issn 1982-5994
12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008
Entrevista
UFPA é pólo de conhecimento científico na Amazônia
se propor a superá-las. O Programa Acelera Amazônia, atualmente englobado no Novas Fronteiras, estimulou a realização de cursos de mestrado e doutorado interinstitucionais (Minter e Dinter) e criou uma versão regional do Programa de Cooperação Acadêmica (PROCAD), que são maneiras de acelerar a formação de recursos humanos na região e, em médio prazo, contribuir para a criação de novos cursos de pós-graduação. A idéia é formar, no menor prazo, um maior número de profissionais. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tem colaborado ampliando de modo muito expressivo o número de bolsas de mestrado e doutorado para os programas de pós-graduação da Amazônia.
BR – O que é preciso fazer para que a ciência na Amazônia se desenvolva mais? RD – O importante é ter competência para formar mestres e doutores na região, porque o desenvolvimento científico e tecnológico está muito ligado à formação de massa crítica. Ao formar BR – Como a Universidade vem doutores, estamos formando pessoas trabalhando a interdisciplinaricom maturidade para desenvolver dade? projetos e criar grupos de pesquisa, RD – A UFPA tem ampliado sua atuagregar novos pesquisadores, montar ação em áreas interdisciplinares. Um laboratórios, atrair recursos através de indicador claro disso é a expansão, projetos. Eu não quero ser simplista nos últimos anos, dos programas de e dizer que a presença de doutores, pós-graduação da grande área Multipor si só, vai mudar a realidade, mas disciplinar da CAPES. O programa é evidente que sem Ciência e Tecnode mestrado e doutorado em Desenlogia não há nenhuma volvimento Sustentáalternativa econômica, vel do Trópico Úmido, a não ser a dependênoferecido pelo NAEA, cia. Na prática, para é um dos programas a região romper com interdisciplinares mais esse ciclo tradicional antigos e tradicionais de ocupação e devasde nossa Instituição. O tação e criar novas alprograma de Educação ternativas, ela precisa em Ciências e Mateter muito mais genmáticas, vinculado ao te pensando a região, NPADC, criado em buscando alternativas, nível de mestrado em valorizando os produ2002, teve sua proposta tos regionais. Tem que doutorado aprovada Hoje, nós temos de ter, também, medidas neste ano. políticas. Se você criar um universo de Nas áreas de Exatas e Ciência e Tecnologia da Terra, assim como 2.250 alunos na nas Engenharias e nas sem a preocupação de transformar isso em áreas de Saúde e Biopós-graduação riqueza social, irá relógicas, também são produzir internamente desenvolvidas pesquimodelos externos, de sas interdisciplinares, dependência e desiassociando pesquisagualdade social. dores de diferentes formações na busca de objetivos comuns. A UFPA BR – A CAPES tem dois projetos segue a tendência dominante na pespara o desenvolvimento da ciência: quisa moderna e procura, ao lado da o Programa Nacional de Pós-Grapesquisa básica, mais direcionada duação (PNPG) e o Acelera Amazôpara atingir os objetivos específicos nia. O que eles já proporcionaram de cada área, estimular a pesquisa para a nossa região? interdisciplinar, com enfoques mais RD – O PNPG contribuiu por colocar abertos e diversificados, capazes de em destaque as desigualdades regiopermitir a melhor compreensão de nais da pós-graduação brasileira e realidades complexas.
Silvio Figueiredo
UNITERCI
colherão entre as chapas: “Compromisso de fazer ainda mais” - Regina Feio/Licurgo Brito; “Para fazer melhor” - Carlos Maneschy/Horácio Schneider; “Gestão Democrática e Participativa na UFPA” - Ana Tancredi/Petrônio Lima e “Ricardo/Habib Fraiha”- Ricardo Ishak/Habib Fraiha Neto Pág. 9
Espaço de pesquisa e extensão
Universidade da Terceira Idade oferece cursos e orientação para idosos da comunidade. Pág. 4
NAEA
35 anos pesquisando a Amazônia
Núcleo de Altos Estudos Amazônicos mantém olhar interdisciplinar sobre o desenvolvimento da região. Págs. 6 e 7
Localizado no Sudeste do Estado, Parque Ambiental é pouco conhecido pelos paraenses
Paixão de Ler
Parque ambiental é tema de pesquisa
O livro “Parque Martírios-Andorinhas: conhecimento, história e preservação”, lançado pela Editora da UFPA, reúne 17 artigos, resultado das pesquisas realizadas na Serra das Andorinhas. Pág. 10
Objetivo é chegar à Pan-Amazônia
REUNI
Recursos chegam a Soure e Abaeté
Pág. 11
Redimensionamento
Mudanças potencializam serviço público UFPA é pioneira na implementação de programa de redimensionamento de servidores, elaborado por orientação do MEC. Pág. 8
NPADC ampliou quadro de servidores e melhorou atendimento aos alunos
Envelhecimento
Estudo traça perfil de idosos
Pág. 3
Coluna do Reitor Alex Fiúza de Mello escreve sobre as eleições para reitor na UFPA Pág. 2
Opinião Jane Beltrão explica a interdisciplinaridade na pesquisa antropológica Pág. 2
Entrevista Roberto Dall’Agnol avalia a produção científica na UFPA Pág.12
Alexandre Moraes
Beira do Rio – Como está o panoalunos na pós-graduação. Imagina o rama da produção científica na que isso significa, em termos de oporAmazônia? tunidade, para os jovens da região? E Roberto Dall’Agnol – Se fizermos muitos deles vêm do interior, de estauma revisão histórica, há 30 anos, a dos vizinhos e até de outras regiões. Universidade Federal do Pará tinha A Universidade se afirmou como um dois cursos de pós-graduação que funpólo de conhecimento científico volcionavam precariamente, não possuía tado para a região, porque os nossos nenhuma tradição de pesquisa, tamdesafios são regionais. É evidente pouco uma ação diferenciada nessa que nós não conseguimos responder a área. Contavam-se nos dedos os doutodos os questionamentos científicos tores da Universidade, que eram tão que são colocados, nós continuamos raros como hoje ter um prêmio Nobel fragilizados em termos do volume no país. Nesses últimos trinta anos, de demandas que a Amazônia oferehouve um esforço enorme de transforce. Há um paradoxo: de um lado, o mar essa situação e hoje a realidade esforço enorme de crescer e buscar da Universidade é completamente respostas, e, de outro, uma demanda diferente. Nós temos, atualmente, infinita. 42 programas de pós-graduação, pois tivemos mais três aprovados, BR – Em que áreas do conhecimenrecentemente, pela Coordenação de to a UFPA já desenvolve estudos de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível ponta e é referência? Superior (CAPES), os mestrados em RD – Nosso Instituto de Geociências Artes – o primeiro na Amazônia; em tem um nível de produção científica Medicina Veterinária, em Castanhal, semelhante ao dos melhores centros e em Recursos Naturais da Amazônia, de pesquisa nacionais, tornando-se em Santarém; estes constituindo os referência na mídia nacional e senprimeiros cursos stricto do respeitado como sensu nestes dois campi, tal. Estamos nos firconsolidando a política mando, cada vez mais, da UFPA de expandir na área de Ciências a pós-graduação para Biológicas, que conta o interior do Estado. com seis programas de Além disso, tivemos pós-graduação. Cabe a aprovação de dois destacar, também, a novos doutorados: em área da Tecnologia, “Ensino Superior em em que foram criados Ciências e Matemávários programas de ticas” e em “Ciência pós-graduação: dois Animal”. Este, de carádoutorados e vários Sem Ciência e ter multi-institucional, Na área de Tecnologia não mestrados. em colaboração com Ciências Agrárias há a UFRA e a Embrapa. vários programas senhá nenhuma Completamos, assim, do desenvolvidos: Cialternativa 19 programas de douência e Tecnologia de torado. Hoje, nós temos Alimentos, Agricultura econômica um universo de 2.250 Familiar, Agriculturas
Amazônicas e o curso de Ciência Animal, que conseguiu aprovar o primeiro curso de doutorado. São cursos importantes para criar uma base de pesquisa em agricultura e pecuária na região. E isso a Universidade faz associada à Embrapa, ao Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), à Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a outras instituições, utilizando os recursos humanos qualificados existentes nessas instituições.
Universidade Federal do Pará se prepara para escolher o seu 12º dirigente. O(a) reitor(a) eleito(a) irá comandar a Universidade pelos próximos quatro anos (2009-2013). Como em toda eleição, o clima é de intensa campanha, discussões e apresentação de propostas. Dia 03 de dezembro, professores, técnico-administrativos e alunos es-
Alexandre Moraes
A Amazônia precisa de mais doutores. Foi o que constataram pesquisadores da Academia Brasileira de Ciência (ABC). A região abriga atualmente 2.800 doutores, um número inferior ao mínimo proposto pela ABC, que é de 4.200, para um efetivo desenvolvimento científico. Em entrevista ao BEIRA DO RIO, o Prof. Dr. Roberto Dall’Agnol, atual Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, reflete sobre os esforços da UFPA para mudar esse cenário, intensificando e consolidando, cada vez mais, a produção científica na região. Atualmente, a Universidade conta com mais de 40 programas de pósgraduação, laboratórios, grupos de pesquisas, redes de cooperação interinstitucional, mas ainda não consegue responder a todas as demandas que a Amazônia oferece. “Há um paradoxo: de um lado, o esforço enorme de crescer e buscar respostas e, de outro, uma demanda infinita”, afirma Dall’Agnol.
Dall’Agnol: UFPA é centro de oportunidades para jovens da região
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4 chapas disputam reitoria
Mácio Ferreira
Suzana Lopes
Fotos Alexandre Moraes
Hoje, o desafio é formar pesquisadores capazes de transformar Ciência e Tecnologia em riqueza social.
JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VII • No 67 • Dezembro, 2008
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Alex Fiúza de Mello
Mácio Ferreira
reitor@ufpa.br
Eleições para Reitor na UFPA virada da segunda década do novo século e herdará uma instituição cinqüentenária mais sólida, qualificada, reconhecida nacional e internacionalmente e em condições materiais mais condizentes com os desafios que lhe serão exigidos na continuidade do devir. É importante, na cultura universitária, que a escolha de um dirigente máximo seja um momento democrático de exposição de idéias e projetos pelos vários candidatos ao cargo, de debate público desses ideários, sempre num clima de civilidade e respeito mútuo, em coerência às finalidades educativas da própria academia, do bom senso, da razão e do pluralismo ideológico. Outrossim, passada a eleição, devem se desfazer os palanques e os partidarismos, para que o novo reitor – inclusive para que mereça a denominação de “magnífico” –, reconhecido inclusive pelos demais oponentes, seja aquele de todos, do conjunto de toda a comunidade, a fim de que se cumpram as reais metas institucionais: ensino, pesquisa e extensão de qualidade – e socialmente relevantes. Numa instituição de educação, sempre vence aquele que demonstrou
coerência de atitudes e serviu, assim, de modelo pedagógico perante a instituição e a sociedade. É o exemplo que contribui, a longo prazo, para a construção de uma instituição: seus valores, seus costumes, suas mentalidades. Este é o verdadeiro desafio político de uma academia. Sim, porque a universidade não é partido político, nem sindicato, nem clube de amigos. É uma instituição de educação superior e, portanto, precisa ser educativa, em todos os seus procedimentos e atos, e superior, em seu espírito e padrão ético. A eleição de um reitor não pode ser aquela de um vereador ou de um governador. As faixas, cartazes, camisas, adesivos, banners e toda sorte de material que se distribui pelos campi em um momento de campanha eleitoral têm sentido unicamente como mecanismos de fazer conhecer, à comunidade, os candidatos em disputa. Mas a postura dos pleiteantes ao cargo deve ser condizente com a natureza do mesmo, ou seja: as armas devem ser as idéias e não os chavões; os programas e não as fofocas; os fatos e não a dissimulação; o debate público e não os conchavos de bastidores; os projetos e não as promessas de
OPINIÃO
Jane Felipe Beltrão
cargos; a defesa da autonomia universitária e não a partilha partidária do orçamento. No jogo político da sociedade civil, no qual todos são iguais perante a lei e o voto é universal, um operário pode ser Presidente da República, com toda a legitimidade. No jogo político dentro da academia, onde, pelas finalidades institucionais, deve prevalecer uma hierarquia de desiguais (professor ensina e aluno aprende), um Reitor deve ser um professor doutor, de biografia e experiência testadas. Não há como transpor, mecanicamente, uma situação à outra, sob pena do desvirtuamento das finalidades da universidade pelo populismo e pela demagogia. O importante é que as eleições se realizem num clima de confiança e de abertura, lastreadas pelo estado de direito e pelo imperativo do regimento eleitoral em vigor. Caberá ao Conselho Universitário honrar, pela homologação, o resultado da consulta direta, independentemente de seu resultado, selando com êxito e exemplarmente essa festa democrática. Afinal, nesse jogo político, apenas a Instituição não pode sair perdedora.
jane@ufpa.br
Por uma Antropologia feita na Amazônia
estudo das diversas dimensões e variabilidades da experiência humana na Amazônia, compreendendo mudanças processadas temporal e espacialmente, é proposta de antropólogos que, vinculados à UFPA e associados a geneticistas, historiadores e lingüistas, entendem a Antropologia voltada aos quatro tradicionais campos da disciplina: Antropologia Social, Arqueologia, Bioantropologia e Lingüística, como significativa ao aprimoramento teórico-metodológico para refletir a região. Quando e por que a agricultura começou na Amazônia? Quais eram as populações humanas em termos de número, densidade e complexidade político-social, na época, anterior à chegada dos europeus? E, sobretudo, quais tecnologias e artes usadas pelos povos desaparecidos podemos empregar, hoje em dia, para pensar a diversidade humana, cultural e biológica da Amazônia, diante do avanço das ameaças atuais a tal diversidade, com
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Rua Augusto Corrêa n.1 - Belém/PA beiradorio@ufpa.br - www.ufpa.br Tel. (91) 3201-7577
a globalização e a crescente demanda externa de recursos e bens naturais? São alguns dos desafios à pesquisa antropológica no momento. A nova visão vinculada às áreas tradicionais da Antropologia, ao redor de temas e problemas específicos da região, provocou profissionais das diferentes subdisciplinas a trabalhar juntos em projetos multidisciplinares. Mas, para além dos projetos, é urgente falar a mesma língua, compartilhar pressupostos teóricos e utilizar ferramentas metodológicas afins para produzir conhecimentos que contemplem o pluralismo da região para cruzar fronteiras. A Antropologia forense precisa das técnicas e teorias interpretativas arqueológicas para realizar a escavação de restos humanos, assim como do conhecimento da Bioantropologia para estudar esses achados. A aproximação Bioantropologia e Arqueologia é, também, desejável para o estudo da evolução dos problemas relativos à saúde e doença de seres humanos dia-
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Investimento
Coluna do REITOR
ela sétima vez consecutiva em sua história, a contar do período da redemocratização do país, a Universidade Federal do Pará realiza eleição direta, junto à comunidade acadêmica, para a escolha do seu dirigente máximo. Trata-se, na perspectiva do contexto político e cultural do Brasil, de uma tradição que, aos poucos, se sedimenta, consolidando mecanismos institucionais aceitáveis e singulares para as finalidades a que se propõem. No caso da UFPA, o início de um reitorado, com mandato de quatro anos, coincide com o aniversário da instituição: dia 2 de julho. Aquele (ou aquela) que tomar posse nessa data, ano próximo, será o 12º. Reitor, na ordem cronológica, após Mário Henriques, José da Silveira Netto, Aloysio Chaves, Clóvis Malcher, Aracy Barreto, Daniel Coelho de Souza, José Seixas Lourenço, Nilson Pinto de Oliveira, Marcos Ximenes Ponte, Cristóvam Picanço Diniz e Alex Fiúza de Mello (este com dois mandatos). O(a) novo(a) eleito(a) será o (a) responsável pela coordenação dos avanços institucionais que fertilizarão os caminhos de nossa academia na
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BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 –
crônica e sincronicamente. Questões lingüísticas e etnológicas relativas à construção de significados simbólicos que resultam em determinados comportamentos sociais e relações com o meio ambiente, claramente, dizem respeito a estudos sobre a saúde de populações humanas. Logo, como podemos estudar a trajetória humana na Amazônia prescindindo de abordagem integrada de todos esses campos? A abordagem global, sintetizada nos exemplos, requer que uma ou outra abordagem pertencente a este(s) ou àquele(s) campo(s) da Antropologia, que, fragmentado(s) e isolado(s) disciplinarmente, se revela(m) incompleto(s). Trabalhar, holísticamente, as dimensões do comportamento humano em relação ao meio ambiente, no presente, pode ter o benefício de ser informado pelo passado e vice-versa, mas requer visão, ao mesmo tempo, arqueológica, etnológica, lingüística e biológica. Respostas às perguntas sobre a Amazônia e as interrelações paisagís-
ticas da “natureza”, ou desta com os humanos diversos que aqui se fazem presentes podem ser concebidas, satisfatoriamente, a partir de abordagens que requerem a unificação das subdisciplinas da Antropologia. A validade dos argumentos e a premente formação de pessoal para atuar nos quatro campos foi proposição dos profissionais reunidos, em setembro próximo passado, no simpósio internacional Antropologia em foco, os quais pensam a constituição de Programa de Pós-Graduação em Antropologia na UFPA com áreas de concentração interdisciplinares para compreensão do outro, no qual os outros somos todos nós que, aprendendo e re-aprendendo, construímos o projeto da Amazônia plural compreendida por parâmetros que envolvem criação e comunicação pertinentes. Jane Felipe Beltrão é antropóloga e historiadora, professora associada da Universidade Federal do Pará e pesquisadora do CNPq.
Reitor: Alex Bolonha Fiúza de Mello; Vice-Reitora: Regina Fátima Feio Barroso; Pró-Reitora de Administração: Simone Baía; Pró-Reitor de Planejamento: Sinfrônio Brito Moraes; Pró-Reitor de Ensino de Graduação: Licurgo Peixoto de Brito; Pró-Reitora de Extensão: Ney Cristina Monteiro de Oliveira; Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação: Roberto Dall´Agnol; Pró-Reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal: Sibele Bitar Caetano; Prefeito do Campus: Luiz Otávio Mota Pereira. Assessoria de Comunicação Institucional JORNAL BEIRA DO RIO Coordenação: Luciana Miranda Costa; Edição: Rosyane Rodrigues; Reportagem: Ana Carolina Pimenta/Glauce Monteiro/Jéssica Souza/Walter Pinto/Andréa Mota/ Dandara Almeida/ Suzana Lopes/Tamiles Costa; Fotografia: Alexandre Moraes/Mácio Ferreira; Secretaria: Isalu Mauler/Elvislley Chaves/Gleison Furtado; Beira on-line: Leandro Machado/Camilo Rodrigues; Revisão: Júlia Lopes; Arte e Diagramação: Rafaela André/Omar Fonseca; Impressão: Gráfica UFPA.
Suzana Lopes
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o ano em que completa vinte e um anos de implantação, o Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Abaetetuba, prepara-se para receber os investimentos do REUNI, o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. Dentre a construção de laboratórios, contratação de recursos humanos e abertura de novas vagas, o objetivo é avançar a formação e qualificação de professores no município. Atualmente, o Campus oferta os cursos de Pedagogia, Letras – Habilitação em Língua Portuguesa – e Matemática, nos módulos extensivo (regular) e intensivo (intervalar). Também oferece, com flexibilidade, as graduações em Física e Ciências Contábeis. A partir de recursos do REUNI, serão abertas 40 vagas para Letras – Habilitação em Espanhol (intensivo) – e 30 para Engenharia Industrial (extensivo), já no Processo Seletivo 2009. Além de Abaetetuba, o Campus ainda abrange três Núcleos, nos municípios de Tomé-Açu, Concórdia do Pará e Igarapé-Miri, onde funcionam cursos intensivos e extensivos. A prioridade de se ofertar as licenciaturas no interior é justificada pela ampla necessidade de formação de professores para trabalhar na rede básica de ensino. No caso de Abaetetuba, as licenciaturas contribuíram, sobretudo, para formar professores que já atuavam no ensino público, mas ainda não eram licenciados. “A interiorização da UFPA foi muito importante para a região do Baixo Tocantins pelo número considerável de professores leigos que receberam graduação desde 1987, ano da fundação dos campi no interior”, considera a Profa. Ms. Francisca Maria Carvalho, coordenadora do Campus.
Fotos Mácio Ferreira
LURDINHA RODRIGUES
2 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008
Recursos do REUNI chegam aos Campi de Abaetetuba e Soure Infra-estrutura, ampliação de vagas e recursos humanos terão prioridade Laboratório de Linguagem e biblioteca são algumas das obras previstas para os próximos dois anos RECURSOS HUMANOS – Para que os cursos avancem e se consolidem, também serão contratados recursos humanos. Hoje, o Campus conta com 22 docentes efetivos e três substitutos, além de oito técnicoadministrativos e 14 servidores municipais. Está prevista a realização de concurso público para aumentar o quadro de servidores. Serão contratados mais 34 professores e 10 técnicos. Também serão disponibilizados recursos para a melhoria da infra-estrutura do Campus. Laboratório de linguagem, sala de estudo para professores, biblioteca, guarita e laboratório para formação em técnico de informática são as obras
previstas para acontecerem nos próximos dois anos. Os investimentos, sejam em recursos humanos, em novas vagas ou na estrutura física do Campus, convergem para o melhor desenvolvimento do tripé da universidade pública: o ensino, a pesquisa e a extensão. Na pós-graduação, por exemplo, um novo curso de Letras se somará, em 2009, à especialização em Coordenação e Organização do Trabalho Pedagógico, já ofertada em Abaetetuba. Quanto à extensão, a coordenadora do Campus adianta as novidades: “Há a previsão de, em 2009, realizarmos projetos de extensão em parceria com a prefeitura do município, a Diocese e a ALBRAS”.
Histórico O Campus de Abaetetuba foi fundado no mesmo ano em que a UFPA iniciou seu programa de expansão para o interior, em 1987. Devido a sua localização, também é chamado de Campus do Baixo Tocantins. Inicialmente, a Unidade funcionava em escolas municipais e com a ajuda de funcionários cedidos pela prefeitura. Até que, em 1991, foi inaugurado o Campus, com secretaria, biblioteca, cantina e sala da coordenação. No ano seguinte, começaram as primeiras turmas dos cursos extensivos de Letras e Matemática. Atualmente, mais de mil estudantes cursam as cinco graduações (Letras, Matemática, Pedagogia, Física e Ciências Contábeis) ofertadas em Abaetetuba e nos três Núcleos ligados ao Campus.
n Soure: coordenação planeja aplicação de recursos Dandara de Almeida
O
Campus Universitário do Marajó, com sede em Soure, só recebeu esse nome em 1990, quando o seu prédio definitivo foi construído. Foram necessários três anos para que essa pequena e importante mudança ocorresse. Antes disso, era apenas um pólo regional de atuação da UFPA. Em parceria com a prefeitura do município, o Campus de Soure vem ampliando a oferta de cursos e sua atuação na região. Agora, com o Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), novas conquistas estão sendo planejadas. Com os recursos do REUNI, será possível ampliar o prédio administrativo, melhorar as instalações do Campus, contratar docentes e técnico-administrativos. Esses são alguns exemplos do impacto que os investimentos irão causar. Atualmente, o Campus de Soure tem uma estrutura física composta por Laboratórios de Informática e Biologia, Centro de Teleconferência para 16 lugares, biblioteca totalmente reformada e climatizada, auditório,
Mácio Ferreira
Soure: políticas acadêmicas precisam ser direcionadas para a questão vocacional da região sala de música, cinco salas de aula e uma cantina, que necessita de reformas para atender melhor a comunidade acadêmica. A coordenadora do Campus, professora Ciléia Alves Menezes, ainda não tem uma previsão para o
início das obras, mas defende que as propostas do REUNI significam um ganho para a Universidade, sobretudo no que se refere às unidades do interior. “Porém, é necessário atentar para a necessidade de se desenvolver políticas acadêmicas mais direcio-
nadas para a questão vocacional da região. Em se tratando do Campus de Soure, que se localiza em uma zona costeira, poderia ser a intensificação do curso de Biologia, por exemplo, ou dos cursos tecnológicos na área de turismo”, avalia a coordenadora.
10 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008
BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 –
Envelhecimento
Paixão de LER
Parque Martírios–Andorinhas
Conjunto de pesquisas revela beleza do parque ambiental paraense
MULTIDISCIPLINAR - Assim como o Turismo, outras vertentes do conhecimento foram exploradas durante as pesquisas que deram origem ao livro, tais como estudos sobre História, Geologia, Recursos Hídricos, Arqueologia, Zoologia, Ciências Florestais e Populações Tradicionais. Paulo Gorayeb explica que a produção, ampla em função do caráter multidisciplinar, foi feita principalmente por pesquisadores da Universidade Federal do Pará e do Museu Paraense Emílio Goeldi, porém houve outras contribuições. “No final de 2003, lancei o convite a todas as pessoas e grupos de pesquisadores que tinham estudado a Serra para participar do livro e tentei induzir algumas temáticas que achávamos importantes como elo entre as pesquisas que já estavam consolidadas. Por
Em Belém, a população da 3ª Idade está em torno de 120 mil pessoas
Fotos Alexandre Moraes
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Oficina de Desenvolvimento Psicossocial para Idosos: atividade melhora a auto-estima dos participantes tendência natural vivida não só no Brasil, mas também na maioria das nações, diante do processo de transição demográfica pelo qual passam as populações mundiais. “A transição demográfica se dá em decorrência da diminuição das taxas de mortalidade e natalidade que, por sua vez, favorece o crescimento da população idosa”, explica o pesquisador. Conseqüentemente, também se
observa o aumento da expectativa de vida da população brasileira. A média nacional, atualmente, está estabelecida em 72 anos. Essa idade varia de acordo com cada região, sendo que as regiões Sul e Sudeste são as que oferecem melhor expectativa, seguidas das regiões Norte, Centro-Oeste e, finalmente, Nordeste. Em Belém, a população da terceira idade está em torno de 120
mil pessoas, o que corresponde a 8% do total da população. Segundo Yúji Ikuta, a expectativa de vida no Estado só não é maior devido a alguns hábitos desenvolvidos pelos paraenses por influências culturais, como, por exemplo, o de comer alimentos com muito condimento, açúcar, gorduras e sal, que suscetibilizam doenças como as cardiovasculares, as neoplasias, o diabetes e a hipertensão arterial.
n Auto-confiança garante independência na velhice Pesquisadores da UFPA e do MPEG participam da obra Assis Matos de Abreu, em 1998, e teve continuidade com o Prof. Paulo Gorayeb, em 2000. “Grande parte das pesquisas foram custeadas por meio desses dois projetos financiados pelo Fundo de Ciência e Tecnologia (FUNTEC) da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (SEDECT), na época SECTAM. Após terminarmos essas pesquisas e começarmos o livro, muitos outros estudos continuaram e continuam no local, particularmente na área da Zoologia, Geografia e
Turismo”, explica o professor. Os dados de 2006 reportam à existência oito ecossistemas vegetais identificados, espécies animais ameaçadas de extinção, 82 espécies de plantas medicinais, 207 espécies de aves, 90 espécies de peixes, sítios arqueológicos e cachoeiras, entre outros atrativos naturais. O livro “Parque Martírios–Andorinhas: conhecimento, história e preservação” remonta esse cenário natural, com uma literatura científica, permeada por um acervo fotográfico riquíssimo.
Livraria do Campus
PRÓXIMOS LANÇAMENTOS
Rua Augusto Corrêa, n.1, Campus Universitário do Guamá. Fone: (91) 32017911. Livraria da Praça: Instituto de Ciências da Arte da UFPA. Praça da República s/n Fone: (91) 3241-8369
n 1 - “URGÊNCIAS EM ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO: diagnóstico e tratamento na criança, no adulto e na gestante”, de João Felício; n 2 - “AS AMAZÔNIAS DO SÉCULO XXI”, organizado por Sérgio Rivero; n 3 - “POESIA”, de Paulo Plínio Abreu; n 4 - “TRÊS SENTIDOS FUNDAMENTAIS NA OBRA DE PAULO PLÍNIO ABREU”, de Célia Bassalo; n 5 - “DESMISTIFICANDO A PESQUISA CIENTÍFICA”, de Valéria Rodrigues de Oliveira.
Serviço O lançamento do livro “Parque Martírios– Andorinhas: conhecimento, história e preservação”, será no dia 02 de dezembro, às 19h, no espaço São José Liberto (Pólo Joalheiro).
Com base na geriatria e na gerontologia, o principal critério para uma velhice saudável é manter a capacidade funcional pelo maior tempo possível de vida. Capacidade funcional, nesse sentido, quer dizer independência e autonomia. A independência está ligada à capacidade física de se locomover, a aspectos que se relacionam com fatores genéticos e a bons hábitos. Já a autonomia se associa à capacidade de ter controle próprio, de ter poder de decisão, é determinada por condições de bemestar emocional, ou seja, por fatores psicológicos. “Do ponto de vista da psicologia, a manutenção da capacidade funcional na velhice depende não apenas de fatores biológicos, mas também de fatores psicológicos como os das crenças de controle e de auto-eficácia. Pessoas que acreditam possuir o comando sobre suas próprias vidas e se esforçam para atingir suas metas ou que confiam na excelência de seu próprio desempenho conseguem se manter mais independentes”. A constatação é da psicóloga e professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFPA, Hilma Khoury.
Dentre as inúmeras pesquisas coordenadas pela especialista, está a intitulada “Percepção de controle e envelhecimento bem-sucedido”, desenvolvida em 2005/07, que analisou a vida de 471 idosos paraenses, entre 60 e 101 anos de idade. “Observamos que o controle primário, a crença que o idoso tem de que é capaz de exercer esforços para modificar o ambiente e atingir suas metas, em média, é mais comum do que a crença no controle secundário, observado quando a pessoa tende a se adaptar às novas condições ofertadas diante do insucesso”, explica. Isso demonstra que, apesar da idade avançada, o idoso paraense ainda se sente estimulado a sonhar e a realizar seus próprios sonhos. Tais conclusões são reiteradas pelo projeto de extensão “Velhice bem-sucedida: intervenções psicológicas para adaptação ao envelhecimento, a promoção da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida”, que tem como principal ação a Oficina de Desenvolvimento Psicossocial para Idosos, técnica que os estimula a desenvolver crenças e comportamentos de controle e de auto-eficácia, dando novo significado à terceira ida-
Mácio Ferreira
outro lado, alguns autores desistiram no meio do caminho ou não deram crédito à obra, e isso é normal”. O pesquisador ressalta que a novidade da publicação é justamente a interface entre as disciplinas, “tentamos agregar todas as pessoas que queriam estudar o parque ou que necessitavam complementar seus estudos, fizemos dois projetos e muitas campanhas de campo. Foi uma metodologia diferente que agregou grupos que nunca tinham trabalhado juntos, e precisaram rediscutir seus métodos numa perspectiva de estudos multidisciplinares integrados, cuja diretriz foi a questão ambiental”, afirma. O objetivo foi identificar, a fundo, as condições de preservação do Parque e levantar todo o potencial desconhecido, o que resultou, inclusive, na descoberta de novos espécimes. “Foi necessário fazer um diagnóstico do Parque a fim de se obter um documento base para disponibilizar aos gestores, seja da região, seja do governo do Estado, com o propósito de incentivar investimentos para a educação ambiental, para a preservação ou mesmo para o manejo ecológico do local”, revela Gorayeb. O livro é fruto de uma iniciativa anterior realizada pelo Instituto de Geociências da UFPA, o “Projeto Parque Estadual da Serra dos Martírios/Andorinhas: estudos integrados para conhecimento e preservação”. A proposta, desenvolvida em duas etapas, foi coordenada, preliminarmente, pelo Prof. Dr. Francisco de
abelos brancos, pele enrugada, perda da vitalidade física. Esses são os sintomas do envelhecimento. Porém, ao contrário do que muitos pensam, a idade avançada, por si só, não caracteriza ou determina obrigatoriamente o estado de doença. Mais do que nunca, estudos sobre o tema comprovam que a qualidade de vida, na terceira idade, depende muito mais da cultura e força de vontade do ser humano em manter hábitos de vida saudáveis e auto-estima elevada em todas as fases de sua existência do que de qualquer outro motivo. Tais dados estão fundamentados nas pesquisas do geriatra e professor do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Pará, Yúji Magalhães Ikuta que, no momento, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), desenvolve investigações sobre a “Fragilidade dos Idosos Brasileiros”. A iniciativa, denominada Rede FIBRA, envolve pesquisadores de diversas cidades. O objetivo é coletar o máximo de informações para que seja possível traçar um perfil geral sobre a situação de saúde da pessoa idosa no País. Atualmente, em Belém, a pesquisa está em fase de diagnóstico. A intenção é entrevistar cerca de 600 idosos em vários bairros da capital, de diferentes idades e de diversas classes sociais. De acordo com a pirâmide populacional brasileira, existem no País cerca de 17,5 milhões de idosos, o que corresponde a mais de 10% do total da população nacional. A estimativa é de que esse número possa dobrar em até 30 anos. Segundo o professor Ikuta, esses indicadores revelam uma
Reprodução Alexandre Moraes
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magine um lugar de beleza cênica peculiar, com destaque no relevo, repleto de cachoeiras, trilhas ecológicas, cavernas e rios subterrâneos em plena transição Cerrado-Floresta Amazônica, tendo o rio Araguaia, com suas águas verdes e cristalinas, à margem. Esse paraíso natural, que esconde vestígios da presença de povos primitivos e detém uma biodiversidade rara, é o cenário do livro “Parque Martírios–Andorinhas: conhecimento, história e preservação”, publicado pela Editora da UFPA. A obra, fruto de diversas pesquisas interdisciplinares sobre o Parque Estadual da Serra dos Martírios-Andorinhas, foi editada pelo Prof. Dr. Paulo Gorayeb do Instituto de Geociências que, desde 2005, vem trabalhando na publicação juntamente com outros pesquisadores. O Parque Martírios–Andorinhas é uma unidade de conservação da natureza, localizado na Mesorregião Sudeste Paraense, no município de São Geraldo do Araguaia, divisa com o Estado do Tocantins e é gerenciado pela Secretaria de Meio Ambiente do Governo do Pará. A área recebeu o nome “Martírios” em função da presença de figuras rupestres grafadas em rochedos no leito do rio Araguaia, as quais se assemelhavam aos instrumentos do martírio de Jesus Cristo. A denominação “Andorinhas” é graças à grande quantidade de aves dessa espécie que transita na região. Este fato chamou a atenção dos militares por lá instalados durante a Guerrilha do Araguaia, na década de 70, que passaram a chamá-la “Serra das Andorinhas”. Com um potencial turístico destacável, são poucos os paraenses e brasileiros que ouviram falar ou conhecem o Parque. “O turismo é praticamente inexplorado. A maioria das pessoas que visita o local é com o apoio da Fundação Serra das Andorinhas, porém são situações isoladas. Grande parte dos turistas é composta por praticantes do ecoturismo, por estrangeiros e aventureiros”, conta o professor Gorayeb.
Pesquisa traça perfil da população idosa Jéssica Souza
Paulo Gorayeb
Tamiles Costa
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Hilma Khoury: capacidade funcional de. Atualmente, o projeto atende dois grupos específicos: o da UNITERCI, que funciona às segundas-feiras, na UFPA, e o da Casa do Idoso, que se reúne às quartas-feiras. Os resultados da ação são medidos mediante a aplicação de questionários, antes e após a realização das oficinas, que comprovam as mudanças de mentalidade e a melhora na auto-estima dos participantes. O conflito emocional vivenciado pelo idoso envolve, ainda, a sensação de inutilidade e a cultura de que a velhice é sinônimo de improdutividade. Sentimento que se intensifica no
momento da aposentadoria, em que os idosos são obrigados a deixar seus postos de trabalho. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), porém, demonstram que mais de 30% dos aposentados, no Brasil, voltam a trabalhar após conquistarem o benefício. A idéia mais comum sobre o que motiva essa atitude é a de que o aposentado ganha pouco. Mas os estudos de Hilma Khoury apontam outras razões: “o trabalho é uma variável importante na construção da identidade do sujeito”. A pesquisa “Motivos psicossociais para o retorno de aposentados ao trabalho”, também coordenada pela psicóloga, entrevistou 217 aposentados paraenses. Destes, metade possuía renda elevada (mais de R$ 3 mil) e a outra metade era de baixa renda (menos de R$ 3 mil). Em nenhum dos grupos, o aumento da renda foi a motivação principal para voltarem ao “batente”. “Resultados que corroboram que o trabalho é muito mais que ganha-pão, é atividade norteada, principalmente, por fatores psicossociais de quem quer conviver com outras pessoas e manter-se econômica e intelectualmente ativo”.
4 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008
BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 –
UNITERCI
Eleições
Projetos estão abertos à comunidade
Reitoria: quatro chapas estão na disputa
Para participar, é preciso ter, no mínimo, 55 anos e vontade de aprender
O
ATUALIZAÇÃO – Para ingressar no programa, o interessado precisa ter, no mínimo, 55 anos. A faixa etária dos participantes varia de 60 a 80 anos, sendo que a maioria é de classe bai-
Saiba mais sobre o processo eleitoral e as propostas dos candidatos
Fotos Alexandre Moraes
Andréa Mota envelhecer na sociedade brasileira já faz parte do presente. A priori, sempre foi o destino de cada um. Hoje, faz-se a reflexão: quantos serão os homens e as mulheres que chegarão à velhice ao mesmo tempo, num mesmo espaço e exigindo o amparo, do qual, nesta fase, tanto se precisa? Como contemplar tantas mudanças, projetos de vida e sonhos? Quem serão esses homens e mulheres? Criada em 1991, na Universidade Federal do Pará , a Universidade da Terceira Idade (UNITERCI) nasceu com o objetivo de pensar o envelhecimento, visando à produção de conhecimento científico. Logo em seguida, o programa propôs ampliar essas discussões aos próprios idosos, para que reflitam sobre sua condição na sociedade. “Inicialmente, ele se chamava ‘Curso de Atualização Cultural na Terceira Idade’ e passou por várias formatações. O programa propõe um novo saber sobre os idosos, por meio de uma perspectiva inter e multidisciplinar. Assim, contribui para a ressignificação de valores culturais, vivência e saber, formando sujeitos ativos no processo político e cultural desta fase da vida”, afirma a socióloga Maria Leonice de Alencar, Coordenadora da UNITERCI e Mestre em Serviço Social pela UFPA.
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Inclusão digital é um dos cursos oferecidos pela Universidade xa. Dentre os mais de 900 idosos que passaram pela UNITERCI, mais de 80% eram mulheres. “O número de mulheres é maior que o de homens. Ainda há muita resistência do homem em participar desse tipo de atividade”, destaca a coordenadora do Programa. Todo ano é formada uma turma de 40 alunos para o curso de Atualização Cultural. Hoje, o Curso de Atualização é a porta de entrada para
os demais projetos. Além dele, existem “Educação Permanente na Área de Graduação”, “Terceira Idade na Amazônia: Arte e Cultura”, “Corpo, Movimento e Qualidade de Vida na Terceira Idade” e o “Projeto de Inclusão Digital”. Todos esses projetos têm parceria com as faculdades da Universidade, entre as quais, as de Letras, Comunicação, Turismo, Pedagogia, Psicologia, Engenharia Elétrica e Engenharia Civil.
A
s eleições para os cargos de Reitor e de Vice-Reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), para o quadriênio 20092013, se aproximam, configurando não só um momento de intensa discussão e reflexão, mas também de dúvidas. Incertezas acerca do processo eleitoral ainda permeiam o universo dos eleitores, composto por docentes, técnico-administativos e alunos. Quem pode votar? Qual o peso de cada voto? O candidato mais votado na consulta à comunidade acadêmica está automaticamente eleito? São algumas das perguntas freqüentes. Segundo a Resolução n. 653, de 03/10/08, que institui o Regimento Eleitoral para fins de consulta direta à comunidade universitária sobre a escolha de candidatos, poderão votar: professores efetivos, substitutos e visitantes, assim como os alunos matriculados e os técnico-administrativos no exercício do cargo. Servidores legalmente afastados da Instituição, por motivo de Licença para Tratamento de Saúde, Licença-
P=
[(VD/UD) + (VT/UT) + (VA/UA)] x 33%, onde:
P=
Pontos obtidos por determinada chapa;
VD = Votos atribuídos à chapa pelos docentes; VT = Votos atribuídos à chapa pelos técnico-administrativos; VA = Votos atribuídos à chapa pelos alunos; UD = Universo dos docentes aptos a votar; UT = Universo dos técnico-administrativos aptos a votar; UA = Universo dos alunos aptos a votar. Maternidade, Licença-Prêmio e para qualificação profissional, também são eleitores. Já os servidores cedidos para órgãos externos, os terceirizados, os pensionistas e os aposentados não poderão votar, bem como os licenciados para tratar de interesses particulares. Por meio da reunião do Conselho Universitário da Universidade Federal do Pará (CONSUN), no dia 22 de setembro deste ano, optou-se
por manter o voto proporcionalparitário às três categorias. Para resolver a questão relacionada à superioridade do número de estudantes em relação ao número de professores e de técnicos, o CONSUN elaborou uma fórmula que permite a equivalência numérica entre as categorias. Em caso de empate, será considerado eleito, em primeira instância, o candidato mais antigo no magistério superior. Caso persista o empate, é
eleito o mais idoso. De acordo com Francisco Freitas, membro da Comissão Eleitoral, o Regimento estende-se para os campi e Núcleos do interior do Estado. “É muito importante que os candidatos não se esqueçam de que, no interior, está concentrada boa parte do eleitorado, com uma enorme demanda e muitas expectativas com relação aos novos dirigentes”, ressalta o professor. Um detalhe fundamental é que o pleito não termina com a apuração dos resultados finais da consulta à comunidade universitária. É necessária a elaboração, pelo CONSUN, de uma lista tríplice, indicando os nomes dos três candidatos mais votados, em ordem decrescente, para os cargos de Reitor e Vice-Reitor. A lista é, então, encaminhada ao MEC para que o Presidente da República e o Ministro da Educação decidam por uma das três chapas. Apesar da exigência legal, Francisco Freitas diz que tem sido uma tendência a escolha pelo candidato que obteve mais votos nas eleições, corroborando o caráter democrático do processo.
Perfil dos candidatos e as principais propostas de cada chapa
Maria Leonice: um novo saber sobre os idosos
n Atualização Cultural
n Parceria com a juventude
O projeto “Atualização Cultural na Terceira Idade” realiza atividades duas vezes na semana e conta com uma equipe interdisciplinar. Dentre as atividades, estão palestras interativas, oficinas, exposições dialogadas e visitas exploratórias. “O objetivo do curso é possibilitar a atualização cultural de homens e mulheres, a partir de 60 anos, sobre assuntos relacionados à Geriatria, ao Direito do Idoso, às políticas sociais e às relações interpessoais”, afirma a Profª. Maria Leonice. São quatro módulos: acolhimento, fisiologia do envelhecimento, alimentação e direitos do idoso. O acolhimento propõe ao idoso conhecer o espaço no qual ele irá desenvolver o projeto. É o reconhecimento do espaço da UFPA. O segundo módulo é o aspecto biológico da velhice. “Contamos com a ajuda dos Hospitais Universitários Bettina Ferro e Barros Barreto na indicação de profissionais da saúde, para ministrar palestras e oficinas sobre saúde do idoso”. A parceira entre UNITERCI e Faculdade de Nutrição auxilia na escolha de uma alimentação mais saudável.
A UNITERCI também conta com a parceria da Faculdade de Psicologia. A finalidade é trabalhar o desenvolvimento psicossocial na Terceira Idade. Dentre as atividades desenvolvidas, estão oficina de autoestima e discussões sobre sexualidade na velhice. “Trabalhamos para a melhoria da qualidade de vida desse idoso, a valorização dele enquanto sujeito de direitos e também para sua autonomia”, afirma Maria Leonice. O projeto incentiva-os a se verem como protagonistas da sua realidade, em parceria com a juventude. “Aprendi a lidar com os mais jovens. Parecia até que vivíamos em mundos diferentes, mas isso não pode acontecer. Assim como o jovem pode aprender com o idoso, nós podemos aprender com eles”, comenta Dona Nair. Depois do curso de Atualização Cultural, o idoso está “preparado” para participar dos demais projetos. A “Educação Permanente na Área da Graduação” proporciona aos usuários assistir a aulas em cursos de graduação. “Os idosos participam das aulas como ouvintes, mas acabam desenvolvendo as mesmas atividades que os alunos”, reforça a coordenadora. Segundo Maria Leonice, o projeto
O módulo seguinte discute as leis voltadas para o idoso. Os alunos conhecem seus direitos e deveres por intermédio do Estatuto do Idoso e das demais leis que tratam dessa questão. Eles aprendem onde procurar orientação sobre o Estatuto, quais leis que lhe asseguram seguridade social e quais os avanços no cumprimento dessas leis. Além disso, os alunos vivenciam a prática dessas discussões com as visitas exploratórias. “Buscamos sempre fazer a relação entre teoria e prática. Quando discutimos o Estatuto, fazemos visitas nas entidades que trabalham com os idosos para observar se o direito do usuário é garantido”, ressalta. Dona Nair Moura, de 61 anos, lembra que, quando entrou no curso de Atualização Cultural, não conhecia seus direitos. Ela já havia participado de um grupo da Terceira Idade. Lá, amigos lhe indicaram o programa. “Ele ajudou a aumentar meus conhecimentos. Aprendi sobre direitos e obrigações. As leis mudaram, então precisamos evoluir, não podemos ficar pra trás”.
Ana Carolina Pimenta
possibilita a troca de conhecimentos, facilita a relação entre as gerações e promove uma mudança de percepção do idoso sobre seu processo de envelhecimento. Dentre as faculdades que participam do projeto, estão as de Comunicação, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social. HABILIDADES – O projeto “Terceira Idade: Arte e Cultura” quer despertar, no idoso, suas habilidades artísticas. Ele é desenvolvido em parceria com os cursos de Artes e Comunicação Social. São realizadas atividades de canto, dança, teatro, oficinas de artes manuais e artesanais no Atelier de Artes da UFPA. Dona Nadir Farias entrou na UNITERCI aos 69 anos. Hoje, aos 83, já produziu cinco livros: três de poesias e duas antologias. Além disso, ela participa de atividades teatrais e de aulas de língua estrangeira. A UNITERCI também contribui para a produção científica sobre a velhice. O projeto “Ações Investigativas, Produção, Intercâmbio e Sistematização de Conhecimentos da Área da Gerontologia” é vinculado ao Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento Humano na Amazônia (SENECTUS).
“Gestão Democrática e Participativa na UFPA”
“Ricardo / Habib Fraiha”
“Compromisso de fazer ainda mais”
“PRA FAZER MELHOR”
Regina Fátima Feio Barroso (Reitora) - professora associada do Curso de Odontologia, do Instituto de Ciências da Saúde/UFPA. Mestre e Doutora em Odontologia Social pela UFF. Atualmente, ocupa o cargo de ViceReitora. Licurgo Peixoto de Brito (Vice-Reitor) - professor adjunto do Instituto de Ciências Exatas e Naturais/UFPA. Doutor em Geofísica pela UFPA e Pós-Doutor em Geociências pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Atualmente, está à frente da Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (PROEG).
Carlos Edilson Maneschy (Reitor) - professor titular da Faculdade de Engenharia Mecânica/UFPA, pesquisador do CNPq e consultor da CAPES. Foi professor associado da PUC-Rio e da Universidade de Pittsburgh, diretor da FADESP. Horácio Schneider (Vice-Reitor) - professor da UFPA no Campus de Bragança. Pós-doutor pela Universidade de Stanford. Participou da gestão administrativa do Reitor José Seixas Lourenço, foi vice-coordenador do NUMA. Atualmente exerce o cargo de diretor geral do Instituto de Estudos Costeiros do Campus de Bragança.
Ana Maria Tancredi Carvalho (Reitora) - professora associada da Faculdade de Educação/UFPA. Doutora em Educação pela Unicamp. Coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Infantil. Já foi Pró-Reitora de Ensino de Graduação. Petrônio Medeiros Lima (Vice-Reitor) - professor associado da Faculdade de Engenharia Mecânica do Instituto de Tecnologia da UFPA. Doutor em Engenharia Mecânica pela Unicamp. Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica e Processos de Fabricação.
Ricardo Ishak (Reitor) - professor titular do Instituto de Ciências Biológicas/ UFPA. PhD pela Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres. Exerceu cargos de presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, diretor do ICB e coordenador do Programa de PósGraduação. Habib Fraiha Neto (Vice-Reitor) pesquisador aposentado do Instituto Evandro Chagas e professor adjunto do Núcleo de Medicina Tropical/ UFPA. Doutor em Ciências Biológicas por mérito de produção científica pela UFPA. É membro da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
PROPOSTAS DE TRABALHO
PROPOSTAS DE TRABALHO
PROPOSTAS DE TRABALHO
PROPOSTAS DE TRABALHO
Melhoria de infra-estrutura para os cursos de graduação e pós-graduação, atualizando seus equipamentos e ferramentas de laboratórios, suas secretarias, bibliotecas setoriais e seus acervos bibliográficos;
Atenção especial para a graduação, com melhorias nas atividades de pesquisa e extensão. Consolidar ações de pesquisa e pós-graduação em todos os campi. Ampliar a assistência estudantil;
Desenvolver uma política de fortalecimento dos programas de pós-graduação stricto sensu não consolidados e estimular a criação de novos cursos, em especial, nos campi do interior. Ampliar bolsas de Iniciação Científica;
Melhoria da qualidade do ensino, pesquisa e extensão (ampliação das atividades acadêmicas, incluindo mudança no papel das Pró-Reitorias, para que atuem como promotoras do desenvolvimento);
Implantação de uma política de assistência estudantil, discutida com o corpo discente, tendo em vista a permanência e o êxito acadêmico de estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica;
Investir na construção e reforma de prédios para atender necessidades básicas como laboratórios de ensino, bibliotecas setoriais, sala de professores e espaço para atendimento a alunos;
Implantar um modelo de gestão que envolva toda a comunidade nos processos de discussão e decisão das políticas universitárias. Dinamizar e democratizar os fóruns existentes;
Modernização da gestão com desburocratização dos serviços e a descentralização dos recursos para as unidades executoras em 30% no primeiro ano (incluindo-se a mudança da matriz orçamentária);
Aperfeiçoamento da política de saúde, segurança e meio ambiente, visando à melhoria das condições de trabalho e de assistência social ao corpo funcional.
Humanização e valorização das relações e ambiente de trabalho. Ampliar o nível de qualificação dos servidores, incentivando a pós-graduação para docentes e técnicos.
Site: http://www.reginareitora.net/
Site http://www.maneschyreitor.net/
Fortalecer uma política de bolsas em todos os campi, envolvendo bolsa de extensão, bolsa de monitoria e de iniciação cientifica. Viabilizar a melhoria de moradias estudantis. Site http://www.anatancredireitora. com.br/
Os candidatos estão dispostos por ordem de inscrição e homologação das chapas junto à Comissão Eleitoral
Promoção do bem-estar da comunidade universitária, incluindo ações compromissadas com as necessidades sociais e a promoção da cidadania. Site: blog em construção
8 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará –Dezembro, 2008
BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008 –
Divulgação Científica
Programa é referência nacional
n Servidores e dirigentes satisfeitos
NPADC: mudança representou mais qualidade no atendimento aos estudantes norteadores para todo esse processo. Depois de tudo, percebemos que era preciso ir além e usar essas informações para potencializar o serviço público”, relembra a Pró-Reitora. Como segunda etapa dessa reavaliação institucional, o Redimensionamento busca a realocação de servidores para potencializar e aproveitar melhor suas habilidades e competências, além de adequar o quadro de pessoal às necessidades institucionais da UFPA. Participam do Programa 190 profissionais. Deste universo, 16 pessoas foram realocadas anteriormente ao processo, 55 receberam novas atribuições e permaneceram no mesmo setor, 32 ainda estão sendo avaliadas pela PROGEP e 87 já estão em um novo ambiente de trabalho. Segundo Sibele, “o Dimensionamento e o Redimensionamento atendem a orientações da Lei nº 11.091/95, elaborada pelo MEC, e
RADIOGRAFIA – Com a “radiografia” da Universidade em mãos, era hora de usar essas informações em prol da melhoria das atividades desenvolvidas na UFPA. “Observamos cada Campus, Instituto, Núcleo e Órgão da Administração Superior. Entrevistamos os servidores e conversamos também com os dirigentes para elaborar coletivamente princípios
Alexandre Moraes
A
Universidade Federal do Pará é pioneira na implementação do “Programa de Dimensionamento e Redimensionamento de servidores” entre as instituições federais de ensino superior. “Por meio dessas ações, hoje, a UFPA tem um diagnóstico preciso de sua força de trabalho. O que nos coloca à frente no que diz respeito ao gerenciamento de pessoas. Sabemos quem são os nossos profissionais, o que eles fazem, onde estão e também temos planos e expectativas sobre como eles podem crescer e contribuir, ainda mais, para que a UFPA desempenhe seu papel junto à sociedade”, garante Sibele Bitar Caetano, à frente da Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal (PROGEP). O diagnóstico da UFPA foi elaborado entre março de 2006 e dezembro de 2007, por meio do Programa de Dimensionamento, “naquele primeiro momento, nós precisávamos saber quem efetivamente fazia esta Universidade. Por isso, investigamos os dados quantitativos como, por exemplo, número de servidores. No entanto, era fundamental perceber a realidade desses profissionais a partir de um ponto de vista também qualitativo”.
Alexandre Moraes
Elaborado por orientação do MEC, o objetivo é melhorar o serviço público
Sibele Bitar: "radiografia" da UFPA ao Plano Institucional de Desenvolvimento da UFPA, criado em 2001. De acordo com a legislação, as universidades devem manter um Programa de Dimensionamento de sua força de trabalho. Até agora, apenas a UFPA conseguiu concluir este Dimensionamento e aplicá-lo por meio do Redimensionamento”.
n UFPA é pioneira na execução de Redimensionamento local mais apropriado para ele desempenhar suas atividades. Isso é de uma significância muito grande para a instituição, porque fazer o funcionário entender que precisa ser remanejado exige um trabalho de ‘catequese’ para se obter resultado”, analisa. Segundo José Athayde, o processo de redimensionamento, adotado pela UFPA, foi desenvolvido de modo criterioso. “A PROGEP fez um trabalho didático, integral. Cada detalhe foi pensado. A equi-
pe da Pró-Reitoria não é grande, mas é de alto nível condicional”, avalia. De acordo com o superintendente, existe a intenção de levar para a UFF o modelo utilizado pela UFPA. “Temos o desejo de adotar a proposta, mas antes, precisamos apresentá-la à direção superior. Este é um trabalho que, sem o apoio do Reitor, fica impossível de ser realizado. Aqui, na UFPA, a Reitoria acolheu a iniciativa. Essa é uma tarefa que, sem a concordância da comunidade, das direções das unidades e das chefias de cada setor, não vai adiante”.
Mácio Ferreira
O Programa de Dimensionamento e Redimensionamento da UFPA foi apresentado a 54 universidades no II Seminário Nacional de Capacitação de Instituições Federais de Ensino, realizado no Rio de Janeiro, em setembro deste ano. O pioneirismo da Instituição surpreendeu a todos e despertou o interesse de outras universidades. Pouco tempo depois, no dia 17 de outubro, o superintendente de Recursos Humanos da Universidade Federal Fluminense (UFF), José Antônio Athayde Ribeiro, e a Assessora de Recursos Humanos da UFF, Ana Tércia Rodrigues Bastos, visitaram a UFPA para conhecer de perto os Programas. José Athayde acha que a realocação de pessoal é uma fonte de respostas para todas as dificuldades inerentes à área de Recursos Humanos, “é um trabalho de alto nível que vai render muitos frutos”. O Superintendente enxerga o Redimensionamento como um meio de agregar valor à instituição a partir do melhor aproveitamento do corpo funcional. “O servidor não é movimentado porque é ruim, mas porque existe um
De acordo com José Athayde, UFF pretende adotar modelo da UFPA
Para a coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Matemática e Científica da UFPA (NPADC), Terezinha Valim, o Programa de Redimensionamento foi um marco para a gestão na Universidade. “Como administradores, sabemos da importância de trabalharmos com servidores capacitados, participativos e felizes. Isso representa mais qualidade e respeito no ensino e no atendimento aos estudantes”, revela. “O Redimensionamento nos traz a possibilidade de melhorar nosso trabalho e o NPADC é um exemplo de que a Universidade mudou para melhor. Antes, mantínhamos nosso Programa de PósGraduação atendendo mais de 900 pessoas com um quadro reduzido de pessoal. Hoje, temos servidores que estão mais satisfeitos e atendem melhor as necessidades dos nossos alunos”. O coordenador do Programa de Pós-Graduação do Núcleo, Tadeu Oliver, diz que outra vantagem do Redimensionamento foi o diálogo aberto durante sua implementação. “Não foi algo imposto ou arbitrário. Nós participamos ativamente de cada etapa, de cada decisão ao longo desses dois anos. O Redimensionamento foi apresentado e discutido pela comunidade acadêmica e está fundamentado em princípios e matrizes que nortearam cada passo do Programa. A grande maioria dos técnicoadministrativos está contente com os resultados”. AVALIAÇÃO – De acordo com 75,38% dos servidores que responderam a primeira pesquisa de avaliação do Programa de Redimensionamento da UFPA, a nova lotação irá contribuir para o seu desenvolvimento profissional; para 55,38% deles, a Universidade levou em conta suas habilidades e competências ao promover a realocação e 80% se dizem satisfeitos com seu atual local de trabalho. Os gestores das unidades acadêmicas e administrativas envolvidas no Programa também avaliam positivamente o Redimensionamento. Para 80,95% deles, houve uma potencialização do desempenho institucional na UFPA e 76,19% contam que o Programa atendeu as demandas administrativas de sua unidade. “Eu estou muito feliz”. É como Wilson Machado, servidor da UFPA há 35 anos, explica as vantagens de participar do Programa, “mudar às vezes assusta um pouco, mas, na verdade, essa é uma mudança para melhor. É uma oportunidade para novos desafios, novos aprendizados e para conhecer novas pessoas também. Fico feliz em fazer parte disso e poder contribuir mais com a Universidade”.
Especialistas em divulgar a Amazônia Livros, revistas e papers compõem as linhas editoriais do NAEA
Glauce Monteiro
A
o longo de seus 35 anos, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da Universidade Federal do Pará (NAEA) tem se destacado na produção e divulgação de conhecimento científico sobre a região. O núcleo começou a publicar seus primeiros trabalhos logo após sua fundação, em 1973. “O NAEA é a única unidade da UFPA que possui o ‘direito de editoria’ para publicar suas obras de forma autônoma e a Editora do NAEA é a responsável por gerenciar essas publicações. Nós possuímos cadastro na Biblioteca Nacional e temos o ISBN, uma espécie de selo que certifica a qualidade do que publicamos e torna cada publicação única. Para mantermos esse direito, é necessário cumprir uma série de exigências como a manutenção de um conselho editorial e de um referee conceituado - corpo de cientistas que dão os pareceres sobre as publicações”, explica a coordenadora do Núcleo, Edna Castro. Atualmente, o Núcleo mantém cinco linhas editoriais: a revista Novos Cadernos do NAEA, os papers do NAEA, o boletim Folha
EM DIA
Alexandre Moraes
Redimensionamento
Glauce Monteiro e Tamiles Costa
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Ambientalidade
No período de 02 a 05 de dezembro, o Instituto de Artes da UFPA realiza o IV Fórum Bienal de Pesquisa em Arte, com o tema Arte e Ambientalidade. Mais informações pelo e-mail ivforumdearte@gmail.com e pelo site www. forumpesquisaemarte.ufpa.br
Seminário NAEA Prêmio NAEA: oportunidade de publicação para alunos da pós-graduação do NAEA, o Prêmio NAEA e a publicação de livros. Em média, 10 obras são lançadas anualmente. A revista Cadernos do NAEA é a mais antiga publicação do Núcleo. O primeiro volume foi lançado em 1977 e apresentava pesquisas sobre colonização, migrações e rede urbana na Amazônia. Em 1997, o projeto foi retomado, e, desde então, mais 18 volumes chegaram às prateleiras.
“Toda revista científica é o cartão de visitas de uma instituição. As instituições de pesquisa mais conceituadas mantêm revistas científicas de qualidade como um sinal de maturidade”, conta Edna Castro. Semestralmente, o corpo editorial da revista seleciona os artigos. Os textos também são divulgados no site do NAEA, seguindo o princípio de disseminação da ciência.
n Folha do NAEA vai ganhar versão impressa Os papers do NAEA são publicações mais ágeis e simples, produzidas a partir de pesquisas desenvolvidas por docentes e discentes do Núcleo, por pesquisadores de instituições parceiras da UFPA e de outras instituições de ensino superior, por professores visitantes e pesquisadores associados ao Núcleo. “Até agora, publicamos 222 papers”, comemora a coordenadora do Núcleo. Outra produção importante é a Folha do NAEA, já na sua 14ª edição. “A Folha é o nosso boletim on line. É
a tradução da produção científica de nossos pesquisadores em linguagem jornalística, cujo objetivo maior é difundir esse conhecimento a toda sociedade”, garante Edna Castro. A partir do Seminário Internacional Amazônia e Fronteiras do Conhecimento, que comemora os 35 anos do Núcleo, a Folha do NAEA também ganhará uma versão impressa e um novo layout. A publicação de livros também ganha destaque. “O principal tema dessas obras é o desenvolvimento
regional, que se desdobra em várias linhas de pesquisa, como: estado e políticas públicas, agricultura, industrialização, história social, trabalho e território, mudanças e dinâmicas ambientais, populações tradicionais, unidades de conservação e migrações”, explica a coordenadora, membro do Conselho Editorial. Nos últimos anos, com uma média de seis a oito lançamentos por ano, o NAEA mantém um estande permanente na Feira Pan-Amazônica do Livro, realizada em Belém.
n Os melhores ganham publicação como prêmio O Prêmio NAEA tornou-se outra oportunidade de publicação para os alunos do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Desenvolvimento do Trópico Úmido (PDTU) do NAEA. A cada dois anos, são premiadas duas teses de doutorado e duas dissertações de mestrado. Segundo Edna Castro, o Prêmio compõe um importante acervo da Instituição. “Para a Universidade, o Prêmio é uma forma fundamental de divulgação científica. Para os alunos, esse é um título com dois horizontes que garante, de um lado, a credibilidade no mundo do trabalho e, de outro, incentiva a continuidade da pesquisa sobre a Amazônia”. Para o Prof. Dr. Sérgio Bacury, docente da Faculdade de Ciências Econômicas da UFPA e um dos vencedores da última edição do Prêmio, esta é uma oportunidade única para os cientistas difundirem seus estu-
dos sobre a realidade amazônica, “o NAEA tem se evidenciado como uma das mais importantes unidades de produção do conhecimento científico sobre a/na Amazônia, capacitando e formando profissionais e pesquisadores, servindo como um instrumento de divulgação das pesquisas acerca da realidade amazônica. Eu mesmo sou fruto dessa realidade, pois minha formação em nível de pós-graduação foi adquirida no NAEA. Ao ser premiado pela Instituição, será possível divulgar a minha tese de doutorado na forma de livro, e isso fará com que a minha produção científica sobre o desenvolvimento da Amazônia seja amplamente divulgada e conhecida por todos aqueles que se preocupam e lutam pela região. Este é o meu maior presente e agradeço ao NAEA por isto”. Apesar da relevância dos trabalhos publicados, a coordena-
dora esclarece: o objetivo não é publicar, por meio do NAEA, toda produção do Instituto. “A nossa meta real é que nossos pesquisadores publiquem fora do Núcleo. Tentar centralizar tudo aqui seria um movimento contrário ao nosso maior objetivo, que é tornar visível a produção de pesquisas desenvolvidas na Amazônia”.
Serviço As publicações do NAEA estão disponíveis para a venda na sua Editora ou pelo telefone (91) 3201.7696. Parte da produção está disponível no endereço eletrônico www.ufpa.br/naea. As obras também podem ser consultadas na Biblioteca Prof. José Marcelino Monteiro da Costa, que funciona no Núcleo.
Em comemoração aos seus 35 anos, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA) realiza, nos dias 9, 10 e 11 de dezembro, em Belém, o Seminário Internacional “Amazônia e Fronteiras do Conhecimento”. O seminário visa fortalecer o diálogo entre as instituições de ensino superior da Amazônia e atualizar o debate sobre a sustentabilidade social e ambiental.
Fórum Social
De 27 de janeiro a 1º de fevereiro de 2009, Belém abrigará o Fórum Social Mundial (FSM). O evento ,não-governamental e não-partidário, estimula o debate, a troca de experiências e a formulação de propostas para a construção de um mundo mais solidário e democrático. Sediado pela primeira vez na Pan-Amazônia, o Fórum terá suas atividades abrigadas nas universidades Federal do Pará (UFPA) e Federal Rural da Amazônia (UFRA).Mais pelo site www. fsm2009amazonia.org.br
Avaliação
A Pró-Reitoria de Ensino de Graduação da UFPA realiza, nos dias 10, 11 e 12 de dezembro, o III Seminário de Avaliação “Avaliar competências e a competência para avaliar”. O objetivo do evento é refletir sobre projetos e programas de auto-avaliação do ensino da graduação da UFPA, além de promover a troca de experiências nas áreas de planejamento e avaliação da aprendizagem no ensino da graduação.
PSS 2009
Este ano, 57.609 mil pessoas disputarão as 5.362 vagas do Processo Seletivo Seriado da Universidade Federal do Pará (PSS 2009) na capital e no interior. As provas acontecerão nos dias 07/12 (1ª Fase), 11/01 (2ª Fase) e 1º/02 (3ª Fase). Todas as informações referentes às inscrições, ao edital e ao Manual do Candidato já estão disponíveis no site do Centro de Processos Seletivos - CEPS (antigo DAVES), www.ceps.ufpa.br
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Pesquisa
NAEA comemora 35 anos dedicados ao desenvolvimento da Pan-Amazônia C
riado em 1973, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos está completando 35 anos de pesquisas científicas interdisciplinares sobre o processo de desenvolvimento da Pan-Amazônia, a imensa região do continente sul-americano que abrange nove países. A idéia de criá-lo, porém, surgiu um pouco antes, em meio aos agitados dias do ano de 1968, durante os debates de professores e alunos da antiga faculdade de Ciências Econômicas da UFPA, àquela altura, paralisada por uma das primeiras greves da história das universidades brasileiras. Rica em dinâmicas sociais, a década de 1960 clamou por mudanças e transformações das estruturas sociais e de poder em todo o mundo. Na América Latina, o processo de luta da sociedade por liberdade democrática e autonomia tornou-se insuportável para os segmentos conservadores da sociedade. Uma sucessão de golpes militares ocorreu, colocando, em campos opostos, governos e sociedade civil organizada. O ano de 1968 tornou-se um marco na década, sobretudo devido à explosão dos movimentos estudantis em todo o mundo. É neste contexto de luta por mudanças que surgiu a idéia da criação do NAEA. Professores e alunos de Economia, entre os quais, Armando Mendes, Nelson Ribeiro, José Marcelino Monteiro da Costa, José das Neves Capela, Sebastião Ramalho e Alexei Turenko, pensavam num núcleo que funcionasse com metodologia interdisciplinar por absoluta falta de professores com titulação suficiente para implantar uma pós-graduação específica em Economia. Para que a experiência original se efetivasse, era necessária, porém, a definição de um conceito-chave em torno do qual as outras disciplinas se unissem. Esse conceito seria o planejamento do
n Estudo sobre colonização da Belém-Brasília iniciou pesquisas
Núcleo tem contribuído para formação e qualificação de pesquisadores e profissionais da região desenvolvimento regional. Segundo José Marcelino, um dos fundadores e primeiro coordenador do NAEA, “só é possível trabalhar o planejamento do desenvolvimento em equipe interdisciplinar, pois o exercício requer participação de várias áreas do conhecimento”. ESPECIALIZAÇÃO – O NAEA inaugurou suas atividades em fevereiro de 1973, com a execução do I Programa Internacional de Treinamento em Projetos de Desenvolvimento de Áreas Amazônicas (FIPAM), curso de pós-graduação em nível de especialização, funcionando em tempo integral e com atividades diárias (aulas pela manhã e produção de monografia à tarde). Inicialmente, o Núcleo funcionou na Faculdade de
Ciências Econômicas, na Avenida Nazaré. Posteriormente, foi para o campus do Guamá, ocupando parte do andar superior do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, lá permanecendo até a construção do prédio atual, realizada com apoio do Ministério das Relações Exteriores e da Fundação Ford. De acordo com José Marcelino, esse apoio foi decisivo ao possibilitar também a contratação de professores brasileiros e estrangeiros qualificados, e ao garantir uma quota de cinco alunos da Pan-Amazônia em cada seleção para o FIPAM. Quatro anos depois da implantação da especialização, o NAEA criou o seu curso de Mestrado em Planejamento do Desenvolvimento (Plades). A socióloga Edna Castro, aluna do I FIPAM e atual coordenado-
n Proposta pioneira ainda encontra resistência Para o geógrafo colombiano Luis Aragón Vacca, coordenador do NAEA, de 2000 a 2004, o Núcleo, ao longo da sua história, rompeu barreiras e desempenhou um papel de vanguarda, tanto em termo de conceito-chave (o desenvolvimento da Amazônia), quanto na forma pioneira de conciliar ciências da natureza com ciências humanas. “O desenvolvimento da Amazônia não pode ser analisado apenas por um único viés do conhecimento”, afirma Aragón. “Trata-se de um conceito que, forçosamente, obriga à interdisciplinaridade. O NAEA enfrentou, desde a criação, todas as dificuldades decorrentes dessa proposta pioneira. Foi graças ao conceito de desenvolvimento que o Núcleo não se desintegrou, como ocorreu com outras experiências interdisciplinares, nas quais os grupos de pesquisas de áreas
Além da pós-graduação, o NAEA produz pesquisa e realiza extensão. Atualmente, existem em torno de 12 grupos de pesquisa cadastrados no CNPq. Um grupo pode reunir uma série de pesquisadores nacionais e internacionais e atuar como catalisador da intervenção do NAEA num espaço mais amplo. Um desses grupos, o projeto MEGAM (Estudos dos Processos de Mudança do Estuário Amazônico pela Ação Antrópica e Gerenciamento Ambiental), coordenado por Edna Castro, chegou a ter 63 integrantes, entre alunos e pesquisadores, a maioria de outras instituições. Os professores Luis Aragón, Rosa Acevedo, Francisco de Assis Costa, entre outros, coordenam projetos de grande envergadura. A pesquisa começou em 1974 por meio do convite feito por Samuel Sá, primeiro diretor de pesquisa do NAEA, a Jean Hébette e a Rosa
distintas não conseguiram conciliar interesses específicos”. Segundo Aragon, a interdisciplinaridade resultou no estabelecimento de uma nova atitude perante o conhecimento do outro. “A partir do conceito de desenvolvimento, todos tivemos que inventar uma espécie de linguagem própria do NAEA, que facilitasse o diálogo entre cientistas de áreas e abordagens diferentes. Isso é a interdisciplinaridade e dela resultam diversas experiências de pesquisar e ensinar”. AVALIAÇÃO – O pioneirismo, porém, rendeu ao NAEA uma certa incompreensão por parte da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) quanto à avaliação da proposta interdisciplinar. Segundo Edna Castro, a agência de fomento tinha um caráter muito disciplinar
e era refratária à idéia de multidisciplinaridade. Somente no final da década de 1990, quando outras experiências mais recentes se consolidaram, a CAPES reviu seus conceitos e criou uma área específica para avaliar os programas que seguem essa metodologia. “Hoje, a multidisciplinaridade se divide em quatro subáreas da CAPES. O NAEA está na subárea das humanidades, juntamente com cerca de oito programas que tratam de desenvolvimento e meio ambiente”. As dificuldades não foram totalmente eliminadas, como revela Edna Castro: “o problema é que, algumas vezes, a avaliação é realizada por avaliadores de outras áreas que pouco entendem do que fazemos. Entre os da subárea das humanidades, o NAEA está no topo (conceito 5), considerando o padrão nacional”.
ra do NAEA, lembra que, na década de 1970, o Plades surgiu como parte de uma onda de criação de programas de pós-graduação stricto sensu ocorrida no Brasil. “Foi uma época em que surgiram alguns institutos de pesquisa independentes, reunindo professores perseguidos pela ditadura militar ou demitidos de universidades. O nosso mestrado trouxe o perfil ousado, próprio desses institutos de pesquisa mais autônomos”, ressalta. Hoje, o FIPAM está abrigado dentro de uma unidade acadêmica, o Programa de Pós-Graduação Lato Sensu, enquanto o mestrado e o doutorado compõem o Programa de Desenvolvimento do Trópico Úmido (PDTU). Até o momento, foram defendidas 285 dissertações de mestrado e 84 teses de doutorado.
Alexandre Moraes
Walter Pinto
Mácio Ferreira
Com uma proposta interdisciplinar, o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos se consolida como espaço de cooperação científica internacional
Edna Castro: pioneirismo
Acevedo, recém-saídos da especialização do I FIPAM, para realizarem um estudo sobre a colonização da Belém-Brasília. Nascido na Bélgica, Jean Hébette vinha de uma formação filosófica-teológica em seminário religioso, tendo realizado pós-graduação em Teologia em Paris. No final de 1967, chegou ao Brasil, onde tomou contato com uma realidade bem diferente da européia. Em Belém, prestou vestibular para Economia e, em 1973, entrou para a primeira turma do FIPAM, permanecendo no NAEA até sua aposentadoria. Durante esse período, coordenou trabalhos de pesquisas no meio rural, sobretudo na região de Marabá, onde fundou o Centro Agroambiental do Tocantins (CAT). O estudo que serviu de gênese à pesquisa no NAEA foi publicado, em 1977, no livro “Colonização para quê?” e republicado em “Cruzando
a Fronteira: 30 anos de estudos do campesinato na Amazônia”, uma coletânea com quatro volumes, contendo o percurso científico de Jean Hébette no meio rural amazônico. A socióloga e doutora em História e Civilização pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (França), Rosa Elizabeth Acevedo Marin, co-autora da pesquisa pioneira, destaca a diversidade de campos e o aspecto inovador das pesquisas do NAEA. Juntamente com Edna Castro, ela publicou “Negros do Trombetas. Guardiões de Matas e Rios”, o primeiro livro sobre quilombolas na Amazônia, obra que se tornou referência e inaugurou uma linha de pesquisa que continua ativa, tendo gerado nove estudos.As pesquisas sobre meio ambiente na Amazônia também assinalam o pioneirismo do Núcleo, tendo começado antes mesmo da ECO-92, quando o mundo lançou os olhos sobre a região.
n A dimensão internacional da pesquisa Mácio Ferreira
Alexandre Moraes
A Biblioteca Prof. José Marcelino Monteiro da Costa possui acervo com mais de 10 mil livros e periódicos e 600 títulos de teses e dissertações
Aragón: NAEA tem papel de vanguarda
Nos últimos anos, a UFPA ampliou muito a sua pós-graduação na área das ciências humanas. Em certa medida, essa ampliação está vinculada também ao NAEA, por onde passaram muitos pesquisadores dos novos grupos dessa área. Há registro de toda uma unidade nascer dentro do NAEA, como aconteceu com o Núcleo de Meio Ambiente (NUMA). Mas a participação no crescimento da pós-graduação e da pesquisa não se limita à UFPA. O Núcleo tem contribuído muito com o avanço científico das universidades da Ama-
zônia, sobretudo com as Federais do Amapá, de Rondônia e do Acre, onde se deseja implantar um curso de doutorado, em Rio Branco, para formação de vinte doutores brasileiros, bolivianos e peruanos. A coordenação do Núcleo pensa na instalação futura de um programa de pós-graduação binacional, em que esse doutorado funcione como embrião. Atingir a Pan-Amazônia é um objetivo que está presente desde os primórdios do NAEA. Alcançar essa meta consolidaria uma perspectiva de análise sobre a Amazônia. Muitos
passos foram dados, neste sentido, durante os 35 anos da unidade, pioneira no desenvolvimento da cooperação científica internacional na Pan-Amazônia. “Uma boa parte dos trabalhos realizados pela Associação de Universidades Amazônicas foi articulada no NAEA. A própria história da Unamaz está vinculada ao Núcleo”, afirma Rosa Acevedo, coordenadora da sede institucional da Associação. Para Aragón, a dimensão internacional, presente no NAEA desde a sua criação, possibilitou incluir
os demais países da Pan-Amazônia nas suas pesquisas, mas hoje essa dimensão se ampliou consideravelmente, porque a Amazônia passou a ser vista no contexto global. “Hoje, discute-se a Amazônia na França, na Inglaterra, nos Estados Unidos, no mundo inteiro. O NAEA não pode estar ausente desta dimensão global”, ressalta. A excelência científica do Núcleo permite que seu quadro docente seja convidado a participar de diversos eventos internacionais e a publicar em diversos lugares do mundo.