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Entrevista

BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Fevereiro, 2008 –

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MARI CHIBA

Pós-graduação vai implantar novos cursos universidades do país, como está a pós-graduação na UFPA?

cursos de mestrado e doutorado. É importante esclarecer que, na estruturação de um novo curso, o ponto fundamental recai sobre o grupo de doutores produtivos, nas áreas específicas. Em termos de potencialidades para 2008, podemos citar o mestrado em Artes com enfoque em música, artes cênicas e artes visuais, cujo projeto já recebeu uma primeira avaliação em 2007. Agora estão sendo feitos os reajustes e adequações para nova submissão. Outro é o mestrado em Medicina Veterinária, este relacionado ao Campus de Castanhal. Está em discussão a estruturação de um mestrado em Arquitetura e Urbanismo, mas ainda não há uma proposta consolidada. Para o nível de Doutorado, estão habilitados os cursos de Ciência Animal e Educação em Ciências e Matemáticas, cujos projetos estão em elaboração. Também podemos citar Matemática e Estatística, Agriculturas Amazônicas, e Ciência e Tecnologia de Alimentos, mas creio que os grupos aguardarão outro momento para submissão. No caso do Programa em Educação em Ciências e Matemáticas, além da possibilidade de um doutorado tradicional, há estudos e intenções para a estruturação de um doutorado mais amplo, em rede, compartilhado com outras IES da Amazônia, num formato multi-institucional. Talvez essa seja uma boa novidade porque, nesse modelo se aproveitariam os doutores dessas instituições e se otimizaria todo o potencial existente na região. Mais à frente, teremos que pensar e induzir a estruturação de mestrados no interior, a exemplo do Programa Biologia Ambiental do Campus de Bragança, que foi o pioneiro e que recentemente aprovou seu Doutorado. Num primeiro momento a perspectiva seria Marabá e Altamira. Santarém também estaria nesta rota, mas com a aprovação da Universidade do Oeste do Pará,

Paulo Gorayeb - É evidente que para consolidar um programa de pós-graduação você tem que ter a base laboratorial disponível e em rotina, além de ambientes de estudo, bibliotecas e ligação com a rede mundial de computadores. Isto a UFPA tem na grande maioria de seus programas. Um bom suporte laboratorial é fundamental não só em termos de espaço físico como em termos de bons equipamentos de diversos portes e habilidades. Dependendo da área do conhecimento, os laboratórios são imprescindíveis para a execução das pesquisas. Determinadas áreas, como Geociências, Ciências Biológicas, Engenharias e Química já contam com um excelente parque laboratorial. Isto faz com que as pesquisas sejam desenvolvidas com maior diversidade metodológica e qualidade comparável a de outros centros mais tradicionais de pesquisa. Não podemos esquecer que a UFPA devido às parcerias com a Embrapa, UFRA, IEC etc., compartilha ensino e pesquisa no âmbito dos programas de pós-graduação e, nestes casos, beneficia-se com o uso de toda essa infra-estrutura. Por outro lado, em razão da consolidação de nossos programas de pós-graduação e do aumento do número de doutores, a UFPA tem conseguido aportar maior volume de recursos nos editais nacionais de infra-estrutura das agências de fomento.

Beira do Rio - A infra-estrutura existente hoje na Universidade é adequada em termos de pós-graduação?

ficamos apenas com o compromisso de apoiar estes investimentos e dar o suporte necessário durante o período de transição.

Paulo Gorayeb destaca a expansão dos cursos de pós-graduação

Notas da CAPES estimulam a formação de mais programas Raimundo Sena

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UFPA teve um crescimento vertiginoso na área de pós-graduação nos últimos anos que culminou, em 2007, com a avaliação positiva da CAPES quanto aos cursos de Geologia, Geoquímica, Direito, Genética e Biologia Molecular, Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, e Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido. Este ano, Castanhal poderá se tornar o segundo município do interior a ter um curso de pós-graduação, o mestrado em Ciências Veterinárias. Além deste, também estão previstos os mestrados em Artes e em Arquitetura e Urbanismo. Para o nível de doutorado, estão habilitados os cursos de Ciência Animal, Agriculturas Amazônicas, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Matemática e Estatística. Nesta entrevista, o diretor do Departamento de Pós-Graduação, professor Paulo Sérgio de Sousa Gorayeb, faz uma avaliação desse trabalho.

Beira do Rio - Como o senhor avalia a pós-graduação na UFPA hoje?

Paulo Gorayeb - A UFPA conta hoje com um programa com conceito 6 (Geo-logia e Geoquímica), quatro programas com o conceito 5 (Direito, Genética e Biologia Molecular, Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, e Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido), quinze programas com conceito 4 e dezenove com o conceito 3. Configura uma pirâmide que em sua base estão os programas com conceito 3 e 4. Isto segue, grosso modo, o quadro nacional, em que a grande maioria dos cursos detém conceitos 3 e 4, ressalvadas as devidas proporções. Assim, comparativamente, a UFPA aproximase da Universidade Federal do Paraná. A diferença é que a UFPA está em um momento excepcional e teve crescimento exponencial desde 2000, em termos de aprovação de novos cursos junto à CAPES. Por outro lado, considerando-se que cerca de 200 docentes encontram-se em capacitação em programas de doutorado em diversas IES do país ou do exterior, nas mais diversas áreas do conhecimento, e a possibilidade de novos concursos, abrem-se perspectivas de nova expansão no futuro. Na realidade, o que há de diferença, comparativamente, é que a grande maioria das outras instituições já tem um elenco mais diversificado de cursos nas áreas de conhecimento. Podemos indicar algumas de nossas restrições, como por exemplo: na área da Saúde só temos os cursos de Odontologia e Ciências Farmacêuticas, que são bem novos, e o Programa de Doenças Tr o p i c a i s com mestrado e doutorado, e necessitaríamos expandir para outras especialidades, como a Enfermagem, Saúde Coletiva, Nutrição, Medicina, etc.; na área das Ciências Agrárias só temos três cursos; e na área de Letras e Artes apenas um curso. Outra área carente é a das Ciências Sociais Aplicadas que conta com o Programa de Direito (mestrado e doutorado) e os mestrados em Serviço Social e Economia.

Paulo Gorayeb - A Propesp tem hoje um bom mapeamento das potencialidades para a submissão de novas propostas de

Beira do Rio - Quais são as novidades para este ano, teremos cursos novos?

“A UFPA é uma instituição de renome nacional, a maior da Amazônia”

Paulo Gorayeb - Tratando-se do stricto sensu o momento atual da UFPA, em termos de pós-graduação, pode ser classificado como muito bom no contexto da região Amazônica. A UFPA constitui a maior instituição de ensino e pesquisa de toda a Amazônia Legal e conta com 39 programas de pós-graduação, sendo 17 cursos de Doutorado, 37 cursos de Mestrado Acadêmico e 2 cursos de Mestrado Profissional, que cobrem praticamente todas as áreas do conhecimento, e contam com um universo de quase 2.500 alunos matriculados. A UFPA é uma instituição de renome nacional, com projeção internacional em várias áreas, e podemos dizer que ela atingiu um patamar invejável, não só considerando a sua expansão, em termos de quantidade de alunos de graduação e de pós-graduação, mas também na qualidade de cursos e programas de pós-graduação. Há ainda carências, não podemos negar, pois existem áreas descobertas, como Administração, Comunicação, Arquitetura, Artes, Arqueologia, Medicina, Filosofia, Ciências Florestais etc. Entretanto, compreende-se que, sendo a UFPA uma instituição jovem, fez 50 anos, e sua primeira pós-graduação stricto sensu completa 35 anos, temos muito a crescer. Beira do Rio - Em relação a outras

Minérios

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Liberdade para estudar

Reposição enzimática

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Bettina Ferro é referência

O Centro "Cassiano Sena Nascimento", do Hospital Bettina Ferro, completa um ano. É o único da região Norte a tratar portadores de Mucopolissacaridose (MPS) - doença hereditária que causa diminuição ou ausência de enzimas importantes para o funcionamento do corpo. Pág. 5

Ufopa nasce com mais de 10 mil alunos Pág. 3

Oeste

Pesquisa de Mestrado em Serviço Social, da professora Nádia Socorro Fialho Nascimento, sugere que riqueza mineral em excesso faz com que a Amazônia seja saqueada violentamente com efeito imediato negativo sobre populações tradicionais atingidas por grandes projetos. Pág. 11

Exploração aprofunda pobreza

Os estudantes vão ter opções variadas para planejar com mais liberdade seus estudos após a adequação dos institutos ao Regulamento O novo Regulamento para ensino de graduação - aprovado pelo Conselho Superior de Ensino e Pesquisa da UFPA - dá mais oportunidades de escolha para cursos e estudantes sobre o regime de matrícula, forma de avaliação e período de estudo. Os estudantes poderão optar ainda por passar temporadas em campi diferentes ou, se quiserem, poderão até se mudar para outros campi. As disciplinas serão consideradas somente uma das atividades acadêmicas. O reitor Alex Fiúza de Mello afirma que o conteúdo é que vai definir as formas de estudos dos alunos.

Págs. 6 e 7

Malária

Clima tem influência no Pará Pág. 9


O ano de 2008 se inicia com boas perspectivas para a nossa UFPA. Nos primeiros meses será concluída a reforma de todos os regimentos internos das unidades acadêmicas, agora adequados aos marcos regulatórios do novo Estatuto e Regimento Geral. No mesmo diapasão, o novo Regulamento da Graduação, votado pelo CONSUN em dezembro último, começará a imprimir uma inédita dinâmica aos cursos, induzindo inovações curriculares, maior planejamento acadêmico e avaliação sistemática, com contrapartida de investimentos associados ao trabalho colegiado, tudo em vista da melhoria da qualidade da graduação em nossa instituição. Dentre as obras físicas previstas, todas já com recursos empenhados, destacam-se: a construção da nova rede de esgo-

LURDINHA RODRIGUES

Rua Augusto Correa nº1 - Belém/PA imprensa@ufpa.br - www.ufpa.br T 91 3201-7577

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

m 1917, Monteiro Lobato (1882-1948) publicou Paranóia ou Mistificação, a famosa crítica desfavorável à exposição de pintura de Anita Mafaltti (1889-1964), que serviria como estopim para a criação da Semana de Arte Moderna de 1922. Muitos passaram a ver Lobato como reacionário e antimoderno. A impressão seria desfeita muito tempo depois. Lobato criticava, de fato, o importado e tudo aquilo que ele chamava de "colonialismo". O vanguardismo futurista ou cubista abraçado pelos pintores modernistas era por ele visto como sintoma de submissão cultural, demonstrando o mesmo paradoxo da importação dos cânones da civilização européia, que todas almejavam combater. No entremeio dessas disputas, Lobato começou a projetar sua obra de maior sucesso - O sítio do pica-pau amarelo, vertido em prosa,

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Coluna do REITOR

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boratórios do Instituto de Ciências Biológicas; a reforma completa do antigo prédio do ICB; a construção do novo prédio da Geofísica; a reforma completa do Atelier de Arquitetura, Além de tantas outras que dotarão a nossa Cidade Universitária de maior conforto, beleza, funcionalidade e sustentabilidade. À sua vez, o REUNI abre o ano com construções da ordem de 16 milhões de reais, favorecendo, inicialmente, os campi de Cametá, Castanhal e Altamira. Soma-se a tudo isso a contratação de 83 docentes, só no corrente ano, para os cursos mais antigos dos nove campi, completando-se, então, a constituição adequada do corpo de professores nessas localidades. Mais de 160 novos técnico-administrativos (níveis médio e superior) serão incorporados, por concurso público, ao quadro efetivo da UFPA, saneando-se parte substantiva dos pro-

“As perspectivas para 2008” Alex Fiúza de Mello tamento sanitário em todo o campus do Guamá, incluída a reforma e ampliação da estação de tratamento de água e drenagem pluvial; o aterramento e infra-estrutura do novo Parque Tecnológico; a reforma do ex-instituto Renato Chaves, anexo ao Hospital Barros Barreto, que passará a servir de ambulatório ao complexo hospitalar; a conclusão do prédio da unidade de oncologia do HUJBB; a conclusão do novo prédio do Instituto de Ciências Jurídicas e o Fórum Distrital anexo; a conclusão do grande auditório para 1.000 lugares;a conclusão da expansão dos estacionamentos; a construção de novas passarelas em todo o campus profissional; calçamento em todas as principais áreas de circulação do campus; a reforma do prédio da Rui Barbosa (antiga Gráfica), que será destinado ao Centro de Memória da Amazônia; a construção do novo prédio de la-

OPINIÃO

reitor@ufpa.br blemas ligados à falta de pessoal nesse setor, acumulados ao longo das últimas décadas. Na pós-graduação, pelo menos mais dois novos programas de mestrado e dois de doutorado estão sendo preparados para encaminhamento à CAPES, ampliando-se assim, ainda mais, as oportunidades de formação em alto nível acadêmico em nosso Estado. A Universidade Federal do Pará se consolida. Os históricos festejos dos 50 anos ficarão não apenas na memória como marca indelével de 2007, mas como fundamento simbólico dos novos avanços que já se anunciam no alvorecer do novo ano. Do patamar já alcançado, não podemos mais retroceder. O projeto de uma grande universidade na Amazônia deve continuar, pois dele depende, em boa medida, o destino das futuras gerações em nossa região. Qualidade acadêmica e relevância social são os principais ícones de toda essa utopia. O ano de 2008 será, certamente, mais um passo importante nessa direção.

“Um conde, um visconde e um Lobato - o modernismo e a vinda da família real para o Brasil em 1808”

teressante e que tem a ver com a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, comemorada agora com pompa e circunstância, a desagradar o fantasma de Monteiro Lobato. A questão é que nosso escritor aproveitou a similitude de nomes e personagens para satirizar a monarquia imperial brasileira e o costume carioca de valorizar seu passado de Corte. O nexo utilizado foi a presença de D. Carlota Joaquina (1775-1830), infanta de Espanha, princesa do Brasil e rainha de Portugal, por seu casamento com D. João VI (1767-1826). Nas intrigas da Corte, Monteiro Lobato reconheceu no camareiro do príncipe-regente uma espécie de alterego, um tal Mathias Antonio Lobato, que mais tarde ficou conhecido como O Favorito, por delatar os planos da princesa em tirar-lhe o governo, prendê-lo e torná-lo incapaz de gerir os negócios públicos da nação.

Para melhorar a sátira modernista, um conde estava envolvido na trama de D. Carlota, o Conde Sabugosa, transformado por Monteiro Lobato em Visconde de Sabugosa, um boneco feito de sabugo de milho, um sábio de cartola. O interessante é que ele é sempre escolhido por Pedrinho para fazer as coisas mais perigosas, pelo simples fato de ser "consertável", se estragasse ou machucasse. Foi assim que Monteiro Lobato sonhou com uma preta velha, por nome Nastácia, capaz de remendar bonecas marquesas e viscondes de milho, a moldar a verdadeira e legítima Corte Imperial do Brasil, habitante de um sítio, sonho paradisíaco de gerações de crianças. Uma história muito diversa dessa que hoje se pretende comemorar - ainda de grandes homens, de grandes fatos, de grandes personagens que não cabem no sonho de nenhuma criança, quiçá num pesadelo.

Aldrin Moura de Figueiredo, Doutor em História. Professor da Faculdade de História da UFPA

música e imagem de televisão, nos últimos noventa anos. A história começou a vir a público em 1920, com a publicação de A Menina do Narizinho Arrebitado, que narra a vida de Lucia Encerrabodes de Oliveira, neta de D. Benta, e futura esposa do Príncipe Escamado, herdeiro do trono do Reino das Águas Claras. Aí começa a longa viagem de Monteiro Lobato pelo folclore nacional, na criação de uma nobreza que representasse os sonhos infantis das crianças brasileiras. Lobato recria passagens de viajantes estrangeiros como Hans Staden (1525-1579) e Jean de Lery (1534-1611) pelo sudeste do Brasil em encontro com os costumes indígenas do passado, misturadas com personagens tradicionais do legendário pátrio, como o Saci, a Cuca e a Mulasem-cabeça. Esse caminho de criação literária e de crítica à importação de idéias escondia uma história muito in-

Reitor: Alex Bolonha Fiúza de Mello; Vice-reitora: Regina Fátima Feio Barroso; Pró-reitora de Administração: Simone Baía; Próreitor de Planejamento: Sinfrônio Brito Moraes; Pró-reitor de Ensino de Graduação: Licurgo Peixoto de Brito; Pró-reitora de Extensão: Ney Cristina Monteiro de Oliveira; Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Roberto Dall´Agnol; Pró-reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal: Sibele Bitar Caetano; Prefeito do Campus: Luiz Otávio Mota Pereira. Assessoria de Comunicação Institucional JORNAL BEIRA DO RIO Coordenação: Luciana Miranda Costa; Edição: Raimundo Sena; Reportagem: Ericka Pinto / Walter Pinto / Raimundo Sena/Ana Cristina Trindade; Fotografia: Mari Chiba / Manoel Neto; Produção: João Luiz de Freitas; Texto: Shamara Fragoso; Secretaria: Roberto Carvalho / Gleison Furtado; Beira on-line: Gerson Neto; Estagiária Glaciane Serrão; Revisão Marcelo Brasil (Editora Ufpa); Arte e Diagramação: Rose Pepe, Impressão: Gráfica Ufpa.

Minérios

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Grandes projetos aprofundam pobreza

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entraves burocráticos foram agravando ainda mais a situação das famílias, ao ponto de elas se verem forçadas a abandonar a região. Foram para outras áreas, espalharam-se por outras comunidades, separaram-se. "As famílias foram expropriadas de suas terras para dar lugar ao pro-

A exploração mineral teria efeito negativo sobre populações tradicionais

nativos não tinham título da área. À época, as famílias contavam com a assessoria da UFPA, por meio de um projeto de extensão do curso de Serviço Social, como também da Comissão Pastoral da Terra, que apoiavam aquela população nas negociações com as empresas e os órgãos do Estado. Os

gresso e, logo em seguida, vítimas de um processo de pauperização", observa Nádia Fialho, professora do curso de Serviço Social da UFPA. "A terra é condição fundamental para a sobrevivência do homem do interior, porque lhe permite a reprodução das condições materiais de existência". Decidida a entender esse processo em nível mais geral, dentro do contexto da Amazônia, a pesquisadora desenvolveu tese de Doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, concluída em 2006, na qual defende que a produção de riqueza, decorrente da exploração mineral do solo paraense, corresponde à produção da pobreza de sua população. Segundo a professora Nádia Fialho, "o processo de transformação das matérias primas em mercadorias de alto valor no mercado mundial, via empresas multinacionais, não reverte em dividendos para a população do Estado do Pará, mas pelo contrário, resulta em expropriação, violência, empobrecimento e aculturação".

Abundância de minérios causa saque violento das riquezas da região Walter Pinto

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urante pesquisa realizada para o curso de Mestrado em Serviço Social, a professora Nádia Socorro Fialho Nascimento acompanhou, na década de 1990, os impactos sócio-econômicos causados pela implantação do Projeto Caulim em duas localidades do município de Barcarena, denominadas Montanha e Curuperé. A professora testemunhou o processo de expropriação e posterior desagregação daquelas comunidades, integradas por uma população nativa, ligada por fortes laços de parentesco e religiosidade, praticantes da pesca, da caça e do extrativismo. Até a chegada das empresas responsáveis pelo Projeto Caulim, as famílias habitavam, ancestralmente, as terras da Montanha e do Curuperé que se situava às margem do rio Pará, de onde retiravam o alimento que consumiam. As empresas fecharam a área de acesso das famílias ao rio, que em seguida foram remanejadas para o Curuperé, área de terra firme, onde tentaram iniciar um projeto agrícola que não funcionou por falta de financiamento: os

Recentemente, o curso de Serviço Social da UFPA, por meio da sua Câmara de Ensino, coordenada pela professora Joana Valente, promoveu um seminário para seus professores sobre a centralidade da "questão social" no projeto pedagógico do curso. A proposta do seminário foi aprofundar o debate em torno da "questão social" na Amazônia, levando-se em consideração que o profissional de Serviço Social atua nas expressões desta questão, formulando e implementando propostas para seu enfrentamento, por meio de po-

taca que os processos desencadeados sobre a Amazônia, em função do papel particular da região em frente das necessidades históricas da acumulação capitalista, têm contribuído para a produção de expressões da chamada "questão social". Dentre elas, destaca a massiva desigualdade social, expressas no empobrecimento de sua população, e a reincidente agressão à natureza, expressa nos desmatamentos, nas queimadas e na poluição dos rios. Outras expressões decorrentes das "questões sociais" são: o recorde de violência na área rural, em decorrência dos inúmeros conflitos pela posse da terra;

líticas sociais públicas, empresariais, de organizações da sociedade civil e de movimentos sociais. Para Nádia Fialho, o debate da temática é importante também pela divergência que suscita: para uns há uma nova questão social, enquanto para outros, o que é novo são as expressões dela, dadas pelo estágio particular do capitalismo dos monopólios. Ela destacou também que a chamada "questão social" é empregada com aspas para indicar a mistificação do termo, utilizado de forma indistinta, servindo inclusive para escamotear a relação fundamental que expressa: a exploração do trabalho pelo

o explosivo adensamento populacional dos centros urbanos, sem que uma correspondente infra-estrutura de bens e serviços fosse instalada; a permanente ameaça aos grupos indígenas e às comunidades tradicionais em geral; a biopirataria, que atualiza o saque colonial à biodiversidade amazônica; o narcotráfico que, na ausência do poder público, prolifera, inclusive como alternativa econômica à pequena produção agrícola; a crescente prostituição infantojuvenil e adulta; a criminosa presença do trabalho escravo e do trabalho infantil, de que a Amazônia, e, especialmente, o Estado do Pará, são campeões.

capital. O evento contou com a participação de professores das universidades do Maranhão e do Amazonas, e serviu também para que pesquisadores apresentassem seus programas e linhas de pesquisa em desenvolvimento no contexto da Amazônia. O seminário buscou desenvolver a articulação de grupos de pesquisa sobre as expressões decorrentes dela. Nádia Fialho acredita que foi um passo importante para a articulação, no futuro, de uma rede de pesquisas interinstitucionais em Serviço Social na Amazônia.

Assistentes sociais discutem questão

ções de vida de milhares de indivíduos. No caso dos grandes projetos, a exploração dos recursos naturais produz, além dos efeitos mensuráveis (desmatamentos, poluição dos rios e lagos, descapitalização ecológica, etc.), outros efeitos de mensuração mais complexa. A expulsão do homem da terra tem contribuído, por exemplo, para a reconfiguração do espaço urbano na Amazônia. Essa população engrossa a fileira dos que sobrevivem em condições subumanas, nas áreas periféricas das grandes capitais, como é o caso das baixadas de Belém. A professora Nádia Fialho des-

Economia cresce, mas IDH da população continua baixo Segundo a pesquisadora, em função da presença em solo paraense de uma quantidade anômala de minérios, o Pará é um caso emblemático desse saque à natureza, sendo o segundo Estado minerador do país, e o primeiro em concentração mineral. "O Estado se destaca como aquele de onde saem as mais expressivas contribuições à acumulação capitalista a partir da exploração mineral. Exemplo disso é o avanço na posição do PIB paraense, que do 14º lugar em 1996, passou para o 11º em 2003, e vem crescendo. Em 2006, o Pará teve a maior taxa de crescimento industrial brasileiro. A maior parte do nosso PIB vem da exploração mineral. As outras atividades produtivas, como agropecuária e agricultura, não têm a dimensão que a mineral". A tese aponta que, ao lado dessa evolução dos indicadores econômicos paraenses, o Índice de Desenvolvimento Humano manteve-se como um dos mais baixos da região Norte, sendo que, a variável renda cresceu apenas 4,6% entre os anos de 1991 a 2000. "Essa distorção ocorre porque o volume de riqueza produzida especialmente pela via da exploração dos recursos minerais, não é revertida, nem minimamente, em favor da população", assegura. A professora Nádia Fialho explica que quanto mais ricas e vastas forem as regiões em recursos naturais, tanto mais saqueadas serão, o que reflete, direta e indiretamente, nas condi-


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Livraria do Campus: Rua Augusto Corrêa, nº1, Campus Universitário do Guamá Telefax (91) 3201-7965 - Fone (91) 3201-7911. Livraria da Praça: Instituto de Ciências da Arte da UFPA Praça da República s/n - Fone (91) 3241-8369

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Paixão de LER

rio de Políticas Públicas, Conhecimento e Movimento Social na Amazônia/COMOVA e a Universidade Federal do Pará permitiu que se disponibilizasse para a comunidade esta obra de tanta relevância social e econômica e procurou contribuir de forma significativa abordando o tema da Reforma Urbana diante da realidade da região amazônica, bem como apontando as possibilidades de ações integradas entre diferentes esferas de atuação, en-

tre diferentes entes federados e entre profissionais de diversos campos disciplinares, configuradas a partir de uma realidade ímpar. Este livro, sobretudo, vem enriquecer a discussão e a troca de experiências na região, além de buscar mecanismos participativos para o fortalecimento da atuação municipal. Retrata, pois, a construção de um processo que visa à garantia da identidade regional, com base nos princípios propostos pelo Estatuto da Cidade.

Planos Diretores Participativos - Experiências Amazônicas, organizado por Ana Cláudia Cardoso e Guilherme Carvalho, acabou de sair do prelo e será lançado ainda no início deste ano.

Planos diretores participativos na Amazônia Laïs Zumero

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dos municípios em questão, na identificação de dificuldades e potencialidades, e no desenvolvimento de políticas e instrumentos adequados para cada caso.A partir dos relatos apresentados, percebe-se a riqueza e diversidade sociocultural da Amazônia: no Baixo Tocantins questões econômicas são evidenciadas pela predominância de áreas de várzea, decorrentes do isolamento ao qual a região foi submetida após o represamento do rio Tocantins quebrado pela recente pavimentação de estradas; em Belterra o entusiasmo da população em construir um processe participativo resultou em premiações e construção de parcerias importantes para a gestão futura do município; em Laranjal do Jari observa-se o papel da universidade pública mediando as relações entre o município impactado social e ambientalmente e as empresas envolvidas em grandes projetos de exploração mineral; em Sampaio destacase a vulnerabilidade dos pequenos municípios aos processos de polarização em curso nos seu entorno; em São Gabriel da Cachoeira destaca-se a predominância de populações indígenas e o enfrentamento de dificuldades, tais como o domínio restrito da língua portuguesa e a inadequação dos mecanismos de regularização fundiária disponíveis no país para aquela realidade; em Xinguara são destacadas as contradições entre expectativas de formulações coletivas para a gestão democrática de municípios novos e as pressões decorrentes do poder econômico das empresas mineradoras, e de outros atores econômicos. A parceria entre a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional/FASE; o Observató-

Parceria COMOVA, FASE e UFPA

rata-se de um produto do pro jeto Pequenas e Médias Cida des na Amazônia, desenvolvido no âmbito do Observatório de Políticas Públicas, Conhecimento e Movimentos Sociais na Amazônia - COMOVA, por meio de uma parceria entre a FASE Amazônia e a UFPA, financiado pela Fundação Ford. As pesquisas realizadas nos três anos do projeto abordaram: a) as relações entre as dimensões urbana e rural observadas na Amazônia Oriental, que resultaram em cinco artigos publicados em uma coletânea denominada "O Rural e o Urbano na Amazônia diferentes olhares em perspectivas"; b) atividades de capacitação de movimentos sociais em Altamira, Marabá e Santarém no decorrer de 2006, com o objetivo de qualificar a discussão sobre a reforma urbana e os processos de elaboração de planos diretores participativos nos municípios paraenses; c) projeto demonstrativo de desenvolvimento do plano diretor participativo de Belterra; e d) registro de experiências sobre planos diretores participativos desenvolvidos por universidades e ONGs em diferentes Estados da Amazônia, objeto do livro ora em questão, desenvolvidas em atendimento à Lei Federal no 10.257/2001, que estabelece que todos os municípios com mais de 20.000 habitantes devem possuir um Plano Diretor Participativo. A iniciativa de publicar este livro deve-se ao diferencial que as experiências citadas apresentaram na condução do processo de elaboração participativa dos planos diretores, pautados na compreensão das realidades

PRÓXIMOS LANÇAMENTOS BREVIARIUM - Para Refletir com Pe. Antônio Vieira - Amarilis Tupiassu. URGÊNCIAS EM ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO - Diagnóstico, tratamento em criança, no adulto e na gestante - João Felício. VELHICE CIDADÃ - Um Processo em Construção - Heliana Bahia Evelin (ORG). PLANOS DIRETORES PARTICIPATIVOS - Experiência Amazônica - Ana Cláudia Cardoso e Guilherme Carvalho (ORG).

Oeste

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Ufopa já nasce com mais de 10 mil alunos

A região Oeste do Pará ocupa uma extensa área com 602.573 km², o equivalente a 48% do território do Estado. Segundo o Censo de 2004, os 19 municípios que a integram, possuem em torno de 1 milhão de habitantes. A presença da UFPA na regiãodata de 1970, com a criação do Núcleo de Educação da UFPA em Santarém, unidade responsável pela implantação de um pioneiro curso de licenciatura de primeiro grau. A partir de 1983, a chamada licenciatura curta foi substituída pelo curso de licenciatura plena em pedagogia. As aulas eram realizadas na Escola Municipal Everaldo de Souza Martins, prédio cedido pela prefeitura de Santarém na administração do prefeito Ronan Liberal. Em 1986, o então reitor José Seixas Lourenço recebeu documento, assinado por vereadores, comerciantes e profissionais liberais do Oeste do Pará, no qual reivindicavam que o campus avançado da Universidade Federal de Santa Catarina em Santarém passasse para a administração da UFPA. Os signatários justificavam a reivindicação por entender que esta instituição estava comprometida com o desenvolvimento da região segundo as suas reais necessidades. Em abril de 1986, o campus de Santarém foi encampado pela UFPA.

GIULIO VOLANTE

nova universidade é mais importante que todas as obras do PAC no Pará. Segundo a coordenadora do Campus da UFPA em Santarém, Marlene Escher, a criação da Ufopa pressupõe o crescimento e o desenvolvimento da região, viabilizados pelo conhecimento gerado em diferentes campos do saber para a melhoria da qualidade de vida local.

O campus da UFPA de Santarém sediará a nova Universidade

região ao Estado. Ele ressalta que, por meio de uma universidade própria, de um hospital regional dinamizado e com os serviços públicos começando a funcionar, o Estado passa a estar mais presente no Oeste paraense. "Estas são instituições importantes e fundamentais para o desenvolvimento regional", afirma o reitor, para quem a criação da

LURDINHA RODRIGUES

Marlene Escher: crescimento

No ano de 1987, a universidade implantou o Projeto de Interiorização, através do qual criou cinco novos cursos de licenciatura no campus de Santarém, todos em regime intervalar. O município se transformou em pólo regional, recebendo estudantes de todos os demais municípios do Oeste do Pará. Em 1990, o Consepe (Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão) da UFPA aprovou a alocação de vagas para contratação de professores do campus de Belém para o de Santarém, com finalidade de implantar um curso permanente de Pedagogia. O primeiro vestibular para um curso em regime permanente no campus foi realizado no ano seguinte. No início de 1993, o MEC autorizou a UFPA a ampliar seu quadro de pessoal docente. Vagas alocadas no interior permitiram a criação de três novos cur-

SONHOS - O primeiro coordenador do campus de Santarém, Aldo Queiroz, observa que quando a UFPA foi criada, há 50 anos, tinha menos da metade dos alunos que tem hoje e, provavelmente, nenhum professor com título de doutor. "A nova universidade que nasce vai iniciar suas atividades com mais de 80% do quadro docente com mestrado e doutorado", ressalta. Com a experiência de quem participa do trabalho desenvolvido pela UFPA no Oeste do Pará, Aldo Queiroz pode afirmar, sem medo de errar, que "nenhuma outra instituição fez tanto pelo interior do Pará como a Universidade está fazendo ao longo dos últimos vinte anos. Sua ação está criando oportunidade para mais e mais pessoas viverem com mais dignidade".

sos permanentes no campus de Santarém para cursos permanentes e três a distância em Santarém, três intervalares em Itaituba, dois intervalares em Curuá, dois intervalares em Óbidos e um intervalar em Alenquer. Há ainda cursos oferecidos em Oriximiná, mas diretamente ligados à "Cidade Universitária Professor José da Silveira Neto" (campus do Guamá), em Belém.

Instalado em 1970, Núcleo de Educação foi pioneiro no ensino superior na região

PAC - Para o reitor da UFPA, Alex Fiúza de Mello, a criação da Ufopa faz parte de um processo de integração da

cluída em quatro anos. O empreendimento terá investimentos federais de R$ 124 milhões. O projeto autoriza a criação de 43 novos cursos de graduação. Segundo projeção do ministro, a Universidade Federal do Oeste do Pará poderá registrar, até 2012, um número superior a 10 mil alunos matriculados. O ministro destacou a relevância da futura Universidade para a região: "compreendemos que, diante da dimensão do território paraense, era necessário criar uma nova universidade federal no Pará, com autonomia financeira e administrativa, para atender à realidade do Oeste do Estado". A governadora Ana Júlia Carepa considera a Universidade como estratégica para o desenvolvimento sócio-econômico da região e de todo o Pará, na medida em que cursos voltados à realidade regional formarão profissionais qualificados para o atendimento das demandas sociais, econômicas e ambientais do Oeste paraense.

A terceira universidade federal no Estado vai surgir em Santarém Walter Pinto

P

rojeto de Lei assinado pelo presidente Lula, no dia 12 de dezembro passado, inaugura um novo período na história do ensino superior na mesorregião do Baixo Amazonas. O projeto cria a Universidade Federal do Oeste do Pará, a Ufopa, uma universidade pública e gratuita própria da região, com sede em Santarém e área de abrangência em 19 municípios. Já em tramitação no Congresso Nacional, o projeto poderá ser aprovado ainda no primeiro semestre deste ano. A terceira Universidade Federal criada no Pará encampará o campus da UFPA em Santarém, além dos campi de Oriximiná, Itaituba e Monte Alegre, a serem criados, e o núcleo de Óbidos. Todos os cursos de graduação e pós-graduação, assim como os quadros de docentes e de funcionários técnico-administrativos dos campi da UFPA e da Ufra em Santarém, passam para a órbita da nova instituição. Durante a solenidade de assinatura do projeto de lei, o ministro da Educação, Fernando Hadad, disse que a nova universidade estará totalmente con-

Reitor ressalta trabalho de administrações Como observou a governadora Ana Júlia Carepa, durante a solenidade de assinatura no Palácio do Planalto, o projeto de criação da Ufopa é resultante de um esforço conjunto, com participação da sociedade, da Universidade Federal do Pará, de parlamentares e dos governos estadual e federal. No âmbito da UFPA, a gestão atual reconhece o empenho desenvolvido pelos demais reitores desde a origem da instituição. "Este é um trabalho de longo prazo. Há várias gestões, a universidade está presente no interior. Trata-se de um trabalho realizado em cadeia. O amadurecimento produziu um resultado que é a soma do trabalho de todas as administrações", enfatiza Alex Fiuza de Mello. O reitor observa que de um campus avançado da UFPA nasceu a Universidade Federal do Amapá. O trabalho de extensão desenvolvido pela Universidade em Roraima e Rondônia contribuiu para a implantação das federais daqueles Estados. Agora, do campus em Santarém nasce a Universidade Federal do Oeste do Pará. "É muito gratificante olhar para a história da UFPA e perceber essa experiência que é rara, senão única em todo o país", afirma. Para ele, a criação da Ufopa é uma prova da opção da Universidade Federal do Pará pela sociedade paraense, ao ponto da instituição trabalhar para tornar autônomo um filho dela própria. "Isto significa compromisso social com o Pará", concluiu.


Mulheres

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Gepem monitora Lei Maria da Penha

A atuação do Gepem enquanto parceiro do Observatório da Lei Maria da Penha abrangerá toda a região Norte. O monitoramento da implantação da lei embora incluído na linha de pesquisa Gênero, Saúde e Violência terá o apoio dos demais membros das quatro linhas desse grupo de pesquisa. As atividades serão iniciadas por meio de um levantamento estadual do que está acontecendo nas Delegacias de Mulheres, verificando quais são os recursos existentes, o número e os tipos de ocorrências de violências contra as mulheres. O trabalho começa em Belém para depois avançar para o resto do Estado. Posteriormente, será desenvolvido um trabalho integrado com os grupos de estudo de gênero das universidades e com os movimentos de mulheres dos outros esta-

DIVULGAÇÃO

Integrantes do Gepem, liderado pela professora Luzia Miranda

coordenação nacional do Observatório, a alocação diferenciada de recursos, visto que nem todos os municípios têm delegacias de mulheres. "Em muitas localidades o trabalho terá que ser in loco, porque se, em Abaetetuba, próximo à capital, acontece o que aconteceu imagine em localidades mais distantes. O acesso ao interior deve ser subsidiado" informa Luzia Álvares.

Número de vítimas está sendo levantado

O trabalho que deve ser desenvolvido num período de 24 meses já começou. Numa reunião ocorrida em Salvador, os consorciados discutiram os indicadores sociais que devem ser empregados para identificar a situação da violência contra a mulher. Decidiu-se então que cada consorciado levantaria seus próprios indicadores para verificar depois, os indicadores comuns às cinco regiões para facilitar o trabalho. A coordenadora local do Observatório é a pesquisadora do Gepem, Mônica Prates Conrado, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. "A Lei Maria da Penha institui uma política nacional de enfrentamento da violência doméstica e familiar contra as mulheres. Ela sintetiza toda uma situação que antes era vista em leis específicas, reformulando medidas legais e procedimentais da área jurídica de forma mais efetiva", esclarece Luzia.

Grupo vai integrar consórcio de instituições e ongs que formarão Observatório Cristina Trindade

O Grupo de Estudos e Pesquisas "Eneida de Moraes” sobre Mu lher e Gênero (Gepem), do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Pará, vai integrar o consórcio de instituições acadêmicas e organizações não governamentais que deverão atuar na construção e implementação do Observatório para o monitoramento da aplicação da Lei 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha. A inclusão do Gepem no projeto proposto pelo Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre a Mulher da Universidade Federal da Bahia (NEIM/ UFBA) à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres considera os 14 anos de atividades desenvolvidas pelo grupo em torno de cinco linhas de pesquisa: mulher e participação política; mulher, relações de trabalho, meio ambiente e desenvolvimento; gênero, identidade e cultura; gênero, arte e literatura; e gênero, saúde e violência. “É um projeto amplo, desenvolvido em nível nacional e estamos incluídos nessa proposta por meio da linha de pesquisa gênero, saúde e violência" informa a cientista política Maria Luzia Miranda Álvares, coordenadora do grupo. A Lei Maria da Penha foi sancionada em agosto de 2006 pelo Presidente da República. É considerada como fruto de uma articulação bem sucedida entre organizações feministas, Secretaria Especial de Direitos para as Mulheres e o poder legislativo federal. O NEIM/UFBA está à frente da coordenação nacional para criação desse Observatório que reúne, sob a forma de consórcio, oito instituições acadêmicas e ONGs reconhecidas nas cinco regiões brasileiras pela experiência com a pesquisa e mobilização social e acompanhamento de políticas públicas de gênero e de enfrentamento de violência. dos da região Norte. "Para avaliarmos como está se dando a aplicação da Lei precisamos saber como está o encaminhamento dos processos, porque este também é um elemento importante de avaliação e de monitoramento, já que a mulher pode até denunciar, mas o processo pode não ter andamento, não ser deferido favorável à vitima. Com o conhecimento detalhado da situação teremos possibilidades de sermos mais vigilantes no andamento do processo e nos resultados e na própria aplicação da lei" esclarece Luzia. Para enfrentar os desafios de monitorar a aplicação da Lei Maria da Penha num estado com as peculiaridades geográficas do Pará, a coordenação do Gepem está discutindo com a

Dia da Mulher de 2006 foi oportunidade para aprofundar os debates sobre a Lei Maria da Penha

ESTUDOS - A união de estudiosos paraenses sobre os problemas da condição feminina propiciou a criação do Grupo de Estudos e Pesquisas "Eneida de Moraes” sobre Mulher e Gênero, em agosto de 1994. As pesquisadoras da Universidade Federal do Pará decidiram se aglutinar para manter um intercâmbio de informações sobre a temática específica, procurando chamar outras estudiosas da Universidade Estadual do Pará (UEPA) e do Museu Emilio Goeldi que tinham o mesmo interesse. A proposta do grupo é estimular o desenvolvimento de pesquisas e estudos sobre essa temática no âmbito da UFPA e demais centros universitários. Atualmente são 23 pesquisadoras associadas e cada linha tem uma coordenação. O Gepem foi criado e sobrevive por meio das pesquisas que identificam, estudam e escrevem a realidade social a partir da temática mulher. Tem uma participação ativa no sentido de ser um multiplicador do acúmulo de informações sobre as questão estudadas, cada qual enfocando inúmeras situações. O avanço desses estudos tem contribuído para incluir temas como masculinidade, até bem recentemente uma questão não visualizada.

Meio Ambiente

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Clima influencia incidência de malária

MARI CHIBA

Convergência Intertropical - ZCIT, muito falada no noticiário sobre previsão do tempo. O estudo trabalhou especificamente a incidência de chuva no Pará e como se comportaram os índices da malária nos municípios de Anajás, Itaituba, Santana do Araguaia e Viseu, locais que historicamente têm grande incidência da do-

Andressa Tavares Parente alerta que a malária não está controlada está muito frio, sabe-se que é La Niña que influenciará o clima. A ação do Oceano Pacifico sobre o clima da região é indireta. Já o Oceano Atlântico, mais próximo ao Estado, tem uma incidência climática direta, uma vez que é nessa bacia que se forma o principal sistema indutor de chuva na Amazônia: a Zona de

ença - localizados em regiões diferentes com padrões climatológicos de chuva diferenciados. "Não foi possível fazer uma pesquisa de campo, porque não tínhamos financiamento e a proposta não é gerar dados primários e sim trabalhar dados secundários, fazendo um diagnóstico que favoreça ações preventivas de controle da malária, tendo como base o cenário climático regional. Poucos estudos fazem a associação desses fenômenos climáticos, principalmente os do Oceano Atlântico, com a incidência de doenças de veiculação hídrica, como é o caso da malária", esclarece Andressa O estudo comparou o Índice Parasitário Mensal (IPM) e o Índice Parasitário Anual (IPA) dos quatro municípios com os períodos de maior e menor precipitação. Concluiu-se que os impactos dos eventos climáticos gerados pelos oceanos foram compatíveis a picos de incidência de malária, porém diferenciados mostrando que nem sempre a regra “quanto mais chuva mais malária” vale para todos os municípios já que a doença também pode ocorrer em períodos de seca.

Estudo mostra a relação da doença com eventos climáticos nos oceanos Cristina Trindade

A

dissertação de mestrado "Incidência de malária no Estado do Pará e suas relações com a variabilidade climática regional" foi defendida no final do ano passado pela enfermeira Andressa Tavares Parente. Ela fez uma análise de uma série de 35 anos de dados anuais (19702005) e 14 anos de dados mensais (1992-2005) da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) referentes a quatro diferentes regiões do Pará. As informações foram comparadas com os dados de precipitação pluviométrica obtidos na Agência Nacional de Águas (ANA), no Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e por meio do GrADS, um programa computacional de previsão e monitoramento de chuva na Amazônia. A variabilidade da chuva na Amazônia depende de algumas forçantes climáticas. Um diagnóstico mostra que, em pontos específicos da Amazônia, a chuva tem uma dinâmica própria de formação . Quando o Oceano Pacífico está muito quente, atribui-se ao fenômeno El Niño todo o impacto climático regional. Quando

taxas de desmatamento, o crescimento populacional e a atividade garimpeira , destacando os resultados na variabilidade climática pela evidente relação entre a distribuição de chuva e a malária. "No ano em que teremos variação climática é possível saber o impacto desse cenário de chuva e compará-lo com os resultados de vários anos, indicar os municípios que podem ter situações críticas, aliar aos demais fatores e planejar a política pública de controle da doença.

A avaliação climática permitirá maior controle da malária

MARI CHIBA

Ambiente é importante no estudo climático A malária é um problema de saúde pública mundial que afeta a população de diferenciadas regiões tropicais e subtropicais. Na Amazônia é uma endemia regional, sendo que na região Norte o estado do Pará ainda apresenta registros de altas taxas de incidência da doença. O fator ambiental é relevante no estudo da doença, já que a floresta é o habitat natural do vetor. A pesquisa de Andressa levantou os outros fatores que concorrem para a incidência da malária na região, como as

Atlântico no clima é cientificamente estudado, mas a aplicação desse conhecimento na área de saúde, na relação com a incidência de malária na região é o grande resultado do estudo de Andressa, porque mostrou os padrões do Oceano Atlântico a sua influência na formação na chuva e conseqüentemente na incidência da doença." resume o doutor em meteorologia Everaldo Barreiros de Souza, orientador do trabalho. Para ele, o trabalho consolida a interdisciplinariedade entre saúde e

meio ambiente no programa de ciências ambientais. "O estudo traçou um diagnóstico sobre a malária e quais regiões são mais criticas em função dos cenários do Atlântico norte aquecido e Atlântico sul frio. O ganho está em fornecer dados para o planejamento de políticas públicas de controle da malária considerando a relação da modulação do clima do Oceano Atlântico, com a chuva do Pará e conseqüentemente o impacto na incidência de malária.Os resultados obtidos no trabalho são consistentes com

os estudos já realizados relacionando a malária com outras variáveis ambientais como desmatamento e crescimento populacional" afirma o professor Everado. O estudo será apresentado à Sespa, que já manifestou interesse em conhecer os resultados. "Estudar a malária pode parecer um assunto antigo, repetitivo, mas é interessante porque ainda há grande número de óbitos no interior do Estado, o que prova que a doença não está controlada" alerta Andressa.

Pesquisa consolida relação interdisciplinar O Programa Pós-graduação em Ciências - desenvolvido na UFPA em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental e o Museu Emilio Goeldi - foi criado com o objetivo de abordar as ciências ambientais num caráter multidisciplinar e interinstitucional. A idéia é unir profissionais de diversas áreas para gerar pesquisa aplicada no contexto da Amazônia,explorando os enfoques regionais. "Esse impacto do Oceano


Cultura

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Terapia

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Flávia e Laís foram as primeiras a fazer tratamento no Estado

cação, a direção do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza resolveu abraçar a causa e criou, em janeiro de 2007, o Centro de Reposição Enzimática. Em um ano de funcionamento, o vigilante Flávio Pompeu comemora os avanços no tratamento das filhas. "A continuação do tratamento está sendo muito importante. Hoje elas levam uma vida normal e as mudanças são visíveis, principalmente na pele, nos cabelos, nas articulações; o baço também diminuiu", relata.

REITOR

O reitor da Universidade Federal do Pará, professor Alex Fiúza de Mello, é o primeiro paraense a integrar o Conselho Superior da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) - órgão estratégico que investe no desenvolvimento da pós-graduação stricto sensu focada na formação de pessoal qualificado no Brasil e no exterior. É responsável por mais da metade das bolsas de pós-graduação no país, avalia cursos de mestrado e doutorado, além de financiar a produção e a cooperação científicas.

Kaingang

A índia da etnia Kaingang, Rosani de Fátima Fernandes, é a primeira aluna indígena da UFPA a receber uma bolsa da Fundação Ford. Estudante do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFPA, Rosani foi uma das 40 finalistas da Seleção Brasil 2007 do Programa Internacional de Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford. A aluna, que vive e trabalha entre o povo Gavião Kyikatêjê, é orientada pela professora Jane Beltrão e co-orientada pelo professor José Heder Benatti, ambos da UFPA.

Pautas

tório de Erros Inatos do Metabolismo, da Universidade Federal do Pará (UFPA). Em 2003, elas foram escolhidas para participar dos primeiros testes com uma nova droga, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS). O objetivo era tentar reverter o quadro clínico e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Além do Brasil, participaram da experiência pacientes dos Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Portugal e Canadá. Com os resultados positivos alcançados com a medi-

Cidade Universitária

‘cidade universitária’ e tinha um campo de futebol, também. O objetivo maior dele era congregar as faculdades, professores e alunos em um único local”, recordou Reinaldo Silveira. O reitor da UFPA, Alex Fiúza de Mello, ressaltou o caráter amazônico da instituição, “marcada pela beleza de um rio. Aliás, essa é uma característica marcante deste e dos outros campi: a presença de rios que margeiam os prédios”. Até o início da década de 60, as áreas de administração, pesquisa,

ensino e extensão da UFPA funcionavam em prédios, localizados em vários pontos de Belém. O desafio de reunir essas áreas em um único espaço surgiu em 1963, quando Silveira Netto, por meio do Departamento de Planejamento e Obras, deu início ao processo de negociação junto ao Instituto de Pesquisa Agropecuária do Norte para a aquisição da área. No dia 13 de agosto de 1968, era inaugurado o Campus Pioneiro da UFPA.

O reitor inaugurou a placa com o busto do professor José da Silveira Neto

SHAMARA FRAGOSO

Nome homenageia idealizador da UFPA Ericka Pinto A mudança de nome do Campus Universitário do Guamá para Cidade Universitária “Professor José da Silveira Netto” - uma homenagem ao idealizador da Universidade Federal do Pará - selou mais um momento histórico de transformações físicas e estruturais como parte das comemorações pelos 50 anos da instituição. A cerimônia ocorreu no dia 28 de dezembro e reuniu o reitor, Alex Fiúza de Mello, a vice-reitora, Regina Feio, pró-reitores e ex-reitores da instituição e convidados. Também participaram da solenidade os filhos do homenageado, o professor Reinaldo Silveira e Helena Silveira. O busto do ex-reitor, José da Silveira Netto, que antes ficava em frente ao prédio da Reitoria, passou para uma praça localizada dentro da UFPA, próxima ao portão principal, onde foi instalada uma placa com o novo nome do Campus em destaque. Durante a cerimônia, o professor Reinaldo Silveira destacou o sentimento do seu pai pelo espaço que abriga a UFPA. “Quando meu pai idealizou esse Campus, o projeto original contemplava o nome de

O novo prédio do Laboratório de História (Labhis) “Maria Anunciada Ramos Chaves”, localizado próximo ao Auditório Setorial Básico do Campus do Guamá, foi inaugurado no último dia 26. Ligado ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal do Pará (IFCH/UFPA), o laboratório existe desde 1988 e funciona, atualmente, em três salas do IFCH. O Labhis tem por objetivo estimular o interesse do aluno pela pesquisa, aprimorando conhecimentos por meio da divulgação de trabalhos científicos.

História

A Assessoria de Comunicação Institucional (Ascom) está elaborando um "Banco de Pautas". Os pesquisadores interessados em divulgar os resultados de seus trabalhos devem enviar para a Assessoria um resumo da Pesquisa com 20 a 30 linhas, incluindo título, período de realização, coordenador, equipe, Faculdade e Curso, agência de fomento (quando for o caso), objetivos da pesquisa, área de abrangência, atores sociais envolvidos e principais benefícios da pesquisa para a população. Os dados devem ser enviados para o e-mail imprensa@ufpa.br.

Centro Especializado em Terapia de Reposição Enzimática "Cassiano Sena Nascimento", do Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza, comemorou um ano de funcionamento no último dia 15 de janeiro. É o único da região Norte a fazer tratamento com portadores de Mucopolissacaridose (MPS), doença metabólica hereditária responsável pela diminuição ou ausência de enzimas, localizadas no interior das células (lisossomas), importantes para o funcionamento do corpo. O Centro atende, atualmente, três pacientes, dois que apresentam MPS do tipo VI, e um com MPS do tipo I. Além da medicação, que é de uso contínuo, feita por infusão via endovenosa e que leva em média quatro horas, a Terapia de Reposição Enzimática (TRE) oferece ao paciente um acompanhamento multidisciplinar. A equipe é formada por profissionais da área da saúde pertencentes a várias categorias (médico, biomédico, farmacêutico, enfermeiro, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, odontólogo e biólogo). As irmãs Flávia, 12, e Laís Machado Pompeu, 14, do município de Cametá, foram as primeiras paraenses a fazer o tratamento para a reposição enzimática. Os casos de MPS foram diagnosticados em 2002, pelo Labora-

Ericka Pinto

Bettina é referência em reposição enzimática DIVULGAÇÃO

foco são as crianças e os adolescentes, mas também atende à demanda de jovens e adultos, desprovidos de ferramentas para uma melhor inserção social. As atividades com as crianças e adolescentes são desenvolvidas no espaço do CRAS-Guamá, uma das parceiras do programa, que mantém ainda parceria com o Laboratório de Engenharia Civil, com o ICA, por meio do Projeto Música e Serviço Social e com o Projeto Serviço Social Escolar. A partir de 2006, o programa Luamim teve suas atividades ampliadas e subdividiu-se para melhor atender as atividades de pesquisa e extensão e iniciar o processo para constituir-se em espaço de estágio curricular não somente para o Serviço Social, mas também para a Arte, Comunicação e Turismo. Três projetos foram criados: o Procriar, o ProLuamim e o Ser Brasileiro. O "Procriar" se propõe desenvolver estudos e debates sobre resiliência, tema recentemente introduzido no Serviço Social. O "Proluamim" prevê a profissionalização de adolescentes e jovens egressos das oficinas oferecidas dando continuidade ao processo de aprendizagem cidadã. O "Ser Brasileiro" inscreve anualmente 20 universitários, das séries iniciais com habilidades artísticas e interessados no estudo e pesquisa relacionadas à arte e cultura do povo brasileiro e amazônida.

EM DIA

Luamim, arte como inserção social

"O Programa Luamim realiza ações investigativas na área do Serviço Social, no contexto das Ciências da Cultura, procurando construir conhecimentos por meio da pesquisa e da extensão", explica a coordenadora e professora do Luamim, Heliana Baía Evelin Soria. Para ela, a conquista do Selo Cultura Viva - 2ª edição vai facilitar a busca de outros financiamentos para o programa. "Apesar de o Programa estar institucionalizado, nem tudo é perfeito. Temos o apoio e esforço de estudantes de Serviço Social e de Música, bolsistas PROEX, PROINT e PIBIC/CNPq. Contamos também com o trabalho voluntário de instrutores de Dança e Teatro, de estudantes e profissionais, que buscam o programa como um espaço de estudo e pesquisa nos Grupos de Estudos da Cultura e de Resiliência, ambos cadastrados no CNPq. No entanto, não temos estágio curricular devido à infra-estrutura do programa, que funciona em um espaço exíguo e com equipamentos de informática em estado precário", lamenta. As oficinas envolvem dança, música, balé, teatro e informática. As atividades incluem também orientação social, cursos e palestras com informações sobre cidadania e direitos sociais. Cada grupo conta com um instrutor de arte e um estudante de Serviço social. As ações são antecedidas por uma articulação com as lideranças comunitárias onde se procura descobrir os conteúdos de maior interesse para as oficinas. O

Diversificação de atividades

Crianças beneficiadas pelo programa Luamim curtem passeio pela UFPA

Centro Cassiano Sena Nascimento é o único a tratar MPS no Norte

receber o selo . "Luamim'' significa Filho da Lua Minguante e o termo foi usado por Paulo Martins para se referir aos meninos e meninas que moram nas ruas. "Quando escrevi o Luamim não tinha noção da amplitude que ele tinha. É muita satisfação para mim ver que um poema foi capaz de ter toda essa repercussão na academia e criar um programa para atender uma comunidade carente", diz. Paulo afirma que a concepção do projeto "Luamim peças interventivas na realidade" é de caráter preventivo social. "Parece uma coisa simples, banal e as pessoas não dão muita importância para isso. Mas enquanto uma criança é envolvida com arte, fotografia, música, ela tem seu lado lúdico ocupado, o que muitas vezes é negado no seu cotidiano de criança carente da periferia que está sempre a um passo de variadas formas de violência. Isto faz toda a diferença numa comunidade, já que algumas são verdadeiros laboratórios de produção e reprodução de violências", afirma.

Programa é desenvolvido na Faculdade de Serviço Social Cristina Trindade

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poema Luamim um anjo urbano foi a inspiração para criação de um programa de extensão interdisciplinar desenvolvido na Faculdade de Serviço Social do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas. O "Luamim peças interventivas na realidade" foi criado em 1992, pelo jornalista, escritor e poeta Paulo Roberto Martins com a proposta de empregar a arte e a comunicação como instrumentos de transformação social e consciência crítica. O público alvo do programa têm sido, predominantemente, crianças, jovens, adolescentes e familiares de comunidades próximas à UFPA. O trabalho desenvolvido ao longo de 15 anos valeu a premiação, em novembro de 2007, com o "Prêmio Cultura Viva" - 2ª edição do Ministério da Cultura, concorrendo com outros 3 mil inscritos. O programa Luamim é uma das 120 iniciativas de todo o país, que desenvolve ações vinculadas à Política da Cultura, a

quisas apontam que nesses locais é alto o índice de conflitos sociais e de crianças envolvidas com trabalho infantil, violência doméstica e drogas, além da ausência de equipamentos de lazer e de políticas culturais", comenta Paulo. O Luamin foi absorvido pelo Instituto de Ciências Aplicadas (antigo Centro Sócio Econômico) que o transformou num programa de extensão e pesquisa, a partir da dissertação de mestrado “Luamim peças interventivas na realidade”, em 2000. "Trabalhei com o conceito ‘Peças interventivas na realidade’ que eu criei e defendi na dissertação. Nada mais é que o uso de instrumentos da arte e da comunicação no desenvolvimento de trabalhos sociais em zonas de conflito. Por meio da arte, você busca a sensibilização dos participantes sobre determinadas questões da realidade deles trabalhando temas como cidadania e inserção social. Desenvolvemos uma metodologia que fomos buscar lá com Paulo Freire, que foram os círculos de cultura. As peças interventivas são uma fusão entre a metodologia do Paulo Freire e as técnicas de intervenção próprias do Serviço Social e as técnicas da arte comunicação", explica o pesquisador.

Comunicação alternativa A proposta de aliar arte e técnicas de comunicação ao Serviço Social começou ainda na graduação do curso de Comunicação Social, quando Paulo trabalhou a monografia de conclusão baseado numa pesquisa-ação com 30 centros comunitários no bairro de Guamá. "No início foi muito difícil porque o curso, na época, não tinha nenhuma disciplina abordando os conceitos de arte e comunicação alternativa popular, mas nós sempre defendemos essa proposta porque acreditamos ser consistente oferecer oficinas que buscam uma transformação social consolidadas em três pontos importantes: primeiro por meio da consciência crítica; segundo da sensibilização; e por meio da arte e domínio de técnicas de comunicação. Isto é buscar e analisar novas metodologias de intervenção com arte e comunicação, associado aos trabalhos sociais", defende. O programa Luamim começou a ser executado a partir de 1992 com a publicação do mesmo. A boa repercussão local e nacional garantiu a aprovação de um projeto apresentado à SEDUC para envolver as escolas estaduais dos bairros da Terra Firme e Guamá com as ações do Luamim. "As pes-


Avanço

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Consep aprova Regulamento para ensino de graduação da Universidade

carga horária integral, poderá fazê-lo. Se decidir que parte do curso vai para o interior participar de atividade de extensão, também será contabilizado como carga horária porque o conceito de atividade acadêmica substituiu o conceito de disciplina. A disciplina passou a ser uma possibilidade da atividade acadêmica", explica o reitor.

Entre as principais normas inovadoras aprovadas pelo Consepe destaca-se o estabelecimento de critérios para a mobilidade dos alunos entre os campi da UFPA. O regulamento define duas formas de mobilidade: a temporária e a definitiva. Um aluno do curso de Letras, por exemplo, de determinado campus pode, agora, com regulamentação específica, cursar temporariamente um período letivo em outro campus e retornar depois ao seu campus de origem. Isto pode lhe conferir experiência em outro ambiente acadêmico, que valorize determinados aspectos de sua formação, em que o projeto local talvez não fosse favorecer, porque os projetos pedagógicos não são necessariamente os mesmos. O regulamento possibilita ao aluno mudar definitivamente de campus, mas estabelece critérios que limitam essa forma de mobilidade para evitar que o aluno faça o processo seletivo num campus onde a concorrência menor e, depois, solicite transferência para Belém. Tais critérios são necessários para evitar sérios problemas

MARI CHIBA

administrativos, como o inchaço em determinados cursos de alguns campi. A escolha do regime de matrícula é outro ponto inovador do regulamento. Em geral, as instituições possuem um único regime de matrícula, seja seriado ou por atividades curriculares. A UFPA inova ao possibilitar às faculdades escolherem qual o regime que pretendem praticar. Licurgo Brito, pró-reitor de Ensino, explica que essa flexibilidade é importante porque a escolha do regime depende de alguns parâmetros como, por exemplo, a estrutura curricular e a disponibilidade do corpo docente, que podem ser mais adequadas ao regime seriado ou às atividades curriculares. "Essa possibilidade de escolha permite que o curso se adeque ao regime que melhor lhe convier, segundo as suas características. Isto é importante porque a nossa universidade é muito grande, possuindo, hoje, mais de 100 cursos de graduação, com características diferenciadas, tornandose inadequada a uniformização de determinados procedimentos”.

Estudantes poderão optar por campi diferentes

Avaliação substitutiva será chance para os estudantes melhorarem suas notas

Outra norma bastante inovadora é a obrigatoriedade do planejamento integrado por período letivo. Os professores que vão ministrar atividades para uma turma num determinado período, terão que se reunir e planejar esse período coletivamente, além de fazerem a avaliação do anterior. A expectativa da Pró-reitoria de Ensino é que a medida dê mais coesão e a aumente a possibilidade de integração de atividades e de conteúdos, favorecendo o desenvolvimento dos projetos pedagógicos de forma mais articulada. A auto-avaliação de projetos pedagógicos de cursos agora consta da regulamentação do ensino de graduação. Atualmente, cerca de 50% dos cursos já praticam a auto-avaliação, mas de forma voluntária. O CONSEP, ao aprovar a regulamentação, tornoua obrigatória. Um avanço de significativo conteúdo social é a introdução das matrículas em disciplinas isoladas - um procedido que, embora previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação, não havia sido adotado pela universidade em função de questões como ausências de normas internas ou por dificuldades estruturais administrati-

aluno que, por algum motivo, trancasse um dado semestre, não poderia cursar as disciplinas do semestre subseqüente em função do caráter seqüencial do currículo do curso e do sistema integrado de informática que o abriga. Este aluno atrasaria o seu curso em dois semestres. No entanto, se a faculdade optar pelo regime de atividades curriculares, o mesmo aluno terá a oportunidade de creditar as disciplinas que estiver apto a cursar, desde que seja pertinente com a sua programação de horários e as suas atividades de pesquisa e extensão. A professora concorda que as avaliações das atividades didático-pedagógicas ao final de cada período letivo resultarão num planejamento mais eficaz das atividades do período seguinte. "Isso significa que o projeto pedagógico do curso estará em constante e permanente avalia-

vas. O novo regulamento disponibiliza para a sociedade vagas remanescentes em disciplinas, após a matrícula, por meio de edital. Qualquer pessoa, inclusive a que não tenha concluído o ensino médio, poderá pleitear esta forma de matrícula. A medida é especialmente importante para trabalhadores que pretendem conhecer mais sobre o seu ofício. Um torneiro mecânico que lida com solda, por exemplo, poderá aperfeiçoar sua técnica, adquirida empiricamente, por meio de um reforço teórico na UFPA. Evidentemente, terá que se submeter a um processo seletivo estabelecido pela faculdade. O objetivo da medida é abrir a universidade para a sociedade. Outro ponto importante da regulamentação é o reconhecimento oficial da pesquisa e da extensão como estratégias da formação dos alunos. Dentro dos projetos pedagógicos poderá haver atividades de pesquisa e extensão contabilizadas para a integralização curricular. Atualmente, muitos anos alunos participam dessas atividades, mas sem contar dos seus históricos. A Pró-reitoria de Ensino está induzindo que os projetos peda-

Avaliação substitutiva vai corrigir mau desempenho

Atuante durante as discussões em que os artigos do regulamento recém-aprovado foram formatados, a professora Scarleth O'hara, diretora da Faculdade de Comunicação Social, do Instituto de Letras da UFPA, acredita que as normas terão um efeito prático sobre a qualidade do ensino. "A preocupação maior de todo o grupo participante era o de focalizar sempre e, sobretudo, a excelência no ensino de graduação. Acredito que o efeito de maior relevância refere-se, principalmente, a aprovação de dois regimes acadêmicos: regime seriado ou por atividades curriculares. É um item de flexibilidade importantíssimo para uma instituição de ensino superior tão diversa como a UFPA", avalia a professora. Scarleth toma como exemplo o curso de Comunicação para ilustrar seu ponto de vista: com o regime seriado até então vigor, o

lho sistema bancário pedagógico, no qual o professor expõe seus conhecimentos e o aluno os recebe passivamente. "Esse sistema está em desuso, frente a inúmeras experiências metodológicas inovadoras de ensino, a otimização de meios e a valorização de pessoas na área de ensino de graduação". Sobre a preparação das unidades para o cumprimento das normas, a professora lembra que todo processo de mudança requer adaptações. "Certamente, os atuais institutos estão imbuídos no acompanhamento das mudanças propostas pelo novo regulamento. Creio que todos eles e, conseqüentemente, as faculdades deverão preocupar-se em atualizar ou revisar seus sistemas de informática, pois as mudanças farão parte, sem dúvida, do Sistema Integrado de Ensino que interliga e integra as instâncias administrativas da Instituição".

MARI CHIBA

das. Outras vezes, o aluno nem regressava, mas sua vaga não podia ser ocupada por outro. O regulamento agora em vigor determina limites de tempo para aluno em situação de trancamento de matrícula: dois semestres consecutivos ou quatro intercalados. A mudança que deve agradar aos alunos é a introdução da avaliação substitutiva, ou seja, uma nova avaliação que pode ser feita para substituir um mau desempenho numa prova. Essa medida reduz as chances de reprovação, mas a realização da avaliação substitutiva ficará a critério do professor.

Os alunos também poderão escolher em que campus estudar

PERMANÊNCIA - O tempo de permanência do aluno em situação de trancamento da matrícula também foi alterado pelo regulamento recém-aprovado. A norma anterior era extremamente permissiva. Mesmo abandonando o curso, o aluno não perdia a vaga. Essa situação permitia que um aluno fosse para outra instituição e retornasse, depois de dois ou três anos, pedindo para que as disciplinas cursadas fora fossem credita-

gógicos privilegiem essas duas atividades.

ção", argumenta Scarleth. "Por força da norma, haverá um trabalho de equipe para que aconteça o referido planejamento. E esse trabalho de equipe exigirá que cada docente participe ativamente da vida acadêmica, na qual está indubitavelmente inserido, pois a direção da faculdade não poderá (nem conseguirá) executar um trabalho solitário, em busca da efetiva construção do planejamento citado anteriormente". Segundo a professora, "o docente que quiser acompanhar as mudanças ocorridas na UFPA, deverá, antes de qualquer coisa, conhecer bem o projeto pedagógico do curso em que atua, qualquer que seja o formato metodológico adotado. Do contrário, não estará apto sequer a votar no processo de decisão do regime curricular". Scarleth O'hara afirma que a vida do docente já não pode se limitar apenas à sala de aula, como no ve-

Normas vão melhorar a qualidade do ensino

As normas buscam excelência e modernização do ensino. A Proeg realiza campanhas de divulgação nas unidades Walter Pinto

N

a última reunião do Conselho Su perior de Ensino, Pesquisa e Ex tensão de 2007, a Universidade Federal do Pará reuniu, pela primeira vez ao longo dos seus 50 anos de vida, todas as normas para funcionamento do ensino de graduação num único documento. Parte das normas estava dispersa em vários documentos. Outras foram introduzidas de forma a preencher lacunas normativas existentes em função do crescimento da instituição, apresentando alguns aspectos bastante inovadores em relação à graduação. A leitura dos 143 artigos da regulamentação recém-aprovada evidencia esses aspectos inovadores e o caráter flexível das normas adotadas, possibilitando aos cursos organizarem-se de acordo com a natureza de seus projetos pedagógicos e as exigências da sua área de conhecimento. A rigidez do controle de registro acadêmico foi substituída por normas abertas à inovação, como por exemplo, mudanças na metodologia de ensino ou novas formas de organização de percurso acadêmico, antes não permitidas porque fugiam ao estabelecido pelo controle de registro, por meio do qual, de certo modo, a forma geria o conteúdo. Como explica o reitor Alex Fiúza de Mello, a idéia da regulamentação é que o conteúdo determine a forma. "Se um curso decidir inovar e, no limite, propor o fim das disciplinas, optando por levar todos os alunos para dentro do laboratório, computando essa atividade como

proporcionando a cada curso a possibilidade de definir o seu desenho curricular e a sua forma inovadora de estabelecer o processo de ensino e aprendizagem. Essa flexibilidade, porém, obedece a uma organização, estando sujeita à regulamentação, metas e objetivos. Na avaliação do reitor, a regulamentação representa um avanço compatível com as transformações que estão se processando no conhecimento no limiar do século XXI. "A Universidade precisava de um regime que privilegiasse a possibilidade de inovação o tempo todo. Não podemos ter mais um período específico para reforma do projeto pedagógico. O projeto pedagógico será, agora, reformado durante todo o tempo. O sistema estará pronto para acolher todos os tipos de reforma, a qualquer tempo. Isto é importante porque desburocratiza os procedimentos".

Ano será dividido em quatro períodos letivos Outra novidade é a substituição dos dois semestres acadêmicos por quatro períodos de atividades letivas no ano. O período intervalar da interiorização tornou-se oficial. Foram instituídos dois períodos (o 1° e 3°) computando 100 dias e outros (2° e 4°) compreendendo 200 dias letivos. Os cursos podem se programar por meio da combinação desses períodos, reservando um para as atividades de extensão ou de pesquisa, evitando, dessa forma, a superposição com a carga horária das disciplinas. Podem, por exemplo, utilizar o período alternativo (antigo intervalar) para enviar os alunos para atividades acadêmicos no interior, sem prejuízo das aulas no curso. Ao estabelecer quatro períodos letivos e considerar a disciplina como uma das formas de atividade acadêmica, assim como a iniciação científica, o trabalho em laboratório e a participação em projetos de extensão, a UFPA está


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