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12 – BEIRA DO RIO – Universidade Federal do Pará – Dezembro, 2008

Entrevista

UFPA é pólo de conhecimento científico na Amazônia

se propor a superá-las. O Programa Acelera Amazônia, atualmente englobado no Novas Fronteiras, estimulou a realização de cursos de mestrado e doutorado interinstitucionais (Minter e Dinter) e criou uma versão regional do Programa de Cooperação Acadêmica (PROCAD), que são maneiras de acelerar a formação de recursos humanos na região e, em médio prazo, contribuir para a criação de novos cursos de pós-graduação. A idéia é formar, no menor prazo, um maior número de profissionais. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) tem colaborado ampliando de modo muito expressivo o número de bolsas de mestrado e doutorado para os programas de pós-graduação da Amazônia.

BR – O que é preciso fazer para que a ciência na Amazônia se desenvolva mais? RD – O importante é ter competência para formar mestres e doutores na região, porque o desenvolvimento científico e tecnológico está muito ligado à formação de massa crítica. Ao formar BR – Como a Universidade vem doutores, estamos formando pessoas trabalhando a interdisciplinaricom maturidade para desenvolver dade? projetos e criar grupos de pesquisa, RD – A UFPA tem ampliado sua atuagregar novos pesquisadores, montar ação em áreas interdisciplinares. Um laboratórios, atrair recursos através de indicador claro disso é a expansão, projetos. Eu não quero ser simplista nos últimos anos, dos programas de e dizer que a presença de doutores, pós-graduação da grande área Multipor si só, vai mudar a realidade, mas disciplinar da CAPES. O programa é evidente que sem Ciência e Tecnode mestrado e doutorado em Desenlogia não há nenhuma volvimento Sustentáalternativa econômica, vel do Trópico Úmido, a não ser a dependênoferecido pelo NAEA, cia. Na prática, para é um dos programas a região romper com interdisciplinares mais esse ciclo tradicional antigos e tradicionais de ocupação e devasde nossa Instituição. O tação e criar novas alprograma de Educação ternativas, ela precisa em Ciências e Mateter muito mais genmáticas, vinculado ao te pensando a região, NPADC, criado em buscando alternativas, nível de mestrado em valorizando os produ2002, teve sua proposta tos regionais. Tem que doutorado aprovada Hoje, nós temos de ter, também, medidas neste ano. políticas. Se você criar um universo de Nas áreas de Exatas e Ciência e Tecnologia da Terra, assim como 2.250 alunos na nas Engenharias e nas sem a preocupação de transformar isso em áreas de Saúde e Biopós-graduação riqueza social, irá relógicas, também são produzir internamente desenvolvidas pesquimodelos externos, de sas interdisciplinares, dependência e desiassociando pesquisagualdade social. dores de diferentes formações na busca de objetivos comuns. A UFPA BR – A CAPES tem dois projetos segue a tendência dominante na pespara o desenvolvimento da ciência: quisa moderna e procura, ao lado da o Programa Nacional de Pós-Grapesquisa básica, mais direcionada duação (PNPG) e o Acelera Amazôpara atingir os objetivos específicos nia. O que eles já proporcionaram de cada área, estimular a pesquisa para a nossa região? interdisciplinar, com enfoques mais RD – O PNPG contribuiu por colocar abertos e diversificados, capazes de em destaque as desigualdades regiopermitir a melhor compreensão de nais da pós-graduação brasileira e realidades complexas.

Silvio Figueiredo

UNITERCI

colherão entre as chapas: “Compromisso de fazer ainda mais” - Regina Feio/Licurgo Brito; “Para fazer melhor” - Carlos Maneschy/Horácio Schneider; “Gestão Democrática e Participativa na UFPA” - Ana Tancredi/Petrônio Lima e “Ricardo/Habib Fraiha”- Ricardo Ishak/Habib Fraiha Neto Pág. 9

Espaço de pesquisa e extensão

Universidade da Terceira Idade oferece cursos e orientação para idosos da comunidade. Pág. 4

NAEA

35 anos pesquisando a Amazônia

Núcleo de Altos Estudos Amazônicos mantém olhar interdisciplinar sobre o desenvolvimento da região. Págs. 6 e 7

Localizado no Sudeste do Estado, Parque Ambiental é pouco conhecido pelos paraenses

Paixão de Ler

Parque ambiental é tema de pesquisa

O livro “Parque Martírios-Andorinhas: conhecimento, história e preservação”, lançado pela Editora da UFPA, reúne 17 artigos, resultado das pesquisas realizadas na Serra das Andorinhas. Pág. 10

Objetivo é chegar à Pan-Amazônia

REUNI

Recursos chegam a Soure e Abaeté

Pág. 11

Redimensionamento

Mudanças potencializam serviço público UFPA é pioneira na implementação de programa de redimensionamento de servidores, elaborado por orientação do MEC. Pág. 8

NPADC ampliou quadro de servidores e melhorou atendimento aos alunos

Envelhecimento

Estudo traça perfil de idosos

Pág. 3

Coluna do Reitor Alex Fiúza de Mello escreve sobre as eleições para reitor na UFPA Pág. 2

Opinião Jane Beltrão explica a interdisciplinaridade na pesquisa antropológica Pág. 2

Entrevista Roberto Dall’Agnol avalia a produção científica na UFPA Pág.12

Alexandre Moraes

Beira do Rio – Como está o panoalunos na pós-graduação. Imagina o rama da produção científica na que isso significa, em termos de oporAmazônia? tunidade, para os jovens da região? E Roberto Dall’Agnol – Se fizermos muitos deles vêm do interior, de estauma revisão histórica, há 30 anos, a dos vizinhos e até de outras regiões. Universidade Federal do Pará tinha A Universidade se afirmou como um dois cursos de pós-graduação que funpólo de conhecimento científico volcionavam precariamente, não possuía tado para a região, porque os nossos nenhuma tradição de pesquisa, tamdesafios são regionais. É evidente pouco uma ação diferenciada nessa que nós não conseguimos responder a área. Contavam-se nos dedos os doutodos os questionamentos científicos tores da Universidade, que eram tão que são colocados, nós continuamos raros como hoje ter um prêmio Nobel fragilizados em termos do volume no país. Nesses últimos trinta anos, de demandas que a Amazônia oferehouve um esforço enorme de transforce. Há um paradoxo: de um lado, o mar essa situação e hoje a realidade esforço enorme de crescer e buscar da Universidade é completamente respostas, e, de outro, uma demanda diferente. Nós temos, atualmente, infinita. 42 programas de pós-graduação, pois tivemos mais três aprovados, BR – Em que áreas do conhecimenrecentemente, pela Coordenação de to a UFPA já desenvolve estudos de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível ponta e é referência? Superior (CAPES), os mestrados em RD – Nosso Instituto de Geociências Artes – o primeiro na Amazônia; em tem um nível de produção científica Medicina Veterinária, em Castanhal, semelhante ao dos melhores centros e em Recursos Naturais da Amazônia, de pesquisa nacionais, tornando-se em Santarém; estes constituindo os referência na mídia nacional e senprimeiros cursos stricto do respeitado como sensu nestes dois campi, tal. Estamos nos firconsolidando a política mando, cada vez mais, da UFPA de expandir na área de Ciências a pós-graduação para Biológicas, que conta o interior do Estado. com seis programas de Além disso, tivemos pós-graduação. Cabe a aprovação de dois destacar, também, a novos doutorados: em área da Tecnologia, “Ensino Superior em em que foram criados Ciências e Matemávários programas de ticas” e em “Ciência pós-graduação: dois Animal”. Este, de carádoutorados e vários Sem Ciência e ter multi-institucional, Na área de Tecnologia não mestrados. em colaboração com Ciências Agrárias há a UFRA e a Embrapa. vários programas senhá nenhuma Completamos, assim, do desenvolvidos: Cialternativa 19 programas de douência e Tecnologia de torado. Hoje, nós temos Alimentos, Agricultura econômica um universo de 2.250 Familiar, Agriculturas

Amazônicas e o curso de Ciência Animal, que conseguiu aprovar o primeiro curso de doutorado. São cursos importantes para criar uma base de pesquisa em agricultura e pecuária na região. E isso a Universidade faz associada à Embrapa, ao Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), à Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) e a outras instituições, utilizando os recursos humanos qualificados existentes nessas instituições.

Universidade Federal do Pará se prepara para escolher o seu 12º dirigente. O(a) reitor(a) eleito(a) irá comandar a Universidade pelos próximos quatro anos (2009-2013). Como em toda eleição, o clima é de intensa campanha, discussões e apresentação de propostas. Dia 03 de dezembro, professores, técnico-administrativos e alunos es-

Alexandre Moraes

A Amazônia precisa de mais doutores. Foi o que constataram pesquisadores da Academia Brasileira de Ciência (ABC). A região abriga atualmente 2.800 doutores, um número inferior ao mínimo proposto pela ABC, que é de 4.200, para um efetivo desenvolvimento científico. Em entrevista ao BEIRA DO RIO, o Prof. Dr. Roberto Dall’Agnol, atual Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Pará, reflete sobre os esforços da UFPA para mudar esse cenário, intensificando e consolidando, cada vez mais, a produção científica na região. Atualmente, a Universidade conta com mais de 40 programas de pósgraduação, laboratórios, grupos de pesquisas, redes de cooperação interinstitucional, mas ainda não consegue responder a todas as demandas que a Amazônia oferece. “Há um paradoxo: de um lado, o esforço enorme de crescer e buscar respostas e, de outro, uma demanda infinita”, afirma Dall’Agnol.

Dall’Agnol: UFPA é centro de oportunidades para jovens da região

A

4 chapas disputam reitoria

Mácio Ferreira

Suzana Lopes

Fotos Alexandre Moraes

Hoje, o desafio é formar pesquisadores capazes de transformar Ciência e Tecnologia em riqueza social.

JORNAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ • ANO VII • No 67 • Dezembro, 2008


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