilhados. Não obstante a resistência de algumas cortes constitucionais do Velho Continente em aceitar uma irrestrita prevalência do direito europeu, nenhuma delas rompe com o desenvolvimento das normas comunitárias ou com suas influências no conteúdo das normas constitucionais estatais. Do mesmo modo, apesar de arrogar para si a supremacia diante do direito estatal, a Corte de Justiça da União Europeia incorpora padrões oriundos das normas constitucionais estatais e de Direitos Humanos da Corte Europeia de Direitos Humanos, no intuito de compatibilizar-se com o produzido pelos países do continente. O Pluralismo Constitucional, pensado para o nosso caso, postula que, ainda que a Constituição de 1988 seja interpretada como um ordenamento soberano e o STF considere que detém o monopólio da última palavra em matérias constitucionais, influências oriundas de outros ordenamentos constitucionais - tal como aquele criado pela Convenção Americana sobre Direitos Humanos – devem ser consideradas na construção do conteúdo dos direitos fundamentais, principalmente, nas hipóteses de bloqueios institucionais, culturais e jurídicos observados nos casos anteriormente mencionados. Breno Baia Magalhães - doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPA, no qual defendeu a tese Pluralismo constitucional interamericano: a leitura plural da Constituição de 1988 e o diálogo entre o Supremo Tribunal Federal e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. brenobaiamag@gmail.com


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Extensão

O teatro das coisas Objetos ganham vida nova no teatro de animação Acervo da Pesquisa

Maria Luisa Moraes

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uantas vezes somos surpreendidos pela beleza das coisas simples? Talvez isso aconteça justamente por, na maior parte do tempo, essas coisas passarem despercebidas aos nossos olhos. Nesse sentido, o Projeto de Extensão “Teatro das Coisas: Reaproveitamento Material e Imaterial do Mundo” propõe um novo olhar para objetos que, cotidianamente, são ignorados ou jogados fora. “Eu olho para os objetos com cuidado, com afeto, com carinho. O ‘Teatro das Coisas’ tem essa obrigação. Nós precisamos das coisas, nós não vivemos, por exemplo, sem parede, sem chão etc.”, explica Aníbal Pacha Correia, professor da Escola de Teatro e Dança da UFPA e coordenador do projeto. Trabalhando há 18 anos no Grupo InBust de Teatro com Bonecos, o professor conta que, no grupo, são desenvolvidos trabalhos ligados ao teatro de animação e também ao reaproveitamento de materiais. “Teatro de animação envolve máscaras, bonecos, sombras, objetos, enfim, tudo aquilo que pode ser manipulado e dispo-

nibilizado para o teatro”, explica Aníbal Pacha. Em seu ofício como artista de teatro, Aníbal costuma utilizar esse olhar especial sobre as coisas. Em 2011, trouxe essa abordagem para a Universidade, na qual passou a atuar como professor. “Senti a necessidade de montar um projeto de extensão e trouxe esse trabalho

que eu já desenvolvo como artista de teatro para dentro da UFPA. Na ETDUFPA, chamei a atividade de ‘oficina’ para provocar as pessoas, mas a proposta do projeto é promover encontros: as pessoas não são obrigadas a ir a todos, elas podem participar aleatoriamente, não há limitações, pois o conteúdo começa e encerra no mesmo dia”, ele explica.

Metodologia é mais emotiva e menos técnica O diferencial deste projeto de extensão é o desenvolvimento de uma metodologia mais emotiva e menos técnica. Quando fala em reaproveitamento, Aníbal Pacha faz questão de demarcar que isso não significa apenas reciclagem. “Nós tiramos as coisas de uma condição, ou de um estado, e as colocamos em outro. No nosso caso, esse outro estado é a arte, o teatro de animação”, afirma. O reaproveitamento envolve os objetos materiais e também as histórias, que podem ser encenadas de várias maneiras. Na atual fase, o “Teatro das Coisas”

estendeu-se tanto para grupos de teatro de comunidades, igrejas, bairros quanto para professores que se interessam pelas técnicas do projeto. Durante o desenvolvimento do projeto, o professor muda-se para a comunidade em questão para entender a dinâmica e moldar algo único para aquele lugar. Aníbal diz que esta pesquisa inicial acaba forçando os participantes a olharem para o entorno. Outra preocupação é com a formação de professores. “A proposta é que o professor comece a olhar, por exemplo, a quantidade

de papel que a copiadora da escola faz e que não serve pra nada, e pense ‘O que eu posso fazer com isso?’”, comenta. Aníbal divide o projeto em dois momentos ao longo do ano letivo. No primeiro semestre, ele trabalha com a comunidade (educadores populares e artistas de teatro dos centros comunitários). No segundo semestre, a atenção é concentrada nos grupos de professores. Pacha diz-se muito feliz com a repercussão do projeto. “Tudo que eu faço é para as pessoas. Se eu não alcançá-las, o trabalho não faz sentido”, conclui.

Na foto, participantes do Projeto na Ágape Escola de Arte Contemporânea, em Santo Antônio do Tauá.


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Universitec

StartupLab abriga 19 projetos Selecionadas por edital, equipes terão capacitação e infraestrutura Alexandre Moraes

O StartupLab é um dos programas ofertados pela Agência de Inovação da UFPA.

Amanda Nogueira

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Universitec, Agência de Inovação da Universidade Federal do Pará, tem como objetivo promover a proteção, a aplicação e a difusão do conhecimento. Um dos programas da Agência de Inovação é o empreendedorismo e, dentro dele, está o StartupLab Universitec. Uma startup é um grupo de pessoas com uma ideia de produto ou serviço inovador, que procura um modelo de negócios repetível e escalável, e o StartupLab existe para capacitar esse conjunto de possíveis empreendedores que tenham ideias com soluções inovadoras para demandas no mercado. ”O StartupLab está inserido em um contexto maior da Universitec”, explica o diretor da Universitec, Gonzalo Enríquez.

Na seleção para participar do StartupLab Universitec, foram ofertadas dez vagas para projetos residentes e nove vagas para projetos que receberão atendimento planejado. O trabalho teve início em janeiro e o que diferencia as duas categorias (residentes e não residentes) é que os projetos residentes têm à sua disposição a infraestrutura física da Universitec. As vagas estão divididas em áreas, como saúde, educação, mobilidade urbana, segurança, entre outras. O processo de seleção teve início com a análise dos projetos, que foram avaliados por uma comissão, com base em critérios preestabelecidos. Na segunda fase classificatória, os participantes passaram por uma entrevista e por uma exposição objetiva do produto. “Esta fase é ainda mais rigorosa. Os participantes tinham

cinco minutos para explicar qual é o problema, qual a solução e como isso será feito”, afirma Gonzalo. O atendimento no StartupLab tem duração de seis meses. Durante esse período, a Universitec oferece apoio com estrutura e suporte estratégico para os participantes. “Ao serem selecionados, eles passam por um período mais longo de acompanhamento e capacitação para montar, futuramente, um empreendimento. São ministrados cursos sobre plano de negócio, marketing e trabalho de inovação”, explica Gonzalo. “Este trabalho é feito por mentores, pessoas que possuem experiência e conhecimento para ensinar o empreendedor de forma mais simples e adequada”, afirma. O grupo de mentores é composto por profissionais especializados em gestão de negócios.


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Mentores orientam e avaliam os participantes Os participantes do StartupLab Universitec têm acesso a um espaço de trabalho de uso compartilhado, com recursos de escritório, sala de reunião, auditório e laboratórios de pesquisa. Além disso, dispõem de um suporte com orientação para o desenvolvimento técnico/tecnológico dos produtos ou serviços e em gestão de negócios. “Durante o acompanhamento, os participantes são atendidos pelos mentores. Para essa fase, existe uma ficha de avaliação e de testes dos

produtos até a finalização das mentorias. Depois de seis meses, o ideal é que o projeto esteja com todas suas hipóteses validadas, produto/ serviço desenvolvido e atingindo escalabilidade”, esclarece Leila Furtado, coordenadora de Empreendedorismo da Agência. A expectativa do diretor da Universitec para o StartupLab é capacitar as pessoas que estão nesse processo. “Incentivar o empreendedorismo dentro da Universidade é fundamental e um dos maiores

desafios da Agência de Inovação, pois os empreendedores são aqueles que vão transformar o conhecimento adquirido na universidade em inovações tecnológicas dentro das empresas”, ressalta Gonzalo Enríquez. Para ele, o conhecimento é o ponto de partida para inovação tecnológica. “A inovação tecnológica não se faz dentro da universidade, a inovação se faz na indústria. Por outro lado, ela não consegue acontecer sem a universidade, pois é esta quem gera o conhecimento”, afirma o diretor.

Solver foi escolhida entre os mais de 30 inscritos Entre as dez startups residentes do StartupLab Universitec, está a Solver, que representa uma parceria envolvendo quatro profissionais de diferentes áreas do conhecimento. São eles: Givago Souza, Anderson Herculano, Leticia Miquilini e Felipe André Brito. A Solver vai desenvolver programas relacionados ao sistema visual humano, os quais poderão ser facilmente aplicados por profissionais envolvidos em pesquisas ou em clínicas de diagnósticos. “Nosso objetivo é garantir um produto confiável e com significativa sensibilidade para detectar a grande variedade de alterações na visão humana”, explicam os participantes. O grupo foi escolhido entre mais de 30 outros projetos que participaram da seleção. “Também fomos entrevistados por três membros da Universitec e, por fim, apresentamos a essência do nosso produto”, explica Givago Souza. A experiência como participante do StartupLab ainda está no início, mas o grupo possui grandes expectativas. “Tudo está bem no começo e estamos esperando muito apoio, especialmente na área gerencial do negócio. Já recebemos uma boa orientação sobre os trâmites necessários para proteger nossa ideia, o que já mostrou a importância da iniciativa da StartupLab para o progresso da Solver”, avalia o empreendedor. Os quatro profissionais estão bem animados com o suporte que

receberão da Universitec. “Teremos assessoria sobre a proteção do patrimônio intelectual e do produto que iremos oferecer ao mercado. Além disso, seremos apresentados a conceitos de empreendedorismo e realização de negócios. Também teremos um espaço físico para realizarmos nossas atividades”, comemoram.

Os participantes esperam resultados positivos após os seis meses de Residência. “Gostaríamos de terminar o período no StartupLab com um modelo de negócio para o nosso produto e com experiência suficiente para garantir a nossa autonomia no ramo em que estamos ingressando”, conclui Givago Souza.

Em uma das etapas da seleção, a equipe teve cinco minutos para apresentar o projeto.

Acervo da Pesquisa


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Turismo

Mangueirão de portas abertas Visitação é fruto de parceria entre a Faculdade de Turismo e a SEEL Fotos Acervo da Pesquisa

Gabriela Bastos

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Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença, mais conhecido como Mangueirão, está localizado na Avenida Augusto Montenegro e é palco de constante programação esportiva, como os Campeonatos Paraense, Brasileiro da Série B e C e Copa Verde. Em parceria com a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEEL), a Faculdade de Turismo (FACTUR) da UFPA criou o Centro de Visitação Estádio Olímpico do Pará Edgar Proença. “O projeto foi criado para promover a interação entre o estádio e a comunidade. O Mangueirão ficava um tanto ocioso, esperando pela programação esportiva, em especial o futebol”, lembra a professora Vânia Quadros, coordenadora do projeto. A ideia surgiu com base em uma demanda institucional da SEEL, que procurou a Faculdade de Turismo para possibilitar a visitação. Atualmente, o projeto

Roteiro de visitação inclui arquibancas, banco de reservas e acesso ao gramado.

funciona com um bolsista, quatro voluntários e duas estagiárias da Secretaria. “A ação tornou o Mangueirão um novo ponto turístico da capital paraense e deu largada para a criação do Museu do Futebol”, conta a professora. O roteiro de visitação dura 50 minutos e envolve arquibancada, vestiários e túnel de acesso ao gramado. As visitas acontecem de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 12h30 e das 14h às 16h30 e podem ser agendadas por qualquer pessoa interessada. Entre os visitantes, estão turistas nacionais, internacionais e, principalmente, visitantes locais. O projeto tem recebido uma boa resposta da comunidade. “Os visitantes ficam encantados em ver de perto algo que só conheciam pela televisão. É grandioso ver o estádio do lado de dentro, entrar no campo, tocar na grama e dizer que isso é meu, faz parte da minha cultura, da minha história”, avalia a coordenadora.

Projeto também está formando monitores mirins Com menos de um ano, o projeto já possui notáveis realizações, como a integração feita com as crianças e com os adolescentes atendidos pela Fundação Pro paz. “Crianças e adolescentes foram preparados para tornarem-se monitores mirins e conduzirem as visitas ao lado do bolsista, das estagiárias ou dos voluntários do projeto. Em dezembro, 10 crianças e adolescentes receberam certificado de monitores do Centro de Visitação, após 92 horas de treinamento. Para nós, foi algo bastante significativo”, afirma a professora Vânia Quadros. Outro momento marcante foi a Colônia de Férias Anual da Marinha, cujo tema foi a Olimpíada. Segundo Vânia Quadros, “além da visita monitorada nas instalações

do estádio, foram inseridas atividades esportivas voltadas para o atletismo, tais como revezamento e corrida na pista olímpica de 400 metros”. O aumento no número de visitantes é visível. Em seis meses, o Centro de Visitação recebeu, aproximadamente, 500 visitas e, após ampla divulgação realizada em escolas de Belém e do interior, passou a contar com a presença de turmas escolares com 50 e até 100 alunos. “Em novembro, de 21 a 23, recebemos escolas com 100 alunos”, comemora a professora. Segundo a professora, o que mais chamou atenção da equipe foi o cuidado que pôde ser dispensado ao grupo de crianças especiais. “Permitir a interação de grupos de

autistas e cadeirantes foi marcante. Nós achamos incrível poder participar disso e proporcionar o contato, a interação delas com o Estádio”, afirma a coordenadora. Segundo a professora Vânia Quadros, as expectativas são grandes para este ano. A principal delas é que o projeto tenha cada vez mais autonomia e independência. “A ideia é que possamos renovar o apoio PIBEX, pois a segunda etapa do projeto é a montagem de uma exposição permanente e a criação da loja de souvenir. Mas é importante que o Centro de Visitação tenha uma gestão autônoma. A ideia é que, no futuro, o Centro mantenha suas atividades independentemente do projeto de extensão”, finaliza a professora.


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Pesquisa

Envelhecimento e resistência Tese discute a invisibilidade de idosos homoafetivos em Belém Acervo da Pesquisa

Gabriela Bastos

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oletar relatos de idosos homoafetivos de Belém e voltar a atenção para as memórias que narram a sujeição sofrida por eles no ambiente escolar. Era esse o objetivo de Dário Azevedo, professor e pesquisador do Campus Castanhal/ UFPA, quando iniciou a sua pesquisa de doutorado. “O que me interessou foi saber como eles resistiram a isso e se eles abandonaram a escola, pois é alto o número de sujeitos homoafetivos, do período estudado, que não têm alta escolaridade”, conta o professor. Dário Azevedo lembrou-se da sua vivência para chegar ao tema. “Quando trabalhei na Secretaria de Desenvolvimento e Ciência Social, no Programa de Transferência de Renda, a maior dificuldade era com os idosos. Eles tinham seus direitos constantemente violados, seus procuradores só se importavam com o dinheiro. O medo do abandono, a falta de empatia, o desrespeito e a violação de direitos são vivências constantes na vida de idosos em Belém. Muitas pessoas se esquecem de que todos chegarão a essa fase da vida”, lamenta. Defendida no Programa de Pós-Gradução em Educação, sob orientação do professor Genylton

Odilon Rêgo da Rocha, a tese Vias e Trajetos de Escolarização de Sujeitos Homoafetivos velhos (as) na cidade de Belém traz uma abordagem transversal, pois seu foco não é só a escolarização, e sim o envelhecimento, a homoafetividade e a resistência. “É importante verificar o papel das instituições, como elas são controladoras, castradoras e como as pessoas que estão dentro delas conseguem resistir e criar o que chamamos de resiliência, sobreviver a durezas da discriminação, da homofobia e da rejeição”, alerta Dário Azevedo.

A pesquisa foi desenvolvida em etapas: a fase experimental, quando foram realizadas entrevistas por indicação de amigos e pessoas que tinham disponibilidade; na segunda fase, o pesquisador elaborou um roteiro baseado nas informações obtidas na fase experimental e definiu os sujeitos com os quais trabalharia. “Eles precisariam se assumir, se nomear como sujeito homoafetivo ou qualquer uma das classificações que a sigla LGBT define”, afirma o professor.

Em 2030, o Brasil será o 6º país com mais idosos A metodologia utilizada foi a história de vida. “Para os autores com quem eu trabalho, Michel Foucault (1926-1984), Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Gilles Deleuze (1925-1995), o prazer, o desejo, a sexualidade são vias de mão dupla, tudo pode acontecer. Além deles, minha metodologia estava ancorada num dado do IBGE: em 2030, o Brasil será o sexto maior país de população de idosos”, explica Dário Azevedo. A pesquisa foi bem recebida e obteve resultados além do esperado. Um deles foi a confirmação

de que os sentimentos de afeto e prazer estão presentes em todas as idades e a ideia do corpo dócil deve ficar no passado. “Há casais de idosos, na minha pesquisa, que não têm prática sexual, mas o fato de dormirem juntos, assistirem a um filme, a uma peça teatral faz com que vivam do afeto. Então fica claro que afeto todo mundo tem”, revela o pesquisador. Outro resultado comemorado é o fortalecimento do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação, Envelhecimento e Sexualidade

(NEPES), que já existia e, hoje, tem dois bolsistas de Iniciação Científica. Dário Azevedo ressalta sua preocupação com a falta de políticas da Universidade para os seus servidores (técnicos e professores) que estão envelhecendo. “É uma inquietação ver como a Universidade olha para as pessoas que estão caminhando para a velhice, como a Universidade se prepara para contribuir com essas políticas. Nós estamos deixando de lado uma reflexão que precisa ser feita e é muito preocupante”, finaliza o professor.

Memórias revelam histórias de discriminação e resistência dentro das escolas.

Leia a tese,

veja o documentário

Para dar visibilidade à pesquisa, foi realizado o documentário Velhos Sujeitos.Outros Transgressivos. O trabalho audiovisual conta com oito depoimentos que fizeram parte da tese e destacam-se pela intensidade da narrativa. O documentário está disponível no Youtube.


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Entrevista

Edmar Tavares da Costa

“Ainda há muito a avançar” Pró-reitor apresenta novas propostas para os cursos de graduação Alexandre Moraes

Walter Pinto

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itular do Instituto de Ciências Biológicas, doutor em Farmacologia pela Universidade de São Paulo, com diversos estágios de pós-doutoramento nos Estados Unidos e na Alemanha, o professor Edmar Tavares da Costa é o atual pró-reitor de Ensino de Graduação da UFPA. Paralelamente à carreira científica na área de neurologia, ele acumula experiência no ensino de graduação, como consultor do MEC/Inep para avaliação

in loco das faculdades de graduação, entre outras atividades, e na área acadêmica, tendo exercido a direção do Instituto de Ciências Biológicas até recentemente. Nesta entrevista, Edmar Costa apresenta algumas das ações que começa a efetivar com vista ao avanço da qualidade do ensino de graduação da UFPA. Entre elas, o aprimoramento da infraestrutura laboratorial da graduação e o incentivo à construção de projetos pedagógicos que reforce a flexibilização curricular.

Onde avançar A partir do reconhecimento do papel da Universidade como instrumento de transformação social, observou-se, na última década, um processo de expansão da educação superior pública e gratuita, marcada principalmente pela ampliação das oportunidades de acesso à educação superior. A despeito de estarmos longe de alcançar metas traçadas no último Plano Nacional de Educação (PNE 2011-2020), que esta-

belecia provimento de oferta da educação superior a pelo menos 33% de jovens (18-24 anos), é inegável que as políticas públicas melhoraram, no geral, as condições para a ampliação do acesso e a permanência na educação superior, no nível da graduação presencial, pelo melhor aproveitamento da estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades federais. Na UFPA, experimentamos aumento na oferta de cursos e, assim, no número de


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vagas, melhoria na avaliação desses cursos pelo MEC, aumento de vagas de servidores docentes e técnico-administrativos, além de ampliação de políticas de inclusão e assistência estudantil. No entanto acredito que ainda há muito a avançar, especialmente no cenário atual, que não nos permitirá expandir no mesmo ritmo da década anterior em função da limitação dos recursos aprovados para o orçamento das universidades. Assim, a administração atual da Universidade resolveu apostar no que parece algo bastante ousado: suprir com mais recursos as Pró -Reitorias “fins” (de Ensino, de Pesquisa e de Extensão). A Proeg recebeu, para este ano, um incremento da ordem de três milhões de reais, que serão utilizados em editais voltados à melhoria da qualidade do ensino de graduação na Instituição. Outro limitante, além do orçamentário, diz respeito ao nosso modelo atual de ensino, muito voltado para o aprendizado restrito às salas de aula. A atual gestão convidará, muito em breve, a comunidade universitária a discutir um modelo de construção para projetos pedagógicos de curso o qual reforce a flexibilização curricular, entendida como a possibilidade de se migrar de um modelo rígido de condução da graduação para uma situação na qual o aluno poderá imprimir ritmo e direção ao seu curso, com a utilização de mecanismos que a Instituição já oferece em termos de opção de atividades acadêmicas na estruturação dos currículos, que podem incluir disciplinas, seminários, participações em eventos, atividade acadêmica a distância, estágios, iniciação à pesquisa, docência e extensão, além de outras atividades, que passarão a integrar um bom percentual da carga horária total do seu curso.

Ensino e LabInfra O LabInfra, como denominamos o Edital de Apoio à Infraestrutura de Laboratórios de Ensino, é uma proposta inserida em um Programa de Apoio à Qualificação do Ensino de Graduação, gerenciada pela nova Diretoria de Inovação e Qualidade de Ensino da Proeg. O programa destina-se a unidades e subunidades acadêmicas da UFPA, responsáveis pela oferta de cursos de graduação cujos projetos pedagógicos priorizem atividades regulares em laboratórios de ensino. Tem o objetivo de atualizar e aprimorar a infraestrutura laboratorial utilizada em atividades regulares de formação na graduação e prevê recursos para reformas, aquisição de equipamentos e insumos, além de bolsas de monitoria para as atividades de formação realizadas nos laboratórios. Como maior novidade, as bolsas de monitoria e insumos podem ser previstas para um período até quatro anos (2017 a 2020), suficientes para o funcionamento regular dos laboratórios durante todo o período. Como se trata de um aspecto que dependia quase integralmente das verbas das unidades, há grande demanda reprimida e não temos a pretensão de recuperar esse passivo de forma tão acelerada. Com a continuidade do edital nos próximos anos, esperamos poder atender a uma maior parcela da comunidade que precisa desse tipo de apoio, seja em termos de custeio, seja de capital.

Propostas pedagógicas inovadoras Os editais que já vinham sendo desenvolvidos na Proeg, tal como o Proint, serão atualizados, no sentido de manter o êxito do que já foi conseguido, porém passando a exibir um aspecto ainda mais marcante da interação dos objetivos voltados à graduação, com atividades inerentes a projetos de pesquisa e extensão.

A Proeg e os egressos Os egressos constituem uma de nossas preocupações na atual gestão. Uma nova diretoria foi criada na Proeg (Diretoria de Apoio a Docentes e Discentes), que já começou a levantar nas unidades e nas subunidades da Instituição informações sobre os egressos dos nossos cursos e sua inserção no mercado de trabalho ou ambiente de estágio. O “ensino” é uma das principais funções da universidade, sendo necessário um controle acurado das ações educacionais direcionadas aos seus alunos, com a finalidade de mensurar o resultado dos esforços empreendidos pela instituição.

Vamos convidar a comunidade universitária para discutir a flexibilização curricular

Sociedade e mercado O acompanhamento dos discentes, mesmo após sua formação, é de suma importância, por isso as universidades, depositárias das esperanças sociais de grande parte da população, precisam ter uma consistência clara de suas potencialidades e limites, bem como mecanismos eficientes para indicar

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diretrizes e metas em seus planos político-pedagógicos visando formar um profissional mais bem preparado para a sociedade e para o mercado. Além de levantar informações sobre os egressos, a Diretoria de Apoio a Docentes e Discentes deve estimular processos de formação discente acerca da vida corporativa e das formalidades do mundo do trabalho. Uma combinação entre os objetivos dessa diretoria e o interesse das subunidades pelo tema deve aumentar substancialmente a preparação dos alunos/futuros egressos para a realidade social, após a colação de grau.

Intercâmbio A experiência de discentes em programas de intercâmbio nacional e internacional mostrou-se bastante enriquecedora ao possibilitar a aquisição de conhecimento e cultura diversificados. No âmbito internacional, a retirada dos cursos de graduação da abrangência de programas como Ciência sem Fronteiras representou um retrocesso na internacionalização da graduação. No entanto outras oportunidades ainda estão mantidas, como os convênios com universidades na Europa e nos Estados Unidos, além de estarmos abertos à negociação para convênios adicionais no âmbito do Mercosul. No âmbito nacional, já contávamos com o apoio do Programa de Mobilidade Nacional Santander Universidades/Andifes, que auxilia com bolsas a mobilidade entre as IFES participantes. Além disso, queremos incluir nas discussões sobre mudanças nos projetos pedagógicos dos cursos a flexibilização curricular, possibilitando ao discente realizar parte de seu percurso acadêmico em outras instituições de ensino, sem prejuízo para o tempo de integralização.


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Cuidando dos melhores amigos Projeto garante assistência a cães e gatos do Campus Guamá Amanda Nogueira

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a Universidade Federal do Pará, tão presentes quanto os alunos, são os cães que vagueiam do primeiro ao sexto portão do Campus Guamá. Para dar a assistência necessária aos mais de 200 cães e gatos da Universidade, surgiu o Projeto Peludinhos da UFPA, cujo objetivo é melhorar a qualidade de vida desses animais e a interação deles com os humanos. “Hoje, funcionamos como uma rede de proteção que cuida de animais restritos do campus”, explica uma das coordenadoras do projeto, Elizabete Pires. Com o propósito de provocar adoções responsáveis, voluntários cuidam desses animais para que eles se mantenham saudáveis e tenham a oportunidade de ter uma família.

O projeto funciona com uma equipe restrita de voluntários (apenas sete pessoas tomam conta de todos os peludinhos). A fundadora do projeto, Suelly Palheta, é a encarregada de distribuir ração pela Universidade todos os dias. “Alimentação tem tudo a ver com um bom sistema imunológico e evita que eles adoeçam, mas sabemos que isso é difícil, já que eles estão muito expostos”, aponta Elizabete Pires. O cuidado com a saúde dos animais faz parte da saúde pública, já que eles interagem constantemente com as pessoas que frequentam a cidade universitária, por isso é importante que eles se mantenham sempre sadios, para que essa interação entre humanos e animais seja sempre saudável. “No Projeto Peludinhos, são diversas pessoas lutando fortemente pela vida desses animais”, afirma a coordenadora.

A assistência é feita de acordo com a necessidade de cada animal. Eles são recolhidos apenas quando precisam de curativos ou de algum atendimento especial, como alimentação forçada ou medicação com horário. “Com a assistência, queremos não só melhorar as condições de saúde, mas também aumentar as adoções e realizar as castrações para diminuir o número de filhotes na Universidade”, diz Elizabete Pires. Em alguns momentos, a equipe precisa da orientação de um veterinário. Nesses casos, é o projeto que paga o serviço desse profissional. “Tudo isso tem um custo alto. Como existe uma carência de transportes, é preciso que alguém se prontifique ou então pagamos um táxi para levarmos o animal até uma clínica”, relata a coordenadora.


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Solidariedade Adoção e apadrinhamento são opções para quem quer ajudar Fotos Acervo da Pesquisa

Os recursos financeiros vêm de doações das pessoas que simpatizam com a causa e auxiliam com transporte, consultas e alimentação. “Na UFPA, temos professores que nos ajudam muito, mas, infelizmente, os recursos ainda são muito restritos”, lamenta Elizabete Pires. Além de ração, os peludinhos precisam de lençóis, toalhas e material de limpeza. “Eu costumo dizer que o projeto é abençoado, pois sempre contamos com a ajuda de um ‘anjo’ que vem e faz uma doação nos momentos de necessidade”, comemora a coordenadora. Para angariar recursos e combater os maus-tratos aos animais, o projeto produziu um calendário com artistas locais, como Gina Lobrista, Lia Sophia, Pinduca, Juliana Sinimbu e vários outros. “Foi uma experiência enriquecedora para os dois lados, o depoimento dos artistas foi de carinho, amor e entrega ao projeto”, conta Elizabete. Os animais que apresentam problemas de hostilidade e causam dificuldades no dia a dia do campus são retirados do local para tratamento. De acordo com Elizabete Pires, não é o mais adequado, “eles precisam de um lar, de família, de carinho, mas dentro das circunstâncias, nós procuramos dar dignidade a eles”. De acordo com a coordenadora, os maus-tratos ainda são algo muito presentes na UFPA. Existem casos em que pessoas espancam os animais e destroem as vasilhas em que eles se alimentam. Para reverter essa realidade de violência, a coordenação do projeto realiza palestras enfatizando a afetividade. Para Elizabete Pires, a interação entre humano e animal é sempre uma interação de amor. Os interessados em adotar ou apadrinhar um peludinho devem entrar em contato com a coordenação. “Temos padrinhos que mensalmente ajudam seus afilhados, e nós enviamos fotos para que eles acompanhem o desenvolvimento do animal”, conta Elizabete Pires. A adoção só acontece depois que o interessado passa por uma entrevista. “Perguntamos se a pessoa tem condições de cuidar de um filhote e como é a dinâmica familiar. Precisamos ter certeza que ele vai ter carinho e que a sua saúde será preservada. No projeto, temos cães com personalidade e com perfil para qualquer tipo de humano”, conclui a coordenadora.

Juliana Sinimbu e Pinduca são alguns dos artistas locais que ilustram o calendário de 2017.

Serviço Acompanhe as ações do projeto: Facebook: facebook. com/peludinhosufpa Instagram: @ projetopeludinhosufpa Para adquirir calendários e camisetas: (91) 991753009


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Educação

Diálogo entre tradição e inovação Lenda da Matinta é utilizada para discutir Educação ambiental Fotos Acervo da Pesquisa

A partir das lendas, foi possível expandir as formas de pensar a educação ambiental.

Gabriela Bastos

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oje, as crianças têm uma noção mínima do que representa o meio ambiente e a importância em preservá-lo, pois a educação ambiental é esquecida em prol de assuntos considerados mais relevantes. Diante disso, a professora da Universidade do Estado do Pará e pesquisadora do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais (NECAPS), da UEPA, Maírna Costa Dias, escreveu a dissertação A Matinta tem a Cor da Chuva: Ludicidade como estratégia de Ensino-Aprendizagem para Educação Ambiental. A pesquisa foi apresentada em agosto passado, no Programa de Pós-Graduação em Educação/ICED/UFPA. Realizada na Ecoescola Rita Nery, localizada no bairro Tenoné, em Belém, a pesquisa discute cultura amazônica por meio da

ludicidade aliada à questão ambiental, utilizando como personagem principal de conscientização a matintaperera. “A pesquisa apresentou uma problemática instigante e demonstrou comprometimento com a construção de saberes e práticas pedagógicas ambientais que reverberem uma educação e um currículo crítico voltado para a diversidade cultural, a valorização do imaginário popular e cultural amazônico e da literatura infantil no contexto escolar”, ressalta a professora. Segundo a lenda, a Matinta é uma idosa que pode aparecer em forma de ave e nunca se sabe de onde vem seu assobio. O curioso título A Matinta tem a Cor da Chuva foi uma construção espontânea de uma das crianças, lembra Maírna Dias. “Uma criança chegou e disse: ‘tia, a Matinta tem a cor da chuva’. Acredito que tal criação se justifique por atividades anteriores

que envolviam temas como o lixo e chuva”, lembra a professora. A escolha da lenda da Matinta foi outro ponto interessante da pesquisa. “Foram trabalhadas várias lendas e, ao tratar do mito matintaperera, percebi um interesse maior das crianças, que demonstraram um verdadeiro fascínio pela personagem. Por se tratar de uma bruxa e ter o recurso sonoro como o assobio, percebi que tal personagem seria vigoroso para trabalhar o imaginário e a fantasia. Nas falas das crianças, você percebe a reconstrução e ressignificação do elemento mítico”, afirma a professora. De acordo com a pesquisadora, o mito da Matinta permitiria a expansão das formas de ver e pensar a educação ambiental contextualizada às realidades das crianças. Além disso, permitiria a inauguração de hipóteses inovadoras acerca da ‘negociação’ entre a tradição e a inovação infantil.


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Oficinas foram utilizadas para envolver os alunos Segundo Maírna Dias, a proposta inicial era desenvolver atividades com os professores, porém as crianças demonstraram interesse pelo trabalho, surpreendendo a pesquisadora. A estrutura e o projeto político-pedagógico da escola também foram diferenciais e determinantes para a troca de público. “Eles foram se apresentando, me envolvendo e, quando me deparei, estava imersa no ‘território infantil’ e exercitando a ‘escuta sensível’. A escola me acolheu de forma carinhosa, abrindo seus ‘armários’, apresentando todo o material que pedi e que achava interessante para a pesquisa. Assim, pude realizar um excelente trabalho de campo, situando os passos da construção da oficina e lócus da pesquisa, trazendo para o cenário os bastidores teóricometodológicos que tornaram possível tal construção, juntamente com o apoio da equipe técnica da escola, dos alunos, dos pais e da comunidade em geral, e a liberdade dos alunos

Depois de um mês e meio de trabalho, resultados foram consolidados na encenação produzida pelas crianças.

em seus atos de criação”, detalha a professora. Por meio de oficinas e dramatizações, Maírna conseguiu chamar atenção dos alunos, que associaram os comportamentos apresentados com os que eram praticados por suas famílias. O objetivo final era que fosse construída uma peça com o aprendizado e, por sugestão das crianças, a temática escolhida foi o lixo.

Depois de um mês e meio, a atividade final contou com uma encenação na qual as crianças foram produtoras e partícipes. A Matinta foi o fio condutor e não o personagem principal da prática pedagógica batizada de “a Matinta e o lixo nosso de cada dia”, título escolhido pelos pequenos, tornando bastante rica e lúdica a participação deles.

Pais relataram mudança de comportamento A questão ambiental foi além e levou o trabalho para outros direcionamentos. Maírna Dias diz que se surpreendeu com as construções nas histórias dos alunos, principalmente com a que deu título a sua dissertação. “Uma criança me disse: ‘a Matinta tem a cor da chuva. Ela vem de noite e leva o lixo. A gente já tá dormindo, por isso que a gente não vê’. Todas as histórias eram fantásticas. Acredito que tal originalidade e ousadia foram essenciais para o êxito da pesquisa”, revela a professora. O projeto de pesquisa culminou com a apresentação da peça e teve como espectadores alunos, professores e pais/responsáveis. Esses últimos relataram à pesquisadora que estavam impressionados com a mudança de postura das crianças em relação ao tema “meio ambiente”. Os resultados da dissertação foram além do esperado, principalmente no que diz respeito à sustenta-

bilidade na escola. “Trata-se de uma pesquisa muito relevante, sobretudo no contexto contemporâneo, quando pensamos programas governamentais de escolas sustentáveis. Nesse sentido, penso que a pesquisa trouxe este tema à tona evidenciando como a investigação pode envolver a educa-

ção ambiental e a mitopoética amazônica, conjugando as nossas maiores riquezas e a sociobiodiversidade brasileira. Meu trabalho foi capaz de testemunhar isso, além de apontar para as imensas possibilidades de ampliar os horizontes da escola”, conclui a pesquisadora.


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Hébètte

O sábio da Travessa das Mercês Memórias sobre um cientista engajado na questão do campesinato Walter Pinto

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omo um enclave urbano, a casa quase na esquina da Travessa das Mercês com Duque de Caxias mantém-se indiferente à especulação imobiliária que transforma os imóveis do lugar em pontos comerciais. Resiste como residência em meio a um agitado comércio formado por pequenas lojas de peças para eletrodomésticos, restaurantes desprovidos de luxo, botecos tidos por “pés sujos” e vendas de frango. A resistência por longos anos deveuse à tenacidade de seu morador, um senhor alto, de cabelos brancos e óculos de lentes grossas, o qual os vizinhos comerciantes conheciam apenas por professor. Jean Hébètte, o morador, fazia da casa não somente uma residência, mas também uma extensão do local de trabalho em Belém, recebendo alunos, pesquisadores e trabalhadores rurais, a quem dedicou toda a sua vida como cientista social. Acolher os que precisavam era uma das virtudes daquele cidadão belga, que chegou ao Brasil em 1967, na companhia de religiosos europeus dedicados à Teologia da Libertação. Jean Hébètte era missionário da ordem dos Oblatos de Maria Imaculada, ordenado padre aos 24 anos. Certamente, a vida

religiosa muito contribuiu para a prática da solidariedade e do acolhimento, assim como foi decisiva para o posicionamento ao lado dos oprimidos, consubstanciado no trabalho científico que elegeu o pequeno camponês da Amazônia como objeto de pesquisa. Acolhimento – Foi pelo acolhimento em sua pequena casa das Mercês que o engenheiro agrônomo e professor do Instituto de Ciências Agrárias da UFPA Gutemberg Armando Dinis Guerra começa seu depoimento sobre Hébètte, falecido em novembro passado, em Barvaux, Bélgica, para onde regressara após encerrar uma carreira de 46 anos como pesquisador da UFPA. Em 1986, à véspera de regressar a Belém, Gutemberg, que não tinha residência na cidade, foi interpelado por um colega que lhe ofereceu o contato de Hébètte. Se quisesse, poderia ficar na casa das Mercês. Garantiu-lhe que não seria nenhum incômodo para o dono da casa, que, por ser padre, estava acostumado a acolher, mesmo nos horários mais incômodos, como uma penitência que os religiosos dedicam a Deus. Naquele momento, Gutemberg aprendeu que o colega e o padre faziam parte de uma confraria que está desaparecendo, a da solidariedade.

A casa das Mercês é também uma referência para a cientista social e doutora em Antropologia Sônia Maria Simões Barbosa Magalhães Santos, que conheceu Jean Hébètte em 1988, por ocasião do 46º Congresso Internacional de Americanistas, florescendo, a partir daí, uma grande amizade, com quem partilhou muitas alegrias e conversas em Belém, em Ananindeua, em Paris, em Bruxelas, nos campos da Bélgica e da França, em Amsterdam, em São Luís, em Marabá e em Salvador. A casa se abria, Hébètte estava sempre interessado em discutir questões prementes do campesinato, ler os clássicos. “Às vezes, lhe apresentava um ou outro autor e os discutíamos à exaustão e sempre havia uma discussão marcada lá na Travessa das Mercês. A janela aberta, a varanda livre, a porta fechada, a luz acesa. Assim era a sua casa, a casa de vida e de trabalho”, recorda Sônia Magalhães, que ressalta outra marca do amigo: reunir para refletir. Para ela, Jean foi um mestre que soube conciliar em suas reflexões o humanista e o crítico, a indignação e a compreensão, o compromisso com a pesquisa e a esperança da transformação, o sonho e a realidade do cotidiano, a teoria e a prática.

Engajamento intelectual e fé nos nativos Ao chegar a Belém, vindo da primeira missão na África, Jean Hébètte já era doutor em Filosofia e Teologia. Segundo Gutemberg Guerra, a Ordem dos Oblatos viveu internamente um duro e reflexivo processo sobre a vocação. A partir daí, Hébètte buscou qualificar-se para o trabalho junto aos camponeses fazendo o curso de Economia na UFPA. Em 1973, concluiria o primeiro Curso de Especialização em Desenvolvimento Regional (Fipam/ Naea). Era a base de que precisava

para construir “uma profícua carreira de pesquisador sobre o processo de ocupação da Amazônia”. De acordo com Gutemberg, Jean Hébètte “palmilhou a Belém -Brasília, a Transamazônica e as estradas que se abriam em Rondônia. Preocupou-se muito com o efeito dos grandes projetos sobre a vida camponesa, o que se tornou o principal foco de seus estudos e ação política”. Toda essa experiência foi decisiva para servir de ponto de apoio à formação de muitos pesquisadores da

questão agrária na Amazônia, entre os quais, o próprio Gutemberg, que teve Jean Hébètte como seu orientador no mestrado e conselheiro no doutorado. “Ele formou gerações de pesquisadores, seja pela orientação formal nos mestrados e doutorados, seja pelo engajamento de bolsistas de Iniciação Científica, seja pelas orientações voluntárias que realizava nas reuniões que promovia”, explica Gutemberg. Para o sociólogo e jornalista Lúcio Flávio Pinto, Jean Hébètte foi


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uma presença marcante na história recente do Pará e da Amazônia. “Combinava condições raras, era atormentado e angustiado pela solidariedade com os mais pobres, desassistidos, explorados e colonizados”. Na Amazônia, dedicou “sua

espantosa energia e infindável fé aos nativos, aos excluídos do novo banquete colonial. Era um homem positivo: queria fazer – e fazia. Era um intelectual rigoroso, paciente na pesquisa, persistente na busca pela realização do objetivo. Queria

trazer a realidade violenta da jungle para os ambientes acadêmicos e gritar para os privilegiados, os intelectuais, que eles precisavam também ser úteis, sem abdicar um milímetro de seu rigor científico”, lembra Lúcio.

Transformando ação em saber científico Jean Hébètte legou à posteridade uma volumosa produção científica literária sobre o campesinato na Amazônia. Toda a sua obra foi calcada na experiência direta com a questão do campesinato. Era um cientista preocupado em transformar a realidade dos trabalhadores rurais, os explorados nas grandes propriedades, espoliados pelos grandes projetos, vítimas das políticas públicas elitistas. Assim buscou construir, com outros pesquisadores, entidades e instituições concretas, como o Centro Agroambiental do Tocantins, a Fundação Agrária do Tocantins-Araguaia e a Escola Familiar Agrícola, entre outras. “Pesquisa e extensão, pesquisa-ação, valorização do conhecimento tradicional – que depois se tornaria moda e adentraria no jargão político e jurídico – era uma opção metodológica, ou melhor, epistemológica. Do mesmo modo, não se falava sobre jornada, não havia aritmética de produção. Pesquisávamos, discutíamos, escrevíamos – simples assim!”, afirma Sônia Magalhães. Desta experiência indissociável entre ensino, pesquisa e extensão, resultou o conhecimento vertido para a literatura. Assim foram surgindo livros, como No mar, nos rios e na fronteira: faces do campesinato no Pará; Vivendo a terra ocupada; Políticas públicas e acesso à terra no estado do Pará: o desafio da criação de um campesinato autônomo na fronteira; Estudo sobre participação política em associações rurais na Amazônia Oriental; Transformações sociais no meio rural: estudos de caso no Norte e Nordeste brasileiros, o monumental Cruzando a fronteira, entre muitos outros títulos. Para Sônia Magalhães, Jean Hébètte está por inteiro nos quatro volumes de Cruzando a Fronteira. “Este livro, para o qual tive a honra de escrever o prefácio, é a melhor forma de conhecê-lo. Comece por qualquer um dos volumes, não importa. Lá, você vai encontrar o mestre e as perguntas que quis responder. As respostas que deu não são definitivas, são, antes, respostas às questões de seu tempo e, sobretudo, caminho para seguir o seu maior legado – a busca para explicar e construir um mundo mais justo e mais solidário”, conclui.

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Resenha Um marco cultural Victor Sales Pinheiro

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m sentido pedagógico, a Cultura é o cultivo consciente das faculdades superiores do homem, consoante a clássica lição de Werner Jaeger, em “Paideia – A formação do homem grego”. Durante os séculos de história cultural, o acesso à obra de Platão sempre foi considerado um pressuposto indispensável para a formação integral do homem, na sua dimensão afetiva, moral e intelectual. O esforço para traduzi-lo, primeiro ao latim e depois às línguas vernáculas, tornou-se um imperativo civilizacional da mais alta importância pedagógica. Nesse sentido, os tradutores são enaltecidos pelo mérito de plasmarem em outro idioma a imaginação poética e o pensamento lógico-conceitual de um dos escritores mais criativos e profundos da história. Até o empreendimento monumental de Carlos Alberto Nunes (1897-1990), o Brasil não tinha acesso ao corpus platonicum. A fim de contribuir para o engrandecimento cultural de seu povo, esse notável humanista, médico legista de profissão, dedicou a sua vida ao cultivo autodidata das letras clássicas, o grego e o latim, e das letras anglo-saxônicas, o inglês e o alemão, traduzindo a épica de Homero e Virgílio, o teatro de Shakespeare, Hebbel e Goethe e o drama filosófico de Platão. A tradução platônica de Nunes é um marco cultural porque permite a atualização do pensamento platônico no sentido pedagógico de formação humanista do homem que reflete sobre a beleza, a bondade e a verdade. Permite a inserção no grande diálogo socrático que constitui a Filosofia, uma interlocução entre pessoas presentes a partir dos grandes livros que as orientam

nas sendas da reflexão rigorosa e metódica como bem demonstrou G.Steiner, em A lição dos mestres. Mas, para que uma obra cultural como a de Platão sobreviva à corrosão do tempo e atravesse os milênios, ela depende não apenas de tradutores, mas também de estudiosos que a divulguem e a expliquem e de editores que a ponham em circulação. Nesse contexto, ressalto o papel da Editora da UFPA e de Benedito Nunes, a quem o tio Nunes confiou o legado da tradução platônica. O conjunto dos manuscritos generosamente cedidos à UFPA reúne, além de todos os diálogos, as cartas e os escritos apócrifos. Sob a coordenação do Benedito Nunes, quatorze volumes foram lançados entre 1973 e 1980, dos quais, três foram reeditados entre 1986 e 1988, além de outros sete, que voltaram a circular entre 2000 e 2007. A republicação completa da obra, em coleção independente, composta de dezoito volumes enriquecidos com o texto grego, foi iniciada em 2011, sob a coordenação de Benedito Nunes e Victor Sales Pinheiro, tendo Plínio Martins Filho, da Editora da USP, como editor convidado. Esse empreendimento editorial se tornou referência indispensável para os estudos universitários brasileiros no campo da filosofia, das ciências humanas e da cultura acadêmica em geral. A atual reedição da tradução de Nunes, revisada e bilíngue, que agora compõe uma coleção própria, Diálogos de Platão, é parte de um trabalho de aperfeiçoamento das ações da Editora da UFPA, integrado a iniciativas mais amplas de qualificação dos projetos acadêmicos da Universidade Federal do Pará. Em 2011, vieram a público os três primeiros volumes da coleção: O Banquete, Fédon e Fedro. Dotadas de

grande depuração literária, essas obras dramatizam momentos decisivos da vida de Sócrates, a celebração do amor e da poesia e seu enfrentamento com a morte. No ano de 2015, chegam aos leitores os volumes 5, 6, 7 e 8: Apologia de Sócrates e Críton; Laques e Eutífron; Cármides e Líside; e Primeiro Alcibíades e Segundo Alcibíades. Em 2016, dois volumes são lançados, o 9, Hípias Maior e Menor, e o 4, República. Nos dois breves, porém eloquentes diálogos de Sócrates com Hípias, Platão usa de toda sua argúcia para contradizer o sofista, tratando dos desafiadores temas da beleza e da mentira. De maneira aparentemente despretensiosa, Sócrates introduz alguns dos temas centrais da sua teoria moral e do conhecimento, como a existência da forma do belo em si, fundamento das belezas sensíveis, tudo com um fino humor que confere comicidade a essas pérolas da juventude de Platão.

Com a edição da obra -prima de Platão, República, a Coleção alcança um de seus pontos altos, revelando um teatro filosófico que pensa por imagens, sobretudo a instigante alegoria da Caverna, que provoca indagações como: e se nossa vida social não passasse de um teatro de sombras, manipuladas pelos intelectuais sofistas que condicionam nossos pensamentos, palavras e ações? E se a alma estiver presa a um corpo que limita seu poder de conhecimento, contaminando-o com as percepções sensíveis? É possível libertar-se dos preconceitos sociais e das opiniões correntes acerca das virtudes e do bem? Platão nos ensina que há uma dimensão mais profunda da realidade a ser explorada. Precisamos estar intelectualmente vigilantes para discernir a aparência da realidade. Serviço – Coleção Diálogos de Platão. Editora da UFPA. Alexandre Moraes


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A Histรณria na Charge

#diasdechuva



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